ONG Círculo de São Francisco Instituto de Animagogia
Educação, Saúde e Espiritualidade: Introdução à Animagogia
Adilson Marques - Doutor em Educação/USP
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Apresentação Este pequeno texto foi escrito entre os anos de 2002 e 2003 e serviu de base para a criação da ONG Círculo de São Francisco (ONGCSF), em março de 2003, herdeira do antigo Centro de Estudos e Vivências Cooperativas e para a Paz ENCANTOS DA LUA, e servindo de inspiração para a construção coletiva e prática da ação educativa por nós chamada de Animagogia, que teve na ONGCSF o seu palco de pesquisa-ação no âmbito da Educação Popular em Saúde, enfatizando, sobretudo, a dimensão da Espiritualidade de uma forma transreligiosa e universalista. Em março de 2018, a ONG Círculo de São Francisco completará 15 anos de existência e a publicação desse texto, juntamente com um resumo do que a ONG realizou nesse período, é uma forma de homenagear a todos que de alguma forma dedicaram um pouco de seu tempo nas diferentes atividades, programas e projetos até o momento realizados. Foram muitas as pessoas, algumas centenas, todas voluntárias, oriundas de diferentes cidades e estados brasileiros, que ajudaram a construir uma modesta história, mas repleta de amor e sensibilidade. Em seus quinze anos de vida, a ONGCSF foi o centro de difusão da Animagogia, uma proposta de educação espiritualista voltada para a valorização da cultura de paz e para o desabrochar do Homo spiritualis, o ser humanizado do terceiro milênio, mais preparado para se (re)envolver e tratar com mais carinho e respeito o seu corpo físico, a sua comunidade, o meio ambiente e, sobretudo, a sua alma. Na primeira parte deste livreto apresentamos o texto, que foi de alguma maneira o manifesto elaborado para a criação da ONGCSF. O texto foi revisado em janeiro de 2018, melhorando sua linguagem, mas sem alterar o conteúdo. Por sua vez, na segunda, apresentamos um pequeno resumo dos diferentes projetos e atividades realizados nestes quinze anos de existência que se completam em março de 2018.
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Educação, Saúde e Espiritualidade: introdução à Animagogia
Introdução A chamada Psicologia Transpessoal é considerada a “quarta força” no meio psicológico, ao lado da abordagem comportamentalista, da psicanálise e da humanista (da qual deriva). As investigações sobre o inconsciente, o imaginário e a espiritualidade são as que mais podem se beneficiar com a Psicologia Transpessoal, que possibilita ao cenário acadêmico abarcar fenômenos desvalorizados pelas correntes tradicionais. Nos EUA, desde a década de 1960, a Psicologia Transpessoal vêm se debruçando sobre as filosofias orientais e suas práticas meditativas para compreender fenômenos pouco estudados pela ciência ocidental: a reencarnação, a vida após a morte e os estados ampliados de consciência. No Brasil, até o momento, a rica literatura mediúnica e a fenomenologia espiritista e umbandística, por exemplo, ainda não foram consideradas como fontes de pesquisa para quem deseja compreender o homem e a mulher holísticos a partir do referencial da Psicologia Transpessoal. Porém, assim como as Terapias orientais (Tai Chi, Meditação - budista, veda, zen etc. -, Yoga, Reiki, entre outras práticas estudadas ou praticadas por psicólogos transpessoais), as práticas medianímicas podem enriquecer este campo da pesquisa, ajudando a compreender a dimensão espiritual humana, liberta de proselitismo e religiosidade. A Psicologia Transpessoal contribui para a desconstrução das teorias materialistas da predominância genética na condição das doenças e enfermidades mentais e outros fenômenos psíquicos. Ajuda a revelar a existência do self (alma), do corpo bioplásmico (o corpo astral dos esotéricos ou perispírito dos espiritistas e umbandistas) em interação com o corpo físico, possibilitando estabelecer um outro olhar ou paradigma capaz de compreender os fenômenos que as escolas
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psicológicas tradicionais não conseguem explicar, como são, ainda hoje, os fenômenos mediúnicos como a clarividência, as ectoplasmias, a psicografia, entre outros, e que são tratados, quase sempre, como regressões mentais, patologias ou charlatanismo. A construção de um novo paradigma que possibilite abarcar o ser humano em sua estrutura física, psíquica e transcendental é necessária para que se possa obter respostas convincentes para estes fenômenos humanos, conhecidos e vividos desde a pré-história, e que necessita de um enfoque "pós-moderno" para ser estudado sem pré-conceitos.
A questão paradigmática Para Jean-François LYOTARD, estaríamos vivendo sobre a égide da "pós-modernidade", um período que se caracterizaria pela crise dos "relatos", ou seja, pela transformação do pensamento do homem em relação à existência de uma Verdade, caracterizada por um tipo específico de linguagem. Sua obra transcende os domínios da filosofia e refletem, por exemplo, na do sociólogo português Boaventura de Souza SANTOS. Sua contribuição também pode ser pensada tendo em vista a constituição de uma ciência com consciência (MORIN, 1990). O conceito de pós-modernidade nos possibilita elucidativas reflexões no âmbito sócio-educacional e acadêmico. De forma resumida, a partir de seu famoso texto O pós moderno, LYOTARD compreende que a Modernidade se caracterizou pela pretensão de instituir o conhecimento científico como o único saber capaz de orientar o homem em todos os domínios da vida social. Nela estariam contextualizados os metadiscursos de “pretensões atemporais e universalizantes”. Podemos relacionar tal pretensão da Modernidade como um dos frutos das imagens que Gilbert DURAND (1997) chamou de diairéticas e que são típicas das “estruturas heróicas do imaginário”, e que estimulam em muitos especialistas uma mentalidade e um comportamento egocêntrico, esquizomórfico e “monárquico”, uma vez que estes devem apresentar uma postura diferente – e superior – em relação à maioria das pessoas que compreendem o mundo através de “pré-conceitos” teológicos ou do senso comum.
