Edição de 1/junho de 2020

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DOURADOS MS ANO 70 Nº 13.627

O PROGRESSO

1º de junho de 2020

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DIVULGAÇÃO

A ‘pandemia do machismo’

contra mulheres confinadas com seus algozes Queda no número de denúncias nas delegacias aponta para subnotificação. Subsecretária de Políticas Públicas para Mulheres, Luciana Azambuja prevê “enxurrada” de registros pós pandemia. PÁG. D1

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Gastos da Prefeitura se concentram na folha salarial de servidores

Brô MC’s prepara live para arrecadar alimentos às aldeias

Coronavírus

Marçal alerta para abuso de crianças no período de isolamento social

Em Dourados, 155 mulheres pedem medidas de proteção

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Dourados

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OAB vistoria presídio, aldeias e faz campanha

CADERNO B

Aventais de ‘sacos plásticos’ DIVULGAÇÃO

Dourados recebe atenção especial do Estado, diz Geraldo

Sindicato dos Agentes Comunitários de Saúde de Dourados denuncia a baixa qualidade dos aventais fornecidos pela Prefeitura. O material estaria arriscando a vida dos profissionais no combate a pandemia. PÁG. D4


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Dourados, 1º.6.2020 O PROGRESSO

Opinião EDITORIAL

Violência contra a mulher em tempos de pandemia

O

isolamento social em razão da pandemia do novo coronavírus tem ajudado a conter o avanço do número de infectados, por outro lado, o refúgio do lar tem sido justamente o local mais perigoso para mulheres que sofrem com a agressividade de seus parceiros. O drama não é novo: um levantamento divulgado em 2019 pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública apontou que 16 milhões de mulheres com mais de 16 anos sofreram algum tipo de violência no Brasil, a maioria delas em casa. Durante a quarentena, o problema da violência doméstica se agravou. Assim como ocorre com os casos de infecção e mortes decorrentes da Covid-19, há fortes indícios de que o enclausuramento tenha intensificado um problema que sempre foi grave: o da subnotificação das ocorrências. Isso pode estar acontecendo em Mato Grosso do Sul, já que o Estado está na contramão do País, com redução de índices de violência contra a mulher. Especialistas da segurança pública temem que muitas das mulheres estão deixando de fazer denúncia. O contexto de apreensão, incer-

tezas e adversidades impostas pela pandemia, além do consumo excessivo de álcool nesse período, colabora para as discussões entre casais, que podem desencadear diversas formas de agressão (física, psicológica, sexual, patrimonial e moral). Devido ao isolamento social, muitas mulheres não conseguem fazer as denúncias. As delegacias de Polícia Civil são a porta de entrada da mulher em situação de violência na rede de atendimento, pois é nesses locais que são feitos os registros de boletins de ocorrência e os pedidos de medidas protetivas – e por tal razão, as Delegacias de Atendimento à Mulher não tiveram alteração no horário de funcionamento, mantendo as portas abertas e o atendimento presencial para todos os casos. Vizinho, parente, amigos, enfim, qualquer pessoa pode auxiliar uma mulher a sair do ciclo de violência. A tarefa é fácil, basta ligar, em casos não emergenciais, para o Disque 180 ou o Disque 100. Caso a vítima recém foi agredida, o recomendado é chamar a polícia, no 190. Essa luta é de todos e o ciclo de violência só irá acabar na medida em que o homem for educado na tenra idade a respeitar a mulher.

Inclusão digital da terceira idade dispara durante pandemia MARIA CAROLINA AVIS* *Professora do curso de Marketing Digital do Centro Universitário Internacional Uninter

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ma coisa é fato: as estratégias das empresas estão sempre com foco no digital, principalmente durante o momento em que estamos vivendo, em que os recursos digitais estão verdadeiramente salvando a nossa pele. Falamos tanto na famosa revolução digital, mas como ficam as pessoas idosas nesse momento? Em março, as buscas por “como fazer compras on-line” cresceram 198% no Brasil, de acordo com dados internos do Google. Muitas vezes, deixamos de considerar os hábitos dos mais analógicos, mas essa informação deixa claro que nem todo mundo sabe fazer uma compra na internet. Com o objetivo de ajudar o público da terceira idade, principalmente durante a pandemia, algumas marcas, como Itaú e Banco do Brasil, fizeram

alguns vídeos tutoriais de como instalar o aplicativo, ensinando a este público a utilizar seus canais digitais. Esses imigrantes digitais não mudaram seus hábitos de uma hora para a outra, eles conheceram tarde a tecnologia e ainda não são muito próximos dela, por isso são mais acostumados com o analógico. Essas pessoas usam a tecnologia pois são “obrigadas” e não a encaram com naturalidade, pois obviamente está fora do que estão acostumados. Não é o seu habitat natural. É muito mais confortável ir presencialmente a um banco resolver os problemas do que baixar um aplicativo e conseguir navegar por ele, já que viveram a vida inteira sem internet. Como assim agora, do nada, as empresas só funcionam com prioridade no digital, sem sequer u m a migração, uma transição? Não seria

melhor falarmos em readequação e reeducação digital em vez de transformação digital, pensando em inclusão? Afinal para essas pessoas, a tecnologia representa até mesmo uma ameaça, já que as empresas que são nativas digitais (compostas por um público que já nasceu em um ambiente digital) muitas vezes não consideram os hábitos dos mais idosos. É o caso de empresas que do nada passam a funcionar apenas por meio de aplicativos, com o uso de QR Codes ou alguma outra tecnologia. Isso faz parte de uma transformação forçada, já que muitas pessoas ainda não têm esses costumes e precisam de tempo para conseguirem se readequar aos novos modelos de negócios. Ao terem uma experiência ruim com o digital, logo param de considerar seu uso e só

usam se forem obrigados, já que pensam que isso não é para eles. Essa é uma tamanha responsabilidade para os profissionais estrategistas digitais: como fornecer uma boa experiência a este público, desacostumado com o digital, mas que ao mesmo tempo quer fazer compras on-line? Pense em ferramentas intuitivas. Se você gera conteúdo na internet, não desconsidere este público que carece de informações mais claras e especificas. Cuidado também com o excesso de informações e poluição visual, que pode confundir ainda mais. Vale a regra da experiência do usuário: quanto menos cliques o usuário precisar dar para cumprir com um objetivo, melhor. E se você tem idosos por perto, tire um tempinho do seu dia para acompanhar a navegação deles na internet e perceba como seu comportamento é diferente dos nativos digitais. Pensando em tendências para o futuro, os assistentes virtuais por voz podem ser úteis no auxílio de pessoas com pouca intimidade com a web. Precisamos pensar mais na inclusão.

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Dourados, 1º.6.2020 O PROGRESSO

Política DIVULGAÇÃO

A agenda de Geraldo Resende em Dourados começou por uma vistoria às obras de construção do Hospital Regional

Geraldo Resende “fecha” maio fiscalizando obras e repassando recursos para Dourados Em reunião com a prefeita Délia Razuk, Geraldo anunciou repasse de R$ 6 mi O secretário estadual de Saúde Geraldo Resende fechou o mês de maio com uma extensa lista de ações em favor da saúde do Município de Dourados e região. Na quarta-feira (27.05) ele esteve na cidade durante todo o dia com uma extensa agenda, mantendo contatos com autoridades e assinando convênios e repasses de recursos para a melhoria do atendimento à população local e regional. Sempre falando em nome do go-

vernador Reinaldo Azambuja, o secretário disse que Dourados tem recebido uma atenção especial do governo do Estado, principalmente pelo fato de ser sede de uma região composta por 33 cidades e uma população de mais de 900 mil pessoas. “Para Dourados acorre toda essa comunidade, principalmente em busca de serviços públicos nas áreas de saúde e educação”, salienta o secretário. A agenda de Geraldo Resende em

Marçal alerta para abuso de crianças no período de isolamento social Crimes como negligência, ameaça e violência psicológica também são preocupantes O deputado estadual Marçal Filho (PSDB) alerta para os casos de violência sexual e maus tratos contra crianças e adolescentes durante o período de isolamento social, devido a pandemia do novo coronavírus. A maioria dos casos de violência ocorre no ambiente familiar, sendo praticados por quem tem o dever legal de proteger crianças. Coordenador da Frente Parlamentar em Defesa da Criança e do Adolescente, o deputado chama a atenção para o Maio Laranja, mês de conscientização sobre abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. Mato Grosso do Sul é um dos estados com mais registro de estupros contra

menores. “A sociedade precisa estar atenta a qualquer mudança de comportamento da criança ou do adolescente, principalmente agora, que elas estão mais tempo em casa com os agressores e, ainda por cima, não tenham para quem denunciar caso sejam vítimas de violência, porque estão afastados da escola e sem receber visitas de familiares e amigos”, alerta o parlamentar. As escolas são essenciais no combate aos abusos por meio de denúncias, sobretudo de parentes que não moram com as vítimas, como avós, madrinhas e tias. Sem informações desses denunciantes, por estarem mais afastados por causa do isolamento social, especialistas de segurança temem a subnotificação. Crimes como negligência, ameaça e violência psicológica também são

