YudjĂĄ
Os donos do rio TĂŠo de Miranda Museu de Arte Sacra de Mato Grosso 15 de setembro a 25 de outubro de 2015
Obra da capa Sem título, série Xingu Contemporâneo, 2012. Autor:Téo de Miranda. Fotografia / 50x75 cm.
APRESENTAÇÃO Quando eu soube que a temática deste ano, da Primavera dos Museus – evento promovido pelo Instituto Brasileiro de Museus - seria “Museus e Memórias Indígenas”, foi impossível não me lembrar de minha bisavó paterna, indígena da etnia Guarani. Cresci ouvindo suas histórias – e a de seus pais – sobre a vida na aldeia, e de como foi “pega a laço”, ou seja, roubada, ainda adolescente, de sua família indígena. O tom de voz era triste, porém conformado, sem indignação. Ela foi uma das vítimas do sequestro de crianças indígenas, bastante comum no Brasil no século XIX. Como eu era menina, são poucas as minhas memórias dos fatos narrados, mas eram histórias e memórias de grande riqueza, intensas como as paredes do prédio do Seminário Nossa Senhora da Conceição abriga. O Museu de Arte Sacra, quebrando paradigmas, recebe de braços abertos a exposição “Yudjá – Os Donos do Rio”. Quando nos reunimos com Naine Terena, uma das curadoras desta exposição, entendemos a riqueza dos detalhes captados pelas lentes do fotógrafo Téo de Miranda no Parque Nacional do Xingu. As imagens preenchem o nosso imaginário e, com isso, os Donos do Rio se tornam, nos meses de setembro e outubro, os donos do Museu de Arte Sacra. A exposição “Yudjá – Os Donos do Rio” reúne doze fotografias e vídeos da 1a Semana Indígena, que ocorreu em 2012 na aldeia Pakaya do Povo Yudjá Juruna, localizada nas proximidades de São José do Xingu, em Mato Grosso. Os registros ocorreram durante cinco dias de festa. Foi a primeira vez que a comunidade realizou um evento de grande porte, que reuniu outros povos como os Trumai e os Kayapó. Porém, na seleção das fotos, a curadoria incluiu duas fotografias: a de um ancião Kayapó e a outra, de um jovem Trumai, por ele ser filho de Trumai com Yudjá - Juruna.
Os Yudjá, no Parque do Xingu, têm seis aldeias: Tubatuba, Pakisamba, Pakaya, Paroreda, Pequizal e Kamaĩ. A língua é a única representante viva da família Juruna, do tronco Tupi. Em tupi-guarani, o nome Juruna significa “bocas pretas”. O povo Yudjá - Juruna se distingue por serem antigos navegadores e especialistas na confecção de canoas. Eles são produtores do caxiri, uma bebida fermentada feita a partir da mandioca ou do milho. Têm uma diversidade de flautas que são tocadas em suas cerimônias, cujas belas músicas são também apreciadas por outros povos indígenas do Parque do Xingu. Excelentes artesãos, produzem cerâmica, cestaria, cuia, tecelagem, adereços corporais, entalhes em madeira, arte plumária, canoa, brinquedos e armas. A exposição integra a programação da 9a Primavera dos Museus “Museus e Memórias Indígenas” e conta com a articulação e parceria do Projeto Territórios Criativos indígenas (MINC/UFMT/NEC), Ação Cultural, Editora Sustentável, Associação Arupada, e tem a realização do Governo do Estado de Mato Grosso através da Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer SECEL, e do Museu de Arte Sacra. Viviene Lozi Diretora Executiva do Museu de Arte Sacra
Sem título, série Xingu Contemporâneo, 2012. Autor:Téo de Miranda. Fotografia / 35x45 cm.
Sem título, série Xingu Contemporâneo, 2012. Autor:Téo de Miranda. Fotografia / 50x70 cm.
Sem título, série Xingu Contemporâneo, 2012. Autor:Téo de Miranda. Fotografia / 50x70 cm.