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Dentro dessa perspectiva, temas como Espiritualidade sempre ficaram em segundo plano quando não foram completamente rechaçados do meio acadêmico. A superação do senso comum eliminaria para sempre o "irracionalismo" popular e religioso. Como exemplo, temos as pesquisas antropológicas do início do século XX, no Brasil, que afirmavam que a Umbanda era fruto do subdesenvolvimento do país e que iria desaparecer com os avanços científicos e tecnológicos. Porém, hoje, até os pretos-velhos se servem da internet para fazer suas palestras públicas, como é o caso de Pai Joaquim de Aruanda, através do médium Firmino José Leite, residente no interior do estado de São Paulo. Na modernidade, o conhecimento (ou o saber científico), ao ser construído, deveria adquirir uma materialidade própria e o cientista, por sua vez, passaria a ser “objetivado”, ou seja, tornar-se-ia anônimo, tornando o produto do saber científico socialmente compartilhado, por exemplo, através da didática ou dos manuais de divulgação científica, separado e alienado de seu próprio criador. Essa proposta arduamente defendida por PIAGET pode ser verificada ainda hoje nos manuais e livros didáticos do ensino fundamental ou médio. Por sua vez, o termo pós-moderno originou-se nos anos de 1960 na arquitetura. Alguns de seus profissionais, propondo uma arquitetura mais leve que enfatizasse os aspectos decorativos e integrasse as formas passadas, se autodenominaram pós-modernos. Em 1978, Charles JENCKS, crítico da arquitetura, publicou o livro L'architecture postmoderne e, no ano seguinte, Jean-François LYOTARD publicou seu livro mais famoso, O pós-moderno, que alcançou uma repercussão considerável no meio acadêmico, gerando polêmicas calorosas. LYOTARD procurou compreender como as grandes teorias científicas, morais, ideológicas e artísticas do período moderno entraram em crise de legitimidade. A abordagem científica proposta por GALILEU, NEWTON e outros arautos da Modernidade, transformou-se em “paradigma” e, como apontou LYOTARD, criou nos cientistas a obsessão pela medição e a eliminação de tudo o que não poderia ser quantificado como algo não científico. Mas, curiosamente, foi no seio da Modernidade que surgiu o seu próprio algoz: as descobertas no âmbito da Termodinâmica que trouxeram novas questões, impossíveis de serem
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resolvidas sem abandonar a ideia motriz da modernidade, ou seja, a suposta descrição objetiva da natureza, baseada na física newtoniana. Em outras palavras, com a segunda lei da termodinâmica (da dissipação da energia), o quadro determinístico (causa e efeito) da Física newtoniana passou a ser questionado. A solução para esse conflito só foi possível com o surgimento da chamada Teoria das Probabilidades e, com as teorias da Física Quântica, nas três primeiras décadas do século XX, os conceitos clássicos da Física, como Tempo e Espaço, deixaram de ser considerados certos e imutáveis. Um exemplo emblemático encontra-se em BACHELARD elogiando o procedimento pedagógico que HEISENBERG utilizou na obra Princípios físicos da teoria dos quanta, quando elaborou dois capítulos antagônicos. O primeiro criticando as noções físicas da teoria corpuscular à luz da teoria ondulatória e, o segundo, estabelecendo o procedimento contrário, ou seja, criticando as noções físicas da teoria ondulatória à luz da teoria corpuscular. Este procedimento didático (conhecido como “o princípio da incerteza de HEISENBERG”) foi fundamental para demonstrar a importância da subjetividade e de outros elementos “não científicos” para a Ciência de uma forma geral. Em suma, colocou-se em discussão, novamente, o paradoxo (ou seja, o oxímoron dos pré-socráticos) e, por conseguinte, a relatividade também do conhecimento científico. A "ciência Pós-moderna", na linha sugerida por LYOTARD e seus desdobramentos em outras áreas, como na pedagogia, deveria introduzir no saber científico, o chamado pensamento “dilemático" ou “anfibólico”, ou seja, a ambiguidade que compartilha com o seu oposto uma qualidade comum. Em outras palavras, a epistemologia proposta por LYOTARD não representa uma condenação das teses da Ciência Moderna, mas a relativização das doutrinas absolutas (metanarrativas), como foram as de MARX, FREUD, entre outras. A "ciência Pósmoderna" deveria assumir um papel mais modesto e menos pretensioso, relativizando o saber científico e abrindo-se para outras formas de aquisição de conhecimento (arte, religião, senso comum etc.). Esta proposta, de certa forma, encontra-se na prática da Psicologia Transpessoal. Esta mudança, se de fato vier a acontecer, poderá, sem dúvida, refletir-se também nas práticas didáticas, com o
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fortalecimento da interdisciplinaridade na escola e a consequente contextualização do meio sociocultural em que ela está inserida, aceitando, inclusive, o tema Espiritualidade como sendo de vital importância. Vamos buscar compreender como se deu o surgimento e o aperfeiçoamento da chamada Psicologia Transpessoal e expor nossas contribuições, integrando, inclusive, a fenomenologia mediúnica em seu escopo.f
O que é a Psicologia Transpessoal? A década de 1960 foi importante para o aprofundamento dos pressupostos básicos da chamada Psicologia Humanista. A discussão sobre os limites e potencialidade da consciência humana ganhou destaque com as obras, entre outros, de MASLOW, Carl ROGERS e Stanislav GROF. Muitos fenômenos mentais passaram a intrigar alguns psicólogos e psiquiatras que questionavam a interpretação “heróica” da Psicanálise e do Behaviorismo, ou seja, nos quais os estudos sobre a personalidade possuíam como fundamento a consciência em estado de vigília, considerada como a “consciência normal”. Em outras palavras, tais escolas consideravam a “consciência normal” como o nível saudável de percepção cognitiva e todos os desvios desse sintoma eram classificados como psicopatológicos. As pesquisas no âmbito da Psicologia Transpessoal questionaram tais conclusões e abriram a possibilidade de estudos mais avançados, indo além da história orgânico-biográfica de alguns pacientes. Entre suas hipóteses mais criativas está a que concebe a consciência humana como um espectro eletromagnético no qual cada "frequência" passa a expressar um modo de percepção. Dessa forma, a consciência não se resume a um conjunto de traços ou características rigidamente definidas, mas é possível abranger elementos que não têm nenhuma continuidade com a identidade egóica e que não derivam de suas experiências no mundo fenomênico. A partir de um enfoque holonômico, postula-se até que a consciência vibre em uma outra dimensão, além da biológica.
