Duas décadas a ensinar na Chora Barroso
Entrevista com as professoras Dina Ferreira e Isabel Raposo por Inês Mendes – 8ºD
Dina Ferreira (DF) e Isabel Raposo (IR) são duas professoras riachenses que lecionam na Escola E. B. 2,3 Dr. António Chora Barroso desde a sua fundação. No âmbito dos vinte anos desta escola, que se completam este ano letivo, questionámos as professoras sobre a sua carreira, vida pessoal, vida profissional e local de trabalho. De onde surgiu a vontade de ser professora? D.F. - Desde miúda, foi sempre essa a minha escolha. Decidi que seria professora de Português e Francês logo a partir do 5º ano, pois eram as minhas disciplinas preferidas. I.R. - Sempre pensei que um professor era uma pessoa que estava sempre a aprender. Esse foi o meu sonho: “Estar com gente jovem e aprender com eles.”
tive a experiência de ir para uma escola lecionar a disciplina de Contabilidade ao Curso de Comércio e adorei. Devido a problemas monetários, concorri para o ensino e continuei a estudar. Quando terminei o curso, concorri a estágio e já faz 34 anos que leciono. Qual é o seu maior desafio enquanto professora? D.F. - Atualmente, penso que é levar os meus alunos a
profissão que eu acho tão importante, pois lidamos todos os dias com os jovens que serão os futuros adultos deste país. I.R. - A falta de motivação de alguns alunos, que normalmente está associado ao desinteresse e, consequentemente, à indisciplina. Considera que a indisciplina é um mal geral? D.F. - Nos últimos anos, a indisciplina tem aumentado bastante a nível nacional, e isso é preocupante. As escolas fazem o que lhes é possível para a travar mas só isso não chega. É preciso que pais e professores trabalhem com o mesmo objetivo e não de costas voltadas, para colhermos frutos neste campo. I.R. - Penso que não. Em geral há indisciplina quando os alunos não estão bem. Não estamos separados do resto da sociedade e hoje em dia a vida dos nossos alunos é difícil. Há que distinguir entre indisciplina e as traquinices próprias da idade. Quer contarnos uma das suas enquanto aluna? D.F. - Na escola primária, eu era boa aluna e muito sossegada mas, mais tarde, no 2º e 3º ciclos, tornei-me mais irrequieta e não conseguia estar sossegada nas aulas. Acho que se fosse hoje, chamavam-me “hiperativa”. No secundário, voltei a ser mais concentrada, mas não me lembro de nenhum episódio especial.
Dina Ferreira Existiu a influência de alguém ou outro motivo para que seguisse essa profissão? D.F. - Penso que talvez tenha sido a paixão pela leitura e pelas línguas que me levou a enveredar por esta área. Por outro lado, transmitir aquilo que sabia e motivar os alunos para conhecerem melhor a sua língua ou falarem uma língua estrangeira, também contou. Fiz a Licenciatura em Línguas e Literaturas Modernas e… já lá vão 27 anos… I.R. - A minha mãe tinha o sonho de ser professora, mas na época não foi possível. Eu, indiretamente, realizei esse sonho, embora a minha formação não seja nessa área, pois sou licenciada em “Organização e Gestão de Empresas”. Em 1975,
aprenderem, não apenas os conteúdos das disciplinas que leciono, mas também regras de conduta social e atitudes cívicas, contribuir para o seu crescimento e desenvolvimento plenos, enquanto pessoas. I.R. - O que me dá mais prazer é conseguir que os alunos gostem de aprender Matemática que é considerado “um bicho de sete cabeças” para a maior parte dos alunos. Como professora, o que mais lhe desagrada? D.F. - Acima de tudo, o aumento de tarefas burocráticas com que os professores se veem a braços nos nossos dias. Mas também a falta de consideração e de respeito que tem aumentado nos últimos anos em relação a esta
Lembra-se de um momento particularmente gratificante na sua carreira? D.F. - Tenho tido muitos, felizmente. Sempre que um exaluno, atualmente já adulto, me encontra e me cumprimenta, mostrando lembrar-se e ter recordações positivas das minhas aulas, isso é muito gratificante para mim! I.R. - No final do segundo ano de estágio, o meu orientador de Matemática elogiou-me em público o que me deixou “vaidosa” e pensei que estava na profissão certa. Como era esta escola no primeiro ano de existência? D.F. - Do que me recordo, o edifício estava completo mas os acessos não, pelo que a entrada fazia-se por um caminho de tábuas. Quando chovia, havia sobretudo muita lama a toda a volta. Como o refeitório ainda não funcionava, todos almoçavam no bar, uma tigela de sopa, uma sandes de rissol e uma peça de fruta. A Biblioteca também não tinha quase nenhuns livros, só a pouco e pouco se foi equipando. De qualquer forma, o entusiasmo era grande pois era um projeto de muitos riachenses que se
existiam arrecadações, a estrada estava toda esburacada. O acesso à escola era feito por uma espécie de ponte (a tábuas). Alguns professores e auxiliares vinham de botas de borracha e, quando entravam no edifício, tiravam as botas enlameadas e calçavam os sapatinhos para irem para as aulas. O refeitório existia, mas não tinha equipamento. Os alunos comiam uma sopinha, que chegava num grande panelão ao fim da manhã. Depois comiam uma sandes e ficavam prontos para as aulas da tarde. A biblioteca não tinha livros, mas um grupo de alunos e professores (do qual fiz parte) foram por aí pedir um pequeno contributo e, com o dinheiro recolhido, comprámos a primeira coleção de temas variados que ainda consta dos livros disponíveis da biblioteca. A escola começou com 600 alunos, hoje não chega a 300. Antes destas obras a escola ainda estava relativamente nova. Acha que necessitava destas remodelações? D.F. - A escola já tem 20 anos. Eu vim para esta escola quando ela abriu ao público. Alguns espaços já apresentavam problemas e outros precisavam mesmo de ser atualizados.
