Edição de 22/junho de 2020

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DOURADOS MS ANO 70 Nº 13.630

O PROGRESSO

22 de junho de 2020

HHHHH

Pandemia

“Covid-19 é mais letal entre negros e subnotificações mascaram o racismo” PÁG. D1

Violência

Escassez de denúncias não revela dor do preconceito PÁG. D3

Debate

‘Vidas Negras Importam’ e tema não deve ser jogado para debaixo do tapete PÁG. D4

Justiça

Advogado explica direitos de vítimas de racismo PÁG. D5

Youtuber

Influencer douradense ganha fama na internet após assumir os cachos PÁG. D8

O RACISMO

MASCARADO NA PANDEMIA


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Dourados, 22.6.2020 O PROGRESSO

Opinião EDITORIAL

Racismo estruturado na sociedade

Estamos vindo a público para denunciar as péssimas condições de vida da comunidade negra.” A frase, que é de trecho do manifesto de fundação do Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação Racial, em julho de 1978, é perfeitamente aplicável nos dias atuais. Isto porque vivemos num momento em que o racismo estrutural toma conta das sociedades e faz cada vez mais vítimas como George Floyd, homem negro rendido e asfixiado pelo joelho de um policial branco nos Estados Unidos. A frase “Por favor, não consigo res-

pirar”, dita pela vítima ao pedir um socorro ignorado, ainda está presa na garganta de todos aqueles que sonham com o fim das desigualdades. Dados de recente pesquisa da Onu (Organização das Nações Unidas) mostram que 91% dos entrevistados entendem que uma pessoa branca tem mais chances de conseguir em- p r e g o que uma negra. A maioria dos entrevistados, cerca de

66%, diz ter chefes brancos e 46% da população reconhece ter pouca ou nenhuma diversidade em seu ambiente de trabalho. De acordo com o estudo, trabalhadores não negros ganham, em média, 76% a mais que os negros. Ao longo dos anos, os jornalistas desempenharam um papel fundamental na realização de mudanças significativas. Precisamos garantir que ajudemos a pôr

fim ao racismo estrutural e o desafio é manter o tópico no centro das atenções do público mesmo depois que as manchetes como a morte de George Floyd desaparecem. Por essa razão, O PROGRESSO traz um pouco dessa discussão de volta em nossa edição, para buscar a reflexão e ajudar nas transformações de uma sociedade mais justa e humana, seguindo nosso lema “Pensamento e Ação por uma Vida Melhor”, criado por nosso fundador Weimar Gonçalves Torres (in memórian) e transmitido ao longo dos nossos 69 anos de história.

de serem contaminados e de se tornarem potenciais transmissores do coronavírus. Nesta semana, recebi o ofício Nº 23/2020 do Sindenf (Sindicato dos Enfermeiros da Grande Dourados) que relata toda a preocupação da categoria e o medo que permeia os profissionais devido à falta de equipamentos de proteção para o enfrentamento desta pandemia no Hospital da Vida e também nas unidades básicas de saúde, onde faltam insumos básicos como máscaras, luvas, algodão e aventais. Também tive a acesso ao relatório da fiscalização feita pelo Coren/MS (Conselho Regional de Enfermagem) no Hospital da Vida no dia 2 de junho. O resultado do relatório é muito preocupante, já que Coren/MS concluiu que a organização da estrutura física do Hospital da Vida não está adequada para evitar a infecção por coronavírus em pacientes e profissionais que atuam na unidade. Também foi verificada a falta de materiais essenciais como: sistema de aspiração de fechado (trackcare), filtro HMEF para ventilação mecânica, luva de procedimento tamanho M e P, manômetro de válvula reguladora para torpedo móvel, termômetro infravermelho. Em contrapartida, de abril até o momento, a Prefeitura de Dourados firmou três contratos com hospitais particulares para reserva de leitos de UTI para pacientes com coronavírus, que juntos preveem investimentos de quase R$ 5 milhões. Sabemos que a reserva destes leitos é uma importante estratégia de planejamento para um cenário de colapso no SUS, já que esses contratos só passam a ter efetividade em caso de esgotamento dos leitos oferecidos pelo sistema público. No entanto, entendo que as estratégias de prevenção precisam ser priorizadas. Penso que somente, após

superar todas essas possibilidades preventivas para frear o avanço da doença, justificaria ao município voltar suas atenções e os investimentos para o processo de recepção e tratamento dos pacientes acometidos pelo coronavírus, que é a etapa que demanda um aporte bem maior de recursos públicos para garantir respiradores e leitos hospitalares, inclusive de UTI, para os casos mais graves da doença. Os contratos firmados com rede hospitalar para reserva de leitos correspondem a mais de 60% dos recursos repassados pelos governos federal e estadual para ações de combate a pandemia no município, que, segundo ofício encaminhado pela Secretaria Municipal de Saúde ao Conselho Municipal de Saúde, totalizavam quase R$ 8,7 milhões até o dia 20 de maio. No entanto, mesmo diante deste quadro de agravamento da doença nos últimos 15 dias em Dourados (com aumento considerável dos casos de coronavírus), acredito que a situação ainda possa ser controlada e que o melhor caminho a ser seguido continua sendo o da prevenção, investindo no apoio e a manutenção das equipes de saúde e oferecendo melhores condições de trabalho, através da disponibilidade dos EPI’s (Equipamento de Proteção Individual), testes rápidos e capacitação continua aos profissionais que estão no combate a doença. Como deputado estadual, tenho defendido Dourados e trabalhado de forma intensa, colocando nosso mandato como um ponto de apoio junto a Secretaria Estado de Saúde e ao Governo do Estado, buscando contribuir para que o município e a população possam superar essas dificuldades. Através do trabalho conjunto e de ações estratégicas, conseguiremos achatar a curva da doença e avançar nas medidas de proteção a vida e a economia.

Dourados no epicentro do coronavírus RENATO CÂMARA*

*Engenheiro agrônomo, mestre em gestão e produção agroindustrial. Exerce o segundo mandato de deputado estadual

A

contratação de mais 44 leitos de UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) específicos para o atendimento de pacientes com Covid-19 em Dourados, publicada nesta semana no Diário Oficial do Município, me chamou atenção, pois tenho discutido e acompanhado de perto às ações estratégicas que devem ser implantadas para minimizar os efeitos da pandemia em Dourados, que atualmente é o epicentro da doença em Mato Grosso do Sul, conforme mostra os mais recentes números divulgados pela SES (Secretaria Estadual de Saúde). Desde o início da pandemia tenho buscado conhecer como ela funciona e o que outras nações e Estados, que já estão em uma etapa com maior número de casos, estão fazendo efetivamente e quais os resultados positivos alcançados. Em minha avaliação, que sempre é alicerçada pelas recomendações técnicas mundialmente preconizadas e preveem o cumprimento de um ciclo para a aplicação dos recursos públicos, estabelecendo o que vem primeiro e depois às ações secundárias que vêm logo em seguidas. Só após esgotar essas possibilidades, vem então a questão do tratamento. Acredito que em Dourados também é preciso colocar em prática esse protocolo de ações sanitárias voltadas para o enfrentamento ao coronavírus, que prevê princípios básicos para

o controle da pandemia: como disponibilização de equipamentos de proteção individual e testagem dos profissionais de saúde na tentativa de se estabelecer o diagnóstico precoce e o monitoramento dos agentes que atuam diretamente no combate a doença. Neste sentido, a pergunta que faço é se o recomendável realmente seria priorizar a aplicação de investimentos em estrutura hospitalar (reserva de leitos), ao invés de voltar os esforços em medidas de prevenção para conter a transmissão da doença? Vejo essa reflexão como primordial antes da tomada de qualquer decisão por parte dos gestores públicos que atuam condução das políticas de enfrentamento ao coronavírus. Em minha opinião, apenas depois de vencidas as etapas preventivas, se justificaria mudar o foco para ações voltadas para o tratamento. Em Dourados, tudo leva a crer que houve uma inversão deste protocolo. Para se ter uma ideia, em 1º abril, quando o município havia diagnosticado apenas seis casos de Covid-19, a administração municipal já estava contratando leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), tipo 2, no valor de R$ 1,5 milhões, junto a rede hospitalar privada, conforme mostrou o extrato de homologação do contrato 20/2020, disponibilizado também no Diário Oficial do Município. Esse tipo de contratualização coloca em xeque a ordem de prioridade de ações, é bastante questionável e, de certa forma, acaba colocando o carro na frente dos bois, como diz o ditado popular. Enquanto leitos de UTI´s são reservados em hospitais particulares (a custos elevados) a espera do pico da Covid- 19, os profissionais de saúde que atuam na linha de frente de combate a doença ainda enfrentam a falta de equipamentos básicos de proteção individual e correm o risco

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Dourados, 22.6.2020 O PROGRESSO

Política

FOTOS: DIVULGAÇÃO

“A luta contra o racismo ainda precisa ser abraçada por todos e todas” Elias Ishy (Vereador)

Ishy também foi propositor de uma audiência que tratou dos desafios frente à intolerância religiosa

Pauta sobre racismo ganhou espaço na Câmara com único vereador autodeclarado negro