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Essa proposta de GROF vem ao encontro dos estudos psicografados por médiuns espíritas e umbandistas brasileiros. Por exemplo, no livro A escrita mágica dos orixás, obra mediúnica psicografada por Rubens SARACENI (2000), discute-se, entre outros assuntos, como cada religião possui um magnetismo específico que se irradia a partir dos espaços sagrados (igrejas, mesquitas, sinagogas, centros espíritas etc.), ativado pelos respectivos sacerdotes e que apenas os que receberam suas “pedras fundamentais” (iniciação naquela religião) conseguem fazer com que suas consciências vibrem na mesma frequência eletromagnética. Outro estudo esclarecedor sobre a importância da mente na emanação fluídica ou eletromagnética é o clássico estudo de André Luiz, psicografado por Chico Xavier: Os mecanismos da mediunidade. Essas interpretações que nos vêm por vias mediúnicas, além de elucidar a dimensão hologramática da mente e da consciência, abre as portas do ecumenismo e da tolerância, pois demonstra que não há uma religião melhor que a outra, apenas vibrações numinosas diferentes, cada uma com sua finalidade providencial. Esta é, por exemplo, as conclusões do espírito Pai Joaquim de Aruanda, que entrevistamos entre 2005 e 2008, e cuja psicosofia pode ser acessada no livreto Umbanda: manifestação cultural pós-moderna, publicada em 2008, ano do centenário da Umbanda no Brasil. Porém, voltando ao estudo da consciência, as teorias empiristas e materialistas definem a consciência “normal” como sendo aquela no qual o indivíduo se experimenta e se reconhece existindo dentro dos limites de seu corpo físico e a sua percepção do meio ambiente é restringida pela extensão de seus órgãos de percepção externa. A consciência seria fruto da vida orgânica e se extingue com a morte física. Essa concepção dominante “naturaliza” a ideia de que tanto a percepção interna quanto a percepção do meio ambiente estão confinadas dentro dos limites do espaço e do tempo, como bem definiu o paradigma empírico-newtoniano. Porém, as experiências psicodélicas realizadas por GROF, as experiências com alucinógenos realizadas pelo antropólogo CASTANEDA ou mesmo os relatos místicos-esotéricos relacionados às práticas orientais como a Meditação, Yoga, Reiki etc. vêm demonstrar que os estados “alterados” de consciência não são, necessariamente,
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sintomas psicopatólógicos. Ao contrário, são manifestações que nos permitem estudar e compreender a dimensão transpessoal da consciência que, dentro de um novo paradigma, podemos dizer que se trata de estados ampliados de consciência. De forma esporádica e tímida, algumas abordagens empiristas se referiram a esses fenômenos. FREUD, por exemplo, chamou de "Experiências Oceânicas" os casos em que o sujeito consegue afrouxar os limites do Ego, expandindo sua consciência de forma capaz de incluir e abranger outros indivíduos e elementos do mundo externo ou quando consegue experienciar sua própria identidade em um tempo ou espaço diferente. É importante reconhecer que tais experiências, antes negligenciadas ou tratadas como psicopatologias, tornaram-se o foco central da Psicologia Transpessoal, movimento que reúne desde psicólogos humanísticos até psiquiatras insatisfeitos com a abordagem mecanicista e biomédica dos estudos behavioristas e psicanalíticos. É importante reconhecer os esforços de Abraham MASLOW e Anthony SUTICH na gestação dessa abordagem “pós-moderna”, buscando integrar os trabalhos de C. G. JUNG, Carl ROGERS e outros que desafiaram, de modo convincente, os pressupostos mecanicistas e newtonianos, revelando a importância dos aspectos não racionais e não lineares da psique, defendendo o inefável, o criativo e o espiritual como meios válidos para se obter conhecimento. JUNG, por exemplo, ao defender que o inconsciente não podia mais ser pensado como um mero depósito psicobiológico de instintos reprimidos, mas que deveria ser aceito como um princípio ativo inteligente (em sua dimensão mais profunda, o Self ligaria o indivíduo à humanidade, à natureza e ao cosmos), passou a aceitar a necessidade de interação entre elementos conscientes e inconscientes ou a constante troca de informação e fluidez entre ambos para que a individuação se processasse, ou seja, o processo de maturação psíquica que transcende os estreitos limites do ego e do inconsciente individual. Outra questão importante que a obra de JUNG nos fornece é a aceitação do irracional e do paradoxal como válidos em si mesmos. Ele
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também estava convicto da realidade da dimensão espiritual no esquema universal das coisas. Sua suposição básica era que o elemento espiritual é parte orgânica e integral da psique. Ele é a centelha divina que se localiza no Self. Assim, a verdadeira espiritualidade, ou a sua busca, é um aspecto pulsional do inconsciente coletivo, independente do condicionamento da infância e da vida do indivíduo, do ponto de vista cultural e educacional. Dessa forma, tanto a análise como o autoconhecimento, quando alcançam suficiente profundidade, permitem que os elementos espirituais se manifestem espontaneamente na consciência. São as manifestações numinosas, como diria Kant. Assim, entre as principais contribuições de JUNG para a psicoterapia e, em breve, para a educação, é o reconhecimento das dimensões espirituais da psique e a abertura para os campos transpessoais da consciência, pois a hipótese da existência de uma centelha numinosa no Self vem ao encontro das filosofias orientais e são corroboradas pela literatura medianímica produzida no Brasil. Acreditamos que esse paralelo entre as filosofias e práticas orientais e as revelações por vias medianímicas comprovam as hipóteses de JUNG que não aceitava a ideia de causalidade linear como o único princípio motor na natureza. De sua mente transgressora surgiu o termo sincronicidade, a palavra que encontrou para designar o princípio de ligação entre eventos de forma não causal. Dessa forma, JUNG procurou interpretar as coincidências significativas de eventos separados no tempo e/ou no espaço. É importante ressaltar que suas ideias passaram a interessar vários físicos pós-modernos, entre eles EINSTEIN. Acredita-se que em um encontro pessoal, EINSTEIN encorajou JUNG para dar prosseguimento em suas pesquisas. Wolfgang PAULI, um dos pioneiros da teoria quântica, também foi um cientista que compartilhou com entusiasmo as ideias de JUNG sobre sincronicidade. Em linhas gerais, podemos afirmar que para se estudar as experiências transpessoais e encontrar formas seguras de utilizá-las na Educação, objetivo da ONG Círculo de São Francisco, precisamos nos abrir para os estudos sobre a gênese da consciência realizados por místicos e por físicos pósmodernos, relativizando o conhecimento estável e aceito com quase unanimidade pela Psicológica acadêmica.
