PRÊMIO JOVeM EXTENSIONISTA
Universidade Federal do Pará Pró-Reitoria de Extensão
Prêmio Jovem Extensionista Editoração eletrônica José Ailton Faro de Noronha Editor Mauro José Guerreiro Veloso Maria Bernadete Souto do Nascimento Catalogação Maria Bernadete Souto do Nascimento Contatos Fone: 3201-8391 e 3201-7260 e-mail: jornadaext@ufpa.br
Pró-Reitoria de Extensão da UFPA Endereço: Rua Augusto Corrêa, 1 Cidade Universitária Prof. José da Silva Netto – Campus Básico Telefones: (91) 3201-7260, 3201-8391, 3201-8812 e-mail: proex@ufpa.br © Direitos de cópia/copyright 2015 Por/by PROEX/UFPA
ISSN 2176-7246
Jornada de Extensão
2015
Belém - PA 2015
Universidade Federal do Pará Pró-Reitoria de Extensão Reitor Carlos Edílson de Almeida Maneschy Vice-Reitor Horácio Schneider Pró-Reitor de Administração Edson Ortiz de Matos Pró-Reitora de Ensino de Graduação Maria Lúcia Harada Pró-Reitor de Extensão Fernando Arthur de Freitas Neves Pró-Reitor de Pesquisa e Pós- Graduação Emmanuel Zagury Tourinho Pró-Reitora de Planejamento Raquel Trindade Borges Pró-Reitoria de Desenvolvimento e Gestão de Pessoal Edilziete Eduardo Pinheiro de Aragão Pró-Reitor de Relações Internacionais Flávio Sidrim Nassar
Diretor de Programas e Projetos de Extensão Mauro José Guerreiro Veloso Diretor de Apoio Cultural Leonardo José Araújo Coelho de Souza Diretor de Assistência e Integração Estudantil José Maia Bezerra Neto
Jornada de Extensão
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Prêmio Jovem Extensionista Coordenação Geral Fernando Arthur Freitas Neves Coordenação Executiva Mauro José Guerreiro Veloso Leonardo José Araújo Coelho de Souza José Maia Bezerra Neto Secretaria Geral Aureline Ferreira, Nalva Sabá, Silena Guimaraes, Tatiana Sauma Coordenação Multicampi Eliana Azevedo do Carmo (Abaetetuba) João Batista Santiago Ramos (Castanhal) José Orlando Ferreira de Miranda Junior (Cametá) Sebastião Rodrigues da Silva Junior (Bragança) Álvaro da Costa Lobato Filho (Capanema) Jessé Luiz Padilha (Tucuruí) Gyanne do Socorro Pereira de Lima (Soure) Comissão Acadêmica Coord: Bernadete Souto Equipe: André Moraes, Heliny Nogueira, Jânio Maciel, Joab Veloso, Suelen Brabo, Tatiany dos Reis, Thais Danta Comissão de Serviços Coord: Salomy Lobato e Ana Sena Equipe: Carina Cristina Ribeiro Pereira, Leandro Bahía, Maria das Graças Brito, Rosimeire Pinto Comissão de Cultura Coord: Leonardo de Souza Equipe: Antônio Cândido Neto, Odete Barbosa Gonçalves, Dayanne Eguchi Comissão Comunicação Coord: Ailton Faro Equipe: Ana Lucia Oliveira, Bruno Rocha, Danilo Celestino Comissão Infraestrutura e Logística Antônio Cândido, Cláudia Nóvoa, Kátia Limão, Nélio Sousa, Rosângela Nunes, Silvana Nascimento Comissão Tecnologia da Informação Coord: Robson Santos Silva Alisson Freire, Bruna Jully, Érika Maia Lima, Felipe Santos, Roberto da Fonseca,
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Comissão Inclusão Coord: Rosilene Prado Equipe: Aluzio dos Passos, Arlete Marinho, Felipe Moraes, Glaubia Amaral, Graziela Ferreira, Igor Rodrigues, Langela Carmo, Marcos Lisboa, Paula Teixeira, Paulo Rodrigues, Priscila Paixão
SUMÁRIO
1. Desenvolvendo Habilidades Psicossociais na Terceira Idade: Experiência com Grupos 2. Atendimento dos Pacientes com Lesões Malignas e Pré-Malignas de Boca do Estado do Pará 3. O Incentivo ao Autocuidado Infantil: Relato de Experiência 4. Violência Contra o Idoso: o Avesso aos Direitos Humanos 5. Estímulo das Habilidades Culinárias como Ferramenta para Mudança de Hábito Alimentar 6. Metodologia Viso-Verbal Aplicada ao Português como Segunda Língua (l2) para Surdos 7. Comunicação para a Cidadania: o Fortalecimento de Uma Nova Cultura Coletiva de
Comunicação e Sua Função Social 8. Etnograa Visual das Embarcações Pesqueiras e da Carpintaria Naval do Litoral Paraense 9. Projeto prevenir: Um Olhar Atento ao Alerta Amarelo 10. Avaliação das Representações e Capacitação dos Docentes da Educação Infantil e Ensino
Fundamental Inicial de Escolas Municipais e Estaduais de Belém/PA sobre Traumatismo Dental 11. Avaliação Física e Funcional em Crianças e Adolescentes do Centro de Referência em
Obesidade Infantojuvenil 12. O Impacto do Projeto “Contribuição com a Vigilância Epidemiológica em Doença de Chagas no
Estado do Pará” de julho de 2013 a junho de 2015 13. Avaliação das Representações e Capacitação dos Docentes da Educação Infantil e Ensino
Fundamental Inicial de Escolas Municipais e Estaduais de Belém/PA sobre Traumatismo Dental 14. Acompanhamento da Evolução Clínica de Pacientes com Artrite Reumatoide Fazendo uso de
Drogas Modicadoras do Curso da Doença (DMCD) Atendidos no Ambulatório de Reumatologia da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará 15. Documentários Biográcos da Amazônia Jornada de Extensão
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Prêmio Jovem Extensionista Prefacio A culminância da Jornada de Extensão é a cerimônia de premiação do Jovem Extensionista da UFPA. O Prêmio Jovem Extensionista foi outorgado aos estudantes bolsistas que atingiram metas do ano de vigência de seu programa ou projeto; promoveram intercâmbio de saberes entre a comunidade e a academia, e que se destacaram pela ampla produção acadêmica avaliada durante a Jornada de Extensão. Os premiados neste certame são oriundos da seleção total de resumos expandidos dos bolsistas. Isto é, dos 374 trabalhos aprovados, 167 foram apresentados na modalidade de Comunicação Oral e 207 na modalidade Pôster. Ressalta-se que este ano a Jornada aconteceu de maneira descentralizada nos Municípios de Abaetetuba, Castanhal, Cametá, Breves, Bragança, Soure e Tucuruí com 54 trabalhos apresentados nestes Campi. Foram selecionados e premiados 15 trabalhos com as melhores médias. Essa colocação obedeceu aos critérios de avaliação estabelecidos na XVIII Jornada de Extensão. Assim, os três primeiros colocados foram alunos e professores da cidade de Belém. Esses sujeitos extensionistas receberam como prêmio publicação indexada e livros. O Prêmio Jovem Extensionista, ao longo de sua trajetória de mais de 15 anos, sempre prestigiou os trabalhos e resultados dos programas e projetos de extensão da Universidade Federal do Pará, dedicando uma publicação especial com os trabalhos melhor avaliados durante a Jornada de Extensão. O presente número da publicação, é dedicado a trabalhos apresentados na XVIII Jornada de Extensão “Recursos Naturais: Ciência Direito e Realidade”, realizada no período de 9 a 11 de novembro de 2015 na cidade de Belém (PA).
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DESENVOLVENDO HABILIDADES PSICOSSOCIAIS NA TERCEIRA IDADE: EXPERIÊNCIA COM GRUPOS. Área temática: Educação Responsável: L.S. AZEVEDO Unidade: Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) Autores: L.S. AZEVEDO¹; I. N. S. LINS²
RESUMO O objetivo foi desenvolver habilidades psicossociais facilitadoras de adaptação bem-sucedida ao envelhecimento, por meio de intervenção psicológica educativa em grupo. Tais habilidades são auto-estima, senso de controle e de auto-eficácia, entre outras. Os participantes foram 28 pessoas matriculadas no Curso de Atualização Cultural do Programa Universidade da Terceira Idade (UNITERCI), com idades entre 56 a 70 anos, sendo 04 homens e 24 mulheres. Baseando-se nos fundamentos teóricos da psicologia do envelhecimento; na perspectiva lifespan do desenvolvimento e em técnicas cognitivas e comportamentais, foram realizadas atividades em 12 encontros semanais, com duração 90 minutos. O desenvolvimento psicossocial foi avaliado antes (pré-teste) e depois (pós-teste) das intervenções por meio da Escala de Desenvolvimento Psicossocial (EDP). As intervenções foram precedidas de palestra informativa e constituíram-se em exercícios de dinâmica de grupo; de sensibilização dramatizações, seguidos de discussões guiadas acerca das experiências. Ao final do bloco de intervenções foi realizada avaliação subjetiva das aprendizagens ocorridas. Os resultados mostram que, ao final, 57% (16) apresentaram um nível de desenvolvimento psicossocial (DP) maior do que antes. Comparando-se as pontuações obtidas na EDP, antes e depois das oficinas, verifica-se que o nível elevado de DP revelou crescimento de 10,7% (de 53,6% para 64,3%) e o nível moderado, um decréscimo de 4,7% (de 42,8% para 38,1%). Conclusão: as comparações dos resultados individuais permitem concluir que este tipo de intervenção psicológica educativa contribui para o desenvolvimento de habilidades psicossociais importantes para a adaptação à velhice. Palavras-chave: Desenvolvimento pessoal; velhice bem-sucedida; grupos de terceira idade. ¹Discente de Graduação em Psicologia. ²Discente de Graduação em Psicologia.
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INTRODUÇÃO O processo de envelhecimento é parte do desenvolvimento humano e como tal traz consigo especificidades. Segundo Neri (2003), conhecer as qualidades do estágio da idade madura é um desafio para muitos pensadores. A necessidade de vivenciar de maneira positiva essa etapa da vida, especialmente diante do aumento da expectativa de vida e do número de idosos, fez com que várias disciplinas e áreas das ciências procurassem desenvolver meios para uma velhice ativa e feliz. Contrariando o paradigma mecanicista do desenvolvimento humano surgiu o paradigma do desenvolvimento ao longo da vida (lifespan). O paradigma mecanicista, baseado em resultados de experimentos que mostravam diminuição das capacidades com a idade, concluiu que o desenvolvimento se daria apenas até a adolescência cessando após esse período, portanto, não haveria possibilidade de desenvolvimento na velhice (NERI, 2013). Diferentemente, o paradigma life-span considera múltiplos níveis e dimensões do desenvolvimento, o qual é considerado como processo interacional, dinâmico e contextualizado (BALTES; SMITH, 2004 Apud NERI, 2013). Este paradigma analisa o desenvolvimento e o envelhecimento como uma sequência de mudanças previsíveis de natureza genético-biológica e psicossocial, assim como também não previsíveis, de caráter biológico e social. (NERI, 2013, p.38-40). No bojo do paradigma lifespan, Baltes e Baltes (1990 Apud KHOURY, 2008; NERI, 2013) propõem o modelo SOC - seleção, otimização e compensação. O paradigma lifespan propõe
o
desenvolvimento/envelhecimento
bem-sucedido,
baseado
na
plasticidade
comportamental e demonstra como os indivíduos podem manejar seus recursos internos e externos disponíveis para o enfrentamento das mudanças nas condições biológicas, sociais e psicológicas ocorridas ao longo do tempo, por meio de estratégias de seleção, otimização e compensação, a fim de adaptar-se a diferentes demandas, maximizando ganhos e minimizando perdas vividas durante suas trajetórias de vida. (NERI, 2013, p.41) Na velhice, diminuem a plasticidade comportamental (possibilidade de mudar para adaptar-se ao meio) e a resiliência (capacidade de enfrentar e de recuperar-se dos efeitos da exposição a eventos estressantes) devido ao declínio biológico e à diminuição das redes de relações sociais. Contudo, existem as diferenças individuas; a plasticidade individual depende de condições histórico-culturais e de fatores pessoais como a avaliação pessoal que os indivíduos fazem dos eventos potencialmente estressores e do senso de controle percebido. A resiliência individual que depende dos apoios sociais, mas também dos recursos adaptativos
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da personalidade como autoconceito, autoestima, e senso de auto eficácia, entre outros, os quais se mantêm íntegros na velhice e (NERI, 2013, p. 39). Os recursos pessoais ou da personalidade podem ser desenvolvidos para favorecer a plasticidade comportamental e a resiliência (KHOURY, 2008; 2009), contribuindo para uma velhice bem-sucedida. Nesse sentido, tanto a UNITERCI, quanto o grupo de desenvolvimento psicossocial (GDP) constituem fonte apoio social importante, além do GDP se constituir em espaço para o desenvolvimento de recursos pessoais. Esta afirmação é baseada nos estudos de Baltes e Staudinger (1996 apud NERI, 2013, p.39) sobre os efeitos da dinâmica das relações interpessoais sobre a plasticidade comportamental, onde mostraram que a experiência de crianças e idosos em situações reais de interação social ou a um processo reflexivo, produziam respostas complexas e efetivas no sentido de promover sensibilização para a consideração de múltiplos aspectos de problemas existenciais. Além disso, experiências anteriores de GDP (KHOURY, 2008) mostraram seu importante papel no sentido de desenvolver recursos pessoais para bem viver a velhice. Com base nesses pressupostos teóricos objetivou-se no presente trabalho favorecer o desenvolvimento psicossocial de idosos por meio de atividades em grupo previamente planejadas. Os atores dessas ações foram pessoas entre 56 a 70 anos, 04 homens e 24 mulheres, alunos matriculados no curso de atualização cultural do programa UNITERCI. As atividades direcionaram-se no sentido de: oferecer uma oportunidade para identificar e avaliar atitudes e comportamentos que favoreçam/dificultem a velhice saudável e bem-sucedida; promover o desenvolvimento de recursos pessoais (desenvolvimento psicossocial), ou seja, favorecer a mudança de atitudes e comportamentos em uma direção considerada saudável e adaptativa para viver a velhice com qualidade e estimular o investimento em metas e projetos de curto e médio prazos, cabíveis nessa etapa da vida. MATERIAL E METODOLOGIA As atividades foram desenvolvidas na Universidade Federal do Pará (UFPA) com os idosos matriculados no programa UNITERCI. Foram formados dois grupos cada qual com cerca de 20 pessoas. As atividades ocorreram em encontros semanais com duração de 90 minutos, num total de 12 encontros. As etapas do grupo de desenvolvimento psicossocial são: 1ª etapa - pré-teste e encontro inicial; 2ª etapa – intervenções psicológicas visando ao desenvolvimento; 3ª etapa – pós-teste e avaliação final. Na primeira etapa ocorreu a realização da avaliação prévia, por meio da Escala de Desenvolvimento Psicossocial – EDP (Khoury, 2014), seguida de palestra a respeito da importância da atividade, culminando com informação quanto aos objetivos e a 8
metodologia de trabalho. Na segunda etapa aconteceram encontros abordando temas cuidadosamente escolhidos, por meio de atividades planejadas, visando atingir os objetivos. Na terceira e última etapa, a EDP foi aplicada novamente com fins de pós-teste e foi realizada uma avaliação subjetiva acerca das aprendizagens ocorridas durante as oficinas. As atividades da segunda etapa se basearam em exercícios de dinâmica de grupo e de sensibilização (ANTUNES, 1993; FRITZEN, 1982; 1991; KIRBY, 1995), em sua maioria elaborada pela coordenadora do projeto. Após cada atividade ocorriam discussões acerca da experiência (pensamentos, comportamentos e sentimentos dos membros do grupo durante a realização da atividade). As intervenções do facilitador no grupo foram realizadas por meio de técnicas sócio-cognitivas e cognitivo-comportamentais (BECK, 2013; KNAPP, 2004; LEAHY, 2010; MCMULLIN, 2005; RANGÉ, 2011). RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados apresentados dizem respeito apenas aos 28 participantes que realizaram as duas avaliações – pré-teste e pós-teste – e não às 39 pessoas que participaram dos dois grupos de desenvolvimento. Dos 28 participantes, 16 (57%) apresentaram um nível de desenvolvimento psicossocial (DP), medido pela EDP, maior no pós-teste, quando comparado ao resultado obtido no pré-teste. . Analisando-se as pontuações obtidas, antes e depois das oficinas (Gráfico 1), conforme as categorias de desenvolvimento psicossocial – alto, moderado, baixo e muito baixo - verifica-se que o nível elevado de DP revelou crescimento de 10,7% (de 53,6% para 64,3%) e o nível moderado, um decréscimo de 4,7% (de 42,8% para 38,1%). Percebe-se que os dados alcançados no final das atividades caracterizam uma direção positiva no desenvolvimento psicossocial desses idosos, levando em consideração os crescimentos e a manutenção de bons índices no grau de desenvolvimento. Além disso, as mudanças em relação à situação inicial são fortemente sentidas em análises dos resultados individuais, como também, por meio das avaliações subjetivas dos participantes que demonstram aprendizagens e mudanças positivas em suas vidas, corroborando os achados de Khoury (2008), bem como os apontados por Baltes e Staudinger (1996 apud NERI, 2013).
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Gráfico 1. Categorias de desenvolvimento psicossocial antes e depois das oficinas (préteste e pós-teste) em percentagens.
100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0
64,3 53,6 42,8 32,1
ANTES DEPOIS 3,6 3,6
Alta 3642pts
Moderada 28-35pts
Baixo 2127pts
0
0
Mt Baixo 14-20pts
CONCLUSÃO Com base nos resultados onde mais da metade dos participantes (64,3%) apresentou nível elevado de desenvolvimento na EDP se considera que em certo nível a experiência grupal pôde proporcionar desenvolvimento psicossocial. As comparações dos resultados individuais permitem concluir que este tipo de intervenção psicológica educativa contribui para o desenvolvimento de habilidades psicossociais importantes para a adaptação à velhice. Além disso, a experiência vivida pela equipe profissional pôde ampliar aprendizados acadêmicos através do envolvimento nas relações e o engajamento efetivo nas ações propostas. REFERÊNCIAS ANTUNES, C. Manual de técnicas de dinâmica de grupo, de sensibilização, de ludopedagogia. Petrópolis/RJ: Vozes, 1993. BECK, J. S. Terapia cognitivo-comportamental: teoria e prática. 2. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2013. FRITZEN, S. J. Exercícios práticos de dinâmica de grupo. 2. Ed. Petrópolis/RJ: Vozes, 1982. FRITZEN, S. J. Janela de Johari: exercícios vivenciais de dinâmica de grupo, relações humanas e de sensibilidade. Petrópolis: Vozes, 1991. KHOURY, Hilma. T. T. Desenvolvimento psicossocial e velhice bem-sucedida. In: EVELIN, Heliana.B. (Org). Velhice cidadã: um processo em construção. Belém/PA: EDUFPA, 2008. KHOURY, Hilma. T. T. Envelhecimento, subjetividade e saúde: Experiências de intervenção psicológica por meio da extensão universitária. In: Conselho Federal de Psicologia. (Org).
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Envelhecimento e Subjetividade. 1. Ed. Brasília-DF. 2009. KIRBY, A. 150 jogos de treinamento. São Paulo: T & D, 1995. KNAPP, P. Princípios fundamentais da terapia cognitiva. In: KNAPP P. (Org.). Terapia cognitivo-comportamental na prática psiquiátrica. Porto Alegre/RS: Artmed, 2004. LEAHY, R. L. Terapia cognitiva contemporânea: teoria, pesquisa e prática. Porto Alegre/RS: Artmed, 2010. MCMULLIN, R. E. Manual de técnicas em terapia cognitiva. Porto Alegre/RS: Artmed, 2005. NERI, Anita. L. Qualidade de vida no adulto maduro: Interpretações teóricas e evidências de pesquisa. In: NERI, Anita L. (Org). Qualidade de vida e idade madura. 3. Ed. Campinas/SP: papiros, 2003. NERI, Anita. L. Teorias psicológicas do envelhecimento: percurso histórico e teorias atuais. In:FREITAS,E. V. L. Py, Cançado, F. A. X. Doll, J. & Gorzoni, M. L. (Orgs). Tratado de geriatria e gerontologia. 3. Ed. Rio de Janeiro: GuamabaraKoogan, 2013. RANGÉ, B. Psicoterapias cognitivo-comportamentais: um diálogo com a psiquiatria, 2. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.
