Edição de 5/outubro de 2020

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DOURADOS MS ANO 70 Nº 13.645

O PPROGRESSO

5 de outubro de 2020

★★★★★

DIVULGAÇÃO

Superação

Douradenses que venceram o câncer de mama PÁG. D1

Prótese

Voluntárias criam sutiã exclusivo para mulheres que retiraram a mama PÁG. D2

ACCGD

Boneca coroa vitória sobre o câncer de mama em Dourados PÁG. D3

Outubro Rosa

850 novos casos de câncer de mama em MS PÁG. A2

Pandemia atrasa tratamento de

Câncer de mama PÁG. D4

CADERNO B

Blue Star gravou disco com cantores douradenses Em Dourados, o Blue Star animou bailes no Clube Social e no Clube Nipônico PÁG. B2

Waldemar “Russo” “Muitos criticam a área policial, mas ainda é a mais atrativa” PÁG. D8


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Dourados, 5.10.2020 O PROGRESSO

Opinião EDITORIAL

850 novos casos de câncer de mama em MS

D

e acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o Brasil terá para 2020 mais de 66 mil novos casos de câncer de mama, desses 850 novos casos estão previstos para Mato Grosso do Sul. Há muitos tipos de câncer de mama e, portanto, a doença pode evoluir de diferentes formas. A postura atenta em relação à saúde das mamas é fundamental para a detecção precoce do câncer. A maior parte dos cânceres de mama é descoberta pelas próprias mulheres. O que muita gente não sabe é que o câncer de mama também acomete homens, porém é raro, representando apenas 1% do total de casos da doença. Cerca de 30% dos casos de câncer de mama podem ser evitados com a adoção de hábitos simples como, por exemplo: praticar atividades físicas, alimentação saudável, manter o peso adequado, evitar bebidas alcoólicas, amamentar, evitar hormônios sintéticos. O diagnóstico precoce aumenta as

chances de cura. Mesmo que a mulher não tenha câncer, ela precisa procurar seu médico oncologista para fazer um check up oncológico para entrar em um programa de rastreio adequado possibilitando a prevenção dessa doença. “Quanto antes, melhor” é o mote da campanha Outubro Rosa que se iniciou dia 1º e vai até o próximo dia 31 com o intuito de conscientizar, especialmente, as mulheres sobre a importância da prevenção, diagnóstico precoce, enfrentamento e apoio durante o tratamento do câncer de mama, doença que atinge milhões de pessoas em todo o mundo. Este ano, a pandemia da covid-19 tem desestimulado as pessoas a procurar os serviços de saúde. Segundo o doutor Gil Facina, membro titular da Sociedade Brasileira de Mastologia, todos os serviços de diagnóstico sofreram uma redução drástica no número de pacientes, e o atraso no diagnóstico pode reduzir as chances de cura. Os serviços de saúde pública, contudo, estão atendendo as mulheres com segurança.

Três desejos de uma favelada! A WILSON AQUINO*

*Jornalista e Professor

A

desigualdade socioeconômica no Brasil, lamentavelmente é gigantesca. Mais de 70% da população é assalariada e milhares de famílias vivem com renda abaixo de meio salário mínimo. E nessa guerra pela sobrevivência assistimos diariamente as dificuldades e sacrifícios de pais e mães para conseguir o pão de cada dia. Éo caso da senhora Ediran R. Passos, uma favelada expulsa recentemente da “Área do Linhão”, no Bairro Noroeste em Campo Grande. Levada com outras quase 100 famílias para uma área pública situada no extremo leste do mesmo bairro com a promessa de que receberiam toda ajuda para morar com dignidade. Foi-lhes prometido inclusive que receberiam kits de materiais de construção para substituir as madeiras, lonas e metais encontrados em lixos e entulhos, e que compunham suas paredes e janelas. Nada disso receberam. Foram iludidas e abandonadas pelo poder público e perdidas de vista por aqueles que antes as ajudavam. O novo local de morada, recebeu logo o nome de “Comunidade Aguadinha”, uma área sem iluminação pública, sem

transporte coletivo e distante há mais de 20 quarteirões da área comercial do Noroeste. É ali que dona Ediran luta pela sobrevivência de sua família. Mesmo conformada com o isolamento e a distância de sua nova “casa”, ela chora pela quebra das rodas de seu carrinho de mão, que empurra, junto com o marido, para juntar materiais recicláveis de onde tiram seu sustento. Um de seus maiores desejos é o de receber a doação de novas rodas para recuperar sua ferramenta de trabalho. Com a voz apertada e segurando um choro profundo e desesperador, caminha para dentro de seu barraco de paredes e tetos remendados, para falar de seu segundo objeto de desejo: Um simples fogão. Ela se utiliza de um instrumento que encontrou no lixo, uma espécie de aquecedor elétrico, retirado sabe-se lá de que aparelho. Diante dele mostra como faz para aquecer a plataforma de metal, se utilizando da energia elétrica, com fios descascados nas pontas. Assim ela começa o processo de cozimento dos alimentos. Confessa que nesse trabalho demorado e perigoso já levou fortes choques e teme operá-lo em tempo de chuva, quando as águas invadem a casa pelo chão, teto e paredes. Em seguida ela se vira para o lado, a menos de dois metros do “fogão” para mostrar onde poderia ficar seu terceiro objeto de desejo, um local improvisado que de longe lembra uma cama. O drama de dona Ediran e das outras famílias que também vivem em condições sub-humanas nos remetem a

inúmeras reflexões. A principal delas é a de que Deus mesmo grandioso e sábio ao estabelecer como segundo mandamento o de amar ao próximo como a nós mesmo, pois somente com esse espírito podemos ajudar todos aqueles que necessitam. Mas não pense que dona Ediran se sente uma derrotada, o ser mais sofrido existente na face da Terra, como muita gente que sofre, muitas vezes se acha. Mesmo sem seus 3 objetos de desejo, ela antes de se deitar, eleva as mãos aos céus pelo privilégio que tem de ter esperança e força para poder lutar, mesmo com todas as dificuldades do mundo, pelo pão de cada dia. Esse mesmo sentimento de gratidão é que falta no espírito e coração de tantos e tantos indivíduos que perambulam por toda Terra. Inclusive daqueles que juntaram conquistas de toda ordem, e que ainda assim ousam se sentir inconformados materialmente e, consequentemente, espiritualmente. Não conseguem valorizar o que são e o que já possuem. Por conta desse inconformismo, entram em depressão e desespero. Consciente desse mal, agravado por esses tempos modernos e capitalista, que incentivam um consumismo voraz e ilimitado, ensinei meus dois filhos, Nilson Felipe (31) e Maria Ritha (28), quando crianças (9 e 6) a fazer doação de roupas e seus brinquedos usados e mesmo aqueles parcialmente danificados. Ainda me recordo que quando falei sobre o assunto, eles me questiona-

ram dizendo que nenhuma criança iria querem brinquedos assim. Era a deixa que queria para dar-lhes uma grande lição. Pedi apenas que observassem bem os olhos de todos aqueles presenteados. Fomos a uma comunidade bem pobre, na periferia da cidade e logo quando chegamos, apareceram elas, diversas crianças, atraídas por aqueles 3 personagens com grandes sacolas nas mãos. Instantes depois os dois estavam distribuindo, de mãos em mãos seus presentes e confirmaram logo que eu estava coberto de razão, pois a alegria das crianças veio acompanhada de gritos de euforia e correria para mostrar a todos o que tinham de tão belo recebido. A lição lhes serviu muito. Hoje, minha filha, engenheira entre outras formações, junta, de quando em quando, grandes sacolas de roupas e outros utensílios que normalmente poderiam ficar como em outras casas, anos e anos apenas guardados, e sai com eles para doação. Nilson Felipe, técnico em química, também tem um grande coração. É esse sentimento que precisa aflorar no espírito e mente de todas as pessoas, em obediência a Deus, que nos manda cuidar e amar o próximo. A esse respeito o Senhor também é direto e objetivo: “Quem tiver duas túnicas, reparta com o que não tem, e quem tiver alimentos, faça da mesma maneira” (Lc. 3:11). Se agirmos assim, certamente realizaremos com facilidade os três simples desejos de dona Ediran, essa humilde favelada.

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Dourados, 5.10.2020 O PROGRESSO

Política

“A corrupção não será tolerada”, diz Mauro Thronicke Segundo ele as palavras chaves serão planejamento, austeridade e transparência Rozembergue Marques Especial para O PROGRESSO Embora nunca tenha exercido função pública, o candidato Mauro Thronicke (PSL) tem na ponta da língua a maneira como pretende “tocar” o mandato caso eleito: “As palavras chaves serão planejamento, austeridade e transparência. A corrupção não será tolerada e os cargos serão ocupados tendo como condição fundamental a capacidade técnica”. Sobre pesquisas, que avalia que chama de “fotografia do momento”, Mauro lembra que muitos candidatos foram se alternando no ranking da preferência do eleitorado durante a campanha e que há uma sede de renovação. Nesse quesito ele cita como exemplo mais recente as vitórias do presidente Jair

Como primeiro “ato de ofício” na cadeira de prefeito ele garante que solicitará uma auditoria em todas as áreas da Prefeitura Bolsonaro e da senadora Soraya Thronicke, em 2018. Ele acredita que ainda há um rescaldo dessa ânsia por renovação e que o perfil do seu partido e das pessoas que apoiam tanto ele como Bolsonaro contempla essa vontade de mudanças na maneira de se fazer política no Brasil e sobretudo no alicerce da pirâmide administrativa que são os municípios as chances de superar seus seis adversários na corrida sucessória da prefeita Délia Razuk. “No espírito de renovação para acabar com a velha política, a população está buscando caras novas, fichas limpas e de comprovado êxito nas empreitadas a que se dedicaram, como é o caso dos muitos empresários da nossa cidade e também

de cidadãos que na condição de funcionários são eficientes e prestativos. É isso que o contribuinte que paga lima carga tributária das maiores do planeta quer: o retorno de seu dinheiro na forma de serviços e recursos humanos eficientes. O Poder Público precisa funcionar como uma empresa”, pontua o candidato do PSL. Mauro diz que como o próximo anos será de recuperação da economia por conta da pandemia, fará uma gestão “agresssiva”, em parceria coma sociedade, para buscar novos empreendimentos e, consequentemente, gerar investimento, emprego e renda. Na saúde a prioridade será a reestruturação da medicina preventiva da família, a criação do consórcio de municípios da região sul, que vai priorizar o atendimento de média e alta complexidade em Dourados. Para tornar prática, efetiva e ser cobrada por ele próprio e pelos órgãos de controle pretende implantar o Programa de Transparência Pública, mais amplo do que os tradicionais “Portais da transparência”. Na agricultura, enfatizando ser o setor que faz a economia “andar”, Mauro pretende tirar do papel a Central de Abastecimento (Ceasa). Como primeiro “ato de ofício” na cadeira de prefeito ele garante que solicitará uma auditoria em todas as áreas da Prefeitura. “Tem setores que tem muita gente para pouco serviço e outros onde há um déficit que prejudica o atendimento ao cidadão. Mauro garante também, que não faltará insumos e outros matérias utilizados no dia a dia das secretarias e outros órgãos municipais. “Governar é prever. Não posso esperar acabar o estoque de remédios das farmácias municipais para fazer uma nova licitação”, exemplificou.