Dourados começou por uma vistoria às obras de construção do Hospital Regional, às margens da Rodovia BR463. Os trabalhos tinham sido paralisados em 2019 e foram retomados no início de maio. A previsão de entrega agora é para novembro de 2021. Na sequência, o secretário participou de uma reunião no gabinete da prefeita Délia Razuk, onde anunciou o repasse de R$ 6 milhões, em seis parcelas consecutivas de R$ 1 milhão, que serão utilizados na oferta

de serviços de apoio diagnóstico e terapêutico que estão com a demanda reprimida no Município e região. Ainda na parte da manhã, o secretário assinou um convênio com a Associação dos Autistas da Grande Dourados (AAGD), visando o repasse de recursos de R$ 90 mil que serão destinados à compra de equipamentos, materiais permanentes e insumos, que serão utilizados na nova sede, em construção no Bairro Terra Roxa. No período da tarde, Geraldo Resende vistoriou as instalações do Hospital Regional de Cirurgias da Grande Dourados (HRCGD), principalmente em relação aos leitos clínicos destinados ao tratamento de pacientes com Covid-19, caso seja necessário. Na avaliação do secretário, a estrutura disponibilizada está adequada aos padrões solicitados pela Secretaria de Estado de Saúde (SES).

O secretário disse que Dourados tem recebido uma atenção especial do governo do Estado Também à tarde, Geraldo fez a entrega de dez mil máscaras para o polo indígena de Dourados. Esse material foi doado pela empresa Energisa. A doação faz parte do Movimento Energia do Bem, voltada ao enfrentamento à pandemia. Em Mato Grosso do Sul, a iniciativa vai produzir 65 mil máscaras que serão destinadas a indígenas e idosos por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar de Mato Grosso do Sul (Semagro). Concluindo a agenda, o secretário esteve no frigorífico JBS verificando o plano de contenção adotado pelo frigorífico para evitar novos casos de Covid-19 entre seus trabalhadores e demais colaboradores. O secretário disse que colocou toda a equipe técnica da SES para melhorar protocolos de contingência, bem como garantiu a entrega de materiais necessários para ampliar os testes dentro da empresa.

LUCIANA NASSAR

COLONO - Cumpadri, o coronavírus amedronta, né...

ZÉ PINGA - Mais grave é termos um governo autoritário e estarmos sem ministro da saúde, ic, ic,ic...

Familiares e vizinhos podem ajudar a combater os abusos, diz Marçal preocupantes. Marçal Filho alerta que, quando as crianças e os adolescentes moram com pessoas violentas ou que usam da violência por causa de uma dependência química, por exemplo, o estresse causado pelo isolamento pode motivar novas agressões verbais e físicas.



Em Dourados, 155 mulheres pediram medidas de proteção na pandemia PÁG. 2

OAB Dourados vistoria presídio, aldeias e faz campanha por vulneráveis PÁG. 6

DIA A DIA Dourados, 1º.6.2020 O PROGRESSO DIVULGAÇÃO

Confinadas com algozes, mulheres são vítimas da

‘PANDEMIA DO MACHISMO’ Queda no número de denúncias nas delegacias aponta para subnotificação. Subsecretária prevê “enxurrada” de registros pós pandemia Valéria Araújo Os números de registros nas delegacias caem, mas a violência contra a mulher aumenta. Umas das causas apontadas é o confinamento delas com os agressores. É o que acredita a subsecretária de Políticas Públicas para as Mulheres do Estado de Mato Grosso do Sul, Luciana Azambuja. Para ela o aumento faz com que a violência contra a mulher seja considerada uma “pandemia dentro da pandemia”. Em entrevista à escritora Delasnieve Lapet, a subsecretária alertou para a dificuldade das vítimas em sair de casa para denunciar e acredita que a demanda, hoje reprimida, poderá gerar uma “enxurrada” de denúncias nas delegacias após o período de quarentena.

“Pode-se considerar que o País vive uma pandemia dentro de uma pandemia, há muitos anos” “O isolamento social tem sido muito cruel para muitas mulheres porque elas estão em casa ao lado do agressor. Além disso, as crianças estão sem aulas na rede pública e na rede privada. Esse tempo excessivo, num ambiente desestruturado e relacionamento abusivo, vai potencializar a violência. Esse homem, assim como toda sociedade, também está preocupado com o futuro de seu emprego e situação financeira. Somado com outros fatores de risco como o álcool em excesso e às vezes até droga, a violência tende a aumentar. Não é a pandemia, não é o coronavirus que está transformando o homem bonzinho em agressor, mas essa situação de incerteza, de insegurança além da permanência em casa está trazendo mais violência doméstica e não só às mulheres, mas às crianças, idosos e as pessoas com deficiência, que estão nesse contexto familiar”, explica. Luciana Azambuja acredita em

aumento dos registros pós pandemia. “Nós temos um aumento de violência contra mulheres. Apesar de com o isolamento social e o toque de recolher, muitas delas não estão saindo de casa sequer para denunciar. Acreditamos que, assim que passar o auge da pandemia teremos uma demanda reprimida e uma “enxurrada” de registro de boletim de ocorrência na Delegacia de Polícia”, afirma. Segundo ela, pode-se considerar que o País vive uma pandemia dentro de uma pandemia, há muitos anos. “O Brasil amarga a quinta posição do ranking mundial onde as mulheres mais morrem por questão de gênero e o Estado de MS também está entre os cinco ou seis com maiores índices de denúncias de violência doméstica entre os 27 estados da Federação”, ressaltou, observando que esse dado não significa, necessariamente, um aumento da violência em si, mas o reflexo das ações do Estado em estimular e encorajar as mulheres a denunciar tendo em vista que oferece serviços acolhedores e de qualidade, que fazem as mulheres confiar na rede de proteção e buscar ajuda, o que influencia na estatística. “Campo Grande tem a primeira Casa da Mulher Brasileira do País já há cinco anos e é uma referência, não só dentro do Brasil, mas para outros países. Sem sombra de dúvidas o fato da unidade oferecer todos os serviços integrados aumentou muito a procura das mulheres. Isso não quer dizer que Campo Grande passou a ter mais mulheres vítimas de violência, mas sim que elas se sentiram mais à vontade para procurar os serviços que estão na Casa da Mulher. Então nós temos sim, há muito tempo uma pandemia da violência doméstica, de machismo, de sexismo e misoginia contra as mulheres no Brasil e Mato Grosso do Sul, não foge à regra dos 27 estados da Federação”, explica.

Subsecretária de Políticas Públicas para as Mulheres de MS, Luciana Azambuja Denúncias online Luciana explicou ainda que diante do fato da vítima estar ao lado do agressor em tempos de pandemia, o que a impede de acionar serviços como o 180 por telefone, por exemplo, o Estado lançou ferramenta virtual em que ela pode fazer suas denúncias on line, apenas digitando. Trata-se do site “Não se cale” que traz um conteúdo diversificado abrangendo não só a violência doméstica, como outras formas de violação dos direitos das mulheres, considerando as políticas públicas e os serviços existentes no Estado. “Em razão da pandemia pelo novo coronavírus e das medidas de proteção adotadas pelo Governo do Estado – como da adoção do home office para servidores há duas semanas, percebemos a ausência de um instrumento virtual que pudesse alcançar as mulheres em suas casas, de modo silencioso e eficaz nas informações, orientações e encaminhamentos”, informa. Números De acordo com o site “Não se Cale”, em 2019 MS registrou aproximadamente 18.700 registros de boletins de ocorrência em todos os 79 municípios, com maior incidência nos crimes de ameaça e lesão corporal. Foram 98 feminicídios tentados, onde as vítimas sobreviveram por sorte e contra a vontade de seus algozes – e 30 casos consumados. Comparando com 2018, houve uma redução de 6,3%. Só nos quatro primeiros meses de 2020, foram quase 5 mil B.O’s registrados. Crimes bárbaros em MS O Estado já registrou 14 feminicí-

dios esse ano. A última morte foi Valéria Ribeiro de Oliveira, de 30 anos, que foi esfaqueada pelo ex-namorado, no último dia 14, em Paranaíba. Antes de esfaquear a vítima, o autor atirou contra ela, mas nenhum disparo a atingiu. O crime foi na casa de Valéria, e de acordo com a Polícia Civil, na frente da filha dela. A menina gritou pedindo ajuda, vizinhos chamaram a Polícia Militar (PM). Ao comentar o caso, Luciana Azambuja pediu a colaboração da sociedade em denunciar e se estiver em local seguro e puder registrar imagens, pode contribuir muito com a polícia. Antes de Valéria, uma moradora em Anastácio, foi queimada pelo ex. Já em Costa Rica, uma mulher sobreviveu a tiros disparados pelo ex, mas a mãe dela acabou morrendo. Saiba mais

