DOURADOS MS ANO 70 Nº 13.663
O PROGRESSO
20 de fevereiro de 2021
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DIA A DIA
DOURADOS
PREFEITURA NÃO PAGA CONTA E HOSPITAIS PODEM FICAR
SEM ENERGIA
Em MS
21 profissionais da Saúde morreram e 7 mil se contaminaram com Covid-19 PÁG. D1
A Fundação de Serviços da Saúde (Funsaud) de Dourados, responsável pela administração da UPA e Hospital da Vida, acumula dívidas com a concessionária Energisa, de contas não pagas desde março do ano passado. PÁG. D7
Alta
Gasolina ultrapassa os R$ 5 e consumidor opta pelo etanol em Dourados PÁG. D2
Trânsito
Com lombadas retiradas, Dourados segue há quase dois anos sem sinalização PÁG. D3
Imunização
Saiba quem pode ou não tomar a vacina contra a Covid-19 PÁG. D6
CADERNO B
Saúde de Dourados recebe socorro emergencial de R$ 9,2 milhões do Estado
PÁG. A3
Grupo “Nóis Num Liga”, do Miguelzinho, surgiu em 83
PÁG. B2
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Dourados, 20.2.2021 O PROGRESSO
Opinião EDITORIAL
INFORME C
Pandemia do roubo
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om a dispensa de licitações em função do caráter emergencial da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus, casos de corrupção disputaram e disputam, por muitas vezes, o noticiário com as manchetes sobre o próprio avanço da doença. Agora, as irregularidades sobre a vacinação de pessoas que não fazem parte do grupo de risco, falsa aplicação de doses ou vacinação de profissionais da saúde que não fazem parte da linha de frente passaram a ocupar as manchetes. Dourados, pra variar, está no meio. Desde o início da pandemia, em março ao ano passado, vimos no decorrer de 2020 diversos casos de desvio de recursos públicos que deveriam ter sido destinados à área da saúde. A apropriação de recursos destinados a programas sociais não é, infelizmente, uma novidade no Brasil. Há vários outros casos que envolvem programas de renda, merenda escolar, habitação, previdência social, entre tantos outros.
CÍCERO FARIA cicerolfaria@gmail.com
Corrupção pra todo lado! Até o final do ano passado a Polícia Federal (PF) havia feito 61 operações policiais que transpassam o combate à pandemia e envolvem irregularidades em contratos, fraudes em licitações, superfaturamentos, desvio de recursos públicos. Desde compras de máscaras e aventais, até aquisição de respiradores e contratos de hospitais de campanha para atender os pacientes com Covid-19. Diversos foram os atores e alvos dessas investigações de corrupção – de norte a sul do país. Governadores e secretários de saúde foram afastados – e presos –, casas de assessores foram revistadas e diversos nomes citados. Agora, estamos vendo de maneira estarrecedora as falsas vacinações em idosos e o fura-filas de pessoas que não pertencem a um grupo de risco ou não são linha da linha frente. Um absurdo. São casos em que não tinha nada dentro das seringas ou, a princípio, profissionais de saúde não aplicaram o líquido nas pessoas que foram aos locais de
imunização. Tudo isso veio à tona porque familiares fizeram vídeo. Era só o que faltava, teremos, a partir de agora, que filmar para ter a certeza que seremos vacinados. Em Dourados não há, ainda, notícia de casos sobre falsa aplicação, no entanto, o Ministério Público Estadual apurou - e instaurou inquérito - que profissionais da saúde que não são da linha de frente foram vacinados. Também descobriu a falta de critérios corretos para garantir se o trabalhador da saúde realmente atua com pessoas com coronavírus. A aplicação da vacina em qualquer pessoa que não se enquadre nos critérios estabelecidos nesse momento é irregular. A prática pode ser enquadrada como improbidade administrativa, ou seja, uma pena extremamente branda numa fase onde milhões de pessoas anseiam pela vacina. A falta de rigor faz com que muitos indivíduos abusem do poder ou do privilégio que possuem para ficarem ricos a custas do povo ou se darem bem em certas situações.
