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Kenkyusei 
ou que que eu sei?

Em 1997 foi agraciado com uma bolsa do Governo Japonês para fazer pesquisa na área de Interface Design no Kyoto Institute of Technology, KIT. De acordo com a hierarquia japonesa, eu acabara de me tornar um Kenkyusei, isto é, um Research Student, mas a palavra me soava mais como um trocadilho: “que que eu sei”. Piadas à parte, durante um período de dois anos, ao mesmo tempo que me aprofundava nos estudos de língua japonesa, trabalharia junto com uma equipe de pesquisadores vindos de todos os cantos do mundo, desenvolvendo interfaces para uma conhecida empresa multinacional, famosa pelos seus novos gadgets, como os aparelhos de som portáteis e câmeras digitais, sob a liderança do amigo e professor Keiichi Sato, hoje docente do Illinois Institute of Technology, IIT, sede da “Nova Bauhaus”na cidade de Chicago.

Meu trabalho no KIT era caracterizado por um ambiente aberto e cosmopolita, onde tive a oportunidade de compartilhar uma xícara de café e trocar ideias com alguns dos pioneiros da área de Design de Interação como Alan Kay, Jacob Nielsen, AlanCooper, Derrick Kerckhove e o próprio Donald Norman, um contador de histórias sensacional.

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Por essas coincidências da vida, nesse mesmo ano acontecia em Kyoto um evento que se tornou um divisor de águas na minha jornada.

Num prédio de arquitetura brutalista mais conhecido pelos moradores da cidade como “a casa de ultraman”, representantes de 192 países discutiam acaloradamente o destino do nosso planeta e de suas emissões de gases de efeito estufa. A assinatura do Protocolo de Kyoto, em dezembro de 1997, era o primeiro passo dos governos na implementação efetiva da Agenda 21. Os olhos do mundo estavam todos voltados para aquela pequena cidade, e pela primeira vez na vida senti o que significava estar do outro lado da periferia.

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