ano 13 REVISTAPROFASHIONAL.COM.BR
ED. ESPECIAL | R$ 9,90 | 2016/2017
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conquistas
AMOR
Somos todos iguais nas nossas diferenças
IGUALDADE
respeito
diversidade contemporânea
A blogueira Paola Antonini e a mascote paralímpica Duda Salles arrasam em editorial de moda
Projetos inclusivos: Entre Iguais, A Moda está em baixa, Ballet de Cegos, Meu Corpo é Real e Baile das Rosas
Ficha Técnica
Campeões paralímpicos e o que acontece depois das Paralimpíadas
homem
PAULO VILHENA EMBAIXADOR PARALÍMPICO, SENSÍVEL, AMOROSO, BOM MOÇO. DE BADBOY SÓ A FAMA, MAS QUEM LIGA PARA ISSO? A GENTE SE INTERESSA POR SENTIMENTO E POR QUEM FAZ A DIFERENÇA
DO BEM ensaio por Leo Faria
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www.ipobrasil.com.br UNIDADE CAMPINAS Av. José de Souza Campos, 510 Nova Campinas, Campimas - SP Tel. (019) 3236-6599 ou (019) 3236-0500
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PROFASHIONAL EDITORA Publisher: Sandra Teschner Diretor Executivo: Gabriel Sales Diretora de Projetos Especiais: Dio Jaguarível Gerente do Núcleo de Jornalismo: Drica Rosa – MTB 47337 Gerente do Núcleo de Design: Alice Hecker Gerente de Relações Internacionais: Kai Hrebabetzky Gerente do Núcleo Digital: Danielle Lima Web: Ricardo Cerdan Moda: Anna Paula Rodrigues e Julia Moraes Assessora de Imprensa: Ana Carolina Contri Assistente Administrativa: Viviane Miluzzi Executivos de Contas: Bruno Mendonça, Mauren Derquin e Vivian Rego Atendimento ao Cliente: Alice Alves recepcao@profashional.com
REVISTA PROFASHIONAL Editora: Sandra Teschner Diretora de Redação: Drica Rosa – MTB 47337 Diretora de Arte: Alice Hecker Designer Responsável: Rebeca Fagnani Designers Gráficos: Claudia Carvalho e Ícaro Guerra Jornalistas: Ana Carolina Contri, Bruna Yuri Ouchi e Elaine Medeiros Digital / On-line: Danielle Lima, Leonardo Barbeiro (Estagiário) e Ricardo Cerdan Colaboraram nesta Edição: Andrea Dematte, Mauro Marcos, Fred Othero, Leo Faria e Rodrigo Takeshi Revisão: Maria Elisa Albuquerque Para anunciar: comercial@profashional.com Para comprar: www.profashional.com Para assinar e solicitar edições anteriores: assinatura@revistaprofashional.com.br Os artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores e não representam a opinião da Editora nem da Revista. É permitida a reprodução desde que previamente autorizada, com crédito à fonte.
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12.SCRIPT Ecossistema do bem
PARALIMPÍADAS O legado
Índice 16
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20.PROJETO INCLUSIVO
Daniel Dias
Dr. José André Carvalho
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68.PROJETO INCLUSIVO Meu corpo é real
72.LOOK
Silvânia Costa
Petrúcio Ferreira
Fernando Fernandes
38
Jovane Guissone
Verônica Hipólito
FICHA TÉCNICA Clodoaldo Silva
74.PROJETO INCLUSIVO Baile das Rosas
78
39.FICHA TÉCNICA 40.FICHA TÉCNICA
46.FICHA TÉCNICA Terezinha Guilhermina
Dudas Salles
42
Chairs Who is Who
92.#REPOST Madeline Stuart
94.SEM GÊNERO
Yohansson Nascimento
Alan Fonteles
PERFIL EDITORIAL 90.EXPOSIÇÃO
44.FICHA TÉCNICA 45.FICHA TÉCNICA
Paulo Vilhena
66.ENTREVISTA
36.FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA
CAPA
Andreza Aguida
22.PERFIL EDITORIAL FICHA TÉCNICA
A moda está em baixa
65.LOOK
Cia Ballet de Cegos
Paola Antonini
48.PROJETO INCLUSIVO
RuivaNegra
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LOOK Amy Purdy
98.PROJETO INCLUSIVO Entre Iguais
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SÃO PAUL O
R I O D E JA N EI R O
V I TÓ R I A
N I T ER ÓI
P OR TO AL E GRE
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B R AS íLI A
G OIÂNIA
RIB EIRÃO PR E TO
B ELO H OR I Z ON T E
CU RITIB A
L OJA MOE MA L OJA M A R K E T P L AC E L OJA V I L A MADALE NA
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móveis eficientes Em parceria com o ITS Brasil e o designer Rodrigo Silveira, substituímos a perna de alguns dos nossos móveis por uma prótese. Eles continuam sendo eficientes, mesmo com a prótese no lugar da perna original.
N ó s a p o i a m o s n ova s i d e i a s . Que tal se incluir nessa?
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SCRIPT
ECOSSISTEMA Desde sua primeira edição há quase 14 anos, a revista Profashional trata de temas pertinentes, trazendo-os nas pautas em imagens, abordagens, tudo inserido com a naturalidade dos que sabem o que são. Entendemos, como já citado em outras edições, que comunicadores têm a obrigação adicional de retirar do anonimato as infindas possibilidades de conteúdo existentes, além da condição estéril e óbvia do belo, como todos já se acostumaram a acreditar, que ele assim o é. A revista Profashional em Movimento nasceu dessas tantas pautas as quais publicamos ao longo dos anos e mais especificamente depois de um maravilhoso bate-papo entre o Paulinho Vilhena, capa desta edição, embaixador paralímpico e meu amigo pessoal, o Mizael Conrado, vice-presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro, além de ser humano ímpar daqueles que não se deve passar pela vida sem conhecer, e eu no fim de mais um dia de maratona de jogos durante as Paralimpíadas no Rio de Janeiro. Naquele momento, ficara claro para mim que estamos no começo de algo muito maior, muito além das regras da competição, ou do evento que ali se pontuava, vivemos um movimento de atitudes, de ações de resultado reverberando em reações positivas de grande magnitude. Descobri ali que o caminho ainda é árduo e longínquo, mas que estamos na direção certa e que nenhum país evoluiu tanto no sentido de inclusão e acessibilidade na última década como fez o nosso, como nós fizemos e isso, é claro, é só um pequeno começo tendo em vista o passado que desmonta qualquer raiz de hereditariedade nesse sentido. Nasce uma semente, cheia de gente bonita e diferente nela. Duda Salles, mascote paralímpica biamputada dá show em seu editorial de moda, assim como a belíssima blogueira Paola Antonini, amputada após um acidente há cerca de 2 anos, que eletriza a produção, transformando em imagens momentos de puro deleite fashion. Projetos inclusivos como “a moda está em baixa” que visa expor as questões pertinentes ao nanismo, “meu corpo real” com portadores de diversas deficiências e seus papéis “nor-
mais” e ativos dentro da sociedade, “Ballet para Cegos”, projeto “Entre iguais”, sem gênero “RuivaNegra”, “Baile das Rosas”, vestibilidade, muito mais. E o que todas essas pessoas têm em comum? Elas têm o mesmo direito que você, de viver, de se locomover, de frequentar lugares públicos, de estudar, de verem (ou perceberem) e de serem vistas. Segundo estimativa do IBGE, cerca de 24% da população brasileira tem alguma deficiência física ou mental, isso significa aproximadamente 50 milhões de pessoas. Elas estão em toda parte e se você não as vê, a gente vai ajudar a mudar isso. A Profashional em Movimento conta com o apoio do Comitê Paralímpico Brasileiro de quem somos parceiros de comunicação, com muito orgulho. O evento passou, a realidade bate à porta. Qual o legado? O que vai ficar além da fotografia? A gente conta aqui também. Se você é uma dessas pessoas que um dia desejou abrir uma revista de moda, de estilo de vida e ver pessoas muito além dos estereótipos, se desejou ver um editorial com um cadeirante, ou uma linda criança independente de sua condição de deficiência, se aceita as pessoas com elas são independente de gênero, cor, credo, você nos procurava. Aqui só tem gente com eficiência. Seja bem-vindo a nosso mundo em movimento!
Sandra Teschner - Publisher sandra@revistaprofashional.com.br
sandrateschner @sandrateschner facebook.com/Sandra.Teschner
FOTOS: ACERVO PESSOAL
do bem
EM MOVIMENTO: MOMENTOS MARCANTES COM O COMITÊ PARALÍMPICO, OS EMBAIXADORES CLEO PIRES E PAULINHO VILHENA, ANINHA BACELLAR, DIRETORA DE MARKETING DO COMITÊ E DUDA SALES, NOSSA MASCOTE
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FLASHES
COLABORADORES ANDREA DEMATTE Com olhar atento e fã de cores e formas, a fotógrafa foi nossa parceira no lindo editorial da mascote paralímpica Duda Salles, feito especialmente para a edição Profashional em Movimento.
LEO FARIA
A fotógrafa Andrea Dematte capturando os melhores cliques da pequena Duda Salles
O papa do Street Style abraçou a ideia da nossa revista Profashional em Movimento e arranjou um tempo entre as semanas de moda para clicar Paulinho Vilhena no Centro de Treinamento Paralímpico em SP. Agradecimento especial também para Vagner Fernandes, braço direito do Leo.
A sessão de fotos com Paola Antonini contou com make de Mauro Marcos
A turma toda com sorriso no rosto ao fim da sessão de fotos de Paulinho Vilhena, por Leo Faria
FOTO: JEFF SEGENREICH
MAURO MARCOS Com um astral incrível e currículo extenso no Brasil e exterior, o maquiador assinou as belezas de Paola Antonini e Paulo Vilhena, além de levar sua boa energia para as sessões de fotos.
FOTOS: ACERVO PESSOAL
RODRIGO TAKESHI Dono de cliques maduros e atentos, o fotógrafo é conhecido por assinar campanhas incríveis e portraits únicos. Na mesma sintonia que nós, fez questão de dizer sim ao convite para o ensaio da linda Paola Antonini.
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PROFASHIONAL EM DOSE DUPLA Desde o início, a revista Profashional faz questão de abordar assuntos ligados à diversidade, para mostrar que o belo está em tudo o que vemos. Já tivemos em nossas pautas a moda plus size, a terceira idade, bazar beneficente feito pela Editora para ajudar cadeirantes, entre outros. Para a Profashional, isso é um estilo de vida, é a forma que encaramos o mundo desde nossa primeira edição. Seguindo esse mood, apimentado pelos Jogos Paralímpicos e pela proximidade da Profashional com o Comitê Paralímpico, enxergamos que era o momento de ter uma edição única, que caminhasse sozinha e abordasse todo esse movimento do bem. Então, fechamos o ano com duas revistas incríveis: Profashional e Profashional em Movimento. Isso é a nossa vida e é o jeito que gostamos de encará-la!
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Visão
“Ser a diferença na vida de pessoas que precisam de um novo estímulo”.
Missão
“Ser um centro de referência no apoio ao desenvolvimento humano das famílias brasileiras, baseado no conhecimento de profissionais altamente capacitados, gestão especializada e obtenção de resultados”.
Valores
• Comprometimento • Paixão pelo que Faz • Transparência • Integridade • Respeito ao Meio Ambiente
Rua Peixe Vivo, 155 | www.iffl.org.br | contato@iffl.org.br /institutoFFlife
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PARALIMPÍADAS / O LEGADO
FORÇA EM
MOVIMENTO EM ANO DE JOGOS PARALÍMPICOS, O QUE SE VIU FOI UM BRASIL QUE DÁ CERTO, COM O PARADESPORTO TENDO SUA DEVIDA VISIBILIDADE E BRASILEIROS ENTENDENDO QUE A DIVERSIDADE É PALAVRA CONSTANTE EM NOSSO DIA A DIA; E QUEM CONSEGUE RESPEITÁ-LA SAI GANHANDO. NESSE CAMINHO DO BEM, O MUNDO SE MOVE!
Por Drica Rosa
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ABERTURA DOS JOGOS PARALÍMPICOS RIO 2016
FOTOS: ©DANIEL ZAPPE/ ©MARCIO RODRIGUES/MPIX/CPB
S
egundo o dicionário Aurélio, a palavra movimento significa ato ou efeito de se mover ou mover algo, agitação, entre outros. Essa constante transformação evolutiva encabeça uma ação importante na maneira das pessoas olharem ao seu redor. O Movimento Paralímpico vai além de competições, recordes, provas e medalhas. Ele define uma mudança de percepção que cada um tem ao olhar o próximo. É você conhecer antes de julgar, é viver antes de questionar, é respeitar antes de se gabar. Este movimento caminha na direção do correto e essa linha tênue é a que divide a forma que você interpreta a vida. E com isso, tudo faz mais sentido. Em 2016, um grande time esteve envolvido nas Paralimpíadas e cada pessoa agiu dentro da sua área à sua maneira. Tivemos a organização, os patrocinadores, apoiadores, embaixadores, atletas e a torcida. Cada qual contando os dias para assistir àquele que seria o espetáculo do ano.
Com o assunto em pauta, veio à tona algo que deveria fazer parte do dia a dia das pessoas: as diferenças. Os Jogos foram uma vitrine para que portadores de deficiência fossem representados e mostrados como pessoas fortes, inteligentes, que sabem que as melhores vitórias são aquelas que vêm após um caminho árduo. No Brasil, segundo o IBGE, cerca de 24% da população tem algum tipo de deficiência e a barreira do preconceito precisa ser rompida. Desde o início, a Profashional usa suas páginas para mostrar a beleza das diferenças, dando espaço para projetos de nanismo, Síndrome de Down, idosos, moda plus size, entre outros. Como não poderia ser diferente, há dois anos, assumiu seu papel de parceira do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), organização à frente de tudo o que tem relação com este movimento tão transformador no País e foi a partir dessa parceria e do que vimos nos Jogos que surgiu a ideia de fazer esta edição especial, para que esse movimento ganhe cada vez mais força. Este ano, a delegação brasileira superou marcas relevantes e quebrou recor-
“O EVENTO MUDOU A PERCEPÇÃO DAS PESSOAS EM RELAÇÕES AOS DESAFIOS E MOSTROU QUE NINGUÉM É SUPER-HERÓI E NINGUÉM É COITADO. SÃO TODOS HUMANOS.” MIZAEL CONRADO, VICE-PRESIDENTE DO CPB
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PARALIMPÍADAS / O LEGADO
melhor e o Brasil está avançando no campo legislativo, sendo considerado há mais de uma década o país que tem a melhor legislação das Américas, neste segmento: “Você percebe hoje as discussões sobre minorias, não só da deficiência, acontecendo de forma mais natural. A aceitação das pessoas está cada dia melhor. Nos Jogos, tivemos mais de 2 milhões de pessoas assistindo nas arenas, além das que acompanharam pela televisão, e todas elas viram um esporte de alta performance, executado por atletas que são capazes, como qualquer um. Então, por que uma pessoa com deficiência não pode estudar com o seu filho, ou ser seu amigo no dia a dia? O evento mudou a percepção das pessoas em relação aos desafios e mostrou que ninguém é super-herói e ninguém é coitado. São todos humanos”.