Procrastinação com qualidade LEONARDO TORRES*
*Psicoterapeuta junguiano e criador de conteúdo do perfil @Psiarque no Instagram
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om o advento da pandemia, trabalhar e estudar em casa foi, em um primeiro momento, uma promessa de melhoria da qualidade de vida. No entanto, alguns “inimigos” surgiram com mais força. Um deles é a procrastinação. Não é incomum clientes, colegas e amigos relatarem que estão procrastinando mais e, em seguida, acabam por se martirizarem por isso. O que leva a quadros de pânico, ansiedade, baixa autoestima e outros sintomas. Na realidade, o grande inimigo não é procrastinar. O inimigo real é a guerra que o indivíduo inicia com
Carta do Leitor “Esperamos que o novo prefeito de Dourados mande roçar logo os matos do meio das ruas de
a procrastinação. No momento em que o corpo e a alma pedem pelo ócio - pelo fazer nada - , o indivíduo se frustra e não vai buscar um ócio de qualidade. Sua fuga são as redes sociais, por exemplo. Quem navega nas redes sociais não se deixa levar pelo ócio. Acaba por rolar as notícias e curtir, comentar e compartilhar conteúdos. O indivíduo tenta anestesiar-se com as redes sociais para fugir do ócio e do medo proveniente dele. Ou seja, parece que ninguém mais dedica tempo para si mesmo; na verdade, parece que cada vez mais a atenção está voltada para o aparelho eletrônico e suas conexões virtuais. A palavra “ócio” está intrinsecamente interligada com a de origem grega “sklolé”, “escola”, em português. Escola como ambiente, para os gregos, do “fazer nada” que gera grandes criações e invenções. Ou seja, há muito já se sabe que a procrastinação de qualidade é necessária para alcançar o seu contraponto: a proatividade e a produtividade. Se um indivíduo comum passa cerca de um terço do dia nas redes sociais,
sem descansar, sem procrastinar, com certeza, a produtividade e a proatividade também serão afetadas. Vale ainda entender que o ser humano não é uma máquina que mantém sua produtividade em constância e consistência. Somos pêndulos: em um momento precisamos procrastinar para em outro momento sermos produtivos. Procrastinar com qualidade não é consumir imagens diversas: não é estudar, ver televisão, ficar nas redes sociais. Procrastinar com qualidade é colocar a referência em si. Pode-se, por exemplo, dormir: o sono produz uma homeostase psíquica e fisiológica. Expressões criativas como desenho e escrita também são bem-vindas. Meditações também podem ser uma procrastinação de qualidade. O fato é que cada indivíduo deve encontrar o seu método de procrastinar com qualidade, a fim de centrar-se, isto é, passar um tempo consigo mesmo, com seu corpo e alma, para conhecer-se e compreender-se.
nossa cidade, que estão feios e atrapalhando até dos motoristas virem quando vem outros carros. A herança que o prefeito recebeu da prefeita foi muito grande, ou é
mato e buraqueira, enfim, Dourados está horrível e vai dar muito trabalho para deixar em dia.” Maria Lala Ferreira
O ‘coringa’ pode voltar ao governo A reforma no primeiro escalão a ser promovida pelo governador Reinaldo Azambuja (PSDB) deve garantir a volta de Dione Hashioka para a Assembleia Legislativa. Inclusive, a tucana já fala como deputada estadual e espera ser empossada essa semana. Isto porque o deputado estadual Barbosinha (DEM) deve deixar a Assembleia para assumir o comando de uma secretaria. São dois caminhos possíveis para Barbosinha: Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) ou Secretaria de Governo e Desburocratização (Segov). Na segunda opção, Eduardo Riedel deixaria a Segov para administrar a Seinfra. Seu nome é um dos mais cotados para a secretaria que centraliza as obras do governo preparando-o para ser candidato a governador em 2022. É bom lembrar que Barbosinha já foi presidente da Sanesul e secretário de Justiça e Segurança Pública, tudo no mandato de Reinaldo. O governador quis elegê-lo prefeito no ano passado, mas deu com os burros n’água. Na mira O senador e líder da bancada do PSD no Senado Federal, Nelson Trad Filho (PSD), é cotado para assumir dois ministérios no governo Bolsonaro: Minas e Energia e Desenvolvimento Regional. Segundo o senador, que se diz favorável à reforma ministerial mesmo sem conquistar um cargo, ela deverá ocorrer apenas após o Carnaval. Já em relação às comissões, o senador revelou ao Correio do Estado que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), organizou uma reunião para esta semana e solicitou que eles entreguem suas indicações também após o recesso de Carnaval. Hora de pagar A promessa de campanha renovada em janeiro pelo presidente Jair Bolsonaro de ampliar a isenção do Imposto de Renda custará quase de R$ 74 bilhões aos cofres públicos. No mês passado, o presidente disse que tentaria passar a renda livre do pagamento do imposto para R$ 3 mil mensais. Em 2020, só ficaram isentos do IR quem tem renda inferior a R$ 1.903,98 por mês. Estudo da Associação Nacional dos Auditores da Receita Fiscal (Unafisco), repassado com exclusividade ao Estadão/Broadcast, mostra que a nova promessa de Bolsonaro beneficiaria 4,3 milhões de contribuintes, que ficariam isentos do tributo. Isso representaria uma redução de R$ 73,87 bilhões na arrecadação do governo federal.
Cidade melhor Em segunda votação, o projeto de lei Cidade Verde, do vereador ( e arquiteto) Fábio Luiz foi aprovado, sem emendas e com unanimidade, pela Câmara de Dourados. “Fico feliz em saber que estamos caminhando para um futuro mais colaborativo, onde a iniciativa pública e privada dão as mãos com um propósito comum: o zelo com a nossa cidade. Agora é com o Executivo” comentou o vereador. Dinheiro chegando O setor rural em Mato Grosso do Sul teve aprovados, 93 financiamentos por meio do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO), num valor total de R$ 231,5 milhões, informou em nota a Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro). Mais 12 cartas-consulta, num aporte de R$ 108 milhões, foram aprovadas para o setor empresarial. Segundo a Semagro, na reunião de janeiro do Conselho de Investimentos Financiáveis pelo FCO já haviam sido aprovadas 112 cartas-consulta, que somaram R$ 298 milhões para ambos os setores. De acordo com o secretário Jaime Verruck, a demanda por financiamento do setor rural é principalmente para aquisição de máquinas e equipamentos agrícolas, tendo em vista o crescimento da área plantada no Estado. Há demanda importante também para reforma de pastagem e aquisição e retenção de matrizes bovinas. Segundo a secretaria, o Estado terá R$ 1,698 bilhão disponíveis em recursos do FCO em 2021 para o financiamento de novos empreendimentos rurais e empresariais.
