Vigilância do Desenvolvimento Integral Infantil: Sinais de Alerta e Risco por faixa etária

Vigilância do Desenvolvimento Integral Infantil: Sinais de Alerta e Risco por faixa etária

Rio Grande do Sul, 2021

APRESENTAÇÃO “A VIGILÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO é um processo contínuo de acompanhamento das atividades relacionadas à promoção do potencial de desenvolvimento da criança e à detecção de problemas. Profissionais de saúde, pais, professores e outros devem estar envolvidos nesse acompanhamento”.

(Ministério da Saúde, Caderneta da Criança, 2018)

Quando referimos a vigilância do desenvolvimento, além do acompanhamento por faixa etária e marcos do desenvolvimento, devemos estar atentos para os sinais de alerta, tendo em vista a prevenção de agravos e promoção do potencial de desenvolvimento da criança.

Os indicadores utilizados nos formulários do Monitoramento do Desenvolvimento Integral Infantil (MDII), bem como os da Caderneta da Criança, utilizam como parâmetro a escala de triagem de Denver II, para acompanhamento e monitoramento do desenvolvimento das crianças.

Aqui você encontrará sinais de alerta agrupados por faixas etárias e áreas do desenvolvimento para, em conjunto com os indicadores do Guia da Família e Caderneta da Criança, possibilitar a detecção de atrasos, observação de regressão ou involução no Desenvolvimento Infantil, que irão subsidiar o diálogo com a família e os demais profissionais da rede.

Quanto mais precocemente a criança receber atenção adequada e especializada, melhores serão as possibilidades para atingir seu potencial de desenvolvimento e qualidade de vida.

Lembre-se de: Valorizar a narrativa dos pais/cuidadores, suas percepções em relação ao desenvolvimento das crianças e também articular em rede o acompanhamento adequado às necessidades desta, considerando o plano singular de atendimento.

RECÉM-NASCIDOS

Visão

Não fixa o olhar em objeto até 30 cm de distância e o rosto de quem lhe pega no colo.

Não vira o rosto para a fonte luminosa.

Cognitivo

Não realiza tentativas de seguir objetos em trajetória horizontal.

Motor

Ausência de movimentos espontâneos; Ausência do reflexo de Moro, diferenças/assimetrias nas respostas (observe se os dois braços se estendem e elevam da mesma maneira, se as mãos se abrem, se o movimento é intenso, persistente e se o bebê logo retorna à posição de repouso).

Na troca de fraldas nota-se que uma das pernas abre menos que a outra e/ou faz barulho.

Observa-se uma perna mais curta que a outra.

0 A 3 MESES Visão

Audição

Motor

Socioemocional

Comunicação e Linguagem

Não apresenta interesse por objetos novos ou observação de suas mãos.

Não apresenta a reação de sobressalto com ruídos altos, não vira o rosto para a fonte sonora.

Ausência de sucção; Hipotonia; Ausência de tentativa de controle cefálico; Não vira o rosto em busca da luz; Não consegue segurar brinquedos por alguns segundos quando colocados em suas mãos.

Deitado de barriga para cima, não vira a cabeça para os lados.

Por volta de dois meses, segurando o bebê em pé, ele também não vira a cabeça para os lados Aos três meses não sustenta a cabeça e o tronco.

Não se acalma com a voz da mãe/cuidador.

1 mês - não interage com o cuidador principal; Ausência dos sons guturais; Ausência dos sons nasais; Não se comunica pelo choro diferenciado (fome, sono, birra); Não se observa o sorriso social.

3 A 6 MESES Visão Audição Cognitivo

Estrabismo manifesto e constante.

Não reage a sons.

Não fixa e acompanha o rosto do cuidador com o olhar.

Motor

Deitado de barriga para cima movimenta-se pouco; Não consegue manter a cabeça levantada quando deitado de barriga para baixo; Não estende os braços para tocar um brinquedo/objeto ou rosto do cuidador; Não consegue segurar um brinquedo; pouca motivação para movimentarse; Hipertonia após os primeiros 3 meses, mãos fechadas com polegar incluso após os 4 meses, persistência do reflexo de moro após os 5-6 meses, impedindo que a criança desenvolva o controle dos movimentos voluntários, tais como a posição sentada e controle da deglutição; quando é levantada pelas axilas as pernas tendem a cruzar como uma tesoura (espasticidade).

Socioemocional

Reconhece os cuidadores principais, mas não reage ao som da fala destes; Observa-se dificuldade em acalmar a criança quando está chorando, mesmo quando ela é pega no colo; Desinteresse no ambiente; não estabelece contato ou mostrase apático.