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ATENDIMENTO DOS PACIENTES COM LESÕES MALIGNAS E PRÉ-MALIGNAS DE BOCA DO ESTADO DO PARÁ Área temática: Saúde Responsável pelo trabalho: Wilkelly Alves de Lima Unidade acadêmica: Instituto de Ciências da Saúde (ICS) ¹Wilkelly Alves de Lima; ¹Lais Cordeiro Mendes;¹Victor Feliz Pedrinha; 1- Acadêmica (o) do curso de Bacharelado em Odontologia da Universidade Federal do Pará (UFPA). Resumo O carcinoma epidermóide de boca (CEB) é a principal lesão maligna que acomete a cavidade oral, sendo responsável por mais de 90% dos casos diagnosticados neste sítio anatômico. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), metade dos casos de carcinomas epidermóides de boca da região Amazônica são diagnosticados no Estado do Pará. Neste contexto, entre as lesões orais com maior risco de transformação maligna destacam-se: leucoplasia, eritroplasia e queilite actínica, sendo a leucoplasia a lesão potencialmente maligna mais comum. Objetivos: identificação e acompanhamento de pacientes de alto risco de aquisição do fenótipo maligno, diagnóstico/tratamento/acompanhamento de lesões potencialmente malignas de boca e diagnóstico de CEB em estágios iniciais. Ao lado disso, o projeto forneceu treinamento aos graduandos em odontologia e aos cirurgiões dentistas em técnicas de biópsias, além de avaliação clínica e histopatológica de pacientes com CEB. Metodologia: A pesquisa foi desenvolvida com a participação de indivíduos encaminhados ao Serviço de Patologia Bucal do Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB) no período de junho de 2014 a maio de 2015. Resultados: foram atendidos 152 pacientes com lesões malignas e pré-malignas, sendo 43,36 % diagnosticado com CEB, 46,28% leucoplasia, 5,3% com queilite actínica e 5,06% com eritroplasias. Conclusão: os resultados finais do projeto ratificam os altos índices de pacientes que necessitam de avaliação clínica/histológica para diminuir a morbidade e as grandes taxas de mortalidade observadas em nosso Estado. Tal iniciativa diminui os custos do Sistema Único de Saúde com internação, tratamento radioterápico e quimioterápico. Palavras-chave: Carcinoma epidermóide, leucoplasia e queilite actínica.
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Introdução O carcinoma epidermóide é responsável por mais de 90% dos casos de neoplasias malignas diagnosticadas na boca. Apesar dos agentes etiológicos estarem identificados (tabaco e álcool para lesões intra-orais e radiação solar para as lesões de lábio) o número de casos de carcinoma epidermóide de boca (CEB) aumenta anualmente em todas as regiões do Brasil. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), no Estado do Pará, em 2012, o CEB ocuparia a quarta posição entre as formas de câncer mais diagnosticadas em homens e a sétima em incidência em mulheres. Ao lado disso, convém informar que metade desta lesão maligna da região amazônica acontece no Estado do Pará. Convém mencionar, ainda, que cerca de 2/3 dos pacientes diagnosticados no Estado do Pará apresentam-se em estágios avançados (III e IV), conduzindo a uma inaceitável taxa de sobrevida de menos de 30% em cinco anos. Nesse contexto, o Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB), vinculado à Universidade Federal do Pará, no final de 2006, concretizou um convênio com a Secretaria de Estado do Pará (SESPA) para a criação do Serviço de Diagnóstico em Patologia Bucal para prestar atendimento aos pacientes da rede pública do Estado, com a finalidade de identificar precocemente as lesões malignas e para diagnosticar e tratar as lesões potencialmente malignas da boca. A parceria visa diminuir o número de casos diagnosticados em estágios avançados e aumentar o diagnóstico das lesões consideradas de maior risco de transformação maligna (leucoplasia e queilite actinica), ações que culminarão com a melhora da sobrevida, menor tempo de internação, redução dos custos, retorno do cidadão em menor tempo ao trabalho, assim como diminuição das cirurgias mutiladoras de face. O novo projeto pedagógico do curso de odontologia prevê as disciplinas de Ciências Patológicas II, Propedêutica Odontológica II, Propedêutica Odontológica III e Propedêutica odontológica IV. Em conjunto, as disciplinas mencionadas fornecem ao aluno um amplo conhecimento teórico, porém pouca vivência clínica sobre as patologias orais malignas. Do exposto se extrai a relevância do projeto de extensão para o conhecimento dos discentes envolvidos no que se refere ao aprimoramento de conhecimentos teóricos aplicados na vivência de 20 horas semanais, sendo diariamente supervisionados por cirurgiões dentistas. Tal iniciativa visa, também, aumentar o número de cirurgiões-dentistas capazes de prestar atendimento à população na área de diagnóstico bucal, na medida em que terão o embasamento teórico em sala de aula, a vivência prática no Serviço e a prática do funcionamento do Sistema Único de Saúde.
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Material e metodologia A pesquisa foi desenvolvida com a participação de indivíduos encaminhados ao Serviço de Patologia Bucal do Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB) no período de junho de 2014 a maio de 2015, pela rede pública de saúde do Estado do Pará. Desde 2009 funciona no HUJBB uma residência em odontologia com área de concentração em oncologia. Os residentes são responsáveis por conduzir o atendimento odontológico desde a avaliação até a realização de procedimentos como biópsias e tratamentos com laserterapia de baixa potência. O aluno inicialmente auxilia os cirurgiões-dentistas, para posteriormente, sempre sob supervisão de um profissional, passar a realizar os procedimentos de biópsia, adequação do meio bucal e aplicação dos protocolos de atendimento do Serviço. O desempenho dos alunos é avaliado diariamente. A freqüência, pontualidade, iniciativa, conhecimento teórico, responsabilidade e o atendimento humanizado. Ao final de cada semana o aluno recebe um conceito: insuficiente, regular, bom, excelente. Para a realização do atendimento é necessário o consumo diário de materiais odontológicos como gaze, fio de sutura, luva de procedimento e luva cirúrgica, além da manutenção de equipamentos e material permanente no serviço como cadeira odontológica e autoclave, o que gera um custo anual de R$130.000,00 no orçamento do HUJBB. Resultados e discussões Foram atendidos 152 pacientes com lesões malignas e pré-malignas, sendo 66 indivíduos (43,36%) diagnosticados com carcinoma espidermóide de boca (CEB), 71 (46,28%) com leucoplasia, 8 (5,3%) com queilite actínica e 7 (5,06%) com eritroplasia (Figura 01).
Figura 01: Distribuição percentual de pacientes com lesões malignas e pré-malignas.
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De acordo com Vieira et al. (2012) o carcinoma epidermóide é considerado a mais freqüente neoplasia maligna de boca. Seu pico de incidência está em indivíduos que se encontram entre 50 e 60 anos de idade, com predileção pelo sexo masculino. No presente estudo, o sexo masculino predomina nas quatro lesões destacadas. Cerca de 19,69% dos indivíduos com CEB, 49,29% com leucoplasia, 37% com queilite actínica e 40 % com eritroplasia eram do sexo masculino. Entre os pacientes com CEB, mais de 80% encontram-se na faixa etária entre 50-60 anos. Para eritroplasia 71,4% estão acima de 60 anos de idade. Mais de 80% dos pacientes com leucoplasia e queilite estão com idade acima de 40 anos. Segundo Patrício (2011) a leucoplasia e a queilite actínica são lesões que apresentam predileção pelo sexo masculino e acometem principalmente indivíduos acima de 45 anos de idade, o que corrobora com a pesquisa realizada. Neville (2008) afirma que a eritroplasia apresenta pico de prevalência em homens aos 65-74 anos de idade. A lesão leucoplásica é caracterizada como a mais comum lesão potencialmente maligna de boca, ocorre principalmente em língua, palato e rebordo alveolar, apresenta predominância em pessoas com idade avançada. Enquanto o carcinoma epidermóide e a eritroplasia acometem com frequencia regiões de língua e assoalho de boca (NEVILLE, 2008; PATRÍCIO, 2011). A queilite actínica é uma doença potencialmente maligna do lábio causada pela exposição crônica à radiação ultravioleta (LOPES et al., 2015). No presente estudo foi observado que a região mais acometida pelas lesões CEB, leucoplasia e eritroplasia ocorreram em língua. Portanto, as características peculiares de cada patologia em questão quanto sua localização, sexo e idade mais acometidos pela doença, bem como sua freqüência de manifestação clínica, estão de acordo com os estudos atuais. Conclusão Os resultados finais do projeto ratificam os altos índices de pacientes que necessitam de avaliação clínica/histológica para diminuir a morbidade e as grandes taxas de mortalidade observadas em nosso Estado. Tal iniciativa diminui os custos do Sistema Único de Saúde com internação, tratamento radioterápico e quimioterápico, além de permitir que os cidadãos não sejam removidos do mercado do trabalho. O projeto permitiu também que o graduando de odontologia pudesse ser treinado tornando-o profissional capaz de realizar o diagnóstico precoce de CEB e de lesões com maior risco de transformação maligna. 15
Referências INSTITUTO NACIONAL DO CANCER. Estatísticas do câncer: vigilância do câncer e de fatores de risco. Disponível em: < http://www1.inca.gov.br/vigilancia/> acessado em 12 de set de 2015. LOPES, M. L.; SILVA JUNIOR, F. L.; OLIVEIRA, P. T.; SILVEIRA, É. J. Clinicopathological profile and management of 161 cases of actinic cheilitis. An Bras Dermatol., v.90, n.4, p. 505-509, 2015. NEVILLE, B. W. et al. Patologia oral & maxilofacial. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. PATRÍCIO, J. F. C. Evolução das lesões pré-malignas orais: orientações para os médicos dentistas. Tese de Mestrado em Medicina Dentária. Universidade do Porto, 2011. VIEIRA, S. C. et al. Oncologia básica. Teresina, PI: Fundação Quixote, 2012.
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O INCENTIVO AO AUTOCUIDADO INFANTIL: RELATO DE EXPERIÊNCIA Área temática: Saúde e Educação Responsável pelo trabalho: TEIXEIRA, V.M Unidade acadêmica: Instituto de Ciências da Saúde (ICS/FAENF) Nome dos autores: Vanessa Marinho Teixeira1; Adriana Borges Melo2 RESUMO Os hábitos de autocuidado são essenciais para a manutenção da saúde do indivíduo e da coletividade. Assim, com a correta lavagem das mãos e higiene corporal, buscamos demonstrar que a todos esses cuidados são fatores de proteção à saúde e auxiliam na prevenção de doenças. É um estudo descritivo do tipo relato de experiência, realizado com 50 crianças no projeto “Divina Providência” localizado no bairro da Cremação, em Belém-PA. Foi realizada a técnica correta da lavagem das mãos com as crianças, mas com resultado pouco satisfatório, e sobre cuidados corporais apresentaram conhecimentos básicos. Com os resultados obtidos com as atividades, notou-se que são necessárias atividades educativas que as auxiliem na obtenção de mais conhecimentos. Nesse contexto, o profissional de enfermagem deve proporcionar a criança uma educação voltada para o seu cotidiano e desenvolver nessa faixa etária o senso de responsabilidade pela sua própria saúde e de sua comunidade. Palavras chaves: promoção da saúde, saúde escolar, higiene. INTRODUÇÃO Os hábitos de autocuidado são essenciais para a manutenção da saúde do indivíduo e da coletividade. Assim, com a correta lavagem das mãos e higiene corporal, buscamos demonstrar que a todos esses cuidados são fatores de proteção à saúde e auxiliam na prevenção de doenças. Pois, a promoção da saúde se faz através da educação, da adoção de modos de vida saudáveis e do desenvolvimento de habilidades e capacidades individuais. Assim, educar as crianças para que tenham hábitos de higiene desde a infância torna-se uma importante ferramenta para a
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manutenção do seu autocuidado, com atitudes simples, mas que são fundamentais para a promoção da saúde, como a lavagem das mãos e a higiene corporal. A escola é reconhecida como um lugar de referência para a comunidade, onde se promove o acesso a informação e onde se desenvolve a construção de respostas sociais capazes de fortalecer a participação dos indivíduos na busca de vidas mais saudáveis, logo, ao exercício da cidadania. Dessa forma, a escola se torna um local ideal para promover e manter a saúde da comunidade atuando também em conjunto com outros equipamentos sociais, em especial os serviços de saúde (BRASIL, 2006). A infância e a adolescência constituem etapas decisivas para incorporação e construção de atitudes e comportamentos que repercutirão em um perfil de saúde na idade adulta. Daí a importância da realização de condutas preventivas e de promoção à saúde nessa faixa etária, facilitadas por atividades educativas, utilizando estratégias que envolvam a coletividade e a família, e que permitam uma interlocução entre o saber popular e o saber científico. Segundo a Organização Pan-americana de Saúde (1995), a promoção da saúde no âmbito escolar parte de uma visão integral e multidisciplinar do ser humano, que considera as pessoas em seu contexto familiar, comunitário, social e ambiental. Assim, as ações de promoção de saúde visam desenvolver conhecimentos, habilidades e destrezas para o autocuidado da saúde e a prevenção das condutas de risco em todas as oportunidades educativas; bem como fomentar uma análise sobre os valores, as condutas, condições sociais e os estilos de vida dos próprios sujeitos envolvidos (PELICIONE, 1999). MATERIAL E METODOLOGIA É um estudo descritivo do tipo relato de experiência com base teórica em artigos científicos pesquisados na Biblioteca Virtual da Saúde. Foi realizado no mês de maio com 50 crianças no projeto “Divina Providência”, obra social da igreja da comunidade São Lourenço, localizado no bairro da Cremação em Belém-PA, que são atendidas pelo projeto de extensão “Criando um espaço para o desenvolvimento humano”. As atividades consistiram em apresentações de palestras, utilização de imagens lúdicas, jogos e dinâmicas relacionadas à temática de lavagem das mãos e higiene corporal. Primeiramente, apresentamos a palestra, e nela continha a apresentação das imagens lúdicas, em seguida, a dinâmica para sabermos se as crianças estavam
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lavando corretamente as mãos, onde utilizamos tinta guache, bacia com água, e venda para os olhos, posteriormente pedimos que montassem o passo a passo da lavagem das mãos. Sobre os cuidados corporais, também iniciamos com a palestra, apresentando uma abordagem geral sobre o assunto, somando com apresentação de teatro, que entre seus personagens, havia a criança que não gostava de tomar banho, a criança que se higienizava corretamente e a mãe das crianças, após o teatro, houve o momento de discussão com a turma e em seguida um jogo com perguntas relacionadas aos cuidados corporais. Pois a criança precisa construir hábitos para o seu autocuidado, exercendo tais atitudes em seu dia-a-dia como: lavar as mãos antes e depois das refeições, após o uso do banheiro e dentre outros. Higiene pessoal é de fundamental importância para manter bons hábitos e boas práticas de saúde, pois através dos cuidados com o corpo ocorre a prevenção das doenças e a manutenção de uma vida saudável. Sendo assim, trabalhar sobre higiene pessoal no contexto escolar é necessário, pois é nessa fase que a criança está em completo desenvolvimento e formação intelectual e social. Dessa forma, a saúde no espaço escolar é concebida como um ambiente de vida da comunidade em que está inserida a escola, cujo referencial para ação deve ser o desenvolvimento do educando, como expressão de saúde, com base em uma prática pedagógica participativa, tendo como abordagem metodológica a educação em saúde transformadora (CATRIB et al., 2003). RESULTADOS E DISCUSSÕES Imagem 1: crianças participando da atividade de lavagem das mãos
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Após demonstrarmos, teoricamente, como deveria ser feita a lavagem das mãos, sorteamos duas crianças para que a fizessem de forma prática, onde usamos bacia com água, tinta guache representando o sabão, e venda para os olhos. Assim, pudemos observar a técnica de lavagem que elas apresentavam. Com essa atividade, observamos que as crianças não conseguiram realizar a técnica correta, pois a executaram de forma muito rápida, deixando assim locais na mão sem a tinta guache, que representava o sabão. Também observamos que não realizaram adequadamente todas as fazes da lavagem. Em seguida, demonstramos novamente a técnica correta da higienização, e, para a fixação do conteúdo, criamos um cartaz com o passo a passo, em que as crianças indicaram a ordem correta que deveria ocorrer a técnica da lavagem das mãos. Imagem 2: crianças observando a explicação sobre cuidados corporais
Posteriormente às atividades sobre a higienização das mãos, abordamos a temática de higiene pessoal, em que os mesmos demostraram terem conhecimento sobre noções básicas de cuidados corporais, como lavar e cortar frequentemente os cabelos, cortar as unhas e escovar os dentes, no entanto, não da sua importância, pois todos os cuidados com a higiene são fundamentais para a manutenção do bem estar e prevenção de doenças. Percebeu-se, assim, que a partir das explicações e demonstrações de imagens lúdicas sobre os conteúdos, as crianças ficaram mais atentas a esses cuidados, pois receberam informações que auxiliam o autocuidado, criando certa independência na obtenção de hábitos de higiene no dia a dia.
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CONCLUSÃO Os cuidados com a saúde implicam em ações de promoção à saúde e prevenção de doenças e fatores de riscos, sendo a lavagem das mãos e higiene pessoal, um dos principais cuidados que evitam o adoecimento. Assim, faz-se necessário a criação de atividades educativas em locais de aprendizagem infantil, pois as crianças podem adquirir hábitos saudáveis com maior facilidade e este se tornar um hábito duradouro. Nesse contexto, o profissional de enfermagem deve proporcionar a criança uma educação voltada para o seu cotidiano e desenvolver nessa faixa etária o senso de responsabilidade pela sua própria saúde e de sua comunidade. REFERÊNCIAS MINISTÉRIO DA SAÚDE. Diretrizes para implantação do Projeto Saúde e Prevenção nas Escolas. Brasília: Ministério da Saúde; 2006.
LM, ARAÚJO; ÉCR, SOUZA; CA, SIMPSON. Condições de saúde de escolares e intervenção de enfermagem: relato de experiência. Rev Rene, Fortaleza, out/dez; 12(4):841-8. 2011.
ORGANIZAÇÃO PANAMERICANA DE SAÚDE. Educación para la salud: un enfoque integral. Washington: OPS,. Série HSS/SILOS, n. 37. 1995
CATRIB, A.M.F. et al. Saúde no espaço escolar. In: BARROSO, M.G.T.; VIEIRA, N.F.C.;VARELA, Z.M.V. (Orgs.). Educação em saúde no contexto da promoção humana. Fortaleza: Edições Demócrito Rocha, 2003.
PELICIONI, C. A escola promotora de saúde. São Paulo: Faculdade de Saúde Públicada Universidade de São Paulo, p.12. 1999.
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VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO: O AVESSO AOS DIREITOS HUMANOS ÁREA TEMÁTICA: Direitos Humanos e Justiça Responsável: Prof. Msc. Maria Leonice da Silva de Alencar – Coordenadora do Programa Universidade da Terceira Idade (UNITERCI). AUTORES: Renato Soares de Aquino - Discentes do curso de Serviço Social e Bolsista PIBEX Projeto “Observatório de Violência Contra a Pessoa Idosa”. RESUMO Discorrer sobre a violência contemporânea é compreender que esse fenômeno encontra-se culturalmente e socialmente enraizada em práticas antigas, engendrando um problema social que afeta os diversos segmentos da sociedade, principalmente os mais vulneráveis, ressalta-se a população idosa, provocando a inquietação na sociedade e consequentemente a incitação em elaborar e implementar programas e projetos que ampliem a discussão e o combate a essa prática. Diariamente as mídias informam sobre os índices alarmantes da violência contra a pessoa idosa, a Universidade Federal do Pará por meio de sua política de extensão implanta e desenvolve o Projeto “Observatório de Violência contra a Pessoa Idosa” vinculado a Faculdade de Serviço Social, e tem em sua gênese: conscientizar, prevenir e combater a violência contra a pessoa idosa. Suas ações são materializadas em parceria com órgãos governamentais tais como: OAB, Ministério Público, Delegacia do Idoso, Juizado do Idoso, UNITERCI, Centro de Referência da Assistência Social, dentre outros. A metodologia utilizada refere-se à divulgação, inscrição, articulação, palestras interativas, oficinas, seminários, rodas de conversa, visitas monitoradas, coleta de dados, a observação participativa, entrevistas, história oral, sistematização, análise e interpretação dos dados, fomentando a produção acadêmica. Assim, constata-se por meio de reuniões avaliativas, pesquisas, maior conscientização do idoso sobre seus direitos, a participação em eventos que abordem sobre a temática, apropriação de novas atitudes e conhecimentos da Lei 10.741 de 01/10/ 2003, que estabelece sobre o Estatuto do Idoso, a instrumentalização e capacitação de acadêmicos das diversas áreas do saber. PALAVRAS – CHAVE: Idoso, Violência, Extensão,
INTRODUÇÃO As literaturas e pesquisas apontam que o Brasil não é mais um país de jovens, pois segundo os demógrafos esse país está atravessando uma transição demográfica, ou seja, apontam o envelhecimento populacional. Entende-se que o envelhecimento humano é um processo natural, universal, contínuo e irreversível, inerente a todos os seres humanos, com transformações biológicas, psicológicas e sociais, que se intensificam ao longo do tempo, onde caracteriza-se por ser um processo heterogêneo. Nesta mesma perspectiva para Faleiros (2008) é necessário desconstruir a categoria velhice como homogênea, atentando para a 22
desnaturalização desse fenômeno, somente como um processo biológico isolado da análise da categoria econômica, social, política e, principalmente cultural. Assim o fenômeno “envelhecimento populacional” foi uma das grandes transformações sofridas no Brasil no século XX, influenciada pelos avanços tecnológicos na área da saúde, mudanças de hábitos, melhorias de infraestrutura, ocasionando um aumento do número de idosos no país. O Censo 2010 apresenta que 7,4% da população total têm mais de 65 anos, contra apenas 4,8% em 1991. O relatório das Nações Unidas de 2013, mostra que em 2012, 810 milhões de pessoas atingiram 60 anos ou mais, esse número pode alcançar 1 bilhão em menos de 10 anos e duplicar em 2050, chegando a 2 bilhões de pessoas idosas. Assim, a expectativa de vida da população aumenta praticamente anualmente, percebe-se também que este crescimento não é exclusivo do Brasil, ocorre mundialmente, principalmente em países desenvolvidos ou em desenvolvimento. A partir dessa realidade surgem questões sociais, questões estas que não se caracterizam por ser novas, mas ganham visibilidade e amplitude, pós-décadas de crise e que têm o seu ápice nos finais dos anos 80 do século XX, como é o caso da Violência, mas precisamente a violência contra a pessoa idosa, enfoque da discussão do presente artigo. Entende-se que conforme a população envelhece novas questões sociais surgem, pois, a sociedade e o Estado não estão preparados para lidar com as demandas desse segmento e culturalmente reproduzem preconceitos e estereótipos, discriminação e exclusão assim reforçando a prática da violência. A Organização Mundial da Saúde (2002) afirma que a violência é o uso proposital da força física ou do poder, real ou ameaça contra si próprio, contra outra pessoa ou contra um grupo ou comunidade que resulte ou tenha grande possibilidade em ocasionar lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação da liberdade. Portanto essa definição de violência tem por objetivo uma ação cruel, sendo evidenciada por ações físicas, psíquicas contra alguém, onde também se define pela opressão e a intimidação. Minayo (2005) em seus Estudos evidencia tipos de violência presentes na sociedade, os quais são Violência física, Violência institucional, Violência intrafamiliar, Violência moral, Violência patrimonial, Violência psicológica e violência sexual, dentre outras. Observa-se diariamente, que esses tipos de violência estão presentes em qualquer classe social ou idade, meio urbano ou rural, destacando-se a violência contra o idoso, que geralmente, como já discutido se dá de modo velado e também no próprio âmbito intrafamiliar e social, corroborando para a ocultação desta ação. Sendo assim esta prática acaba ferindo as normativas da Constituição Federal, da Politica Nacional do Idoso, do
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Estatuto do Idoso e os Direitos Humanos, mas precisamente a Declaração Universal dos Diretos Humanos em seu artigo: Artigo 3.º “Todas as pessoas têm direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal”. Nesse contexto, o aumento do índice de violência contra a pessoa idosa é bastante significativo, pois no que se refere ao idoso se mostra pelo caráter de violência física, de negligência, maus tratos, abandono, abuso sexual, financeiro e psicológico. A partir desse cenário, a UFPA em cumprimento a sua política de extensão, sob a coordenação da Faculdade de Serviço Social, implanta e implementa o projeto “Observatório de violência contra a pessoa idoso”, com objetivo a garantir os Direitos Humanos, promover o direito à liberdade seja por raça, religião, política ou qualquer outra condição, sendo reconhecido qualquer pessoa perante a lei, desse modo fundamenta-se no Estatuto do Idoso, baseando-se na efetivação de suas diretrizes Art. 1o É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. Art. 2 o O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade. Art. 4o Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão, e todo atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido na forma da lei.