DIVULGAÇÃO/ ASSESSORIA

Mauro Thronicke é o candidato do PSL em Dourados Definindo-se como “conservador, defensor da família como pilar da sociedade”, Mauro diz que fará o deu melhor caso eleito. “O processo político é simples. Apresentamos nossa proposta de forma honesta e a população decide nas urnas”, resumiu, acrescentando esperar dos demais candidatos um debate “honesto e propositivo”. Ele reforça acreditar que o fato de ter uma senadora como aliada e prima) pode beneficiar a sua gestão e facilitar o andamento dos interesse da cidade em Brasília. “É evidente que se vencer a eleição contarei com a Soraya para trazer recursos federais para Dourados. Aliás é bom lembrar que desde o início do mandato ela já enviou cerca de R$ 15 milhões para Dourados. Tenho certeza que fará muito mais por nossa cidade”, aposta o candidato.

Deputados propõem compra de aeronaves de R$ 100 milhões Objetivo seria reforçar combate a incêndios no Pantanal Para reforçar o combate às queimadas no Pantanal, a Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS) solicitou ao Governo do Estado a compra de três aeronaves, com investimento total estimado em R$ 100,23 milhões. O indicativo foi feito pelo presidente da Casa de Leis, deputado Paulo Corrêa (PSDB), em nome da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e dos 24 parlamentares, durante a audiência pública “Queimadas no Pantanal”. O evento, realizado a partir da Sala da Presidência, contou com a participação, por teleconferência, de deputados estaduais e federais e representantes de diversas entidades. O ofício com a sugestão de compra das aeronaves foi entregue pelo presidente da Casa de Leis ao secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, como encaminhamento da audiência pública. A necessidade do investimento, de acordo com a proposta, justifica-se pelo aumento expressivo das queimadas e pela dificuldade de acesso terrestre para combate aos incêndios. Conforme detalhamento do documento, a sugestão é de aquisição de um helicóptero multimissão, biturbina, piloto e copiloto, equipado com farol de busca, kit rapel, cargo hook, guincho de resgate sem limitação de ciclos na operação, kit aeromédico completo, entre outras características, valorado em US$ 11,709 milhões.

Escola reativa laboratório de informática com recursos de Marçal DIVULGAÇÃO

Deputado encaminhou emendas para estabelecimentos de ensino de Dourados e região A Escola Municipal Maria da Rosa Câmara, localizada na Vila Industrial, em Dourados, está prestes a reinaugurar o laboratório de informática. Com recursos de R$ 40 mil destinados pelo deputado estadual Marçal Filho (PSDB), a comunidade escolar pôde adquirir computadores e ares condicionados. O laboratório de informática estava desativado devido à escola ser atingida por duas descargas elétricas, que danificaram os computadores. Embora as aulas estejam sendo realizadas de forma remota, em razão da pandemia do novo coronavírus, a sala de tecnologia educacional poderá ser utilizada pela comunidade. “Esse laboratório vai proporcionar qualidade no ensino aos alunos e como estamos num momento onde o ensino está sendo feito a distância, com o uso da tecnologia, esse espaço vem somar,

COLONO - Cumpadi o jornalista policial é destaque no jorná

Marçal Filho esteve na escola para acompanhar a instalação da sala de informática inclusive, na questão social para as famílias que tem dificuldade de realizar as atividades escolares com as crianças”, diz o diretor Márcio Marques Rosa. Na última quinta-feira, Marçal Filho esteve na escola para acompanhar a instalação da sala de informática. O laboratório está praticamente montado e em breve estará disponível para a comunidade escolar. Na área da educação, o deputado destinou emendas de R$ 40 mil que beneficiou outras escolas municipais - Sócrates Câmara e Aurora Pedroso Camargo, além da Associação Brasileira

de Desenvolvimento da Educação e do Esporte-ABCD, responsável pelo Centro de Educação Infantil Esther Gomes Ergas. Na Sócrates Câmara o recurso foi destinado para aquisição de materiais permanentes, como mobiliário, livros, computadores e ar condicionado, bem como na escola Aurora. Já na ABCD, o recurso foi investido principalmente para atender a área esportiva, com aquisição de bolas, bambolê, tatames, vestimentas para aulas de capoeira, entre outros materiais para aulas de educação física.

ZÉ PINGA - Tá Russo... Ic, ic, ic...


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Dourados, 5.10.2020 O PROGRESSO

Política

Pouco mais de um terço de candidaturas em Dourados são mulheres Houve um pequeno crescimento se comparado a eleição municipal de 2016, quando os douradenses elegeram a primeira mulher prefeita DIVULGAÇÃO

INFORME C CÍCERO FARIA cicerolfaria@gmail.com

O balaio está cheio de candidatos a vereador Fechado o pacote dos registros de candidaturas em Dourados, apurou-se que haverá 347 candidatos a vereador, um recorde na história eleitoral local. Concorrida igual a um vestibular, a vaga para vereador terá proporção de uma cadeira para cada 18,2 candidatos. E dos 19 atuais vereadores, quatro não disputarão a reeleição: Alan Guedes (PP), candidato a prefeito, Madson Valente (DEM), Bebeto (PTB) e Idenor Machado (PSDB). Apenas quatro partidos têm chapas cheias com 29 candidatos– o limite permitido: MDB, DEM, PSD e Solidariedade. O surreal ficou por conta do PL, o partido do candidato a vice (dr. Guto) na chapa de Alan Guedes, que não registrou nenhum candidato a vereador. Dourados tem 164.395 eleitores.

Só dois

Dos 29 vereadores de Campo Grande, 27 tentam a reeleição este ano. Apenas os vereadores André Salineiro (Avante) e Vinicius Siqueira (PSL) não disputarão novamente uma cadeira na Câmara Municipal. Isto porque Salineiro é candidato a vice-prefeito na chapa do promotor Sérgio Harfouche, enquanto Siqueira briga com Loester “Tio Trutis” para ser candidato a prefeito pelo PSL.

Em Dourados as candidatas vão concorrer a vagas na Câmara Municipal Flávio Verão Mesmo com novas regras para estimular a participação feminina na política, o número de mulheres disputando as eleições em Dourados continua baixo: 32,7%. Este ano, além de uma cota de participação mínima de 30%, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) obrigou partidos políticos a direcionarem 5% do Fundo Partidário para as campanhas das mulheres. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), dos 361 candidatos registrados, 118 são do sexo feminino e 243 são homens. Um se inscreveu com nome social.

Dos 361 candidatos que concorrem a eleição, 247 disputam vaga na Câmara e 7 a prefeito e outros 7 como vice-prefeito Em 2016, o percentual de mulheres que concorriam a uma vaga na política douradense era de 32,4%, o que mostra tímido crescimento de lá para cá. Na eleição municipal passada apenas uma mulher foi eleita para a Câmara Municipal (Daniela Hall), do total de 19 vagas. Também naquele ano Dourados elegeu Délia Razuk como a primeira prefeita da cidade. De acordo com o DivulgaCandContas, sistema responsável pela divulgação das candidaturas registradas, dos 361 candidatos que concorrem a eleição, 247 disputam vaga na Câmara e 7 a prefeito e outros 7 como vice-prefeito.

Os dados ainda mostram que 208 candidatos (57%) são branco, 115 são pardo (31%), 24 são da cor preta (6,6%) e 13 são indígenas (3,6%). Com população de 17 mil índios, Dourados só teve até agora um indígena na Câmara. Nesta eleição terá pela primeira vez um candidato a prefeito, que é homem. Quanto ao grau de instrução, 121 dos candidatos têm ensino superior (33%), 118 possuem o ensino médio (32%), 41 o ensino fundamental completo (11,36%), 33 o fundamental incompleto (9%), 24 o superior incompleto (6%), 16 o médio incompleto (4%) e 8 apenas lê e escreve (2%). Mato Grosso do Sul No Estado houve um crescimento de candidaturas femininas entre 2016 e 2020, sendo maior que a média nacional. Enquanto os dados nacionais são de 33,2% de mulheres que vão concorrer à eleição, em Mato Grosso do Sul é 34,1%. Isso significa que, o crescimento de candidatas no país foi de 1,3% nos últimos quatro anos enquanto no Estado chegou a 1,9%. Das candidaturas para prefeituras no Estado, apenas 36 são mulheres. Já para vice-prefeita são 67. Em Dourados nenhum dos sete candidatos a prefeito é mulher. Já para vice há duas mulheres. Mais mulheres Nos últimos anos, o Brasil tem vivenciado um pro-

gresso no debate público em torno da valorização e dos direitos das mulheres. A participação feminina na política é uma das questões que têm ganhado destaque. E o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é um dos protagonistas no assunto, com iniciativas para promover a ampliação da presença das mulheres nos espaços de poder, em busca de uma sociedade mais justa e igualitária. A Corte Eleitoral tem promovido diversas campanhas sobre o tema em suas redes sociais e nas emissoras de rádio e TV de todo o Brasil. A mais recente, intitulada “Mais mulheres na política: a gente pode, o Brasil precisa”, tem a finalidade de inspirar mulheres a ocuparem cargos políticos e mostrar que o aumento de lideranças femininas é bom para toda a sociedade. Outra ação importante foi a criação do site #ParticipaMulher, em homenagem às mulheres que fizeram e ainda fazem história na vida política e na Justiça Eleitoral. A página é parte das ações que integram as atividades da Comissão Gestora de Política de Gênero, instituída em 11 de outubro, por meio da Portaria TSE nº 791. A criação da Comissão atende à solicitação feita pela Missão de Observação Eleitoral da Organização dos Estados Americanos (OEA). Nas Eleições 2018, a entidade recomendou que a Justiça Eleitoral atuasse em prol do aumento da participação das mulheres no cenário político.