I.R. - Como aluna adorava fazer traquinices, (quem não as faz?), mas indisciplina não. Não devia contar, mas os testes escritos constituíam o elemento principal da avaliação e então nós fazíamos uns auxiliares de memória (cábulas) que levávamos para os testes. Escrevíamos nas pernas, nas mãos e em papéis que enrolávamos com muito cuidado. O que considera mais interessante na sua profissão? D.F. - Especialmente as aulas, o contacto direto com os alunos, que são os nossos “clientes” mais próximos. A necessidade de me manter próxima dos meus alunos, de os compreender e de me tentar colocar no lugar deles. Também a aprendizagem constante que faço na escola, quer na preparação das aulas e na investigação, quer na formação ou no relacionamento com todos os intervenientes na vida escolar. I.R. - Os desafios que os alunos me lançam e que me obrigam a pesquisar constantemente.
Isabel Raposo concretizava: que os alunos de cá não precisassem de ir ainda pequenos para Torres Novas, e que pudessem fazer aqui o 9º ano. I.R. - Apenas existia o edifício em construção e começámos a preparar o ano lectivo na “casa amarela”, hoje a biblioteca municipal. Já lá vão muitos anos. Não
I.R. - Não sou a pessoa indicada para responder a essa questão, mas segundo a opinião dos técnicos existiam problemas estruturais que poderiam colocar em risco a segurança do edifício e consequentemente das pessoas que estão lá dentro. Por isso,
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Bom ano letivo a todos… Neste início de mais um ano letivo, não queria deixar de me dirigir a toda a comunidade educativa, com uma palavra amiga e fraterna, desejando que este seja um ano de realização pessoal e profissional para todos. Sei que será um ano de alguma instabilidade e até algumas dificuldades, principalmente para todos os que realizam a sua atividade na escola sede, em virtude das obras de requalificação que decorrem desde o final do ano letivo transato. No entanto, penso que não será motivo suficiente para impedir o melhor desempenho de todos, desde os professores aos alunos, sem esquecer o pessoal não docente. E neste sentido, parece-me que não será demais pedir a todos alguma paciência e compreensão, quando as coisas não decorrerem como desejam. Penso que é por uma boa causa e, brevemente, estaremos em muito melhor situação, com uma escola completamente remodelada e com todas as condições de trabalho. Por outro lado, gostaria de desejar igualmente um bom ano letivo a todos os alunos e professores dos Centros Escolares de Riachos e Meia Via, uma vez que também eles se encontram numa fase de adaptação às novas instalações, a um espaço completamente remodelado, com condições de trabalho completamente diferentes. Aproveito para me dirigir, mais uma vez, aos Encarregados de Educação e aos alunos das diversas localidades da área de abrangência de cada um dos centros escolares, enviando-lhes uma palavra de conforto, tendo em conta as dificuldades de adaptação e a dificuldade das deslocações diárias dos alunos mas, ao mesmo tempo, enviando uma palavra de confiança e de certeza, no sentido de que esta é, sem dúvida, uma mudança importante, em termos de aumento de qualidade na educação e formação dos alunos. E também aqui gostaria de solicitar alguma compreensão para este início de ano, com todas as alterações que se impõem em virtude desta nova realidade. Por vezes, as coisas não decorrem como esperamos e, nesse sentido, é importante o bom senso e o contributo de todos. A direção está e continuará a fazer o seu melhor, apesar das diversas contingências que se nos impõem neste ano letivo. Estamos igualmente sensíveis a estes e a outros constrangimentos que possam surgir e apresentamos a nossa disponibilidade para, em conjunto com todos os elementos da comunidade, podermos encontrar as melhores soluções para as dificuldades surgidas. Um bom ano letivo para todos. António Mina, Diretor do Agrupamento
<<<< espero que com as obras esses problemas fiquem resolvidos e irá ficar mais bonita, onde dará gosto aprender. Quer deixar uma mensagem aos alunos e aos encarregados de educação? D.F. - Aos alunos, que trabalhem e definam objetivos, procurando cumpri-los, pois só com trabalho e esforço se consegue chegar onde pretendemos e que aproveitem bem as oportunidades que lhes dão. Aos pais e encarregados de educação, que acompanhem de perto os seus filhos para que eles se sintam apoiados mas saibam também que têm quem lhes imponha limites e regras. Que participem na vida escolar, que venham à escola e estejam informados do que se passa com os seus educandos.