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Dourados, 20.2.2021 O PROGRESSO
Política
Saúde recebe socorro emergencial de R$ 9,2 mi do Governo do Estado O repasse servirá para quitar dívidas da Fundação de Serviços de Saúde da Prefeitura de Dourados FOTO: CHICO RIBEIRO
Reinaldo Azambuja em audiência com o prefeito de Dourados Alan Guedes e os secretários do Estado Geraldo Resende e Sérgio de Paula Em audiência com o prefeito de Dourados, Alan Guedes, nesta quinta-feira (18), o governador Reinaldo Azambuja autorizou a liberação de um socorro emergencial de R$ 9,2 milhões para a prefeitura quitar dívidas da Funsaud (Fundação de Serviços de Saúde) e evitar a paralisação do atendimento médico na macrorregião. O pedido de ajuda financeira partiu da prefeitura, explicou Reinaldo Azambuja. “Existem lá alguns débitos com médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde que totalizam R$ 4.755.000,00. Nos comprometemos com o prefeito Alan e vamos antecipar esse recurso para que a
prefeitura possa saldar essas dívidas”, destacou. Segundo o secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, outros R$ 4.500.000,00 serão repassados ao município de Dourados, em três parcelas de R$ 1,5 milhão, para que o Executivo Municipal possa pagar débitos atrasados com fornecedores de insumos hospitalares nas unidades de saúde geridas pela Funsaud, como o Hospital da Vida. “Mais uma vez, o Governo de Mato Grosso do Sul, através da Secretaria de Estado de Saúde (SES), por determinação do governador Reinaldo Azambuja, auxilia nessa questão difícil para que possamos,
em parceria, manter um cenário na saúde pública de Dourados capaz de dar um atendimento de qualidade para nossa gente”, pontuou o secretário. De acordo com o prefeito Alan Guedes, a liberação dos recursos vai fazer com que Dourados tenha maneiras de “se reorganizar para alinhar sua capacidade de investimento relacionados à Funsaud”. “Agradeço essa antecipação de recursos importantes para que a gente possa saldar alguns compromissos pendentes”, falou o gestor municipal. O prefeito agradeceu o apoio da bancada de Dourados na Assembleia Legislativa, representa-
da pelos deputados Barbosinha, Marçal Filho, Neno Razuk e Zé Teixeira. “Ao governador, obrigado pela sensibilidade. Aos deputados, pelo apoio à essa pauta. Os douradenses podem contar com a prefeitura, com o governo e com a bancada”, ressaltou. Reunião O secretário Geraldo Resende adiantou que nesta sexta-feira (19) estará em Dourados para tratar do socorro emergencial com as lideranças da Prefeitura de Dourados, da Câmara Municipal de Vereadores e da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul.
Marçal ajuda a levar rede de água para moradores de sitioca ARQUIVO
Nesta primeira etapa estão sendo atendidos moradores da Campo Belo III Moradores da sitioca Campo Belo III em Dourados começaram a receber pedidos de ligações domiciliares de água encanada. O problema que é antigo e atinge centenas de moradores começa a mudar devido a ações que permitiram a realização de estudos e de investimentos de recursos. O deputado Marçal Filho (PSDB) intercedeu junto ao Governo do Estado e Sanesul para que as demais sitiocas também recebam água tratada, além de rede de esgoto. No Plano Plurianual 2020-2023 de Mato Grosso do Sul, Marçal apresentou emenda aditiva para que fosse garantida reserva de recursos para a implantação dos sistemas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário nas sitiocas Campina Verde, Ouro Fino e Campo Belo. Quando as sitiocas foram criadas, há pouco mais de duas décadas, a realidade
Deputado Marçal Filho era outra em Dourados. Esses locais não eram considerados área urbana, no entanto, com o crescimento da cidade e a expansão do perímetro urbano pela prefeitura, os moradores passaram a pagar IPTU (Imposto, Predial, territorial e Urbano). “Acompanho a realidade das famílias há muitos anos. As sitiocas, que hoje são bairros, foram criadas sem as devidas infraestruturas e falta de água sempre foi um problema crôni-
co, além de ruas esburacadas, falta de iluminação pública”, disse Marçal Filho, que além de garantir recursos no Plano Plurianual, intercedeu o caso junto ao Governo do Estado. Por se tratar de loteamentos particulares, as obras para levar água a cada morador de sitioca dependem dos empreendedores. A Sanesul responde somente pelo serviço operacional (ligação da rede de água) e de manutenção. Nas demais sitiocas o processo para ligação de água está parado. Atualmente as sitiocas são abastecidas por caminhões pipa da Sanesul. O problema é mais crítico na Campo Belo I e II, assim como na Alvorada e Ouro Fino. “Água encanada é um bem precioso e essencial para qualquer família. A prefeitura precisa, o quanto antes, resolver esse impasse”, ressaltou o deputado. Algumas questões jurídicas impedem que a Sanesul atue diretamente nas sitiocas. A empresa ficou de agendar encontro com equipe técnica da prefeitura para estabelecer ajustes e estabelecer cronogramas de trabalho.
COLONO - Ô cumpadre! Fiquei sabendo que ocê ta na fila pra receber vacina... Mas nem idoso ocê é!!! ZÉ PINGA - Mas é que até a vacina chegar eu já envelheci... ic, ic, ic...