Elas na campanha

Apenas 33 mulheres em Mato Grosso do Sul são postulantes ao cargo de prefeita em 29 municípios. A maioria, 50 cidades não têm nenhuma candidata feminina nas eleições 2020.Segundo o registro de candidaturas no Tribunal Regional Eleitoral, apenas três tentam reeleição em 2020. Ilda Machado (PSD) de Fátima do Sul, Marcela Lopes (PSDB) de Corguinho e Patricia Nelli (PSDB) de Iguatemi. Em Campo Grande, são candidatas, Cris Duarte (PSOL) e Sidineia Tobias (Podemos); em Ladário são três candidaturas femininas: Cristiane Verlaine (PSL), Professora Raquel do PT e Andréa Sampaio (Cidadania). Nioaque, duas mulheres na disputa: Ilca Domingos (MDB) e Dominique Rodrigues (Cidadania).

Mais de 8.000...

O Mato Grosso do Sul obteve 8.582 registro de candidaturas a prefeito, vice e vereadores para às eleições deste ano, confirmadas após o encerramento das solicitações estipulado pela Justiça Eleitoral, que aconteceu no sábado às 18h. No entanto,

todos os pedidos ainda passarão por análise do Tribunal Regional Eleitoral do Estado e, caso tenham alguma irregularidade, podem ser indeferidas pelos órgãos. Foram registrados solicitações de 288 candidatos, a prefeito; 290, a vice e 7.824, a vereador.

Menos batom

Com poucos incentivos e barreiras históricas, as mulheres ainda são uma parcela pequena na disputa pelas prefeituras: representam apenas 13,05% (2.495) dos 19.123 candidatos em todo o País nas eleições 2020. O porcentual é ainda menor quando se trata de mulheres negras ou pardas – são 857 (4,5%). Homens brancos representam mais da metade (55%) dos candidatos a prefeito, segundo os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

É falso

Circula nas redes sociais uma publicação afirmando que o Supremo Tribunal Federal definiu o voto em cédula de papel como inconstitucional. A mensagem questiona: “Como é que o STF diz que o voto impresso é inconstitucional se em 1988, ano da promulgação da Carta Magna, os votos eram no papel e nem se imaginavam urnas eletrônicas?”. Assim, o texto diz que o STF considerou ilegal algo que foi adotado em muitas eleições no Brasil. Essa informação é falsa. Na verdade, a decisão do Supremo Tribunal Federal foi em relação a impressão do voto por urna eletrônica que, segundo a decisão tomada, colocaria em risco o sigilo e a liberdade do voto. Dessa forma, a decisão do STF não tem relação com o voto em papel, que precedeu as votações em urnas eletrônicas.


DIA A DIA

Boneca simboliza vitória sobre o câncer de mama em Dourados PÁG. 2

Entenda o que é a fibromialgia, a ‘síndrome das dores inexplicáveis’

Dourados, 5.10.2020 O PROGRESSO

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DIVULGAÇÃO

Douradenses que venceram o

CÂNCER DE MAMA Fé, família, medicina e amigos são fatores destacados pelas pacientes oncológicas Gracindo Ramos Neste outubro rosa, campanha de conscientização sobre a prevenção do câncer de mama e do câncer de colo do útero, o jornal O PROGRESSO traz relatos de três mulheres que conseguiram superar a doença e transmitem a mensagem sobre a importância do diagnóstico precoce, a força para passar pelo tratamento e todas as intempéries que fazem parte da vida de uma paciente oncológica. Mas também enfatizam a importância da família, dos amigos, da medicina e da fé para vencer as barreiras impostas pelos tumores malignos. Marlene Silva Elger tem 73 anos e é aposentada. Há mais de 30 anos ela descobriu um caroço no seio. Pela Rede Feminina de Combate ao Câncer, foi encaminhada para tratamento na capital. Naquele tempo não existia o Hospital do Câncer nem tratamento em Dourados. Marlene passou por quimioterapia e radioterapia. “A radioterapia foi bastante agressiva. Queimou minha pele, saiu a pele. Eu vinha de Campo Grande muito mal mesmo”, relata. “O que me deixava muito abalada era ter que sair de Dourados e passar a semana lá. Minhas filhas eram muito pequenas. Ficavam sozinhas, a cuidado de Deus e dos vizinhos, que eram muito bons. Essa parte mais difícil para mim”, lembra. Elger levou uma vida tranquila por vários anos, mas em 2014 recebeu diagnóstico de um nódulo no pulmão. Ela teve que fazer uma pequena cirurgia e passar novamente pelo tratamento da quimioterapia. “Mas, hoje estou muito bem, graças a Deus e aos médicos, com tratamento adequado, à mi-

nha família, aos meus amigos, aos meus vizinhos. Eu vi que eu não estava sozinha nessa luta”, agradece Marlene. Apesar das mudanças ela diz tentar levar a vida numa boa. “Viajo, vou visitar minhas filhas que moram em Cuiabá (MT), passeio, danço, faço parte do projeto ‘Amigos do peito’”. Adriana Mendes tem uma história surpreendente. Ela, que tem 46 anos e é empresária, diz que “em 2017, brincando com meu filho, senti uma dor no meu seio. Parei, fiz o autoexame e notei uma massa palpável. Um médico que pediu mamografia constatou um nódulo de 2,5 centímetros. Fiz a biópsia e o resultado foi o mais terrível: um câncer invasivo fase 3”, explica a empresária douradense. Ela conta que entrou numa fila longa de espera para fazer cirurgia e o nódulo estava com 5 cm. Foi encaminhada para a quimioterapia. “Fiz a primeira sessão e, na segunda, o médico não encontrou mais nada. Nunca senti reação nenhuma do tratamento. Minha fé fez com que eu vencesse cada obstáculo”, relata Adriana sobre a surpreendente história. O tratamento dela foi todo em Dourados e, após um ano da descoberta do câncer, ela já estava curada. “Meu maior apoio foi do meu esposo e do meu filho. Hoje, levo uma vida normal, sou feliz e parece que tudo isso foi um sonho. Temos que estar atento ao aviso do nosso corpo. Ele é inteligente para avisar que não está bem”, alerta a empresária. Já a professora Rosângela Sabino Figueiredo, de 44 anos, descobriu o câncer de mama em 2015 e passou por cirurgias e tratamentos também em Dourados. Ela afirma que o tratamento é doloroso e, quando descobriu, bateu tristeza e de-

Adriana Mendes, durante o tratamento e 4 meses após a cura

Marlene Silvia Elger hoje faz parte do projeto ‘Amigos do peito’

Professora Rose destaca a necessidade de abraçar a causa do combate ao câncer

sespero. “Eu não tinha sobrancelha, não tinha cílios, não tinha cabelo. Eu pintava minha sobrancelha, contornava meu olho, me maquiava. Usava boina, turbante, lenço. Quando seu cabelo cai, é difícil para a mulher ela se aceitar, olhar no espelho, sair de dentro de sua casa. Mas eu criei uma força, uma fé muito grande. Eu tinha meus filhos e eu sabia que eles precisavam de mim. Eu precisava vencer essa doença. Eu não nasci com ela e eu não ia morrer com ela. Ela tinha que sair de mim”, comentou a docente. Em 2015,

operou, tirando o câncer da mama direita. Com 30 dias, ela conta que já voltou para a sala de aula para trabalhar e já escrevia no quadro. “O trabalho foi a engrenagem para minha cura. Além da fé que eu tenho, o contato com meus alunos, a força que eles me davam, a coragem de eles estarem comigo. “Nós somos mais do que isso. Nós temos muito para mostrar, muito para aprender, temos muito que aproveitar da vida. Estamos ou estivemos ou teremos câncer, mas saberemos lidar com a situação”, conclui.


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Dia a Dia

Boneca simboliza vitória sobre o câncer de mama em Dourados Pacientes que são curadas recebem peça em tecido que simboliza superação da doença Valéria Araújo É só começar a falar na Vitória, que a Cida Palmeira, presidente da Associação de Combate ao Câncer da Grande Dourados (ACCGD) se emociona. Mas não é para menos. A boneca de tecido, com turbante na cabeça representa a história de muitas mulheres que venceram o câncer de mama. “Ela é o símbolo de uma trajetória difícil para muitas pacientes. Ela simboliza a vida, a esperança e a cura. Não tem como falar da Vitória e não se emocionar”, enfatiza Cida, observando que as primeiras peças foram entregues a mulheres que superaram a doença em evento na ACCGD na semana passada. A Cida é a idealizadora da boneca e com a ajuda da Lourdes, voluntária do grupo “Amigos do Peito” em Dourados e que fez a costura, conseguiu materializar o sonho. De boneca douradense a Vitória ganhou o Brasil. Hoje é um dos símbolos oficiais da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (FEMAMA) na luta contra o câncer de mama.

Hoje a associação conta com cerca de 200 associados sendo cerca de 40 atendidos de forma fixa A história de Cida Palmeira com a luta contra o câncer é antiga; mas precisamente desde 2009 quando descobriu a doença. A então técnica de enfermagem passou pela mastectomia, além de 8 sessões de quimioterapias e 28 de radioterapia, antes de ter o resultado de cura em mãos. Mesmo em tratamento fez questão de ajudar voluntariamente a Associação na qual hoje é presidente. Começou no telefone, atendendo as pessoas que queriam doar para a construção do Hospital do Câncer. “Eu vi que havia um movimento, coordenado pela advogada Virgínia Magrini e estava levantando fundos para a construção dessa unidade. Na época que fiz os tratamentos não havia tantas possibilidades para o tratamento. Era tudo muito difícil. Então pensei naqueles que poderiam precisar, assim como estava precisando. Mesmo doente, carequinha e “amarela” fiz questão de ajudar o quanto pude”, relata. Cida conta que seu desejo por continuar trabalhando e ajudando as pessoas foi mais do que qualquer mal-estar provocado pela doença. “Minha família me pedia cautela, mas eu queria continuar trabalhando. Eu queria fazer mais por aqueles que tinham a mesma dor que eu. Foi o que me motivou”, ressalta, observando que via a dificuldade dos pacientes em obter informação. “Numa dessas sessões de

Boneca Vitória é destaque na campanha Outubro Rosa promovido pela ACCGD radioterapia, vi que uma paciente estava nervosa e perguntei a ela se precisava de ajuda. Ela me relatou sobre a preocupação em adquirir o medicamento que o médico tinha prescrito a ela. Custava muito caro e ela não sabia que poderia recorrer na Justiça”, conta. Cida sabia de seus direitos porque também passou por isso. O medicamento que precisava para curar custava quase R$ 12 mil naquela época, cada uma das 8 doses que precisava. “Recorri a justiça e o Sistema único de Saúde teve que fornecer. Hoje graças a luta que travamos em Brasília, esse medicamento é oferecido aos pacientes sem que precisem acionar o judiciário, assim como a lei dos 30 dias que prevê o início do tratamento. São conquistas importantes, assim como muitos outros direitos que muitos pacientes não sabem que tem e que nós da associação fazemos questão de esclarecer”, relata. Hoje a associação conta com cerca de 200 associados sendo cerca de 40 atendidos de forma fixa. Os serviços prestados são: Transporte de Pacientes (Ambulância); Doações de cesta básica para pacientes situação deficitária; Doação de medicamentos de baixo e médio custo não fornecido pela rede básica de medicamentos; Doação de alimentação enteral (especifico a paciente com uso de sonda para nutrição; Doação Fraldas geriátricas; Doação de perucas; Doação de prótese para reconstrução de mama; Sutiãs e prótese externa; Cessão de cama Hospitalar, cadeiras de rodas e de banho; Visitas domiciliares; Palestras para pacientes, cuidadores, familiares e profissionais de saúde. Orientações dos direitos sociais e de saúde, entre outros.