Comunicação e Linguagem

Ausência de gorjeios e balbucios; quando os pais/cuidador sorriem e conversam com a criança, ela não responde com sorriso e sons, mostrando-se indiferente aos estímulos e contato.

6 A 9 MESES Visão Audição Cognitivo

Motor

Socioemocional

Comunicação e Linguagem

Estrabismo manifesto e constante, aproxima-se muito as gravuras e objetos dos olhos Não reage a sons.

Não demonstra interesse em procurar o olhar do cuidador; não localiza sons; Não presta atenção quando escuta seu nome; Quando um objeto cai no chão, ela não procura como olhar.

Quando deitada, não consegue se virar completamente; Falta de controle dos movimentos do corpo; As pernas e braços são muito rígidos ou muito flácidos; Não passa um brinquedo ou objeto de uma mão para a outra; Não consegue ficar sentada sem apoio das mãos para se equilibrar; Engasga-se com facilidade.

Mesmo quando é pega no colo, a criança apresenta dificuldade para se acalmar; Não demonstra quando gosta ou não de alguma coisa; Não aceita alimentos pastosos ou em pedaços.

A criança não imita os sons que o cuidador faz quando conversa com ela; Também não tenta conversar.

9 A 12 MESES Visão Cognitivo

Socioemocional

Comunicação e Linguagem

Estrabismo, mesmo que inconstante.

Não entende pedidos como ‘‘vem aqui’’ ou ‘‘me dá o brinquedo’’, Não brinca de esconde-achou, Não imita quando o cuidador ou outra pessoa bate palmas ou dá tchau.

Apática e sem reação aos familiares, é difícil acalmar a criança quando está chorando, mesmo quando é pega no colo, não reconhece sua própria imagem no espelho ou a de quem está com ela, Não estranha pessoas desconhecidas para ela, não pede colo para pessoas conhecidas.

Não reage aos sons, não fala uma palavra com sentido, não chama ‘‘Mama’’ ou ‘‘Papa’’ ou nome que refere ao cuidador principal; Vocaliza monotonamente ou deixa de vocalizar.

12 A 18 MESES Cognitivo

Motor

Socioemocional

Comunicação e Linguagem

Não compreende o que as pessoas falam para ela, não olha se os pais/cuidador mostram ou apontam alguma coisa distante.

Permanece imóvel e não tenta mudar de posição; Não senta; Não sustenta o peso nas pernas por hipotonia; Não anda com ajuda ou apoiada em algum objeto, não chuta uma bola; Tropeça com frequência ou bate com o pé em objetos pequenos; Não sobe um degrau sem ajuda de uma pessoa, nem se apoiando; Não pega os alimentos com a mão para levar até a boca; n Não faz pinça fina; não mastiga.

Não estabelece contato visual com os pais/cuidadores, Não demonstra quando gosta ou não de alguma coisa, Tem dificuldade para lidar com mudanças nas rotinas do dia a dia, não obedece a algumas regras de comportamento, como, por exemplo, evitar situações de perigo, não pôr o dedo na tomada ou não mexer em objetos que não tem permissão; Instabilidade na rotina do sono, exploração de objetos predominantemente oral; Se irrita com facilidade, sendo difícil acalmá-la; apresenta irritabilidade ao ambiente com barulho, por exemplo, tapando os ouvidos; não usa palavras para pedir ajuda, tem alguma mania ou faz movimentos estranhos com as mãos/dedos; Os cuidadores relatam que alguma vez pensaram que a criança é surda.

Não emite palavras ou sons para se comunicar ou emite sons que não se entende, Não estende a mão para alcançar o que deseja, Olha para a boca das pessoas quando falam com ela e gosta de explorar o ambiente pelo tato e pelos olhos.

18 A 24 MESES

Cognitivo

Motor

Socioemocional

Comunicação e Linguagem

Não se interessa pelo que o rodeia, Não brinca de faz-de-conta, por exemplo, falar ao telefone ou dar de comer a uma boneca; não cumpre ordens.

Não se põe de pé, anda na ponta dos pés ou não anda; Assimetrias; Não faz pinça fina, joga os objetos ou leva-os sistematicamente à boca, sem uso funcional.

Quando irritada não se acalma com facilidade, Tem dificuldade em lidar com mudanças nas rotinas do dia a dia, como: ter horários para dormir, brincar e se alimentar.

Não estabelece contato ocular e não apresenta intencionalidade comunicativa; Não olha para os pais/cuidadores quando é chamada pelo nome, Não diz palavras perceptíveis.