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Dourados, 20.2.2021 O PROGRESSO
Política
MP constata irregularidades na vacinação de profissionais da saúde em Dourados Promotora visitou postos de saúde e constatou que trabalhadores que não têm contato com pacientes Covid-19 estavam sendo imunizados. Prefeitura informou que fez ajustes e adotou novos protocolos EDEMIR RODRIGUES/SES-MS
Gracindo Ramos O Ministério Público Estadual realizou diligências nas unidades que estão vacinando profissionais da saúde de Dourados (MS). A 10° Promotoria de Justiça (proteção do consumidor, dos direitos constitucionais do cidadão, dos direitos humanos e da vítima de infração penal) apura denúncias de descumprimento dos critérios estabelecidos para imunização contra a Covid-9 dos trabalhadores que estão na linha de frente de combate à pandemia. As visitas da Promotora de Justiça Rosalina Cruz Cavagnolli aconteceram no último dia 9 de fevereiro. Segundo o relatório assinado por ela, pelo menos cinco unidades de saúde apresentaram irregularidades com relação a limitação dos grupos prioritários. Durante as diligências foi constatado que profissionais da saúde que não atuam na linha de frente, ou seja, não têm contato com pacientes de Covid, foram vacinados antes mesmo de demais trabalhadores que estão expostos a ambientes com pessoas infectadas. O documento do MPMS relata que em uma das visitas “foi confirmada a inexistência de qualquer tipo
Pelo menos cinco unidades de saúde apresentaram irregularidades com relação a limitação dos grupos prioritários de controle sobre as vacinações do grupo prioritário profissionais de saúde, se realmente estavam sendo vacinados os trabalhadores envolvidos com pacientes SARS-coV-2, eis que era exigida apenas a apresentação de documento comprovando o vínculo com os hospitais. Inclusive, no instante, havia uma servidora com uniforme do Hospital do Coração, unidade que sequer possui atendimento específico para pacientes Covid-19, isso desde o início da pandemia até os dias atuais”. Esse caso aconteceu na Unidade Básica de Saúde do Parque das Nações II. A promotora ainda visitou as unidades da Cabeceira Alegre, do Jardim Maracanã, do 4° Plano e do bairro Parque do Lago. Na unidade Parque do Lago, de acordo com o relatório “também foi averiguado que as chamadas do telefone [...] não são atendidas porque não existe nenhum aparelho telefônico, pois ‘estava estragado e ninguém repôs’”. Na UBS também não há nenhum coordenador administrativo desde a segunda quinzena de janeiro deste ano. Na Unidade Básica de Saúde Cabeceira Alegre, a promotora foi recebida pela coordenadora. Lá foi “identificado que no momento do agendamento das vacinas apenas
Relatório apontou que não havia controle para que profissional provasse que atua na linha de frente do combate à pandemia era solicitado que o profissional comprovasse o vínculo com determinada unidade de saúde. Por exemplo, era pedido apenas documentação pessoal e crachá ou cópia de holerite, demonstrando apenas que trabalhava em determinado hospital, e não comprovante que realmente fosse profissional linha de frente, que lidasse diretamente com pacientes SARS-coV-2”. A coordenadora “foi expressamente advertida de que, neste primeiro momento, as vacinas devem, obrigatoriamente, ser destinadas para o grupo prioritário, isto é, para os profissionais de saúde atuantes na linha de frente no combate à pandemia que tenham contato direto com pacientes SARS-coV-2, e que todos os demais devem esperar as próximas etapas, e que, no instante do agendamento/chegada na unidade, deve ser expressamente exigida uma declaração/apresentação de documentação análoga que comprove a atuação na linha de frente, e não o mero vínculo com a unidade de saúde, e que aqueles que não comprovarem tal situação não devem, de forma alguma ser vacinados”. Ainda segundo o relatório, “no instante a Coordenadora informou que iria cancelar todos os agendamentos já realizados, pois efetivamente não houve o controle prévio de profissionais realmente envolvidos com pacientes Covid-19”. Já na UBS do Jardim Maracanã, foi necessária a autorização para dar continuidade à vacinação de profissionais da saúde que já haviam agendado a imunização. O responsável pela aplicação informou que
no período da tarde já tinha aberto um frasco da vacina, com o qual ainda era possível vacinar 8 pessoas. Para evitar desperdício de doses, foram realizadas as aplicações “unicamente para terminar aquele frasco”. No local ainda foi comprovado novamente que não existia nenhum controle a respeito dos profissionais de saúde que seriam vacinados. Não havia nenhum protocolo para identificar ou comprovar que os agendamentos eram de trabalhadores lotados em setores de assistência direta aos casos confirmados ou suspeitos de Covid-19. Os agendamentos, conforme o MP, eram feitos com a mera informação de que o vacinado estava relacionado a um hospital, mediante a simples solicitação de crachá ou cópia de holerite. Em diligência a unidade do BNH IV Plano, a coordenadora informou que estariam “priorizando de fato os profissionais linha de frente contra a Covid-19, tendo como respaldo uma lista previamente encaminhada pelo Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados HU/UFGD”. Mas, na “sala de vacinação foi averiguada a presença duas pessoas que estavam com crachá do Hospital CASSEMS e que tinham acabado de receber a vacina contra a Covid-19. Em entrevista com um deles, o mesmo informou que trabalhava na recepção do setor oncologia, que havia sido orientado pelos responsáveis pela unidade para ir se vacinar, tendo confirmado que, de fato, há uma divisão entre os setores onde ele trabalha e onde há atendimento de pacientes SARS-coV-2, de modo que ele não tem contato direto com tais