O projeto é articulado com o Ministério Público, Delegacia do Idoso, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Juizado do idoso, UNITERCI e os Conselhos na sociedade em geral, pois o mesmo nada mais é do que uma resposta da instituição acadêmica ao anseio social, onde contribuirá com a sociedade para criação de estratégias de combate a violência contra a Pessoa Idosa, além de que trará para Academia todo um conjunto de conhecimentos que a instituição carece e retornará para a sociedade informações e diretrizes de ações governamentais e não governamentais.
MATERIAL E METODOLOGIA O Projeto é operacionalizado na Universidade Federal do Pará, no Instituto de Ciências Sociais Aplicadas, Campus Profissional, em parceria com o Programa UNITERCI, e outras instituições já citadas, realizando palestras, rodas de conversas, dinâmicas em grupo e levantamentos de dados, com a participação de homens e mulheres velhos da região metropolitana de Belém e seus familiares, de diferentes classes sociais, e participação da comunidade, profissionais e acadêmicos, com intuito de buscar essa relação de intergeracionalidade entre o público alvo, promover o empoderamento do idoso sobre seus 24
direitos e realidade, incitar a participação de docentes, discentes e técnicos do Projeto, como palestrantes em seminários, jornadas, fóruns e congressos regionais e nacionais debatendo sobre a temática assim como combater a prática da violência e conscientizar profissionais, comunidade, familiares, e a população idosa sobre tais ações e como combater. Utiliza-se a investigação participativa e problematizadora, realizando pesquisa de campo para coleta de informações, sistematização, interpretação e análise dos dados. A viabilização de suas ações perpassa por diferentes momentos como: planejamento, articulação, parcerias com instituições governamentais e não governamentais, divulgação nos meios de comunicação, inscrição, execução, monitoramento e avaliação das ações. A avaliação ocorre por meio de reuniões com a equipe do projeto e idosos, com vistas ao redirecionamento do planejamento, caso haja necessidade, elaboração e encaminhamento de relatórios às unidades competentes. Ressalta-se que tais ações fazem uso de diversos recursos pedagógicos e tecnológicos, como aparelhos de multimídias, folders informativos, cartilhas, banners, cartazes, questionários, entre outros.
RESULTADOS E DISCUSSÕES Com o intuito de combater a violência contra a pessoa idosa as ações do projeto busca a conscientização, sempre pautado na Constituição Federal e no Estatuto do Idoso, pois acredita-se que antes de qualquer ação precisa-se buscar arcabouço teórico, a fim de estar de acordo com o tripé que se fundamenta a política da UFPA, pesquisa, ensino e extensão. A despeito do cenário político, econômico e social do Brasil, e principalmente a greve das Universidades, obteve-se a participação de 250 pessoas de maneira direta e indiretamente, nas palestras, rodas de conversas, seminários, levantamento de dados, entre outros. Assim destacam-se as Palestras no CRAS Guamá, CRAS Guanabara, UNITERCI, com a participação aproximadamente 250 pessoas da comunidade, familiares, discentes e docentes, profissionais das diversas áreas do conhecimento, para discutir questões relacionadas ao combate da violência e garantia de direitos, direitos humanos e direitos sociais, políticas publicas, intergeracionalidade e empoderamento. Realizou-se ainda, a aplicação de questionários com os idosos e com os profissionais e levantamento de dados em ambos os Centros e no Ministério público e delegacia do idoso; dinâmicas em grupo, e as rodas de conversa, possibilitando troca de conhecimentos e consequentemente incentiva a intergeracionalidade e a propagação de tal discussão para diferentes áreas. Constatou-se maior conscientização dos idosos, familiares, discentes e comunidade em geral, sobre os direitos, participação social, a apropriação de novas atitudes, conhecimento da Lei 10.741, disseminação dessa lei, a instrumentalização e a capacitação de acadêmicos das 25
diversas áreas do saber, fortalecimento das parcerias, formação de campo de estágio, além de garantir o que preconiza “A Declaração Universal dos Direitos Humanos”, a garantia da plena igualdade e liberdade social, conforme os Art. V e Art. VII presente na Declaração: “Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante. Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação”. Partindo desse pressuposto as ações do projeto possibilita a dignificação do ser idoso, ressignificação da sentindo da velhice e principalmente a busca pelo exercício da cidadania.
CONCLUSÃO O envelhecimento da população é um fato, este fenômeno acarreta de igual forma, diversas questões, dentre essas o aumento dos índices de violência contra a pessoa idosa, questões essas que demandam a realização de ações de prevenção e conscientização, fazendo uso de políticas públicas eficientes e eficazes para o combate de tal prática. Assim, como o cumprimento do papel da UFPA, estas ações corroboram para a construção de uma nova imagem da velhice e consequentemente a difusão na comunidade universitária sobre a discussão da temática e o incentivo à produção de trabalhos científicos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Estatuto do Idoso: Lei federal n° 10.741, de 01 de outubro de 2003. Brasília, DF: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2004. DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS. Adotada e proclamada pela resolução 217 A (III) da Assembléia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948. Disponível em: http://www.direitoshumanos.usp.br. Acesso em: 15 de set. de 2015. FALEIROS, V.P. Envelhecimento no Brasil: desafios e compromissos. 2008. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo 2010. Brasília 2010. MINAYO, M.C.S; Violência Contra o Idoso: o avesso do respeito à experiência e à sabedoria. Brasília: SDM, 2005. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Relatório Mundial sobre Violência e Saúde. Genebra, 2002.
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ESTÍMULO DAS HABILIDADES CULINÁRIAS COMO FERRAMENTA PARA MUDANÇA DE HÁBITO ALIMENTAR Área temática: Saúde RIBEIRO, J.O ; MARTINS, J.F ; SILVA, C.R.S; SILVA, L.S
Unidade Acadêmica: Faculdade de Nutrição (FANUT) Autores: Jaqueline Oliveira Ribeiro1; Joicy Ferreira Martins²; Caroline Regina Silva da Silva³ ; Larissa Souza e Silva4 (1) (2) (3) (4)
Discente do curso de Bacharelado em Nutrição- UFPa Discente do curso de Bacharelado em Nutrição- UFPa Discente do curso de Bacharelado em Nutrição- UFPa Discente do curso de Bacharelado em Nutrição- UFPa
RESUMO Objetivo: promover através de oficinas culinárias a aproximação do comensal ao preparo dos alimentos, estimulando e fortalecendo suas habilidades culinárias como forma de promoção de mudança de hábito alimentar. Metodologia: foram realizadas ao total 4 oficinas culinárias com as temáticas: lanches rápidos e nutritivos; doces caseiros; utilização
de alimentos
regionais em preparações e oficina de panificação. As oficinas foram realizadas no laboratório de técnica dietética da Faculdade de Nutrição, sob coordenação dos docentes envolvidos no Projeto Cidadania Nutritiva e executadas pelos alunos de nutrição (bolsista e voluntários). Resultados: em todas as oficinas houve a lotação completa das vagas ofertadas (20) mostrando o interesse do público. Muitos pontos positivos podem ser destacados a citar o papel das oficinas como atividade de integração social, pois grupos foram formados para a execução de cada preparação forçando a comunicação entre as pessoas para que as tarefas fossem divididas; seu papel como atividade de educação nutricional e alimentar sendo trabalhada pelos discentes e docentes conceitos importantes de alimentação equilibrada, composição de alimentos, manipulação e armazenamento adequado, conhecimento dos alimentos que seriam utilizados, sua importância social, cultural e nutricional e a integração dos participantes à produção dos alimentos. Conclusão: diante da estrutura, conceitos e a dinâmica utilizada nas oficinas culinárias, ela pode ser uma excelente atividade para auxiliar na mudança de hábitos alimentares e que poucos profissionais nutricionistas as utilizam como estratégia para mudança de comportamento alimentar.
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PALAVRAS-CHAVE: hábitos alimentares, oficinas culinárias, qualidade de vida.
INTRODUÇÃO Uma das responsabilidades do profissional nutricionista é repassar orientações e informações que possam permitir que a população selecione adequadamente os alimentos para manter a saúde do organismo, capacitando o indivíduo ou grupo a selecionar os alimentos em quantidade e qualidade adequadas para assegurar uma boa nutrição e, conseqüentemente, os benefícios advindos desse comportamento, levando em consideração a renda e a disponibilidade local de alimentos (BOOG, 1999). Para tornar realidade a educação nutricional na promoção da saúde é necessário entender que esta se volta para a formação de valores, para o prazer, a responsabilidade, a atitude crítica e não para o fazer imediato, como dietas com objetivos específicos. Ao fazer educação nutricional não se está apenas lidando com nutrientes, mas com todo o universo de interações e significados que compõem o fenômeno do comportamento alimentar, procedimentos relacionados às práticas alimentares de grupos humanos (o que se come, quanto, como, quando, onde e com quem se come; a seleção de alimentos e os aspectos referentes ao preparo) associados a atributos sócio-culturais, ou seja, aos aspectos subjetivos individuais e coletivos relacionados ao comer e à comida (alimentos e preparações apropriadas para situações diversas, escolhas alimentares, combinação de alimentos, comida desejada e apreciada, valores atribuídos a alimentos e preparações). Para educar a população é preciso que haja modelos capazes de olhar o indivíduo enquanto sujeito de sua história, e não enquanto doença, tendo o aconselhamento dietético e suas práticas cotidianas como referência para o atendimento (RODRIGUES, SOARES e BOOG, 2005). Para tornar possível a criação de um modelo e o indivíduo como sujeito de sua história, a “Oficina de Culinária” pode fazer com que o indivíduo modifique sua realidade sem destruir hábitos e costumes culturais: o sujeito é capaz de reproduzi-la, seguindo passos e atingir assim melhores resultados em sua saúde através de um processo educacional, onde se ensina o ser humano a “processar” informações e experiências de forma consciente em seu cérebro (AZEVEDO, 2006).
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Atualmente é reconhecida a importância de atividades que estimulem a prática culinária como promotora de saúde. O enfraquecimento dessas habilidades e a não transmissão dessas habilidades entre as gerações, favorece o consumo de alimentos industrializados e ultraprocessados. No Brasil e em muitos outros países, o processo de transmissão de habilidades culinárias entre gerações vem perdendo força e as pessoas mais jovens possuem cada vez menos confiança e autonomia para preparar alimentos. As razões para isso são complexas e envolvem a desvalorização do ato de preparar, combinar e cozinhar como prática cultural e social, a multiplicação das tarefas cotidianas e a incorporação da mulher no mercado formal de trabalho, além da oferta massiva e da publicidade agressiva dos alimentos ultraprocessados (BRASIL, 2014). De acordo com relatório da OPAS/OMS, os ultraprocessados têm impulsionado a epidemia de obesidade na América Latina, pois entre 2000 e 2013, a venda per capta desses produtos aumentou em 26,7% em 13 países latinoamericanos, incluindo o Brasil. Tal fato comprova que estes produtos são responsáveis pelo aumento nas taxas de obesidade, sobrepeso e doenças relacionadas à má alimentação Dentro dos cinco campos de ação da promoção da saúde, citados anteriormente, a “Oficina de Culinária” é um instrumento para a elaboração de políticas públicas saudáveis e reestruturação dos serviços e práticas de saúde. As técnicas utilizadas são aplicáveis e reprodutíveis na promoção da saúde. METODOLOGIA Foram realizadas ao total 4 oficinas culinárias com as temáticas: lanches rápidos e nutritivos; doces caseiros; utilização de alimentos regionais em preparações e oficina de panificação. A dinâmica utilizada durante as oficinas buscou a reflexão sobre as práticas alimentares no contexto da contemporaneidade, bem como facilitar o acesso à informação sobre alimentação e saúde, na perspectiva da promoção da saúde e qualidade de vida, superando a abordagem focada na prevenção e tratamento de doenças. Em cada oficina foram trabalhados conceitos diferentes: - Oficina de lanches rápidos: conceitos de rotulagem nutricional, mostrando teores de gordura, açúcar e sódio de alimentos que são comumente utilizados como lanches rápidos (biscoitos, salgados fritos), sendo demonstrado o que um mau hábito alimentar pode ocasionar na saúde, aumentando os riscos das doenças e agravos não transmissíveis. - Doces caseiros: foram mostradas as vantagens de um doce elaborado em casa em comparação ao doce industrial, trabalhando conceitos de aditivos alimentares e sua consequência à saúde, em alguns grupos. 29
- Alimentos regionais: valorização da cultura regional, mostrando para os participantes a representação cultural, econômica e social de alimentos regionais (pupunha, cupuaçu, mandioca, castanha do Pará e manga). - Oficina de panificação: foram trabalhadas a representação cultural do pão, detalhes de preparo e possibilidades de enriquecimento nutricional (adição de fibras e grãos).
As atividades das oficinas iniciavam uma dinâmica de apresentação dos alimentos e preparações que seriam elaboradas. Em seguida os grupos eram divididos e cada um elaborava sua preparação. Depois de preparados, os pratos eram dispostos em uma mesa para que todos pudessem apreciar, em conjunto, o resultado do trabalho dos subgrupos. Em seguida, os participantes degustavam as preparações e partilhavam a refeição. Após a degustação, era solicitado que cada um expressasse, em uma palavra, seu sentimento ou sensação em relação à atividade. As oficinas foram realizadas no laboratório de técnica dietética da Faculdade de Nutrição, sob coordenação dos docentes envolvidos no Projeto Cidadania Nutritiva e executadas pelos alunos de nutrição (bolsista e voluntários).
RESULTADO E DISCUSSÃO A oficina culinária proporcionou momentos de integração e troca de experiências entre os participantes, permitindo a reflexão sobre as relações entre alimentação, saúde e cultura. Muitos comentários surgiram durante a realização da oficina, os quais proporcionaram discussões muito produtivas a respeitos dos temas abordados, principalmente relacionados à composição de alimentos. A oficina cumpriu seu papel educador ao trabalhar temas relacionados à alimentação equilibrada, a composição de alimentos, manipulação e armazenamento adequado, dando enfoque ao alimento sob a visão social e cultural. As atividades desenvolvidas possibilitaram colocar os participantes dentro do processo de produção de alimentos, como parte integrante do mesmo, pois hoje é observada a terceirização das ações relativas à alimentação, desta forma, estamos jogando essa responsabilidade para as indústrias, restaurantes, lanchonetes, dentre outras e desse modo perdemos o direito de escolher os alimentos e nos distanciamos cada vez mais do preparo.
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CONCLUSÃO Nestas oficinas, além da participação ativa da comunidade nas preparações, procura-se instigar nos participantes a reflexão sobre suas práticas alimentares por meio do planejamento de cardápios, produção de receitas de baixo custo e introdução de novos hábitos alimentares, tornando-os mais capacitados a promoverem hábitos saudáveis. Dessa forma, o incentivo às oficinas culinárias deve ser algo visto como suporte eficaz na mudança do comportamento alimentar, pois as ações educativas que são propostas desenvolvem no cidadão a adoção de bons hábitos alimentares, além da conscientização sobre si mesmo e com isso garante a promoção da qualidade de vida.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Azevedo. Regina Maria. Programação Neurolinguística: Transformação e Persuasão no Metamodelo.
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Disponível
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em: 11 mar. 2007. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de atenção a saúde. Departamento de atenção básica. Guia aimentar para população brasileira/ Mnistério da Saúde, Secretaria de Atenção a Saúde, Departamento de atenção básica. 2° Edição. Brasilia: Ministério da saúde, 152.p, 2014. Boog, Maria Cristina Faber. Dificuldades Encontradas por médicos e enfermeiros na abordagem de problemas alimentares. Rev. Nutri. São Paulo, V.12 n.3, set. dez. 1999. Rodruigeus, Érika Marafon; Soares, Fernanda Pardo de Toledo Piza; Boog, Maria Cristina Faber. Resgate do conceito de aconselhamento no contexto do atendimento nutricional. Rev. Nutr. Estado de São Paulo, Campinas, vol 18, n. 1, jan. fev. 2005. Disponível em Acesso em: 10 fev. 2007.
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METODOLOGIA VISO-VERBAL APLICADA AO PORTUGUÊS COMO SEGUNDA LÍNGUA (L2) PARA SURDOS Educação – Pessoas com deficiências, incapacidades e necessidades especiais. Waldemar dos Santos CARDOSO-JUNIOR e Giselle Pedreira de Mello CARVALHO Instituto de letras e Comunicação (ILC) Jaqueline Freitas de MIRANDA (Surda) RESUMO Este trabalho fundamenta-se nas ações do Projeto Eixo Transversal 2014/2015 Oficina de leitura e Escrita de Português para Surdos (OLEPS), do curso de Licenciatura Plena em LIBRAS e Língua Portuguesa como Segunda Língua para Surdos a partir do ensino e aprendizagem do português como segunda língua (L2) na modalidade escrita para Surdos. O estudo tem a finalidade de apresentar a metodologia de ensino viso-verbal para o desenvolvimento da leitura e da escrita do português L2 para Surdos; descrever os procedimentos metodológicos deste ensino a partir do processo da contextualização, estudo do texto, vocabulário, gramática e produção textual escrita do Português; e analisar o processo que envolve a competência comunicativa em Língua portuguesa dos alunos Surdos diante da metodologia viso-verbal elaborada pelo projeto OLEPS. A metodologia de ensino do projeto OLEPS fundamentou-se em: a) Contextualização do conhecimento; b) Estudo do texto; c) Vocabulário viso-verbal; d) Gramática-viso-verbal; e) Produção textual escrita. Os resultados mostraram que a aprendizagem do português L2 pelo Surdo ocorre pela percepção visual na relação linguagem visual-linguagem verbal para formação da capacidade linguística no ato de ler e escrever. As conclusões finais do OLEPS evidenciam a importância do uso da Língua Brasileira de Sinais (Libras), como forma de comunicação; da utilização de recursos visuais; e da valorização das experiências/vivências dos Surdos para o desenvolvimento das habilidades linguísticas necessária para serem leitores e escreventes plenos na sociedade brasileira. PALAVRAS-CHAVE: Português L2 para Surdos. Ensino. Aprendizagem INTRODUÇÃO O projeto OLEPS problematiza o ensino e aprendizagem do português L2 para Surdos, pois a aquisição do português escrito pelo Surdo está centrada na cultura majoritária (ouvinte) em uma relação oralidade/escrita, consolidada em uma cultura letrada. (Gesueli, 2004).