2 A 3 ANOS

Cognitivo

Motor

Socioemocional

Comunicação e Linguagem

Não tem autonomia para os cuidados pessoais (vestir-se, lavar as mãos); Não olha quando é chamada pelo nome; Não sabe dizer o seu nome, quando vê figuras de animais, a criança não reconhece ‘‘quem mia’’ ou ‘‘quem late’’, por exemplo; Joga objetos fora e não constrói nada.

Não anda, ou anda na ponta dos pés; não se interessa em subir em objetos, como por exemplo, cadeiras, mesas; não dá passos para trás.

Não sorri como resposta ao olhar ou sorriso de seus pais/cuidadores, Não apresenta interesse em brincar com outras crianças, é difícil para a criança lidar com mudanças nas rotinas do dia a dia, como: ter horários para dormir, brincar e se alimentar, quando irritada não se acalma com facilidade, birras desajustadas em frequência e intensidade ou sem motivos aparentes; Os pais/cuidadores relatam que não é tranquilo sair com a criança e ir em locais públicos, ela pode se agitar e não tolerar o barulho ou outros contatos.

Não parece compreender o que lhe dizem; Quando fala com outras pessoas não é compreendida na maior parte do tempo; Não aponta, não pede e não mostra; Não tenta interagir; Não procura imitar, não se interessa pelo meio e pelas pessoas.

3 A 4 ANOS

Cognitivo

Não tem autonomia para os cuidados pessoais (vestir-se, lavar as mãos); Não relata acontecimentos, não faz perguntas como ‘‘por que’’ ou ‘‘como’’? não parece compreender o que lhe dizem; Não junta duas palavras; Não usa funcionalmente os objetos e não tenta fazer algo construtivo ou criativo; Não tenta interagir com os outros, não socializa, não mostra, não partilha e não pede; Não usa o gesto como suporte para comunicar, no caso de dificuldades expressivas.

Motor

Anda sistematicamente na ponta dos pés; Mantém flapping dos braços (por exemplo, esticar e abanar); Não pula de um degrau.

Socioemocional

Comunicação e Linguagem

Expressa medo ou irritabilidade de forma intensa ou exagerada, Parece triste ou com dificuldade para expressar felicidade ou tristeza, É muito inquieta ou incapaz de ficar sentada, tem dificuldades para prestar atenção ou realizar as atividades propostas com os pais/cuidadores.

Quando fala com outras pessoas não é compreendida na maior parte do tempo.

4 A 5 ANOS

Cognitivo

Motor

Socioemocional

Comunicação e Linguagem

Não conta histórias ou alguma coisa que aconteceu, Não compara coisas usando palavras como ‘‘maior’’ ou ‘‘menor’’, não usa palavras como ‘‘ontem’’ e ‘‘amanhã’’ corretamente.

Não consegue pegar uma bola quando os pais/cuidadores jogam, Não consegue se vestir sem ajuda (pode ser qualquer peça de roupa).

Não consegue fazer sozinha o que os pais/cuidadores solicitam, Não consegue prestar atenção ou se concentrar quando estão falando com ela ou quando ela está em alguma atividade, Não consegue dormir algumas noites sem fazer xixi na cama, É difícil para os pais/cuidadores compreenderem o que a criança quer, Não é tranquilo para a criança o estabelecimento de regras e limites pelos pais/cuidadores.

Não se comunica com outras pessoas ou Quando se comunica com outras pessoas não é compreendida na maior parte do tempo.

5 A 6 ANOS Cognitivo

Motor

Socioemocional

Comunicação e Linguagem

Hiperativo e agitado ou distraído e com dificuldades de concentração e nas aprendizagens pedagógicas.

Muito agitado; Não consegue correr e saltar.

Problemas de interação social/socialização, associados ou não a comportamentos estereotipados e repetitivos; Comportamento muito difícil (dificuldade para atender regras e limites), opositivo e desafiante, que não é controlável pelos pais; Não consegue dormir algumas noites sem fazer xixi na cama.

Dificuldades na comunicação e empatia; Substituições fonéticas e erros articulatórios.

Material elaborado em em consonância com os parâmetros do Desenvolvimento Infantil preconizados pela Sociedade Brasileira de Pediatria e orientações da FADERS - Fundação de Articulação e Desenvolvimento de Políticas Públicas para Pessoas Portadoras de Deficiência e de Altas Habilidades no Rio Grande do Sul .

ORGANIZAÇÃO: Cleci de Souza Lima Martins Janine Garcia Serafim Letícia Ratkiewicz Boeira Luciane de Almeida Pujol Virgínia Heberle Eichler DIAGRAMAÇÃO:

Luiza Campos Menezes