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COMPLEXIDADE: REDES E CONEXÕES NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO



COMPLEXIDADE: REDES E CONEXÕES NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO

Ademilde S. Sartori | Ádila Faria | Alexandra Okada | Andreia Inamorato dos Santos | Bento Duarte da Silva Clarilza Prado de Sousa | Daniela Melaré Vieira Barros | Edméa Santos | Elizete Lúcia Moreira Matos Esrom Adriano Freitas Irala | Gabriela Eyng Possolli | José Armando Valente | Jucimara Roesler Liana Márcia Justen | Lúcia Amante | Lucia Santaella | Marcelo Mendonça Teixeira | Marco Antonio da Silva Maria Elizabeth Bianconcini de Almeida | Marilda Aparecida Behrens | Neiva Beatriz Marinho Pinel Patrícia Lupion Torres | Patricia Peck Pinheiro | Raphaela Gubert | Rita Marriott Romilda Teodora Ens | Teresa Cristina Jordão | Vani Moreira Kenski

CURITIBA 2014


Depósito legal na CENAGRI, conforme Portaria Interministerial n.164, datada de 22 julho 1994, junto à Biblioteca Nacional e SENAR-PR. Esta publicação poderá ser reproduzida, por qualquer meio, desde que citada a fonte.

Organizadora Patrícia Lupion Torres

CATALOGAÇÃO NO CENTRO DE EDITORAÇÃO, DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÃO TÉCNICA DO SENAR-PR. Torres, Patrícia Lupion, org. Complexidade : redes e conexões na produção do conhecimento / Patrícia Lupion Torres, org. – Curitiba : SENAR - PR., 2014. 412 páginas. ISBN 978-85-7565-109-4 1. Teorias de aprendizagem. 2. Métodos de ensino. 3. Tecnologia educacional. 4. Complexidade. 5. Produção de conhecimento. I. Título. CDU37(816.2) CDD370 IMPRESSO NO BRASIL – DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Coordenação editorial | Antônia Schwinden Capa | Glauce Midori Nakamura Assistente de editoração | Thaíssa Falcão Editoração eletrônica | Ivonete Chula dos Santos


APRESENTAÇÃO

Agrinho é o maior programa de responsabilidade social do Sistema FAEP, resultado da parceria entre o SENAR-PR, FAEP, o governo do Estado do Paraná, mediante as Secretarias de Estado da Educação, da Justiça e da Cidadania, do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, da Agricultura e do Abastecimento, os municípios paranaense e diversas empresas e instituições públicas e privadas. O Programa Agrinho completa 18 anos de trabalhos no Paraná, levando às escolas da rede pública de ensino uma proposta pedagógica baseada em visão complexa, na inter e transdisciplinaridade e na pedagogia da pesquisa. Anualmente, o programa envolve a participação de mais de 1,6 milhão de crianças e professores da educação infantil, do ensino fundamental e da educação especial, estando presente em todos os municípios do Estado. E, por envolver tão significativo público, tem, de nossa parte, um empenho comovido. Como experiência bem-sucedida, encontra- se também em diversos estados do Brasil. Criado com o objetivo de levar informações sobre uma questão de saúde e segurança pessoal e ambiental, principalmente às crianças do meio rural, o Programa se consolida como instrumento eficiente na operacionalização de temáticas de relevância social da contemporaneidade dentro dos currículos escolares. Especialistas altamente qualificados, de renome nacional e internacional, de diversos grupos de pesquisa que trabalham em rede fundamentam as informações que compõem o material didático preparado com exclusividade para o Programa. Pelo incentivo à pesquisa, propõe-se ao rompimento entre teoria e prática no contexto de uma educação crítica, criativa, que desenvolva a autonomia e a capacidade de professores e alunos assumiram-se como pesquisadores e produtores de novos conhecimentos. O Concurso realizado todos os anos nas categorias redação, desenho, experiência pedagógica e Município Agrinho serve a um só tempo como instrumento de avaliação do alcance das atividades e como amostra daquilo que o Programa vem provocando em termos de ações efetivas. O elevado

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grau de apropriação dos temas apresentados nos materiais, por crianças e adolescentes do Ensino Fundamental, pode também ser comprovado pela Experiência Pedagógica, um relato dos professores sobre o trabalho pedagógico que desenvolvem no Programa Agrinho. Desde seu início em 1996, os professores do ensino público municipal e estadual, as crianças e os jovens recebem com entusiasmo e dedicação as atividades do Programa Agrinho. A cada ano esse trabalho vem se superando em qualidade e criatividade. Este livro apresenta um conjunto de artigos, com o propósito de auxiliar os professores nos desenvolvimento das temáticas em sua prática diária. Esta será uma edição única, distribuída para todos os professores paranaenses envolvidos neste Programa nos próximos anos. Aproveitamos, também, a oportunidade para agradecer a você professor, pelo belíssimo trabalho realizado, pois sem a sua participação jamais teríamos construído esta história de sucesso.