A UNIÃO FAZ A FORÇA
O marketing do CPB atua fortemente na busca por apoio, cavando oportunidades para que parceiros abracem a causa e se tornem disseminadores deste movimento. O desafio é romper o pre-
CLEO PIRES DURANTE CONVOCAÇÃO DOS ATLETAS PARA OS JOGOS PARALÍMPICOS 2016
FOTOS: ©DANIEL ZAPPE/ ©MARCO ANTONIO TEIXEIRA/MPIX/CPB
des históricos nos Jogos Paralímpicos Rio 2016. O destaque ficou por conta do total de medalhas conquistadas nas arenas cariocas: 72 (14 ouros, 29 pratas e 29 bronzes), o maior número de pódios do País em todas as edições. Para Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro, o resultado foi excelente: “Estamos extremamente satisfeitos com a campanha nos Jogos. Foram 72 medalhas conquistadas. Sob essa ótica, foi a nossa melhor participação. Um dos grandes objetivos era aumentar o número de medalhas no total e de modalidades no pódio. O desempenho dos atletas mostra que o trabalho foi benfeito. Nada menos do que 93 brasileiros fizeram no Rio as melhores marcas de suas vidas. A geração pós-Londres brilhou e 15 atletas (oito homens e sete mulheres) com menos de 23 anos subiram ao pódio. Isso aponta um futuro promissor do esporte paralímpico brasileiro rumo a Tóquio 2020. Ainda mais agora que contamos com um Centro de Treinamento em São Paulo que não fica nada a dever aos melhores do mundo” diz ele. Para o vice-presidente do CPB, Mizael Conrado, a sociedade está mudando para
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FOTOS: ©CEZAR LOUREIRO/ ©MARCIO RODRIGUES/MPIX/CPB
conceito, fazendo com que as pessoas conheçam o potencial dos atletas. De forma resumida, o preconceito é uma preconcepção de uma realidade que o indivíduo desconhece. Por conta disso, o papel do embaixador paralímpico é tão importante e os nomes são escolhidos a dedo: “Nossos embaixadores são dotados de uma paixão tão genuína pelo papel que representam no CPB que se sentem conectados com todos os nossos guerreiros, atletas de alta performance, que encantaram o Brasil nos Jogos Paralímpicos Rio 2016. Nós nos sentimos privilegiados ao contar com suas entregas pessoais tão profundas à nossa causa. Por isto, posso dizer com o coração em festa: Somos Todos Paralímpicos”, comemora Ana Claudia Bacellar, diretora de marketing do Comitê. A lista de embaixadores carrega nomes de peso, como Cleo Pires, Paulo Vilhena, Fernanda Lima, Rodrigo Hilbert, Ayrton Senna in memoriam, Ronaldinho Gaúcho, Flávio Canto, Nizan Guanaes, José Victor Oliva, entre outros; além disso, muitos tornam-se parceiros e apaixonam-se pela causa. Para todos, a honra de representar os atletas e mostrar seus feitos é o melhor presente que poderiam ter: “Já tinha tido contato com este universo durante um evento paralímpico na minha hípica. Quando recebi o convite para ser embaixador, aceitei na hora. Assisti a tudo de perto durante os Jogos e as minhas expectativas foram superadas. Os atletas são incríveis. Percebi que tinha ali uma missão e que todos têm aptidões diferentes, mas todos temos a aprender diariamente com eles. É um presente para mim fazer parte de tudo isso.” (José Victor Oliva – empresário)
FLÁVIO CANTO E PAULO VILHENA DURANTE A ABERTURA DOS JOGOS PARALÍMPICOS 2016
“Este foi um ano extraordinário por conta dos Jogos e tive o privilégio de acompanhar de perto as conquistas dos nossos atletas. E importante é a quebra de paradigmas que uma competição como essa traz para nós, principalmente para as novas gerações. A criança que acompanhou tudo isso olhará para uma pessoa com deficiência de uma forma diferente do que a minha geração carrega impregnado. Foi transformador, revolucionário para o movimento e carregaremos esse legado para sempre.” (Flávio Canto – ex-judoca e apresentador) “Vesti a camisa de embaixador e quero continuar o trabalho de levar essa mensagem adiante. Minha ligação com o Movimento Paralímpico virou uma paixão e admiração. Eles são exemplos e inspirações e vou sempre propagar esse sentimento.” (Paulo Vilhena – ator) “Foi uma das coisas mais emocionantes que já vivi. A forca e a garra desses atletas nos motivam. Só tenho a agradecer.” (Piny Montoro – assessora de imprensa
– que esteve ao lado da atriz Cleo Pires nos Jogos e acompanhou tudo de perto) “Foi uma experiência única, que nunca mais vou esquecer. E ver os Jogos e conviver com os atletas tão de perto me fez ter a certeza de que tudo que eu imaginava era verdade. São pessoas que fazem do problema uma oportunidade a ser superada. Quero cada vez mais trazer as pessoas para viverem o que vivi. Levei minha família e amigos aos Jogos e agora quero continuar divulgando para que cada vez mais as pessoas conheçam esses atletas e tenham eles como os ídolos inspiradores que eles de fato são. Isso pode contribuir para mais representatividade, protagonismo e integração de pessoas com deficiência.” (Cleo Pires – atriz) Os Jogos deixaram uma mensagem de igualdade, onde todos são capazes e merecem respeito. Muito foi conquistado, mas ainda temos um longo caminho a ser percorrido. Que venha uma nova era e que este movimento propague a igualdade!
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PROJETO INCLUSIVO / CIA BALLET DE CEGOS
ALMA QUE
DANÇA
NÃO É PRECISO VER PARA TRANSFORMAR PAIXÃO EM PASSOS NA PONTA DOS PÉS. O TRABALHO DE FERNANDA BIANCHINI REALIZA SONHOS
U
ma bailarina deve sempre olhar para as estrelas, ainda que não as enxergue”, é a definição simples e que faz do trabalho da bailarina Fernanda Bianchini um dos mais aplaudidos nos palcos. Fundadora da Cia Ballet de Cegos há 21 anos, ela conta que por meio dos alunos com deficiência visual, ela aprende a cada dia a fechar os olhos da visão e abrir os olhos do coração, e a partir daí ver um mundo mais bonito e com mais significado. “Atualmente, nossa estrutura nos possibilita atender até o limite de 200 alunos, dos três anos à terceira idade, e as vagas encontram-se assim destinadas: 60% a deficientes visuais, 30% a deficientes de outros tipos (motor, mental e síndromes), 10% a alunos sem deficiências para exercitarmos a inclusão às avessas”, explica Fernanda. O projeto tem ainda um toque ilimitado de formas de ensinar, onde o aprendizado é feito por meio do toque e da repetição de movimentos, caracterizado pela ‘sensibilidade artística’, é
“
um método pioneiro que se construiu a partir do conhecimento e dedicação da bailarina que, desde então, guiou centenas de deficientes a inúmeras conquistas nessas duas décadas de missão. Os braços são ensinados por meio das folhas de uma palmeira e os saltos com as bailarinas deitadas no chão. Em 21 anos de missão e enorme dedicação, reconhecidamente como um maravilhoso trabalho social, a AFB (Associação Fernanda Bianchini) já atendeu cerca de 500 pessoas com alguma deficiência. O intuito é proporcionar motivação, condições de aprendizado, amizade, busca de um sonho e, sobretudo, uma via concreta para a inclusão social. O reconhecimento dessa missão na sociedade também veio com mais de 100 troféus de premiações e dezenas de homenagens recebidas ao longo da caminhada. O objetivo? Mostrar para o mundo que tudo é possível quando se tem força de vontade e se acredita num sonho. “Hoje, nosso maior objetivo é transformar vidas e fazer todos superarem seus próprios limites”, comenta. Por isso, em breve, a instituição passará a ministrar aulas de ballet clássico para cadeirantes.
“UMA BAILARINA DEVE SEMPRE OLHAR PARA AS ESTRELAS, AINDA QUE NÃO AS ENXERGUE”, É A DEFINIÇÃO SIMPLES E QUE FAZ DO TRABALHO DA BAILARINA FERNANDA BIANCHINI UM DOS MAIS APLAUDIDOS NOS PALCOS.
FOTOS: SERGIO CARDOSO/ DIVULGAÇÃO
Por Ana Carolina Contri
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EM 21 ANOS DE MISSÃO E ENORME DEDICAÇÃO, A AFB JÁ ATENDEU CERCA DE 500 PESSOAS COM ALGUMA DEFICIÊNCIA
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z Ela é lu ILUMINADA! ESSE É O ADJETIVO PERFEITO P ARA PAOLA ANTONINI. COM APENAS 22 ANOS, A MINEIRA ESBANJA SIMPATIA E CONTAGIA A TODOS COM SUA ENERGIA QUE TRANSMITE POSITIVIDADE E AMOR PELA VIDA. NÃO É À TOA QUE TEM EM SEU INST AGRAM MAIS DE 1 MILHÃO DE SEGUIDORES FOTO RODRIGO TAKESHI STYLING JULIA MORAES BELEZA MAURO MARCOS (AMUSE-MENT) COM PRODUTOS URBAN DECAY (MAKEUP) E LOWELL (CABELOS) TRATAMENTO PREMEDIA CROP DIREÇÃO-GERAL SANDRA TESCHNER
Por Bruna Yuri Ouchi Entrevista Drica Rosa
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E
la chega para a sessão de fotos com um sorriso largo e vai de um lado para o outro conversando e contagiando todos à sua volta com sua alegria. Em visita à Profashional Editora, não foi diferente, conversou, gargalhou e até dançou. Um exemplo de superação por onde quer que vá, após acidente em que teve uma de suas pernas amputada há quase dois anos, o que era para ser um obstáculo, virou motivo para levar a vida com muito mais paixão. Na entrevista, ela nos conta que só teve motivos para agradecer quando soube sobre a sua perda, já que o mais importante foi preservado: a vida – com uma história nova e inspiradora para contar. Recentemente, chegou a ser considerada musa dos Jogos Paralímpicos Rio 2016! Para Paola Antonini, não existe tempo ruim, está sempre disposta a aprender coisas novas e nada a impede de ser feliz! Profashional em Movimento: Todo mundo que conhece sua história se contagia pela sua energia. Logo depois do acidente, o que passou pela sua cabeça? Paola Antonini: Tive um sentimento muito diferente porque, desde o princípio, quando soube o que tinha acontecido, senti muito de perto o que teria sido se perdesse minha vida. Comecei a pensar: “Meu Deus! Quase que não estou mais aqui!”. Então, a minha primeira reação foi agradecer, rezava toda noite.
“DESDE O PRINCÍPIO, QUANDO SOUBE O QUE TINHA ACONTECIDO, SENTI MUITO DE PERTO O QUE TERIA SIDO SE PERDESSE MINHA VIDA. COMECEI A PENSAR: ‘MEU DEUS! QUASE QUE NÃO ESTOU MAIS AQUI!’. ENTÃO, A MINHA PRIMEIRA REAÇÃO FOI AGRADECER, REZAVA TODA NOITE.” PAOLA ANTONINI
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PEM: E você achava que haveria algum momento em que você ia deixaria de fazer alguma coisa? Ou que seria um ritmo um pouco diferente? P.A.: Sim, era um mundo muito incerto para mim porque não conhecia pessoas próximas a mim com algum tipo de deficiência. Quando me falaram que tinha a opção de usar prótese, não sabia como era uma. Aí comecei a imaginar que era igualzinho a uma perna. Começamos a pesquisar na internet, ir aos lugares em que havia pessoas amputadas. Foquei muito em fisioterapia para poder voltar à minha vida. PEM: Quanto tempo até você experimentar a primeira prótese? P.A.: Foi bem rápido! Coloquei a prótese mais ou menos um mês depois da minha cirurgia. Mas comecei com duas muletas, né? E doía muito quando coloquei a prótese. Mas pensei: “Quero voltar a andar! Está difícil, está doendo, mas eu vou conseguir”. Aí eu insistia, ficava 24h por dia com a minha prótese, só tirava para dormir, tomar banho. Queria arrancar, mas eu não arrancava. Foi bem rápido, e um mês e meio depois eu já estava andando. PEM: Ali, você já tinha certeza de que tudo iria ficar 100% bem? P.A.: Na minha cabeça, eu tinha certeza, as pessoas próximas às vezes chegavam a falar que eu ainda não tinha caído na real, que eu estava num estado que ainda viria a tristeza, e nunca veio! São quase dois anos e realmente não veio esse sentimento. Mas quando comecei a andar, comecei a conhecer um mundo tão novo.