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Hoje em dia, já são muitos os pesquisadores (MASLOW, WEIL, GROF, WILBER, entre outros) que formularam consistentes teorias sobre os “estados alterados de consciência”, afirmando que eles não são apenas naturais, mas que são necessários para o bem-estar e para a saúde do indivíduo que atingiu um certo grau de expansão cognitiva. É claro que estes autores não defendem que tais estados sejam obtidos através de drogas, uma vez que estas podem causar dependência química e destruir nosso corpo físico, mas através das diferentes práticas meditativas ou religiosas e também de atividades psico-corporais como o T’ai Chi, o Yoga etc., possibilitando o “desentupimento” dos chakras e, consequentemente, permitindo um reequilíbrio físico, mental, emocional e espiritual. Por exemplo, MASLOW, aos estudar pessoas que vivenciaram, espontaneamente, experiências místicas de "pico", formulou a hipótese de que muitos sintomas emocionais graves vividos no mundo contemporâneo são frutos do não afloramento dos níveis transcendentes da personalidade. Assim, da mesma forma que aceitamos que existe uma pulsão para a experiência sexual, possivelmente há também uma pulsão para a expansão da consciência para se atingir outros níveis de percepção. Em seus estudos, a conclusão a que chega é que as pessoas que têm experiências espontâneas de "pico" beneficiam-se delas, mostrando uma clara motivação para a auto-realização, um dos objetivos da psicoterapia humanística. Ao contrário de seus pares psicólogos, avaliou tais experiências como “supernormais” ao invés de “subnormais”. E é preciso não se esquecer da importante contribuição de Carl ROGERS para o amadurecimento das abordagens transpessoais na psicologia. Duramente criticado por valorizar as dimensões transcendentes ou espirituais que emergiam no contexto terapêutico, especialmente nas Terapias de Grupo, ROGERS parece não ter se intimidado e deu prosseguimento ao seu transgressor e revolucionário trabalho. Em suas últimas obras, a formulação de uma temática transpessoal começou a se destacar após a observação de fenômenos que demonstravam a existência de estados sutis de consciência e concluiu que se tratava, de fato, de experiências transcendentais e espirituais. O próprio ROGERS (1983: 62) afirmou que no passado não empregaria estas palavras (transcendência e espiritualidade), “mas a estrema sabedoria do grupo,
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a presença de uma comunicação profunda quase telepática, a sensação de que existe ‘algo mais’, parecem exigir tais termos”. A partir do que acabamos de expor, vamos concluir que a abordagem transpessoal possui uma base holonômica no qual o organismo humano passa a ser pensado como um todo integrado que envolve padrões físicos, mentais, sociais e espirituais. Ken WILBER demonstrou que estes padrões definem diferentes espectros ou níveis de consciência: o do ego, o do biossocial, o do existencial e o do transpessoal. No primeiro caso, a consciência está identificada com uma representação mental do organismo ou do corpo físico. É o domínio da auto-imagem construída ou egóica. Nesse nível, a pessoa se identifica com o seu “eu” (diferente e independente de tudo e de todos) e só cultiva relações interpessoais quando sente ou percebe que isso trará vantagens específicas para o ego. Nesse nível de consciência, praticamente não há preocupação com aspectos ecológicos ou sociais. O segundo nível, o biossocial, envolve uma outra frequência nos padrões de consciência e a preocupação com a preservação ou construção de um ambiente social aumenta. A pessoa começa a se sentir como parte de seu meio ambiente social e natural, aumentando o seu grau de responsabilidade pelo mesmo. O terceiro nível, o existencial, engloba o organismo total. Nesse estágio, a pessoa apresenta um senso de identidade corpo/mente autoorganizador. É quando surgem os ideais humanistas e os pensamentos mais complexos e elaborados, sobretudo em relação à Filosofia de Vida. Nesse estágio, Emoção e Razão seguem juntas para que haja o crescimento e expansão das potencialidades humanas, desde que haja meios propícios para que esse processo ocorra. O que não significa também que na ausência desses meios a pessoa não irá se auto-realizar ou se solidarizar com seus semelhantes. Normalmente, um alto grau de envolvimento ético e moral está associado a este estágio.