Elias Ishy abriu espaço para os mais diversos debates sobre o tema A pauta sobre racismo e antirracismo, que mostrou a necessidade de mobilização da sociedade em busca de melhorias nas condições de vida da população negra, ganhou destaque na Câmara de Dourados com o único

Ishy também foi propositor de uma audiência que tratou dos desafios frente à intolerância religiosa representante atualmente autodeclarado negro, o vereador Elias Ishy. Neste mandato, o parlamentar manteve o canal da Casa aberto com as categorias, abrindo espaços para

os mais diversos debates. Como atual vice-presidente da Mesa Diretora, o destaque é o avanço na Casa de Leis quanto à ampliação do diálogo com a sociedade, cumprindo ainda mais o papel de ouvir os segmentos, aumentando a gestão participativa para além do seu mandato. Um dos exemplos é o Decreto Legislativo nº 071/2018, de sua autoria, que instituiu o prêmio Zumbi dos Palmares, que tem como finalidade destacar e homenagear personalidades e/ ou entidades com atuação em prol da comunidade afrodescendente. Concebido como um tributo ao líder negro, ícone da luta pela liberdade no país, o

Marçal pede agilidade em obras na Hayel Bon Faker em Dourados Marçal Filho destaca os investimentos que o Governo tem aplicado em Dourados O deputado estadual Marçal Filho (PSDB) pede agilidade nas obras de revitalização da Hayel Bon Faker, uma das principais avenidas de Dourados. Realizada pelo Governo do Estado, os serviços tiveram desaceleração. Em requerimento encaminhado ao governador Reinaldo Azambuja e ao secretário de Infraestrutura Murilo Zauith, o deputado questiona se houve mudanças no projeto e se há alteração no prazo de conclusão da obra. Os serviços tiveram início em setembro de 2019, com uma grande força-tarefa e concentração de trabalhadores, o que não vem ocorrendo nos últimos meses. A Hayel Bon Faker será revitalizada num trecho de apro-

ximadamente oito quilômetros, da avenida Marcelino Pires até o trevo da bandeira, na BR 163. Conforme o cronograma, o trecho será totalmente reestruturado com alargamento da pista e remodelação dos canteiros centrais, com novo asfalto, sinalização e drenagem para prevenir os constantes alagamentos em períodos de chuva. O investimento é de R$ 10,3 milhões, com recursos do Governo do Estado. Marçal Filho destaca os investimentos que o Governo tem aplicado em Dourados, a exemplo de revitalização de outras importantes avenidas, como a Marcelino Pires, a Joaquim Teixeira Alves e a Weimar Gonçalves Torres. Ele pede que o mesmo sistema de trabalho seja aplicado na atual obra. “A população tem nos cobrado e precisamos dar uma resposta sobre o andamento dos trabalhos na Hayel

prêmio é conferido anualmente. Na época da proposição, Ishy era presidente da Comissão de Direitos Humanos e também foi vice-presidente da Comissão Indígena e Afrodescendente da Câmara. Ele lembrou que a ação foi fruto de outro ato legislativo, uma audiência pública com o tema “Resistência e Luta do Povo Negro”, demanda essa apresentada pelo Conselho Municipal de Defesa e Desenvolvimento dos Direitos dos Afro-Brasileiros (Comafro), reativado após anos sem atividades no município. A reativação também se deve a um encaminhamento de uma atividade semelhante proposta pelo vereador

em 2017. Ishy também foi propositor de uma audiência que tratou dos desafios frente à intolerância religiosa e lembrou que, na verdade, a luta não pode ser resumida em um assunto, como esse exemplo, mas em vários, como a violência, a seletividade penal, disparidades no mercado de trabalho, educação, acesso à saúde, agricultura, entre outros. Em tempos de pandemia, ele fala sobre o choque na sociedade. Nas redes sociais, o vereador lembrou que as doenças não são entidades democráticas. Pelo contrário, tem incidência profunda na renda, idade, gênero e raça - ainda mais tendo em vista que 80% dos usuários do SUS Sistema Único de Saúde -se autodeclaram negros. Ishy afirma que as mudanças nas políticas públicas se dão, principalmente, pela participação e que, infelizmente, segundo Nei Lopes, autor do livro “Afro-Brasil Reluzente – 100 Personalidades Notáveis do Século XX”, a representatividade do povo negro na política é quase nula no Brasil. “A luta contra o racismo ainda precisa ser abraçada por todos e todas. E não só, como também a importância das mulheres”, afirma. Ele lembra, por fim, o assassinato da vereadora Marielle Franco. “Infelizmente o Brasil ainda é um dos países que mais matam negros e onde querem silenciá-los. Resistir às vezes é estar vivo”, finaliza Ishy.

LUCIANA NASSAR

COLONO - Cumpadri, porque as pessoas odeiam?

ZÉ PINGA - ué, porque aprenderam, mas podem desaprender, ic, ic, ic...

Deputado encaminhou requerimento ao Governo pedindo explicações sobre a obra Bon Faker, que estão desacelerados”, diz o deputado. A revitalização da avenida é um sonho antigo da população, principalmente dos comerciantes. Da região central até a saída da cidade, na BR163, a avenida é composta por empresas de diferentes segmentos. A modernização da via estava prevista para ser concluída até dezembro deste ano. No entanto, o prazo pode ter sido alterado e o deputado pede explicações.


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Dourados, 22.6.2020 O PROGRESSO

Geral

Negros têm mais chance de serem abordados pela polícia, diz pesquisa O levantamento também aponta as desigualdades para entrar no mercado de trabalho DIVULGAÇÃO

Agência Brasil O primeiro webinário Fórum Data Favela, com a organização da Central Única das Favelas (CUFA), do Instituto Locomotiva e da UNESCO no Brasil, apresentou dados inéditos da pesquisa “As Faces do Racismo”. O levantamento aponta as desigualdades que os negros enfrentam para entrar no mercado de trabalho e para ter acesso e oportunidades de estudo. Também revela que nove em cada dez brasileiros reconhecem que pessoas negras têm mais chance de serem abordados de forma violenta pela polícia. Participaram desse encontro virtual a diretora e representante da UNESCO no Brasil, Marlova Noleto; o presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles; o fundador da CUFA, Celso Athayde; o presidente da CUFA Global, Preto Zezé; a presidente e fundadora da Feira Preta, Adriana Barbosa; a representante do Frente Favela Brasil, Anna Karla Pereira; e os atores Bruno Gagliasso e Hélio de la Peña. Neste primeiro webnário, os con-

O levantamento foi feito com 3.100 pessoas com idades entre 16 e 69 anos, de todos os estados do país vidados debateram como o racismo tem se manifestado na sociedade e os principais desafios para superá-lo. Segundo a pesquisa apresentada, cerca de 76% dos entrevistados de cor negra afirmaram conhecer alguém que já sofreu preconceito ou algum tipo de discriminação dentro do ambiente de trabalho. O levantamento foi feito com 3.100 pessoas com idades entre 16 e 69 anos, de todos os estados do país, nos dias 4 e 5 de junho. “É urgente promovermos esse debate, com dados concretos como os que nos traz o Instituto Locomotiva, que mostram a desigualdade e o racismo estrutural da sociedade brasileira. Precisamos investir em uma agenda de inclusão e da igualdade”, destacou Marlova Noleto, diretora e representante da UNESCO no Brasil. “A educação e a cultura têm um papel transformador neste processo e podem contribuir para mudar significativamente a realidade. Precisamos fortalecer as políticas públicas de inclusão e combate ao racismo, inclusive com ações afirmativas. Temos o compromisso de construir uma sociedade inclusiva, onde ninguém seja deixado para trás.” Dados da pesquisa mostram que 91% dos entrevistados entendem que uma pessoa branca tem mais chances de conseguir emprego que uma negra. A maioria dos entrevistados, cerca de 66%, diz ter chefes

91% dos entrevistados entendem que uma pessoa branca tem mais chances de conseguir emprego que uma negra brancos e 46% da população reconhece ter pouca ou nenhuma diversidade em seu ambiente de trabalho. De acordo com o estudo, trabalhadores não negros ganham, em média, 76% a mais que os negros. Ao apresentar a pesquisa, Renato Meirelles observou: “ganho mais do que um negro com 42 anos. Ga-

nho muito mais do que uma mulher negra com 42 anos. Ganho mais porque na ‘corrida dos 100 metros’ eu queimei a largada. Isso significa que a cor da minha pele e o fato de ser homem, fez com que saísse na frente na luta do chamado ‘vencer na vida’. Isso reflete os dados apontados na pesquisa que escancaram a desigualdade racial

OPINIÃO DE ALGUNS DOS CONVIDADOS DO FÓRUM DATA FAVELA “Passo a me reconhecer negra pelo olhar do outro. Desde a época da escola. Então me engajei no movimento negro e na cultura negra, através do audiovisual, então a busca pela representação negra começou a pautar minha vida, fazendo com que eu me tornasse uma grande empreendedora da cultura e da representatividade negra. Com esse tipo de busca, vejo cada vez mais jovens negros, principalmente nos grandes centros urbanos, com uma maior autoestima em relação a sua cor de pele. Precisamos falar sobre o legado que essa juventude com consciência pode nos trazer. Como essa juventude vai reconstruir o nosso futuro”. Adriana Barbosa (Presidente e fundadora da Feira Preta) “Quero colaborar para ampliar o debate sobre as questões que envolvem o racismo. Ao acompanhar os dados da pesquisa ‘As Faces do Racismo’, senti dor, raiva por notar que esses dados estão entre nós há muito tempo. Sinto que as pessoas ainda não acreditam nem notam o que continua acontecendo. Anseio por ações concretas contra o racismo. Quero ajudar nesse sentido. Hoje tenho dois filhos negros e em breve terei um filho branco. Quero propagar a todos os três que somos iguais”. Bruno Gagliasso (Ator) “Creio que a educação é a melhor ação concreta para que as pessoas passem a entender o racismo. Digo isso, porque minha mãe foi uma professora que me orientou a estudar e foi através da educação que conquistei aprendizado e tornei-me uma exceção no contexto do racismo. Mas, reforço que não precisamos pensar na exceção, mas sim no racismo como um todo”. Hélio de la Peña (Ator)

no Brasil.” Para Celso Athayde, “a primeira coisa que temos que reconhecer é que somos diferentes. Para que nós negros, que somos maioria, possamos tirar proveito dessas diferenças e equalizar o nosso lugar na sociedade. Para que um dia a gente possa então parar de largar em desvantagem nessa corrida”.