Ágide Meneguette Presidente do Conselho Administrativo do SENAR-PR

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COMITÊ EDITORIAL

Ana Maria Eyng (Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR) Ángel H. Facundo (Universidad Externado de Colombia) Claudio Rama (Universidad de la Empresa – UDE) Dulce Márcia Cruz (Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC) Eliane Schlemer (Universidade do Vale do Rios dos Sinos – Unisinos) Ercilia Maria Angeli Teixeira de Paula (Universidade Estadual de Maringá – UEM) Fernando José Spanhol (Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC) Francisco Antonio Pereira Fialho (Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC) João Augusto Mattar Neto (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUCSP) João Vianney Valle dos Santos (Hopper Consultoria) José Manuel Moran Costas (Universidade de São Paulo – USP) Luciano Gamez (Universidade Aberta do Brasil – UAB) Maria da Conceição Silva Soares (Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ) Paulo Rogério Miranda Correia (Universidade de São Paulo – USP) Romilda Teodora Ens (Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR) Sirley Terezinha Filipak (Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR)

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO.............................................................................................................................. 5 Ágide Meneguette

PREFÁCIO – INQUIETAÇÕES SOBRE A EDUCAÇÃO: O DÍNAMO PARA A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO........................................................................................................................... 11 Complexidade, Transdisciplinaridade e Produção de Conhecimento.......................................... 15 Patrícia Lupion Torres e Marilda Aparecida Behrens

O Leitor Ubíquo e suas Consequências para a Educação.............................................................. 27 Lucia Santaella

A Pedagogia da Transmissão e a Sala de Aula Interativa.............................................................. 45 Edméa Santos e Marco Silva

Aprendizagem Colaborativa: Teoria e Prática................................................................................ 61 Patrícia Lupion Torres e Esrom Irala

Metodologia de Projetos: Aprender e Ensinar para a Produção do Conhecimento Numa Visão Complexa............................................................................................................................... 95 Marilda Aparecida Behrens

Mídia e Educação: Linguagens, Cultura e Prática Pedagógica...................................................... 117 Ademilde Sartori e Jucimara Roesler

Novas Linguagens, Novos Desafios: a Internet no Contexto Escolar.......................................... 131 Elizete L. M. Matos e Neival Pinel

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Comunidades de Aprendizagem e Redes Educacionais................................................................ 143 Liana Márcia Justen

Escola Digital e o Educador 3.0 - Como Fica a Relação Professor e Aluno nas Redes Sociais..... 163 Patricia Peck Pinheiro

Mapas Conceituais uma Ferramenta para a Construção de uma Cartografia do Conhecimento................................................................................................................................. 173 Rita de Cássia Veiga Marriott e Patrícia Lupion Torres

Mapas do Conhecimento com Recursos Educacionais Abertos Aplicados à Coaprendizagem Baseada em Coinvestigação........................................................................................................... 213 Alexandra Okada

Inovação na Educação Básica e Tecnologias Educacionais: Aplicando os 4 Rs dos Recursos Educacionais Abertos...................................................................................................................... 239 Andreia Inamorato dos Santos – DigiLearn

Escola e Tecnologias Digitais na Infância....................................................................................... 255 Lúcia Amante e Ádila Faria

Atuação dos Educadores Facilitando a Autoria Colaborativa de Jogos Pelos Alunos................. 285 Vani Moreira Kenski e Teresa Cristina Jordão

Estilos de Aprendizagem e as Teconologias: Guias Didáticos para o Ensino Fundamental........ 301 Daniela Melaré Vieira Barros

A Educomunicação do Rádio.......................................................................................................... 315 Bento Duarte da Silva e Marcelo Mendonça Teixeira

Tecnologias Digitais, Linguagens e Currículo: Investigação, Construção de Conhecimento e Produção de Narrativas.................................................................................................................. 331 Maria Elizabeth Bianconcini de Almeida e José Armando Valente

Portifólio como Ferramenta Metodológica e Avaliativa............................................................... 353 Gabriela Eyng Possolli e Raphaela Gubert

Avaliação Formadora...................................................................................................................... 377 Clarilza Prado de Sousa e Romilda Teodora Ens

SOBRE OS MEMBROS DO COMITÊ................................................................................................ 399 SOBRE OS AUTORES....................................................................................................................... 405