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O último nível, o transpessoal, é o da expansão da consciência para além das fronteiras do ego, correspondendo a um senso de identidade muito mais amplo e envolvente. Esse nível costuma envolver percepções do meio ambiente onde tudo está relacionado, mas não de forma linear ou causal. É o nível que permite uma abertura segura ao inconsciente coletivo e aos fenômenos que lhe estão associados, entre eles, a telepatia, a precognição, os diferentes tipos de mediunidade e até lembranças de vidas passadas. Enfim, enquanto as abordagens empiristas e mecanicistas consideram a consciência “normal” (ego) com base apenas nos fenômenos típicos do estado de vigília. Ou seja, concentra-se na razão instrumental para lidar com quase todas as situações da vida cotidiana., há evidências de outros conjuntos de dados ou de informações muito mais rico e profundo e que não são obtidos ou recuperados pela vontade consciente da pessoa. E são vários os conjuntos: os da vida presente da pessoa, sobretudo, da infância (FREUD), da vida intra-uterina (Otto RANK) e das experiências perinatais (GROF) e há também muitas informações no inconsciente que são referentes à pessoa, porém, anteriores à vida presente. Muitas das informações obtidas através das Terapias de Vida Passada (TVP) ou outras técnicas dificilmente podem ser relacionadas com a história biográfica do paciente (GROF, 1988). A Terapia de Vida Passada, formulada por Morris NETHERTON relaciona, além das teorias de JUNG, MASLOW e ROGERS, os conhecimentos produzidos pela Neurofisiologia contemporânea e as teorias holográficas de Karl PRIBAM e do físico David BOHM. Do ponto de vista terapêutico, GROF demonstrou que o fato de reviver tais memórias cármicas, de forma geral, possibilita ao paciente sentir um “profundo alívio”, a sensação de libertação dos opressivos "vínculos cármicos", além de sentimentos de êxtase e de realização. Nesse sentido, podemos afirmar que os estudos sobre a reencarnação se baseiam nos pressupostos de uma ciência pós-moderna, ou seja, não empirista-newtoniana. Culturalmente, a crença na reencarnação é algo típico das Civilizações Orientais. Tanto o Budismo como o Hinduismo se fundamentam nessa crença. Porém, no Ocidente,
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essa concepção também está presente, sobretudo nos antigos cultos órficos. Para SÓCRATES, PLATÃO e PITÁGORAS a reencarnação era a condição necessária da existência humana. No século XIX, o estudo da reencarnação voltou à tona com o surgimento do Espiritismo, da Teosofia e de outras abordagens religiosas ou filosóficas. Podemos notar que, a cada dia, se tornam mais evidentes as semelhanças entre as doutrinas medianímicas (como o Espiritismo e a Umbanda) e as doutrinas orientais. No começo do espiritismo dizia-se que os chakras, por exemplo, não existiam, que seria uma ideia “mística”. Com o aumento da literatura mediúnica e com espíritos considerados “evoluídos” e de “confiança” como André Luiz escrevendo sobre os “campos de força”, que curiosamente se assemelhavam aos chakras das literaturas orientais, o tema passou a ser aceito com mais naturalidade no meio espiritista. E sobre a reencarnação, um tema polêmico, pesquisadores como J. FADIMAN e R. FRAGER (1986) afirmam que há evidências factuais não podem ser descartadas. E, no Brasil, temos as pesquisas de Hernani Guimarães Andrade que reforçam a tese de que a reencarnação é um fato natural. Poderíamos falar também do crescimento exponencial da Transcomunicação Instrumental (contatos com espíritos através dos mais modernos aparelhos de comunicação) para demonstrar que o contato com os seres incorpóreos é uma realidade incontestável. Em suma, da mesma forma que nos EUA os psicólogos transpessoais se voltaram ao estudo das filosofias orientais e de suas práticas meditativas, no Brasil não podemos menosprezar a abundante literatura espiritista e umbandista em nossos estudos. A fenomenal obra mediúnica de Chico Xavier é fonte inesgotável de estudos transpessoais. Mas, como dissemos, a doutrina espírita deve ser objeto de estudo e fonte de hipóteses de trabalho e não campo para "doutrinação" religiosa. Para exemplificar, tomemos a polêmica questão da espiritualidade indígena. Se para muitos adeptos da doutrina espírita, os espíritos indígenas são “inferiores” ou os “bárbaros” que invadem o mundo civilizado por meio da reencarnação (Richard SIMONETTI) ou que devem ser “doutrinados” quando se manifestam em um trabalho mediúnico (Divaldo FRANCO), tais afirmações devem ser apenas
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hipóteses de trabalho em um enfoque transpessoal. Além da perspectiva espiritista temos de levar em consideração a visão umbandística e outras. Para muitos umbandistas, uma entidade indígena ou caboclo pode ser “evoluída” a tal ponto que não necessite mais encarnar sobre a Terra. Ele pode utilizar a forma perispiritual de um índio por várias razões: manter sua privacidade, pois pode ter sido uma figura de destaque no meio sociocultural, em uma de suas encarnações passadas; para expressar humildade diante das leis numinosas que regem o Universo etc. No campo educativo, uma proposta que parte do referencial da Psicologia Transpessoal, integrando-a ao complexo campo do mediunismo é a Animagogia, assunto do próximo capítulo.
A Animagogia e os estados ampliados de consciência Passaremos, agora, da Psicologia Transpessoal para o domínio da Educação. Para tanto vamos cunhar o neologismo Animagogia para se referir a ela. Trata-se de um enfoque educativo que reconhece, necessariamente, as dimensões espirituais e o potencial para a expansão da consciência humana. Assim, o educador transpessoal ou animagogo pensa, propõe e realiza com seus alunos novos campos experienciais a partir dos pressupostos da Psicologia Transpessoal, visando promover e valorizar a dimensão numinosa da vida humanizada. Seu objetivo é ajudar na consolidação do Homo spiritualis, o ser humanizado “pós-moderno” que já aceita com mais naturalidade questões como a reencarnação, a vida após a morte e o contato com os seres incorpóreos. Antes da abordagem transpessoal, as experiências místicas ou os estados ampliados de consciência foram classificados, pelas escolas tradicionais, como neurose, regressão a estágios intra-uterinos etc. A Psicologia Transpessoal (re)descobriu o Ser espiritual e também que este se aprimora ao longo de várias encarnações. Unindo a psicosofia do Oriente e as modernas pesquisas do Ocidente manifestou a estrutura do ser humano como Homo spiritualis. Como já salientamos, no Brasil, a fenomenologia mediúnica pode e deve contribuir para o avanço da Psicologia Transpessoal, desde que não seja utilizada para legitimar opções religiosas. O importante é
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que a pessoa que experimenta estados ampliados de consciência ou vivencia sua "emergência espiritual" através de contatos com seres incorpóreos, acesso às vidas passadas ou através de outros fenômenos, e que não encontra as melhores palavras para explicar o fato para aquele que nunca viveu tais experiências, precisa de um processo educativo que o ajude a absorver a nova informação. A energia que contém tais experiências exige que toda a personalidade se reestruture, superando velhos hábitos, velhos paradigmas, bloqueios psicológicos e religiosos. Mas é importante ressaltar também que, quase sempre, tais mudanças são acompanhas pela necessidade de assumir novas responsabilidades diante da vida. E esse é o cerne da Animagogia. Passar por essa metanoia de forma segura e compreensiva, possibilitando que a pessoa renove sua sensibilidade ou atitude diante do mundo é um dos objetivos centrais da proposta educativa que estamos chamando de Animagogia. Nesse sentido, no âmbito da saúde, o enfoque deixa de ser a doença para se centrar no pensamento, nos sentimentos e nas atitudes que estão por trás das enfermidades. Ao invés de curar os doentes, o foco passa a ser a promoção da saúde. E no âmbito educativo, o enfoque é o despertar espiritual através de diferentes técnicas psicossociais, corporais e meditativas que ajudem a desabrochar o Homo spiritualis adormecido no mundo técnicoinformacional contemporâneo. Em suma, possibilitar a vivência de uma nova modalidade de ser no mundo, de mente universalista e livre de amarras doutrinárias, apesar de sua abertura neg-entrópica para as contribuições das psicosofias espiritista, budista, umbandista, hinduísta, taoista, teosófica, católica etc. A Animagogia, como uma educação da alma, pressupõe a aceitação do fato de que somos seres autônomos e multidimensionais que antecedem a criação do nosso veículo físico, necessário para a vida sobre a Terra, e que retorna para casa ao fim de mais uma jornada sócio-cultural e educativa., como o leitor pode aprofundar a reflexão com a leitura do livreto Animagogia: educação espiritual para um mundo em regeneração.