Delegado nega relação de preconceito entre a polícia e negros PÁG. 3

Advogado explica diretos de vítimas de racismo PÁG. 5

DIA A DIA Dourados, 22.6.2020 O PROGRESSO DIVULGAÇÃO

“Covid-19 é mais letal entre negros e subnotificações

MASCARAM O RACISMO” Afirmação é da coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da UFGD, Claudia Carvalho Valéria Araújo Dados do Ministério da Saúde mostram que a Covid-19 é mais letal entre os negros. Há uma morte para cada três brasileiros negros hospitalizados com coronavirus, enquanto entre brancos a proporção é de uma morte a cada 4,4 internações. Até maio, mais da metade dos negros que se internaram em hospitais no Brasil para tratar casos de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave), com confirmação de covid-19, morreu. Esta é a constatação de uma nota técnica assinada por 14 pesquisadores do NOIS (Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde) da Puc (Pontifícia Universidade Católica) do Rio de Janeiro, em que foram analisados 29.933 “casos encerrados” de covid-19 (ou seja, com óbito ou recuperação). Dos 8.963 pacientes negros internados, 54,8% morreram nos hospitais. Entre os 9.988 brancos, a taxa de letalidade foi de 37,9%.

“É através da educação que se pode vencer a barreira do racismo enraizado na sociedade” Em Dourados, a coordenadora do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros (Neab) da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), Cláudia Cristina Ferreira Carvalho, explica que a diferença de letalidade entre brancos e negros pode ser ainda maior já que a subnotificação ainda é um desafio. Levando em conta que no Brasil, os dados do Ministério da Saúde sequer eram separados por cor no início da pandemia e que os boletins só passaram a incluiros números quase um mês e meio depois da confirmação do primeiro caso de Covid-19, graças à pressão da Coalizão Negra por Direitos, a coordenadora acredita que a vulnerabilidade social é o principal motivo da letalidade maior entre negros. “A Covid 19 é doença que expõe, de

maneira radical, a desigualdade na sociedade brasileira e o fato da população negra, assim como a indígena, ser mais vulnerável, é justamente porque ela quem está muito mais concentrada na periferia das cidades onde os acessos aos serviços de proteção sanitárias, conforme a recomendação da Organização Mundial da Saúde, não chegam. Boa parte dessa população negra se vê ainda obrigada a ir para o seu trabalho precarizado, sobretudo as empregadas domésticas, as diaristas, que estão mais vulneráveis tendo em vista que as patroas brancas dificilmente as dispensam do trabalho. Basta a gente lembrar o caso recente, em que um garoto de cinco anos morreu ao cair do 9º andar de um prédio, depois que a mãe, negra e diarista, teve que deixar o filho com a patroa para sair para o passeio do cachorro da madame”, destaca. As condições sanitárias dos negros também são as mais precarizadas. “Geralmente são residências com o número maior de pessoas, onde não se tem condição de fazer isolamento. Ainda há uma questão que agrava que são as subnotificações ou as não notificações da Covid -19, que é uma forma, inclusive, de mascarar o racismo estrutural no qual nós vivemos. Se você pegar como referência as últimas manifestações que aconteceram Estados Unidos e as matérias que foram veiculadas no Brasil toda a plataforma dos comentários que falavam sobre o racismo era formada por profissionais brancos. Hoje a gente vive numa sociedade em que a branquitude é um privilégio enquanto que em relação a negritude, a sociedade ainda se assenta no fosso muito profundo das desigualdades raciais”, explica. A pesquisadora ressalta ainda outro motivador das mortes: o racismo estrutural, termo usado para reforçar o fato de que há sociedades estruturadas com base na discriminação que privilegia algumas raças em detrimento das outras. No Brasil, nos outros países america-

“Covid 19 é doença que expõe, de maneira radical, a desigualdade na sociedade brasileira” nos e nos europeus, essa distinção favorece os brancos e desfavorece negros e indígenas.Segundo Claudia Carvalho, ele está presente em todas as instituições. “Um exemplo é que acontece em relação a violência. De ambos os lados o negro é o que mais morre. No caso de violência policial as maiores vítimas são os jovens negros e do outro lado, os policias que mais morrem também são os negros devido a precariedade financeira que o impõe a fazer serviços extras”. Para Claudia Carvalho é através da educação que se pode vencer a barreira do racismo enraizado na sociedade. Ela cita, por exemplo as políticas de cotas raciais em que pessoas que não têm o fenótipo da raça, principalmente nos cursos de maior poder aquisitivo como os cursos de medicina, direito e engenharia; fator que contribui para que a desigualdade se perpetue. “As políticas de cotas nas universidades ainda é um desafio, em que boa parcela da população é contra. O reflexo pode ser observado na própria universidade, onde uma minoria dos professores e administradores são negros”, destaca. O tratamento é desigual. “Não precisa ir longe. Em Dourados mesmo, muitos jovens são abordados apenas por estar em batalhas de rap em que a música é inofensiva, enquanto jovens de bairros elitizados e que fazem o uso de drogas não são”, exemplifica observando que o caminho é a educação e as políticas públicas com olhar voltado a todas as questões que envolvem as desigualdades sociais.

“Hoje a gente vive numa sociedade em que a branquitude é um privilégio” Cláudia Cristina Ferreira Carvalho (Coordenadora do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros (Neab) da UFGD

Saiba mais

Disparidades Um estudo liderado por pesquisadores da PUC-Rio e divulgado no último dia 27 de maio evidencia ainda mais essas disparidades. Em termos de óbitos por Covid-19, pessoas sem escolaridade têm taxas três vezes maiores (71,3%) em relação àqueles com nível superior (22,5%). Combinando raça e índice de escolaridade, o cenário fica ainda mais desigual: pretos e partos sem escolaridade morrem quatro vezes mais pelo novo coronavírus do que brancos com nível superior (80,35% contra 19,65%). Considerando a mesma faixa de escolaridade, pretos e pardos apresentam proporção de óbitos 37% maior, em média, do que brancos.


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Dourados, 22.6.2020 O PROGRESSO

Dia a Dia

Escassez de denúncia por racismo em Dourados não revela dor do preconceito Pesquisador aponta causas e revela realidade do racismo na maior cidade do interior de MS

Vinicios Araújo

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Nas últimas semanas discussões ligadas às questões raciais foram afloradas em todo o planeta. Após a morte do americano George Floyd, asfixiado por um policial durante abordagem na cidade de Minneapolis, noroeste dos Estado Unidos, no dia 25 de maio, protestos violentos e pacíficos foram registrados em vários países. Na cidade que Floyd vivia, a polícia chegou a sofrer uma reforma após uma onda de reações que incluiu passeatas, vandalismos e até prisões. Dias antes da morte do americano, no Brasil um adolescente negro de 14 anos foi baleado e morto durante ação da polícia em São Gonçalo, no Rio de Janeiro. Menos de um mês depois do caso, um menino de apenas 5 anos, também negro, morreu ao cair da cobertura de um prédio em Tamandaré (PE). Ele era filho da empregada doméstica da primeira-dama da cidade. A mãe estava passeando com o cachorro da patroa, enquanto o filho ficou dentro do imóvel de luxo. Pedindo

Um xingamento ou ofensa, uma demissão ou até mesmo dispensa tem grande potencial de passar batido Mário Sá explica que o crime de racismo é uma violência cometida à coletividade negra pela mãe, o garoto foi colocado pela acusada dentro do elevador, que o levou à cobertura. De lá ele viu a mãe e acabou caindo do espaço que fica no nono andar. A patroa foi presa, mas após pagar uma fiança de R$ 20 mil foi solta para responder o crime em liberdade. A mãe do pequeno Miguel chegou a encontrar o garoto com vida, logo após a queda, mas viu o filho morrer nos braços. Casos de grande repercussão como esses acontecem a todo tempo. O problema são aqueles com mínima exposição. Um xingamento ou ofensa, uma demissão ou até mesmo dispensa em processo seletivo, atos de diferenciação de tratamento, tem grande potencial de passar batido. Em Dourados, por exemplo, casos de injúria, que se consistem não só na utilização de elementos referentes a raça, cor e etnia, mas também de religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência, totalizaram nos últimos anos apenas 82 registros, sendo 31 em 2018, 34 em 2019 e 17 em 2020.