pacientes”. A coordenadora e todos os profissionais que realizam a imunização no local foram advertidos sobre a prioridade para trabalhadores da linha de frente. O relatório do Ministério Público encerra informando que, em todas as unidades de saúde visitadas, todos os servidores receberam uma cópia de do “ofício número 0068/2021/10PJ/DOS (encaminhado dia 08/02/2021 para o Secretário Municipal de Saúde e Gerente do Núcleo de Imunização) e assinaram uma via do mesmo documento [...], estando plenamente cientes de que a violação das regras/normativas e a vacinação de profissionais de saúde que não integrem o grupo prioritário (linha de frente) ensejará a imediata responsabilização nas esferas cíveis e criminais de todos aqueles envolvidos na violação das normas”. Saiba mais
Novos protocolos Ao jornal O PROGRESSO, a assessoria da Prefeitura de Dourados ressaltou que as diligências foram no dia 9 de fevereiro e que, depois das vistorias “a prefeitura já fez vários ajustes e adotou novos protocolos para atender as observações da promotora”. Segundo informado, o serviço de imunização de profissionais da saúde não foi interrompido e segue normalmente. Uma das iniciativas adotadas foi a criação da Central de agendamentos para padronizar e organizar o fluxo, tanto de profissionais de saúde quanto para idosos”, comunicou a assessoria.
Amor ou abuso: como identificar um relacionamento tóxico PÁG. 5
Ao natural: cachos e grisalhos ganham força na pandemia PÁG. 8
DIA A DIA Dourados, 20.2.2021 O PROGRESSO DIVULGAÇÃO
A vacina é a esperança para que esses profissionais possam atuar de forma mais segura
Em MS, 21 profissionais da Saúde morreram e 7 mil se contaminaram com Covid-19 Em Dourados mais de 1 mil profissionais foram contaminados e cinco perderam a vida; Brasil responde por um terço do total de mortes pela covid-19 entre os profissionais da categoria Valéria Araújo Em Mato Grosso do Sul 21 profissionais da Saúde perderam a vida durante a “guerra” contra a Covid-19. No total, 7.443 casos foram confirmados nesse perfil e 7.249 foram recuperados. Em Dourados mais de 1 mil profissionais foram contaminados e cinco perderam a vida, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde do MS.
Em todo o Brasil 500 mortes ocorreram entre profissionais que lutavam na linha de frente do combate à doença A vacina é a esperança para que esses profissionais possam atuar de forma mais segura. De acordo com o Vacinômetro de MS, ao todo, 62,86% dos profissionais de saúde foram vacinados. No total 43.884 receberam a primeira dose e 15.185 receberam a segunda dose. Em Dourados, o primeiro profis-
sional de Saúde a receber a vacina foi o enfermeiro Valdeci Santana, de 50 anos. Ele trabalha na Unidade Básica de Saúde da Vila índio e na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) do Hospital Universitário. Casado e pai de dois filhos, o enfermeiro atua há 25 anos na saúde. Segundo ele, ser escolhido para tomar a primeira dose foi um reconhecimento a todos os profissionais que estão na linha de frente do combate à Covid-19. “Durante a pandemia estamos vendo muitos colegas sendo infectados pelo vírus e muitos deles não sobreviveram. Como servidores da saúde, nos desdobramos todos os dias para salvar a vida de outras pessoas e fazemos isso com amor. Nos paramentamos todos os dias, sem tirar a máscara e também tivemos muitos momentos de cansaço, mas a vacina nos traz esperança e sentimento de dever cumprido”, ressaltou. Em todo o Brasil 500 mortes ocorreram entre profissionais que luta-
vam na linha de frente do combate à doença. Este é o total de enfermeiras, técnicos, auxiliares de enfermagem e obstetrizes que morreram em 2020 e 2021 em decorrência do novo coronavírus —trinta deles apenas em janeiro deste ano, de acordo com dados do Conselho Federal de Enfermagem. Conforme o El Paris, o Brasil responde por um terço do total de mortes pela covid-19 entre os profissionais da categoria, um dado alarmante tendo em vista que sem eles, salvar vidas nos hospitais todos os dias se torna uma tarefa impossível. O dado global mais recente sobre letalidade da covid-19 entre profissionais da área foi divulgado em novembro pelo Conselho Internacional da categoria, e dava conta de 1.500 mortos em 44 países —a cifra já deve ter sido superada. “O fato de que o número de enfermeiros e enfermeiras mortos na pandemia seja similar aos que faleceram na I Guerra Mundial é chocante”, afir-
mou Howard Catton, chefe-executivo da entidade durante a divulgação do relatório de óbitos, fazendo um paralelo entre a atual crise sanitária e um dos conflitos mais violentos da história humana. Saiba mais
Mortes em Dourados No dia 13 de junho de 2020 foi registrada a primeira morte de profissional da linha de frente. A auxiliar de enfermagem Malory Melo, 54, morreu em Dourados. Miguel Yoneda, 74 anos, foi o primeiro médico a morrer por causa da covid-19. O segundo foi o médico Dirceu Ferreira Guimarães, de 82 anos. O pneumologista Antônio Carlos Monteiro, 59, morreu no dia 9 de julho. O clínico geral e pediatra Feliciano Esteban Corrales Lopes foi o 4º médico a morrer, em 19 de julho.