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“MINHA PERNA EU NUNCA IA CONSEGUIR ESCONDER, MAS SE ESCONDESSE MINHA CICATRIZ, EU ESCONDERIA A MINHA HISTÓRIA.” PAOLA ANTONINI
PEM: Você teve de recomeçar porque você reaprendeu a andar, certo? P.A.: Sim, tive de reaprender a andar, a me equilibrar. Eu, sem prótese, me equilibrava toda torta, hoje, eu consigo me equilibrar totalmente em pé sem minha prótese. Mas é um mundo totalmente novo, reaprender a andar, a descer escada, eu que andava muito rápido, tive de diminuir o ritmo. PEM: Determinação foi o fator decisivo para vencer essas etapas? P.A.: Sim, e eu foquei muito em fisioterapia, tive de trancar a faculdade para me dedicar a isso. Foram seis meses de total dedicação e tudo de maravilhoso começou a acontecer, então eu tinha certeza de que estava tudo dando muito certo. PEM: E esse mundo paralímpico? Você falou que não conhecia nada e aí eu vi você torcendo, indo de uma competição para outra... P.A.: Antes, eu não conhecia nada. E nesse tempo todo, fui conhecendo várias pessoas. A gente começa a conversar com quem também porta alguma deficiência, então conheci vários atletas virtualmente, como o Fernando Fernandes, por exemplo, porque a gente tem algo em comum. Comecei a conversar e conhecer um pouco mais e admirar. Aí, quando surgiu o convite para assistir às Paralimpíadas, fiquei muito feliz. PEM: O que aflorou? P.A.: Tudo! Foi uma emoção muito grande. Por exemplo, à natação, eu fui todos os dias e queria ir mais. É muito lindo porque têm pessoas com deficiências tão diferentes. Então, você vê pessoas que não têm a visão, outras com deficiência física fazendo coisas inimagináveis. A gente vê, por exemplo, triamputado nadando e vencendo. Eles deram um show! Fiquei tão orgulhosa. Eu queria ver tudo! Acabava, não tinha mais ingresso para eu ir, eu caçava alguém pra me dar um ingresso.
conseguia. Então, eu acho que foi lindo para as pessoas conhecerem mais, admirarem ainda mais nossos atletas. Mudar o tipo de visão, pois são atletas iguais que estão fazendo coisas sensacionais. O esporte mostra que você não precisa se limitar, não precisa parar pela sua deficiência. Então, pega a sua limitação, vai achar outras coisas que você possa fazer. Vi muitas crianças e isso faz a diferença na hora de termos pessoas melhores! Eu passo por situação com crianças todos os dias, crianças curiosas e que gritam “Pai! O que é aquilo?”, o pai muitas vezes fica sem graça e eu faço questão de falar “Vem cá, olha, você nunca viu uma perna assim?”, então você começa a apresentar um novo mundo a elas. PEM: E você deixou de fazer alguma coisa? P.A.: Eu não corro, porque não consigo com essa prótese. Não dirigi ainda desde o acidente, mas não por limitação física, mas eu fiquei com um pouco de medo por noção de espaço, mas eu quero muito. Meu próximo objetivo é tirar a habilitação. PEM: E coisas novas, fez muitas? P.A.: Tudo! Por exemplo, surfar. Foi com o CPB, eles estavam fazendo o adaptsurf na praia. E fui. Foi maravilhoso, foi muito emocionante porque eu nunca me imaginei surfando, ainda mais com a minha prótese lá dentro e deu supercerto. Tentei me arriscar no skate, mas eu só levo tombo (risos). Dança é uma coisa que eu nunca tinha feito, já tinha tentado quando era mais nova, mas eu sempre fui muito dura, muito sem jeito, mas depois do acidente, eu falei: “Ah, vou tentar, vou ver o que dá”, e foi uma coisa que eu desenvolvi, uma paixão. Sempre que dá ou que surge uma oportunidade, eu vou em frente e experimento coisas novas. PEM: Você falou uma coisa muito legal uma vez, sobre a questão da cicatriz, que é isso que conta a nossa história... P.A.: Sim, eu acho lindo e realmente gosto de falar isso. Minha perna eu nunca ia conseguir esconder, mas se escondesse minha cicatriz, eu esconderia a minha história, e acho lindo eu mostrar pelo o que eu passei. Toda marca que a gente tem mostra pelo o que a gente passou e define quem nós somos. PEM: Nessa sua visão tão positiva, o que é ser Profashional? P.A.: Acho que Profashional é inclusão! É aceitar o outro, e mais do que isso, mais do que respeito, é admirar também. Profashional é isso, todo mundo unido, todo mundo igual e não se deixar limitar pelos problemas que aparecem na nossa vida, por mais que seja deficiência, nada pode limitar a gente, então a gente tem de se adaptar, tem de fazer o que tem vontade. E também eu acho que ser Profashional é ser autêntico, é estar feliz com você mesmo, feliz com o seu corpo.
PEM: Você acredita que os Jogos mudaram a forma de pensar das pessoas? P.A.: As Paralimpíadas foram incríveis porque as pessoas conheceram mais desse universo. No início, todo mundo estava com medo, achando que os estádios ficariam vazios, e pelo contrário, lotou! O pessoal procurava ingresso e não
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BRÁS RUA DO GASÔMETRO, 493 – SÃO PAULO – SP HORÁRIO DE ATENDIMENTO DE SEGUNDA À SEXTA DAS 8:30H ÀS 17:30H SÁBADOS DAS 8:30H ÀS 14H
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VALOR ABAIXO DO MERCADO
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FICHA TÉCNICA / DANIEL DIAS
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Nome: Daniel de Faria Dias Nascimento: Campinas-SP Modalidade: Natação Principais títulos: Paralimpíadas: Ouro nos 50 m Livre, 100 m Livre, 200 m Livre, 50 m Costas, prata nos 100 m Peito, Revezamento 4 x 50 m Livre Misto, Revezamento 4 x 100 m Livre, bronze nos 50 m Borboleta e Revezamento 4 x 100 m Medley no Rio de Janeiro/ BRA (2016), ouro nos 50 m, 100 m e 200 m Livre, 50 m Borboleta, 50 m Costas e 100 m Peito em Londres (2012); ouro nos 100 m e 200 m Livre, 50 m Costas e 200 m Medley, prata nos 100 m Peito, Revezamento 4 x 50 m Medley, 50 m Borboleta e 50 m Livre, bronze no Revezamento 4 x 50 m Livre nas Paralimpíadas de Pequim (2008); Mundiais: Ouro nos 50 m Costas, 200 m Livre, 50 m Borboleta, 50 m Livre, 100 m Peito e 100 m Livre, 4 x 50 m Livre e prata nos 4 x 100 m Livre em Glasgow/ ESC (2015), ouro nos 50 m Livre, 100 m Livre, 200 m Livre, 200 m Medley, 50 m Costas, Revezamento 4 x 50 m Livre, prata nos 50 m Borboleta e no Revezamento 4 x 100 m Livre em Montreal (2013), ouro nos 50 m, 100 m e 200 m Livre, 50 m Costas, 100 m Peito, 50 m Borboleta, 200 m Medley, Revezamento 4 x 50 m Medley e prata no Revezamento 4 x 100 m Livre na Holanda (2010); três ouros e duas pratas no Mundial de Natação de Durban 2006; Parapan-Americanos: Ouro nos 100 m Livre, 50 m Borboleta, 200 m Medley, 50 m Livre, 50 m Costas, 200 m Livre, 4 x 50 m Livre Misto e 4 x 100 m Livre em Toronto/CAN (2015), ouro nos 50 m, 100 m e 200 m Livre, 50 m Borboleta, 100 m Peito, 50 m Costas, 200 m Medley e nos Revezamentos 4 x 50 m e 4 x 100 m Medley e 4 × 50 m e 4 x 100 m Livre nos Jogos Parapan-Americanos de Guadalajara (2011); oito ouros nos Jogos Parapan-Americanos do Rio 2007.
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Competir em casa, junto da esposa, dos filhos, pais, amigos e daquela torcida fantástica, foi maravilhoso. Não tem palavras para descrever a emoção sentida. Como legado, espero ter ficado o respeito da sociedade às pessoas com deficiência e ao esporte paralímpico. Daniel Dias
DANIEL DIAS
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ma das maiores referências da natação paralímpica, Daniel antes tinha o sonho de ser baterista, mas sua dedicação e força de vontade o levaram às piscinas, transformando-o no detentor do recorde mundial nas provas de 100 m e 200 m Livre, 100 m Costa e 200 m Medley e recordista nos Jogos Parapan-americanos com oito medalhas de ouro. Nas Paralimpíadas Rio 2016, conquistou nove medalhas e mostrou toda sua garra nas raias. Daniel teve um nascimento prematuro e com má formação congênita dos membros superiores e perna direita, desde pequeno teve de se adaptar e enfrentar obstáculos com garra. Aos três anos de idade, precisou passar por uma cirurgia para utilizar próteses. A natação entrou em sua vida aos dezesseis anos e teve como inspiração o atleta Clodoaldo Silva, que na época competia nas Paralimpíadas de 2004, em Atenas. Além da extensa lista de recordes mundiais e conquistas, Daniel tem uma história de superação e mudanças que inspira tantos outros jovens, mostrando que por meio da força de vontade é possível vencer qualquer limitação.
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FICHA TÉCNICA / SILVÂNIA COSTA
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Já se passaram muitos dias e a sensação que tenho é como se estivesse no primeiro dia da competição. Sinto cada emoção e fico alegre de saber que você, julgada muitas vezes como incapaz, estava lá representando o nosso País. Pude subir no pódio e cantar o hino e esse momento eu levarei para o resto da vida. Silvânia Costa
FOTOS: © MARCIO RODRIGUES/ © DANIEL ZAPPE/ MPIX/CPB
Nome: Silvânia Costa de Oliveira Nascimento: Três Lagoas-MS Modalidade: Atletismo Principais títulos: Paralimpíadas: Ouro no Salto em Distância no Rio de Janeiro/BRA (2016); Campeonato Mundial: Ouro no Salto em Distância em Doha/EAU (2015); Parapan-Americanos: Ouro no Salto em Distância em Toronto/CAN (2015).
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SILVÂNIA
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uro no salto em distância feminino da Classe T11, para deficientes visuais, nas Paralímpiadas Rio 2016, Silvânia mostrou que é merecedora do título de recorde mundial. O encontro com o esporte foi em um momento difícil, a decisão de começar a correr foi tomada aos 19 anos para conseguir dinheiro para comprar o leite da filha, então com dois anos de idade. Irmã de Ricardo Costa, que também é medalhista de ouro como velocista, Silvânia permaneceu como corredora apenas por necessidade. Realizou provas ao redor do Brasil ao lado de Ricardo e de outro irmão deficiente visual, isso tudo até ser descoberta pelo Comitê Paralímpico Brasileiro, quando descobriu o salto em distância. A atleta, que tem cerca de 2% de sua visão, sofre de uma doença congênita que causou a perda gradual da possibilidade de enxergar a partir dos 10 anos de idade. Sua filha é portadora da mesma doença e é destaque em competições escolares de atletismo. Desde que passou a se dedicar ao esporte, Silvânia descobriu a importância de lutar por suas vitórias e aprender com qualquer derrota, tirando disso força para continuar e mostrar que para ela não existem limitações.
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FICHA TÉCNICA / PETRÚCIO FERREIRA
FERREIRA
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sain Bolt é o grande ídolo desse atleta que subiu ao pódio dos 100 m T47 na categoria amputados durante as Paralímpiadas Rio 2016 e terminou a prova em 10s57, melhorando em dez centésimos o recorde que ele mesmo havia batido. Nascido em São José do Brejo do Cruz, cidade no interior da Paraíba, Petrúcio sofreu uma amputação aos dois anos de idade. O acidente aconteceu em uma máquina de triturar cana de açúcar, que mesmo ao ser desligada pelo pai, teve força para feri-lo gravemente. O atleta foi um apaixonado por futebol na infância, mas as explosões nas arrancadas chamaram a atenção de um professor de educação física. O velocista transformou seu amor pelo atletismo em responsabilidade de se manter sempre focado em conquistar todos seus objetivos.
Nome: Petrúcio Ferreira dos Santos Nascimento: São José do Brejo do Cruz-PB Modalidade: Atletismo Principais títulos: Paralímpiadas: Ouro nos 100 m, prata nos 400 m e Revezamento 4 x 100 m no Rio de Janeiro/BRA (2016); Parapan-Americanos: Ouro nos 100 m e 200 m em Toronto/CAN (2015); Parasul-Americanos: Ouro nos 100 m e 200 m em Santiago/CHI (2014); Open: Ouro nos 100 m e 200 m em São Paulo/BRA (2015).
A emoção de participar dos Jogos do Rio é quase inexplicável. Foi um momento único: a primeira vez que participei dos Jogos, representei em casa e conquistei três medalhas. Petrúcio Ferreira
FOTOS: © MARCELO REGUA/MPIX/CPB
PETRÚCIO
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JOVANE GUISSONE / FICHA TÉCNICA
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Nome: Jovane Silva Guissone Nascimento: Barros Cassal-RS Modalidade: Esgrima em Cadeira de Rodas Principais títulos: Paralimpíadas: Ouro na Espada em Londres (2012); Copas do Mundo: Prata na Espada em Eger/HUN (2016), prata na Espada em Hong Kong/CHN (2015), prata na Espada em Varsóvia/POL (2015), bronze na Espada em Pisa/ITA (2015), bronze na Espada e no Florete em Montreal/CAN (2015), Regional das Américas: Ouro na Espada e no Florete em Montreal/CAN (2015); Campeonato Brasileiro: Ouro na Espada, no Florete e por Equipe em São Paulo/SP (2015); Copa Brasil: Ouro na Espada, no Florete e por Equipe em Curitiba/PR (2015), ouro na Espada A e B, no Florete B, Espada por Equipe e prata no Florete A em Belo Horizonte/MG (2015).
JOVANE FOTOS: © MARCO ANTONIO TEIXEIRA/ © ALEXANDRE URCH/ MPIX/CPB
GUISSONE
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rimeiro medalhista internacional brasileiro na esgrima em cadeira de rodas com a medalha de bronze na Copa do Mundo do Canadá em 2011, e atualmente no topo do ranking mundial da esgrima paralímpica na categoria B Espada, Jovane Guissone persistiu e decidiu viver, mesmo após uma grande batalha em sua vida. Sua história começou a mudar em 2004, quando reagiu a um assalto e levou um tiro que se alojou em sua coluna, a partir daí, o menino que passou toda a infância ajudando a família na colheita de fumo ao lado de quatro irmãos e uma irmã teve de encontrar forças para encarar a nova condição e vencer. Após um ano de fisioterapia, o atleta chegou a praticar basquete em cadeira de rodas, mas foi na esgrima que encontrou sua motivação e paixão, como o convite do amigo e esgrimista Fábio Damasceno. Muito treino e seriedade o transformaram em um atleta de primeira, com mãos próprias para ganhar qualquer batalha dentro e fora da pista de esgrima.
O esporte é essencial na vida de qualquer pessoa. Independente do esporte, todos deveriam ser de certa forma ‘atletas’, pois ajuda tanto fisicamente como mentalmente. Jovane Guissone
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FICHA TÉCNICA / VERÔNICA HIPÓLITO
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inônimo de luta, a atleta tem uma longa história com esporte. Praticante desde a infância, a velocista se tornou atleta paralímpica após enfrentar um Acidente Vascular Cerebral em 2011, que deixou o lado direito do seu corpo paralisado. Competindo na categoria 400 m T38 feminino (classe para pessoas com paralisia cerebral), Verônica começou a praticar esportes aos 10 anos de idade, na época se dedicava ao judô, porém aos 12 anos, em uma visita ao ginecologista, descobriu um tumor no cérebro, e mesmo após uma cirurgia, ela teve de largar o esporte. Foi na corrida que ela encontrou uma forma de voltar à ativa, mesmo depois de sofrer o AVC em 2011. Verônica é tão iluminada pela sua garra e força, que competiu nas Paralimpíadas 2016 com um tumor no cérebro e levou duas medalhas. Com o lema de manter a cabeça firme, Verônica é estrela no que se propõe a fazer e sabe que o trabalho duro de todos os paratletas será recompensado com reconhecimento, provando que são atletas de alto rendimento prontos para superar qualquer obstáculo.