I.R. - Para os alunos, espero que tenham sempre metas a atingir na vossa vida. Para os encarregados de educação, invistam na formação/educação dos vossos filhos, pois o desenvolvimento do país está dependente da vossa vontade e empenho para que os vossos filhos sejam amanhã cidadãos responsáveis. Citando Augusto Curry “ Éducar é semear com sabedoria e colher com paciência”.
Os dados apresentados nesta entrevista confirmam a grande relevância do trabalho dos professores na sua função de gerir as relações entre jovens e saberes, contribuindo e auxiliando no seu processo de aprendizagem. Ser professor é uma profissão louvável, que merece respeito e consideração pela nobre missão de quem a exerce.
Os sacrifícios da mudança Os alunos da Escola E.B. 2, Dr. António Chora Barroso estão presentemente a assistir às aulas em monoblocos climatizados, mais conhecidos por contentores, que foram instalados na zona dos campos de jogos da escola. Alunos e professores estão a usufruir das instalações desde o dia 15 de Setembro, devido a obras de
beneficiação. Estas obras já eram aguardadas há algum tempo, pois a escola encontrava-se deteriorada devido a infiltrações de águas e outros problemas. Mas as “novas” instalações não agradam a todos os alunos. Muitos queixam-se de falta de espaço no pátio, outros da baixa qualidade
dos contentores e da pouca visibilidade dos quadros. Apesar de não estarem satisfeitos com as condições deste ano letivo, os alunos têm a consciência que esses contratempos serão compensados com a reconstrução da escola que está a decorrer. Ana Íris, Darya e Joana – 8ºD
Uma escola diferente Quando cheguei à minha escola, vi que estava muito diferente: havia “barraquinhas”, onde estavam os materiais escolares. Numa parte da escola estavam a fazer obras. O refeitório, o bar e a papelaria eram os únicos sítios onde não havia obras. As casas de banho eram duas “barraquinhas” juntas. Nos intervalos os alunos brincavam, conversavam e iam ao bar lanchar. Ás 13h 30m correram todos para ver quem chegava primeiro ao almoço. As minhas aulas de Língua Gestual Portuguesa (L.G.P.) e Língua Portuguesa 2 são na sala da EREBAS (que quer dizer Escola de Referência para a Educação Bilingue de Alunos Surdos). A sala da EREBAS é muito pequenina mas há muitos alunos surdos, por isso era bom que fosse um bocadinho maior. Este ano vai ser diferente porque temos uma escola com um espaço mais pequeno. Para o ano vamos ter uma escola mais bonita, mais arranjada. É importante estarmos nesta escola, porque se eu não estivesse aqui não tinha quem me ensinasse L.G.P. e quem me apoiasse. (texto elaborado em articulação com a disciplina de Língua Gestual Portuguesa)
Pais elegem os seus representantes para os conselhos Geral e Pedagógico No passado dia 30 de Setembro a Assembleia de Pais do Agrupamento, elegeu os seus representantes para o Conselho Geral e Conselho Pedagógico. Foi apresentada uma única lista, composta por um efectivo e dois suplentes por cada grau de ensino Para o Conselho Geral e para o Pedagógico 1 representante para a Pré e 1º Ciclo e 1 outro para os 2º e 3º Ciclos. Os primeiros foram eleitos para um mandato de dois anos e os segundos para um ano. Submetida à votação, mereceu a aprovação, tendo-se verificado apenas uma abstenção nas cerca de quatro dezenas de votantes.
São os seguintes os representantes dos pais naqueles dois importantes órgãos do Agrupamento Gen. Humberto Delgado: CONSELHO GERAL Pré-Primária Efectivo: Sandrina Dias Jorge 1ª Sup.: Sofia Isabel de Sousa Vieira 2ª Sup.: Telma Margarida Mauricio Mendes Pereira 1º Ciclo Efectivo: Miguel Martins Gameiro 1º Sup.: Sónia Godinho de Lima Parreira 2ª Sup.: Patrícia Correia
2º Ciclo Efectivo: Maria de Fátima Triguinho Lopes 1º Sup.: Luis Miguel Damião 2º Sup.: Ana Cristina Martins Gonçalves 3º Ciclo Efectivo: Joaquim Eduardo Farinha Madeira 1º Sup.: Ana Rita Marto 2º Sup.: Laurinda da Conceição C. de Lima Luz CONSELHO PEDAGÓGICO Pré-Primária / 1º Ciclo Fernanda Maria Carvalho Fernandes 2º / 3º Ciclos José Manuel Pereira Martins