Cida Palmeira (à direita) quando passava por tratamentos de quimioterapia

Cida Palmeira venceu o câncer

Lurdes confeccionou a primeira boneca


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Dourados, 5.10.2020 O PROGRESSO

Dia a Dia

Voluntárias criam sutiã exclusivo para mulheres que retiraram a mama Lingerie devolve a autoestima para pacientes e ajuda na fase de recomeço Valéria Araujo Voluntárias do grupo “Amigas do Peito” criaram um sutiã exclusivo para ajudar mulheres que passaram pela mastectomia, que é a cirurgia para remoção da mama ou parte dela devido a câncer. O trabalho, que existe desde 2003, já distribuiu quase 4 mil próteses mamárias, geralmente em quatro pontos estratégicos: Hospital da Cassems, Associação de Combate ao Cancer da Grande Dourados, na Oncoclínica e eventualmente na Rede Feminina de Combate ao câncer. Uma das coordenadoras do grupo, Iracema Tiburcio, explica que hoje a corrente do bem já conta com mais de 70 voluntárias e as empresas Pirâmide e Marta Campos Lingerie, que transformam os moldes feitos pelo grupo em sutiãs. As peças têm modelagem especial para inserir uma prótese mamária. Próxima da perfeição, elas dificilmente conseguem ser identificadas como uma prótese. “As mulheres que são submetidas à mastectomia, que pode ser a extração total ou parcial do seio, normalmente passam por uma fase mais complicada do ponto de vista psicológico. Isso é normal, afinal, após a cirurgia, uma parte do seu corpo (ligado à maternidade e a feminilidade) foi extirpada. Com a doação desse kit, os Amigos do Peito querem resgatar nessas mulheres a autoestima, a feminilidade e o prazer pela vida”, explica Iracema. Segundo ela as pacientes também recebem kits com manual de orientações para essa nova fase da vida e acessórios como turbantes, perucas, lenços, entre outros. A idéia é auxiliar as mulheres que percorrem o caminho da adversidade com acolhimento e leveza, durante e após o tratamento. É o caso da serviços gerais Ionice Oliveira da Silva, de 55 anos. Ela descobriu o câncer de mama e passou pela mastectomia no seio direito no último dia 2 de junho. O sutiã foi a ajuda que ela precisava para levantar a auto-estima. “Eu quase entrei em depressão quando vi que estava sem seio. Me olhava no espelho e não me reconhecia e tudo o que a gente veste não fica bom. O sutiã não é um seio, mas disfarça muito e ninguém consegue notar que é prótese”, enfatiza. Ionice descobriu o câncer de mama depois de uma dor intensa debaixo do braço em um dia comum de trabalho. Ela que atuava em um posto de saúde e passou por exames de mamografia, conta que jamais imaginou se tratar um câncer, até a realização de consulta e novos exames. “Foi um susto muito grande e quase enfartei. Mas hoje vejo que não é o fim do mundo, apesar de que muita gente ainda se entrega e cai em depressão. Tento levar a vida com esperança e alegria, fazendo meu tratamento e me preparando para num futuro próximo eu colocar a prótese de silicone”, ressalta.

Voluntárias do grupo “Amigos do Peito” durante a confecção de sutiãs Saiba mais

Mastectomia

A mastectomia é a retirada total ou parcial da mama. Cerca de 63 mil mulheres fizeram cirurgia de remoção dos seios para tratamento de câncer nos últimos anos no pelo SUS, segundo levantamento recente do Datasus. Ou seja, a cada 40 minutos é realizada uma cirurgia de mastectomia no país. É a opção mais segura para tumores extensos.

Prótese ajudou Ionice na autoestima

Marta Campos é uma das parceiras do projeto


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Dourados, 5.10.2020 O PROGRESSO

Dia a Dia ENTREVISTA · Gabriel Ikejiri - Mastologista

Diminuição de consultas por conta da pandemia preocupa médicos Cristina Nunes Especial para O Progresso

Frases “Por conta da redução dos atendimentos e exames de rastreamento (rotina de prevenção) o numero de casos reduziu, porém o número não reflete o real número de casos atuais”

Outubro é o mês destinado a intensificação de campanhas e políticas públicas em combate ao câncer de mama. Os tempos atuais têm sido desafiadores para pacientes com câncer e para aqueles que buscam um diagnóstico da doença. Desde o início da pandemia, segundo estimativas das Sociedades Brasileiras de Patologia e de Cirurgia Oncológica, mais de 50 mil brasileiros deixaram de ser diagnosticados com câncer. Já Sociedade Brasileira de Mastologia alerta para a queda de atendimentos em hospitais públicos do país das pacientes em tratamento da neoplasia mamária. Segundo levantamento realizado em centros hospitalares que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS) nas principais capitais, a queda nos atendimentos de mulheres em tratamento, nos meses de março e abril esteve, em média, 75% abaixo, em comparação ao mesmo período do ano passado. Em entrevista ao PROGRESSO, o mastologista Dr. Gabriel Ikejiri, que atende em Dourados, falou da preocupação dos médicos em relação ao atraso de diagnósticos por conta da pandemia. O especialista também falou sobre formas de prevenção ao câncer de mama e avanços científicos no tratamento da doença. Confira: Como a pandemia tem afetado o tratamento de câncer de mama. Diminuíram as consultas? A pandemia do coronavírus afetou muito o tratamento do câncer no País. A sociedade brasileira de patologia e de cirurgia oncológica estimavam ate julho/20 que mais de 50.000 casos de câncer tenham sido deixados de ser diagnosticados no país. Isso significa que mais de 50.000 pessoas vão ter seus diagnósticos atrasados e muitos podem ter perdido a chance de tratar a tempo de ter a cura. Os ambulatórios na saúde pública tiveram uma redução extremamente significativa nas consultas, causadas tanto pelo fechamento de serviços quanto por medo dos pacientes procurarem atendimento. Muitos locais ainda permanecem sem atendimento ou com movimento mínimo ainda nos dias de hoje. Neste ano houve redução ou aumento de diagnósticos de casos de câncer de mama na região de Dourados? Por conta da redução dos atendimentos e exames de rastreamento (rotina de prevenção) o numero

“O câncer de mama é um dos mais estudados no mundo e diariamente são publicados estudos científicos que nos trazem novidades para o tratamento” “O câncer de mama ainda é o mais frequente nas mulheres brasileiras, atrás apenas dos cânceres de pele nãomelanoma” de casos reduziu, porém o número não reflete o real número de casos atuais. Vários órgãos ligados a saúde tem feito alerta para uma "epidemia" de câncer em estágio avançado no período pós pandêmico. Há esse mesmo temor entre os profissionais da saúde da nossa região? As pessoas estão deixando de fazer exames por conta da pandemia? Os casos avançados de câncer têm sido mais frequentes, principalmente pelo adiamento da procura das pacientes aos serviços de saúde e consultórios médicos. Até o inicio de setembro/20 houve uma redução significativa no número de exames de prevenção e biópsias de achados suspeitos nas mamas, traduzindo a redução de diagnósticos e os consequentes casos que serão diagnosticados mais tardiamente.

Qual a melhor forma para prevenir o câncer de mama? A melhor forma de prevenção do câncer de mama é o cuidado com o estilo de vida e alimentação. Não fumar, evitar uso regular de álcool, praticar atividade física regularmente, evitar uso indiscriminado de hormônios, cuidado com o peso principalmente apos a menopausa. A melhor forma de Prevenção secundária é o rastreamento com mamografia anual a partir dos 40 anos. Quem sofre com a doença, como deve proceder nesses tempos de pandemia? É perigoso frequentar os hospitais? Paciente com câncer ou suspeita, devem realizar seus exames sem maiores atrasos quando possível estar em locais com baixa circulação de doentes de covid-19. Nas situações de diagnostico firmado de câncer ou altamente suspeito, independente do status do covid-19 do local

onde mora, o atendimento adequado deve ser iniciado tomando-se as medidas de precaução com o mais alto rigor. Frequentar hospitais deve ser reservado para quem realmente necessita. Evitar idas desnecessárias ou muitos acompanhantes é fundamental. Houve avanços científicos em relação ao tratamento do câncer de mama? O câncer de mama é um dos mais estudados no mundo e diariamente são publicados estudos científicos que nos trazem novidades para o tratamento. Neste momento o que mais se estuda está relacionado a novas drogas para o combate dos diferentes subtipos de câncer de mama, alguns dos quais estão sendo incorporados à prática clínica. O câncer de mama ainda é o tipo de câncer que mais afeta as brasileiras? Os óbitos pela doença estão diminuindo? O câncer de mama ainda é o mais frequente nas mulheres brasileiras, atrás apenas dos cânceres de pele não-melanoma. Infelizmente a cada ano os números aumentam, tanto em pacientes acometidas pela doença quanto em mortes por esta causa. Isso porque o acesso ao diagnostico precoce e ao tratamento adequado ainda são muito heterogêneos no nosso país como um todo, além das ações para prevenção seja primária ou secundária, ainda engatinhado de forma geral em quase todas as regiões do país.