Foi sensacional. Pude competir nas minhas primeiras Paralimpíadas, conquistando duas medalhas e no meu país. Com todos torcendo e gritando o meu nome. Eu esperava algo divertido e grande, mas foi muito mais do que eu pensei. Verônica Hipólito
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FOTOS: ©DANIEL ZAP/ ©MARCIO RODRIGUES ©WASHINGTON ALVES/MPIX/CPB
Nome: Verônica Silva Hipólito Nascimento: São Bernardo do Campo-SP Modalidade: Atletismo Principais títulos: Paralimpíadas: Prata nos 100 m e bronze nos 400 m no Rio de Janeiro/BRA (2016); Mundial: Ouro nos 200 m e Prata nos 100 m em Lyon/FRA (2013); Parapan-Americanos: Ouro nos 100 m, 200 m e 400 m e prata no Salto em Distância em Toronto/CAN (2015; Parasul-Americanos: Ouro nos 100 m, 200 m e Salto em Distância em Santiago/CHL (2014); Parapan-Americanos de Jovens: Ouro nos 100 m, 200 m e Salto em Distância em Buenos Aires/ARG (2013); Open: Ouro nos 200 m e 400 m em São Paulo/ BRA (2015), ouro nos 100 m, 200 m e 400 m em São Paulo/BRA (2014); Ouro nos 100 m e 200 m em Berlim/DEU (2014); Meeting: 3º Lugar Geral nos 100 m e 200 m em Paris/FRA (2014).
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FICHA TÉCNICA / CLODOALDO SILVA
Nome: Clodoaldo Francisco da Silva Nascimento: Natal-RN Modalidade: Natação Principais títulos: Paralimpíadas: Prata no Revezamento 4 x 50 m Livre Misto no Rio de Janeiro/BRA (2016), prata no Revezamento 4 x 50 m Medley e bronze no 4 x 50 m Livre em Pequim/CHN (2008), ouro nos 50 m Livre, 100 m Livre, 200 m Livre, 150 m Medley, 50 m Borboleta, Revezamento 4 x 50 m Medley e prata no Revezamento 4 x 50 m Livre em Atenas/GRE (2004), prata nos 100 m Livre, Revezamento 4 x 50 m Livre, 4 x 50 m Medley e bronze nos 50 m Livre em Sydney/AUS (2000); Mundial: Ouro no Revezamento 4 x 50 m Livre Misto em Glasgow/GBR (2015), ouro no Revezamento 4 x 50 m Misto Livre em Montreal/CAN (2013), ouro no Revezamento 4 x 50 m Medley em Eindhoven/HOL (2010) ouro nos 50 m Livre, 150 m Medley e bronze no Revezamento 4 x 100 m Livre em Durban/ZAF (2006); Parapan-Americanos: Ouro no Revezamento 4 x 50 m Misto Livre, prata nos 100 m Livre, 200 m Livre e 4 x 100 m Livre em Toronto/CAN (2015), ouro no Revezamento 4 x 50 m Livre, 4 x 50 m Medley, prata nos 50 m Livre, 100 m Livre, 200 m Livre e 50 m Borboleta em Guadalajara/MEX (2011), ouro nos 50 m Livre, 100 m Livre, 200 m Livre, 50 m Peito, 50 m Borboleta, 150 m Medley, Revezamento 4 x 50 m Livre e prata nos 50 m Costas no Rio de Janeiro/ BRA (2007), ouro nos 50 m Livre, 100 m Livre, 50 m Borboleta, 150 m Medley e 4 x 50 m Livre em Mar del Plata/ARG (2003).
FOTOS: © CEZAR LOUREIRO/ © GUTO MARCONDES/ CPB/MPIX
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CLODOALDO
SILVA A
pelidado de Tubarão Paralímpico, Clodoaldo nasceu em Natal e desde sempre aprendeu a mostrar que não existem limitações para quem acredita. Atleta da natação brasileira, ele teve paralisia cerebral por falta de oxigênio durante o parto, o que afetou os movimentos das pernas e lhe trouxe uma pequena falta de coordenação motora. E foi por meio de um processo de reabilitação que esse gigante das águas teve contato com o esporte aquático. E daí em diante, foram apenas conquistas dentro e fora do pódio, com três medalhas de ouro em um campeonato brasileiro em 1998 e em 2000 quando participou de sua primeira Paralímpiada, com três medalhas de prata e uma de bronze. Atualmente, tem em seu quadro 14 medalhas em Paralímpiadas, sendo seis de ouro. Até os Jogos de Pequim-2008, Clodoaldo era da classe S4, atualmente foi reclassificado para a classe S5. Um dos maiores medalhistas do Brasil, ele surpreende pelo seu alto desempenho e determinação, não é à toa que atletas paralímpicos da nova geração têm o nadador como ídolo. Prova de todo seu sucesso foi a indicação ao Prêmio Laureus, em 2005, e do troféu de melhor paralímpico do mundo dado pelo Comitê Paralímpico Internacional. Além disso, O Comitê Olímpico Brasileiro concedeu ao atleta o Troféu Hors Concours, a maior honraria do Prêmio Brasil Olímpico. Conquistador de títulos, medalhas e homenagens, Clodoaldo é exemplo de vida e faz do seu sucesso um trampolim para ajudar crianças e adolescentes no Instituto Clodoaldo Silva.
Participar daquela festa como eu nunca tinha participado e acender a pira, protagonizando o momento mais aguardando dos Jogos, foi emocionante. Pude mostrar a questão da acessibilidade e provar que podem ter degraus na vida, mas onde tiver degraus e rampas, as pessoas com e sem deficiência conseguem chegar juntas. Clodoaldo Silva
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FICHA TÉCNICA / YOHANSSON NASCIMENTO
YOHANSSON NASCIMENTO
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Nome: Yohansson do Nascimento Ferreira Nascimento: Maceió-AL Modalidade: Atletismo Principais títulos: Paralimpídas: Prata no Revezamento 4 x 100 m e bronze nos 100 m no Rio de Janeiro/BRA (2016), ouro nos 200 m e prata nos 400 m em Londres/GBR (2012); prata no Revezamento 4 x 100 m e bronze nos 100 m em Pequim/CHI (2008); Mundial: Ouro nos 200 m e prata nos 100 m em Doha/QAT (2015), ouro nos 200 m, prata no Revezamento 4 x 100 m e bronze nos 100 m em Lyon/FRA (2013), ouro nos 100 m, prata nos 200 m e bronze no Revezamento 4 x 100 m em Christchurch/NZL (2011); Parapan-Americanos: Prata nos 200 m e bronze nos 100 m em Toronto/CAN (2015), ouro nos 100 m e 200 m e bronze nos 400 m em Guadalajara/MEX (2011), ouro nos 100 m, 200 m e 400 m no Rio de Janeiro/BRA (2007); Open: Ouro nos 400 m, prata nos 200 m e bronze nos 100 m em São Paulo/BRA (2015), ouro nos 100 m e 200 m em Berlim/FRA (2014); Grand Prix: Ouro nos 100 m e prata nos 200 m no Arizona/EUA (2014); Meetings: 4º lugar geral nos 200 m de Paris/FRA (2014).
Acredito que estes Jogos deixarão um legado grande na cultura esportiva do País, que soubecom mais força que o esporte brasileiro vai além do futebol. YohanssonNascimento
FOTOS: DIVULGAÇÃO CPB
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le nasceu pronto para se tornar um dos velocistas mais queridos da torcida brasileira, não é à toa que a cada conquista, milhares de pessoas vibram por sua felicidade e dedicação. Yohansson nasceu sem as duas mãos, mas nada impediu que esse alagoano se encontrasse no atletismo quando tinha apenas 17 anos. Grande destaque das provas, ele representou o Brasil pela primeira vez nos Jogos Paralímpicos de Pequim, em 2008, onde conquistou a medalha de prata no Revezamento 4 x 100 m e uma medalha de bronze nos 200 m rasos. O grande momento veio em Londres, onde conquistou seu primeiro ouro nos 200 m rasos e prata nos 400 m rasos. Grande esperança das Paralimpíadas do Rio, Yohansson não decepcionou, estava no pódio com sua medalha de bronze nos 100 m rasos da classe T47 do atletismo e prata no revezamento 4 x 100 m. Foi em um dia comum na cidade de Maceió que encontrou a oportunidade no esporte, tudo por meio de um convite da ex-treinadora, Valquíria Campelo. Sem pretensão nenhuma, ele se tornou um atleta de primeira, que estabelece metas e cresce cada vez mais na sua modalidade. E não para por aí, ele também emociona! Nos Jogos Paralímpicos de Londres, surpreendeu o público e a família ao pedir sua namorada em casamento, e na final dos 100 m, emocionou ao caminhar com dificuldade para ultrapassar a linha de chegada. Para ele, o ano de 2016 tornou-se inesquecível: “Participar dos Jogos no Brasil foi uma imensa alegria. Foi incrível poder correr tendo a minha família assistindo de perto, além da minha torcida. Acredito que estes Jogos deixarão um legado grande na cultura esportiva do País, que soube com mais força que o esporte brasileiro vai além do futebol, tendo força em outras modalidades também” comemora.
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ALAN FONTELES / FICHA TÉCNICA
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le deixou um estádio inteiro em silêncio após vencer, nas Paralimpíadas de Londres em 2012, o melhor do mundo na prova dos 200 metros rasos, o velocista Oscar Pistorius. Alan Fonteles impressiona quando o assunto é fazer o que ele mais gosta: correr. E claro, sua alegria e bom humor em tudo que faz são contagiantes. Paraense, da cidade de Marabá, Alan teve uma infecção geral no organismo, aos 21 dias de vida, o que provocou a amputação de suas duas pernas acima do joelho. E foi no esporte, aos oito anos de idade, que ele pode mostrar que nada poderia abatê-lo. Com inspiração em alguns amigos próximos que praticavam atletismo e no grande ídolo Robson Caetano, a decisão pelo esporte foi fácil. Treinos e mais treinos selaram sua paixão por correr. Sua força de vontade sempre foi maior que suas limitações, e assim, das dificuldades na adaptação com a prótese até os primeiros passos largos em busca da vitória, ele mostrou que seu caminho é só de sucesso.
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FOTOS: © FERNANDO MAIA/ © BUDA MENDES/MPIX/CPB
Nome: Alan Fonteles Cardoso de Oliveira Nascimento: Marabá-PA Modalidade: Atletismo Principais títulos: Paralimpíadas: Prata no Revezamento 4 x 100 m no Rio de Janeiro/BRA (2016), ouro nos 200 m em Londres/GBR (2012), prata no Revezamento 4 x 100 m em Pequim/CHI (2008); Mundiais: Prata nos 200 m e bronze nos 100 m em Doha/QAT (2015), ouro nos 100 m, 200 m e 400 m e prata no Revezamento 4 x 100 m em Lyon/FRA (2013), bronze nos 100 m em Christchurch/NZE (2011); Parapan-Americanos: Ouro nos 200 m e prata nos 100 m em Toronto/CAN (2015), prata nos 200 m e bronze nos 100 m em Guadalajara/MEX (2011); Prêmio Brasil Paralímpico: Melhor Atleta Masculino (2012), Melhor Atleta de Atletismo (2012 e 2013).
Dar a volta por cima é incrível. Significa superar os desafios. Entender que somos capazes mesmo que as pessoas não acreditem mais em você. É tirar a força, a coragem e, principalmente, a vontade de fazer. Alan Fonteles
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FICHA TÉCNICA / TEREZINHA GUILHERMINA
#GUERREIROSPARALÍMPICOS
Nome: Terezinha Aparecida Guilhermina Nascimento: Esmeraldas-MG Modalidade: Atletismo Principais títulos: Paralimpíadas: Prata no Revezamento 4 x 100 m e bronze nos 400 m no Rio de Janeiro/BRA (2016), ouro nos 100 m e 200 m em Londres/GBR (2012), ouro nos 200 m, prata nos 400 m e bronze nos 100 m em Pequim/CHI (2008), bronze nos 400 m em Atenas/GRE (2004); Mundial: Prata nos 200 m e 400 m em Doha/QAT (2015), ouro nos 100 m, 200 m e 400 m em Lyon/FRA (2013), ouro nos 100 m, 200 m, 400 m e Revezamento 4 x 100 m em Christchurch/NZL (2011); ouro nos 200 m e prata nos 100 m e 400 m em Assen/HOL (2006); Parapan-Americanos: Ouro nos 100 m, 200 m e 400 m em Toronto/CAN, ouro nos 100 m, 200 m e 400 m em Guadalajara/MEX (2011); ouro nos 100 m e 200 m e prata nos 400 m no Rio de Janeiro/BRA (2007); Open: Ouro nos 100 m, 200 m e 400 m em São Paulo/BRA (2015), ouro nos 100 m e 200 m em Berlim/ALE (2014); Grand Prix: Ouro nos 100 m e 200 m em Dubai/EAU (2014); Meetings: 2º lugar geral nos 100 m e 200 m de Paris (2014), ouro nos 200 m no Rio de Janeiro/BRA (2007).
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TEREZINHA GUILHERMINA
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FOTOS: © MARCIO RODRIGUES/ © DANIEL ZAPPE/ MPIX/CPB
ecordista mundial nas provas de 100, 200 e nos 400 metros rasos, Terezinha tem 250 medalhas conquistadas e é uma guerreira que está sempre em busca de se aperfeiçoar cada vez mais. Nascida com retinose pigmentar, doença congênita que provoca a perda gradual da visão, a atleta encontrou diversas barreiras até chegar ao topo. Quando despertou o desejo em se tornar uma velocista, teve de optar pela natação, afinal, para correr, era preciso um tênis adequado, mas o maiô para nadar ela já tinha. Foi a irmã dela que conseguiu emprestar um par de tênis e permitir que ela se tornasse a mais rápida velocista da história. Depois de quebrar o recorde mundial na prova de 100 metros rasos e faturar medalha de ouro nas Paralimpíadas de Londres, em 2012, Terezinha entrou para o Guinness Book – o livro dos recordes – como a mulher cega mais rápida do mundo. Sem nunca se conformar com qualquer situação, Terezinha permanece lutando e alcançando cada vez mais vitórias em sua vida.