Como denunciar Pelo telefone, as denúncias podem ser feitas pelos serviços Disque 180 e 190 (Polícia Militar). Em Dourados, as delegacias estão atendendo normalmente. A unidade especializada é a Delegacia da Mulher localizada na Rua Projetada B, 820 - Vila Bela. O telefone: (67) 3421-1177 e o horário de funcionamento é das 7h30 às 17h. Nos casos de flagrante, o denunciante pode acionar a Primeira Delegacia De Polícia De Dourados (Depac), que atende toda a cidade 24h. O endereço da unidade é Rua Cuiabá, 1828 – Centro. O telefone: (67) 3411-8060. Para denuncias on line, a vitima pode acessar: www.naosecale.ms.gov.br


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Dourados, 1º.6.2020 O PROGRESSO

Dia a Dia ENTREVISTA · Izonildo Gonçalves de Assunção Junior - Promotor de Justiça

Em Dourados, 155 mulheres pediram medidas de proteção na pandemia Valéria Araújo

Frases

Dados do Ministério Público Estadual apontam que em Dourados 155 mulheres pediram medidas de proteção durante a pandemia. Apesar de menor, se comparado com o mesmo período do ano passado (413), isso não quer dizer que a violência diminuiu, pelo contrário. De acordo com o promotor de Justiça Izonildo Gonçalves de Assunção Junior, o isolamento social, imposto pela pandemia aumenta a fronteira para o pedido de ajuda. De janeiro até o último dia 27, 498 mulheres foram vítimas de violência, segundo dados da Polícia Civil. Em entrevista ao O PROGRESSO, o promotor detalha como a sociedade pode ajudar as vítimas confinadas com os algoz.

“É preciso considerar que, no isolamento, a possibilidade de as mulheres serem vigiadas e controladas pelos parceiros agressores são bem maiores”

A ONU tem alertado para o aumento de casos de violência doméstica no mundo.O senhor concorda? Por quê? A violência doméstica e familiar contra a mulher é um fenômeno que ocorre no mundo inteiro. Sabe-se que uma a cada três mulheres em idade reprodutiva sofreu violência física ou sexual cometida por um parceiro íntimo durante a vida. Além disso, num cenário extremamente grave e persistente, grande parte dos homicídios contra mulheres motivados por violência doméstica ou discriminação de gênero são praticados pelos parceiros, atual ou ex. Dessa forma, o isolamento social imposto pela pandemia da COVID-19 vem revelando indicadores preocupantes sobre o aumento da violência doméstica e familiar contra a mulher. Nesse ambiente novo e dramático de pandemia, o isolamento social leva as pessoas a uma coexistência forçada, ao estresse econômico, a ansiedade e até mesmo ao pânico. É preciso considerar, no entanto, que embora as evidências a respeito dos impactos do isolamento sobre a violência doméstica e familiar sejam prematuras, notícias divulgadas na mídia e relatórios de organizações internacionais apontam para o aumento desse tipo de violência. Como exemplo desse fenômeno, na China, os registros policiais de violência doméstica triplicaram durante a epidemia. Na Itália, na França e na Espanha também foi constatado aumento na ocorrência de violência doméstica após a implementação da quarentena domiciliar obrigatória. No Brasil, segundo a Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos (ONDH), do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), entre os dias 1º e 25 de março, houve crescimento de 18% no número de ocorrências registradas pelos telefones “Disque 100” e “Ligue 180”. Dos 3.739 homicídios de mulheres em 2019 no Brasil, 1.314 (35%) foram categorizados como feminicídios. Isso equivale a dizer que, a cada sete horas, uma mulher é morta pelo fato de ser mulher. Ao analisar o aspecto vínculo com o autor, revela-se que 88,8% dos feminicídios

“Muitas crianças estão expostas ao aumento de tensões nas relações familiares em virtude, por exemplo, da crise econômica, do estresse e de um maior consumo de bebidas alcoólicas” foram praticados por companheiros ou ex-companheiros. Assim, é comum que as mulheres estejam expostas ao perigo enquanto são obrigadas a se recolherem ao ambiente doméstico. Em Dourados houve um acréscimo de violência contra a Mulher durante a pandemia? No início do isolamento social, houve uma diminuição significativa na quantidade de registros de ocorrência e pedidos de medidas protetivas em Dourados. Esse fato pode ter sido causado pelo impacto inicial das medidas sanitárias e a impossibilidade de as mulheres saírem de suas casas. Quais os principais motivos da violência doméstica durante a pandemia? O tema, por ser novo, ainda será muito estudado e debatido por especialistas de várias áreas científicas. Mas é preciso considerar que, no isolamento, a possibilidade de as mulheres serem vigiadas e controladas pelos parceiros agressores são bem maiores, o que aumenta a fronteira de ação para a manipulação psicológica. Além disso, a diminuição ou a perda de renda, o desemprego e o acúmulo de tarefas domésticas, uso de álcool e/ou substâncias entorpecentes, além da paralisação das escolas e creches, repercute drasticamente na vida das famílias, servindo de gatilho para comportamentos violentos. Na maioria das vezes, a presença dos homens em casa não significa cooperação ou distribuição mais igualitária das tarefas domésticas, mas escancara uma sobrecarga do trabalho das mulheres,

sobretudo pela presença de mais pessoas no ambiente. O fato de muitas crianças estarem em casa e presenciarem situações de agressões também preocupa? Infelizmente, a tão propagada segurança do lar não é garantia de proteção. Muitas crianças estão expostas ao aumento de tensões nas relações familiares em virtude, por exemplo, da crise econômica, do estresse e de um maior consumo de bebidas alcoólicas. Nesse aspecto, por ter alterado a nossa forma de viver, um dos efeitos mais condenáveis do isolamento em razão da pandemia da COVID-19 é o aumento da violência e do abuso infantil. Dados do Disque 100, canal de denúncia do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, já revelam aumento da violência doméstica durante o período de isolamento social. Além disso, o uso em larga escala das plataformas digitais e a ampliação do tempo online também podem deixar crianças e adolescentes mais expostos a violações, como o aliciamento (contato através de meios digitais para fins sexuais), acesso a pornografia, cyberbullying, entre outros. Qual o amparo das mulheres em Dourados que são vítimas de violência doméstica durante a pandemia? As mulheres vítimas de violência têm à disposição todos os mecanismos de proteção. As vítimas ou familiares podem procurar a Delegacia de Atendimento à Mulher para registrar ocorrências de crimes e/ou contravenções; em caso de risco iminente à vítima, deve a mesma requerer a adoção de medidas protetivas de urgência que, caso descumpridas pelo agressor, o levará à prisão; a Autoridade

Policial ou o Ministério Público podem representar pela prisão preventiva dos agressores. Enfim, apesar de algumas restrições, como a realização de audiências presenciais, toda a rede de atendimento está disponível à mulher vítima de violência doméstica e familiar. Importante enfatizar, ainda, a possibilidade de registro de Boletim de Ocorrência (BO) pelas redes sociais (www.pc.ms.gov.br), o “Ligue 180”, Ouvidoria do Ministério Público Estadual, Polícia Militar (190) e Defensoria Pública Estadual. Qual o papel do Ministério Público? A Lei 11.340/2006, mais conhecida por Lei Maria da Penha, outorgou ao Ministério Público “poderes” mais singulares e abrangentes em defesa das mulheres vítimas de violência doméstica e familiar. Cabe ao Ministério Público combater e enfrentar o fenômeno crescente da violência contra a mulher no âmbito doméstico e familiar, assegurando, cada vez mais, os direitos humanos às mulheres. O Ministério Público tem por objetivo acompanhar a implementação de políticas públicas de promoção da igualdade, especificamente na conscientização sobre os efeitos pessoais e sociais maléficos da violência doméstica e familiar contra a mulher e no reconhecimento de seus direitos e garantias. Dentre as suas atribuições, estão: o levantamento de estatísticas e disponibilização de dados para o acesso da sociedade; participação no gerenciamento de projetos e atividades realizadas em parceria com outras instituições; fomentar programas junto a órgãos governamentais e não governamentais; e, acompanhar os projetos de lei relacionados ao exercício de atribuições ministeriais na defesa das garantias dos direitos humanos. Como ajudar as vítimas que muitas vezes estão confinadas com os seus agressores? As vítimas de violência doméstica e familiar precisam denunciar os seus agressores.Ainda que seja difícil, dependendo dos fatores de risco, é preciso que a vítima procure ajuda. Há meios legais para que isso ocorra, como a possibilidade de registro de Boletim de Ocorrência on line. É importante frisar que qualquer pessoa pode denunciar a ocorrência de violência doméstica, acionando as autoridades competentes, mantendo-se o anonimato. Aliás, muitas mulheres são agredidas e assassinadas porque os familiares e/ou vizinhos não querem se intrometer em briga de casal. Infelizmente, em se tratando de violência doméstica e familiar, agressores e vítimas possuem relação bem próxima, por isso é necessário maior atenção e cuidado por todos nós. Considerações “Quando estamos confinados, perdemos a nossa rotina, reduzimos a nossa atividade física e, em caso de quarentena, as pessoas podem ser vítimas de stress pós-traumático, irritabilidade, angústia e insônia”, explica Chee Ng, professor de psiquiatria da universidade de Melborne e colaborador da Organização Mundial da Saúde (OMS). “O confinamento gera um sentimento de incerteza, de tédio e de solidão. E quanto mais longo, mais importantes são as repercussões na saúde mental”. “Entramos em um novo período de sofrimento social”