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Nesse sentido, temos como objetivos apresentar a metodologia de ensino viso-verbal para o desenvolvimento da leitura e da escrita do português L2, e descrever os procedimentos da metodologia de ensino viso-verbal a partir do processo da contextualização, estudo do texto, vocabulário, gramática e escrita do Português, e finalmente, analisar o processo que envolve a competência comunicativa em Língua portuguesa dos alunos Surdos diante da metodologia viso-verbal elaborada pelo projeto OLEPS. O projeto OLEPS foi desenvolvido a partir da articulação com os conhecimentos curriculares do curso de Licenciatura Plena em Letras LIBRAS e Língua Portuguesa como Segunda Língua para Surdos, fundamentados no Uso da Língua, na dimensão dos Estudos Linguísticos, e no núcleo de Reflexão da Língua, na área de Estudos Bilíngues na Educação de Surdos. Quanto ao campo de pesquisa, o projeto OLEPS foi utilizado para o desenvolvimento de Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) do curso Licenciatura Plena em Letras LIBRAS e Língua Portuguesa como Segunda Língua para Surdos e também como fonte para elaboração de tese de doutorado. MATERIAIS E METODOLOGIAS As ações metodológicas de ensino viso-verbal do OLEPS foram desenvolvidas no Campus Universitário de Belém, no período de 01 de junho de 2014 a 31 de maio de 2015 com a participação de 30 surdos, aproximadamente, com ensino médio completo ou incompleto, com 324 horas de aulas de português ministradas em Libras. A metodologia utilizada foi: a) Contextualização do conhecimento: o contexto são definições subjetivas das situações interacionais ou comunicacionais, interpretações (inter)subjetivas que delas fazem os participantes. (Van Dijk, 2012). b) Estudo do Texto: realizado a partir dos conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição, bem como intenções e aspectos comunicacionais do gênero textual em estudo. c) Vocabulário Viso-verbal: relação entre as experiências e vivências visuais do surdo com as palavras do texto, por associação palavra-imagem-conceito, destacando o sentido das palavras dentro do texto em questão. d) Gramática Viso-verbal: ensino da gramática a partir da construção dos significados expressos no modo verbal e visual. e) Produção Textual Escrita: uso dos aspectos linguísticos e das dimensões subjetivas com a mobilização do conhecimento linguístico, enciclopédico e textual.
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RESULTADOS E DISCUSSÕES Os resultados mostraram que a aprendizagem do Português L2 por parte do Surdo ocorre pela percepção, experiências e vivências visuais na relação linguagem visuallinguagem verbal para formação da competência sociocomunicativa no ato de ler e escrever textos em português. Os dados a seguir serão apresentados a partir de cinco etapas de ensino: a) Contextualização do Texto: Ao assistirem o vídeo “O que você tem a ver com a corrupção?” os surdos puderam construir modelos mentais sobre a temática “corrupção”. O QUE VOCÊ TEM A VER COM A CORRUPÇÃO?
Figura 1 - Cenas do vídeo “O que você tem a ver com a corrupção”
Os alunos Surdos, em contato com o vídeo acima, desenvolveram a capacidade da produção, recepção e interpretação do discurso à situação de comunicação social, neste caso, a temática “Corrupção”. b) Estudo do Texto: realizado a partir dos conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição do gênero textual “Cartaz”, sobre a corrupção no Brasil.
Figura 2 - Estudo do Texto
Na aula com base no gênero textual Cartaz, a leitura foi mediada a partir dos conhecimentos linguístico e textual, para o desenvolvimento das capacidades cognitivas para selecionar, processar e (re)organizar informações sobre a temática corrupção no Brasil. c) Vocabulário viso-verbal: associa palavra-imagem-conceito-texto, destacando-se os sentidos da palavra dentro do cartaz em estudo.
PALAVRA
VOCABULÁRIO VISO-VERBAL IMAGEM CONCEITO
HONESTO
Adj DIGNO DE CONFIANÇA; HONRADO (BORBA, 2011).
Figura 3 - Vocabulário Viso-verbal 34
O vocabulário viso-verbal permitiu ao surdo relacionar experiências e vivências visuais com as palavras do texto, ampliando o conhecimento linguístico sobre o tema corrupção. d) Gramática viso-verbal: a aula de gramática do Português abordou o conceito e a exemplificação do conteúdo de ensino “Frase” dentro do gênero textual cartaz. Para ampliar o entendimento dos tipos de frase, estudou-se os sinais de pontuação relacionando representação gráfica com a expressão representativa de emoticons.
Figura 4 – Gramática viso-verbal
Esta estratégia de ensino permitiu aos Surdos aprendizagem da Língua portuguesa na modalidade escrita pela combinação de diversos códigos semióticos, como o exemplo acima. e) Produção Textual Escrita: O uso dos aspectos linguísticos e das dimensões subjetivas com a mobilização de diversos conhecimentos em situação concreta para a elaboração de um Cartaz sobre a Corrupção no Brasil.
Figura 5 - Produção textual
Os alunos Surdos produziram cartazes com diferentes formas de linguagem chamando atenção para corrupção no Brasil, além de mobilizarem as diversas habilidades desenvolvidas e ampliadas nas etapas de contextualização, estudo do texto, vocabulário viso-verbal e gramática viso-verbal. CONCLUSÕES O projeto OLEPS contribuiu para a iniciação à docência do português como L2 na modalidade escrita para surdos que se difere da metodologia de ensino do português para ouvintes.
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Os resultados indicam a importância da aplicação de uma metodologia de ensino do português que valorize as experiências, percepções e conhecimentos do aluno Surdo, por meio da compreensão das situações sociais e da interação do Surdo com o mundo, das práticas sociais de leitura dos textos escritos, da aprendizagem do vocabulário usando linguagem visual-linguagem verbal, do uso e funcionamento da língua portuguesa com o apoio de recursos visuais, e da capacidade formativa de textos com função social observando o gênero textual. Nesse sentido, os resultados evidenciam um procedimento metodológico de ensino de português como segunda língua para surdos a partir de um input visual para formação da competência sociocomunicativa no ato de ler e escrever textos em português, o que aponta para uma nova abordagem do Letramento para Surdos, chamado aqui de “Letramento visoverbal de português para Surdos”. REFERÊNCIAS: BORBA, F.S. Palavrinha Viva: dicionário ilustrado da língua portuguesa. Curitiba: Piá, 2011 GESUELI, Zilda Maria. “A escrita como fenômeno visual nas práticas discursivas de alunos surdos”. In Leitura e escrita no contexto da diversidade. 4º edição, Porto Alegre: editora Mediação, 2004. http://www.mp.pi.gov.br/internet/index.php?option=com_content&view=category&id=61&It emid=121&limitstart=50 http://www.revel.inf.br/files/artigos/revel_17_a_construcao_verbal_e_visual.pdf http://www.rieoei.org/rie46a07.htm https://www.youtube.com/watch?v=hblBL1KTTfw VAN DIJK, T. A. Discurso e contexto: uma abordagem sociocognitiva. Trad. R. ILARI. São Paulo: Contexto, 2012. AGRADECIMENTOS Aos meus coordenadores Waldemar dos Santos Cardoso Júnior e Giselle Pedreira de Mello Carvalho. Aos professores Otacílio Amaral Filho e Fátima Pessoa, diretores do Instituto de Letras e Comunicação (ILC). À Mariana Antunes e Valdemir Sarmento, técnicos administrativos (ILC). À profa. Rosane Steinbrenner, diretora da Faculdade de Comunicação (FACOM). Aos profissionais tradutores/intérpretes de Libras da UFPA, Valéria Cunha e André Dantas. À Pro-Reitoria de Extensão da Universidade Federal do Pará.
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COMUNICAÇÃO PARA A CIDADANIA: O FORTALECIMENTO DE UMA NOVA CULTURA COLETIVA DE COMUNICAÇÃO E SUA FUNÇÃO SOCIAL
Área Temática: Comunicação Responsável pelo Trabalho: Bárbara Leão Silva Orientação: Profa. Dra. Rosaly Seixas Brito Unidade Acadêmica: Instituto de Letras e Comunicação (ILC) Nome dos Autores: Bárbara Leão Silva1
RESUMO: Este trabalho é um resumo das atividades realizadas durante o segundo período de vigência do projeto de extensão "Facom 4.0: Ação coletiva por uma nova cultura de comunicação", que objetiva o fortalecimento da imagem pública do curso de Comunicação Social, elevar a autoestima de sua comunidade acadêmica e fomentar uma formação cidadã de seus alunos. Voltado à comunidade interna e externa do curso, o projeto propõe um conjunto amplo de ações acadêmicas e político-pedagógicoextensionistas, a se desdobrarem até o início de 2016, quando o curso completa 40 anos. Objetiva, também, estimular a reflexão acadêmica entre alunos e professores sobre as mudanças ocorridas em quatro décadas no campo da comunicação na Amazônia, de maneira a promover uma nova cultura de comunicação, para além dos muros da universidade, fundada nos princípios de uma cultura coletiva e cidadã, capaz de promover protagonismo social no uso das mídias.
PALAVRAS-CHAVE: Comunicação e ação coletiva; autoestima; formação cidadã; usos sociais da mídia.
INTRODUÇÃO O projeto de extensão "Facom 4.0: Ação coletiva por uma nova cultura de comunicação" tem caráter político-pedagógico-extensionista, com o fim de promover a elevação da autoestima dos alunos, professores e futuros profissionais do curso de Comunicação Social, fortalecendo sua autoidentidade e sua imagem pública, projetada tanto no contexto interno da UFPA quanto na sociedade.
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Aluna do sétimo semestre do curso de Jornalismo e bolsista do Projeto Facom 4.0: Razão e Sensibilidade. Ação coletiva por uma nova cultura de comunicação.
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Na sua primeira fase, em 2014, nasceu após um período turbulento para a faculdade, em que o MEC suspendera, no final de 2013, o vestibular do curso de Jornalismo, após nota abaixo da média obtida. A suspensão foi superada por meio de ordem judicial. Mas o acontecimento abalou a comunidade da Faculdade de Comunicação, principalmente os alunos, no que diz respeito à imagem intra e extramuros da Universidade. A ideia do projeto, então, surgiu na sala de aula, na disciplina Assessoria de Comunicação, em que foram desenhadas ações diversas para reverter a imagem negativa do curso. Ao longo do ano de 2014 diversas ações do projeto, somando forças com várias iniciativas da Faculdade de Comunicação, foram vitoriosas e colheram muitos bons frutos na superação da crise. Na segunda fase, ora em curso, o projeto ampliou sua abrangência e volta-se a consolidar uma nova cultura de comunicação coletiva, tanto no interior da faculdade, como junto à comunidade dos bairros periféricos da cidade. Em sua segunda versão, o Facom 4.0 traz também um componente metodológico inovador, que prevê a integração dinâmica, pela lógica operativa da convergência temática e transmidiática, entre um conjunto de projetos extensionistas da Facom, detalhados no tópico da metodologia neste resumo. A intenção é chegar aos 40 anos da Faculdade de Comunicação, em 2016, consolidando um ciclo de conquistas importantes, tanto no âmbito científico-acadêmico, como também no que tange ao espírito coletivo reinante no seio de sua comunidade interna - alunos, professores e funcionários, para assim marcar a sua história na sociedade.
1. Contexto e ações iniciais O ano de 2014 trouxe esperança e reversão de expectativas na Faculdade de Comunicação. Resultou em avaliações positivas dos cursos de Jornalismo e Publicidade, após duas visitas dos avaliadores do Ministério da Educação. Em 2014, o curso passou por um processo amplo de reestruturação, capitaneado pela direção da Faculdade. Foram muitas as ações desenvolvidas, como processo de compra de novos equipamentos para os laboratórios, admissão de técnicos, dentre outros, às quais se somaram as ações do projeto Facom 4.0 em seu primeiro ano de vigência. Em sua atual versão (Pibex/2015), o projeto Facom 4.0 tem clara ênfase, como mencionado antes, em contribuir para a formação do pensamento crítico dos alunos e da
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sociedade, buscando-se construir uma nova cultura de comunicação e uma cidadania ativa, capaz de fazer frente à produção de imagens e discursos altamente verticalizada por parte das mídias tradicionais. As ações iniciais do projeto voltaram-se a, em primeiro lugar, promover a discussão de temáticas relativas a direitos humanos e valores éticos em eventos voltados aos alunos do curso, mas abertos à comunidade em geral. Em cooperação com as comunidades de bairros periféricos de Belém e com os demais projetos de extensão da faculdade antes citados, o projeto avançou em outro eixo de ação, na execução das atividades do #Ocupa Belém: ComunicAção coletiva. A ação busca promover uma ocupação criativa nas comunidades atendidas, por meio da oferta de oficinas técnicas e cidadãs, rodas de diálogo, mostras e exposições, que resultem na realização pelos grupos locais de produtos e ações de comunicação comunitária em multiplataforma. Para tanto, os projetos de extensão envolvidos (professores, bolsistas, alunos voluntários, servidores), entre eles o Facom 4.0, dialogaram com representantes comunitários de vários bairros da cidade e, somando forças ao movimento "Belém 400 anos sob o olhar do gueto", por eles articulado, discutiram-se as estratégias e um calendário para a realização das atividades. A primeira ação de ocupação ocorreu no bairro da Terra Firme (#Ocupa Terra Firme), no período de 23 a 27/06/15, envolvendo vários coletivos atuantes no bairro e uma escola de ensino fundamental e médio. 1. Material e metodologia A equipe do projeto é formada, além da professora coordenadora/orientadora, por mim, bolsista do Curso de Comunicação Social/Jornalismo, contando também com a colaboração de alunos voluntários. Nesta segunda fase, do ponto de vista metodológico, há uma ênfase na ação integrada entre os projetos de extensão da Faculdade. Tanto os já existentes e de caráter mais permanente - Academia Amazônia, Oficina de Criação, Agência Cidadã e Rádio Web UFPA -, como os projetos de extensão aprovados pelo edital do Pibex 2015 – Jornal Laboratório Primeiras Linhas, Puxirum: produção coletiva em narrativas multiplataforma e Projeto Memória: 40 anos de Comunicação na Amazônia, Documentários Biográficos da Amazônia e Banco Imagético da Amazônia -, cujas ações convergem neste momento, por meio de uma lógica de ação coletiva e complementar, para a preparação dos 40 anos da criação do Curso de Comunicação da UFPA.
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Este conjunto de projetos articula-se com o projeto de pesquisa interdisciplinar, desenvolvido no âmbito da Facom e PPGCOM (Programa de Pósgraduação Comunicação Cultura e Amazônia), intitulado “Multicom: Espaço de Inovação, Criatividade e Narrativas Transmidiáticas”. O intuito dessa ação integrada é comungar esforços, tanto no âmbito da graduação como da pós-graduação, que possam gerar, por meio da prática e da reflexão, uma integração efetiva entre ensino, pesquisa e extensão. RESULTADOS E DISCUSSÃO Neste segundo ano de continuidade, o projeto Facom 4.0 foi concebido, como mencionado acima, em torno de uma metodologia inovadora, que vem gerando muitos bons frutos. Professores, alunos (além de bolsistas, voluntários) e funcionários trabalham de forma cooperativa para efetivar as ações programadas. Ao longo de 2015 destacam-se os seguintes resultados do projeto: 1. Participação no desenvolvimento e manutenção do site e redes sociais. Assim como no primeiro ano do projeto, trabalhamos diretamente com a alimentação permanente da fanpage da Faculdade de Comunicação, mantida no Facebook, das páginas de eventos internos como o FestCom – Festival de Produção Experimental da Facom/UFPA– e do perfil da Faculdade no Twitter, espaços que se destinam ao compartilhamento e divulgação online das ações da faculdade, em formatos diferentes. A fanpage tem sido espaço importante, também, para a divulgação das ações do próprio projeto Facom 4.0. 2. Manutenção da agenda da Galeria Facom na Parede A Galeria “Facom na Parede”, localizada no corredor principal do laboratório da Faculdade, é um espaço permanente para a exposição dos conteúdos produzidos por alunos e professores. Em outubro, dando sequência à sua agenda, abrigará uma exposição de trabalhos fotográficos de alunos e ex-alunos do curso tendo como tema o Círio de Nazaré. 3. Organização da atividade “Isso me diz respeito!”: discussão de temas que envolvem a sociedade e a comunicação A atividade denominada “Isso me diz respeito!, promovida pelo Facom 4.0, ocorre mensalmente e põe em discussão temas relativos a ética e direitos humanos e outros de interesse social que estejam na ordem do dia, de interesse tanto para os estudantes de Publicidade como de Jornalismo. Os debates contam sempre com a participação de convidados externos e são abertos tanto à comunidade acadêmica do curso, como à externa. Já foram abordados os temas da diversidade étnico-racial, sexual e de gênero e redução da
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maioridade penal e, ainda em setembro, ocorrerá a discussão sobre as políticas públicas de cultura em Belém e os movimentos sociais na área da cultura. 4. Participação na atividade #OcupaBelém: ComunicAção coletiva. A ação extensionista da Faculdade de Comunicação da UFPa (Facom/UFPA) #OcupaBelém: ComunicAção Coletiva, em parceria com projetos de extensão da faculdade, a maioria aprovada pelo Pibex (Facom 4.0, Projeto Memória, Puxirum, Jornal laboratório Primeiras Linhas, Doc Bio, Banco de Imagens da Amazônia-BIA), além da Oficina de Criação, Rádio Web UFPA, Academia Amazônia e Multicom, propôs-se uma ação integrada de ocupação comunicativa e coletiva de bairros periféricos de Belém, levou oficinas e atividades voltadas à comunidade, na forma de #OcupaTerraFirme. De 23 a 27 de junho, ocorreram em diversos pontos do bairro da Terra Firme, no entorno da UFPA, ações coletivas que integraram a Faculdade de Comunicação e o movimento Belém 400 anos sob o olhar do gueto (#Gueto400). Essas ações, entre minicursos e rodas de conversas, tiveram o objetivo de mobilizar e envolver a população no movimento que visa gerar um autorreconhecimento e identidade positiva para a comunidade dos bairros periféricos de Belém. 5. Planejamento das atividades a se desenvolverem até março de 2016 Há dois focos principais neste semestre: marcar os 40 anos de Comunicação na Amazônia, no início de 2016, com as ações previstas e continuar somando forças no movimento Belém 400 anos pelo olhar do gueto, por meio do movimento #OcupaBelém. Além da Terra Firme, a ação ocorrerá, ainda em setembro, no bairro da Cabanagem e depois segue para outros bairros periféricos da cidade. CONCLUSÃO A equipe do projeto se sente motivada para planejar as próximas ações, em vista dos bons resultados alcançados até aqui. É visível como se fortaleceu o sentimento de pertencimento entre alunos, professores e funcionários do curso de Comunicação. Considerando-se, como postula Jesús Martín-Barbero, que a atual sociedade da informação mantém “uma forte cumplicidade discursiva com a modernização neoliberal, racionalizadora do mercado como único princípio organizador da sociedade em seu conjunto” (2006, p. 56), acelerando operações de desenraizamento de várias ordens, é muito importante, que o curso de Comunicação, que há 40 anos forma profissionais e pesquisadores na Amazônia, contribua para promover operações simbólico-discursivas contra-hegemônicas de atores locais que experimentam variadas
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formas de exclusão dos fluxos globais. É dessa forma que queremos marcar esses 40 anos de comunicação na Amazônia. Somando forças nesse processo.
Referências MARTÍN-BARBERO, Jesús. Dos meios às mediações. Comunicação, cultura e hegemonia. 4. ed. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2006. __________. Ofício de cartógrafo: travessias latino-americanas da comunicação na cultura. São Paulo: Edições Loyola, 2004. __________. Tecnicidades, identidades, alteridades: mudanças e opacidades da comunicação no novo século. In: MORAES, Dênis de (Org.). Sociedade midiatizada. Rio de Janeiro: Mauad, 2006, p. 51-79. PAIVA, Raquel. Para reinterpretar a comunicação comunitária. In: Raquel Paiva. (Org.) O retorno da comunidade: os novos caminhos do social. Rio de Janeiro: Mauad X, 2007, p.133-148. PERUZZO, Cicília M. K. Comunicação nos Movimentos Populares: a participação na construção da cidadania. Petrópolis: Vozes, 1999. SANTOS, Milton. O espaço do cidadão. 7. ed. São Paulo: Edusp, 2007. STEINBRENNER, Rosane Maria A. Rádios comunitárias na Transamazônica: desafios da comunicação comunitária em regiões de midiatização periférica. Tese de doutorado. Núcleo de Altos Estudos Amazônicos, Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento do Trópico Úmido da Universidade Federal do Pará. Belém, 2011.