Considero o esporte no movimento paralímpico de extrema importância para tornar as habilidades das pessoas com deficiência conhecidas e reconhecidas, já que por meio do esporte, conseguimos alcançar lugares e pessoas que às vezes são difíceis. Terezinha Guilhermina
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PROJETO INCLUSIVO / A MODA ESTÁ EM BAIXA
PEQUENOS DETALHES ELES FAZEM A DIFERENÇA NO PROJETO “A MODA ESTÁ EM BAIXA” E DEMOCRATIZAM O MERCADO FASHION DE FORMA ÚNICA
Valorizar a beleza dos corpos e suas diferentes formas e cores é o que motiva o projeto “A moda está em baixa – pela democracia dos corpos”, que surgiu como um manifesto em 2008 e trabalha com modelos com nanismo. Tudo começou com uma performance na Avenida Paulista, em São Paulo, no Dia Internacional da Pessoa com Deficiência. Encabeçado por Carina Casuscelli, o movimento teve destaque na mídia e mostrou que podia ser mais que uma proposta de um dia, era importante continuar a dar visibilidade para mulheres e homens com nanismo no mercado da moda. “Comecei a desenvolver performances e a aplicar a moulage para mulheres com nanismo ainda quando era estudante de moda, em 2001. O tema do meu TCC foi democracia dos corpos, e minhas modelos contemplavam a diversidade da beleza da mulher gordinha, anoréxica, com gigantismo e nanismo, foi um sucesso!”, comenta Carina. A moda inclusiva vem ganhando cada vez mais espaço, mas nem sempre foi assim, por isso, o projeto enfrentou diferentes obstáculos e entre críticas e pedras no caminho, se tornou referência para pessoas que, assim como qualquer outra, também querem estar inseridas no mercado fashion. “As pessoas com nanismo são as mais segregadas na moda, na arte e estão quase sempre em projetos de humor duvidoso ou projetos que diminuem sua autoestima, principalmente das mulheres. Desde o início de 2000, vi que, no mercado brasileiro, não havia nenhuma publicação, nenhum projeto artístico ou de moda que mostrasse toda a beleza e o potencial das meninas, por isso, fico feliz de ter contribuído com diversos projetos de estudantes de todo o Brasil e pela inclusão de mulheres maravilhosas na moda e na arte”, fala Carina. Para fazer dar certo, a cada “Pocket Fashion Show”, editorial de moda ou ação performática, são convidados fotógrafos, designers de estampas, videomakers e modelos com nanismo que querem ter a oportunidade de desfilar, além de casting e colaboradores que estão no projeto desde que surgiu. Pessoas que, assim como nós, acreditam que a moda pode ser algo muito maior e acessível.
FOTOS: CARLOS IRINEU
Por Ana Carolina Contri
“AS PESSOAS COM NANISMO SÃO AS MAIS SEGREGADAS NA MODA, NA ARTE E ESTÃO QUASE SEMPRE EM PROJETOS DE HUMOR DUVIDOSO OU PROJETOS QUE DIMINUEM SUA AUTOESTIMA, PRINCIPALMENTE DAS MULHERES.” CARINA CASUSCELLI
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GOOD
VIBE
A FAMA DE BAD BOY V AI POR ÁGUA ABAIXO QUANDO CONHECEMOS O EMBAIXADOR PARALÍMPICO PAULO VILHENA. BOM MOÇO, COM UM SORRISO MAROTO E JEITO DE MENINO, O ATOR MOSTRA QUE, ALÉM DO TALENTO, O QUE TEM DE SOBRA É UM CORAÇÃO SEDENTO POR AÇÕES DO BEM! ELE É PROFASHIONAL.
FOTO LEO FARIA STYLING JULIA MORAES BELEZA MAURO MARCOS (AMUSE-MENT) COM PRODUTOS URBAN DECAY (MAKEUP) E LOWELL (CABELOS) TRATAMENTO PREMEDIA CROP DIREÇÃO-GERAL SANDRA TESCHNER
Por Drica Rosa
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CAMPANHA PARA OS JOGOS PARALÍMPICOS
le chega de óculos escuros, jaqueta de couro e seu fiel companheiro Zacarias, o Zaca, um buldog francês. Em pouco tempo, o lugar é tomado por uma energia única e em segundos, Paulinho – não tem como chamá-lo de outra forma – faz vídeos para seu Instagram, tira selfies com a equipe e gargalha enquanto está sendo preparado pelo maquiador Mauro Marcos. Naquele momento, entendo porque ele foi escolhido para ser um embaixador paralímpico. Mesmo com jeitão de rapaz rebelde, atrai olhares e transforma tudo em festa. E foi assim durante a sessão de fotos com ele no Centro de Treinamento Paralímpico em São Paulo. Clicado pelo queridinho das celebridades quando o assunto é street style, Leo Faria, Paulo opinou, posou e bateu um longo papo sobre essa sua nova função, que se tornou um presente para a vida.
VILHENA É DO BRASIL
FOTOS: ©DANIEL ZAPPE/MPIX/CPB/ DIVULGAÇÃO AFRICA
Para a maioria da população, o ano de 2016 tem duas cores: verde e amarelo! Depois dos Jogos Olímpicos, o movimento Paralímpico chegou ao Rio de Janeiro conquistando os corações e as torcidas. A diversidade tornou-se somente um detalhe em meio às quadras, pistas, piscinas e, principalmente, aos pódios. O ator foi chamado, junto com Cleo Pires, para exercer o papel de embaixador. Se buscarmos o significado da palavra no dicionário, nos deparamos com “a categoria mais importante ou o grau mais elevado da pessoa que representa o Estado”. No seu caso, seria representar uma classe de atletas e pessoas com deficiência, mostrando cada detalhe de um universo que muitos desconhecem. Honrado com o convite, abraçou a causa com força: “O Movimento Paralímpico se tornou o meu maior presente, no sentido de tempo, pois eu passei a ler, pesquisar e me aprofundar. E no sentido do ganho, estou tendo a oportunidade de vivenciar histórias inspiradoras e motivadoras, que levarei comigo para sempre”, revela.
ANDREW PARSONS PRESIDENTE DO CPB ENTRE PAULO VILHENA E CLEO PIRES
“SOU UM NOVO PAULO VILHENA E VOU USAR O FATO DE EU SER UMA FIGURA PÚBLICA PARA MANTER O INTERESSE DAS PESSOAS NO UNIVERSO PARALÍMPICO, MOSTRANDO QUE TUDO ISSO É UMA AÇÃO SOCIAL, NO SENTIDO LITERAL DA PALAVRA. E TUDO ISSO, BEM REPERCUTIDO, SALVA VIDAS!”
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PAULO VILHENA
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AQUELE MOMENTO NA ABERTURA DOS JOGOS PARALÍMPICOS QUE MERECE SER ETERNIZADO: PAULO VILHENA, LARISSA MOROVISKI, JHAMA, SANDRA TESCHNER, ANA BACELLAR, FLAVIO CANTO, ALICE BENTO, CLEO PIRES, GLORIA PIRES, ORLANDO MORAIS E DUDU BERTOLINI
Profashional em Movimento: O que mais te tocou quando veio o convite para ser um Embaixador Paralímpico? Paulo Vilhena: Sempre tive uma paixão e admiração por esse pessoal, mas não sabia como me envolver. Quando veio o convite e comecei a vivenciar de perto, percebi que essas pessoas, com tanta dificuldades, servem de inspiração. Eles são exemplos diários. Percebi que meu papel era mostrar isso, me envolver sentimentalmente e viver cada conquista. Impossível não se emocionar com as histórias. PEM: E o legado, fica para todos, os com deficiência e os sem deficiência, certo? PV.: Com certeza! A gente se inspira, emociona e vai além: o povo brasileiro é muito sofrido e você vê que essa galera, por tudo o que passa, está aí com força, dedicação, raça e levando o nome do País para longe. Isso mostra que as barreiras existem para todos e são superáveis. Temos problemas, reclamamos, mas, com essas histórias, percebemos que precisamos sempre seguir em frente, se reinventar e seguir sorrindo, de forma leve. É mágico tudo isso. Aqui, tem um cara feliz de poder viver de perto e passar isso para frente!
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“VI NOS JOGOS UM RESGATE DE VALORES E ISSO FORMA UMA SOCIEDADE.VOCÊ TER CRIANÇAS VENDO ESSAS DIFERENÇAS É INCRÍVEL, POIS NINGUÉM ESTÁ LIVRE DE ESTAR ALI, POR CONTA DE UM ACIDENTE, DOENÇA ETC.” PAULO VILHENA
PEM: Antes deste envolvimento com o CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro), você já tinha tido algum contato próximo com alguém portador de necessidades especiais? PV.: Sim, convivi muito com o irmão de um grande amigo, portador de Síndrome de Down. Cresci percebendo que a deficiência no outro acaba tornando-se algo natural, onde ele precisava de ajuda, alguém estava lá para ajudar de forma simples e tranquila. E é assim com uma idosa atravessando a rua,
com o meu cachorro na hora de passear. Temos de assimilar o que precisamos fazer por meio da nossa ação. Precisamos viver isso e não julgar se é algo diferente do comum. Minha mãe teve uma osteomielite que a impediu de caminhar com facilidade e precisou de ajuda e isso também me trouxe uma nova percepção das limitações, pois todos têm alguma, elas só são diferentes. PEM: E neste período, com a sua mãe com mobilidade reduzida, você se deparou com a falta de acessibilidade? PV.: Sim. As pessoas querem ter acesso a um museu, cinema, farmácia, supermercado e não temos isso de forma sociocultural. As autoridades precisam olhar para isso de forma mais relevante. Sabemos que muito é feito, mas ainda estamos longe do ideal e isso é urgente, preciso e indispensável. PEM: Falando sobre as competições. O que mais te chamou a atenção? PV.: Com certeza, a natação; é inacreditável! Eu surfo e sempre usei a natação para praticar esse esporte e é inacreditável ver um cara que não tem um braço, tem parte do outro, não ter uma perna e ser um recordista em medalhas, é impres-
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sionante, porque eles não têm o que para nós seria o básico para nadar, braços e pernas e eles vão lá e nadam muito!
FOTOS: ©DANIEL ZAPPE/ ©CEZAR LOUREIRO/MPIX/CPB/ REPODUÇÃO FACEBOOK
O PODER DA DIVERSIDADE
Diferenças estão diante de nós diariamente e isso foi algo que o ator fez questão de falar durante a entrevista. “Nas competições, era nítido que muitos chegavam ao Parque Olímpico para ver pessoas com dificuldades se superando e, no decorrer das provas, deixavam de lado qualquer sentimento de ‘pena’ para torcer por atletas de alta performance. Além disso, estavam ali para acompanhar um dos maiores eventos esportivos do mundo”, conta o ator, que acompanhou de perto tudo nas duas semanas de prova. Fazendo um comparativo com as Olimpíadas, Paulinho conta que chamou muito a sua atenção a quantidade de crianças e idosos que circulavam nas Paralimpíadas. “Vi nos Jogos um resgate de valores e isso forma uma sociedade. Você ter crianças vendo essas diferenças é incrível, pois ninguém está livre de estar ali, por conta de um acidente, doença etc. Por isso, acho que a campanha que fiz com a Cleo Pires foi tão importante, afinal é algo muito comum de acontecer, podia ser eu, podia ser você. Muitos atletas paralímpicos estão ali por uma consequência da vida, com um acidente, um assalto, por exemplo.” Com a grande repercussão da campanha, parte positiva e parte negativa, Vilhena pensou em como se pronunciar: “Fiquei muito tempo pensando em como me justificar, mas aí eu percebi que não tinha que justificar nada. Sou um ator e posso representar quem ou o que eu quiser. A campanha era incrível, a causa era nobre e o objetivo foi alcançado; conseguimos a atenção de todos e a venda dos ingressos teve um boom. Agora, isso faz parte da minha vida. Sou um novo Paulo Vilhena e vou usar o fato de eu ser uma figura pública para manter o interesse das pessoas no universo paralímpico, mostrando que tudo isso é uma ação social, no sentido literal da palavra. E tudo isso, bem repercutido, salva vidas!”, conta. É isso aí, amigo. Você é do bem, se preocupa com o próximo e gosta de estar sempre gargalhando, e é por isso que o mundo continuará sorrindo para você!
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“O MOVIMENTO PARALÍMPICO SE TORNOU O MEU MAIOR PRESENTE, NO SENTIDO DE TEMPO, POIS EU PASSEI A LER, PESQUISAR E ME APROFUNDAR. E NO SENTIDO DO GANHO, ESTOU TENDO A OPORTUNIDADE DE VIVENCIAR HISTÓRIAS INSPIRADORAS E MOTIVADORAS, QUE LEVAREI COMIGO PARA SEMPRE”. PAULO VILHENA
COMO EMBAIXADOR PARALÍMPICO CONDUZINDO A TOCHA, ANTES DO INÍCIO DOS JOGOS
NA CONVOCAÇÃO DOS ATLETAS PARA OS JOGOS, VILHENA FEZ QUESTÃO DE REFORÇAR O FAMOSO #TAMUJUNTO
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ELE POR ELA
EM PELE DE LOBO Por Sandra Teschner
FOTO: LEO FARIA
A
primeira imagem que me vem à mente para descrever Paulinho Vilhena é a do bom moço. Bom filho, bom irmão, amigo dos bons! Daqueles que todos deveriam experimentar o prazer de ter na vida. Cuidadoso, sensível, amoroso, dedicado. Chora, se arrepia, sorri com a alma exposta, canta, dança, brinca de viver. Seria, com as pessoas certas ao seu lado, provavelmente, feliz em qualquer lugar, pois quer das horas a essência do belo, dos encontros de almas afins. Diverte-se com o que para muitos seria pouco, não quer o poder dominante, mas a indizível sensação de estar feliz em sintonia com seus amados e a natureza, de preferência aquela que contempla o mar, o Sol e uma Lua sorrateira. Se ela chegar e partir sem avisar, então, ele se encanta! Prefere os acontecimentos fortuitos e vê simbolismo neles. Acredita na magia de cada instante e em suas mensagens subliminares. Prefere as entrelinhas ao óbvio contexto de frases previsíveis que a tantos agradam. Embaixador paralímpico, é exemplar em seu papel. Põe a mão na massa, costura as pontas, se entrega, carrega se necessário for. Jamais esquecerei o primeiro dia que passamos inteiro juntos e o carinho indizível que teve com a Dudinha Salles. Minha pequena protegida, é uma linda menina biamputada de quatro aninhos, que encontrou num dia escaldante no Rio de Janeiro, as costas largas e os braços cheios de amor de tio Paulinho, e ele não mediu esforços para realizar suas necessidades e, melhor ainda, entregou-se para ajudá-la em seu sonho de andar por aí com próteses decentes. E a história não teve fim naquele dia, adentrou os dias e continua se realizando. Fazer algo pelas razões certas o definem. Você deve estar pensando agora: não o imaginava assim. Provavelmente porque você está no piloto automático das notícias sensacionalistas das chamadas celebridades, alheias aos contextos com qualquer profundidade. As interpretações midiáticas são um comércio lucrativo em que você compra sem saber e ainda paga o preço alto da ilusão, sejam elas positivas ou negativas. Esta
desinformação o faz refém de vilões e mocinhos, como em toda ópera de sabão. Mas a vida, a vida é aquele lugar onde você tem a chance real de ouvir a respiração das pessoas, sentir seus cheiros, provar quiçá do seu suor. Na magia do tempo real, o homem que estampa nossa capa inaugural da Profashional em Movimento, a qual não poderia ter sido mais bem escolhida, é um ser INCLUSO, DIVERSO, DO BEM. Quase um herói de pés descalços, despretensioso, atuando no imaginário de alguns, em roupagem de vilão.