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Dourados, 20.2.2021 O PROGRESSO
Dia a Dia
Gasolina ultrapassa os R$ 5 e consumidor opta pelo etanol em Dourados Constantes reajustes e valores dos impostos elevam o valor da gasolina. Em Dourados, valor do etanol fica em R$ 3,83 e aumento no consumo já é notado nos postos de combustíveis DIVULGAÇÃO
Jhonatan Xavier Especial para O Progresso Apenas nos dois primeiros meses de 2021 o preço da gasolina sofreu dois reajustes, totalizando um aumento de 13,4%. Em Dourados o valor médio fica em torno de R$5 e, pra não ficar a pé, o consumidor já fez as contas e optou por abastecer com o etanol. Nos últimos quinze dias o valor médio do etanol, em Dourados, se manteve em R$3,83, uma diferença de mais de 70% para a gasolina, com isso o aumento no consumo já pode ser notado nos postos da cidade. “A estimativa de venda do etanol é
Apesar do aumento na procura por etanol, as constantes altas no preço do combustível já afetaram o consumo nos postos No ano passado a arrecadação do ICMS sobre combustíveis rendeu mais de R$2,7 bilhões aos cofres estaduais de um crescimento em 11%, só em fevereiro. Considerando que não é um mês bom para comparações, visto que dezembro o movimento é maior do que janeiro.” Conta José Xavier, proprietário de um posto na região central de Dourados. Apesar do aumento na procura por etanol, as constantes altas no preço do combustível já afetaram o consumo no posto. “Essa mudança causa grande impacto e ainda temos que enfrentar uma concorrência desleal, onde muitos não colocam o valor que daria para trabalhar e pagar as despesas da empresa. Sem contar os impostos, taxas, alvarás e licenças.”, afirma o comerciante. Até o momento a Petrobras está ofertando o litro da gasolina a R$2,25. Vale lembrar que esse é o valor de venda aos postos, que até
Em Dourados o valor médio fica em torno de R$ 5; consumidor já fez as contas e optou por abastecer com o etanol chegar ao consumidor tem o reajuste de diversos impostos estaduais e federais. Possíveis mudanças Uma medida proposta pelo governo federal pretende unificar a alíquota do Imposto de sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre o combustível. Se aprovado pelo Congresso, o Projeto de Lei vai garantir que o valor do ICMS seja o mesmo para todos os estados, diminuindo o valor final pago pelo consumidor e a diferença no preço para outros estados. Atualmente a variação do ICMS
sobre a gasolina varia entra 25% e 34%. Segundo tabela do PMPF, Mato Grosso do Sul é o 7º estado com a gasolina mais cara em todo o país. No ano passado a arrecadação do ICMS sobre combustíveis rendeu mais de R$2,7 bilhões aos cofres estaduais. “Essa variação é ruim tanto para o consumidor, quanto para o comerciante. Com essa medida estamos esperançosos para que logo possamos ter um valor mais justo no combustível.”, disse Edson Lazaroto, gerente executivo do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis (Sinpetro MS).
Saiba mais
Etanol deve aumentar
Ainda segundo Lazaroto, o consumo do etanol no estado teve um crescimento de cerca de 39%, mas nos próximos dias o consumidor deve sentir um leve aumento no preço do combustível. Com o período de entressafra da cana-de-açúcar, os produtores devem procurar um equilíbrio entre oferta e demanda, com isso é natural um reajuste no preço final do produto. Apesar do aumento, o etanol ainda continua sendo a opção mais rentável ao consumidor.
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Dourados, 20.2.2021 O PROGRESSO
Dia a Dia
Com lombadas retiradas, Dourados segue há quase dois anos sem sinalização Desde a desativação das lombadas eletrônicas, diversos pontos da cidade, como os arredores de escolas, não têm sinalização para redução de velocidade e atenção MARCOS RIBEIRO
Jhonatan Xavier Especial para O Progresso Após muita polêmica, mudanças e contratos, as lombadas eletrônicas foram desativadas em 2019 e, em Dourados, os aparelhos terminaram de ser retirados no ano passado. Porém, desde a desativação, nada foi feito nos locais onde elas ficavam, o que preocupa os moradores. Áreas que exigem um pouco mais de atenção e cuidado, como nas proximidades de escolas, não receberam uma sinalização específica para controle de velocidade a atenção no trânsito. Com a troca de gestão pública e o início do processo de licitação para a instalação de novas lombadas, a prefeitura aguarda para, enfim, realizar a sinalização. “Estamos trabalhando para a instalação de novas lombadas, assim que essa questão for resolvida e forem definidos os locais de instalação, vamos iniciar a sinalização na cidade. Queremos fazer isso o quanto antes.”, afirma Mariana de Souza Neto, diretora-presidente da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito de Dourados). Representantes da agência devem ir até o Detran de Campo Grande no próximo dia 23 para se informar sobre o andamento da licitação. Educação no trânsito Com a retomada dos trabalhos a Agetran estuda novas formas de conscientização no trânsito, enquanto o impasse das lombadas não é resolvido. “Em março vamos iniciar o trabalho de blitz educativa nas ruas de Dourados, além disso estamos preparando materiais de divulgação para promover a conscientização.”, finaliza Mariana. Fim das lombadas As lombadas eletrônicas passaram a operar em Dourados em 2015, porém, em todo o Mato Grosso do Sul elas começaram a ser desligadas em julho de 2019. O motivo do fim do contrato foi a alegação da Perkons, empresa responsável pelo funcionamento das lombadas, que passou a cobrar R$16,3 milhões que não teriam sido pagos pelo governo do estado.