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Dourados, 1º.6.2020 O PROGRESSO

Dia a Dia

Novo comando aposta na Polícia Comunitária para a redução de crimes Tenente Coronel Almeida assume o 3º Batalhão da PM de Dourados com o intuito de aproximar a polícia da comunidade e trabalhar a prevenção DIVULGAÇÃO

Valéria Araújo O novo comandante da Polícia Militar de Dourados, tenente coronel Emerson de Almeida Vicente, aposta na prevenção e na aproximação da polícia com a comunidade para a redução da criminalidade. Ao O PROGRESSO ele elencou desafios: “Tive uma passagem pelo batalhão, no início da carreira e agora retorno no comando com o propósito de utilizar uma metodologia de aproximação da polícia com a comunidade, a qual sabe quais são suas necessidades reais, em relação a a segurança pública. Acredito que o desafio é buscar melhorar cada vez mais a qualidade da segurança pública a ser ofertada a população da segunda cidade maior do estado. Acredito que a chave está na filosofia de Polícia Comunitária”, ressaltou. Sobre as primeiras ações da Polícia Militar no combate ao coronavírus já sob seu comando ele enfatiza duas principais linhas de frente. “ Na Saúde, primeiramente, pretendo me inteirar das ações municipais que estão sendo adotadas, somadas com as que o Governo do Estado vem direcionando no combate e prevenção da Covid-19. Dentre as linhas a ser seguidas está em tomar medidas que assegurem a proteção dos meus policiais que labutam na linha de frente, possibilitando com isso a continuidade da prestação dos servições essenciais à comunidade. Na Segurança Pública estou colhendo informações para que nos próximos dias possa estar apresentando a comunida-

Atuação O tenente-coronel Almeida assumiu o cargo ocupado pelo tenente-coronel Carlos da Silva. O novo comandante já trabalhou em Dourados, entre os anos de 1997 e 2008 e atualmente estava lotado na Diretoria de Recrutamento, Seleção e Promoção (DRSP), no quartel do Comando Geral da Corporação, em Campo Grande. Na sua trajetória profissional, o tenente coronel Almeida iniciou sua carreira em Dourados, passando por algumas funções administrativas do 3o. Batalhão da PM, depois, comandou a antiga ROTAI, hoje Força Tática, por seis anos.

Acredito que o desafio é buscar melhorar cada vez mais a qualidade da segurança pública a ser ofertada a população

Tenente-coronel Almeida assumiu o cargo ocupado pelo tenente-coronel Carlos da Silva. Comandante já trabalhou em Dourados, entre 1997 e 2008 de e imprensa, as metas a serem fixadas para os meses de junho a dezembro/20, visando ter um caminho claro e objetivo. Mas posso adiantar que uma delas é a participação da comunidade na construção das ações policiais e bem como a integração da PM com outras forças policiais para o combate do inimigo comum, a violência e criminalidade”, acrescenta.

Questionado sobre como pretende garantir a segurança local o tenente-coronel destacou a prevenção, que, segundo ele, “é a palavra que compõe a missão constitucional da PM, ou seja, fazer policiamento ostensivo e fardado, que produz na população uma percepção de segurança, com planejamento, visando otimizar os recursos humanos e materiais”, enfatiza.

Em 2008, foi transferido para Campo Grande, onde exerceu atividades no Centro de Formação da PM até 2015, quando assumiu o comando do 10º Batalhão, responsável pelo policiamento da região sul da capital. A sua última movimentação se deu em 2018, quando assumiu a DRSP. O novo comandante é formado pela Academia da Policia Militar do Paudalho, no Estado de Pernambuco. Ele também é Bacharel em Ciências Jurídicas pela Unigran (Universidade da Grande Dourados) e é pós-graduado em Segurança Pública e Cidadania pela UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), Gestão Pública e Direitos Humanos pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).


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Dourados, 1º.6.2020 O PROGRESSO

Dia a Dia

Aventais de “sacos plásticos” colocam em risco vida de agentes de saúde Sindicato diz que com material fraco agentes são orientados a evitar de ir ao banheiro. O motivo é a racionalização dos EPI’s durante a jornada de trabalho O Progresso A situação dos profissionais da saúde em Dourados é bastante crítica durante esses dias de enfrentamento da pandemia do novo coronavírus. Sem investimento relevante na aquisição de equipamentos de proteção individual, servidores estão utilizando sacos plásticos para proteção, quando deveriam utilizar aventais de TNT. E se não bastasse a precarização dos materiais, os itens ainda estão sendo racionalizados, o que limita os servidores na troca adequada durante o período recomendado. Ir ao banheiro, por exemplo, é impossível devido o risco de contaminação. A denúncia é do Sindracse (Sindicato dos Agentes de Saúde Comunitários e Endemias de Dourados). Conforme relatado ao O PROGRESSO, nas unidades básicas de saúde, quem tem realmente comprado os itens de proteção são os próprios servidores. Da Secretaria Municipal de Saúde é enviado apenas duas máscaras para cada equipe, composta por seis agentes, assim é preciso fazer sorteio. O uso deve ser feito durante cinco dias e quem fica sem, precisa adquirir do próprio bolso.

FOTOS: DIVULGAÇÃO

Agentes de saúde reclamam da qualidade dos aventais fornecidos

A denúncia é do Sindracse (Sindicato dos Agentes de Saúde Comunitários e Endemias de Dourados) Jalecos, conhecidos também como capote, devem ser distribuídos um para cada profissional. A orientação dos especialistas é pela troca desses itens de proteção a cada duas horas, considerando as possibilidades de infecção, o que não ocorre em Dourados. Com esse racionamento, os servidores ficam impossibilitados de ir ao banheiro. “O jaleco é inteiriço, então durante as seis horas de escala é pra evitar ir no banheiro porque eu tenho que ter contato com ele, erguer, tirar, e pode estar contaminado. Então quando se reclamou do jaleco, vieram os sacos plásticos. Essa é a situação de Dourados. Uma equipe comprou o TNT e mandou confeccionar os jalecos, que aí dá pra lavar. Os que vem da prefeitura, descartáveis são tão finos, e os de plástico é impossível, especialmente se tiver calor, pra quem fica no portão na unidade por exemplo”, afirma a diretoria do sindicato. Cerca de 250 agentes comunitários estão atuando nas barreiras sanitárias de Dourados. “E se reclamar tem ameaça velada porque alguns estão terminando estágio probató-

A orientação é que os profissionais evitem de ir ao banheiro para evitar troca

“O jaleco é inteiriço, então durante as seis horas de escala é pra evitar ir no banheiro porque eu tenho que ter contato com ele, erguer, tirar, e pode estar contaminado. Então quando se reclamou do jaleco, vieram os sacos plásticos. Essa é a situação de Dourados” rio”, afirma a denúncia sobre retaliação aos servidores que questionam as medidas da gestão. Na UPA 24h (Unidade de Pronto Atendimento) e Hospital da Vida a situação não é diferente. Faltam equipamentos e os profissionais também sofrem com o racionamento interno. Não há possibilidade de trocas a cada duas horas, conforme recomendado, e isso coloca a vida desses servidores em risco. À reportagem, profissionais relataram medo de retornar para casa, expondo a família aos mesmos riscos de contágio. Nesta semana, O PROGRESSO Digital revelou que vários pacientes foram afastados do serviço na UPA e HV devido o contato com um paciente suspeito de infecção para o novo coronavírus. Inicialmente ele chegou na unidade 24h apresentando sinais de AVC (Acidente Vascular Cerebral). Em seguida foi transferido para unidade vermelha do Hospital da Vida. O filho que o acompanhava havia sido diagnosticado com coronavírus dias antes e omitiu a informação para a equipe clínica. Devido as estratégias de economia dos equipamentos, somente servidores que atendem pacientes com grau de insuficiência respiratória estão utilizando esses itens específicos para prevenir a Covid-19. No caso do paciente com sinais de AVC, não havia paramentação para coronavírus. Devido o contato com o filho, ele foi incluído no quadro de suspeitos, assim como os servidores que o atenderam. A Prefeitura de Dourados garante que não há falta de equipamentos. Em nota divulgada no portal da administração, o assessor especial da prefeita Délia Razuk (PTB), Alexandre Mantovani, afirma que o setor de compras da secretaria de saúde está comprometido em manter os estoques em dia, mas sem esquecer da Lei de Responsabilidade Fiscal. Para os profissionais essas informação é considerada “fake news”. Em perfil do sindicato dos agentes comunitários, no Facebook, várias manifestações de repúdio provam o descaso da administração com os servidores. Nas unidades de atendimento, profissionais alegam que o que tem garantido a manutenção da paramentação são as doações de populares. A Prefeitura de Dourados já recebeu aporte de quase R$ 10 milhões para o enfrentamento da pandemia e deve receber ainda mais nos próximos meses. Um novo convênio com o Governo do Estado vai garantir seis repasses de R$ 1 milhão a partir de junho. O Governo Federal também sancionou a lei de ajuda aos estados e município. Dourados deve receber R$36.959.991,11 para garantir o enfrentamento da pandemia.