*Publisher, editora-chefe, poeta, comunicadora paralímpica e de diversidades e, prazerosamente, amiga de Paulinho.
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ANDREZA AGUIDA /
ÓCULOS LOOK
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única Todos temos algumas características únicas. A questão é como usamos nossas diferenças a nosso favor, para o bem. O ‘branco’ dá cor à minha arte. ANDREZA AGUIDA, ARTISTA
CONCEPÇÃO: ESTER MI FOTÓGRAFA: ISABELA INCAGNOLI MAQUIADOR: BRUNO CÉZAR
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CRIADOR DO
FUTURO À FRENTE DO INSTITUTO DE PRÓTESE E ÓRTESE, DR. JOSÉ ANDRÉ CARVALHO É UM PESQUISADOR INQUIETO, QUE, POR MEIO DE ESTUDOS E MUITO TRABALHO, É CAPAZ DE CRIAR NOVOS (E FELIZES) DIAS PARA PESSOAS AMPUTADAS E COM MÁ FORMAÇÃO
Por Drica Rosa
Uma brincadeira de infância foi o que levou o Fisioterapeuta e Protesista ao mundo das próteses e órteses. Amante declarado de Lego, brinquedo de peças que permite inúmeras combinações por meio do encaixe, Dr. André associa a paixão pela brincadeira à sua escolha profissional: “Sempre amei a área da reabilitação e também a brincadeira, então, resolvi unir as duas coisas e deu certo, hoje trabalho montando e desmontando componentes”, conta. Formado em Fisioterapia pela PUC-Campinas, sempre teve afinidade com o assunto desde o início da faculdade. De lá para cá, já são mais de 20 anos de trabalho focado aos usuários de próteses e órteses. Com experiência no assunto e a consciência de que essa área é um setor carente no País, Dr. José André criou o IPO – Instituto de Prótese e Órtese em Campinas em 2002, com o objetivo de mudar o conceito de reabilitação. É lá que ele tem a oportunidade de transformar vidas e ver de perto a emoção daqueles que “ganham” novas chances de se movimentar e locomover. Nesta edição, na qual o ponto-chave é o movimento e a diversidade, fizemos questão de conversar com ele e saber como é ser responsável pela mudança de vida de tantos brasileiros:
FOTOS: ALEX RODRIGUES
ENTREVISTA / DR. JOSÉ ANDRÉ CARVALHO
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DR. JOSÉ ANDRÉ CARVALHO, RESPONSÁVEL PELO IPO
Profashional em Movimento: No seu livro “Amputações de membros inferiores: em busca da plena reabilitação”, o sr. diz que a reabilitação não se resume a colocar o paciente de pé e ajudá-lo a se locomover. O que está por trás disso? Dr. José André Carvalho: Reabilitar não significa somente protetizar. As pessoas vão atrás de empresas achando que comprar uma prótese soluciona problemas, mas não é assim. O cartucho de uma prótese é a peça mais importante no processo sendo o responsável pela conexão do homem à máquina. Se ela não tiver bem adaptada, não funciona. Costumo fazer uma analogia com a prótese dentária: se não estiver bem encaixada, será um incômodo, dificultando seu uso. Temos de fazer tudo de forma benfeita e não podemos nos esquecer do treinamento. O amputado já deveria sair do hospital com orientações e recomendações sobre o processo de reabilitação visando uma futura protetização. Isso é muito importante e faz toda a diferença. Isso é uma necessidade especial. Assim como quem tem um problema de visão e precisa usar óculos, os amputados precisam usar próteses. PEM: Pelo seu tempo de relação com eles, o que as próteses representam em suas vidas? J.A.C.: Representam oportunidade e aprendizado diário. Para nós, os envol-
vidos, também é uma lição diária. Cada caso é um caso e em todos eles estudamos, criamos alguma ligação e aprendemos muito. É incrível você estar presente nos primeiros passos ou num recomeço.
“O AMPUTADO JÁ DEVERIA SAIR DO HOSPITAL COM ORIENTAÇÕES E RECOMENDAÇÕES SOBRE PRÓTESES. ISSO É MUITO IMPORTANTE E FAZ TODA A DIFERENÇA. ISSO É UMA NECESSIDADE ESPECIAL. ASSIM COMO QUEM TEM UM PROBLEMA DE VISÃO E PRECISA USAR ÓCULOS, OS AMPUTADOS PRECISAM USAR PRÓTESES.” DR. JOSÉ ANDRÉ CARVALHO
PEM: E especificamente no dia a dia das crianças, como é esse processo de utilização de prótese ou órtese? J.A.C.: Em crianças, o foco é diferente e o processo é como o de um bebê que está aprendendo a andar. Quando possível, protetizamos por volta de 11 ou 12 meses, tempo que a criança começa a dar os primeiros passos. Todo o processo é bem lúdico. E um fator importante é que a criança está em desenvolvimento, então, a substituição da prótese precisa ser com maior frequência. Algumas precisam ser ajustadas ou substituidas a cada seis meses, porém fazendo o reaproveitamento dos componentes para redução de custos. PEM: Os Jogos Paralímpicos serviram de vitrine para a diversidade e para que todos pudessem ver o potencial de pessoas com deficiências. Qual é a importância disso? J.A.C.: A diversidade é fundamental. Trabalhamos muito com a troca de experiências. Temos pessoas com dificuldade de aceitação própria, que mudam a maneira de se olhar depois de dividir suas experiências com outras que passaram por situações parecidas. Com isso, superam, levantam a cabeça e seguem em frente. As Paralimpíadas tiveram papel fundamental nisso: antes, escondiam suas próteses ou até se escondiam em casa. Hoje, elas querem mostrar quem são.
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PROJETO INCLUSIVO / MEU CORPO É REAL
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PARA TODOS! PROJETO #MEUCORPOÉREAL, DA ESTILISTA MICHELE SIMÕES, TRAZ REPRESENTATIVIDADE NA MODA PARA QUEM POSSUI NECESSIDADES ESPECIAIS
Por Bruna Yuri Ouchi
E
“
u gostaria de abrir uma revista e ver uma cadeirante, ver uma pessoa amputada”, diz Ravelly Santana no minidocumentário #MEUCORPOÉREAL. Por depoimentos como esse, uma coisa é fato: a luta pela moda inclusiva está, mais do que nunca, em voga. Hoje, existem marcas, campanhas e projetos empenhados em dar voz às pessoas que estão “fora dos padrões” impostos pela sociedade, como, por exemplo, o mercado de plus size. Mas e as pessoas com deficiências físicas? A estilista e cadeirante Michele Simões, após sofrer um acidente em 2006, notou que era difícil se ver representada no próprio meio em que trabalha. Foi então que surgiu o projeto #MEUCORPOÉREAL, ao perceber a moda como uma grande ferramenta de quebra de estereótipos. Após o acidente e recém-graduada em design de moda, Michele perdeu todas as referências, afinal, seu entendimento sobre o setor era apenas como detentor de tendências e vestimenta. “Durante todo processo de reabilitação e redescoberta do corpo ao me tornar deficiente, percebi outros valores, como o pertencimento, a importância da funcionalidade no vestir, o valor da representatividade na comunicação e a forma como somos
condicionados a pensar que todos os corpos deveriam ser iguais”, conta. Com todos esses questionamentos e acompanhados de pesquisas sobre a falta de perspectivas em relação à adesão da indústria aos corpos “reais”, Michele percebeu a necessidade de dar voz ativa a esse público e chamar a atenção de maneira bonita e coerente, de modo que a indústria da moda possa enxergá-los como consumidores. “A ideia que se associa grande parte das vezes ao deficiente é deste apenas como consumidor de materiais ortopédicos e hospitalares, o que é um grande erro”, afirma Michele. “Costumo dizer que tive de percorrer um novo caminho na moda, até poder me reconhecer como consumidora. É muito comum, principalmente para pessoas que se tornam deficientes ao longo da vida, essa autoanulação do corpo na moda. O que fui percebendo é que havia
muitas pessoas, assim como eu, que gostavam de moda, porém não conseguiam se perceber nesse universo muitas vezes pela falta de representatividade que vai desde mídias, atendimento e acessibilidade nas lojas até opções de produtos que atendam às suas necessidades”, afirma. Aos poucos, o caminho é a inclusão, mas ainda está em passos lentos. Segundo Michele, o perfil do consumidor mudou e isso se deve à internet que permitiu a independência no vestir, tanto pela compra on-line, como pela possibilidade em se construir o seu próprio estilo. “Esse consumidor não quer que lhe digam como se enquadrar, mas sim que lhe mostrem opções que o permitam escolher o que lhe cai bem sem pra isso colocá-lo numa ‘forma-padrão’. Dessa forma, acredito que o pesamento da indústria terá de mudar; propagandas que mascaram corpos plus size, por exemplo,
#MEUCORPOÉREAL FALA SOBRE A RELAÇÃO COM A MODA PELO OLHAR DE QUATRO PESSOAS COM DEFICIÊNCIAS DIFERENTES, NOS BASTIDORES DE UM EDITORIAL DE MODA SENSÍVEL E MUITO BONITO QUE COLORIRAM AS PÁGINAS DESTA MATÉRIA
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“EU GOSTARIA DE ABRIR UMA REVISTA E VER UMA CADEIRANTE, VER UMA PESSOA AMPUTADA.”
FOTOS: MARCO MAIA/ ASSIST. DE FOTOGRAFIA: VICENTE HERNANDES/ CABELO E MAQUIAGEM: MAURO MARCOS E EVA JABOUR/ STYLIST: EMERSON MENESES
RAVELLY SANTANA
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PROJETO INCLUSIVO / MEU CORPO É REAL
“ESSE CONSUMIDOR NÃO QUER QUE LHE DIGAM COMO SE ENQUADRAR, MAS SIM QUE LHE MOSTREM OPÇÕES QUE O PERMITAM ESCOLHER O QUE LHE CAI BEM SEM PRA ISSO COLOCÁ-LO NUMA ‘FORMA-PADRÃO’.”
não vão mais convencer o público sobre inclusão e pertencimento, é necessário se trabalhar com a democratização dos corpos, e o #MEUCORPOÉREAL surgiu justamente para fazer essa ponte, dando voz ativa aos consumidores sem para isso afastar as marcas”, conta.
O Minidocumentário
#MEUCORPOÉREAL fala sobre a relação com a moda pelo olhar de quatro pessoas com deficiências diferentes, nos bastidores de um editorial de moda sensível e muito bonito que coloriram as páginas desta matéria. Durante a entrevista com os participantes, para a surpresa de Michele, descobriu-se que nenhum deles tinha um ícone da moda. “Justamente a falta de representatividade fez com que eles não conseguissem fazer essa associação. Isso só me fez validar ainda mais o projeto e pensar em formas de se trabalhar esse corpo na publicidade, sem os velhos estigmas de superação, pena ou editoriais de moda casual”, conta. O editorial foi pensando nos mínimos detalhes: “A escolha de um editorial conceitual e lúdico foi justamente desenvolvida para quebrar esse vício de associar os corpos com deficiência a algo triste, tudo ali foi muito pensado. Pedi ao Emerson que introduzisse o vidro nas imagens da Letícia pelo nome da doença ser conhecida como ossos de vidro (daí o uso das garrafas), a cena da Ravelly com o Bruno foi baseada na história
do soldadinho de chumbo, porém com uma releitura. A Ravelly era bailarina, porém, no editorial, o soldadinho que perde a perna é representado por um cadeirante e a bailarina é amputada, e por fim, a estilização de uma faixa rendada que representasse a baixa visão da Bárbara que é guiada pelo som dos pássaros, representando assim o uso da audição como forma de se guiar no mundo”, revela. O projeto conta ainda com páginas nas redes sociais. O Instagram @meucorpoereal conta com a participação de pessoas que se sentiram representadas ao ver o minidocumentário. “Sinto-me muito feliz, pois a ideia do projeto é abraçar todos os corpos que a moda não inclui, e poder trazer essas histórias a público só me faz perceber as possibilidades de aceitação e quebra de estereótipos que essa indústria pode proporcionar ao mundo. Quando começarmos a entender a importância desta, não apenas como vestimenta, mas como veículo de comunicação e cultura.”
FashionDay Iinclusivo
Além do minidocumentário, Michele criou o Fashion Day Inclusivo, que chega a sua 3° edição em dezembro. Um dia totalmente dedicado ao cuidado com a autoestima de quem tem algum tipo de deficiência, com palestras sobre maquiagem, consultoria de imagem e estilo, e informações sobre o mercado. E vem mais coisa boa por aí: Michele está cole-
tando novos depoimentos para colocar futuramente no canal do YouTube. E, para quem se interessou pelo projeto, a estilista faz um pedido: “Gostaria apenas de poder convidar as marcas a fazer contato com o projeto, estamos abertos a consultorias e parcerias caso elas tenham interesse em entender melhor esse público de corpos reais”, afirma. Estamos juntos nessa, Michele! Por um mercado de moda mais inclusivo!
FOTOS: MARCO MAIA/ ASSIST. DE FOTOGRAFIA: VICENTE HERNANDES/ CABELO E MAQUIAGEM: MAURO MARCOS E EVA JABOUR/ STYLIST: EMERSON MENESES
MICHELE SIMÕES
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“Sempre foi um sonho poder ajudar as crianças para fazermos um mundo melhor. Vem comigo você também!” Sabrina Sato
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LOOK
/ FERNANDO FERNANDES
ÓCULOS
GRACIAS
Pessoas fortes não têm passados fáceis. Feche suas feridas, cure suas dores e jamais se envergonhe das suas cicatrizes.
Dios
FOTO: GUTO GONÇALVES/ ESTÚDIO 13
FERNANDO FERNANDES AMANTE DA VIDA, O PARATLETA E MODELO ENCARA OS DIAS COM UM SORRISO LARGO NO ROSTO, E A FÉ TATUADA NO CORPO E NA ALMA.