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A Animagogia se processa através dos programas de anima-ação cultural O termo Anima-ação cultural foi cunhado em minha tese de doutoramento, defendida em 2003, na FEUSP, e denominada: “sociagogia do (re)envolvimento e anima-ação cultural”. Esse termo, ao contrário do usual animação cultural, foi proposto para representar toda e qualquer programação sociocultural e educativa que tenha como objetivo o aprimoramento espiritual do ser humano, sem preocupação doutrinária ou religiosa. O que poderíamos indicar como característica central da Animaação cultural é o seu “modo de pensar” residual, ou seja, “impuro”. Ela se formula na trajeto entre o conhecimento produzido pela ciência contemporânea e as psicosofias (sabedorias espirituais) das diferentes religiões e filosofias reencarnacionistas. Porém, seu campo de ação não é o religioso, mas o cultural. É nesse âmbito que sua função simbólica se concretiza. Nos itens anteriores foi possível apresentar, resumidamente, a base teórica e epistemológica do que entendemos por Animagogia. Passemos, agora, para a sua realização através da anima-ação cultural, o caminho aqui proposto como contribuição para o processo de realização do ser humanizado enquanto um ser “neótono neg-entrópico”, ou seja, como um ser aberto para o mundo, lúdico-explorador, permanentemente incompleto e inacabado. Em suma, o Homo spiritualis. O prefixo anima - que na psicologia analítica de Jung tem uma conotação peculiar, referindo-se ao princípio feminino no homem indicaria um programa de ação cultural ou uma inter(in)venção com grupos específicos (crianças, idosos, etc.) em que a sensibilidade – ou a anima – é o seu principal “catalisador”. É preciso salientar que estamos compreendo o termo ação cultural no sentido proposto por TEIXEIRA COELHO (1989:33): ... [a ação cultural] Tem sua fonte, seu campo e seus instrumentos na produção simbólica de um grupo. E entre as formas do imaginário que a constituem, as da arte – ao lado de praticas culturais leigas, mítico-religiosas, etc. – são
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privilegiadas, por mais que se diga o contrário. O trabalho com uma modalidade artística em particular pode até não ser do interesse de uma ação cultural específica. Mas, o que é vital à ação cultural é a operação com os princípios da prática em arte, fundados no pensamento divergente (identificado por Gaston Bachelard como o ‘princípio do diagrama poético’, que consiste em aproveitar, para o processo, tudo o que interessar, venha de onde vier, na hora em que for necessário, sem o recurso a justificativas claras e precisas) e no pensamento organizado, e movido pela possibilidade, pelo vir-a-ser. É esse tipo de pensamento e essa modalidade de prática, em parte privilegiada também pela ciência mais criativa, que permite o ‘movimento’ de mentes e corpos tão privilegiado pela ação cultural. É esse na verdade o tipo de pensamento que altera os estados, transforma o estado em processo, questiona o que existe e o coloca em movimento na direção do não conhecido. A proposta, portanto, é usar o modo operativo da arte – livre, libertário, questionador, que carrega em si o espírito da utopia – para revitalizar laços comunitários corroídos e interiores individuais dilacerados por um cotidiano fragmentante. A inter(in)venção sócio-educativa promovida pelo animagogo (o agente da Anima-ação cultural) poderá ser realizada com diferentes grupos sociais, envolvendo crianças, adolescentes, adultos e idosos (e até desencarnados, dependendo do caso). Não há dúvidas que se trata de um tipo peculiar de educador. De certa forma sua ação ocorre no tempo livre do grupo e não é o ambiente escolar o seu principal locus de atuação. Se o seu trabalho não é pedagógico, no sentido estrito da palavra, ou seja, de um ensino aprendizagem voltado para crianças, ele é, sobretudo, animagógico, como apresentamos acima, ou seja, para o despertar do Homo spiritualis. Em relação às atividades que normalmente compõem um programa de Anima-ação cultural encontraremos aquelas que possibilitam uma ponte entre a luz e a sombra ou entre a vigília e o repouso, por exemplo. Algumas atividades típicas de um programa de anima-ação cultural são, entre outras, a Meditação, o Yoga e as Danças Circulares. Meditar, por exemplo, não significa dormir, mas, em estado
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de vigília, manter uma postura e formas de respiração que permitam a pessoa entrar em contato com o seu mundo interior e com fenômenos “transpessoais”. A expressão Yoga em sânscrito significa religar. Podemos afirmar que a Anima-ação cultural, pelo menos do ponto de vista aqui discutido, implica um problema religioso (religare), mas não necessariamente doutrinário. A Anima-ação cultural se realiza, normalmente, através de atividades de introversão ou de atividades que apresentam forte homologia com a Alquimia ou que nos faz reconhecer que é através de nós, mas não a partir de nós (ou seja, de dentro da personalidade, mas não a partir do ego) que encontramos tudo o que necessitamos, mas que, por não termos consciência desse fato, procuramos, desesperadamente, do lado de fora. As atividades que compõe um programa de Anima-ação cultural têm como função fazer brilhar dentro de nós, ainda que tenuamente, a vida e a luz do homem, porém, uma luz que não emana de nós (em outras palavras, do ego), mas que, no entanto, está dentro de nós (Self). Em suma, a Anima-ação cultural vem ao encontro da crítica junguiana ao cristianismo oficial de sua época, pois acentua a ideia de que todo ser humano abriga no mais fundo de sua psique (no Self) uma centelha divina, uma parte da Divindade. Como disse FRANZ (1998:72), seguindo as trilhas de JUNG: "admitamos ter a imagem de Deus como uma entidade ativa, como uma essência, em nossa própria psique, então não precisamos ficarcorrendo a esmo para procurá-la; nós a temos ali mesmo".