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Dia a Dia DIVULGAÇÃO

Dos R$9.094.723,27 recebidos até maio, todos os pagamentos efetuados estão concentrados na folha salarial dos servidores

Gastos da Prefeitura no combate à Covid-19 se concentram na folha salarial de servidores Portal da Transparência apresentou a partir do dia 28/5 aba que concentra todos os investimentos feitos no enfrentamento da pandemia O Progresso A Prefeitura de Dourados atendeu recomendação do Ministério Público Estadual, apresentando mais transparência aos gastos do dinheiro público no enfrentamento da pandemia do novo coronavírus. Conforme aba inserida no Portal da Transparência, dos R$9.094.723,27 recebidos até o mês de maio, recurso do Governo do Estado e União, todos os pagamentos efetuados desde que iniciaram as ações de

combate em março estão concentrados na folha salarial dos servidores. Foram pagos R$1.414.272,55 referente à folha de servidores contratados para auxiliar nos atendimentos à população durante o período pandêmico. Outros R$ 6.497,53 são referentes ao convênio médico com a Cassems (Caixa de Assistência dos Servidores do Estado de Mato Grosso do Sul). Na tabela de liquidados, fase em que o dinheiro público é programa-

do para efetuação de pagamentos, encontram-se R$ 171 mil de um contrato de R$ 351 mil, cujo financiamento irá atender despesa com aquisição de máscaras cirúrgicas descartáveis e máscaras respiratórias descartáveis. Ainda há R$146.057,44 para pagamento da previdência dos servidores contratados, e pagamentos destinados à secretária de saúde Berenice Machado e à psicóloga do município Aparecida Vanda Tetitila Dias Assad, em R$1.198,45 e

R$1.920,85, respectivamente. Ambas já recebem provimentos da administração municipal pelo exercício dos cargos. Berenice possui remuneração bruta em R$9.663,15, enquanto Aparecida R$14.441,78. Procurada pela reportagem para esclarecer sobre o por quê de mais pagamentos, já que ambas as servidoras recebem mensalmente seus salários, a secretária de saúde não atendeu às ligações. Valores empenhados No anexo que revela os gastos com o enfrentamento da pandemia, identifica-se um montante avaliado em R$5.129.029,22, empenhados nos cofres públicos para futuros pagamentos. Desse recurso, citamos acima o valor de R$1.414.272,55 que já foi retirado das contas municipais. Neste estágio estão inseridos a contratação de leitos clínicos e de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), além de exames de imagem e alta complexidade, no Hospital Evangélico e Hospital Santa Rita, custando R$2.682.000. Também foram empenhados R$120 mil para compra de testes rápidos e outros R$19.893,60 para compra de oxímetros e termômetros. Para compra de equipamentos de proteção individual (máscaras, luvas, aventais, sapatilhas, lençóis e protetores faciais) foram empenhados R$439.648,00, sendo que R$171 já foram liquidados conforme mostramos acima. Outros R$273.020,10 visam aquisição de insumos hospitalares. Mais recursos Nesta semana, o secretário estadual de Saúde Geraldo Resende veio até o município assinar junto com a prefeita Délia Razuk (PTB) um convênio de R$ 6 milhões para a saúde pública. Os pagamentos ocorrerão em seis parcelas e vão complementar o caixa do enfrentamento à pandemia. Faltou ainda Vale destacar, que na aba criada para demonstrar os gastos públicos com a pandemia, faltou a administração inserir esses aportes financeiros recebidos, já que para ter acesso o cidadão precisará ter um certo conhecimento de busca analítica junto ao portal, o que para muitos não é uma condição existente.


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Dia a Dia

OAB Dourados vistoria presídio, aldeias e faz campanha por vulneráveis Comissão também solicitou à Diretoria do presídio posicionamento em relação a proteção dos agentes penitenciários, após confirmação de dois casos no local FOTOS: DIVULGAÇÃO

Cristina Nunes Em defesa dos cidadãos mais vulneráveis na crise sanitária e econômica provocada pela pandemia do coronavírus, a 4ª Subseção da OAB Dourados/Itaporã está desenvolvendo diversas ações que garantem a efetivação dos Direitos Humanos. A população periférica, carcerária e povos indígenas estão entre os assistidos pela entidade. “Compreendemos que em tempos de pandemia é ainda mais urgente e imprescindível a atuação da OAB a fim de garantir os direitos humanos, que ao contrário do que se pensa, não atende somente a população carcerária, mas todos aqueles que tem os direitos essenciais violados”, destacou Alexandre Mantovani, presidente da OAB em Dourados. Doação de alimentos, máscaras e agasalhos para famílias carentes Desde o início da pandemia, a OAB tem se atentado para a situação das famílias carentes. A primeira campanha feita através da Comissão da Advocacia Trabalhista foi em homenagem ao Dia do Trabalho. Alimentos, produtos de limpeza e vestuários, foram entregues para trabalhadores que perderam o emprego, devido aos impactos da crise do coronavírus.

“Em tempos de pandemia é ainda mais urgente a atuação da OAB a fim de garantir os direitos humanos” Atualmente mais uma campanha está em andamento. “Dessa vez será em proporção maior, considerando que no momento muitas famílias estão sendo atingidas pela crise. Nossa meta é arrecadar várias cestas básicas entre Advogados, Advogadas e sociedade em geral para distribuir nas comunidades carentes, juntamente com máscaras de proteção e agasalhos para o inverno que está chegando”, destacou Mantovani. Comissão faz vistoria e garante adequação para grupos de risco no presídio Desde o dia 31 de março a Comissão de Direitos Humanos da OAB presidida pelo Advogado Tom Baltha vem acompanhando de perto a situação de presos na PED (Penitenciária Estadual de Dourados). Na primeira vistoria foi constatado alto risco de contágio do vírus entre os internos. A comissão fez um levantamento que 79 deles faziam parte do grupo de risco e não estavam isolados adequadamente. Um dos principais problemas notados pela Comissão é que o grupo tinha contato próximo com outros presos.

Alimentos, produtos de limpeza e vestuários, doados para trabalhadores em situação de vulnerabilidade Outra situação que preocupou a comissão foi o fato dos internos relatarem que vários Agentes Penitenciários não estavam utilizando máscaras durante o serviço, bem como não havia sido fornecido aos presos os materiais de proteção. Esses fatores levaram a Comissão a elaborar relatório e encaminhar para o Poder Judiciário. No último dia 27 foi feito uma nova vistoria na PED, de acordo com o Advogado Tom Baltha o novo cenário encontrado atendeu as expectativas de adequação. “No atual momento em que não existem reeducandos infectados, as condições estruturais e protocolos adotados pela direção da unidade penitenciária satisfazem as exigências de segurança sanitária que previnem a disseminação da atual pandemia enfrentada”, afirmou. Saúde dos servidores penitenciários é alvo de preocupação da Comissão A Comissão também solicitou à Diretoria do presídio posicionamento em relação a proteção dos agentes penitenciários, após confirmação de dois casos no local. Em resposta, foi informado pelo Diretor Antônio José dos Santos que foi feita Desinfecçãoda PED nos dias 22,23 e 24 de maio. Além disso, foram compradas 100 máscaras PFF1 distribuídas aos servidores.

Presidente e vice da Comissão de Direitos Humanos em reunião com diretor da PED (Penitenciária Estadual de Dourados) Saiba mais

Casos de coronavírus na Aldeia estão sendo acompanhados pela Comissão de Direitos Humanos De acordo com o presidente da Comissão de Direitos Humanos, a OAB procurou saber se todos os indígenas que testaram positivo para o coronavírus estavam recebendo tratamento de saúde adequado e foi constatado que sim. “Não podemos entrar na aldeia e ir de casa em casa, mas estamos mantendo contato direto com as lideranças da Reserva Indígena para saber se nenhum direito está sendo negligenciado, bem como dando orientações sanitárias para que eles transmitam aos demais”, destacou Tom Baltha. “Fomos informados pelas lideranças que os testes estão sendo feitos e os indígenas infectados recebendo o tratamento correto de saúde, fato que nos deixa contentes. Mas de qualquer forma, nos colocamos a disposição para atender denúncias de negligência no atendimento dos casos”, finalizou Tom.