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MODA E LIFESTYLE: NAS BANCAS, NO SITE REVISTAPROFASHIONAL.COM.BR E, PARA A VERSÃO DIGITAL, BAIXE O APP REVISTA PROFASHIONAL
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PROJETO INCLUSIVO / BAILE DAS ROSAS
A MODA QUE REVELA O BAILE DAS ROSAS, IDEALIZADO PELA ESTILISTA THAIS GUSMÃO, UNIU GRANDES NOMES, CELEBROU A VIDA NA TERCEIRA IDADE E MOSTROU QUE BASTA UM GESTO DO BEM PARA QUE ESSA CORRENTE SE PROPAGUE E CONTAGIE A TODOS
SANDRA TESCHNER ENCANTADA COM OS VESTIDOS DE MARIA APARECIDA E DONA LOLA
sonhos
Mais do que inclusiva, a moda também tem o poder de influenciar positivamente, com alegria e solidariedade, a vida de quem a produz e de quem a usa. Basta ouvir o comentário da dona Maria de Lourdes Oliveira Santos, que mora na Casa Ondina há cinco anos e acaba de vestir o primeiro vestido de festa da sua vida, aos 85 anos. “Senti tanta emoção, que eu não sabia o que fazer quando vi o vestido. Adorei! Ele ficou do jeito que eu esperava, sem contar que o baile me proporcionou uma grande alegria e satisfação por saber que, mesmo nessa idade, ainda me divirto como uma mocinha, como se estivesse num baile de 15 anos!”. O vestido a que dona Maria se refere foi todo reconstruído e adaptado para suas medidas pela estudante do 6º semestre de modelagem do curso de Designer de Moda do Centro Universitário Senac – Santo Amaro, Ana Paula Cincotto Viersa (em parceria com outras duas colegas), a partir do recebimento de uma saída de praia doada pela estilista Paola Robba. “Eu já trabalho com projetos sociais, mas essa experiência de vir ao asilo algumas vezes em função do vestido, pegar uma peça de uma estilista famosa e transformá-la de acordo com o gosto da
THAIS GUSMÃO DANDO TODO O SEU APOIO NA PRODUÇÃO DAS ALUNAS: JÉSSICA, CARLA E SOPHIA
FOTOS: NIKITA LIMA/ LARISSA SAITO E LAURA RIBEIRO
Por Elaine Medeiros
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A ESTILISTA AO LADO DE SUA AVÓ, DONA ROSA, E DOS ALUNOS QUE AJUDARAM A CONFECCIONAR O LOOK DELA, ANA CAROLINA E ERICK HIROMY
A RIQUEZA DOS DETALHES BORDADOS PELAS ALUNAS SARA LEAL E LARISSA CHENE, PARA PRODUZIR O VESTIDO DOS SONHOS
“A THAIS NÃO SÓ FEZ A PONTE ENTRE O DOADOR E QUEM ESTÁ RECEBENDO, COMO TAMBÉM CRIOU UMA ESCOLA, ONDE OS ALUNOS PUDERAM SE EXERCITAR. ELA AGIU NAS TRÊS FRENTES E TODO MUNDO SAIU GANHANDO. DEPOIS DISSO, QUERO INCLUSIVE PASSAR MAIS PEÇAS DO MEU ACERVO ADIANTE.” GISELE NASSER, ESTILISTA QUE DOOU E COMPARECEU AO EVENTO
dona Maria foi muita responsabilidade. Para mim, foi incrível porque trabalhei com um corpo fora dos padrões, com o qual não estamos acostumadas a ver no curso. E para ela, seu dia de glória e de muita autoestima”, explica a aluna. O Baile das Rosas aconteceu no dia 19 de novembro e foi organizado por Thais Gusmão, estilista consagrada no mercado da moda, que promoveu o evento, sem fins lucrativos, e reuniu grandes nomes do universo da moda para realizar o sonho de 16 senhoras (do asilo Ondina) de ter um vestido de festa, confeccionado por cerca de 40 alunos do curso de Moda do Senac, a partir de diferentes tipos de peças doadas por renomados estilistas, como: Dudu Bertholini, Adriana Barra, Carina Duek, Marcelo Sommer, Isabela Capeto, Caio Gobbi, Paola Robba, Alberto Hiar, Walério Araujo, Gisele Nasser, Karin Feller, Thais Losso e Amapô. “Neste ano de 2016, minha avó completou 90 anos de idade e a minha marca, 20 anos. Por isso, eu precisava de alguma forma comemorar, principalmente, o aniversário da minha avó, dona Rosa, que inspirou não só o nome do baile como também a minha profissão, por ser costureira. Mas gostaria que fosse de um jeito especial, proporcionando para ela e para as pessoas do asilo um momento especial de festa e
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PROJETO INCLUSIVO / BAILE DAS ROSAS alegria, realizando o sonho de algumas ali, de ter talvez pela primeira vez na vida o seu vestido dos sonhos, mas eu não teria como fazer isso sozinha, por isso procurei o Senac e os meus amigos, e os resultados disso foram maiores do que eu humildemente esperava quando o idealizei”, explica Thais. O evento contou inclusive com a presença da nossa publisher, Sandra Teschner, que não resistiu ao comentário da dona Maria e fez questão também de expressar sua emoção. “Moda sempre foi para a mulher uma eterna brincadeira de criança. E ver a alegria que ela sente hoje por usar seu primeiro vestido na vida é realmente gratificante. Definitivamente nessa idade se pode tudo!”. Para Paola Robba, que também foi ao baile para comprovar de perto o resultado da peça que doou para a dona Maria, foi uma lição de vida. “Fiquei encantada com a transformação e com a pessoa que está vestindo. É emocionante a gente estar aqui vivenciando isso porque são tão poucas as pessoas que olham para um asilo, uma pessoa de idade, e propiciam isso para elas. Estou mais do que encantada com o projeto. Como transformaram tudo isso numa coisa tão linda... estou contente por ter participado!”
DONA CREUSA, THAIS GUSMÃO E RUTH PRONTAS PARA O BAILE
A ALUNA SOFIA ATILANO E DONA ANA CANAPI A CAMINHO DO BAILE
AS ALUNAS GABRIELA OKABAYASHI E KARINA DE SOUZA DURANTE A PRODUÇÃO DE UM VESTIDO QUE SEM DÚVIDA AGRADOU A “CLIENTE” (AO LADO)
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EM CLIMA DE FESTA, AS ALUNAS CLAUDIA KANASHIRO E LAIS HELENA FAZEM QUESTÃO DE POUSAR AO LADO DA SUA MODELO DO DIA, SRA. MARIA JOSÉ
A ESTILISTA, PAOLA ROBBA; SANDRA TESCHNER E ANA PAULA, ESTUDANTE DO CURSO DE DESIGN DE MODA QUE ADAPTOU O VESTIDO PARA DONA MARIA DE LOURDES
Corrente sem fim
FOTOS: NIKITA LIMA/ LARISSA SAITO E LAURA RIBEIRO
Quando as ideias são boas e todos trabalham juntos em prol delas, as ações se multiplicam e contagiam. “Ao sermos procurados pela Thais, de cara, sabíamos que havia um grande desafio pela frente. Afinal, partiríamos do zero,
“TODO O MÉRITO É DA THAIS. FIQUEI FELIZ POR ELA TER ME CHAMADO E SE HOUVER UM PRÓXIMO QUERO PARTICIPAR AINDA MAIS, TENDO CONTATO COM OS IDOSOS E NA PARTE DE DESENVOLVIMENTO.” THAIS LOSSO, ESTILISTA QUE FEZ QUESTÃO DE VER O RESULTADO DA SUA PEÇA
com peças femininas preexistentes, doadas por estilistas que tinham suas próprias características e que precisariam ser descontruídas quase que totalmente, de alguma forma mantendo algo que fosse a marca do artista e que ao mesmo tempo atendesse às necessidades das senhoras do asilo, considerando que algumas delas são cadeirantes ou possuem outras dificuldades. Mas os alunos de modelagem e estilismo do primeiro, segundo e terceiro ano se superaram e, além de conviverem com tudo isso pela primeira vez na carreira, procuraram atender aos gostos de cada senhora, como cores, modelos e estilos”, explica a coordenadora do curso de Moda do Senac, Viviane Kozesinski.
Vestibilidade
O que era para reunir despretensiosamente 20 alunos, na concepção de Thais, acabou crescendo e reunindo um pouco mais de 40, em torno de uma só ideia: unir o universo do estilista à realidade de cada senhora da instituição. “A questão da vestibilidade foi muito concreta, pois não se tratava apenas de vestir um busto clássico, com medidas padrões, mas sim do corpo de uma ‘cliente de verdade’, com medidas reais, diferentes das que os alunos estavam acostumados a ver e que, consequentemente, exigiriam deles
mais dedicação. E acredite, é mais difícil adaptar uma roupa do que começá-la do zero”, destaca Viviane. Além dessa experiência real, vivida pelos alunos, o projeto acabou rendendo mimos para os cavalheiros da Casa Ondina, que ganharam gravatas nos mesmos tons dos vestidos usados pelas senhoras no baile, além de um dia de príncipe, com direito a cabelo e barba feita pela Barbearia Cavalera. Claro que, na mesma linha e para ficarem ainda mais lindas, as senhoras também tiveram seu dia de princesa, antes do baile, com cabelo e maquiagem feitos pelo salão Jacques Janine, além de ganharem sandálias da Melissa para compor o look. No paralelo, o evento contou com o apoio da Chilli Beans, que doou óculos para as pessoas do abrigo; com a TexPrima; Rei do Mate (responsável pelo buffet do baile), entre outros parceiros que doaram valores para a instituição; e os próprios convidados, que levaram quilos de alimentos.
Pós-baile
Os vestidos ficaram tão lindos que, depois do baile, eles também serão expostos, no ano que vem, num espaço que será definido, e depois doados para as respectivas senhoras que os usaram.
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PRINCESA
da vida real DUDA SALLES TEM QUA TRO ANOS E SABE QUE SUA VIDA É DIFERENTE, SIM. E DAÍ? ! ELA É LINDA, TEM CARACTERÍSTICAS QUE A TORNAM ÚNICA, COMO A VONT
ADE
DE SORRIR E ENCARAR QUALQUER DESAFIO COMO UM DEVER DE CASA, QUE ELA ANALISA,
ASSIMILA
E
CUMPRE.
PURA ALEGRIA E TEM O PODER DE F
ELA
É
AZER
VOCÊ MUDAR SUA VISÃO DO MUNDO!
FOTO ANDREA DEMATTE STYLING JULIA MORAES BELEZA MAURO MARCOS (AMUSE-MENT) COM PRODUTOS URBAN DECAY (MAKEUP) E LOWELL (CABELOS) TRATAMENTO PREMEDIA CROP
Por Drica Rosa
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VESTIDO E SAPATOS LILICA RIPILICA
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VESTIDO E TIARA LILICA RIPILICA
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VESTIDO MINERAL KIDS
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VESTIDO MINERAL KIDS
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CAMISA MARISOL SHORTS LILICA RIPILICA
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U
ma gravidez feliz, a espera do segundo filho e uma mãe ansiosa para ter a menina que completaria, com seu filho mais velho, o famoso “casal”. Um mundo cor-de-rosa, que foi impactado e modificado por uma anomalia chamada Hemimelia Tibial Bilateral. Fabiana Salles demorou alguns meses para descobrir o que a filha Maria Eduarda tinha em suas pernas. Com pesquisas, consultas e encaminhamento a AACD, foi detectado o problema. Pela falta total da tíbia nas duas pernas, e adicionalmente pela falta de joelhos e calcanhares, os médicos concluíram que a amputação seria o procedimento mais indicado. Difícil decisão para os pais, mas eles seguiram a máxima: pensar com a razão e não com a emoção. E assim fizeram: em 18 de maio de 2015, a pequena Duda passou pela amputação bilateral e antes do início, fez um pedido especial: acordar com laços rosas amarrados em seus cotos. Um toque de doçura num dia tão difícil mostrava que ali existia uma menina forte, que consegue enxergar nas dificuldades o lado suave da vida. O pedido dela transformou-se em campanha e os amigos (próximos ou somente por redes sociais, simpatizantes e amigos de amigos) fizeram o mesmo. Foi assim que uma enxurrada de fotos de pessoas com lacinhos amarrados chegou até a mãe da Maria Eduarda, que fez questão de mostrar cada uma delas à filha!
EM 18 DE MAIO DE 2015, A PEQUENA DUDA PASSOU PELA AMPUTAÇÃO BILATERAL E ANTES DO INÍCIO, FEZ UM PEDIDO ESPECIAL: ACORDAR COM LAÇOS ROSAS AMARRADOS EM SEUS COTOS. UM TOQUE DE DOÇURA NUM DIA TÃO DIFÍCIL MOSTRAVA QUE ALI EXISTIA UMA MENINA FORTE, QUE CONSEGUE ENXERGAR NAS DIFICULDADES O LADO SUAVE DA VIDA.
DUDA SE DIVERTE ENTRE SUA MÃE FABIANA E A PUBLISHER SANDRA TESCHNER
OS MOMENTOS EM FAMÍLIA, COM A MÃE FABIANA E O PAI ARTHUR, SÃO SEMPRE DIVERTIDOS
A PEQUENA DUDA, JUNTO COM SANDRA, FEZ DOIS NOVOS AMIGOS QUE ELA NÃO DESGRUDOU: PAOLA ANTONINI E PAULO VILHENA
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DUDA EM MOMENTO: DOCE DE CRIANÇA
UM PASSEIO DIVERTIDO PELA ARENA PARALÍMPICA, DURANTE OS JOGOS RIO 2016
COM O SEU IRMÃO, E MELHOR AMIGO, MATHEUS SALLES
Os dias que vieram depois possibilitaram à menina andar sobre os cotos, se locomover com mais facilidade, brincar e descobrir movimentos que antes eram impossibilitados pelas pernas sem estrutura.