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Dia a Dia ENTREVISTA · Raquel de Lima Carola - Psicóloga

Autismo x Covid-19: como lidar com o isolamento social da criança autista Cristina Nunes Especial para O PROGRESSO Estar em isolamento social durante a pandemia do novo coronavírus não é fácil para a maioria das famílias. E, para aquelas que têm membro com Transtorno do Espectro Autista (TEA), o desafio é ainda maior. Para que esse momento seja mais tranquilo, ter uma rotina é fundamental para essa população, independente da gravidade do diagnóstico. As crianças autistas são muito apegadas à rotina, ir ao médico, à escola, ter contato com os mesmos professores, por exemplo, mas em tempos de isolamento social devido a covid-19, não é possível ter o dia a dia como de costume e isso acaba afetando essas crianças. Em entrevista ao PROGRESSO, a psicóloga Raquel de Lima Carola, que atende crianças autistas explica o que pode ocorrer devido a mudança de hábitos. “Realizo atendimentos clínicos e também sou acompanhante terapêutica de crianças autistas, acredito que está sendo um desafio para todos realizar esses atendimentos online e isso requer muito planejamento, é necessário todo o suporte e orientações para que os familiares consigam fazer a aplicação do método de intervenção e dê continuidade ao desenvolvimento dos mesmos, algumas famílias já estão aos poucos voltando aos atendimentos presenciais de algumas terapias, mas claro com o uso de equipamentos de segurança como máscara, luvas e álcool em gel”, afirmou. Veja dicas da profissional para a família lidar com a situação da melhor forma possível nesse período de pandemia: Qual o principal desafio para as crianças autistas na pandemia? A mudança repentina de rotina é uma das principais dificuldades enfrentadas por crianças dentro do espectro

autista, isso porque elas se acostumam com os afazeres diários como ir a escola e acompanhamentos de terapias, devido a isso alguns pais relatam apresentação de piora no comportamento de agressividade, ansiedade e regressão nas crianças com autismo. Muitos estão sem aula, como os pais devem proceder para que não haja pausa no desenvolvimento educacional? É essencial que os pais continuem o acompanhamento mesmo que online, mantendo sempre contato com os profissionais que já fazem o acompanhamento dos filhos. Existem várias ferramentas que possibilitam essa modalidade de atendimento. Os profissionais dão todo o suporte necessário, orientando esses pais como devem proceder e o que trabalhar com a criança, para que isso aconteça a família tem que estar engajada em fazer parte do processo, o que também é bacana pois é essencial para os pais entenderem mais sobre o trabalho e a lógica da terapia com crianças autistas. Com a pandemia e o isolamento social as famílias ficam limitadas e com menos opções de entretenimento para as crianças. O que fazer em casa para garantir o desenvolvimento e bem estar das crianças autistas? É de extrema importância que essas crianças continuem sendo estimuladas para que não ocorra regressão de comportamentos. Crianças que estão dentro do espectro não fazem atividades como uma criança com desenvolvimento típico, e isso muitas vezes para quem tenta aplicar é frustrante, por isso as atividades devem ser diferenciadas e planejadas é preciso também respeitar o tempo da criança e realizar tudo com muita paciência e amor, saber o que está fazendo e o objetivo de cada atividade aplicada de acordo com a necessidade da criança.

Frases “Os profissionais dão todo o suporte necessário, orientando os pais como devem proceder e o que trabalhar com a criança, para que isso aconteça a família tem que fazer parte do processo”

“É importante os pais organizarem a rotina fazendo uso de materiais visuais adaptados concretos, é importante a criança saber o que ela vai fazer com antecedência, isso diminui a ansiedade”

O que essa mudança repentina de rotina pode causar na saúde mental das crianças autistas? É necessário criar estratégias para melhorar os comportamentos da criança. Ela precisa de auxílio e apoio. Para isso é importante os pais organizarem a rotina fazendo uso de materiais visuais adaptados concretos, é importante a criança saber o que ela vai fazer com antecedência, isso diminui a ansiedade.


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Dia a Dia ENTREVISTA · João Gusman- Cirurgião plástico

Profissionais não adequados aumentam riscos de morte em cirurgias plásticas Valéria Araújo

Frases

Um procedimento que pode deixar marcas por toda a vida ou até mesmo causar a morte. As cirurgias plásticas,podem ser o alívio ou a decepção de um paciente. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) existem 12 mil médicos que realizam esses procedimentos sem nenhum título de especialização. A entidade afirma que essas operações de médicos sem especialização resultaram em número considerável de mortes no Brasil. Em Dourados, o médico cirurgião plástico, João Alberto Gusman, explica que cirurgia plástica só deve ser realizada por profissionais qualificados em ambientes que ofereçam segurança aos pacientes, como hospitais ou clínicas credenciadas pela vigilância sanitária e CRM. Segundo o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo, 97% dos processos em cirurgia plástica são contra médicos sem o título de especialista. Em entrevista ao O PROGRESSO, João Alberto Gusman afirma que a procura de profissionais não adequados, aumenta em muito os riscos e complicações, como infecções graves, seqüelas e óbitos.

“O paciente ideal para a plástica entende que a cirurgia vai oferecer uma melhora que deve ser acompanhada por mudança de postura”

O boom das selfies contribuiu para o aumento na procura por cirurgias plásticas? Por quê? Isto é muito interessante. Um psiquiatra inglês mencionou em entrevista que hoje o ser humano não desfruta da felicidade própria e vive em função de mitos. Ou seja, se eu não tiver o corpo de um determinado modelo ou a conta bancária do ídolo do futebol, não serei um sujeito realizado. Então, o ser humano esquece de verificar o quão positivo e boas são as coisas que já alcançamos. Em alguns casos, um apoio psicológico seria até muito mais importante do que a própria cirurgia. É a busca da auto-estima. O paciente ideal para a plástica entende que a cirurgia vai oferecer uma melhora que deve ser acompanhada por mudança de postura. Aquele que busca, com a plástica, corrigir casamento, encontrar emprego, ter o marido de volta está enganado. Na realidade, vai ficar com alguma dívida, uma cicatriz e ainda o problema que não teve condição de enfrentar de outra forma. Neste caso, a plástica causa frustração. Hoje, 80% dos que fazem cirurgia plástica saem satisfeitos e bem realizado; 5% necessitam de algum retoque ou correção e 15% são os pacientes bem operados e ainda insatisfeitos. Neste último caso, o problema tem relação com uma baixa auto-estima. Existe uma beleza ideal? O conceito de belo é subjetivo. Uma pessoa com baixa auto-estima às ve-

“A cirurgia plástica só deve ser realizada por profissionais qualificados em ambientes que ofereçam segurança aos pacientes” Fazer uma cirurgia sem ter o acompanhamento adequado pode ser muito arriscado zes não se cuida. Eu não preciso ser um Brad Pitt para desejar estar bem cuidado. Devo fazer exercícios, não apenas para ser bonito, mas principalmente para me sentir bem. Sempre existe uma possibilidade de melhora. Nós, cirurgiões plásticos não temos o dom da transformação. Somos parte de um processo. O que a gente faz é apresentar opções de tratamentos para problemas que incomodam a pessoa. Quem faz a transformação é o paciente. Se o paciente não remove as causas, não vai fazer desaparecer as consequências. Uma pessoa que tem uma pele feia porque fuma muito e quer fazer uma cirurgia, após seis meses vai estar pior do que estava. Quais cuidados os pacientes precisam ter antes de passarem por um procedimento ou cirurgia plástica? A cirurgia plástica só deve ser realizada por profissionais qualificados em ambientes que ofereçam segurança aos pacientes, como hospitais ou clínicas credenciadas pela vigilância sanitária e CRM. Segundo o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo, 97% dos processos em cirurgia plástica são contra médicos sem o título de especialista. A procura de profissionais não adequados, aumenta em muito os riscos e complicações, como infecções graves, seqüelas e óbitos.

Quais os procedimentos cirúrgicos mais procurados? Com certeza as cirurgias de mama, tanto para aumento com silicone ou redução em casos de mamas volumosas e as lipoaspirações. Abdominoplatia: Em quais os casos utilizar esse procedimento? As cirurgias abdominais são avaliadas junto com cada paciente , vendo qual técnica seria mais correta em cada caso. Isso é uma conduta individualizada , discutindo possibilidades de futuras gestações que podem prejudicar o resultado. A cirurgia plástica deve ser vista como uma forma de recuperar a auto-estima dos pacientes, que por razões de idade, gestações e deformidades causadas por doenças ou acidentes, queiram melhorar a sua imagem. Devemos lembrar que todos os procedimentos têm limites de segurança. Não se pode fazer o que o paciente deseja, mas sim o que é seguro e adequado para cada caso. Na minha opinião segurança sempre tem que estar em primeiro lugar. É uma cirurgia acessível? Sem dúvida, hoje em dia está mais acessível do que no passado, porém uma estrutura adequada e bons profissionais tem um custo que é bem superior aos de profissionais sem formação, ou de países que não oferecem recursos de segurança.

Quais os riscos? Normalmente inchaços, hematomas e mais raramente infecções nas áreas operadas. As limitações são dadas pela estrutura do organismo de cada paciente, sendo que, não nos é possível fazer com que uma paciente de pele flácida, se torne firme após a cirurgia. A cirurgia apenas retira os excessos de tecido e modela regiões anatômicas, contudo as transformações dependem principalmente de mudanças de hábitos de vida, como parar com tabagismo, se alimentar adequadamente e praticar atividades físicas regulares. Porém, mesmo com todos os recursos de seguranças existentes, podem ocorrer imprevistos em cirurgias, levando a problemas às vezes graves, como reações alérgicas, problemas cicatriciais ou infecções, que, quando devidamente tratadas evoluem sem maiores complicações. Os riscos não são maiores do que atravessar uma rua ou dirigir um carro. Como saber se meu cirurgião plástico é qualificado? Em todo mundo profissionais sem a devida formação técnica e humana vem se aproveitando da expansão do mercado de beleza para se inserirem nesse segmento, visando apenas o lucro fácil, em detrimento à segurança dos pacientes, realizando procedimentos nos quais não se encontram aptos para realizarem. O cirurgião plástico tem que passar por 2 anos de especialização em cirurgia geral e depois mais 3 anos de especialização em cirurgia plástica. Isso, é óbvio, depois de 6 anos regulares no curso de medicina. Portanto, são 11 anos de preparo mínimo. Para ter o certificado de especialista, ainda tem que passar em provas de conhecimento na Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, com exames escritos, orais e avaliação curricular. Medicina estética não é especialidade reconhecida pela Associação Médica Brasileira ou pelo Conselho Federal de Medicina, existindo cursos irregulares de duração de 6 meses, somente aos finais de semana. Daí já se percebe a grande diferença de formação. O que o senhor diz sobre a procura por esses procedimentos cirúrgicos de pacientes brasileiros no Paraguai? Vale a pena? Nada temos que falar contra os profissionais médicos, porem devemos lembrar aos pacientes ,que mais importante que o próprio ato cirurgico ,são os retornos pos operatórios. Fazer uma cirurgia sem ter o acompanhamento adequado pode ser muito arriscado. O ideal é que consulte com médicos de família, que possam opinar sobre a sua escolha ou que acesse o site www. cirurgiaplastica.org.br ou o Conselho Regional de Medicina do seu estado.