Rua W-5 que vai até o Izidro Pedroso tem movimento intenso, mas está sem redutor
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Dourados, 20.2.2021 O PROGRESSO
Dia a Dia
Tomar a vacina é obrigatório pela lei, mas punição é branda Sanções vão desde a não poder se matricular em creches e instituições de ensino, efetuar o alistamento militar ou receber benefícios sociais do governo DIVULGAÇÃO
Cristina Nunes
NA HORA DE VACINAR, O QUE PREVALECE: A DECISÃO INDIVIDUAL OU O INTERESSE PÚBLICO?
Por mais que não existam punições severas, a obrigatoriedade da vacina está prevista na lei brasileira. Promulgada em 1975, a lei 6.259, que instituiu o Programa Nacional de Imunizações, já ressaltava a obrigação de se vacinar. Nela, há previsão até mesmo da edição de medidas estaduais — com audiência prévia do Ministério da Saúde — para o cumprimento das vacinações. O advogado e professor universitário da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) Eduardo Monteiro Corrêa, explica que essa obrigatoriedade implica sanções como as previstas na Portaria nº 597, de 2004, que instituiu o calendário nacional de vacinação. “Ali, é apontado que o indivíduo, não tendo completado o calendário, não poderá se matricular em creches e instituições de ensino, efetuar o alistamento militar ou receber benefícios sociais do governo”, afirmou.
Por mais que o direito à liberdade esteja previsto na Constituição, ele não pode ser usado para justificar recusas à vacinação, de acordo com o advogado. Isso porque a alegação esbarra em outro ponto previsto na lei: a supremacia do interesse público.
“Vacinem-se, precisamos voltar à vida normal e isto é uma decisão que depende da coletividade” “Quando a gente está falando de obrigatoriedade, não estou dizendo que a pessoa que se recusar vai ser presa, não é nada disso. Existem coisas obrigatórias no Estado. Por exemplo, o voto é obrigatório, mas ninguém vem na sua casa te obrigar a votar. O que acontece é que se criam sanções”, explica Eduardo. Para o advogado e professor, a obrigatoriedade se mostra de maneira tão clara em textos anteriores que nem seria necessário determiná-la na lei 13.979, sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro em fevereiro de 2020 com formas de enfrentamento ao surto de Covid-19. O texto, no entanto, reforça que a vacinação compulsória pode ser uma das medidas adotadas por autoridades de saúde no controle da pandemia. Caso isso ocorra, Eduardo ressalta que os termos da campanha de imunização devem ser estipulados em uma nova portaria. “Esse dispositivo não cria uma vacina obrigatória em abstrato, até porque não existia vacina quando essa lei foi aprovada. Mas com a aprovação da vacina, o Ministério da Saúde tem, sim, competência para torná-la obrigatória. Isso não significa que vai ser para toda a população. O ministério tem que publicar isso em uma norma jurídica, uma portaria, especificando se vai ser obrigatória, para quem, para que grupos populacionais. Pode ser, por exemplo, só
Advogado frisa que as vacinas transcendem à escolha individual para idosos e para crianças. Isso vai ser definido com base na vacina.” Outras previsões legais. Para crianças e adolescentes que não completarem o calendário vacinal, o ECA prevê sanções administrativas aos pais e responsáveis. O parágrafo 1º do artigo 14 é claro ao determinar que é “obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias”. A pena pode incutir no pagamento de uma multa que varia de três a 20 salários mínimos. Eduardo Monteiro afirma que se pode, em tese, chegar ao limite da sanção do estatuto, que é a perda de guarda da criança. Para isso, no entanto, seria necessária uma ação judicial. Há, ainda, obrigações específicas para trabalhadores que atuam em regiões como portos e aeroportos. De acordo com a Portaria nº 1.986/2001 do Ministério da Saúde, “é obrigatória a vacinação dos trabalhadores das áreas portuárias, aeroportuárias, de terminais e passagens de fronteira”. Por mais que não cite especificamente a imunização, o Código Pe-
“Neste momento não se vacinar é um ato de ignorância, quando deixamos de nos imunizar estamos contribuindo para que vidas sejam ceifadas, contribuímos inclusive para que a economia siga ruindo, é uma decisão individual, mas que traz consequências a um país inteiro” Eduardo Monteiro Corrêa (Advogado e professor universitário)
nal também estabelece punição, em seu artigo 268, a quem “infringir determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa”. A pena prevista, nesses casos, é de detenção de um mês a um ano e multa. As punições são aumentadas em um terço se os responsáveis forem funcionários de saúde pública ou exercerem profissão de médico, farmacêutico, dentista ou enfermeiro. A determinação dos limites entre o individual e o coletivo cabe ao Estado, detentor do chamado poder de polícia. No Direito Administrativo, esse conceito busca garantir o bem-estar social, impedindo o uso abusivo dos direitos individuais ou a prática de atividades nocivas à coletividade, explica Eduardo Monteiro. De acordo com o advogado, essa característica intervencionista se aplica em ações de saúde pública. “É identificado pela legislação sanitária o interesse público coletivo que permite que seja limitada a liberdade individual. E aí entramos no campo da vacina, que há muito tempo é reconhecida pela sua ideia de proteção da coletividade. Reconhece-se que há interesse público”. O advogado Eduardo, frisa que, as vacinas transcendem à escolha individual; por serem (e quando forem) cientificamente recomendadas, o meu direito individual a decidir sobre a minha saúde cede ao direito coletivo de um ambiente livre de coronavírus, por exemplo. “Neste momento não se vacinar é um ato de ignorância, quando deixamos de nos imunizar estamos contribuindo para que vidas sejam ceifadas, contribuímos inclusive para que a economia siga ruindo, é uma decisão individual, mas que traz consequências a um país inteiro. Portanto, vacinem-se, precisamos voltar a vida normal e isto é uma decisão que depende da coletividade, juntos venceremos e dias melhores virão”, frisou Eduardo.