UM ENCONTRO PROFASHIONAL
Nossa publisher, adepta a cultivar amizades por redes sociais e descobrir o que há de mais encantador pelo mundo por meio delas, teve acesso à campanha dos laços, feita pela ONG “Entre Rodas e Batons”, para Duda. Ali, sem porquês, explicações, e razões, nasceu um amor à primeira vista. Sandra estava fora do País, mas quis saber mais sobre ela e assim que retornou, marcou de visitá-la. O que chamou sua atenção não foi a história (para alguns vista como triste) ou a vontade de fazer caridade, mas sim a forma que essa criança trouxe para si uma poesia em um momento de luta. Duda tornou-se presença frequente no mundo Profashional e podemos conhe-
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SEU CONTO DE FADAS DA VIDA REAL TEVE O ÁPICE DURANTE OS JOGOS PARALÍMPICOS. LEVADA PELA PROFASHIONAL, PARCEIRA PARALÍMPICA, A PEQUENA ASSISTIU DE PERTO A ATLETAS DE ALTA PERFORMANCE COMPETINDO COM GARRA E MOSTRANDO AO MUNDO QUE SÃO CAPAZES DE ENFRENTAR AS DIFICULDADES, TRANSFORMANDO-AS EM OURO, PRATA E BRONZE.
cer de perto aquela que, enquanto as pessoas a olham no shopping por conta de sua condição não comum, ela fecha os olhos, respira fundo e segue em frente. Se falarmos em dados, Duda é uma entre um milhão que nasceu com essa anomalia. Mas quem a conhece sabe que ela é uma em um milhão que consegue transformar seus dias em aventuras, deixando seus momentos divertidos, colocando até um pouco de birra vez ou outra, normal para uma criança de quatro anos. Seu conto de fadas da vida real teve o ápice durante os Jogos Paralímpicos. Levada pela Profashional, parceira do Comitê Paralímpico, a pequena assistiu de perto a atletas de alta performance competindo com garra e mostrando ao mundo que são capazes de enfrentar as dificuldades, transformando-as em ouro, prata e bronze. Com ou sem suas próteses, que por conta do crescimento precisam ser trocadas com frequência, Duda é somente uma menina faceira, arteira, inteligente e linda, que é capaz de dançar qualquer música que a vida tocar.
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ELA POR ELA
PRINCESA COM FADA
MADRINHA? Por Sandra Teschner
F
ico honrada por ser considerada pela familia de Dudinha como sua fada madrinha, mas nosso caso de amor vai muito além das respostas mais óbvias dentro das relações humanas. Pernas ou a falta delas não definem quem essa adorável crianca é. Ao assistir aos primeiros vídeos no canal dela no YouTube (dudaguerreira, sigam! Insta @dudasallesoficial), sabia que somos seres afins, parentes de alma, ligadas por laços invisíveis. Lidamos com muita facilidade uma com a outra, transitamos na mesma sintonia como se todas as décadas que nos separam e a falta de consanguinidade fossem um patético detalhe de uma vida normoide. Duda tem algo a mais, tem um brilho além, capaz de monopolizar as atenções num ambiente ou trazer para si a energia flutuante. Mas ela não suga, ela doa, aliás somos todos beneficiados do seu enorme poder de iluminar. Sou fã assumida dessa pequena, por quem tenho o prazer de ser “imitada”com direito a trejeitos e caras e bocas que dizem retratar exatamente como eu sou, e eu amo esta atuação com o coração em festa e o peito a gargalhar. Não é fácil passar a vida precisando de novas próteses e a estrada dela é longa. Toda ajuda na forma de projetos, boas ideias, doações são bem-vindas e, na Profashional, há um canal aberto para discutir este tema, com a maravilhosa Mauren Derquin (mauren@profashional.com). Não se intimide, sua tentativa encontrará ressonância aqui conosco. Meu amor por Duda Salles é genuíno como é a essência de todo grande amor verdadeiro. Muitos pensam que estou aqui para dar-lhe as mãos, para fazê-la andar. Mas sabe qual é a verdade? Ela me empresta suas asas e me leva junto no seu voo rasante onde tenho a certeza de chegar em qualquer lugar.
MINHA SOBRINHAFILHA NINI, DUDA E A “EXCÊNTRICA FAMÍLIA DE ANTÔNIA”
Grata a Deus e ao mundo pela sua existência!
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EXPOSIÇÃO/ CHAIRS WHO IS WHO
do belo
REPRESENTAÇÃO COM O OBJETIVO DE CHAMAR A ATENÇÃO PARA AS DIFERENÇAS E ARRECADAR FUNDOS PARA A NOVA PRÓTESE DA MASCOTE PARALÍMPICA DUDA SALLES, A PROFASHIONAL CRIA A EXPOSIÇÃO CHAIRS, WHO IS WHO
DUDA SALLES E SANDRA TESCHNER BRINCAM DURANTE A EXPOSIÇÃO EM PROL DA PEQUENA
Por Drica Rosa
Foram dez nomes escolhidos para ganhar sua versão em cadeiras customizadas. A exposição apresentou uma releitura que representa artisticamente a personalidade de Sabrina Sato, Helinho Calfat, Maria Eugênia Suconic, o stylist Nilo Caprioli, o paratleta Clodoaldo Silva, Paola Antonini, Paulo Vilhena, Amir Slama, Yan Acioli e Gloria Coelho. O principal conceito da exposição foi retratar pessoas conhecidas do mercado de comunicação, por meio de uma ambientação que as caracterizem. “Escolhemos as cadeiras, pois por meio de sua trajetória, nos mostram inúmeras faces que vão além da sua funcionalidade e do ato de sentar. Hoje, elas fazem parte do nosso dia a dia, garantindo conforto e expressando toda sua personalidade na decoração. São verdadeiros objetos de desejo e ganharam status de obra de arte, marcando a história do design de interiores”, conta Sandra Teschner, criadora e curadora da exposição. A mostra ocupou o terceiro andar do Shopping Frei Caneca, em São Paulo,
CADEIRA INSPIRADA NO NILO CAPRIOLI
CADEIRA INSPIRADA NA SABRINA SATO
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CADEIRA INSPIRADA NO CLODOALDO SILVA
CADEIRA INSPIRADA NA PAOLA ANTONINI
FOTOS: VIVIAN REGO E MÁXIMO JR.
CADEIRA INSPIRADA NO PAULO VILHENA
“ESCOLHEMOS AS CADEIRAS, POIS POR MEIO DE SUA TRAJETÓRIA, NOS MOSTRAM INÚMERAS FACES QUE VÃO ALÉM DA SUA FUNCIONALIDADE E DO ATO DE SENTAR. HOJE, ELAS FAZEM PARTE DO NOSSO DIA A DIA, GARANTINDO CONFORTO E EXPRESSANDO TODA SUA PERSONALIDADE NA DECORAÇÃO.” SANDRA TESCHNER, CRIADORA E CURADORA DA EXPOSIÇÃO CHAIRS WHO IS WHO
e seu lançamento teve a presença de Paulo Vilhena, Paola Antonini, Helinho Calfat e Gloria Coelho, além da mascote Duda, que adorou ver o movimento do bem em torno da sua causa. Além da exposição, a ação continua no hotsite www.profashional.com/chairs com a venda de minicadeiras customizadas por artistas, artesãos, celebridades. Toda a renda será revertida para as novas próteses da pequena, biamputada por conta de uma anomalia chamada Hemimelia Fibular. É a diversidade mostrando que as diferenças são apenas características e que, no fundo, todo mundo é igual.
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS Ao fotógrafo Máximo Jr. por abraçar a causa e clicar as cadeiras da exposição. Ao Shopping Frei Caneca, em especial à gerente de Marketing Andréia Perini, por receber a ação de portas e braços abertos, À Log&Print Gráfica, por produzir todo o material, à Oppa Design e à Elegance Design por cederem as cadeiras e aos parceiros e amigos que customizaram as minicadeiras e ajudaram a pequena Duda a dar novos passos em sua vida. A PEQUENA DUDA COM HELINHO CALFAT, SANDRA TESCHNER, ANDRÉIA PERINI, GLORIA COELHO E PAOLA ANTONINI. AO LADO, A CURADORA COM PAULO VILHENA
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#REPOST / MADELINE STUART
FOTOS: ERICA A. NICHOLS/ JASON SZENES/ DIVULGAÇÃO
DOWN?UP!
COM APENAS 18 ANOS E PORTADORA DE SÍNDROME DE DOWN, A AUSTRALIANA MADELINE STUART EMAGRECEU 20 QUILOS PARA CONSEGUIR ALCANÇAR SEU SONHO: TORNAR-SE MODELO PROFISSIONAL. PARA ELA, QUERER É PODER E ELA ACABA DE DESFILAR PARA A NYFW!
Por Drica Rosa
MATÉRIA ORIGINAL DA REVISTA PROFASHIONAL 109
A
beleza de Madeline é visível e vai além de um rosto bonito e exótico e cabelos de princesa. Ela passa uma energia daquelas que contagia a todos que a veem pessoalmente, por vídeo ou foto. A menina dança, nada, é líder de torcida e joga basquete. Sua vida ativa a fez sempre querer coisas novas e ser modelo profissional era um sonho que foi conquistado este ano. Ela é a primeira modelo profissional com Síndrome de Down. Alcançar seu objetivo teve como consequência transformar-se em inspiração para aqueles que vivem na mesma condição, além de fazer com que as pessoas a vejam com outros olhos. A modelo já estrelou diversas campanhas e desfilou a coleção de Primavera 2016 do designer sul-africano Hendrik Vermeulen, na NYFW, semana de moda de NY. Ela já está em negociação para novas campanhas e sonha em ter sua marca própria de roupas. Com a rotina agitada, Madeline Stuart e sua mãe Rosanne conseguiram um tempo para conceder uma entrevista exclusiva à Profashional. #papoprofashional
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Profashional: Como você se sente quando você anda na passarela? Madeline Stuart: Fico muito feliz e eu adoro quando as pessoas aplaudem. P.: Quem é sua referência de passarela ou fotos? M.S.: As pessoas e as câmeras são no que eu me concentro e olho para a pessoa que eu estou trabalhando para obter instruções. P.: Como foi o desfile da NY Fashion Week? Quais são os seus próximos desfiles? M.S.: O desfile foi incrível, o designer Hendrik e JD foram incríveis, eles são verdadeiramente gente do bem. No ano que vem, eu vou desfilar em Milão e Tóquio, nas semanas de moda. P.: Você dança, surfa e é muito ativa. Desde pequena foi isso? M.S.: Tenho praticado a dança desde que eu tinha cinco anos, mas eu só tenho surfado de vez em quando. A última vez foi no último Natal. P.: O que significa a palavra VENCER para você? M.S.: Eu realmente não entendo como vencer ou perder; eu acredito em tentar e fazer o meu melhor. P.: O que ainda precisa mudar nas pessoas para que elas compreendam mais sobre a Síndrome de Down? M.S.: As pessoas precisam ser mais abertas e não achar que as pessoas com Síndrome de Down não são capazes. P.: No que você mais acredita? M.S.: Eu acredito em ser feliz, sempre.
A mãe de Madeline, Rosanne Stuart, orgulha-se da filha e a incentiva Profashional: Como você se sente vendo sua filha feliz e fazendo sucesso? Rosanne Stuart: Estou muito orgulhosa da minha filha, eu acho que ela é incrível. P.: Como isso é importante para todos que têm Síndrome de Down? R.S.: Eu sinto que não só é importante para as pessoas com Síndrome de Down, mas para qualquer um que se sente isolado e sozinho. Eu acredito que Madeline pode dar às pessoas a força para acreditar em si mesmas.
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FOTOS: DIVULGAÇÃO
SEM GÊNERO / RUIVANEGRA
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PERSONALIDADE
SEM FILTRO TUDO COMEÇOU COM UM VÍDEO NO YOUTUBE E A CURIOSIDADE DOS INTERNAUTAS SOBRE A DUPLA E A FORMA COMO VIVEM FORAM O START PARA O CANAL RUIVANEGRA
FOTOS: DIVULGAÇÃO/ ARENA COMUNICAÇÃO
A
pós a publicação de um vídeo tutorial de maquiagem, Caio Silva e Italo Sulzbacher, dois promissores maquiadores habituados com os bastidores de desfiles de moda, ensaios fotográficos e concursos de misses, perceberam que parte da audiência do vídeo questionava sobre seu estilo de vida. Outros jovens, assim como eles, não haviam encontrado um termo correto que expressasse a maneira como se sentiam em relação aos seus gostos e particularidades. A forma de se vestir, pensar e se comportar com características tanto femininas e masculinas ou se definindo como nenhuma das duas, atraiu a atenção de curiosos e a demanda por informações sobre a vida e carreira dos dois foi só aumentando. RuivaNegra mantém a proposta inicial do primeiro vídeo de ensinar técnicas inovadoras e sanar dúvidas sobre moda e beleza, mas o foco do projeto vai além; segundo os criadores do canal, “o principal objetivo é transmissão do conhecimento que foi adquirido ao longo de anos de trabalho e empoderamento social”. Eles declaram, ainda, que todas as informações postadas não passam por nenhum tipo de filtro ou censura, para que quem assista aos vídeos e acompanhe as postagens sinta-se próximo e íntimo da dupla. O www.ruivanegra.com.br é a vitrine do trabalho e lifestyle desses dois profissionais que levantam a bandeira da igualdade, e lutam pelo não julgamento de suas formas de levar a vida.
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/ AMY PURDY
AUTORA DE
si mesma
“Hoje sou mais forte do que nunca. Nós nem sempre sabemos por que coisas ruins acontecem, mas sempre temos uma escolha de como vamos viver nossas vidas.” AMY PURDY, BIAMPUTADA, CAMPEÃ PARALÍMPICA DE SNOWBOARD E DANÇARINA DA VIDA, QUE, NA COMPANHIA DE UM ROBÔ, ENCANTOU A TODOS NA ABERTURA DOS JOGOS PARALÍMPICOS 2016.
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FOTO: ©MARCO ANTONIO TEIXEIRA/MPIX/CPB FRASE TIRADA DO INSTAGRAM PESSOAL DE AMY PURDY
FOTOS: DANIELA GAMA
PROJETO INCLUSIVO / IGUALDADE
ENTRE
IGUAIS
FIGURINO: FITSFASHION E VESTIDINHO DE CHITA BELEZA: GILMAR CARDOSO LOCAÇÃO: ESCOLA PAULISTA DE DANÇA PRODUÇÃO DE MODA: KEILA AMORIM
COM O OBJETIVO DE MOSTRAR QUE TANTO NA PUBLICIDADE QUANTO NA MODA HÁ ESPAÇO PARA A DIVERSIDADE, A FOTÓGRAFA DANIELA GAMA CRIA PROJETO INUSITADO QUE PROVOCA DE FORMA POSITIVA AQUELES QUE O VEEM
Por Drica Rosa
O
projeto Entre Iguais foi criado com o objetivo de trazer fotos artísticas, com modelos que têm diferentes tipo de deficiência, mostrando que é possível inseri-los em qualquer universo, principalmente no da fotografia. Daniela Gama, a criadora do projeto, sabe desde o início qual caminho gostaria de traçar: fotografartodos sem evidenciar suas deficiências e limitações. “Quis treinar a forma de olhar das pessoas, que tem de ser sem
pré-conceito e preconceito”, conta ela. O início de tudo ocorreu em 2013, quando a fotógrafa registrou 12 duplas de modelos adultos e expôs os cliques no Memorial da América Latina, em São Paulo (e nós mostramos na edição 108 da revista Profashional). Três anos depois, ela sentiu a necessidade de mostrar que, independente da idade, todos são iguais e escolheu, desta vez, crianças. O projeto ainda prevê fotografar doze duplas infantojuvenis.
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