Monitoramento: a vigilância do desenvolvimento integral infantil
MÓDULO 5 Formação Introdutória do PIM 5ª Edição 2021
Ao longo do nosso percurso já conseguimos nos aproximar dos processos de trabalho do PIM, aprendemos territorialização, planejamento da atenção às famílias e como ocorrem os atendimentos do programa. Torna-se então fundamental pensarmos: qual a base para planejar as próximas ações junto às famílias? Como identificamos as especificidades e acompanhamos o desenvolvimento de cada gestante e criança atendida?
Monitoramento
Caracterização
Sensibilização das Famílias e Comunidades
Visitas e Atividades Grupais
Territorialização
Neste módulo, abordaremos como o PIM realiza a vigilância do desenvolvimento integral infantil e o monitoramento das ações junto às famílias com gestantes e crianças e a importância deste monitoramento para o plano singular de atendimento. O monitoramento da atenção prestada às famílias com gestantes e crianças tem como objetivo acompanhar o desenvolvimento destes, otimizando as ações de intervenção e fortalecendo o desenvolvimento integral infantil.
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É um processo contínuo, realizado semanalmente por meio das visitas domiciliares e atividades grupais. Cada encontro é uma oportunidade de escuta, conhecimento e valorização das práticas de cuidado das famílias, acolhendo suas necessidades e contribuindo na construção coletiva de estratégias para a qualificação da atenção, cuidado, educação e proteção.
Vigilância do desenvolvimento integral infantil: marcos e alertas de riscos
O PIM apoia as famílias no estabelecimento de vínculos afetivos e estímulo ao desenvolvimento infantil, através de práticas de cuidado e vigilância de riscos.
“O desenvolvimento infantil é um processo que vai desde a concepção, envolvendo vários aspectos, indo desde o crescimento físico, passando pela maturação neurológica, comportamental, cognitiva, social e afetiva da criança” (OPAS, 2005, p.12)
A partir dessa compreensão, acompanhar o crescimento e o desenvolvimento infantil é uma tarefa complexa que exige a vigilância continuada nos primeiros anos de vida e conhecimento dos marcos do desenvolvimento, de acordo com as faixas etárias, tendo em vista que “a vigilância do desenvolvimento é um processo contínuo de atividades relacionadas à promoção do potencial de desenvolvimento da criança e a detecção de problemas.” (Ministério da Saúde. Caderneta de Saúde da Criança, Menina, 2017, p.41.) Os marcos do desenvolvimento são um conjunto de habilidades que a maioria das crianças atingem em uma determinada idade ou faixa etária.
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Para que o visitador realize a vigilância do desenvolvimento, além de acompanhar os indicadores do desenvolvimento por faixa etária, deve estar atento: ao ambiente onde a criança vive; condições de moradia e higiene; trabalho e renda da família; segurança alimentar; redes de apoio; as relações afetivas; identificação ou não da família com o território (questões sócio-histórico-culturais) ou seja, diferentes fatores que incidem direta ou indiretamente na promoção do desenvolvimento integral infantil.
Devido à possibilidade de eventuais atrasos no desenvolvimento nas fases iniciais e impactos na vida futura, é fundamental que se possa, o mais precocemente, identificar as crianças de maior risco, dialogando com a equipe de atenção básica de referência e, quando for o caso, construindo encaminhamentos para atenção especializada, para acompanhamentos e elaboração de planos de atenção com intervenções adequadas e efetivas. Intervenções precoces somadas às práticas parentais positivas podem ter um impacto muito significativo no potencial de aprendizado e no desenvolvimento de novas habilidades e aquisições.
Diversos fatores podem afetar o desenvolvimento integral da criança. Camargo e colaboradores (2019) destacam: Fatores de risco psicossociais/ambientais: condições externas ao indivíduo, relacionadas à vida em família e/ou comunidade, como por exemplo a exposição à violência doméstica, física, sexual, psicológica, negligência, uso excessivo de álcool e substâncias psicoativas pelos cuidadores, e a pobreza extrema, sendo esta um dos mais impactantes.
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Fatores de risco biológico: estão relacionados com eventos pré, peri e pós natais, como prematuridade, baixo peso, asfixia perinatal, distúrbios bioquímicos e hematológicos (hipoglicemia, policitemia e hiperbilirrubinemia), malformações congênitas, infecções congênitas ou perinatais (Zika, toxoplasmose, sífilis, rubéola, herpes, HIV, citomegalovírus), restrição ao crescimento intra uterino. Mães usuárias de álcool e drogas representam alto risco para lesão cerebral e/ou alterações no desenvolvimento.
Os fatores de risco psicossociais/ambientais podem influenciar e potencializar os riscos biológicos. Por exemplo, um bebê de uma gestante que não foi acompanhada adequadamente no pré-natal, tem risco ampliado de prematuridade, baixo peso e outras doenças que podem afetar o seu desenvolvimento.
No desenvolvimento das ações de vigilância, a equipe do PIM deve estar atenta e com uma escuta sensível as narrativas da gestante e/ou de adultos que exercem a função de cuidado às crianças (pais e/ou cuidadores primários, familiares, educadores, profissionais da rede, dentre outros), bem como a observação e escuta da própria criança. Além disso, buscando a promoção da parentalidade positiva, os cuidadores deverão ser apoiados e incentivados para a observação das atitudes, podendo sinalizar para o visitador eventos que despertam dúvidas ou preocupações e as aquisições dos marcos do desenvolvimento.
Enfatizamos, ainda, que a vigilância do desenvolvimento integral infantil nos primeiros anos de vida é de fundamental importância. Nesta etapa o tecido nervoso está em intenso processo de crescimento e amadurecimento (conexões cerebrais), contudo, também mais sujeito aos agravos.
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Também é o período em que a criança melhor responde aos estímulos que recebe do meio onde vive e às intervenções, quando necessárias. Portanto, a equipe do PIM tem papel relevante na vigilância do desenvolvimento integral infantil. Essa processo permeia o planejamento, acompanhamento e monitoramento da atenção às famílias, de forma atenta aos sinais de alerta mencionados acima, em frequente diálogo com os pais, cuidadores e demais profissionais da rede de serviços.
As etapas aquisitivas do desenvolvimento típico podem ser acompanhadas pelo visitador e equipe através da Caderneta da Criança e Guia da Família do PIM. O trabalho pautado na prevenção e promoção prevê a observação atenta das necessidades de encaminhamento e planejamento em conjunto com a rede, considerando também a importância do acesso aos serviços de estimulação precoce, quando for necessário.
PARA SABER MAIS Acompanhe no documento abaixo como reconhecer os sinais de risco ao desenvolvimento integral infantil
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