O MEDO DE PROCURAR A POLÍCIA O último caso de prática, incitação ou indução ao preconceito e discriminação é de 2018. Um registro apenas. Quando o assunto é denúncia por racismo mesmo, considerado crime contra à coletividade e não de forma individual, o caso mais recente foi registrado no ano passado. Uma denúncia apenas. A Polícia Civil vê esses tipos de registros como “quase inexistente”. Para o pesquisador e professor Mário Sá, da Universidade Federal da Grande Dourados, especialista em religiões afro brasileiras, o fato de poucas denúncias registradas não representa um suposto ‘índice reduzido’ de ocorrências por questões raciais no município. “Por que os dados são dados de pequena monta? Observe como o negro é tratado pelas forças de segurança pública, observe que o negro ele é mais preso de forma estúpida em relação ao branco, observe que as abordagem policiais são feitas de forma geral na periferia. Como essas pessoas acreditariam nas forças de segurança pública para denunciar o processo de racismo?”, questiona. Conforme a análise do pesquisador, a comunidade douradense reflete exatamente o que ocorre em todo o País. Ele garante que os dados “quase inexistentes” são influenciados ainda pela falta de efetividade das ações de penalização ao racismo. Segundo Sá, muitas denúncias de racismo são transformadas em crime de injúria, que faz com que o racismo praticado seja direcionado à pessoa de forma individual e não à coletividade da comunidade negra. “Nós temos uma sociedade que observa o racismo de uma forma muito pouco crente da existência dele, no sentido de criminalizar. Porém nas suas práticas demonstram o contrário, uma prática bastante racista. Enquanto as nossas forças de segurança representarem muito mais um processo de inimigos públicos, nós não teremos dados reais”, considerou.

Saiba mais

Racismo disfarçado Mário Sá explica que o crime de racismo é uma violência cometida à coletividade negra. E esse crime é disfarçado em várias formas. Ofensas às religiões afro brasileiras, são um exemplo disso. “De forma geral o que se observa é a tentativa de desqualificar o racismo buscando uma análise mais socioeconômica. Ou seja, ‘o problema do Brasil não é o negro é o pobre’. O que não é uma verdade. Quando você utiliza dados estatísticos, produzidos pela ciência, você observa que, se uma pessoa é pobre e branca ela tem uma condição. Se é pobre e negra tem uma condição pior. Em todas as conjugações que você fizer com a raça negra, eles estarão inferiorizados em contraste aos demais grupos”, avalia o especialista. Mário ressalta que outra tentativa evidente de minimização das práticas racistas é a adoção de um discurso chamado ‘democracia racial’. Nesse aspecto, utiliza-se expressões como: “não existe racismo, somos todos iguais”, ou também: “não sou racista, tenho até um tio negro”. Para o professor, o uso dessas justificativas para o racismo só tornam ainda mais evidente a necessidade de ajuste na conduta brasileira ante à diversidade característica do País. “Essas falas não alteram a realidade que demonstram que o negro sofre de todas as formas. Cerca de 70% da população carcerária é negra. Mais de 60% da população assassinada é negra. E apesar de haver um discurso de que não existe um racismo no Brasil, que somos uma sociedade democrática, isso não ocorre”, afirma. Mário Sá observa que em Dourados, a população negra ocupa majoritariamente as regiões mais pobres da cidade, sendo ainda raramente destacada em cenários positivos. “Há uma invisibilidade dessa sociedade nos noticiários positivos, nos outdoors positivos. Não numa avenida como a Marcelino, em que você tenha um negro estampado com uma blusa de marca, um calçado de marca, tomando um sorvete. No entanto quando você vai para as páginas policiais você observa claramente esse processo em que negros e indígenas são os personagens principais. Então, enquanto as colunas sociais, o que é positivo na cidade apresentam uma estética branca, quando vai para a negatividade ela coloca um elemento negro”, destacou. Para a presidente do Comafro (Conselho Municipal de Defesa e Desenvolvimento dos Direitos dos Afro Brasileiros), Luhara de Souza Arguelho, a escassez de denúncias é resultado do medo. “Esse é o tipo de crime que todo mundo ouve, mas quase ninguém quer se expor. Além disso o racismo exige contraprova, e como fazer isso num ambiente fechado, numa prática disfarçada? Geralmente esses casos ocorrem em ambientes majoritariamente brancos, para o negro é mais arriscado denunciar”, afirmou. Segundo ela, a conversão dos casos de racismo como injúria racial faz com a Justiça cale o negro. De acordo com dados levantados pelo Comafro, entre 2012 e 2013, 8% a 9% da população douradense se autodeclarou negra. A cidade inclusive possui um quilombo com famílias que preservam costumes tradicionais, no distrito da Picadinha.


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Dourados, 22.6.2020 O PROGRESSO

Dia a Dia

Delegado nega relação de preconceito entre a polícia e negros Delegado de Dourados nega que haja qualquer desvio de conduta com negros em comparação a brancos DIVULGAÇÃO

Vinícius Araújo O delegado regional da Polícia Civil em Dourados, Lupércio Degerone, classifica como falacioso o discurso de que a relação entre polícia e comunidade negra é comprometida pelo preconceito, pelo menos no maior município do interior de MS. Segundo o chefe da corporação, ações da polícia são predominantemente executadas nas periferias porque as demandas vindas dessas regiões são maiores do que as de áreas mais valorizadas.

Mato Grosso do Sul é um estado miscigenado, com muitos índios, negros, nordestinos e sulistas Ele nega que haja qualquer desvio de conduta na atuação com negros, em comparação aos brancos. “O comandante do CPA, coronel Givaldo, é negro. Diversos policiais militares e civis são negros. É uma falácia no que se refere a Dourados essa ideia de tratamento diferenciado é questão de cor. A polícia atua na onde se apresentam as demandas. Nós não temos nenhum caso onde houve tratamento diferenciado. Mato Grosso do Sul é um estado miscigenado, com muitos índios, negros, nordestinos e sulistas. Não vejo caso dessa natureza no Estado”, afirmou.

Ações da polícia são predominantemente executadas nas periferias porque as demandas são maiores

“O comandante do CPA, coronel Givaldo, é negro. Diversos policiais militares e civis são negros. É uma falácia no que se refere a Dourados essa ideia de tratamento diferenciado é questão de cor” Lupércio Degerone (Delegado regional da Polícia Civil em Dourados)

POLICIAIS NEGROS TAMBÉM SÃO OS QUE MAIS MORREM De acordo com dados publicados no 13º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 51,7% dos 726 policiais mortos entre 2017 e 2018 eram negros, ante 48% de brancos e 0,3% de amarelos. Segundo o Anuário, negros são apenas 37% do efetivo das polícias. Reportagem do El País aponta que a dificuldade de promoção e acesso do negro às patentes mais altas da corporação faz com que ele tenha que trabalhar na linha de frente da segurança pública, o que o deixa mais vulnerável ao homicídio. O PROGRESSO buscou contato com a assessoria de imprensa da Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul para detalhar os dados locais, destacando também as ações de valorização do agente negro dentro das corporações. No entanto, não obtivemos resposta até o fechamento desta matéria.


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Dourados, 22.6.2020 O PROGRESSO

Dia a Dia DIVULGAÇÃO

‘Vidas Negras Importam’ é debatido por Advogados Wander Medeiros e André Costa e pela professora de História Maria de Lourdes

‘Vidas Negras Importam’ e tema não deve ser jogado para debaixo do tapete Afirmação é de especialistas que debateram sobre o racismo em recente encontro virtual em Dourados Cristina Nunes Especial para O Progresso O Advogado douradense e Conselheiro Federal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Wander Medeiros, colocou em pauta recentemente um debate sobre o tema ‘Vidas Negras Importam’. Devido ao distanciamento social provocado pela pandemia do coronavírus o encontro com o Advogado André Costa (Autor da separata ‘Escritos Sobre Racismo Igualdade e Direito) e com a Professora Maria