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TÍTULO ETNOGRAFIA VISUAL DAS EMBARCAÇÕES PESQUEIRAS E DA CARPINTARIA NAVAL DO LITORAL PARAENSE ÁREA TEMÁTICA: Cultura RESPONSÁVEL PELO TRABALHO: Adrielle Regina Ferreira Miranda UNIDADE ACADÊMICA: Instituto de Estudos Costeiros (IECOS) NOME DO AUTOR: Adrielle Regina Ferreira Miranda¹ RESUMO No Brasil a atividade pesqueira se refere a todos os processos de pesca, explotação e exploração, cultivo, conservação, processamento, transporte, comercialização e pesquisa de recursos pesqueiros. O local escolhido para a realização das coletas foram os municípios de Bragança e Augusto Corrêa, localizados no nordeste do Estado do Pará. Foram realizados no período de julho de 2014 a junho de 2015, o registro fotográfico das embarcações nos estaleiros, entrevistas semiestruturadas com os carpinteiros, oficina, minicursos e exposições fotográficas nas comunidades e nas Instituições federais para a valorização da carpintaria naval da região. O objetivo foi registrar visualmente e divulgar as tecnologias relacionadas ao oficio de carpintaria naval nos municípios estudados. Observou-se semelhança na classificação das embarcações nos dois municípios, sendo identificadas 8 tipologias de embarcações, sendo elas: Casco ou Batelões, Canoa, Caíco, Rabeta, Bote, Biana, Barco e Lancha. As atividades realizadas no decorrer do projeto conseguiram mobilizar de modo bastante expressivo a comunidade acadêmica despertando o interesse de vários discentes e docentes de desenvolver estudos com a temática da carpintaria naval. Esta mobilização é de grande importância para que novos trabalhos científicos sejam realizados com o intuito de contribuir com a profissão em questão. PALAVRAS-CHAVE: Valorização, carpintaria naval, etnografia. INTRODUÇÃO No Brasil a atividade pesqueira se refere a todos os processos de pesca, explotação e exploração, cultivo, conservação, processamento, transporte, comercialização e pesquisa de recursos pesqueiros (Brasil, 2009). Ainda conforme a lei nº 11.959, são considerados atividade pesqueira artesanal os trabalhos de confecção e de reparos de artes e petrechos de pesca, os reparos realizados em embarcações de pequeno porte e o processamento do produto da pesca artesanal. O saber-fazer incutido na construção, reparo e manutenção das embarcações pesqueiras apresenta grande valor especialmente nas localidades com grande dependência da pesca, como a região amazônica. A pesca é uma das atividades extrativistas mais tradicionais e importantes da Amazônia e garante renda e subsistência para uma boa parte da população, além de render importantes divisas para o país (Isaac, 2006; Isaac & Barthem, 1995). Na Amazônia, a geração de renda estimada para o setor gira em torno de R$ 389 milhões ao ano no que diz respeito aos vários agentes da cadeia da pesca (Barthem & Fabre, 2004). O Pará ocupa posição de destaque no setor: a pesca extrativista marinha representou 12,1% em
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volume de captura da produção pesqueira marinha brasileira, correspondendo a 65.460,5 toneladas no ano de 2007 (IBAMA, 2007). MATERIAL E METODOLOGIA O local escolhido para a realização das coletas foram os municípios de Bragança e Augusto Corrêa, localizados no nordeste do Estado do Pará. Foram realizados no período de julho de 2014 a junho de 2015, o registro fotográfico das embarcações nos estaleiros, entrevistas semiestruturadas com os carpinteiros (FLICK, 2004), oficina, minicursos e exposições fotográficas nas comunidades e nas Instituições federais para a valorização da carpintaria naval da região. O objetivo foi registrar visualmente e divulgar as tecnologias relacionadas ao oficio de carpintaria naval nos municípios de Augusto Corrêa e Bragança diagnosticadas no plano de trabalho de Iniciação científica “Navegar é preciso”: diagnóstico das embarcações pesqueiras e das relações sociais incutidas na carpintaria naval do litoral paraense, o qual faz parte do projeto de pesquisa “Embarcando nos saberes locais da pesca da Amazônia”. RESULTADOS E DISCUSSÕES No município de Bragança foram visitados 13 estaleiros e entrevistados 24 carpinteiros; em Augusto Corrêa 5 estaleiros foram visitados e 10 carpinteiros entrevistados. A partir das análises de dados observou-se semelhança na classificação das embarcações nos dois municípios, sendo identificadas 8 tipologias de embarcações, sendo elas: Casco ou Batelões, Canoa, Caíco, Rabeta, Bote, Biana, Barco e Lancha (Figura 1).
Fonte: Joerbt Ribeiro Figura 1: Frota pesqueira dos municípios de Bragança e Augusto Corrêa. Nos municípios estudados a diversificação das tipologias das embarcações também é resultado da influência de pescadores e carpinteiros oriundos do nordeste do Brasil. De acordo com Silva & Rocha (1999) o deslocamento da pesca interestadual cresceu cerca de 226,5% 44
entre os anos 1991 e 1995, devido à procura de áreas mais produtivas de pescado conjuntamente com a fragilidade da fiscalização nesse período, sendo utilizadas principalmente embarcações lagosteiras como lanchas e casco de ferro. Com o intuito difundir os conhecimentos empíricos que perfazem a atividade, contribuindo assim, para preservação e legitimação da identidade cultural dos carpinteiros artesanais e interação entre diferentes setores da sociedade. Foram realizadas atividades a fim de fortalecer a auto-estima dos mestres da carpintaria artesanal local, a saber: Oficina de fotografia: A oficina ministrada pela fotografa Daniella Torres contou com aulas teóricas e práticas. Os participantes poderão conhecer dois estaleiros localizados no município de Bragança onde realizaram diversos registros fotográficos do local. Minicursos: Foram realizados dois minicursos na Universidade Federal do Pará, campus Bragança. Sendo o primeiro realizado na XVII Jornada de Extensão da UFPA e o segundo tendo parceria com o Centro acadêmico de engenharia de pesca da UFPA (Figura 2).
Fonte: Adrielle Miranda Figura 2: Minicursos sobre a valorização das embarcações. Dentre as atividades realizadas nos minicursos foram abordados assuntos como: a valorização dos saberes dos carpinteiros, apresentação dos tipos de barcos da região, divisões de uma embarcação, maquinário, ferramentas utilizadas na confecção das embarcações, tempo de construção de cada tipo de embarcação e a classificação oficial do CEPNOR-IBAMA (1998). Ao final de cada minicurso foram realizadas dinâmicas para melhor fixação do conhecimento adquirido durante o minicurso. Os participantes puderam montar a estrutura de uma embarcação, a partir das peças pré-confeccionadas (Figura 3). Os carpinteiros convidados relataram suas experiências, dificuldades e esclareceram de como contribuem para o desenvolvimento da pesca na região.
Fonte: Adrielle Miranda
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Figura 3: Confecção de miniaturas de embarcações pesqueiras Exposições fotográficas: Os registros fotográficos das saídas de campo foram divulgados em forma de exposições fotográficas (Figura 4). As exposições foram realizadas em diversos eventos, buscando assim, melhor visibilidade do projeto. Contamos com a parceria do Instituto Federal do Pará (IFPA), campus Bragança, da comunidade de Bacuriteua localizada na cidade de Bragança e com o corpo técnico, docente e discente da Universidade Federal do Pará (UFPA).
Fonte: Adrielle Miranda Figura 4: Exposições fotográficas dos registros fotográficos das visitas de campo. Deve-se destacar aqui que há inúmeras manifestações do patrimônio material e imaterial brasileiro associados ao patrimônio naval (IPHAN, 2010). Alcançamos um público bastante representativo em todas as atividades executadas, para assim, disseminar o fato do Brasil se caracterizar como o país mais rico do mundo em diversidade de barcos tradicionais (IPHAN, 2010), aliado a crescente substituição das embarcações tradicionais por embarcações modernas. Nesse sentido, ressalta-se o significativo papel dessa proposta ao promover o resgate e a valorização do patrimônio naval brasileiro, um dos ramos mais ameaçados do patrimônio cultural brasileiro, incluindo os saberes de seus artesãos. CONCLUSÃO O trabalho desenvolvido veio a contribuir para as pesquisas desenvolvidas no âmbito das embarcações, pois percebemos ao decorrer dos estudos a escassez de informações relacionadas as tipologias de embarcações fabricadas em diferentes regiões do Brasil. Com isso, foi bastante relevante resgatar a tipologia da embarcação utilizada do tronco da madeira inteira que na região é conhecida como Casco ou batelão. Este tipo de embarcação usa técnicas indígenas de construção que precisam ser mais detalhadas. As atividades realizadas no decorrer do projeto conseguiram mobilizar de modo expressivo a comunidade acadêmica despertando o interesse de vários discentes e docentes de desenvolver estudos com a temática da carpintaria naval. Esta mobilização é de grande importância para que novos trabalhos científicos sejam realizados com o intuito de contribuir com os carpinteiros navais. Vale ressaltar que suas condições de trabalho são relativamente precárias devido ao ambiente de trabalho, que não oferece boas condições aos carpinteiros.
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É evidente a falta de políticas públicas para melhorar as condições de trabalho dos carpinteiros navais, sendo estes essenciais para o desenvolvimento de outras profissões, além do desenvolvimento da pesca, principal atividade da região estudada. REFERÊNCIAS BARTHEM, Ronaldo Borges; FABRÉ, Nidia Noemi. Biologia e diversidade dos recursos pesqueiros da Amazônia. A pesca e os recursos pesqueiros na Amazônia brasileira. (ML Ruffino, ed.). IBAMA/ProVarzea, Manaus, p. 17-63, 2004. BRASIL, 2009. LEI Nº 11.959, DE 29 DE JUNHO DE 2009. Dispõe sobre a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável da Aquicultura e da Pesca, regula as atividades pesqueiras, revoga a Lei nº 7.679, de 23 de novembro de 1988, e dispositivos do Decreto-Lei nº 221, de 28 de fevereiro de 1967, e dá outras providências. FLICK, Uwe; FLICK, U. Estratégias de amostragem. Flick U. Uma introdução à pesquisa qualitativa. Porto Alegre: Bookman, p. 76-86, 2004. IBAMA,
2007.
Estatística
da
pesca
2007.
Disponível
http://www.ibama.gov.br/documentos-recursos-pesqueiros/estatistica-pesqueira.
em: Acesso:
15/09/2015. IPHAN. Projeto Barcos do Brasil. Origens, parceiros e perspectivas. Ministério da Cultura, p: 34, 2010. ISAAC, Victoria Judith; BARTHEM, Ronaldo Borges. Os recursos pesqueiros da Amazônia Brasileira. 1995. ISAAC, Victoria Judith. Explotação e manejo dos recursos pesqueiros do litoral amazônico: um desafio para o futuro. Ciência e Cultura, v. 58, n. 3, p. 33-36, 2006. SILVA, Sonia Maria Martins de Castro; ROCHA, Carlos Artur Sobreira. Embarcações, aparelhos e métodos de pesca utilizados nas pescarias de lagosta no estado do Ceará. 1999.
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PROJETO PREVENIR: UM OLHAR ATENTO AO ALERTA AMARELO
ÁREA TEMÁTICA: SAÚDE
RESPONSÁVEIS PELO TRABALHO: Kátia Soares de Oliveira
UNIDADE ACADÊMICA: Instituto de Ciências e Saúde (ICS) AUTORA: Brisa da Silva Lopes1; Wescley Miguel Pereira da Silva2; Fabrício Bastos Fernandes3;
RESUMO: A atresia das vias biliares (AVB) se apresenta como icterícia colestática, causada por processo inflamatório perinatal iniciado nos ductos biliares, determinando esclerose progressiva e obstrução inclusive da árvore biliar intra-hepática. A tríade se sinais clínicos: Icterícia com duração superior a 14 dias, acolia fecal e colúria geralmente estão presentes na sintomatologia dos recém nascidos com a doença, sendo o diagnóstico precoce determinante na sobrevida dos mesmos. O alerta amarelo(escala colorimétrica presente na caderneta da criança) é uma importante item nesse processo, auxiliando no monitoramento da acolia fecal. O presente estudo teve por objetivo avaliar 79 mães de recém nascidos e gestantes que já estivesse em uma segunda gestação, nas Unidades Básicas de Saúde(UBS’s) do Marco e Guamá na cidade de Belém-PA, acerca das orientações que as mesmas receberam na maternidade com relação do alerta amarelo. As mães responderam um questionário com 3 questões objetivas ,posteriormente
assistiram a palestras educativas e
receberam folders informativos . A análise dos dados constatou que 84% das participantes da pesquisa não conheciam o alerta amarelo antes da explicação, 54% não receberam orientações de retornar com o filho(a) na maternidade caso o filho apresentasse icterícia com 14 ou mais dias de vida e 91% não receberam orientações acerca do alerta amarelo quando os filhos tiveram alta da maternidade .Podemos concluir que o alerta amarelo não é explicado de maneira eficiente para as
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Acadêmica de Medicina da Universidade Federal do Pará Acadêmico de Medicina da Universidade Federal do Pará 3 Acadêmico de Medicina da Universidade Federal do Pará 2
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mães na maternidade, fazendo com que o diagnóstico precoce acerca da atresia das vias biliares esteja comprometido e consequentemente a sobrevivência de possíveis doentes. PALAVRAS-CHAVE: Atresia das vias biliares; pediatria; alerta amarelo
INTRODUÇÃO A atresia das vias biliares (AVB) se apresenta como icterícia colestática, causada por processo inflamatório perinatal iniciado nos ductos biliares, determinando esclerose progressiva e obstrução inclusive da árvore biliar intra-hepática. (SILVEIRA,2010). A colestase é um sintoma da atresia biliar, ocasionada pela diminuição do fluxo ou da produção de bile, devido a irregularidades estruturais ou moleculares do fígado ou das vias biliares, promovendo desta forma um armazenamento anormal de bilirrubina direta ou conjugada, sais biliares, entre outros constituintes da bile. Desta maneira há um acúmulo no sangue de substâncias que necessitariam ser excretadas pela bile (TOMMASO; CORDOVANI, 2009). Poucas semanas de atraso no diagnóstico e tratamento podem significar a diferença entre a vida e a morte, ou pelo menos a diferença entre uma cirurgia conservadora e a necessidade de transplante hepático. Por esse motivo, é urgente divulgar aos pediatras, pais e cuidadores sobre a necessidade de investigar recém-nascidos com icterícia (coloração amarelada de pele e olhos) com duração acima de 14 dias, especialmente aqueles nos quais se observa acolia fecal (fezes muito claras ou brancas) (OLIVEIRA; 2013). O projeto “Prevenir: Um olhar atento Sobre ao Alerta Amarelo” tem por objetivo investigar o uso da escala colorimétrica das fezes (Alerta Amarelo) existente na caderneta da criança. Dentre os objetivos do projeto, verificar o percentual de pais que receberam orientação de retorno ao hospital, caso o recém-nascido se apresentasse ictérico com 14 ou mais dias de vida e verificar o percentual de pais que tiveram orientações sobre o Alerta amarelo, na alta do recém-nascido da maternidade. MATERIAL E METODOLOGIA Os locais onde o projeto se realizou foram o Instituto de Ciências de Saúde(ICS) da UFPA, Unidade Básica de Saúde (UBS) do Guamá, Unidade Básica de Saúde(UBS) do Marco, todos localizados na cidade de Belém-PA.
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No ICS os alunos participantes do projeto receberam capacitação acerca do tema Atresia das vias biliares,suas manifestações clínicas,diagnóstico,tratamento,dentre outros,oferecida pelos professores. Nessa primeira etapa foi preparado todo o material didático a ser utilizado nos dias das ações como Termos de Conssentimentos Livres e Escalrecidos(TCLE),folders, cartazes e preparação para cadastramento do projeto na plataforma Brasil e no comitê de ética da Fundação Santa Casa de Msericórdia do Pará (FSCMPA). Foram distribuidos 100 folders de tamanho A4, 6 cartazes anexados nas UBS’s( 3 em na UBS do Guamá e 3 na UBS do Marco) A3,D 20 mm,230 xérox preto e branco para a montagem dos questionários e TCLE’s e confecção de 5 camisas para uniformizar a equipe. Após exposição do trabalho, aqueles que concordarem em participar do mesmo, mediante assinatura do TCLE, foi aplicado um breve questionário de 3 questões objetivas e em seguida, os mesmos participaram de uma palestra sobre o Alerta amarelo. Aos pais, foram coletados dados sobre: conhecimento dos mesmos acerca do Alerta amarelo, se receberam esse conhecimento na alta da maternidade e se foram orientados sobre retorno a maternidade, caso o recém nascido apresentasse icterícia com 14 ou mais dias de vida. Foram incluidos os pais de recém nascidos, bem como as gestantes em atendimento nas UBS do Marco e Guamá e excluídos aqueles que não concordaram em assinar o termo de consentimento livre e esclarecido. Todos os testes foram realizados considerando nível alfa de 5% com índice de significância p < 0,05. Os dados serão tratados no pacote estatístico Bioestat 5.0 e apresentados em tabela e gráficos confeccionados no Programa Microsoft Office 2007.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Participaram do estudo 79 mães de recém-nascidos e gestantes em uma segunda gestação. Mediante análise das respostas dos questionários os seguintes dados foram apurados:
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Gráfico 1- Conhecimento Acerca do Alerta Amarelo 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Sim
Não Conhecem
Não conhecem
Gráfico 2 - Orientações de retornar com o filho(a) na maternidade caso o filho apresentasse icterícia com 14 ou mais dias de vida 90
80 70 60 50 40 30 20 10 0
Sim
Não Receberam
Não receberam
Cerca de 84% (Gráfico 1)das mães não conheciam o alerta amarelo antes das explicações feitas nas palestras. Com relação ás orientações acerca da icterícia,dentre os três dados analisado esse foi o unico que a resposta positiva teve percentual maior, demonstrando que 51%(Gráfico 2) receberam tal orientação ainda na maternidade.E por fim,o ultimo dado apurado demonstrou que 91% (Gráfico 3)não receberam orientações acerca do alerta amarelo na alta da maternidade.Dentre os dados observa-se que dentre os intens que auxiliam no diagnóstico precoce da AVB,a icterícia é o mais explorado nas maternidades em que as mães participantes do estudo tiveram seus filhos.Em contrapartida a acolia fecal,que pode ser constatada com o uso do alerta amarelo é pouco
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abordada na alta da maternidade e que a maioria das mães não tem conhecimento da existência do mesmo ou da sua utilidade. Gráfico 3- Orientações sobre o alerta amarelo na alta da maternidade: 100 80 60 40 20 0 Sim
Não Receberam orientações
Não receberam
CONCLUSÃO
Os objetivos foram alcançados e tornou-se evidente por meio da analise dos dados que a maioria da amostra não tem conhecimento do alerta amarelo e que há deficiência nas orientações dadas nas maternidades ás mães. Torna-se relevante a execução de iniciativas,a exemplo do Projeto Prevenir que aumentam o contato do acadêmico com a população. O olhar atento dos pais e profissionais aos sinais clínicos são essenciais para diagnóstico e cura,orienta-los é uma etapa primordial nesse processo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS OLIVEIRA, J. et al. Atresia das vias biliares: perfil clínico e epidemiológico dos pacientes pediátricos em serviço de referência do Estado da Bahia. Rev. de Ciências Médicas e Biológicas, Salvador, v. 11, p. 48-53, jan./abr. 2012. SILVEIRA, T.R.; MARCELINO, R.T. Colestase Neonatal. In: SDEPANIAN, V.L. Gastroenterologia Pediátrica – Manual de Condutas. São Paulo: Editora Manole, 2010. p17.
TOMMASO, A.M.A. Colestase neonatal. Sociedade de Pediatria de São Paulo, n. 42, 20072009.
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AVALIAÇÃO DAS REPRESENTAÇÕES E CAPACITAÇÃO DOS DOCENTES DA EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL INICIAL DE ESCOLAS MUNICIPAIS E ESTADUAIS DE BELÉM/PA SOBRE TRAUMATISMO DENTAL
Área Temática Saúde
Coordenador Rafael Rodrigues Lima
Unidade Acadêmica (Instituto de Ciências Biológicas – ICB)
Nome dos Autores Márcio Vitor de Carvalho Rodrigues
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Resumo
A escola se caracteriza como o local, quando não em casa, em que a criança passa a maior parte do tempo e sempre em contínuo contato com o professor, sendo, portanto, este um importante elemento do processo de ensino-aprendizagem de conhecimentos referente à higiene. A literatura relata que mais de 50% das crianças passaram por uma experiência envolvendo lesões traumáticas dentárias durante a vida escolar. Por isso a necessidade dos professores possuírem conhecimento necessário para realizar os primeiros socorros de forma adequada. Objetivou-se avaliar as representações dos docentes que atuam no Ensino Fundamental da rede de escolas estaduais e municipais situadas na cidade de Belém sobre traumatismos dentários, bem como, mapear as ações praticadas por esses educadores na ocorrência dos referidos traumas. Isso se dará por meio de um questionário contendo perguntas 16 questões objetivas sobre o referido tema. Os resultados parciais que foram obtidos até o momento, foram submetidos a testes estatísticos. Sendo usado o teste do QuiQuadrado e Regressão de Poisson. De acordo com os testes, os docentes investigados não estão preparados para realizar os procedimentos de primeiros socorros necessários de forma correta diante do aluno traumatizado.
Palavras-chave Traumatismo dentário escolar; higiene oral escolar; educação infantil trauma.
Introdução A infância é o período que pode ser considerado o mais importante para o futuro da saúde bucal do indivíduo. Na infância, as noções e os hábitos de cuidados com a saúde devem começar a se formar de uma maneira tal que dificilmente deixarão de ser praticados, permitindo assim que as ações educativas a serem implementadas futuramente se concretizem no reforço de rotinas já estabelecidas e praticadas. Contudo, para que haja o reforço de tais hábitos, eles deverão ser, primeiramente, criados no seio familiar ou durante o período de permanência da criança na escola (SÁ, 2009).
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Desta forma, se faz necessário que seja realizado o estudo sobre as percepções que os professores da educação infantil e do ensino fundamental inicial das escolas municipais e estaduais de Belém têm em relação ao tema escolhido com a finalidade de analisar as representações e auxiliar na concretização do saber científico sobre as prevenções dos traumatismos dentais assim como o tratamento emergencial adequado no momento do trauma, através de informações de primeiros-socorros e de manuseio do dente avulsionado. Isto irá embasar e facilitar uma educação continuada a estes que são atores fundamentais no processo de educação e promoção de saúde.
Materiais e Métodos Para a consecução do perfil dos professores do Ensino Fundamental quanto às atitudes perante traumatismos dentários serão aplicados questionários compostos por 16 questões fechadas (objetivas). Os benefícios são múltiplos: contribuição para um trabalho relevante na área da saúde; participação em ações extensionistas durante o projeto; capacitação dos professores com um conhecimento válido, sólido, duradouro, tornando o professor, depois de capacitado nessa ação extensionista, um agente multiplicador, disseminador e formador de estratégias em saúde bucal. O questionário e o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) foram entregues pela equipe técnica do projeto para cada docente durante o seu turno de trabalho. Por conseguinte, os questionários foram recolhidos e submetidos a análises e tratamento estatístico.