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Entenda o que é a fibromialgia, a ‘síndrome das dores inexplicáveis’ Início dos sintomas é insidioso e a dor pode ser relatada como queimação, sensação de peso ou que migra por todo corpo DIVULGAÇÃO

Cristina Nunes Especial para O Progresso A fibromialgia é uma condição clínica crônica na qual existe dor musculoesquelética difusa associado à sono não reparador (a pessoa acorda cansada), fadiga(cansaço) e distúrbios cognitivos. Outros sintomas como distúrbios de memória, ansiedade, depressão e alterações intestinais podem estar presentes. Estima-se que no Brasil atinge até 2,5% da população geral, predominando no sexo feminino, com manifestação inicial principalmente entre os 35 e 44 anos. Em Dourados, a reumatologista Mariana Picolli alerta para os sintomas. “O início dos sintomas é insidioso e a dor pode ser relatada como queimação, sensação de peso ou que migra por todo corpo. Geralmente há dificuldade em localizar a dor: alguns tem a impressão de que ela ocorre nos músculos, outros nas articulações ou ossos. Uma característica é a grande sensibilidade ao toque e à compressão da musculatura pelo examinador ou por outras pessoas.”, explicou a médica em entrevista ao Progresso. Mariana explicou ainda que sintomas depressivos são altamente prevalentes sendo encontrados em 90% dos pacientes ao longo da vida. Apesar da associação, a fibromialgia não é considerada uma causa de depressão. A fadiga ocorre na maioria dos pacientes e é referida como física e psíquica. Ocorrem queixas concomitantes como astenia, mal-estar geral, redução da libido e sensação de fraqueza muscular. “Estima-se que declínios de função cognitiva, atenção, concentração, memória de curto prazo e processamento de informações sejam observados em 50% a 80% destes pacientes. Além disso, pode observar-se associação com cefaleia e irritabilidade”, afirmou a reumatologista.

“O início dos sintomas é insidioso e a dor pode ser relatada como queimação, sensação de peso ou que migra por todo corpo. Geralmente há dificuldade em localizar a dor: alguns tem a impressão de que ela ocorre nos músculos, outros nas articulações ou ossos. ” Mariana Picolli (Reumatologista)

Estima-se que no Brasil atinge até 2,5% da população geral, predominando no sexo feminino, com manifestação inicial principalmente entre os 35 e 44 anos

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Diagnóstico é baseado no julgamento clínico A reumatologista Mariana explica que não há um marcador laboratorial ou exame de imagem característico para o diagnóstico, no entanto deve ser realizado uma investigação para afastar outras doenças que se manifestam com quadro semelhante. De acordo com a nova diretriz de 2017 da Sociedade Brasileira de Reumatologia, alguns pontos dolorosos podem ser úteis no diagnóstico quando avaliados em conjunto com outros distúrbios funcionais contemplados nos critérios de 2010 do Colégio Americano de Reumatologia (ACR).

Os critérios ACR 2010 são úteis para o diagnóstico, pois usam questionários aplicados pelos médicos e autoaplicados pelos pacientes, aumentando o percentual de acertos. A diversidade dos sintomas descaracteriza a fibromialgia como uma entidade única, permitindo variabilidade em sua apresentação. A identificação de subgrupos entre os pacientes fibromiálgicos, portanto, possibilita a investigação de abordagens e tratamentos individualizados para cada tipo de pessoa sendo essencial a prática de atividade física regular para sucesso do tratamento.


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“Muitos criticam a área policial, mas ainda é a mais atrativa” Waldemar Gonçalves, conhecido como “Russo”, conta como conseguiu “sobreviver” quase 30 anos no jornalismo policial douradense DIVULGAÇÃO

Marli Lange Especial para O Progresso Waldemar Gonçalves, o “Russo”, é de uma geração de repórteres policiais quase raros hoje no Brasil. Aquele repórter investigativo, cujos textos continham detalhes, não se atendo apenas fatos copiados dos Boletins de Ocorrência da Polícia (B.O). “Para muitos a área policial é repugnante, tratam de forma pejorativa, mas ainda é a mais procurada e que atrai atenção do público popular”, diz ele. Na sua época de repórter policial, em relação a hoje, é que quase nenhum profissional queria encarar a área, pelo menos em Dourados. Com isso, Russo explorou a área da melhor forma que pôde, fez muitos amigos e inimigos. Russo sabia das coisas e não tinha medo de divulgar, e esse era o seu diferencial. Investigava cada detalhe de um crime e que lhe rendeu notoriedade, popularidade e até certo folclore quando envolve o seu nome. No final dos anos 80, 90 e início de 2000, era difícil saber quem não conhecia o “Russo” em Dourados, mais precisamente, quem não ouvia o “Camburão do Russo”, na rádio 92 FM, um quadro policial dentro do Programa do radialista Antônio Coca, na rádio comandada pelo empresário Antônio Tonani. Russo lembra que era uma geração muito diferente da atual. Não havia computadores em larga escala, a automação estava engatinhando ainda. Internet ou celular começou a aparecer em Dourados no início de 2000. Foram gerações que só tinham basicamente o rádio, TV e jornais para se informar. Por causa da sua irreverência, que o tornou popular, Russo sofreu atentado contra própria vida, várias ameaças de morte, propostas de subornos patrocinadas por pessoas importantes da sociedade. Mas ele tem o orgulho de falar que “nunca aceitou qualquer suborno”, de quem quer que fosse. Russo é de uma geração de jornalistas que detestava cobrir polícia, mas sentia falta quando não acontecia algo para que ele fosse para a rua trabalhar. Não sou hipócrita em falar que na minha área só ‘rendia’ quando tinha sangue e morte. Até hoje é assim. Vejo hoje muitos profissionais que ficam fazendo “mea-culpa” em divulgar uma notícia violenta, mas no fundo sabem que o crime rende audiência para seus programas”, enfatiza Russo Ele lembra que na sua época, ninguém queria saber de enfrentar uma delegacia de madrugada, ou deixar uma festa para cobrir um homicídio ou acidente no meio da noite ou finais de semana, sob sol ou chuva. Mas o Russo diz que não se importava em trabalhar em qualquer hora que fosse, o que o tornou uma figura indispensável nos meios policiais da cidade. Acabou virando um colaborador da polícia, tão respeitado no meio policial, que os agentes não seguiam para o local do crime, enquanto o Russo não chegasse. História A trajetória dessa figura emblemática do jornalismo douradense começou em

“Uma coisa sou bastante sincero, existem crimes que se gente for contar tudo que sabe, tem que preparar as malas, sair da cidade e nunca mais voltar. Digamos que eu fui o rídiculo que deu certo na área de polícia, porque eu não tinha tendência nenhuma para ser jornalista ou radialista com essa voz rouca, mas uma coisa digo: tudo que eu fiz, foi com carinho e dedicação” Waldemar Gonçalves, o “Russo” (Jornalista)

Jornalista recebeu a medalha Águia da Fronteira entregue por Reinaldo Azambuja 1989, quando foi contratado para trabalhar na Rádio Caiuás, fazendo reportagens policiais para o programa do Maurício Nunes (falecido). “Como ninguém tinha coragem de mexer com polícia eu tinha que fazer isso. Chegava na delegacia por volta das 4h30 para pegar as ocorrências e transformá-las em notícias que seriam veiculadas no programa do Maurício Nunes, logo nas primeiras horas da manhã. Depois disso, ele conta que passou também auxiliar o então radialista Luiz Rogério de Sá (falecido), no programa “Eu quero falar com você” e o Antônio Neres. “No início pensei que seria uma ‘brincadeirinha’, que ficaria apenas alguns meses na área policial, mas acabei ficando quase 30 anos”, lembra. Da Rádio Caiuás, ele conta que foi para a Rádio Clube, trabalhar no programa do radialista Albino Mendes, e onde conheceu os jornalistas Antônio Coca e Cloe Fazano (falecido). Depois de uma temporada na Rádio Clube, Russo foi convidado para ingressar na 92FM, conhecida como “Grande FM”, uma rádio que estava no auge de sua audiência, comandada pelo empresário Antônio Tonani. Foi nesta rádio que surgiu o “Camburão do Russo”, em parceria com o apresentador Antônio Coca, no qual lhe deu notoriedade. Russo passou por todas as categorias de mídia existentes naquela época, primeiro foi rádio, depois ingressou para a TV. Em meados dos anos 90, foi chamado para trabalhar na RIT-SBT, onde fez uma parceria com o apresentador César Cordeiro (falecido), no programa “Cidade Alerta”. “Depois de encerrar o ‘Camburão do Russo’, passei a trabalhar em jornais, o primeiro foi o Diário do Povo, atual Diário MS, tempos depois, a dona Adiles do Amaral Torres, com a anuência do jornalista Prudêncio Campos (falecido), pediu a minha contratação para a equipe do O Progresso”, lembra. Uma das coisas que ele mais gosta de citar sempre, é que teve o “prazer enorme em trabalhar duas vezes no Diário MS e duas vezes no O Progresso, sempre na área policial, junto com patrões e colegas que admira muito até hoje”. “Foi um grande aprendizado. Fico feliz hoje, tantos repórteres trilhando

nesta área policial que outrora ninguém queria saber, era muito mais marginalizada que hoje. Eu também não gostava muito, mas época a minha mulher estava grávida. Ou pegava ou ficaria desempregado”, acrescenta. Russo lembra que ficou rotulado como “repórter policial”, mas ele gostava mesmo era de cobrir esportes, cidades e política. No entanto, difícil era o repórter que aceitava cobrir polícia na época, porque foi um período de muita pistolagem, assassinatos a mando, roubo de gado, era um período trevoso nos meios policiais para aquela geração de douradenses que não estava acostumada com certos tipos de crimes. Ele cita, alguns nomes mais conhecidos da época que eram seus colegas na área, como Clóvis Braga, “Repórter 1060” e Elvio Lopes. Russo lembra que sempre contou com bons “professores” na polícia, colegas e delegados que o orientaram no início da carreira. Ele lembra que com o tempo passou a auxiliar a Perícia Técnica da Polícia Civil, fazendo fotos com a sua câmera de fotográfica, na época uma Pentax 50. Coronel Adib Russo foi um dos primeiros repórteres a trabalhar com um dos delegados que mais abalaram as estruturas da cidade de Dourados e da fronteira, entre os anos 80 e 90, o coronel Adib Massad, antigo comandante do GOF (Grupo de Operações da Fronteira), hoje DOF (Departamento de Operações de Fronteira. Hoje o militar vive em Campo Grande, aposentado da polícia há muitos anos. Russo diz que ter convivido com coronel Adib, foi uma das grandes experiências da sua vida. “Foi um grande professor, principalmente eu, que estava numa fase de iniciação e não conhecia muito o mundo policial. Colegas tinham até certa inveja de mim, porque coronel Adib gostava e confiava em mim, tanto que quando fui homenageado pelo DOF, há pouco tempo, o homem veio de Campo Grande só pra me prestigiar”, lembra Russo com orgulho. Ele lembra do coronel Adib com carinho, revelando ser uma pessoa humana e justa, porém, na sua gestão como co-

mandante do GOF, não tolerava injustiça e combatia de forma severa latrocidas, traficantes, estupradores e sequestradores. “Tinha um batalhão com 40 homens de ouro, que o respeitava e que fazia qualquer coisa para defender a sociedade”, lembra. Saiba mais