“Onde a maioria dos negros vivem? Onde trabalham? Eles moram no bairros mais pobres e estudam nas escolas de periferia” de Lourdes (Graduada e Mestre em História) aconteceu de forma virtual, através de uma live transmitida pelo Youtube. A mensagem ‘Vidas Negras Importam’ está sendo bastante difundida a nível mundial. Essas articulações sociais tem objetivo de denunciar o racismo. Apesar da força do movimento, não é difícil de encontrar uma réplica dizendo: “Todas as vidas importam”. Para Wander Medeiros,

algumas pessoas entenderam erroneamente a afirmação. “Considerar que o debate sobre preconceito não é relevante é um dos pontos que demonstra como o racismo está naturalizado em nossa sociedade. Quando se diz que vidas negras são importantes não quer dizer que as outras não são”, explicou Medeiros, idealizador da live. “É uma pauta não superada. Ainda existe racismo. Apesar de ser um movimento que surgiu a partir do assassinato de George Floyd nos EUA, há casos extremamente relevantes no Brasil que fazem com que essa chamada ‘Vidas Negras Importam’ seja relevante para o país. Aqui temos um grande problema, não conseguimos enfrentar o racismo porque as pessoas insistem em afirmar que não são preconceituosas, mesmo sendo. Tem uma pesquisa da DataFolha diz que 96% dos brasileiros acreditam que tem racismo no país e 93% diz que não é racista, ou seja, o racismo existe mas as pessoas não querem assumir”, destacou Dr. André Costa. “Onde a maioria dos negros vivem? Onde trabalham? Eles moram no bairros mais pobres, estudam nas escolas de periferia (onde sabemos

que o Ensino é inferior as demais), a chance de chegar a Universidade é pouca, porém de cair na marginalidade é muito grande. Se perguntarmos quem ficaria feliz em ser tratado como os negros são em nossa sociedade, acredito que ninguém teria a audácia de dizer que ficaria, mesmo assim ainda há aqueles que insistem em dizer que somos privilegiados devido as cotas”, indagou a professora Maria de Lourdes. Para o Advogado André Costa a libertação dos escravos no Brasil não foi suficiente para coloca-los em igualdade com os brancos e ainda existe uma dívida histórica que precisa ser reparada para que as próximas gerações da raça não sofram tanto quanto a atual. “Libertou-se os negros, mas eles saíram das fazendas sem perspectiva nenhuma de emprego, de moradia, sem indenização trabalhista e ainda tiveram que lutar contra a revolta dos patrões. O que restou foram as ruas e os morros, e sem dúvidas o preconceito e a atual situação dos negros no Brasil são reflexos desse passado”, afirmou André. “Para justificar o racismo as pessoas querem desqualificar os negros. “Desqualificam para subjugar e ter

suposto ‘respaldo’ para a discriminação. Dizem: ah, mas os negros são baderneiros, são ladrões. Foi assim no passado, para justificar o trabalho escravo eles diziam: os negros não tem alma”, completou a professora Maria de Lourdes. O Advogado André Costa lamentou o fato de que além das políticas educativas que começaram em 2000 não vemos nenhum outro tipo de política afirmativa para os negros no Brasil. “Na educativa ainda há perseguição, dizem que cota é uma forma de furar fila ou até mesmo uma ação discriminatória. Eu diria que é uma discriminação positiva, pois são pessoas iguais porém em situações e condições diferentes, por isso a necessidade de fazer algo para igualar”, explicou. O Advogado André Costa afirmou que é um grande defensor das ações afirmativas, a qual ele acredita ser uma forma de reduzir desigualdades. “É preciso falar sim que tem preconceito, que tem racismo. Jogar embaixo do tapete acumula e piora a situação”. “Muitos dizem: Vocês querem tudo para o negro! Mas esse discurso é mentiroso e cruel. O que queremos são as mesmas oportunidades”, finalizou.


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Dourados, 22.6.2020 O PROGRESSO

Dia a Dia

Advogado explica direitos de vítimas de racismo

Marcelo Cândido acredita que o tema é amplo e envolve a adoção de políticas públicas eficientes, além de importantes transformações, inclusive de comportamento dos próprios negros DIVULGAÇÃO

Valéria Araújo Membro do Conselho Municipal dos Afro Descendentes de Dourados (Comafro), o advogado Marcelo Cândido de Paulo acredita que a luta contra o racismo e injúria racial vai muito além do que está previsto na Legislação, que segundo ele “privilegia a elite” em detrimento dos mais vulneráveis como os negros. Marcelo diz que o tema é amplo e envolve a adoção de políticas públicas eficientes, além de importantes transformações, inclusive de comportamento dos próprios negros, que segundo ele “precisam reconhecer o próprio valor, se organizar como um povo e conquistar seu espaço e seus direitos”, reforça. Advogado douradense, Marcelo Cândido explica que num mundo onde faltam referências negras em cargos de destaque é cada vez mais comum o pensamento racista de que “tudo o que vem do negro não presta”. “Basta a gente observar músicas que marcaram a infância de muitas pessoas como a que se refere ao negro como de cabelo duro e que não gosta de pentear”, ressalta, observando que frases como essas só fazem com que os próprios negros tenham dificuldade de assumir seus traços, suas características. “Vemos com mais frequência os negros ocuparem lugar de destaque quando o assunto é entretenimento tais como jogos de futebol. Com isso a sociedade não está acostumada a ver o negro em ocupações de evidência como gerentes de banco, juízes, advogados, médicos. Eu mesmo tenho que me desdobrar para provar que sou o advogado. Já aconteceu de me confundirem com o preso em uma diligência policial e com o garçom e o segurança em uma festa para advogados”, desafaba. Racismo é crime, explica advogado Marcelo Cândido explica o que existe hoje na Legislação para proteger as vítimas e punir os autores de crimes de racismo e injúria racial, que são conceitos jurídicos diferentes. O primeiro está contido no Código Penal brasileiro e o segundo, previsto na Lei n. 7.716/1989. Enquanto a injúria racial consiste em ofender a honra de alguém valendo-se de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião ou origem, o crime de racismo atinge uma coletividade indeterminada de indivíduos, discriminando toda a integralidade de uma raça. Ao contrário da injúria racial, o crime de racismo é inafiançável e imprescritível.

Vítima deve juntar todas as provas possíveis para fazer sua denúncia contra o racismo sofrido A injúria racial está prevista no artigo 140, parágrafo 3º, do Código Penal, que estabelece a pena de reclusão de um a três anos e multa, além da pena correspondente à violência, para quem cometê-la. De acordo com o dispositivo, injuriar seria ofender a dignidade ou o decoro utilizando elementos de raça, cor, etnia, religião, origem ou condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência. Já o crime de racismo, previsto na Lei n. 7.716/1989, implica conduta discriminatória dirigida a determinado grupo ou coletividade e, geralmente, refere-se a crimes mais amplos. Nesses casos, cabe ao Ministério Público a legitimidade para processar o ofensor. A lei enquadra uma série de situações como crime de racismo, por exemplo, recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial, impedir o acesso às entradas sociais em edifícios públicos ou residenciais e elevadores ou às escadas de acesso, negar ou obstar emprego em empresa privada, entre outros. De acordo com o advogado Marcelo Cândido, são mais comuns no País os casos enquadrados no artigo 20 da legislação, que consiste em “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”

O QUE A VÍTIMA DEVE FAZER?

“Vemos com mais frequência os negros ocuparem lugar de destaque quando o assunto é entretenimento tais como jogos de futebol. Com isso a sociedade não está acostumada a ver o negro em ocupações de evidência como gerentes de banco, juízes, advogados, médicos”. Marcelo Cândido de Paulo (Advogado)

Candido explica que o primeiro passo que a vítima deve tomar é juntar todas as provas possíveis, como gravações, mensagens de celular e testemunhas. Se a ofensa ocorreu através de internet, o que tem se tornado bastante comum, a vítima deve salvar as conversas, e-mails ou posts em redes sociais. Para isso, pode realizar uma captura da tela (print screen). Em seguida, é indicado que a pessoa registre um Boletim de Ocorrência (BO). É importante destacar que a vítima tem até seis meses para formalizar a queixa. Outra opção também é ajuizar uma ação no Juizado de Pequenas Causas (JEC). Na maioria dos casos, esses tipos de crimes costumam envolver ainda processos por danos morais, os quais visam reparar os prejuízos causados à vítima. Para isso, é importante que a pessoa procure um advogado para orientação jurídica e, se for o mais indicado, entrar com uma ação. SERVIÇO:

Marcelo Cândido de Paulo - Advogado e Membro do Comafro (Conselho Municipal dos Afro Descendentes de Dourados) Email: marcelocandidodireito@gmail.com Fone: WhatssApp : (67) 99987 4593


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Dourados, 22.6.2020 O PROGRESSO

Dia a Dia

Religiões de matriz africana são alvos de crimes de intolerância Presidente do Conselho Municipal de Defesa de Direitos dos Afro-brasileiros em Dourados diz que a falta de conhecimento gera discriminação

DIVULGAÇÃO

Flávio Verão Discriminação e preconceito com candomblé e umbanda são históricos no Brasil e os registros de ataques são contínuos. Em Dourados, a última estimativa é de pelo menos 156 terreiros espalhados pela cidade. E engana-se quem acredita que os direitos não são preservados. Recentemente a justiça deu ganho de causa para um terreiro continuar suas atividades. Um vizinho tentou impedi-lo. Por qualquer lugar do Brasil, a discriminação contra religiões afro assume características bem escancarada. Não há pudor e as críticas são direcionadas na tentativa de denigrir e menosprezar. Naiara Fonteles é candomblecista, estudante de Letras na UEMS e militante da causa negra. Desde pequena usa paramentas da religião e se identiOfica PROGRESSO totalmente com ela. “Eu sou o Dourados, quinta/sexta-feira 19/20.12.2019

“A discriminação é assim, bem escancarada, perversa e atinge diretamente de todas as formas” Candomblé, foi no Candomblé que eu nasci, ele é a minha história”, define. Mas nem sempre foi assim. Na escola sofreu muita discriminação e não sabia se defender. Agora é diferente, pois conhece seus direitos e tem lutado para que lideranças de terreiros possam sair às ruas com suas identidades. Naiara vai à faculdade paramentada. Algumas pessoas a olham com exclusão e se afastam. “A discriminação é assim, bem escancarada, perversa e atinge diretamente de todas as formas, desde violência verbal, física e por repreendimento, como a frase: em nome de Jesus”, relata. As vestimentas nas religiões afro são simbologias e, como forma de ocupar os espaços, Naira passou a estar cada vez mais caracterizada. Isso vem acontecendo há 4 anos. “Antes eu não tinha conhecimento dos direitos, agora eu contesto, enfrento”, disse a universitária, que é