Resultados e Discussões Após o preenchimento de 120 questionários, de uma amostra de 170, os principais resultados foram tabelados de acordo com os testes do Qui-quadrado e Regressão do Poisson. Tabela 1. Comparação (Teste do Qui-Quadrado) entre variáveis dependentes (“Presenciou caso de trauma”, “Recebeu treinamento de primeiros socorros” e “Sente-se preparado a socorrer um aluno pós-evento de trauma dental”) e variáveis independentes.
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Variáveis independentes Atitude frente à avulsão do ICS e sangramento: Estancar o sangramento e visita ao CD no dia seguinte Procurar o dente avulsionado
Variáveis independentes Recolocação de dente no alvéolo: Sim Não
Variáveis independentes Recolocação de dente no alvéolo: Sim Não Medicaria o aluno após o trauma alvéolodental: Sim Não ICS; incisivo central superior. CD; cirurgião-dentista. *p≤0.05.
Presenciou caso de trauma alvéolo-dental entre os alunos Sim Não p-valor* n = 24 n = 96 n % n %
11
45.8
80
83.3
0.0003
13
54.3 16 16.7 Recebeu treinamento de primeiros socorros Sim Não p-valor* n = 27 n = 93 n % n %
6 22.2 0 0 0.0001 21 77.8 93 100 Sente-se preparado a socorrer um aluno que sofreu trauma dento-alveolar Sim Não p-valor* n = 14 n = 105 n % n % 5 9
35.7 64.3
1 105
1.0 99.0
0.0001
13 1
92.8 7.2
8 98
7.5 92.5
<0.0001
Tabela 2. Análise univariada (Regressão de Poisson) para associação entre as varáveis dependentes (“Presenciou caso de trauma”, “Recebeu treinamento de primeiros socorros” e “Sente-se preparado a socorrer um aluno pós-evento de trauma dental”) e variáveis independentes. Variáveis independentes Experiência na docência: 1-5 anos 6-10 anos 11-20 anos 21-30 anos Mais de 30 anos Variáveis independentes Idade: 20-29 30-39 40-49 Mais de 50 anos
Variáveis independentes Idade: 20-29 30-39 40-49 Mais de 50 anos Medicaria o aluno após o trauma alvéolo-dental: Sim Não
Presenciou caso de trauma alvéolo-dental entre os alunos n (%) RR Robusta (IC 95%) p-valor* 23 (19.2) 3.935 (1.290-1.724) 27 (22.5) 1.000 (1.000-1.000) 40 (33.3) 1.000 (1.000-1.000) 26 (21.7) 1.000 (1.000-1.000) 4 (03.3) 1 Recebeu treinamento de primeiros socorros n (%) RR Robusta (IC 95%)
<0.0001 <0.0001 <0.0001 <0.0001 p-valor*
9 (07.5) 0.733 (0.170-3.169) 0.678 29 (24.2) 0.733 (0.540-0.995) 0.046 60 (50.0) 1.000 (1.000-1.000) <0.0001 22 (18.3) 1 Sente-se preparado a socorrer um aluno que sofreu trauma dentoalveolar n (%) RR Robusta (IC 95%) p-valor* 9 (07.5) 29 (24.2) 60 (50.0) 22 (18.3)
5.361 (1.590-2.277) 1.000 (1.000-1.000) 1.000 (1.000-1.000) 1
21 (17.5) 99 (82.5)
0.583 (0.326-0.941) 1
<0.0001 <0.0001 <0.0001 -
0.027 -
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Os professores presenciam casos de traumatismo dental no início da carreira da docência e têm por atitude imediata hemostasia e indicar a procura do cirurgião-dentista para o dia seguinte; O treinamento de primeiro socorros na amostra estudada foi adquirido entre os 40-49 anos de idade, entretanto o treinamento recebido pelos professores foi insuficiente, uma vez que desconheciam a conduta perante o traumatismo; Serão distribuídos materiais educativos que serão trabalhados com os professores, tanto os que foram objetos da pesquisa, quanto outros atuantes da rede municipal e estadual dos níveis de ensino investigados, além da realização de um ciclo de palestras e mesasredondas que ponham em pauta o traumatismo dental.
Conclusão
Os objetivos foram alcançados parcialmente, com o preenchimento da maioria dos questionários. No entanto, tem-se um esboço da situação estudada, podendo ser obtido outras formas de estratégias em saúde. Foi elaborado material educativo, que irá contribuir com os professores sobre esse assunto bastante relevante. Com isso, poder contribuir para uma sociedade melhor e mais preparada, assim também como ter a possibilidade de elaborar trabalhos científicos sobre o tema.
Referências Bibliográficas
1. AGUIAR, A. P. et al. Increasing Teachers’ Knowledge About ADHD and Learning Disorders: An Investigation on the Role of a Psychoeducational Intervention. Journal of Attention Disorders, Porto Alegre, RS, v. 10, n. 20, p. 18. 2012. 2. AL-OBAIDA, M. Knowledge and management of traumatic dental injuries in a group of Saudi primary schools teachers. Dental Traumatology, kingdom, Arábia Saudita, v. 26, p. 338-341, 2010. 3. ANKOLA, A. V. et al. Traumatic dental injuries in primary school children of South India – a report from district-wide oral health survey. Dental Traumatology, Belgaum, India, v. 29, p. 134–138. 2013. 4. CHEN, Z. et al. Traumatic dental injuries among 8- to 12-year-old schoolchildren in Pinggu District, Beijing, China, during 2012. Dental Traumatology, Beijing, China, p. 1-6. 2014. 5. SÁ, L. O.; VASCONCELOS, M. M. V. B. A importância da educação em saúde bucal nas escolas de Ensino Fundamental – revisão de literatura. Odontologia Clín-Científica, Recife, 9(4) 299-303, out/dez, 2009.
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AVALIAÇÃO FÍSICA E FUNCIONAL EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES DO CENTRO DE REFERÊNCIA EM OBESIDADE INFANTOJUVENIL Área Temática: Saúde Responsável pelo trabalho: FERREIRA, C. Unidade Acadêmica: Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza (HUBFS). FERREIRA, C.R1; FERREIRA, A.C.A1; CRUZ, A.D2 1
Acadêmica do Curso de Nutrição. Bolsista do Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza
(HUBFS). 2
Acadêmica do Curso de Nutrição e Educadora Física.
RESUMO OBJETIVO: Desenvolver um protocolo de avaliação física e funcional para crianças e adolescentes atendidos no Centro de Referência em Obesidade Infantojuvenil do Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza. METODOLOGIA: Os critérios de ingresso no Programa foram de utentes obesos do nascimento até os 18 anos de idade encaminhados por qualquer entidade do Sistema Único de Saúde da rede de Atenção Básica do estado do Pará e do Programa Caminhar do HUBFS. Na Avaliação Física foram realizadas as medidas antropométricas, circunferência de cintura, dobras cutâneas tricipital e subescapular. O nível de atividade física foi feito através da aplicação de um questionário adaptado a partir do Questionário Internacional de Atividade Física. RESULTADOS: Foram avaliados 19 pacientes, sendo 12 do sexo feminino e 7 do sexo masculino, com idade entre e 1 e 15 anos. Se tratando de Z-Escore/IMC meninas têm média de 4,68 e meninos de 3,92.Nenhum dos participantes estava exercendo atividade física ao ingressar no Programa. Foi disponibilizado aos participantes dois dias na semana de ensino de natação em parceria com a Faculdade de Educação Física, sendo ofertado na piscina do Campus III da UFPA. CONCLUSÃO: Com a prática da atividade física os pacientes saíram da condição de sedentarismo, observando-se melhora nas condições respiratórias e cardíacas, que são próprias da obesidade, favorecendo a relação entre atividade física e acompanhamento nutricional levando a perda de peso e consequentemente a melhora da qualidade de vida do público alvo. PALAVRAS-CHAVE: Obesidade Infantojuvenil; Atividade Física; Serviço de Saúde.
INTRODUÇÃO A obesidade é considerada um problema de saúde pública, podendo desencadear diversos danos à saúde. Trata-se de uma condição complexa que traz consequências clínicas, psicológicas e sociais de grande proporção, sobrecarregando o Sistema de Saúde (MEDONÇA et al, 2010; MARCHI-ALVES et al, 2011). O Centro de Referência em Obesidade (CROb), do Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza (HUBFS), está sendo estruturando conforme a Portaria nº 424, de 19 de março de 2013, que redefine as diretrizes para a organização da prevenção e do tratamento do sobrepeso e obesidade como linha de cuidado prioritária da Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas (BRASIL, 2013).
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Na perspectiva do Sistema Único de Saúde (SUS), o CROb, como projeto piloto, se propõe a construir os protocolos de assistência, onde no primeiro ano (2014) de projeto de extensão foi desenvolvido o Protocolo de Assistência Nutricional, resultado de um Trabalho de Conclusão de Curso da Faculdade de Nutrição e, no seguimento, se propõe, a construção do Protocolo de Assistência em Educação Física. Segundo Werneck et al (2009) “protocolos são as rotinas dos cuidados e das ações de gestão de um determinado serviço, equipe ou departamento, elaboradas a partir do conhecimento científico atual, respaldados em evidências científicas, por profissionais experientes e especialistas em uma área e que servem para orientar fluxos, condutas e procedimentos clínicos dos trabalhadores dos serviços de saúde”. Diante do exposto, este trabalho objetiva apresentar os resultados preliminares do protocolo de avaliação física e funcional aplicado em crianças e adolescentes durantes as atividades de extensão no Centro de Referência em Obesidade Infantojuvenil do HUBFS. METODOLOGIA O trabalho foi desenvolvido com crianças e adolescentes atendidos no Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza (HUBFS) pelo Centro de Referência em Obesidade Infantojuvenil (CROb), no período de Março a Agosto de 2015. Os critérios de ingresso no Programa foram de utentes obesos do nascimento até os 18 anos de idade encaminhada por qualquer entidade do Sistema Único de Saúde da rede de Atenção Básica do estado do Pará e do Programa Caminhar do HUBFS. A recepção no CROb ocorreu a partir do acolhimento com a Assistente Social com consulta subsequente, para a confirmação do cumprimento dos critérios de elegibilidade, do Nutricionista e agendamento das consultas com o Pediatra, Endocrinologista, Psicólogo, Fisioterapeuta, Educador Físico e demais profissionais especializados, se necessário. Na avaliação com profissional de Educação Física foram realizadas as medidas antropométricase circunferência de cintura, obtida com fita antropométrica flexível e inelástica, mensurada no ponto anatômico médio entre a crista ilíaca e a última costela (WHO, 2000); medidas de dobras cutâneas tricipital (DCT) e subescapular (DCSe), com adipômetro clínico Innovare Cescorf, com resolução de 1mm, mensuradas por avaliador treinado, seguindo padronizações da literatura (PETROSKI, 2003). Para o cálculo do percentual de gordura (%G), somaram-se as dobras cutâneas do tríceps e subescapular, aplicando-se a equação adaptada em Lohman (1986). A pesquisa de nível de atividade física foi feita através da aplicação de um questionário adaptado a partir do Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ) (MATSUDO et al, 2001), aplicado em forma de entrevista com os pais ou as próprias crianças, quando estas tinham acima de 7 anos. Esse questionário investiga hábitos de atividade física e comportamentos sedentários (jogos eletrônicos, uso de celular, computador e televisão) durante a semana e aos fins de semana, além de perguntas sobre presença de espaço físico que possibilite brincadeiras ao ar livre e incentivo dos pais para a prática de atividade física. Foram somados os tempo em que o indivíduo pratica atividade física, para determinação do Nível de Atividade Física (NAF), assim como somados os tempos que a criança e adolescentes tem de comportamentos sedentários. Os procedimentos do protocolo foram explicados aos pais e/ou responsáveis e foi assinado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
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RESULTADOS E DISCUSSÃO Durante o período citado foram avaliados 19 pacientes. O gênero feminino predominou com 63,1%. A amostra estava entre e 1 e 15 anos de idade. A média de idade entre as meninas é de 6,8 anos e entre os meninos de 8,5 anos. Se tratando de Z-Escore/IMC meninas tem média de 4,68 e meninos de 3,92. No CROb é disponibilizado aos participantes dois dias na semana de ensino de natação em parceria com a Faculdade de Educação Física, sendo ofertado na piscina do Campus III da UFPA. As primeiras aulas de natação, sob supervisão de discente de Educação Física e Nutrição e um profissional da área, têm por objetivo iniciar os fundamentos da natação, autopercepção no ambiente líquido e respiração, em três momentos: 1° momento aquecimento; 2° momento - inspirar pela boca e expirar pelo nariz estático (3x15); 3° momento - atividade 1: pernada crawl com prancha (3 voltas). Intervalo respiração (3x15); atividade 2: pernada crawl sem auxílio de flutuadores (3 voltas). Intervalo respiração (1’); atividade 3: braçada crawl com prancha com a cabeça n’água (3 voltas). Intervalo respiração (1’30’’) eatividade 4: Corrida n’água: dividem-se os participantes em duas equipes para competirem em uma corrida de 2 voltas para cada competidor. Pode-se usar qualquer tática para a locomoção n’água. Vence o time que primeiro completar o número de voltas determinado. Para todas as aulas de ensino de natação existe um plano de atividades e os materiais utilizados (pranchas, flutuadores e macarrões) são cedidos pela Unidade Integrada ProPaz (UIPP) Guamá. Nossa recomendação de ensino de natação atende o Comitê Consultivo do Questionário Internacional de Atividade Física (International PhysicalA ctivity Questionnaire - IPAQ), cujo, o padrão mínimo de atividade física deve ser: pelo menos 20 minutos por dia de atividade física vigorosa durante 3 ou mais dias por semana ou pelo menos 30 minutos por dia de atividade física moderada durante 5 ou mais dias por semana. CONCLUSÃO Com a prática da atividade física os pacientes saíram da condição de sedentarismo, observando-se melhora nas condições respiratórias e cardíacas, que são próprias da obesidade, favorecendo a relação entre atividade física e acompanhamento nutricional levando a perda de peso e consequentemente a melhora da qualidade de vida do público alvo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. PORTARIA Nº 424, de 19 de março de 2013. Redefine as diretrizes para a organização da prevenção e do tratamento do sobrepeso e obesidade como linha de cuidado prioritária da Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas. Diário Oficial da União da República Federativa do Brasil. Brasília, 20 març. 2013; INTERNATIONAL PHYSICAL ACTIVITY QUESTIONNAIRE (IPAQ). Guidelines for data processingandanalysisoftheInternationalPhysicalActivityQuestionnaire (IPAQ) — short and long forms. Disponível em: <http://www.ipaq.ki.se/scoring.pdf> Citado por: LIMA, D. LOHMAN, T.G. Advances in body composition assessment. Champaign: Human Kinetics, 1992; 60
MARCHI-ALVES, L. M.; YAGUI, C. M.; RODRIGUES, C. S.; MAZZO, A; RANGEL, E. M. L.; GIRÃO, F. B. Obesidade Infantil ontem e hoje: importância da avaliação antropométrica pelo enfermeiro. Esc Anna Nery (impr.) 2011 abr-jun; 15 (2):238-244; MATSUDO, S.; ARAÚJO, T.; MATSUDO, V.; ANDRADE, D.; ANDRADE, E.; OLIVEIRA, L. C.; BRAGGION, G. Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ): Estudo de validade e reprodutibilidade no Brasil. Atividade física e saúde. v. 6, n. 2, p. 5-18, 2001; MENDONÇA, M. R. T.; SILVA, M. A. M.; RIVERA, I. R.; MOURA, A. A. Prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes da cidade de Maceió. Rev Assoc Med Bras 2010; 56(2): 192-6; PETROSKI, E. L. (org.). Antropometria: técnicas e padronizações. 2ª ed. Porto Alegre: Palotti, 2003; WERNECK, M. A. F.; FARIA, H. P.; CAMPOS, K. F. C. Protocolos de Cuidado à saúde e Organização do Serviço. CEABSF. Belo Horizonte: Coopmed, 2009; WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Obesity: preventing and managing the global epidemic. Report of a WHO consultation. World Health Organ Tech Rep Ser. v. 894, p. 1253, 2000;
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O IMPACTO DO PROJETO “CONTRIBUIÇÃO COM A VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA EM DOENÇA DE CHAGAS NO ESTADO DO PARÁ” DE JULHO DE 2013 A JUNHO DE 2015. Área temática: Saúde Responsáveis pelo trabalho: Brenda de Souza Maia; Jefison da Silva Lopes; Unidade Acadêmica: Instituto de Ciências da Saúde (ICS) Nome dos Autores: Brenda de Souza Maia1; Jefison da Silva Lopes2; Resumo: O IMPACTO DO PROJETO “CONTRIBUIÇÃO COM A VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA EM DOENÇA DE CHAGAS NO ESTADO DO PARÁ” DE JULHO DE 2013 A JUNHO DE 2015. Palavras-chave: Doença de Chagas; educação em saúde; vigilância epidemiológica. Resumo: A doença de Chagas (DC) é classificada como uma antropozoonose causada pelo protozoário flagelado Trypanosoma cruzi (T. cruzi), apresenta curso clínico bifásico, com uma fase aguda por vezes não identificada, podendo evoluir para a fase crônica, a qual pode apresentar-se de quatro formas: indeterminada, cardíaca, digestiva e cardiodigestiva. O objetivo do presente trabalho é mostrar o impacto do projeto CONTRIBUIÇÃO COM A VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA EM DOENÇA DE CHAGAS NO ESTADO DO PARÁ executado no período de Julho de 2013 a Junho de 2015. Estudo qualitativo, descritivo, que visa relatar o impacto das ações do projeto de extensão, no seu período de execução, no qual foram realizadas atividades educativas para informar a comunidade acerca da doença de Chagas, agravos, formas de transmissão, e prevenção bem como aproximação de acadêmicos da área da saúde com a temática do projeto. Através das atividades do projeto, foram orientadas mais de 1000 pessoas através de folders e atividades lúdicas, e tais resultados foram públicos em eventos científicos. Concluímos que a integração com a comunidade externa maior contribuição do projeto foi à integração com os acadêmicos de diversas áreas da saúde, pois a troca de saberes é fundamental para o fortalecimento de uma equipe que trabalha com saúde. INTRODUÇÃO A doença de Chagas (DC) é classificada como uma antropozoonose causada pelo protozoário flagelado Trypanosoma cruzi (T. cruzi), apresenta curso clínico bifásico, com uma fase aguda por vezes não identificada, podendo evoluir para a fase crônica, a qual pode apresentar-se de quatro formas: indeterminada, cardíaca, digestiva e cardiodigestiva (BRASIL,2009). A gravidade dos casos está relacionada à cepa infectante, à via de 62
transmissão e à existência de outras patologias concomitantes (MADY C etal, 1994). Na região Norte foi apresentado as maiores incidências da doença nos últimos 15 anos, detectando-se surtos, sugerindo como fonte principal de infecção a ingestão de frutos contaminados por Trypanosoma cruzi (BRASIL,2015). A extensão territorial dessa região e a dificuldade de acesso dessa população a serviços de saúde tem sido observado com um entrave no combate a doença, a rede básica de saúde é deficiente no atendimento do estágio inicial da infecção sendo válido ressaltar a deficiência médica na atenção primária no que se refere ao reconhecimento precoce da infecção e o envolvimento com a doença, bem como deficiência da vigilância que necessita de recursos humanos para uma melhor atuação no desenvolvimento das ações. Fatos esses que são alarmantes um vez que é crescente o número de casos da infecção especialmente no estado Pará que é o estado líder de casos notificados de DC no Brasil (BRASIL, 2011). Dessa Forma, o projeto CONTRIBUIÇÃO COM A VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA EM DOENÇA DE CHAGAS NO ESTADO DO PARÁ executado no período de Julho de 2013 a Junho de 2015 realizou ações de vigilância, de maneira informativa educando a população como realizar a prevenção bem como sensibilizar os portadores da doença de Chagas para que se tornem vigilantes quanto às formas de transmissão para que auxiliem a vigilância e a equipe envolvida no Programa para melhor controle da doença. O objetivo do presente trabalho é mostrar o impacto do projeto supracitado junto à comunidade externa e junto à comunidade acadêmica da UFPA.
MATERIAL E METODOLOGIA Estudo qualitativo, descritivo, que visa relatar o impacto das ações do projeto de extensão, no período de Julho de 2013 a Junho de 2015, no qual foram realizadas atividades educativas para informar a comunidade acerca da doença de Chagas, agravos, formas de transmissão, e prevenção bem como aproximação de acadêmicos da área da saúde com a temática do projeto. Primeiramente, houve um planejamento das atividades que seriam realizadas pela equipe extensionista, capacitação da equipe e elaboração de materiais informativos sobre a doença de Chagas.
Preparação da equipe de extensionistas para auxiliar ações de assistência multidisciplinar do Programa de doença de Chagas no Hospital Universitário João de Barros Barreto ( HUJBB)
Antes do início de cada atendimento médico e multiprofissional do Programa de doença de Chagas a equipe de extensão foi informada pela coordenadora do Programa/Projeto sobre o
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fluxo de atendimento dos pacientes com doença de Chagas, assim como dia e horário das consultas. Houve treinamento para todos a respeito do protocolo clínico desenvolvido para acompanhamento ambulatorial dos pacientes atendidos. Cada membro da equipe recebeu uma tarefa para ser desenvolvida.