39 anos da Comitiva Esperança: A história de uma viagem épica PÁG. 2

Yoga ajuda a fortalecer o sistema imunológico PÁG. 4

CADERNO B Dourados 1º.6.2020 O PROGRESSO

BRÔ MC’S PREPARA LIVE PARA ARRECADAR ALIMENTOS ÀS ALDEIAS DE DOURADOS Valéria Araújo Os Brô MC’s, primeiro grupo de rap indígena do Brasil está preparando uma série de lives com o objetivo de arrecadar alimentos para as aldeias de Dourados. A decisão foi tomada com a chegada do coronavirus na Reserva e a situação de vulnerabilidade que passam muitas famílias. Em entrevista ao O PROGRESSO, o fundador do grupo, Bruno Veron, explicou que a chegada do Covid-19 nas aldeias causou muita preocupação entre os moradores. “A aldeia aqui é totalmente despreparada, já que falta estrutura nos postos de saúde. É muito triste ver a precariedade na Saúde. Não tem médico dentro da aldeia. Essas situações podem dizimar o povo indígena. Sem contar o preconceito que foi gerado em cima da comunidade, sendo que nós somos as vítimas. Não fomos nós que trouxemos esse vírus para cá. Os índios não foram lá na China”, desabafou. Questionado se ele pretendia falar do tema nas próximas letras ele esclarece que culturalmente isso não é recomendado. “Trata-se de uma doença que matou tanta gente e acreditamos que ela nem deve ser relembrada no futuro para que não volte a fazer mal a ninguém”, explica. No entanto adiantou que a intenção dos shows on line será mostrar a realidade da reserva e um pedido de socorro. Sonhos e desafios da carreira Apesar de várias premiações e de serem reconhecidos internacionalmente, os integrantes do grupo ainda sonham em um dia viver da música. Ao O PROGRESSO eles relataram que

ainda é um desafio os artistas locais terem espaço onde vivem, ainda mais com o estilo musical que escolheram. “O rap transforma a mente das pessoas. Eu ouvia muito quando criança e me interessei porque os artistas contavam sobre sua realidade na periferia. Eu queria fazer o mesmo, mostrar a realidade dos povos guarani kaiowa, algo que ninguém contava. O rap abre a mente das pessoas para o que é real”, destaca Bruno. O fato de serem reconhecidos mundialmente aumenta a responsabilidade. “É uma honra levar a nossa realidade para outros povos que não conhecem as aldeias de Mato Grosso do Sul. Ao mesmo tempo uma responsabilidade grande pois acabamos nos tornando referência para aquela garotada que está começando e que sonha em viver da música. Acreditamos que temos o dever de levar a palavra dos nossos antepassados, nossos líderes que estão sempre na luta pelos diretos dos povos indígenas. Como o Bruno sempre fala, os Brô MC’c representam toda a nação indígena. Queremos que as palavras do nosso povo ecoem através das nossas músicas sem esquecer de nossa cultura”, explica Kelvin Peixoto. Música Formado em 2009 o gupo Brô MC’s é formado hoje pelos integrantes Bruno Veron, Clemerson Batista, Kelvin Peixoto, Charlie Peixoto, Higor Lobo e Dani Muniz. grupo de rap indígena Brô MC’s, carrega consigo a força da fala, Nhe’e, um misto de músicas tradicionais indígenas com a batida pulsante do rap, que atravessa fronteiras, e traz consigo toda a força da cultura

indígena Guarani - Kaiowá. O trabalho se materializa através de rimas e cantos na língua nativa, mas também em Português. Línguas que aproximam o grupo de outros lugares, de outros olhares, de outros… que outrora estavam distantes, mas pelo poder atraente da música, se fazem mais perto. Um misto deluta e arte, de existir e resistir, mas principalmente progredir, pois o tempo não para.

Formado por jovens indígenas das aldeias Jaguapiru e Bororó - Reserva Indígena Francisco Horta Barbosa, se reuniram no intuito de promover ideias, conquistar espaço e pontuar inúmeras situações que permeiam o cotidiano indígena em Dourados, mas não apenas, sendo que, hoje o grupo potencializa a representatividade das etnias e culturas indígenas do Brasil.

Saiba mais

A História do grupo Em 2007 os jovens começaram a construir outros caminhos para suas vidas por meio da música. Em específico pelo Rap, os jovens foram aderindo à cultura Hip Hop, influenciados pelo estilo e pelas letras das músicas. O sentimento de pertencimento foi além de simples ouvinte, e em 2007 o fundador do Brô MC’s Bruno Veron começa a escrever suas primeiras canções relatando a realidade da aldeia sob seu ponto de vista. Em 2008 o irmão dele Clemerson Batista Veron se junta a Bruno para dar continuidade ao projeto, assim como os também irmãos Kelvin Peixoto e Charles Peixoto, nesse ano eles fazem uma participação nos extras do Filme Terra Vermelha do diretor italiano Marco Bechis. Ainda em 2008, Higor Lobo convida o grupo para participarem da música “No Yankee” do seu segundo álbum intitulado Outra Fase, onde o grupo mescla o português com o guarani. Com essa música o Brô se consagra vencedor do Festival Rap Popular Brasileiro e ganha o direito de representar o estado na final nacional do Festival no Rio de Janeiro em 2009. Com o passar do tempo foram realizadas diversas oficinas de Hip Hop na aldeia indígena Jaguapiru pela CUFA no sentido de potencializar as práticas dos jovens indígenas, sempre valorizando a cultura indígena, tendo o Hip Hop apenas como um instrumento dessas manifestações. Durante as oficinas surgiu à idéia de gravar o CD demo do Brô MC`s, o processo de produção e composição das músicas, de produção e gravação vai de outubro a dezembro, sendo o lançamento no Festival Conexão Hip Hop em dezembro de 2009 em Dourados – MS. Após o lançamento do CD o primeiro grupo de rap indígena do Brasil já se apresentaram no Brasil e no exterior, sendo um sucesso de crítica não apenas por suas letras e temas abordados, como também pelo valor simbólico cultural de uma junção inusitada do rap com a cultura indígena, do português com o guarani como nas letras “Terra Vermelha” e “Tupã”, e “Eju Orendive”. O disco traz músicas que envolvem os mais diversos temas, um trabalho que mescla culturas evidenciando todas as potencialidades desses jovens guaranis.


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Caderno B FOTOS: DIVULGAÇÃO

39 anos

da Comitiva Esperança A história de uma viagem épica Almir Sater conta que foram 90 bailes, exatamente os dias de duração da viagem Rozembergue Marques Este ano completa 39 anos do documentário Comitiva Esperança, uma viagem musical feita pelos músicos Almir Sater, Paulo Simões e Zé Gomes (in memorian) pelo Pantanal. Aproveito para ter um dedo de prosa com os leitores e leitoras sobre a história dessa viagem épica. Comitiva Esperança surgiu de um desafio. Estavam Paulinho, Almir e Zé Gomes na fazenda de um amigo, na região da Nhecolândia, conversando sobre o Pantanal e suas maravilhas. Com o ar bonachão dos pantaneiros, o proprietário da fazenda disse que o trio só conheceria realmente aquela região acompanhando uma comitiva boiadeira. E acrescentou: “Só vale se viajarem como eles, em lombo de burro”. Esse trecho da conversa inclusive foi incluído na letra de “Estradeiro”: “Em carro de boi, litorina e lombo de burro baguá...”. Almir perguntou se ele emprestaria uns burros, que eles fariam a viagem. Ele concordou, em clima de aposta e não botando muita fé na conversa dos três cabeludos. Daí, a idéia foi tomando forma e acabou virando projeto: ver o Pantanal pelo prisma dos seus habitantes, adotando seus meios de transporte históricos: mula, cavalo, carro de boi e barco. Ao trio juntou-se os cineastas Wagner Carvalho e Walter Rogério e o jornalista, crítico e pesquisador Zuza Homem de Mello, além do fotógrafo Raimundo Alves Filho e entre novembro de 1983 e fevereiro de 1984 a comitiva se pôs na estrada, percorrendo o Paiaguás, Nhecolândia, Piquiri, São Lourenço e Abobral. Ouvindo moradores, peões de comitiva, trovadores, mascates e outros re-

presentantes da nossa música, em momentos festivos, em que retribuíam os pousos nas fazendas tocando.Segundo Almir foram 90 bailes, exatamente os dias de duração da viagem. Da viagem, alem de “Estradeiro”, resultaram a antológica “Comitiva Esperança” e “Capim de Ribanceira” e muitos instrumentais. Conhecido nacionalmente, o documentário faz parte do acervo do Museu da Imagem e do Som (MIS) de São Paulo. Das cenas registradas no documentário, o Pantanal não mudou muito. Em um lugar onde não existe fome, como lá, as pessoas são felizes, recebem bem os viajantes (que são uma

novidade) e Almir aproveita os dias de chuva para compor as canções que já ultrapassaram as fronteiras do Brasil. Quem conhece o carisma de Almir, a simplicidade e a independência do chamado “mercado” das gravadoras, que impõem goela abaixo muito lixo sonoro, sabe que boa parte do seu estilo veio da convivência com a peãozada. Do trio de músicos, partiu para tocar no céu o violinista Zé Gomes.Paulinho continua sendo a “metade” de Almir, compondo com ele a maioria das trilhas dos CDs lançados pelo violeiro.Quem ainda não viu o documentário, fica a dica: vale a pena.