ATOS OFICIAIS

Religiões afro-brasileira são marcadas por simbologias diversificadas ainda vice-presidente do Conselho Municipal de Defesa e Desenvolvimento de Direitos dos Afro-brasileiros (Comafro). A presidente da entidade é Luhara Arguelo. Formada em Letras, é ainda pesquisadora em assuntos ético raciais e coordenadora executiva do Coletivo Mulheres Negras de Mato Grosso do Sul. Para ela, o paradigma do desconhecido é o principal entrave que faz as pessoas contestarem as religiões afro. “É a ignorância do saber, de conhecer a história “, define. A estigma de que o preto é ruim, negativo é muito presente na sociedade, deixando marcas não só na

Naiara Fonteles é candomblecista

pele de quem é negro como também nas religiões afro. “As pessoas chamam a polícia para calar os terreiros, que têm rito cultural da dança, da música. Por isso que eu digo, a discriminação parte da ignorância de não conhecer a história”, reitera a presidente do Comafro. As casas são frequentadas por pessoas de todas as raças, escolaridades e status social. Como ainda são perseguidas, o Comafro, que conta com apoio jurídico, tem tomado medidas. A entidade tem ainda promovido eventos em locais públicos e privados, como audiências, debates e o Festival da Cultura Afro.


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Dia a Dia

Literatura leva encorajamento a crianças negras em Dourados Em entrevista, Danielle Ferreira que é apaixonada por Dourados e pela história que construiu aqui, destaca as vivências que a levaram a escrever seu primeiro livro DIVULGAÇÃO

Vinícios Araújo Filha de pai militar e mãe dona de casa, Danielle Ferreira era uma criança alegre, extrovertida com os mais íntimos e sonhadora. Nasceu no Rio de Janeiro, mas devido às transferências de serviço do pai, saiu cedo do estado carioca para viver no norte do País, em Belém/PA. Lá ela construiu amizades, imergiu em uma cultura completamente diferente e foi feliz. Até que em 2002 viu tudo ficar mais de 3 mil km distante. O pai dela foi transferido novamente, agora para Dourados, no interior de Mato Grosso do Sul. Chegar na cidade foi um baque e tanto. Clima diferente, costumes diferentes, pessoas diferentes. Lidar com tudo isso não foi fácil, especialmente quando pisou os pés na escola. Aluna de instituição particular na cidade, Danielle era a única negra da turma. “Eu cheguei em Dourados aos 8 anos e eu me deparei de forma muito intensa com o racismo. Pela primeira vez eu estive numa escola particular, era a única aluna negra na escola, então eu sofri muito racismo. Foi mui-

CONTATO NAS ESCOLAS

“Eu cheguei em Dourados aos 8 anos e eu me deparei de forma muito intensa com o racismo” Livro é uma ponte para que as crianças desenvolvam a expertise de observar o outro ser humano definitivamente como um ser humano to difícil pra mim essa adaptação”, relembra. Voltar para casa era como retornar ao refúgio para a pequena Danielle. O que ela não imaginava, era que anos depois, sua experiência dolorosa nas relações humanas seria inspiração para a construção de uma obra cujo principal propósito é fortalecer a apropriação das crianças negras com as suas características e raízes históricas. Hoje Danielle está no último ano de psicologia; é escritora autora da obra ‘O Reino Perdido de Odara’; encabeça projetos que levam acesso à conteúdos ligados à pluralidade e combate ao racismo; é palestrante no âmbito das discussões raciais; além de ser idealizadora do projeto À Flor da Pele, entidade que fornece acesso à serviços de escuta clínica e analítica à população com custos sociais. Em entrevista ao O PROGRESSO, a jovem, que hoje é apaixonada por Dourados a pela história que construiu aqui, destaca as vivências que a levaram a escrever seu primeiro livro com ênfase na percepção infantil. “O Reino Perdido de Odara” é uma literatura lúdica, colorida e representativa, que conta a história de uma

encobrem sua cabeça. Criativa e apaixonada pelo processo de desconstrução do racismo enraizado, Danielle viu meninas como ela se identificarem com a pequena retratada no livro. “Em Bonito uma criança negra me abraçou e falou: Odara é linda, pretinha e inteligente igual a mim, também vou querer ser escritora”, relembra. A autora afirma que o livro influenciou não só como as crianças negras se veem, mas como os colegas brancos as percebem. “Crianças brancas também relatam quando brincam com o livro sensorial que o cabelo da Odara é bonito”, contou à reportagem. Falar do cabelo, da cor da pele e de outras características físicas do negro é um primeiro passo para construir uma sociedade livre do preconceito à identidade afro. O livro é uma ponte para que as crianças desenvolvam a expertise de observar o outro ser humano definitivamente como um ser humano. A partir dessas reflexões Danielle considera ser possível libertar outros estigmas que ainda assolam a comunidade negra no Brasil, como os costumes e religiões de origem africana.

Danielle está no último ano de psicologia; é autora da obra ‘O Reino Perdido de Odara’ menina de oito anos que descobre na sua negritude e ancestralidade, um universo rico, vantajoso e criativo. Adotada por muitas escolas como material base para se falar sobre o valor do indivíduo negro e, a necessidade de desfazer as raízes racistas da nossa comunidade, a obra tem sua inspiração na vida da própria escritora. Odara tem cabelo afro volumoso.

Danielle também tem, mas já havia escondido a beleza dos cachos durante a adolescência. Como muitas meninas, para ser mais semelhante e assim se sentir parte do grupo com quem convivia, ela alisou os cabelos por muitos anos. Um dia percebeu que algo não estava coerente com a sua essência. Entrou então numa fase de renascimento, recuperando as ‘molinhas’ exuberantes que hoje

O começo dos trabalhos relacionados à conscientização para as relações sociais e racismo foi em parceria com uma amiga. Em 2015, Danielle e a colega fizeram contatos independente com as escolas oferecendo oportunidade de debates e palestras. E deu certo. Posteriormente isso se tornou objeto de um projeto de extensão na faculdade. “Isso transformou muito a minha forma de enxergar as relações raciais e o ambiente escolar a partir da pesquisa. Vi muitas necessidades de se falar sobre o assunto”, afirma. Com o fim do projeto universitário, Danielle viu que as ações não poderiam terminar ali. Ela então decidiu criar Odara e sua história. “Durante o projeto de extensão, ouvindo relatos de crianças negras, e brancas também, onde percebi de forma nítida a presença de conflitos raciais e questões relacionadas à diversidade. Quando eu questionava os professores eu percebi que o que faltava era a oferta de materiais, foi então que percebi a oportunidade de criar o livro”, disse. Hoje Danielle já não sabe ao certo quantos exemplares da obra foram vendidas. Diretamente com ela já são mais de 500. A literatura trouxe maior visibilidade ao trabalho que ela realiza como palestrante. ‘O Reino Perdido de Odara’, inclusive, tem exemplar disponível na Biblioteca de Rennes, França, e também já foi distribuído na Irlanda. Atualmente a obra segue em sua segunda reimpressão. IMPORTANTE

Para saber mais sobre a obra e adquiri-la, basta acessar: www.laboratorioser.com


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Dourados, 22.6.2020 O PROGRESSO

Dia a Dia ENTREVISTA · Amanda Brito - Digital Influencer

Influencer douradense ganha fama na internet após assumir os cachos Valéria Araújo

Frases

Mulher negra e empoderada. A influencer digital Amanda Brito tem sido inspiração para muitas meninas que se sentiam pouco representadas na internet. Atriz e cantora, a influenciadora nascida em Cuiabá-MT e que reside hoje em Dourados, ficou famosa após iniciar o processo de aceitação, assumindo os cachos e dando adeus a chapinha. A iniciativa de empoderamento começou em 2016 e hoje Amanda tem 247 mil seguidores no Youtube e 118 mil no Instagran. Em entrevista ao O PROGRESSO ela fala sobre autestima da mulher negra, os desafios para produzir conteúdo, sonhos e como superou o preconceito em relação a seu cabelo, que exibe com orgulho.

“Eu acho muito importante mulheres negras trabalharem como digital influencer, pois a internet se tornou a maior rede de comunicação e as pessoas negras tem que ocupar e representar” “Me inspiro muito na Beyoncé, Tais Araújo, Iza, pois são mulheres negras, empoderadas e donas de si”

Com o racismo enraizado no Brasil ao longo de sua história, inclusive com muitos casos na internet, como você avalia a participação de mulheres negras como influenciadoras digitais?

Eu acho muito importante mulheres negras trabalharem como digital influencer, pois a internet se tornou a maior rede de comunicação e as pessoas negras tem que ocupar e representar. Mas infelizmente, percebo que muitos não valorizam ou não consomem conteúdos de pessoas negras. Isso faz com que o crescimento na internet seja ainda mais dificil. Todavia acredito que por conta de tudo que estamos vivendo, as pessoas estão mudando em relação a isso, tanto marcas grandes quanto pessoas em geral estão começando a valorizar o conteúdo dessas pessoas. Porém tem muita coisa para melhorar ainda, e as pessoas negras tem muito o que ocupar. Quando você decidiu ser influenciadora e qual a missão do teu canal? Que mensagem você deseja passar aos seguidores com esse instrumento de comunicação?