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PREFÁCIO

INQUIETAÇÕES SOBRE A EDUCAÇÃO: O DÍNAMO PARA A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO

Quando, em 1987, comecei a trabalhar na área da utilização educativa das tecnologias, havia um natural fascínio pelo computador e pelas maravilhas que ele conseguia fazer. Como professora, o meu pensamento rapidamente saltava das questões técnicas para as pedagógicas e questionava-me: e para que é que o computador interessa para aprender nas minhas disciplinas? Não conseguia formular melhor a minha preocupação, mas já estava dado o germe que havia de me mover a trabalhar nesta área. No momento, fugi o mais que pude: eu era professora, não sabia utilizar computadores e não via neles grande interesse educativo. Mas foi precisamente porque eu era professora que, pouco depois, me deixei envolver pelo ambiente apaixonado, quase radical, daqueles anos em que se começava a falar de informática educativa. Não foram os livros nem os meus colegas que me convenceram, foi a evidência de que os alunos queriam usar nas aulas, sabiam usar, insistiam com os professores para irem para a sala dos computadores. Como pode um professor ignorar esse veemente apelo do público com quem e para quem trabalha? Estava eu neste dilema entre fecho os ouvidos e sigo o meu trabalho em paz ou agarro este desafio em nome dos alunos quando me veio parar à mão uma frase que ainda hoje é o lema do meu trabalho: Pensar acerca do papel do computador na educação não significa pensar acerca de computadores, mas pensar acerca de educação. Procurei e encontrei-a na página 42 do livro de Allan Ellis (1974) The Use and Misuses of Computers. Colei-a na minha secretária, entranhou-se-me na pele e continua a nortear a minha vida profissional. A obra que agora se publica avivou em mim o pensamento de Allan Ellis. Por isso me interessei tanto por este livro, destinado a professores de todos os níveis de ensino, estudantes

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de graduação e pós-graduação e investigadores, em que se discutem teorias, metodologias e pedagogias em torno do uso educativo das tecnologias digitais. A leitura destes textos procedentes de uma rede de autores de Portugal, do Brasil e da Inglaterra de diversos grupos de pesquisa leva-nos a refletir sobre os modos de se fazer educação para e nos dias atuais, em palavras de Torres e Behrens no primeiro capítulo desta obra. Cada capítulo apresenta, fundamenta e discute uma pesquisa enraizada em práticas pedagógicas com tecnologias em diferentes graus de ensino desde a educação infantil ao ensino superior, salientando o seu contributo para inovar as dinâmicas de investigação e de ação com tecnologias digitais. Esses recursos são integrados em práticas letivas com o objetivo de levar o aluno a construir o seu próprio conhecimento, a aprender, a desenvolver competências em interação com as tecnologias, com os pares e com os professores. O papel do professor surge nestes textos não como o de transmitir conhecimentos, mas o de incentivar, orientar, mediar e avaliar as aprendizagens. Na diversidade de estratégias, atividades e reflexões baseadas em recursos digitais apresentadas nesta obra encontramos um denominador comum: nunca são usados de modo instrumental ou para transmitir conteúdos, mas para estimular cognitivamente os alunos, criar e desenvolver colaboração e interação, incentivar a construção de conhecimentos, a autonomia e o pensamento reflexivo, crítico e criativo. Saliento também como muito relevante a perspetiva de responsabilização dos alunos pela sua aprendizagem e a motivação para aprender ao longo da vida. A tecnologia, pela sua diversidade, flexibilidade e multimodalidade permite ir ao encontro dos estilos de ensino dos professores e dos estilos de aprendizagem dos alunos criando redes, comunidades e outros ambientes presenciais e online nos quais se abre a possibilidade de construir conhecimentos e partilhá-los de modo simultaneamente autônomo, colaborativo e reflexivo. Nesta obra encontramos textos que espelham esta realidade. Encontramos também exemplos de projetos em que o sentido de autoria, via narrativa digital, por exemplo, suscita profundo envolvimento dos alunos nas tarefas além de uma apropriação crítica dos meios tecnológicos utilizados. Pensar as tecnologias na educação não é uma opção, é uma obrigação. As gerações que hoje frequentam a escola e a universidade nasceram na era digital, num mundo onde a tecnologia estrutura uma boa parte da vida pessoal, profissional e social do cidadão e a que muitos dos professores e pais não estavam acostumados. A sociedade não pode exigir aos pais esta atualização, embora os deva incentivar a adquirir conhecimentos, práticas e ideias que ajudem a formar e orientar os filhos, mas exige-a aos professores. Ser professor, hoje em dia, implica acompanhar o ritmo vertiginoso com que se desenvolvem as tecnologias e estudar o seu contributo para os

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processos de ensino e de aprendizagem, para a vida acadêmica, pessoal e social dos indivíduos sejam eles crianças, jovens ou adultos. As tecnologias digitais na educação têm de estar a serviço da formação de cidadãos livres, críticos e criativos, que saibam construir conhecimento, colaborar e comunicar em rede, ideias que perpassam por todo este livro. O que andou por dentro dos autores, da cabeça para o coração e do coração para a cabeça (Almada Negreiros) foi também a tecnologia, mas muito mais a educação: é ela que levanta problemas, suscita respostas, provoca inquietações que se foram construindo e consubstanciando ao longo de cada capítulo deste livro de leitura estimulante, útil e envolvente. Possam estes desafios passar agora dos autores para os leitores, desencadeando projetos inovadores na área da tecnologia educativa que ajudem as novas gerações a aprender, viver e conviver, de modo crítico, emancipatório e responsável neste mundo digital. Braga, 13 de fevereiro de 2014

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