ENCONTROS A exposição “Yudjá” é resultado de um grande encontro ocorrido entre o povo Yudjá, do Xingu, e o fotógrafo Téo de Miranda em 2012. As imagens trazem a beleza das cores e formas que permeiam a estética corporal desse povo vaidoso e festivo, elementos externos incorporados no dia a dia, e muito mais do que isso: a resistência indígena dos “donos do rio”. Os Yudjás, além de serem grandes pescadores e caçadores, são exímios artesãos, produzem panelas de cerâmica com características personalizadas por trazerem grafismos tradicionais e ricos de significados. Os registros expostos na exposição foram realizados no Parque Nacional do Xingu, nas proximidades do município de São José do Xingu. São conhecidos também como Juruna, que em língua geral significa “bocas pretas”, porque a tatuagem características desses indígenas era uma linha que descia da raiz dos cabelos e circundava a boca. Já Yudjá significa “donos do rio”, nome que reflete a forte relação com o rio. E por que o rio não está expresso nas fotos da exposição? Embora o rio não apareça retratado nas imagens, ele se mantém no ambiente subliminar que as permeia, no mundo dos sonhos dos Yudjá, e sua omissão propositalmente busca propor uma reflexão séria sobre o impacto que este povo vem sofrendo nos últimos anos: não poder consumir a água do rio Xingu e seus afluentes devido à extensiva produção agrícola na região, que tem comprovadamente tornado as águas impróprias para o consumo dos povos indígenas. Pretendemos que o visitante pergunte: onde está o rio? Por que só os donos do rio aparecem nas imagens? Naine Terena Anarrory Yudja Sant Anna Curadoria da Exposição
Sem título, série Xingu Contemporâneo, 2012. Autor:Téo de Miranda. Fotografia / 40x60cm.
SOBRE O ARTISTA
Téo de Miranda é nascido em São Paulo mas vive em Mato Grosso há mais de 25 anos. Graduado em Comunicação Social - radialismo pela Universidade Federal de Mato Grosso, é mestrando em Estudos de Cultura Contemporânea na UFMT. Atua como fotógrafo desde 2003. Iniciou na fotografia publicitária e jornalística, depois se direcionou para a fotografia de natureza e mais recentemente tem voltado suas lentes às comunidades indígenas. Neste último segmento, esteve registrando manifestações indígenas e fez visitas à aldeias no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Em 2014 realizou um projeto de capacitação em fotografia para estudantes indígenas da UFMT com apoio da PROCEV- UFMT. Também ministrou oficinas para professores Terena em Mato Grosso do Sul em 2013 e foi curador da Exposição Vucapanavó - vamos em frente e O indígena no Contemporâneo. No âmbito acadêmico tem apresentado suas fotografias como elemento para observar e refletir sobre quem é o indígena nos dias de hoje. Teve seu trabalho exposto na Bienal de Arte e Cultura da UNE (2007) , na PUC/SP (2013) e no Museu de Arte e Cultura popular da UFMT (2014). Tem diversas fotos publicadas em livros da Editora Entrelinhas, Carlini & Caniato Editorial, EdUFMT. A partir de 2012 atua como fotógrafo e editor da Editora Sustentável.
FICHA TÉCNICA Governo do Estado de Mato Grosso Governador do Estado
Pedro Taques Secretário de Estado de Cultura, Esporte e Lazer de Mato Grosso
Leandro Carvalho Secretária Adjunta da Secretaria de Estado de Cultura
Regiane Berchiele Associação Casa de Guimarães Diretoria Executiva
Érika Maria Abdala Carlos Eduardo dos Santos Espíndola Museu de Arte Sacra de Mato Grosso Diretora Executiva
Viviene Lozi Diretora Técnica
Maria José Couto Valle Assessoria de Comunicação e imprensa
Lidiane Barros Protásio de Morais Monitores
Mônica Bárbara Rocha Sandra Barbosa Bolsistas PROEXT-UFMT
Christian Silva de Matos Gomes Felipe Vicentim Shimizu Nathalye Pereira Patrick Goulart Serviços Gerais
Laís Souza Agradecimentos
Povo Yudjá
Museu de Arte Sacra de Mato Grosso Rua Clóvis Hugney, no 239 2o Andar, Bairro Dom Aquino, Prédio Seminário Nossa Senhora da Conceição - Cuiabá–MT Aberto de Terça a Domingo das 9h às 17h Tel.: (65) 3056-6285 Site: museudeartesacramt.com.br
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Museu De Arte Sacra De Mato Grosso