Eu tinha 16 anos (2016) quando decidi fazer um canal, eu criei com o intuito de poder criar, pois sempre gostei de gravar vídeo, editar, e ser reconhecida pelas pessoas. Mas eu não imaginava que eu iria chegar onde estou. Fiquei conhecida no YouTube depois que comecei a falar sobre meu processo de aceitação, quando eu decidi parar de alisar meu cabelo para aceitar os cachos. Relatei essa minha transição capilar na internet e muitas pessoas decidiram fazer o mesmo. Muitas dizem que se inspiraram em mim, para se aceitar cacheada ou crespa. Mas hoje, com o início da minha carreira como cantora, a mensagem que eu quero passar é sobre empoderamento. Quero que as mulheres além de se amar do jeito que são, possam viver a vida da

Pra quem quer voltar a ter o cabelo natural, a dica que eu dou é parar de alisar, de usar chapinha ou escova” forma que elas quiserem. Como você define o que é importante para postar? É você mesmo quem produz os vídeos e demais conteúdos?

Nas minhas redes sociais, meu público alvo são mulheres negras, com o cabelo cacheado ou crespo. Tudo relacionado a cabelo cacheado, da muito engajamento. Mas acredito que isso tem mudado um pouco, desde que comecei minha carreira como artista/cantora, pois um outro público alvo começou a me seguir, que são os fãs da Amanda Cantora. Então sempre tento manter o equilíbrio entre dicas de beleza e coisas relacionadas as minhas produções artísticas. Sou eu mesma que produzo todos os vídeos do meu canal, no Instagram, gerencio as publicações, até mesmo faço minhas fotos sozinha. Por isso minha agenda é sempre cheia, por conta de tudo que eu faço. Como é ser influenciadora digital? Quais as vantagens e principais dificuldades?

É uma responsabilidade muito grande, pois meu público da muito valor ao que eu falo, ao que eu ouço, e até mesmo ao que eu indico. Então eu sempre tenho que pensar ou estudar antes de falar sobre algum assunto polêmico ou delicado. As vantagens é que eu já trabalhei com diversas marcas que amo, já conheci alguns lugares através do meu tra-

balho, além disso, conquistei muita admiração e confiança de quem me segue, é como se todas fossem minhas amigas. As dificuldades é sempre ter que inovar, alcançar novas pessoas a cada dia, produzir e criar coisas novas mesmo quando não estou trabalhando com marcas.

cipais desafios para se vencer o preconceito?

Os principais desafios para vencer o preconceito são as pessoas ignorantes. Acredito que muitos fecham os olhos, os ouvidos, quando esse assunto vem à tona. Falar sobre racismo, preconceito, para algumas pessoas se tornou “mimimi”. E eu acredito que a família é o principal responsável pela educação de um criança, pelo modo de pensar e agir e enquanto houver pessoas racistas e preconceituosas dando exemplo as crianças de que isso é certo. Acho que o desafio sempre será desconstruir isso da cabeça de um adulto e fazê-lo repensar sobre essas atitudes. Em quem você se inspira? Por que?

Me inspiro muito na Beyoncé, Tais Araújo, Iza, pois são mulheres negras, empoderadas e donas de si. E o melhor de tudo, representam a artista que eu quero me tornar. Falando de estética, até pouco tempo atrás infelizmente usava-se a expressão "cabelo ruim" para classificar as madeixas que não eram lisas. Com isso muitas mulheres negras foram atraídas para a moda da chapinha. Você acredita que isto está mudando? Porque?

Acredito que sim. Porque assim como eu, existe muitas outras mulheres negras que passaram pela transição e isso acabou se tornando uma grande influência para várias meninas de todo o Brasil.

Que dicas você dá para quem sonha em voltar a ter os cachinhos definidos?

Pra quem quer voltar a ter o cabelo natural, a dica que eu dou é parar de alisar, de usar chapinha ou escova. Com o tempo o cabelo cacheado ou crespo vai crescendo natural, aí depois, é só fazer o famoso “big chop ” que é quando a pessoa corta todas as partes alisadas do cabelo e deixa apenas os cachos que nascem.

Qual o seu sonho?

Meu sonho é que o Brasil inteiro conheça a Amanda Brito. É importante dizer que além de cantora, influencer eu também sou atriz, então ser reconhecida no país inteiro por um dessas trabalhos, é o meu sonho. Por ser negra, você já sofreu algum tipo de preconceito? Acredita que houve ou ainda há alguma resistência em relação aos conteúdos que posta devido a sua cor de pele?

Sim. O meu cabelo, já foi alvo de piada nas ruas e até mesmo por familiares. Na internet isso quase nunca aconteceu, pois as pessoas que me seguem, lutam pela mesma causa. Quando eu comecei na internet, eu era insegura, estava aprendendo a me amar do jeito que sou, e por relatar a minha transição capilar, as pessoas da internet me ajudaram a passar por tudo isso de uma forma que eu me senti amparada, foi como se meus seguidores segurassem em minhas mãos. Hoje em dia eu sou mais segura, e me amo do jeito que sou. Na tua avaliação, quais os prin-

Considerações

Estou lançando diversas músicas, e a última que irei lançar vai dar destaque a mulher preta. Assim que a quarentena acabar, quero reunir mulheres pretas de todos os jeitos, estilos, tonalidades para gravarem esse vídeo clipe. Quero encerrar o lançamento do meu Ep com chave de outro, e representar essas mulheres empoderadas.

CANAIS

@amandabritooficial Youtube: fala aí Amanda Youtube: Amanda Brito (canal de música)


Fundação de Cultura reabre inscrições para o Som da Concha PÁG. 2

Coluna da Adiles destaca personalidades PÁG. 4

CADERNO B Dourados 22.6.2020 O PROGRESSO DIVULGAÇÃO

MIRIAN SUZUKI:

Mirian Suzuki é formada em Piano com Bacharelado em Música e Mestre em Música pela University of Arkansas

o amor pelo piano Musicista já ganhou diversos prêmios e se dedica em ensinar a arte Flávio Verão São anos de dedicação ao piano, dos quais 25 como professora. A musicista Mirian Suzuki já perdeu as contas de quantos alunos já ensinou e embora tenha uma vasta experiência nacional e internacional, ainda diz que há muito o que realizar. Formada em Piano com Bacharelado em Música pela Universidade Estadual Paulista e Mestre em Música pela University of Arkansas, Mirian vem atuando como camerista e solista com repertório que se estende de Bach aos compositores brasileiros e contemporâneos. Desde 2005, desenvolve projetos na área de música pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS). Destacou-se como coordenadora e fundadora da Orquestra de Câmara UEMS, com vários editais contemplados, do Sarau UEMS realizando mais de trinta apresentações no campus da universidade e recentemente, tem se dedicado à Classe de Piano com mais de 60 alunos entre crianças, jovens e adultos. Sua atuação na área de produção cultural se estende como membro titular da Academia Feminina de Letras e Artes de Mato Grosso do Sul e coordenadora do Festival Internacional de Música “Prelúdios”, e do Encontro Internacional de Música “Uma Ponte entre Culturas” realizados juntamente com a Fundação Nelito Câmara em Dourados. Estas ações obtiveram grande reper-

cussão na comunidade em Mato Grosso do Sul, lotando plateias no Teatro Municipal, anfiteatros e espaços alternativos para a música de concerto. E o piano? O instrumento musical entrou na vida de Mirian aos 6 anos. Foi amor à primeira vista, embora na época também teve contato com violão e flauta. Os anos sobrevieram e o que poderia ser apenas um passa tempo se transformou em fonte de inspiração, tanto que veio a faculdade. Toda dedicação rendeu-lhe reconhecimento, como o prêmio Concerto/Aria Competition, onde foi solista com a North Arkansas Symphony Orchestra em 2001. Tocou em diversas salas na Colômbia, Brasil e Estados Unidos com Rafael Rodriguez (Bogotá) e Kayami Satomi (Uberlândia). Mirian Suzuki também participou de diversos Festivais de Música - XXV Meisterkurs fur Pianisten (Alemanha), Kodály Certification Program (EUA), Festival de Inverno de Campos do Jordão, Festival de Música de Londrina, Workshop Internacional de Canto Difônico, entre tantos outros. Feliz por estar na música, se diz privilegiada e confessa ter muito ainda a realizar, embora tenha um vasto currículo. Ser uma professora, para ela, é encantador, principalmente ao tomar depoimentos de alunos que jamais imaginavam que um dia pudessem tocar obras reconhecidas.