Ações de saúde direcionadas aos Pacientes do Hospital Universitário João de Barros (HUJBB):
A equipe de extensionistas desenvolveu ações informativas de educação em saúde aos pacientes do ambulatório de doença de Chagas do HUJBB, sendo esses indivíduos e seus familiares informados na sala de espera sobre as formas de transmissão e prevenção da doença de Chagas, além de serem estimulados a relatar suas experiências com relação à tal afecção. Para aperfeiçoar o atendimento destes pacientes, foi elaborada uma carteira de controle da doença de Chagas, com os registros de identificação do usuário, a pressão arterial, data de exames realizados pelos portadores de doença de Chagas como Eletrocardiograma, Ecocardiograma, Mapeamento da Pressão arterial (MAPA), Holter ,Sorologia e exame parasitológico. Os indicadores de assistência eram registrados em planilha de Excel.
Ações educativas com crianças de Escolas Publicas do Ensino Fundamental
Foram realizada atividades em 4 Escolas Municipais de ensino fundamental, do município de Belém, onde foi aplicado um formulário estruturado com 5 questões objetivas/subjetivas a alunos de 4ª a 8ª séries do Ensino Fundamental com o proposito de avaliar a percepção os desses discentes acerca da doença de Chagas e suas manifestações. Posteriormente, era realizada uma roda de conversa com os alunos, onde eram discutidos os sintomas, sinais,epidemiologia,forma de transmissão,conhecimento do agente transmissor da doença, , respeitando crenças e adequando informação a cada faixa etária. Ao final da roda de conversa eram apresentados amostras de triatomíneos empalhados, disponibilizadas pela Secretária Estadual de Saúde (SESPA), para a equipe de extensão, e após essas ações o formulário era reaplicado para avaliação da aprendizagem sobre o assunto. Os resultados das respostas eram avaliados através de pontuações de zero a 10, antes e após as rodas de conversas.
Ações de extensão em espaços públicos de grande circulação
O grupo de extensão de doença de Chagas realizou atividades em locais públicos de grande circulação como o Mercado do Ver-o-Peso e Praça da Republica onde os acadêmicos entregavam folders com as informações relacionadas à doença de Chagas e orientavam verbalmente a população sobre como agir em caso de suspeição da doença. 64
Produção Cientifica
Ao longo da duração do projeto a equipe extensionista apresentou trabalhos científicos, utilizando os resultados parciais do projeto, além da experiência dos discentes extensionistas no atendimento ambulatorial dos pacientes com DC. RESULTADOS E DISCUSSÕES Ao todo foram mais de 1000 pessoas foram beneficiadas com o projeto. Antes e durante o período de execução da extensão propriamente dita, acompanhou-se o atendimento multiprofissional aos pacientes portadores de doença de Chagas no ambulatório do HUJBB, onde nós, acadêmicos de medicina e enfermagem, obtivemos um maior conhecimento sobre a doença de Chagas, seus sintomas, diagnóstico clínico e laboratorial, suas formas de transmissão e prevenção. Esse conhecimento foi de grande relevância para a realização das ações educativas, de forma a transmitir esse aprendizado à população. A carteira de doença de Chagas elaborada pelos acadêmicos facilitou o atendimento dos pacientes portadores de doença de Chagas, uma vez que ela guarda informações relevantes para o atendimento a pacientes com a DC, tornando o atendimento a esse paciente mais completo e direcionado a sua patologia. Essa carteira bem como outros indicadores de acompanhamento do projeto serviram de base de dados para a realização de trabalhos científicos. Observamos grande interesse das pessoas em conhecerem mais sobre a doença de Chagas. As ações nas escola permitiu uma troca de informações importante entre a equipe extensionista e os alunos dessas instituições que tinham uma média de conhecimento antes das ações educativas sobre a temática doença de Chagas de quatro e meio (4,5) e após as ações a média subiu para oito 8. Esta nota atribuída revela o impacto positivo das ações pois a equipe do projeto conseguiu de alguma forma transferir conhecimentos sobre a doença de Chagas, transformando esses alunos em novos disseminadores de conhecimentos sobre a doença de Chagas. Além de alunos as ações do projeto em locais de grande circulação alcançou mais de 300 pessoas a fim de compartilharem esse conhecimento com outros indivíduos do seu convívio o que serviu de indicador subjetivo para o direcionamento das nossas atividades, alcançando, desta forma, o nosso objetivo. Através das atividades do projeto, foram elaborados e aprovados trabalhos científicos no II Congresso de Saúde da Amazônia e no XVII Congresso Médico Amazônico, XVII jornada Universitária da UFPA, VII Congresso do Comitê Latino americano e Caribe de Geriatria de Gerontologia.
Tabela 1. Indicadores de Impacto e resultados do Projeto 65
Resultados do Projeto contribuição com a vigilância epidemiológica em doença de chagas no estado do Pará Atividade
Preparação dos Extensionistas para o
local
HUJBB
Projeto
Indicador
Indicador
Total de pessoas
subjetivo
Objetivo
atendidas
Experiência
-
7
em
atendimento
ambulatorial Ações de atendimento ambulatorial com
HUJBB
Pacientes do (HUJBB):
Questionamentos
200
a equipe sobre
orientadas
duvidas
entre
relacionados
a
DC.
pessoas
pacientes
200
e
acompanhante s
Ações com crianças de Escolas Publicas de
-E.M.F. Celina Anglada
Participação dos
Medição
Ensino Fundamental;
-E.E.F. Padre Leandro
alunos
conhecimento
Pinheiro
conversa
-E.E.F. Frei Daniel
perguntas.
ação.
Quantidade
na com
pré
e
de
427
alunos
quatro escolas.
pós
-E.M.F. Avertano Rocha
Ações de extensão em espaços públicos de
-Ver-o-Peso
Participação
grande circulação;
-Praça da Republica
espontânea
dos
orientados
na
378
Folders Distribuídos
ação Total de pessoas atendidas pelo projeto
Todos supracitados
Todos
Todos
supracitados
supracitados
1012
CONCLUSÃO O projeto teve um alcance muito maior que o esperado, beneficiando mais que o dobro de pessoas incialmente previsto, alcançou estudantes de ensino fundamental que somaram informações importante a seu conhecimento de vida, e disseminou material informativo que pode alcançar muitas pessoas que não entraram nessas estatísticas o que mostra um impacto muito positivo junto a comunidade externa além de permitir a aproximação dos discentes da área da saúde com a realidade extra acadêmica. Essas ações geraram a nós discentes uma experiência singular que com certeza não poderia ser reproduzida em sala de aula. Não só os números medem o impacto desse projeto, mas também a inclusão do publico alcançado num processo de prevenção a DC bem como a valorização dos seus conhecimentos nesse processo. Finalmente concluímos que a maior contribuição do projeto foi à integração com os
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nas
acadêmicos de diversas áreas da saúde, pois a troca de saberes é fundamental para o fortalecimento de uma equipe que trabalha com saúde. REFERENCIAS BRASIL,Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Guia de vigilância epidemiológica. 7. ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2009. (Série A. Normas e Manuais Técnicos). BRASIL , Ministério da Saúde Boletim Epidemiológico, Secretaria de Vigilância em Saúde − Volume 46 -N° 21 – 2015. DISPONIVEL EM: http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2015/agosto/03/2014-020..pdf acessado em: 07 de Setembro de 2015.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Aspectos epidemiológicos: casos de doença de chagas aguda de 2000 a 2010. Brasil: MS/SVS, 2011. MADY C, Cardoso RHA, Barretto ACP, Luz PL, Bellotti G, Pileggi F. Survival and predictors of survival in patients with congestive heart failure due to Chagas cardiomyopathy. Circulation. 1994 Dec;90(6):3098-102.
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AVALIAÇÃO DAS REPRESENTAÇÕES E CAPACITAÇÃO DOS DOCENTES DA EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL INICIAL DE ESCOLAS MUNICIPAIS E ESTADUAIS DE BELÉM/PA SOBRE TRAUMATISMO DENTAL Área Temática: Saúde Responsável pelo trabalho: Giza Hellen Nonato Miranda Unidade Acadêmica: Instituto de Ciências Biológicas Autores: Giza Hellen Nonato Miranda; Márcio Vitor de Carvalho Rodrigues Resumo: Tendo em vista a alta prevalência de acidentes envolvendo traumatismo dentário durante a infância, e que boa parte desses acidentes acontecem dentro do ambiente escolar, torna-se fundamental investigar o nível de instrução dos docentes que atuam na educação infantil profissionais que lidam diariamente com crianças e que estão propensos a vivenciar uma situação de trauma dental no cotidiano. Sendo assim, esse projeto propôs avaliar as representações dos docentes que atuam na Educação Infantil e nas séries inicias do Ensino Fundamental (1º ao 5º ano) da rede de escolas estaduais e municipais no município de Belém sobre traumatismos dentários, bem como mapear as ações praticadas por esses educadores na ocorrência dos referidos traumas. Foram distribuídos aos professores questionários contendo 16 questões fechadas, e após a coleta os dados foram tabulados e submetidos aos testes estatísticos Qui-quadrado e Regressão de Poisson. Os resultados demonstraram que os professores presenciam casos de traumatismo dental desde o início da carreira docente, e têm por atitude imediata hemostasia e a indicação de procura do cirurgião-dentista para o dia seguinte; o treinamento de primeiros socorros na amostra estudada foi adquirido entre os 40-49 anos de idade, entretanto o treinamento recebido pelos professores foi insuficiente, uma vez que desconheciam a conduta perante o traumatismo; além disso, a maioria afirma que não se sente preparada para atender emergencialmente o aluno vítima de traumatismo, evidenciando a importânica de investir na capacitação desses profissionais, com recursos didáticos que disponibilizem orientações pertinentes em casos de trauma dental, objetivo alcançado pelo projeto.
Palavras-chave: Saúde bucal; Traumatismo dentário; Professores. Introdução A infância é o período que pode ser considerado o mais importante para o futuro da saúde bucal do indivíduo. Na infância, as noções e os hábitos de cuidados com a saúde devem começar a se formar de uma maneira tal que dificilmente deixarão de ser praticados, permitindo assim que as ações educativas a serem implementadas futuramente se concretizem no reforço de rotinas já estabelecidas e praticadas. Contudo, para que haja o reforço de tais hábitos, eles deverão ser, primeiramente, criados no seio familiar ou durante o período de permanência da criança na escola (SÁ, 2009). Deste modo, este assunto foi incluído nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), dentro dos temas transversais, com o intuito de despertar e nortear os professores dos cursos básicos nesta questão (GARCIA, 2006). Além disso, o artigo 7o da Lei 5.692/71 de 11 68
de agosto de 1971 preconiza que a educação em saúde bucal faz parte do currículo escolar obrigatório das escolas brasileiras, onde o principal objetivo é conscientizar da importância e incentivar a prática da higiene bucal. Contudo, tal realidade onírica não é observada no interior das escolas (GRENVILLE-GARCIA, 2007). As instituições escolares detêm uma parcela considerável da responsabilidade sobre a integridade física dos estudantes, segundo (DINIZ apud OLIVEIRA et al 1993), "a responsabilidade civil é a aplicação de medidas que obriguem uma pessoa a reparar o dano moral ou patrimonial causado a terceiros, em razão de ato por ela mesmo praticado, por pessoa por quem responde, por alguma coisa a ela pertence ou de simples imposição legal”. Sendo assim, o profissional docente é responsável por todos os atos e consequências praticados pelos seus alunos durante o tempo em que estes estiverem sob sua orientação. (GRANVILLE-GARCIA, 2007). Uma das mais sérias emergências dos consultórios odontológicos são os frequentes traumas dentais, os quais podem ocorrer em atividades cotidianas, acidentes, principalmente entre crianças e adolescentes (SILVA, MB et al, 2009). Segundo ANDREASEN et al (2001), merece uma atenção especial os dentes em desenvolvimento, pois quando traumatizados, sofrem influência em seu crescimento e maturação, podendo ter como consequências deformidades permanentes, tais como: sequestro dos germes dos dentes permanentes, distúrbios na erupção, mancha branca ou amareloamarronzada do esmalte, hipoplasia circular do esmalte, dilaceração coronária, entre outros. Sendo assim, investigar traumatismos dentais e buscar intervir no ambiente escolar se faz necessária, tendo como uma importante estratégia orientar professores da Educação Básica visando a conscientização destes, sobre as condutas preventivas e emergenciais do traumatismo e de suas possíveis sequelas. Uma das melhores maneiras de prevenir as sequelas supracitadas é a disseminação de conhecimentos por meio de orientação daqueles que são diretamente responsáveis pelas crianças: os docentes. Os cirurgiões-dentistas atribuem o sucesso do prognóstico do paciente acidentado à rapidez com que estes são imediatamente socorridos, enfatizando, em casos de avulsões dentais, o correto manejo do órgão. Quanto menor o tempo entre os primeiros socorros até o encaminhamento ao cirurgião-dentista, melhor se torna o prognóstico do paciente, por isso a importância da rapidez com que os professores devem realizar os procedimentos (ANDREASEN et al, 2001). Desta forma, evidencia-se a necessidade de avaliar as percepções que os professores da educação infantil e do ensino fundamental inicial das escolas municipais e estaduais de Belém têm em relação ao tema escolhido, com a finalidade de analisar as representações e auxiliar na concretização do saber científico sobre as prevenções dos traumatismos dentais, assim como o tratamento emergencial adequado no momento do trauma, por meio de informações de primeiros-socorros e de manuseio do dente avulsionado. Isto irá embasar e facilitar uma educação continuada a estes que são atores fundamentais no processo de educação e promoção de saúde.
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Metodologia O público-alvo do projeto constituiu-se de professores da Educação Infantil e séries iniciais do Ensino Fundamental dos turnos matutino e vespertino da rede de escolas estaduais e municipais do município de Belém, definidos por cálculo amostral. O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos do Instituto de Ciências da Saúde e aprovado com o parecer de número 855.156. Para a consecução do perfil dos professores da Educação Infantil e séries iniciais do Ensino Fundamental quanto às atitudes perante traumatismos dentários foram aplicados questionários compostos por 16 questões fechadas (objetivas), que foram entregues pessoalmente pela equipe técnica do projeto para cada docente durante o seu turno de trabalho juntamente com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) O nível de conhecimento dos professores foi avaliado, inicialmente, por meio da distribuição da frequência relativa, para um diagnóstico prévio do grupo estudado. Por fim, os dados foram submetidos à análise e tratamento estatístico com os testes Qui-quadrado e Regressão de Poisson. Com base na análise dos resultados, foi possível desenvolver materiais didáticos para contribuir na formação dos profissionais investigados, a partir do diagnóstico feito pelo estudo sobre o nível de instrução dos mesmos em relação ao tema “traumatismo dentário”.
Resultados e Discussões A partir da análise dos testes estatísticos é possível constatar que os professores presenciam casos de traumatismo dental desde o início da carreira docente, e que há diferença na conduta emergencial dos que já presenciaram casos de avulsão de um dente anterior com sangramento durante a atividade profissional em relação aos que não possuem esse tipo de experiência, sendo que os primeiros optam por procurar o fragmento dental avulsionado, e os últimos têm por atitude imediata frente à situação do trauma, hemostasia e indicação à procura do cirurgião-dentista para o dia seguinte. O treinamento de primeiros socorros, ideal para capacitar adequadamente os profissionais em relação a esse tema, na amostra estudada, foi adquirido entre os 40-49 anos de idade, entretanto o treinamento recebido pelos professores foi insuficiente, uma vez que desconheciam a conduta perante o traumatismo, o que pode ser observado no percentual de 77.8% correspondente aos professores que receberam o treinamento, mas não tentariam o reencaixe do elemento dentário no seu respectivo alvéolo. Quando interrogados ainda se julgavam-se aptos a proceder adequadamente diante de uma eventual situação de trauma, os professores afirmaram, em sua maioria, que não se sentem preparados para atender emergencialmente o aluno vítima de traumatismo, evidenciando a necessidade de acessibilizar informações relativas ao gerenciamento adequado em casos que envolvam trauma dentário, por meio da capacitação desses profissionais, de modo que possam adotar uma conduta favorável ao prognóstico do caso.
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Tabela 1. Comparação (Teste do Qui-Quadrado) entre variáveis dependentes (“Presenciou caso de trauma”, “Recebeu treinamento de primeiros socorros” e “Sente-se preparado a socorrer um aluno pós-evento de trauma dental”) e variáveis independentes.
Tabela 2. Análise univariada (Regressão de Poisson) para associação entre as varáveis dependentes (“Presenciou caso de trauma”, “Recebeu treinamento de primeiros socorros” e “Sente-se preparado a socorrer um aluno pós-evento de trauma dental”) e variáveis independentes.
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Conclusão As condutas desenvolvidas pelos docentes no decorrer da atividade profissional sobre o tema “traumatismo dentário” revelaram pouca aptidão e conhecimento por parte dos profissionais em relação ao manejo emergencial apropriado, denotando a relevância de investir na capacitação dos mesmos, com recursos didáticos que disponibilizem orientações pertinentes em casos de trauma dental. Sendo assim, materiais educativos foram desenvolvidos em formato de cartilha para a distribuição nas escolas, contendo tópicos que abordam: epidemiologia, conceito, classificações e consequências do traumatismo e noções de primeiros socorros; de modo a contribuir para o melhor esclarecimento do público alvo, tornando o projeto um fator que irá somar para a construção do conhecimento dos profissionais estudados, além de proporcionar a extensão universitária articulada ao ensino e à prática.
Referências 1. SÁ, L. O.; VASCONCELOS, M. M. V. B. A importância da educação em saúde bucal nas escolas de Ensino Fundamental – revisão de literatura. Odontologia Clín-Científica, Recife, 9(4) 299-303, out/dez, 2009. 2. GARCIA, P. P. N. S.; CAMPOS, J. A. D. B.; OLIVEIRA, A. C. B. M.; SANTOS, P. A. Conhecimentos de saúde bucal de professores do Ensino Fundamental. Saluvista, Bauru, v. 26, n. 2, p. 39-50, 2006.
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3. GRENVILLE-GARCIA, A. F.; LIMA, E. M.; SANTOS, P. G.; MENEZES, V. A. Conhecimentos dos professores do Ensino Fundamental de saúde bucal. RGO, Porto Alegre, v. 55, n. 1, p. 29-34, jan/mar, 2007. 4. OLIVEIRA, J. J. B.; SOUZA, P. G. B.; OLIVEIRA, F. B.; MOURA, S. A. B. Conhecimentos e práticas de professores do Ensino Fundamental sobre saúde bucal. Int. J. Dent., Recife, 9(1): 27-29, jan/mar, 2010.
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ACOMPANHAMENTO DA EVOLUÇÃO CLÍNICA DE PACIENTES COM ARTRITE REUMATOIDE FAZENDO USO DE DROGAS MODIFICADORAS DO CURSO DA DOENÇA (DMCD) ATENDIDOS NO AMBULATÓRIO DE REUMATOLOGIA DA FUNDAÇÃO SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DO PARÁ Saúde Iasmin Maia Soares de Araújo Universidade Federal do Pará (UFPA) 1-Iasmin Maia Soares de Araújo; 2-Ruylson dos Santos Oliveira.
RESUMO A artrite reumatoide (AR) é uma doença autoimune inflamatória sistêmica caracterizada pelo comprometimento da membrana sinovial das articulações periféricas. O tratamento da AR inclui educação do paciente e família, medicamentos, fisioterapia, apoio psicossocial, terapia ocupacional e cirurgias. As terapias medicamentosas incluem uso de anti-inflamatórios nãohormonais (AINH), corticoides, drogas modificadoras do curso da doença (DMCD) e drogas imunossupressoras.É necessário o acompanhamento regular desses pacientes, com a avaliação da qualidade de vida como parâmetro importante de eficácia do tratamento. O presente projeto se baseia em avaliações (a cada 3 meses) de pacientes portadores de AR em uso de DMCDs. São realizadas atividades de educação em saúde em forma de palestras visando discentes e médicos residentes, com supervisão da médica responsável pelo programa, sobre a AR e o tratamento com DMCDs. Essas atividades são adaptadas para pacientes e familiares, com o objetivo de conscientizá-los sobre aspectos da doença. Foram atendidos 12 pacientes no ambulatório de Reumatologia da FSCMPA. Destes 75% eram mulheres e 25% homens, 41,6% possuem idade entre 31 e 50 anos e 58,4% entre 50 e 70 anos. As comorbidades associadas são: hipertensão arterial (66,6%), diabetes (25%), cardiopatias (8,3%), pneumopatias (8,3%), endocrinopatias (8,3%) e nenhuma (16,7%). Os biológicos em uso são: Adalimumabe (25%), Etanercept( 58,4%) e Infliximabe (16,6%). O projeto ainda está em andamento, é preciso uma amostra maior para delimitarmos um padrão, entretanto pode-se perceber que mulheres são mais atingidas e pessoas com maior idade o que leva além de diminuição da qualidade de vida menor expectativa de vida saudável.
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Palavras-chaves: Artrite Reumatóide; Qualidade de vida; DMCDs
INTRODUÇÃO A artrite reumatoide (AR) é uma doença autoimune inflamatória sistêmica caracterizada pelo comprometimento da membrana sinovial das articulações periféricas. prevalência da AR é estimada em 0,5%–1% da população.