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Bem estar

A importância da Educação na promoção da Saúde O reconhecimento de que as instituições educacionais devem preocupar-se com a saúde e o bem-estar das crianças é expresso em várias pesquisas mundiais, diz pediatra FOTOS: DIVULGAÇÃO

Eduardo Marcondes Pediatra, ex-secretário municipal de Saúde e ex-vereador Os gestores, do Governo Federal aos estados e Municípios, poderiam não ter que gastar bilhões com a Saúde (Por óbvio os investimentos emergenciais que estão sendo feitos são necessários e imperiosos, vez que estamos em uma pandemia) se investisse mais em Educação. À primeira vista soa estranha a afirmação, sobretudo porque é conhecida minha luta pelo fortalecimento do Sistema único de Saúde (SUS) e pelo fim do seu sub-financiamento. Essa posição está registrada em diversos artigos publicados nos meios de comunicação, que registram também minha defesa da escola como promotora não apenas de conhecimento em física, matemática ou gramática, mas de Saúde. Saúde e Educação são irmãs siamesas: não existe saúde sem Educação e ao mesmo tempo a Educação prescinde da Saúde! A dificuldade que vem se enfrentando para que se cumpra uma regra básica para evitar a propagação do vírus Co-

O Estado, nas três esferas, tem muito a pagar para a sociedade brasileira ter um sistema de saúde melhor rona/Covid 19 (o distanciamento social) advém sim da falta de investimentos em Educação. Passada a pandemia, que esses gestores que hoje veem atônitos as pessoas morrerem por falta de estrutura para atendê-las invistam bilhões (os bilhões que são gastos na Saúde, que precisa, claro, continuar a receber cada vez mais investimentos) em Educação. Em compra de tablets para cada criança carente, já que é inexorável e irreversível o processo de evolução tecnológica, que exige novos meios de “chegar” até essas e todas as crianças, jovens e adultos, incluindo também os idosos, tão vulneráveis em situações como a que estamos atravessando. O reconhecimento de que as instituições educacionais devem preocupar-se com a saúde e o bem-estar das crianças é expresso em vários documentos que norteiam políticas públicas de educação, saúde e justiça social, bem como na literatura especializada no tema. Justifica a importância da valorização da Educação e da Saúde a dimensão do trabalho dos professores: as crianças que convivem no espaço de uma creche ou pré-escola e interagem com os colegas e profissionais da unidade continuam interagindo

diariamente com seus familiares nas comunidades onde residem e com as quais se relacionam. Isso implica reconhecer que todos os aspectos dessa diversidade de relações devem ser considerados, incluindo-se as práticas sociais e as políticas públicas voltadas à prevenção e ao controle dos problemas de saúde prevalentes na comunidade. Tudo o escrito acima soa óbvio e é sabido pelos profissionais tanto da Saúde como da Educação. Mas como fazer Educação de qualidade e com foco também na promoção da saúde se o investimento em Educação no Brasil caiu 56% nos últimos quatro anos?. Entre 2014 e 2018, diminuiu de R$ 11,3 bilhões para R$ 4,9 bilhões. E a Saúde? Os dados da Organização Mundial da Saúde apontam que dos 193 países membros da organização, 81 gastam mais com a Saúde do que o Brasil, proporcionalmente ao orçamento público. Em 2017, o Brasil gastava 10,3% de seu orçamento público com saúde, abaixo da média

“Saúde e Educação são irmãs siamesas: não existe saúde sem Educação e ao mesmo tempo a Educação prescinde da Saúde!” Eduardo Marcondes (Pediatra)

dos países das Américas - 13,2% - e também da Europa -12,3%. O orçamento brasileiro em 2020 alcançou R$ 3,8 trilhões, dos quais R$ 125 bilhões foram encaminhados para a área da Saúde. Uma boa medida, mas ainda longe do necessário. Finalizo este artigo com a Mea Culpa que precisa ser feita: O Estado, nas três esferas, tem muito a pagar para a sociedade brasileira ter um sistema de saúde melhor, que trate de maneira igual todos os cidadãos. Mas para isso tem, reforço, que melhorar a capacidade de financiamento da Saúde e da Educaçao, sem demérito da Segurança Pública, da Agricultura e etc, e tem que, com igual vigor, melhorar a gestão. Esse movimento nós temos que fazer durante e sobretudo no pós-COVID. É o futuro. Todos temos, também como sociedade, que colocar um tijolo na edificação desse futuro, com firmeza e eficácia. Dessas ações efetivas dependerá a vida tanto da geração atual como das que virão.


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Dourados, 1º.6.2020 O PROGRESSO

Caderno B

Yoga ajuda a fortalecer o sistema imunológico

Atividade afasta o risco de contrair doenças e ajuda a diminuir o estresse causados pelo isolamento social

No Brasil, já são mais de 60 dias em isolamento social e a data exata para que a vida volte ao normal parece estar cada vez mais distante. Com o aumento das incertezas, as pessoas vão ficando cada vez mais presas aos seus pensamentos, o que aumenta a insegurança e os casos de ansiedade e depressão. Para tentar lidar melhor com as emoções que estão cada vez mais a flor da pele e em troca ganhar imunidade e reduzir o estresse, as pessoas começaram a incluir nas suas rotinas novos hábitos, entre eles: a prática do yoga. E quando é possível ter acesso gratuito a aulas de qualidade, ministradas por profissionais qualificados e com anos de experiência no universo online, a adesão fica maior ainda. E embora o yoga como um todo auxilie o bem-estar físico e mental, existem posturas mais específicas para a imunidade que podem auxiliar aqueles que se sentem exaustos, doentes ou simplesmente buscam uma dose saudável de prevenção. O estresse é um dos principais inimigos da nossa imunidade, fazendo com que nossa mente e sentidos fiquem inquietos e instáveis. O yoga, por outro lado, leva a um estado mental positivo que promove saúde mental mais claro e presente. Desta maneira, acrescentar a prática do yoga na rotina diária pode ser uma excelente alternativa para lidar melhor com o estresse e a ansiedade desencadeados pela pandemia, além de também ajudar a fortalecer o sistema imunológico que costuma ficar ainda mais enfraquecido nessa época do ano, quando as doenças respiratórias como gripes e resfriados vêm à tona. As posturas de yoga ajudam a estimular os órgãos a acelerar a sua função. Em particular, o sistema digestivo, bem como o sistema respiratório são as duas áreas principais do corpo em que podemos focar na prática de yoga, especialmente para melhorar a imunidade. Confira cinco posturas específicas para serem feitas com esse objetivo. Postura da criança Todo mundo sabe que o estresse é um grande inimigo da imunidade. A postura da criança ajuda a desacelerar e a relaxar, fortalecendo o sistema imunológico. Em um tapete de yoga, toalha ou coberta, sente-se sobre os joelhos e os separe em uma distância maior que a dos quadris. Devagar caminhe o corpo para frente até encostar a testa no tapete. Você irá sentir um alongamento nas costas e possivelmente nos quadris. A Intenção é que o aluno relaxe profundamente e se

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No Studio Blanche Torres existe a opção de yoga com aulas online pelo aplicativo Zoom. Informações nos telefones: (67) 3421-0018 e (67) 99213-7137 conecte com sua respiração, pois ela é aliada no equilíbrio do sistema nervoso. Postura do cachorro olhando para baixo Para realizar a postura do cachorro olhando para baixo, no tapete de yoga fique em uma posição de quatro apoios e posicione as bolas dos pés no chão, espalhe bem os dedos das mãos e eleve os glúteos para cima e para trás, mantendo os joelhos dobrados para alongar a coluna. Essa postura auxilia o sistema nervoso, circulação sanguínea e no processo de aumento da imunidade. Torção deitada Deite-se sobre o tapete e traga os joelhos em direção ao peito, abraçando-os e balance-os de um lado para o outro. Depois, respire e leve os dois joelhos para a direita na sua exalação. Abra os braços e leve os dois joelhos para a direta e fique nessa postura por até um minuto. Estique uma das pernas se preferir e depois faça para o outro lado. Essa postura é excelente para as costas e também para a digestão, que está intimamente ligado ao sis-

tema imunológico. Além disso, ela ajuda a massagear os órgãos internos e precisa ser iniciada primeiramente pelo lado direito, que é a direção do intestino. Postura do arado Essa é uma excelente postura, em que o fluxo de sangue é revertido dos pés em direção aos órgãos internos. Para os iniciantes, deite-se sobre o tapete de yoga e levante as pernas para o alto ou se preferir, apoie-as em uma parede. No entanto, se você se sentir confortável, deitado sobre o tapete coloque os pés no chão e levante os quadris, apoiando as mãos e cotovelos embaixo deles. Postura do peixe Com os quadris no chão, coloque os braços e as mãos embaixo dos quadris e estique as pernas espalhando os dedos dos pés. Após isso, levante o peito e coloque o topo da cabeça no chão. Você sentirá o alongamento na garganta e no peito. Essa postura ajuda muito aqueles que possuem dificuldades para respirar.