BENEFÍCIOS DO PIANO Mirian Suzuki diz que a música pode abrir um universo incrível, com desenvolvimento de diversas habilidades, tanto cognitivas quanto emocionais. “Há muitos estudos que comprovam estes benefícios, no entanto, é um caminho a ser percorrido com muita dedicação, orientação correta e uma vida inteira”, explica. Estudos apontam que entre os benefícios, destacam-se a melhora da capacidade de memorização, pois ao tocar um instrumento como o piano, utilizamos dois hemisférios cerebrais: a parte lógica e a parte criativa. Este trabalho cerebral impacta os processos de memorização, mudando a forma como memorizamos as informações. Também traz motivação, principalmente porque o aluno pode fazer a sua própria música, se apresentar para grandes plateias. Ainda melhora a capacidade criativa, pois o processo envolvido no ato de tocar, buscar interpretações próprias para músicas e compor estimula essa capacidade. É por essa razão, que muitos educadores defendem o ensino de música nas escolas. O piano também otimiza a capacidade produtiva, já que o contato com a música alivia a tensão. Ainda pode ser utilizado para tratamento de doenças degenerativas. Existem diversos estudos que comprovam as vantagens de tocar piano ou ouvir o seu som no tratamento de doenças como o Mal de Parkinson, Síndrome de Alzheimer. Da mesma forma, o contato com o piano é indicado para indivíduos com problemas cognitivos, psicológicos ou de aprendizagem.


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Dourados, 22.6.2020 O PROGRESSO

Caderno B

Fórum Permanente de Cultura dialoga sobre Lei Aldir Blanc

em Dourados

DIVULGAÇÃO

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

www.coquetel.com.br

Pequeno gesto de apreço para alguém

(?) ao erário, crime sem prazo para prescrição Lady (?), cantora de "Shallow"

Cor natural da lã Competição de carros

"(?) Gioconda", quadro de Da Vinci Dons divinos Ordem da ave íbis

Motivo de aquecimento do comércio no período de Natal Maior carta, na sueca

Setor do desfile carnavalesco

Folha do calendário "Todo", em "onipotente" Avis (?), visita incomum (latim)

A história discutida em um documentário A luz da arandela Fraudar tributos

Declive; descida

Objeto direto (abrev.) Engodo da pesca

Comissão de segurança de uma empresa Têm valor para o mesquinho

(?) hídrica, tema do Fórum Mundial da Água

Objeto de estudo dos ETs (Cin.)

Data importante da 2ª Guerra (Hist.) Expressão de exasperação

"(?) macaco no seu galho" (dito)

"Erva", em "caatinga"

Espaço medido em metros quadrados

Tubérculo rico em vitamina do complexo B Rocha fundida nas profundezas da Terra, origina a la- Quadril do va vulcânica cavalo Área premiada pelo Profissionais do Ano

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Solução M N R G C

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M B R A S A L T A A B E G R A Ç A M A S E L O N I R E T A O C R I S I A S C D P A A RA I E R A G A N D

T R A V E S S I A D E B A L S A

BANCO

Em priscas (?): há muito tempo

S L U A D Ã N O S A A G M P R E R A I N D V AL O T H A R U S M C A N C A O P A

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F V I I D D A A L A G C O A S D E S M O I N C E A G A P R

O Fórum Permanente de Cultura de Dourados reúne artistas de Dourados no próximo dia 27 em encontro virtual para abordar a Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc. O evento será transmitido às 15h pelo Youtube e Facebook da entidade. Nas redes sociais, o Fórum pediu a participação de produtores e gestores culturais, espaços artístico-culturais, ateliês, academias de dança, escolas de música, pesquisadores da cultura, casas de reza, economia solidária, centros tradicionais de cultura, sanfoneiros, violeiros, circenses e todos os outros tipos de agentes culturais. O bate-papo vai contar com a participação das seguintes personalidades: Ursula Vidal: Jornalista, Secretária de Cultura do Pará e Presidente do Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Estaduais de Cultura. Markinhos Mattos: Arista da dança, integrante dos Fóruns de Campo Grande e de Mato Grosso do Sul e coordenador do Colegiado setorial de dança de Campo Grande. Danino Rosset: Ator, diretor, gestor cultural e educador social. Membro do Fórum permanente de Cultura de Dourados e do conselho municipal de políticas culturais. Thiago Rotta: Ator, produtor, diretor e roteirista. Secretário executivo do Fórum Permanente de Cultura de Dourados e Presidente do Conselho Municipal de Políticas Culturais.

O texto A proposta tem como objetivo principal garantir renda emergencial a trabalhadores informais da cultura, no valor de R$ 600 reais mensais, enquanto perdurar a pandemia. Para ter direito ao auxílio, é preciso comprovar que não se tem emprego formal, não faça parte de programas de transferência de renda do governo e que tenha renda mensal menor que meio salário mínimo (R$ 522) por membro da família. Além disso, a lei pretende subsidiar a manutenção de espaços artísticos, pequenas empresas culturais e organizações comunitárias, manter editais, chamadas públicas, prêmios e aquisição de bens vinculados ao setor. O repasse aos municípios e estados deverá ser feito em até 15 dias após a aprovação da lei, conforme o projeto. Após o recebimento, municípios e estados terão 60 dias para fazerem chegar o dinheiro aos trabalhadores. Segundo os autores, o setor cultural movimenta mais de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, além de empregar mais de 5% da mão de obra nacional – o que equivale a cerca de 5 milhões de pessoas.

© Revistas COQUETEL

Pratos servidos em Primeira Meio de acesso à Ilhabela (SP) consoante noites frias do Movimento social Resultado caótico da alfabeto chuva em cidades (pl.) rural (sigla)

(?) Andreas, perigosa falha geológica

2/la. 3/san. 4/cará — cipa — rara. 9/pernaltas. 10/propaganda.

Valéria Araújo

Pessoas que fazem parte da corte do rei Percurso registrado no currículo Lattes Entrever As habitantes da cidade


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O PROGRESSO

Dourados, 22.6.2020

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MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO 11º REGIMENTO DE CAVALARIA MECANIZADO (11º Regimento de Cavalaria Independente / 1919) “REGIMENTO MARECHAL DUTRA”

AVISO DE LICITAÇÃO O 11º Regimento de Cavalaria Mecanizado, situado na Praça Duque de Caxias, s/nº, Centro, Ponta Porã-MS, torna público por meio de sua comissão especial que realizará licitação para Registro de Preços, na modalidade compra institucional Chamada Pública, tipo menor preço, tendo como objeto a Aquisição de Gêneros Alimentícios, a fim de atender necessidades do 11º Regimento de Cavalaria Mecanizado (Ponta Porã – MS). O total de itens licitados é de 35 (trinta e cinco) itens. O Edital da Chamada Pública 01/2020 estará disponível na Seção de Aquisições, Licitações e Contratos do 11º R C Mec, de segunda a quinta-feira, das 09:30h às 11:45h e das 14:00h às 16:00h, e sexta-feira, das 08:00h às 11:45h, no endereço supracitado ou no email salc.11rcmec@hotmail.com a partir do dia 22 de Junho de 2020. A entrega e abertura dos envelopes sera realizada as 09:00h (horário de Braslia-DF) do dia 07 de Julho de 2020 no endereço supracitado.


Dourados, 22.6.2020 O PROGRESSO

Adiles do Amaral Torres

COLUNA DA ADILES ANIVERSARIANTES

adiles@progresso.com.br

Parabéns e felicidades aos aniversariantes da semana

Segunda (22/06) JORGE DAUZACKER

Segunda (22/06) WILDEMAR DE OLIVEIRA

“É claro que os sentimentos mudam. As pessoas fazem com que isso aconteça.” Nicholas Sparks

DESTAQUE

Segunda (22/06)- IVANILDE TEIXEIRA Na foto, com o esposo deputado Zé Teixeira

Destaque para João Linhares Júnior, atuante promotor de justiça de Dourados. Na foto com a esposa Janice.

FLORES Dourados está mais florida Com árvores rosas tingindo De uma beleza sem fim Terça (23/06) SEVERIANO RAMÃO RAMOS

Terça (23/06) - JOÃO DA COSTA Desembargador

Quinta (25/06) - DALVA JULIANA FARNESI Na foto, com o esposo Aurélio Farnesi

Flores que fazem bem a vida Ao corpo e ao coração Plantem árvores em suas casas Enfeitem sem parar Os locais ficam mais lindos E tudo enfeita-se mais Adiles do Amaral Torres

JORNALISMO Quarta (24/06) TIAGO DE MORAES

Quarta (24/06) MARIANA COELHO

Quinta (25/06) - KELY FRANÇA GUEDES Na foto, com o esposo vereador Alan Guedes

Parabéns a Danúbia Braga, e toda sua equipe, pelo excelente trabalho de apresentadora que ela faz na TV Morena, com notícias de todo o nosso Estado! Sexta (26/06) BENÊ CANTELLI

Sexta (26/06) JORGE RAZANAUSKAS

Sexta (26/06) JOÃO VIDIGAL

Sábado (27/06) JORGE YAMASHITA

DESTAQUE

GENTE QUE ACONTECE

Nossos cumprimentos ao casal João Natalício de Oliveira e Izolina Machado de Oliveira pelos 15 anos do “Jornal de Notícias”, de Ponta Porã, que Silvia Regina de Carvalho Minin, é enfermeira, eles dirigem com competência e pela inteligente filha do casal Vivian, que já escreveu várias nove- Desembargador Luiz Tadeu Desembargador Claudionor acupunturista e terapeuta do cone hindu. Se você precisar ligue no telefone: (67) 9219-0234 las para a televisão e que já foram apresentadas Barbosa Miguel Abss Duarte


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