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Bibliografia básica ANDRADE, Hernani Guimarães. Morte, Renascimento, Evolução. Ed. Pensamento: São Paulo, 1987.__________________. Reencarnação no Brasil. Editora O Clarim: Matão, 1990. BACHELARD, Gaston. Dialética da duração. São Paulo: Ática, 1988a. _____________. A poética do espaço. São Paulo: Nova Cultural, 1988b. _____________. O direito de sonhar. São Paulo: Difel, 1986. BOECHAT, Walter (org.). Mitos e arquétipos do homem contemporâneo. Rio de Janeiro: Vozes, 1995. BAYLEY, Alice A. Do intelecto à intuição. Niterói: Fundação Avatar, 1988. CASSIRER, Ernst. Linguagem, mito e religião. Porto: rés editora, s/d. DAHLKE, Rüdiger. A doença como símbolo. Editora Cultrix: São Paulo, 2001. __________________. A doença como caminho. Editora Cultrix: São Paulo, 2002. DALAI LAMA. Minha terra e meu povo. Rio de Janeiro: Sextante, 2001. DROUT, Patrick. Reencarnação e imortalidade. Rio de janeiro: Nova Era, 1996. DURAND, Gilbert. As Estruturas Antropológicas do Imaginário. São Paulo: M. Fontes, 1997. ______________. A Imaginação Simbólica. São Paulo: Cultrix, 1988. ______________. Campos do Imaginário. Porto: Instituto Piaget, 1996. ______________. Mito e Sociedade. A mitanálise e a sociologia das profundezas. Lisboa: A regra do jogo, 1983. ______________. O imaginário: ensaio acerca das ciências e da filosofia da imagem. Rio de Janeiro: Difel, 1998. ELIADE, Mircea. Imagens e mitos: ensaio sobre o simbolismo mágico-religioso. São Paulo: Martins Fontes, 1996. ____________. O sagrado e o profano. São Paulo: Martins Fontes, 1996. ____________. Mito e realidade. São Paulo: Perspectiva, 1998.
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Um pouco do trabalho da ONG Círculo de São Francisco realizado entre março de 2003 e março de 2018 A ONG Círculo de São Francisco (ONGCSF) foi criada em março de 2003 para colocar em prática diferentes programas de Animaação cultural, dentro do enfoque animagógico proposto acima. A ONGCSF foi criado para substituir o antigo Centro de Estudos e Vivências Cooperativas e para a Paz, criado em setembro de 1999, para difundir os valores da Cultura de Paz, seguindo as orientações do Manifesto da UNESCO para a década da Cultura de Paz (2001-2010). Entre as atividades mantidas pela ONGCSF nestes 15 anos, podemos destacar alguns projetos, como o Rede da Esperança, que distribuiu gratuitamente mil e quinhentos exemplares do livro homônimo, junto com uma contação de história e uma oficina de criatividade. O livro aborda questões como cidadania, participação popular, sustentabilidade e espiritualidade. Foi pensado para ser trabalhado com crianças de 7 a 12 anos de idade. Durante os anos de 2001 e 2014 foram realizados os Encontros Homospiritualis de Educação e Cultura para a Paz. Este evento era realizado na semana do dia 04 de outubro, em homenagem à Francisco de Assis. O objetivo do evento era promover a cultura de paz e valorizar a diversidade religiosa. Eventos com a presença de religiosos de diferentes concepções e, inclusive, com seres incorpóreos, fizeram do encontro um dos mais significativos eventos de promoção da diversidade religiosa no município de São Carlos. Por sua vez, entre os anos de 2010 e 2014, um outro evento foi organizado, acontecendo entre o dia 21 de janeiro, dia da religião, e o dia 30 de janeiro. O evento foi denominado Fórum Permanente de Educação, Cultura de Paz e Tolerância Religiosa. Ao contrário do anterior, o Fórum visava uma ação política em defesa da diversidade religiosa. Nos fóruns foram escritos o Manifesto da Cultura de Paz e da Tolerância Religiosa em São Carlos e a criação do Observatório Social da Liberdade Religiosa em São Carlos.
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Além desses dois, foram organizados, a partir de 2007, a Jornada de Saúde e espiritualidade, nos anos ímpares, e a Jornada de Educação e Espiritualidade, nos anos pares, a partir de 2010. Esses eventos costumavam acontecer no mês de março, durante as comemorações do aniversário da ONGCSF. Outro evento de destaque foi a pesquisa denominada Cultura de Paz e Mediunidade que resultou na edição de sete livros, entre eles, um denominado A psicosofia de Lao Tsé, Krishna e Buda segundo a Espiritologia. O neologismo espiritologia foi criado para representar o uso da História Oral para se entrevistar os seres incorpóreos, utilizandose da mediunidade. Por sua vez, por psicosofia compreende-se os ensinamentos espiritualistas que não se confundem nem com a Psicologia e nem com a Filosofia. Além desses eventos e pesquisas, a ONGCSF mantém em sua sede o Centro de Referência Comunitária em Tratamentos Naturais, Complementares, Integrativos e Populares onde atende a população de São Carlos e de outras cidades gratuitamente com diferentes práticas terapêuticas. E talvez a grande contribuição da ONGCSF neste período foi a sistematização e a difusão gratuita da Terapia Vibracional Integrativa (TVI), uma técnica de tratamento psicossocial e bioenergética realizada através da imposição das mãos. A TVI começou a ser ensinada a partir de 2003 e mais de 5 mil pessoas foram capacitadas, no Brasil e em Portugal.