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(67) 98121-9413

IKICHIN Agropecuária S.A.

CNPJ nº 15.566.894/0001-59 Relatório da Administração Senhores acionistas, Submetemos a apreciação dos Senhores o Relatório da Administração e as Demonstrações Financeiras da IKICHIN Agropecuária S.A. referentes ao exercício encerrado em 31/12/2019. IKICHIN foi constituída em 9/3/2012 com o principal intuito de desenvolver atividade pecuária de cria, recria e engorda de gado bovino no Estado do Mato Grosso do Sul. Iniciou suas atividades operacionais em 2013 e, desde então, segue operando no setor. O resultado do exercício decorre tanto da atividade operacional quanto de receitas financeiras e estoque de bovinos ainda não comercializado. Nova Andradina/MS, 30 de Abril de 2020 A Diretoria Demonstração do Resultado do Período Balanço Patrimonial em 31 de Dezembro de 2019 e de 2018 em 31 de Dezembro de 2019 e de 2018 31/12/2018 31/12/2019 31/12/2018 31/12/2019 31/12/2018 31/12/2019 10.383.784,02 10.798.129,36 Ativo 10.383.784,02 10.798.129,36 Passivo 1.508.137,68 1.847.892,84 Passivo Circulante 337.354,53 470.031,96 Receitas Ativo Circulante 2.342.886,12 2.767.730,62 Receitas Operacionais 1.508.137,68 1.847.892,84 Fornecedores 26.004,50 84.320,71 Disponível 2.028.367,73 2.691.418,10 (570.784,20 (689.861,13) Débitos Fiscais e Sociais 296.801,50 371.162,72 Custo Custos (334.279,36) (248.238,10) Outros Créditos 25.597,75 35.629,98 Contas Correntes 14.548,53 14.548,53 Custo - Atividade Rural (236.504,84) (441.623,03) Patrimônio Líquido 10.046.429,49 10.328.097,40 Estoques Apurados 288.920,64 40.682,54 Despesas (384.488,22) (411.363,80) Capital 8.148.764,00 8.148.764,00 Ativo não Circulante 8.040.897,90 8.030.398,74 Despesas Operacionais (217.057,52) (236.062,40) Reservas 791.719,54 823.166,23 Realizável a Longo Prazo 676,64 676,64 Contas de Resultado (167.430,70) (175.301,40) Lucros ou Prejuízos Acumulados 1.105.945,95 1.356.167,17 Investimentos 2.355.590,74 2.358.424,94 552.865,26 746.667,91 Lucros ou Prejuízos Acumulados 553.080,69 609.499,26 Resultado Imobilizado 5.684.630,52 5.671.297,16 Resultado do Exercício 552.865,26 746.667,91 Reconhecemos a exatidão do presente Balanço Patrimonial, cujo Ativo e Passivo estão Uniformes, na mesma importância de R$ 10.798.129,36 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido em 31 de Dezembro de 2019 e de 2018 (Dez Milhões, Setecentos e Noventa e Oito Mil e Cento e Vinte e Nove Capital Realizado Atualizado Reservas de Lucros Lucros e Prejuízos Reais e Trinta e Seis Centavos). Ressalvando que a responsabilidade Capital Subscrito Detalhada Acumulados Totais do profissional contabilista, fica restrita apenas ao aspecto meramente Saldo em 31/12/2018 8.148.764,00 791.719,54 1.105.945,95 10.046.429,49 técnico desde que reconhecidamente operou com elementos e comLucro/Prejuízo do Exercício – – 746.667,91 746.667,91 provantes fornecidos pela gerência da firma que se responsabiliza pela Destinação do Lucro Líquido: exatidão e veracidade, bem como pelos estoques considerados, levanReservas – 31.446,69 (31.446,69) – tados pela referida gerência e sob sua total e exclusiva responsabilidaDividendos – – (465.000,00) (465.000,00) de. Nova Andradina/MS, 31 de Dezembro de 2019. A Diretoria Saldo em 31/12/2019 8.148.764,00 823.166,23 1.356.167,17 10.328.097,40 Contabilista: Luiz Donizete Galvão - CRC: 157.821/O-0


Dourados, 1º.6.2020 O PROGRESSO

Adiles do Amaral Torres

COLUNA DA ADILES

Erich Fromm

GENTE QUE ACONTECE

adiles@progresso.com.br

Pessoas que são destaques pelo trabalho, honestidade, simpatia e dedicação no que fazem.

Elizabeth Salomão

“A felicidade é a aceitação corajosa da vida.”

Ivanilde e esposo Zé Teixeira

DESTAQUE

Dra. Ana Tereza e dr. Ricardo de Lucia Destaque ao dedicado presidente da Assembleia Legislativa do MS, Paulo Correa, na foto com a esposa Adriana

HUMOR Em nome da justiça Quanta injustiça se faz A uns se nega o que é justo A outros dá-se demais Dr. João Gusman e esposa Rosangela Sandra e Mário Sérgio Clínica Life Center Ela, presidente da Uniodonto

PARABÉNS E FELICIDADES AOS

Neiva e Paulo Teló Hotel Bahamas

ANIVERSARIANTES DA SEMANA

Nem sempre o mérito é lema Pra conseguir elevar-se Muitas vezes quem não merece É que recebe o melhor A verdade é empanada Por inverdades fatais Em troca de marmeladas De cunhos sensacionais Um funcionário aplicado Competente e muito bom Ganha menos que um palhaço Que só bajula o chefão

Aniversariando hoje Parabéns para Ovídia Felicidades para Fábio (1º) Paulo Nolasco. Ramires que troca de Germano da Silva que Parabéns! idade hoje (1º) aniversaria amanhã (2)

E assim, na vida acontece Muita máscara é usada Se um raio X fotografasse Ai quanta gente envergonhada! Quem vê com pinta de séria A fulana e seu beltrano Mal sabem como é safado A impressão ledo engano Se alguém for biônico Vai ver a grande sujeira Que existe e que campeia Neste mundo sem barreira Adiles do Amaral Torres

“Minha vida em poesias - pág. 20”

Parabéns à linda Maria Fernanda, que Nosso abraço carinhoso a Sofia Torres aniversariou no último de Oliveira que aniversaria hoje (1º). dia 30; filha de Gedalva e Fernando Rocha Na foto com o namorado Pablo

Cel. Manfredini completa idade nova dia 7. Na foto, com a esposa Verinha. Felicidades!

Mirella Silva Melo e Silva Parabéns a André Ferreira aniversaria na sextaSantana que muda de feira (5). Parabéns! idade na sexta-feira (5)

Parabéns e felicidades a Rodrigo Veira que aniversária dia 7. Na foto, com a esposa Débora e o filho Rafael

Também troca de idade no dia 7, Fátima Frota. A ela desejamos felicidades!

PARABÉNS E FELICIDADES aos aniversariantes, de segunda (1º): Ronaldo Souza de Lima; José de Jesus; Francisco Saraiva Macedo; Claudemir Pereira; Cleberson da Silva Barbosa; Joana de Fátima Beralda; Sônia Miranda; Martha Almirão Sobreira; Aurea Carvalho de Souza; Thiago Pires Braga e Almeida. De terça (2): Joseir Dias; Solange Maria Arantes; Igor dos Santos Santana; Francisco José Nunes; Ivonete Mota; Luiz Alexandre B. Farage; Heitor de Azambuja Junior; Antônio Eder Stefano; Nivaldo Souza Santos; Roberto Bonifácio Dias; Gerson Miazaki; Luciano Silvério; Grogório Rubens Gomes; Sérgio Francisco Stella; Maria de fátima Nogueira. De quarta (3): Marilei Almeida Faker; Josimar Santana da Silva; Paula da Silva Bessa; Jaqueline Gonçalves; Adalgiza Martins da Silva; Alvir Antônio Lodi; Valmiro Andrade Lima; Odete de Oliveira; Sérgio Augusto Capilé. De quinta (4): Maria Eduarda Vieira; Marcelo Santos Além; Jonathan da Silva Torres; Alzira Felix de Medeiros; José Enedilton; Sônia Gimenes; Antônio da Silva Lopes. De sexta (5): Delmar Alves dos Santos; Nair Oliveira; Sireunise Camargo Dorta; Aparecido Dias Duarte; Andréia Flores. De sábado (6): Ezael Souza Mamed; Fágner Góes Libório; Rinaldo Santos Durães; Elisabete Bertoletti.


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