2,3
1
A
A característica principal da AR
é o acometimento simétrico das pequenas e das grandes articulações, com maior frequência de envolvimento das mãos e dos pés. O caráter crônico e destrutivo da doença pode levar a importante limitação funcional, com perda de capacidade laboral e de qualidade de vida.4 O tratamento da AR inclui educação do paciente e de sua família, terapia medicamentosa, fisioterapia, apoio psicossocial, terapia ocupacional e abordagens cirúrgicas.1A primeira linha de tratamento da AR inclui AINH, corticosteroides e DMCD. 6A terapia imunobiológica na AR está indicada para os pacientes que persistem com atividade da doença moderada a alta.1 Estes agem como imunossupressores. Até o momento existem oito medicamentos biológicos com registro no Brasil para tratamento da AR : abatacepte, adalimumabe, certolizumabe pegol, etanercepte, golimumabe, infliximabe, rituximabe e tocilizumabe. Destes, três (etanercepte, infliximabe e adalimumabe) são atualmente disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).5 Na doença inicial em pacientes que tenham doença ativa com até um ano de sintomas, recomenda-se o acompanhamento intensivo com visitas mensais e progressão medicamentosa rápida. Em cada visita deve-se avaliar a eficácia e a segurança da intervenção terapêutica, considerando as comorbidades do paciente e visando remissão ou menor atividade da doença possível, assim como melhora funcional e da qualidade de vida. Em pacientes com doença estabelecida, e especialmente naqueles com doença controlada, as visitas podem ser realizadas a cada três meses.8,9 Estratégias terapêuticas com base em metas específicas produzem melhores desfechos clínicos e capacidade funcional, além de menor dano estrutural radiológico, em comparação com tratamentos convencionais. 7 O diagnóstico precoce e o início imediato do tratamento são fundamentais para o controle da doença e para prevenção de possíveis incapacidades funcionais ou até mesmo lesões articulares irreversíveis. Nesse sentido, se torna necessária o acompanhamento regular desses pacientes, com a avaliação da qualidade de vida como parâmetro importante de 75
eficácia do tratamento. A FSCMPA por ser considerada local de referência no atendimento em reumatologia e onde ocorrem as práticas de estudantes de graduação dentro do Projeto Pedagógico da Faculdade de Medicina da UFPA, se torna um ambiente propício para a execução deste projeto. MATERIAL E METODOLOGIA O presente projeto se baseia em avaliações periódicas (a cada 3 meses) de pacientes portadores de AR em uso de DMCDs no plano terapêutico. A avaliação é baseada no acompanhamento de cada paciente através de exames laboratoriais e de imagem, além de exame físico geral e das articulações e história clínica. São realizadas atividades de educação em saúde em forma de palestras visando discentes e médicos residentes, com supervisão do médico ou de outros responsáveis pelo programa, sobre a AR e o tratamento com DMCDs. Essas atividades são adaptadas para os pacientes e seus familiares, com o objetivo de conscientizá-los sobre aspectos da doença (sinais e sintomas, progressão, controle, melhora da qualidade de vida, hábitos recomendados para melhoria funcional entre outros). Essas palestras são oferecidas na sala de espera do Ambulatório de Reumatologia da FSCMPA. A frequência das palestras na FSCMPA é mensal. Foi produzido material em power point para ser passado para os alunos da graduação de Medicina da Universidade Federal do Pará com fotos ilustrativas sobre os temas das discussões dos casos clínicos dos pacientes atendidos. RESULTADOS E DISCUSSÕES Foram atendidos 12 pacientes no ambulatório de Reumatologia da FSCMPA.Destes 75% eram mulheres e 25% homens,41,6% possuem idade entre 31 e 50 anos e 58,4% entre 50 e 70 anos.As comorbidades associadas são: hipertensão arterial (66,6%), diabetes (25%), cardiopatias (8,3%), pneumopatias (8,3%), endocrinopatias (8,3%) e nenhuma (16,7%). Os biológicos em uso são: Adalimumabe (25%), Etanercept (58,4%) e Infliximabe (16,6%). Segundo a atualização do Consenso Brasileiro no Diagnóstico e Tratamento da Artrite Reumatoide,a doença afeta mulheres duas a três vezes mais do que homens e sua prevalência aumenta com a idade o que concorda com os dados da amostra coletada. 10 Durante anos, a AR foi considerada uma doença de caráter benigno, porém estudos mais recentes mostraram que, devido a seus efeitos deletérios sobre a mobilidade física e a capacidade funcional, assim como a persistência do processo inflamatório (aterosclerose acelerada), pacientes com AR 76
têm sua expectativa de vida significativamente diminuída quando em comparação com a população em geral
11,12
o que também justifica a alta porcentagem de hipertensão arterial e
cardiopatias nos pacientes analisados no estudo. Segundo o artigo "Artrite reumatóide: uma visão atual" além da terapia medicamentosa, também são adotadas medidas como educação do paciente e terapias psicoocupacionais no tratamento dos pacientes com a doença
13
e é o que se propõe no presente
trabalho:o acompanhamento e a educação em saúde,conscientizando o paciente sobre sua condição assim melhorando seu entendimento e capacidade de auto-cuidado. CONCLUSÃO A relação entre médico, paciente e respectiva família deve ser diariamente cultivada no ambulatório. O projeto possui o intuito de melhorar esta relação,promovendo a conscientização dos usuários do ambulatório além de agregar conhecimento à médicos e alunos por meio de discussão de casos e rodas de conversa.Verifica-se a necessidade da construção constante deste saber a partir das estatísticas levantadas,onde existe uma amostra vulnerável o que justifica a importância do projeto. REFERÊNCIAS 1- Consenso 2012 da Sociedade Brasileira de Reumatologia para o tratamento da artrite reumatoide. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbr/v52n2/v52n2a02.pdf. Acesso em: 27 de jan. de 2015. 2- Alamanos Y, Voulgari PV, Drosos AA. Incidence and prevalence of rheumatoid arthritis, based on the 1987 American College of Rheumatology criteria: a systematic review. Semin Arthritis Rheum 2006; 36(3):182–8. 3- Marques-Neto JF, Goncalves ET, Langen LFOB, Cunha MFL, Radominski S, Oliveira SM et al. Multicentric study of the prevalence of adult rheumatoid arthritis in Brazilian population samples. Rev Bras Reumatol 1993; 33:169–73. 4- Verstappen SM, van Albada-Kuipers GA, Bijlsma JW, Blaauw AA,Schenk Y, Haanen HC et al. A good response to early DMARD treatment of patients with rheumatoid arthritis in the fi rst year predicts remission during follow up. Ann Rheum Dis 2005; 64(1):38–43.
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5- ANVISA. Medicamentos Biológicos para o Tratamento da Artrite Reumatóide. Boletim Brasileiro de Avaliação de Tecnologias em Saúde. Ano Vi, nº 19. 2012. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/ce6dd08044ae53989625b66b0d9f14d3/Medica mentos+Biol%C3%B3gicos.pdf?MOD=AJPERES>. Aceso em: 07 de fev. de 2015. 6- Devine EB, Alfonso-Cristancho R, Sullivan SD. Effectiveness of biologic therapies for rheumatoid arthritis: an indirect comparisons approach. Pharmacotherapy 2011;31(1):39-51. 7- Knevel R, Schoels M, Huizinga TW, Aletaha D, Burmester GR, Combe B et al. Current evidence for a strategic approach to the management of rheumatoid arthritis with diseasemodifying antirheumatic drugs: a systematic literature review informing the EULAR recommendations for the management of rheumatoid arthritis. Ann Rheum Dis 2010; 69(6):987–94. 8- Grigor C, Capell H, Stirling A, McMahon AD, Lock P, Vallance R et al. Effect of a treatment strategy of tight control for rheumatoid arthritis (the TICORA study): a single-blind randomised controlled trial. Lancet 2004; 364(9430):263–9. 9- Deighton C, OMahony R, Tosh J, Turner C, Rudolf M. Guideline Development Group. Management of rheumatoid arthritis: summary of NICE guidance. BMJ 2009; 10- Bértolo, M. B. et al. Atualização do Consenso Brasileiro no Diagnóstico e Tratamento da Artrite Reumatoide.Grupo editorial Moreira Júnior, pág. 6 à 14. 11- Shinomiya , F. et al. Life expectancies of Japanese patients with rheumatoid arthritis: a review of deaths over a 20-year period. Mod Rheumatol, v. 18, n. 2, p. 165-9, 2008. 12- UHLIG, T. et al. Rheumatoid arthritis is milder in the new millennium: health status in RA patients 1994-2004. Ann Rheum Dis, v. 67, n. 12, p. 1710-5, 2008. 13- Goeldner, I et al .Artrite reumatoide: uma visão atual. J Bras Patol Med Lab , v. 47, n. 5, p. 495-503,outubro 2011.
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DOCUMENTÁRIOS BIOGRÁFICOS DA AMAZÔNIA Área Temática: Comunicação Responsáveis pelo trabalho: Célia Trindade AMORIM (coordenadora); Luciana VASCONCELOS (bolsista); Milene SOUSA (bolsista). Unidade Acadêmica: Nome dos Autores: SOUSA 1, Milene;
Resumo: O projeto Documentários Biográficos da Amazônia é um projeto de extensão que busca ampliar o conhecimento para a comunidade sobre a diversidade cultural e histórica do homem da região. Para tanto trabalha com a privilegiada linguagem audiovisual, que ao aliar texto, som e imagem em movimento, permite atingir um público amplo, tanto de pessoas letradas quanto aquelas que não dominam totalmente a linguagem escrita. Ao focar em documentários biográficos de sujeitos da Amazônia, o projeto se estrutura por categorias: Acadêmicos, Atores Sociais, Cultura, In memoriam, Política, Meio Ambiente e Tradição. O propósito é conhecer e registrar as experiências de vida das pessoas que desenvolveram e desenvolvem importantes ações individuais/coletivas na Amazônia; e entender através de diferentes visões, os múltiplos contextos presentes na região. Com esse objetivo, o projeto trabalhou ativamente em 2015 em referenciais teóricos sobre o tema para estimular e refletir a sua prática audiovisual. Como resultado foram produzidos documentários de importantes atores sociais locais que mostram a Amazônia contada e descrita por quem constrói a história da região. Os documentários, quando do seu lançamento, contaram com uma campanha de divulgação nas redes sociais para incentivar o público a assistir a produção.
Palavras-chave: cultura; amazônia; documentário INTRODUÇÃO Inúmeras são as pesquisas acadêmicas realizadas sobre a Amazônia para aprofundar os estudos acerca de seus contextos, períodos históricos, habitantes, valores culturais, entre tantos outros elementos que a constituem. Pesquisas que em muitos casos buscam trazer para a comunidade, não apenas regional, mas também brasileira e mundial, uma visão diversificada da imagem estereotipada e massificada que foi imposta sobre a região no decorrer de sua história. Apresentar a história da Amazônia e de quem a compõe por meio de documentários audiovisual significa contribuir com a construção de uma memória da região para novas gerações. A linguagem utilizada une imagem, texto e som, formando um novo registro. Assim, o esforço é no sentido de 1
Estudante de Graduação 5º. semestre do Curso de Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, da UFPA. Email: milenecostadesousa@gmail.com. Integrante do Grupo de Pesquisa Documentários Biográficos da Amazônia. 79
captar uma Amazônia, múltipla em inúmeros segmentos sócio-culturais, com “visões paradoxais, sem dúvida, mas nem por isso opostas e excludentes [...] não é o território do “ou” que exclui, mas do “e” que conecta e superpõe” (MEDEIROS, 2013, p. 1). Portanto, revelar esse universo é essencial para conhecer, ouvir e ver a Amazônia de um modo diferenciado. O projeto Documentários Biográficos da Amazônia se nutre dessa importância ao produzir documentários, produto audiovisual e ramo cinematográfico que “deixa-se atravessar pelo real [...], é um cinema ‘engajado no mundo’, por assim dizer” (LIMA, 2006, p. 7-8). Possui a realidade como base, buscando-a ao máximo através do que é produzido: O documentário, enquanto gênero, é produzido com objetivos bem claros de evidenciar recortes da realidade. Partindo de um fato, procura mapear outros fatos correlacionados, acontecimentos interligados, causas e consequências. Traz consigo o tom de explicação, apresenta imagens e depoimentos que comprovam o que é dito e também funcionam como registro, como mecanismo de resgate da memória humana. (MELO et al, 2001, p. 8).
Esse resgate da memória toma outra proporção coma relação que o documentário passa a exercer com a biografia, que por sua vez é vista como história de vida de uma pessoa ou personagem, contada através de narração oral, escrita ou visual, que utiliza o passado, lembranças e – assim como o documentário – memórias para a sua produção, e claro, o que ocorre atualmente. Segundo Tavares: Surgida na Antiguidade, ainda como registro de vidas e sob a lógica do discurso moral da necessidade de se aprender as virtudes, a biografia oferece a ilusão do acesso ao passado, algo que o documentário biográfico tem assumido como ponto de partida, mesmo quando esse passado é muito próximo e o biografado não só está vivo como é fonte essencial do projeto. (TAVARES, 2013, p. 8).
Desta forma, o documentário biográfico exerce um papel fundamental para conhecer e explorar, sob diferentes experiências, o ambiente em que cada fase da vida estava inserida, considerando “que o mergulho na vida que será relatada aciona plausibilidades públicas” (TAVARES, 2013, p. 5), já que para lembrar-se de sua história, cada biografado possivelmente tomará algum ponto de referência, como governo, tempo, local, política, trabalho, entre outros assuntos referentes ao passado, e que são elementos de uma biografia. O mesmo ocorre - principalmente - com documentário biográfico in memoriam 2. São documentários feitos sobre pessoas já falecidas e que marcaram seus nomes na Amazônia. Tal documentário será produzido com pessoas íntimas ou mais ligadas no que for possível a quem for biografado, e que precisam trabalhar totalmente com lembranças. O documentário biográfico surge como um meio essencial para conhecer as particularidades da sociedade, seja através de personagens ou desconhecidos, a partir da singularidade de cada um, estando ele vivo ou não. Trazendo relatos sobre o passado e também sobre o presente, o documentário biográfico evidencia contrastes e transformações pelo qual cada biografado experenciou em seu meio social, e obviamente, as mudanças que ocorreram na sociedade no qual o mesmo estava e/ou está inserido. 2
Expressão em latim que significa "em memória" ou "em lembrança". 80
Muitos são os sujeitos de diversas áreas e assuntos da Amazônia com os quais este projeto procura trabalhar, uma forma de ver através de cada história os diversos cotidianos amazônicos. “Ora, a biografia é um gênero que, em sua travessia, margeou as reviravoltas da história e se tornou ‘... com o passar do tempo, um discurso de autenticidade, remetendo à intenção de verdade por parte do biógrafo’ (Dosse, 2009: 12)” (TAVARES, 2013, p. 5). É com essa ideia que o projeto, através de suas produções, buscará responder a pergunta: Quem é o homem ou a mulher amazônido(a)? Onde se encontram esses homens e mulheres da região? O que eles fazem? O que eles consomem? Qual é a relação deles com a Amazônia? A intenção não é apenas encontrar todas as respostas, mas formular mais questionamentos sobre a Amazônia, que com a sua enorme variedade, ainda tem muito a ser descoberto. MATERIAL E METODOLOGIA O projeto trabalha com pesquisa bibliográfica para subsidiar a prática de se fazer documentário e também produzir este relatório. Neste semestre foram estudados artigos e resenhas de autores importantes na área: Escrevendo um documentário – Barry Hampe (2008); A viagem das ideias – Renan Freitas Pinto (2005); Entre o banal e o singular: os falares da vida social no documentário – Cristiane da Silveira Lima (2006); Memória e Identidade Social – Michael Pollak (1992); Memória, Esquecimento, Silêncio – Michael Pollak (1989); O que é documentário? – Fernão Pessoa Ramos (2001); Subjetividades Transbordantes: apontamentos sobre o documentário biográfico, memória e história. – Denise Tavares (2013) Após se efetivar leituras e reuniões, a coordenadora e bolsistas do projeto elaboraram um roteiro de pessoas por temáticas. No total, foram criadas sete temáticas: Acadêmicos, Atores Sociais, Cultura, In memoriam, Política, Meio Ambiente e Tradição. Tais temáticas são consideradas as mais relevantes diante do que foi estudado e pesquisado. A partir disso, nomes foram pesquisados, listados e separados por temáticas. Cerca de 40 nomes foram listados. Para cada um é elaborado um perfil com informações preliminares, com dados pessoais, notícias, links, contatos, sugestão de perguntas e sugestão de imagens. Assim, é definido um calendário para que as entrevistas e gravações sejam realizadas, além da solicitação pessoal para compor o documentário, como fotos, vídeos e sugestão de trilhas sonoras. Feito isso, o material produzido é encaminhado para o trabalho de edição. Os vídeos são produzidos através de câmeras de TV profissionais, com auxílio de tripés, equipamentos de iluminação, microfones sorvete e de lapela. As fotografias e imagens de apoio são produzidas com câmeras EOS Canon 6D e Nikon 5100, e também são procuradas na internet, em alguns casos, sob indicação do próprio entrevistado. Toda produção e pesquisa de imagens e sons são realizadas com o apoio dos técnicos de filmagem, Marcelo Ribeiro e Fernando Marques.
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É importante ressaltar que as reuniões realizadas com a coordenadora do projeto, Prof.ª Dr.ª Célia Trindade Amorim; e com a coordenadora do Academia Amazônia, Pro.fª Dr.ª Alda Cristina Costa, são fundamentais para a construção do projeto como um todo. A partir desses encontros, são realizadas discussões sobre o assunto e tema proposto para a produção e edição dos documentários. RESULTADOS E DISCUSSÕES Está em fase de finalização de produção (captação de imagem) o documentário do jornalista Lúcio Flávio Pinto, um dos mais conhecidos na área do jornalismo paraense, principalmente no que tange à comunicação alternativa. Trabalhou nos jornais A Província do Pará, Correio da Manhã (São Paulo), Diário de São Paulo, Diário da Noite, Veja, IstoÉ, Jornal da República, Jornal da Tarde e O Estado de São Paulo. Consolidou carreira como repórter de 1971 a 1988. Ao mesmo tempo trabalhou na imprensa alternativa, nos jornais Opinião, Movimento, Ex e Versus. No Pará, Lúcio Flávio trabalhou no jornal O Liberal, de onde saiu para produzir o Jornal Pessoal, um dos maiores marcos de sua carreira, informativo alternativo publicado em 1987, mantido até hoje. Além disso, no período descrito neste relatório, o projeto realizou gravações uma das mais antigas vendedoras de tucupi em Belém do Pará, Dona Eliete. Empregada doméstica em uma casa de família desde os 14 anos, aos 16 passou trabalhar com dona 'Mindoca' vendendo o tucupi. Foi com ela que aprendeu os primeiros segredos do preparo da bebida. Atualmente realiza suas vendas na ‘Feira da 25’, localizada na avenida Rômulo Maiorana, em Belém. Produz o tucupi em uma fábrica em sua própria casa. O documentário de Dona Eliete quanto o de Lúcio Flávio estão em processo de produção, com aprofundamento de pesquisas e captação de imagens, assim como o documentários do radialista Carlos Estácio, a ser lançando no dia 7 de novembro de 2015. Em 3 de junho de 2013, o projeto publicou o documentário sobre Camillo Vianna. Professor, médico e ambientalista, possui um histórico de luta pela preservação da biodiversidade amazônica, além da melhoria da educação e saúde da região. O vídeo 3 pode ser visto na conta do Academia Amazônia no Youtube. De 28 a 30 de maio de 2015, ocorreu em Manaus – AM, o XIV Intercom Norte, onde a coordenadora Prof.ª Dr.ª Célia Trindade Amorim, e as bolsistas Luciana Vasconcelos e Milene Sousa, apresentaram o artigo “Documentários Biográficos da Amazônia” 4. O trabalho também foi escrito pela Prof.ª Dr.ª Alda Cristina Costa. O artigo abordou o projeto, seus objetivos e a importância de sua prática para a Amazônia. Foi apresentado na divisão temática “Comunicação Audiovisual”.
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Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=MMmVGuw72tg. Acesso em: 11 de agosto de 2015. Disponível em: http://www.portalintercom.org.br/anais/norte2015/resumos/R44-0984-1.pdf. Acesso em: 13 de agosto de 2015. 4
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Artigo: Documentários Biográficos da Amazônia. Intercom Norte 2015.
CONCLUSÃO O Documentários Biográficos da Amazônia segue com seus estudos e pesquisas, buscando cumprir seus objetivos, e prioritariamente, aumentar os conhecimentos acadêmicos e compartilhá-los com a comunidade amazônica. Através de cada biografia, o propósito é resgatar, conhecer e registrar as experiências de vida destas pessoas que desenvolveram e desenvolvem ações coletivas na Amazônia; e entender através de diferentes visões, os diversos contextos presentes na região. Um importante registro produzido na área acadêmica e comunitária, realizado através da voz, imagem e história de quem constrói a Amazônia em todos os seus aspectos.
REFERÊNCIAS HAMPE, Barry. Escrevendo um Documentário. Rio Claro: 2008. LIMA, Cristiane da Silveira. Entre o banal e o singular: os falares da vida social no documentário. Universidade Federal de Minas Gerais: 2006.
PINTO, Renan Freitas. A viagem das ideias. Estudos Avançados. 2005. POLLAK, Michael. Memória e Identidade Social. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol. 5, n. 10, 1992, p. 200212. POLLAK, Michael. Memória, Esquecimento e Silêncio. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol. 2, n. 3, 1989, p. 3-15. RAMOS, Fernão Pessoa. O que é documentário?. Estudos de Cinema SOCINE 2000, Porto Alegre, Editora Sulina, 2001, pp. 192/207.
TAVARES, Denise. Subjetividades Transbordantes: apontamentos sobre o documentário biográfico, memória e história. Doc On-line, n. 15, dezembro 2013, www.doc.ubi.pt, pp. 111- 31.
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