Crimes Russo lembra que mexer com polícia sempre foi uma complicada, que envolve conflito dos mais variados, tanto que lhe rendeu um atentado de homicídio quando voltava para casa de madrugada, na década de 90 (ele não lembra mais o ano), na Rua Monte Alegre. “Lembro que homens em um carro, me cercaram. Eu estava em uma moto. Me xingaram e atiraram contra mim, mas os tiros não me acertaram. Caí da moto, levantei e fui pedir ajuda pra voltar pra casa. Até hoje não descobri os autores e o caso caiu no esquecimento. Mas são coisas que faziam parte da nossa rotina (...)”, lembra. Na época sobrevivi aquele atentado, mas sempre tive muitas ameaças, principalmente quando o Camburão do Russo estava em alta. “Recebi muitas propostas em dinheiro dentro dos bastidores da polícia, mas que nunca aceitei e esse orgulho eu trago comigo”, afirma, Russo. Evidentemente para ser repórter policial tem que ter “estomago”, se não tiver, não serve para a função”, ensina ele. “Eu já paguei caro por falar a verdade. Teve o filho de um empresário aqui na cidade, que não vou citar o nome agora, que foi preso com cocaína quando seguia para Bonito. Não era para divulgar a notícia porque o cara era da alta sociedade. Mas eu dei a notícia com todos os detalhes e, acabei perdendo o emprego. Mas isso também faz parte dos meios de comunicação (...)”, resigna-se. Hoje fazer jornalismo é muito fácil por causa da internet, mas na minha época era bastante sofrido, quase não tínhamos estrutura, mal tínhamos telefone fixo, fax e a velha máquina de escrever Olivetti. Se quisesse produzir algo melhor tinha que buscar a informações no local, investigar, conversar pessoalmente com delegados e investigadores. “Hoje, boa parte das notícias policiais são produzidas via internet, muita facilidade, que muitos não sabem utilizar”, avalia.


Blue Star gravou disco com cantores douradenses PÁG. 2

Destaque para a empresária Liana Pietramale PÁG. 4

CADERNO B Dourados 5.10.2020 O PROGRESSO

ARQUIVO PESSOAL

DOURADENSE DE 10 ANOS cria canal para dar dicas de livros ‘Galf, o leitor’ é apaixonado pela leitura e recebe estímulo dos pais desde muito pequeno Gracindo Ramos O douradense Gabriel Antônio tem apenas 10 anos, mas é um apaixonado por livros. Com estímulo dos pais, a fonoaudióloga Ellen Freitas e o advogado Flávio Freitas, se tornou um leitor obstinado, principalmente por assuntos relacionados à ciência. Mas Galf, como é conhecido, também adora ler e reler clássicos da literatura infantil como Mafalda e Tintim. No quarto dele há um espaço onde os livros são guardados, porém todos os lugares da casa são espaços de leitura. Quem conta é a mãe: - “Ele lê o tempo inteiro. Inclusive, eu tenho que brigar com ele porque, agora, nas aulas online, se eu descuido, ao invés de estar prestando atenção na aula online, ele está lendo um livro. Ele lê todos os dias, várias horas e já lê livros bem densos, bem mais densos que a maior parte das crianças da idade dele leem”.

No quarto dele há um espaço onde os livros são guardados, porém todos os lugares da casa são espaços de leitura Galf aprendeu a gostar de livro desde muito pequeno. “Desde que ele era bebezinho, a gente já lia histórias para ele. Todas as noites, antes de dormir, eu ou o pai, sentávamos na cama para contar uma história. A partir do momento que ele aprendeu a ler, a gente começou a incentivar que ele lesse para a gente. E ele foi tomando gosto pela leitura, e nós o incentivando com novos livros”, explica Ellen. Quando era pequeno, a mãe o levava em atividades de contação de histórias. Freitas também já inseriu a leitura na vida do bebê de apenas 1 ano e meio. A criança já tem muitos livros infantis e todos os dias os pais contam as histórias. Gabriel também lê para o irmãozinho. “A gente percebe que o Gabriel tem uma desenvoltura e uma linha

de raciocínio muito elaborada. Ele tem um repertório. Começa a conversar com qualquer pessoa e tem muito assunto. Ele é muito curioso, sabe fazer perguntas e sabe dar boas respostas. Elabora o pensamento dele de uma forma muito desenvolta para a idade. A gente percebe que isso tem tudo a ver com a leitura, a influência das coisas que ele lê naquilo que ele fala e na maneira que ele se comunica, troca ideias, na criatividade, nos desenhos que ele faz”, analisa a mãe do menino que já lê livros densos, de até 400 páginas. Os professores do Gabriel também influenciaram no estímulo à leitura. Ele estuda em escola particular e, segundo a mãe, “sempre teve professores incríveis, que fizeram projetos de leituras maravilhosos. Foram grandes incentivadores de leitura. Atualmente, a professora dele está fazendo um projeto lindo com o livro ‘Meu pé de laranja lima’, que é uma leitura mediada”. Ela conta que o desempenho escolar dele como aluno é bom. “Ele tem déficit de atenção. Isso sempre prejudicou bastante ele na sala de aula. Nunca foi o melhor aluno, mas nunca ficou de recuperação. E é muito apaixonado por ciência, sempre foi”, diz Freitas sobre a vida escolar de Galf. Como fonoaudióloga, Ellen avalia a influência da leitura no desenvolvimento da criança como essencial. “Meu foco de atuação é o desenvolvimento de fala e linguagem de crianças pequenas. Na minha profissão, isso já é imprescindível”, deixa claro. Ela aconselha os pais sobre a importância, observando que o hábito pela leitura é construído. “A maior parte das crianças que se transforma em leitores assíduos, não é do dia para noite. Ou eles estão vendo pais leitores ou têm alguma referência de algum adulto em volta que lê para ele. E, principalmente, eles têm alguém que dê acesso a livros interessantes. E às vezes a gente demora para descobrir quais livros

Tendo a ciência como tema favorito, o garoto conversou recentemente com uma cientista brasileira de Harvard

que interessam para aquela criança. É importante que os pais não desistam, que sejam consistentes e frequentes no incentivo à leitura. Aos poucos descobrindo qual o tipo de leitura que encanta essa criança”, incentiva a profissional da comunicação humana. Mas também alerta que, segundo estudos, “as crianças

não deveriam estar tão expostas a eletrônicos. Isso atrapalha o desenvolvimento global da criança, principalmente de desenvolvimento de fala e linguagem. “Eu sei dos prejuízos do excesso de tecnologia traz. Quando ele está com o livro na mão, eu sei exatamente o que ele está fazendo”, argumenta.

Saiba mais

Galf, o leitor Galf leitor aderiu às redes sociais no estímulo à leitura e vem sendo destaque. Ele e sua mãe criaram um perfil no Instagram (@galf_oleitor), onde ele dá dicas de livros, fala sobre ideias criativas e curiosidades. Em setembro, Gabriel foi convidado para participar de uma live com a cientista brasileira e pesquisadora da Universidade de Harvard Raquel Barbosa. Ela está em Boston e é criadora e editora do canal de divulgação científica Instagram.com/ querosercientista. “Na live, ele falou que o cientista favorito dele é o Einstein e que ler sobre ele, conhecer sua vida, fez com que libertasse o pensamento dele. E isso foi ele que falou da cabeça dele. Eu nem sabia, foi uma surpresa para mim. A gente percebe o repertório dele quando acontece esse tipo de situação, em que ele dá respostas muito além daquelas que a gente espera. Surpreende a gente com frases desse tipo, que ele elaborou sozinho, com uma vivência adquirida nos livros que ele lê”, diz orgulhosa a mãe Ellen.


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Dourados, 5.10.2020 O PROGRESSO

Caderno B

Blue Star

gravou disco com cantores douradenses

Em Dourados, o Blue Star animou bailes no Clube Social e no Clube Nipônico Vander Verão Especial para O Progresso O conjunto Blue Star, de Fátima do Sul, fez sucesso em Dourados e região, principalmente nos anos 70, já que era muito requisitado para animar bailes. Aliás, os bailes eram promoções constantes naquela época. Opções infalíveis. Em Dourados, o Blue Star animou bailes no Clube Social e no Clube Nipônico, sempre com a ‘casa cheia”. O grupo também tocou durante uma promoção de Carnaval no ginásio do CAD. Antes da divisão do Estado, o conjunto de Fátima do Sul se apresentou em cidades do Mato Grosso, como Quatro Marcos, Mirassol D’Oeste e Araputanga, dentre outras. Em Campo Grande, o Blue Star foi contratado para tocar no Baile da Saudade, no Rádio Clube, final da década de 70. O Blue Star também se apresentou, por várias vezes, nas principais cidades da Grande Dourados, Vale do Ivinhema região do Cone-Sul. O Blue Star tocava todos os gêneros de músicas. O repertório dependia de qual região seria realizado o baile. Se fosse numa cidade de grande influência nordestina, logicamente, não poderiam faltar o xote e o forró, por exemplo. Se fosse na região de fronteira, a polca e o chamamé seriam destaques, e por aí afora. Em Dourados, vale lembrar, o repertório da banda era sempre de rock e de baladas pops. Certa vez, fui num baile em Itaporã e fiquei pasmado com o Blue Star mandando ver “Let Me Roll It”, de Paul MacCartney e Wings, do long play “Band in the Run”, lançado em 1971 – tenho esse vinil até hoje. Gravação de disco No entanto, o trabalho marcante do Blue Star, em Dourados, foi a participação na gravação do LP “Os Melhores da Música Jovem Matogrossense”, em 1971, pelo selo Soncine, da Gravadora Califórnia. Gravaram músicas os cantores Victor Wagner Conde, Leônidas Além, Georgino Silva, Anneliese, Noé Stein, Getúlio Lima Teixeira e Isaac Duarte de Barros Junior. O Blue Star foi o responsável pelo acompanhamento das músicas gravadas. Uma das faixas do disco, “Balada do Amor Perdido”, gravada por Leônidas Além, foi composta por Divany Duante e Antonio Alves, o Ibra, que eram membros do Blue Star. Os discos, logicamente, foram colocados à venda nas lojas especializadas, mas os exemplares foram logo esgotados. Cada músico ficou com uma cota de discos para vender, o mesmo acontecendo com os cantores. Mas, poucas pessoas, hoje, têm uma cópia desse long play. Pelo resultado da gravação do long play com artistas de Dourados, em maio do mesmo ano, a gravadora en-