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Links para alguns dos textos e livros editados no período acima, disponibilizados na forma de ebooks no portal scribd. Para ter acesso ao conteúdo integral, gratuitamente, basta abrir uma conta no scribd: 01 - comunicações acadêmicas Os espíritos na internet: o nascimento do espiritualismo ecumênico universal Comunicação apresentado no XII Encontro de História das Religiões, em Juiz de Fora, MG. Pode ser acessado no scribd através do link: https://pt.scribd.com/document/53699103/Os-espiritos-na-internet-onascimento-do-espiritualismo-ecumenico-universal
Chi Kung: uma ecolinguagem corporal e bioenergéticas Comunicação apresentado no I Encontro de Ecolinguística e Imaginário, na UFG, em Goiania/GO. Pode ser acessado no scribd através do link: https://pt.scribd.com/doc/44659335/Chi-Kung-uma-ecolinguagemcorporal-e-bionergetica
Programa Homospiritualis: diversidade religiosa, expressão do espírito e (re)envolvimento humano Comunicação apresentado no V Colóquio Internacional Educação, Imaginário, Mitanálise e Utopia, na UFF, em Niteroi/RJ. Pode ser acessado no scribd através do link: https://pt.scribd.com/document/62012277/Programa-HomospiritualisDiversidade-religiosa-expressao-do-espirito-e-re-envolvimento-humano
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02 - coleção Animagogia Animagogia: educação espiritual para um mundo em regeneração Livreto da coleção Animagogia, editada pela ONGCSF. Pode ser acessado no scribd através do link: https://pt.scribd.com/document/125520983/Animagogia-educacaoespiritual-para-um-mundo-em-regeneracao
Umbanda: manifestação cultural pós-moderna Livreto da coleção Animagogia, editada pela ONGCSF. Pode ser acessado no scribd através do link: https://pt.scribd.com/document/25639419/Umbanda-manifestacaocultural-pos-moderna
Os símbolos do Reiki e seus ensinamentos morais Livreto da coleção Animagogia, editada pela ONGCSF. Pode ser acessado no scribd através do link: https://pt.scribd.com/document/28646532/Os-simbolos-do-reiki-e-seusensinamentos-morais
Terapia Vibracional Integrativa: o poder da vontade, do pensamento elevado, da imaginação criativa e do amor Livreto da coleção Animagogia, editada pela ONGCSF. Pode ser acessado no scribd através do link: https://pt.scribd.com/document/34850559/Terapia-VibracionalIntegrativa
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03 - livros A arte de envelhecer com saúde integral e paz interior Livro da coleção Educação e Espiritualidade, editada pela ONGCSF através da editora Rima. Pode ser acessado no scribd através do link: https://pt.scribd.com/document/17463495/A-arte-de-envelhecer-comsaude-integral-e-paz-interior
Saúde e Espiritualidade: Reflexões sobre tratamentos vibracionais e medianímicos Livro da coleção Cultura de Paz e Mediunidade, editada pela ONGCSF através da editora Rima. Pode ser acessado no scribd através do link: https://pt.scribd.com/document/26726833/Saude-e-Espiritualidadereflexoes-sobre-tratamentos-vibracionais-e-medianimicos
Apometria: O poder da mente e a mediunidade a serviço da regeneração da terra Livro da coleção Cultura de Paz e Mediunidade, editada pela ONGCSF através da editora Rima. Pode ser acessado no scribd através do link: https://pt.scribd.com/document/17530329/Apometria-o-poder-damente-e-a-mediunidade-a-servico-da-regeneracao-da-Terra
A psicosofia de Lao Tsé, Krishna e Buda através da espiritologia Livro da coleção Cultura de Paz e Mediunidade, editada pela ONGCSF através da editora Rima. Pode ser acessado no scribd através do link: https://pt.scribd.com/document/33237216/A-Psicosofia-de-Lao-TseKrishna-e-Buda-segundo-a-espiritologia
Gênero e Espiritualidade: uma introdução ao estudo das imagens e do imaginário do invisível Livro da coleção Cultura de Paz e Mediunidade, editada pela ONGCSF através da editora Rima. Pode ser acessado no scribd através do link: https://pt.scribd.com/document/18239605/Genero-e-espiritualidadeintroducao-ao-estudo-das-imagens-e-do-imaginario-do-invisivel
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A prática da meditação integrativa na terceira idade Livro baseado na pesquisa de pós-doutorado realizada na UFSCar, por Adilson Marques. Foi publicada também pelo projeto VEPOP-SUS em parceria com o Ministério da Saúde. Pode ser acessado no scribd através do link: https://pt.scribd.com/document/28529538/A-pratica-da-meditacaointegrativa-na-terceira-idade
04 - outros Manifesto pela Paz e pela Tolerância Religiosa Documento aprovado no I fórum de Educação, cultura de paz e tolerância religiosa e reformulado no V fórum, em 2014. Pode ser acessado no scribd através do link: https://pt.scribd.com/document/34029006/manifesto-pela-Paz-e-pelaTolerancia-Religiosa
Ensino religioso, educação em valores humanos e animagogia Transcrição de palestra realizada por Adilson Marques na ONGCSF. Pode ser acessado no scribd através do link: https://pt.scribd.com/doc/17463454/ensino-religioso-educacao-emvalores-humanos-e-animagogia
História Oral com espíritos: a construção de narrativas visionárias e hermesianas na pós-modernidade Transcrição de palestra realizada por Adilson Marques na ONGCSF. Pode ser acessado no scribd através do link: https://pt.scribd.com/document/26059737/Historia-oral-com-espiritosa-construcao-de-narrativas-visionarias-e-hermesianas-na-posmodernidade.
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Adilson Marques, sócio-fundador da ONG Círculo de São Francisco, participou das pesquisas que resultaram na coleção de livros Cultura de Paz e Mediunidade.
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Conheça os demais cadernos de animagogia editados pela ONG Círculo de São Francisco
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