ACERVO: ANTONIO IBRA

viou convite à banda de Fátima do Sul para a gravação, sem custos, de um disco (compacto duplo), em São Paulo. No entanto, pelos inúmeros compromissos de bailes ao longo do ano, a gravação do compacto duplo não foi realizada. Vale lembrar que, em 2015, Paulo Dorta fez a remixagem desse LP dos “Melhores da Música Jovem Matogrossense’ em CD. Foram produzidos 100 cópias. Não deram pro cheiro. Paulo Dorta também produziu um vídeo da música vencedora de um dos festivais, a “Sem Você”, autoria de Antonio Carlos Guhl, interpretada por Leônidas Além. Esse vídeo pode ser curtido na página “Tudo Sobre Dourados”, que já tem mais de 10 mil visualizações.

Saiba mais

Blue Star durou 34 anos

Direita para esquerda: Miro Braga (baixo), Divany (cantor/guitarra), Zé Abílio (percussão), Zé Araújo (bateria), Flávio Bugrão (acordeon) e Dirceu (Trombone)

ACERVO: ANTONIO IBRA

Esquerda para direita: Divany (cantor/trompete), Luciano (cantor), Antonio ‘Ibra’ (cantor/baixo), Sergio ‘Marambaia’ (bateria), Flávio ‘Bugrão’ (cantor/teclado), Antonio ‘Quati’ (cantor/guitarra solo), e Luizinho (guitarra base/vocais) ACERVO: ANTONIO IBRA

O Blue Star animou bailes durante 34 anos, principalmente na região da Grande Dourados, Vale do Ivinhema e região de fronteira

Capa e contra capa do disco “Os Melhores da Música Jovem Matogrossense” com cantores de Dourados e acompamento do Blue Star

O Blue Star foi fundado em 1962, pelo comerciário Divany Thomaz Duarte, com apoio dos empresários Antenor Ferreira Batista e Artur Valezzi, conforme informou Antonio Alves dos Santos, o Ibra, que seis anos mais tarde, em 1968, entraria banda. De início, o grupo era formado por Divany (cantor e violonista), mais um acordeonista e um ritmista (pandeiro). Tinha por finalidade animar serenatas, festinhas e encontros de amigos. Posteriormente, Divany passou a sonhar mais alto, e convidou alguns amigos, para formarem um grupo de baile. Para isso, com o apoio (aval financeiro) de Artur Valezzi, adquiriu os primeiros instrumentos eletrônicos, com os quais, o grupo iniciou sua carreira profissional, formado então com: Miro Braga (contrabaixo), Divany (cantor e guitarrista), Zé Abílio (percussão), Zé Araújo (bateria), Flávio ‘Bugrão’ (acordeon, posteriormente teclado) e Dirceu (trombone). Ao longo do tempo, algumas mudanças aconteceram em sua formação, entre elas, por volta de 1964, Zé Araújo foi substituído na bateria, por seu irmão Júlio Araújo e foi convidado para guitarrista, Antonio ‘Quati’ (irmão do Flávio ‘Bugrão’). Em 1966, foram contratados, o baterista Sergio ‘Marambaia’ e o guitarrista Luizinho (ambos do extinto grupo ‘The Condor Boys’, também de Fátima do Sul). Em 1968 entrou para a banda o Antonio ‘Ibra’ (cantor/Sax Alto), que posteriormente, assumiu o contrabaixo, com a saída de ‘Miro’ Braga. Em 1974, foi contratado o cantor Antonio ‘Luciano’ (ex-banda Explosão 2.000), sendo considerado os anos 70 a partir desse período, o auge do conjunto Blue Star: Divany (cantor), Luciano (cantor), Ibra (cantor/contrabaixo), Sérgio ‘Marambaia’ (bateria), Flávio ‘Bugrão’ (cantor/teclado), Antonio ‘Quati’ (cantor/guitarra) e Luizinho (guitarra/vocal). Ao longo do tempo, segundo Antônio Ibra, outros músicos fizeram parte da banda, com destaque para: Hélio Batista (cantor), Dênis (guitarra), Abner (guitarra), os irmãos Elieser Júnior (vocal/ baixo) e Emerson (bateria), Ênio Soares (trompete), Zé Neudo ‘Peabirú’ (bateria), Josias (guitarra), Beto (guitarrista), e Érica (cantora). O Blue Star encerrou suas atividades no dia 31 de dezembro de 1996, com o baile ‘Reveillon da Saudade’, realizado com enorme sucesso e muita emoção, no Clube Aruá de Fátima do Sul, dissse Antonio Ibra.


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O PROGRESSO

Dourados, 5.10.2020

CLASSIFICADOS/ATOS OFICIAIS PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

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Diz-se do rosto que não apresenta uma metade idêntica à outra Romancista argentino de "O Jogo da Amarelinha" (1963)

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Resistir (aos castigos) Artigo indefinido Seu, em espanhol

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Resumo de notícias apresentado no intervalo (TV)

Abertura em placas tectônicas (Geol.)

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Deus que devorava os próprios filhos, entre eles Júpiter (Mitologia romana) E=m(?)2: a equação de Albert Einstein

Se, em inglês Peixe pré-histórico que sobreviveu até os dias atuais Esporte do brasileiro Douglas Brose

A vogal do extinto trema

Árvore cuja flor é símbolo do Brasil Formato da camiseta Certo (abrev.)

Hora, em inglês (?) polar marciana: contém água pura (Astrofís.)

Astato (símbolo) "Doctor", em PhD

Efeito da piada bem contada

Ivan Turgeniev, escritor russo

Festa associada à subcultura "techno"

Integridade de caráter Pedir a Deus Norma trabalhista

O falso perfil em redes sociais (inglês)

Immanuel (?), filósofo prussiano

700, em romanos Tecla de fuga (inf.)

Embranquece (fig.) Cabeça, em inglês

Tempero da feijoada Canal de TV (EUA)

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Diz-se do sabor do vinho verde

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Dourados, 5.10.2020 O PROGRESSO

COLUNA DA ADILES GENTE QUE ACONTECE

Adiles do Amaral Torres adiles@progresso.com.br

“Não paramos de nos divertir porque ficamos velhos, ficamos velhos porque paramos de nos divertir.” Dicas para ser um vencedor

DESTAQUE

Karina e Cássia Guedes, lindas gêmeas idênticas e melhores amigas

Keila Castro e Carlos Fabio

Cel Nabuco e esposa Marilda

Destaque para a empresária Liane Pietramale, proprietária do excelente Restaurante Kikão, que é um dos melhores de Dourados e de nosso Estado, que prima pela qualidade sempre.

BUSCA Fátima e Aparecido Frota (fotógrafo)

Ivandra e Ely Oliveira

Irene e Israel de Freitas

Quando você está longe Viajando por outras terras Eu lhe procuro em tudo No céu, nas estrelas, na serra Quando você está longe Eu busco, em vão lhe encontrar Nas flores, na brisa, no ar E não o vejo em nenhum lugar Busco-lhe em carros apressados Que passam sem perceber Que estou sozinha e tão triste Querendo tanto lhe ver

Dra. Luciana Secchi e dr. Fabio Secchi

Dr. Cícero e dra. Valeria Guerra

Dr. George Takimoto

PARABÉNS E FELICIDADES AOS

ANIVERSARIANTES DA SEMANA

Procuro-o no sol que brilha Na lua tão clara e doce Nos rostos de tanta gente E não consigo encontrar Após tanta busca inútil Por mundos tão diferentes Encontro você tão perto No meu coração presente. Adiles do Amaral Torres

PREFEITO HERBERT BETMAN Segunda (5/10)

CAROLINA CIMATTI Quinta (8/10)

ROSANE BRAGA Sexta (9/10)

GLADIS CAZARO Segunda (5/10)

INIS FERRAZ

Sexta (9/10)

Segunda (5/10)

DR. ADILSON STIGUIVITIS, Delegado | Quinta (8/10)

Quinta (8/10)

CASSIA SANTANA

ROSA MACIEL

CARLOS H. CURY Sexta (9/10)

LUCIANA TORRES

Vamos pedir a Deus que o próximo prefeito eleito em Dourados seja honesto e cuide de nossa cidade com dedicação.

Quarta (7/10)

DRA. DILETA TEREZINHA, Desemb. | Sexta (9/10)

DR. VLADIMIR A. SILVA, WALDEMIR MOKA, Desemb. | Sábado (10/10) ex-senador | Sábado (10/10)

PARABÉNS E FELICIDADES aos aniversariantes, Do dia 10/outubro - José Rodrigues dos Santos; Laerte Machado da Silva; Gilselda Brandão Dourado; Flávio Lacerda; Cassio Francisco Lopes; Daniela Antoniasse Silva; Valdomiro Pereira de Oliveira; Caroline Acosta Cunha; Marizete Nascimento; Eliza Bianchini Lanzarini; Neila Fátima de Abreu; Norberto de Oliveira; Alessandro José de Lima; Valter Casagrande; Vera Aparecida; Vera Ramão; Márcia Augusto Scherma; Madalena Lopes Tarciro; Aline Marques; Juliana Borges Lange; Marli Lani Arantes Gomes; Adriana Francelino; Maria Luiza Tomasi e Rayter Abib Salomão. Do dia 11/outubro - Marizete Nascimento; Fabrício Dal Lago Rodrigues; Nilson Bezerra da Cruz; Julião Ruiz Dias; Luiz Gustavo Alves Tavares; Nelson Cândido Bernardo; Jane Mari Benitez Ortiz; Alexandre Espíndola; Alessandra de Jesus da Silva; Priscila Maciel Jaques de Freitas; Fermiano Alves de Araújo, Carlos Cooper Japechino e Lucelia Silva Gusmão.


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