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Dourados, 20.2.2021 O PROGRESSO
Dia a Dia
Amor ou abuso: como identificar um relacionamento tóxico Promotor diz que o abusador silencia a vítima aos poucos e faz uma desconstrução de sua identidade FOTOS: DIVULGAÇÃO
Valéria Araújo Apesar de muito claro para quem está de fora, identificar um relacionamento abusivo não é fácil. As vítimas geralmente não conseguem perceber como e quando entraram nessa situação. O assunto repercute com o rápido romance protagonizado pela cantora Karol Conká e pelo modelo Arcrebiano, na 21ª edição do Big Brother Brasil, considerado um exemplo de como as atitudes de um dos parceiros pode impactar na relação e gerar transtornos ao abusado. O público que assiste ao reality acusa a sister de ter sido a pivô da relação conturbada, que gerou confusões para além do casal. Vale ressaltar que não são apenas relacionamentos amorosos que podem ser abusivos. Na realidade, a relação entre pais e filhos ou mesmo relações de trabalho também podem ser abusivas. Tal dinâmica pode prejudicar o lado emocional, físico, psicológico, financeiro, cultural, social e sexual da vítima. Em Dourados, o promotor de Justiça da 13ª Promotoria (Enfrentamento e Combate à Violência Doméstica e Familiar contra Mulher), Izonildo Gonçalves de Assunção Junior, explica que o relacionamento abusivo silencia a vítima aos poucos e faz uma desconstrução de sua identidade. “É uma forma de controle que começa com coisas sutis, como impedir que se saia com as amigas por exemplo, por uma prova de amor. As atitudes como ir buscar no trabalho, ou dizer que determinada roupa não combina com a vítima, vai levando a uma forma de controle e diminuição da auto-estima do outro. Essa pessoa que sofre esse controle acaba ficando confusa e em determinado momento ela se sente culpada pelo relacionamento estar ruim”, explica. Izonildo explica ainda que é difícil identificar um relacionamento abusivo e a pessoa precisa prestar atenção aos sinais, como as pequenas renúncias que vem fazendo em benefício do outro e que terminam com grandes sacrifícios. “Ela vive em função do outro e acredita ser amor e isso vai levando a um estado de submissão o que faz ainda com que a vítima perca a própria identidade. Essa forma de controle que é uma forma de violência psicológica pode culminar em outros tipos como agressão física, além do feminicídio ou homicídio”, reforça. Conforme Izonildo, geralmente quem passa por isso não consegue reagir e muitas vezes sente-se culpado pelo fracasso do relacionamento. “O ciumento demonstra toda a vaidade e insegurança que ele tem. Isso pode ser uma reprodução de atos passados violentos sofridos por essa pessoa que agora é abusadora. É um relacionamento complicado e exige
“Essa pessoa que sofre esse controle acaba ficando confusa e em determinado momento ela se sente culpada pelo relacionamento estar ruim” Izonildo Gonçalves de Assunção Junior (Promotor de Justiça)
Assunto repercute com o rápido romance na 21ª edição do Big Brother Brasil
CONHEÇA O CICLO DO RELACIONAMENTO ABUSIVO O ciclo da violência é usado para identificar se uma mulher está sofrendo violência psicológica e física do marido em ambiente doméstico. O método, desenvolvido pela psicologa Lenre Alker é dividido em três etapas: aumento de tensão, ataque violento e a ‘Lua de Mel’. FASE 1: AUMENTO DA TENSÃO A primeira fase é marcada pelo chamado ‘aumento de tensão’. É quando o agressor cria atrito e passa a se comportar de maneira mais ameaçadora. Há acessos de raiva. Ele também humilha a vítima, faz ameaças e destrói objetos. A mulher tenta acalmar o agressor, fica aflita e evita qualquer atitide que possa provocá-lo. As sensações são muitas: tristeza, angustia, ansiedade, medo e desilusão, entre outras. FASE 2: ATO DE VIOLÊNCIA Esta fase corresponde à explosão do agressor, ou seja, a falta de controle chega ao limite e leva ao ato violento. Aqui, toda a tensão acumulada na Fase 1 se materializa em violência verbal, física, psicológica, moral ou patrimonial. Mesmo tendo consciência de que o agressor está fora de controle e tem um poder destrutivo grande em relação à sua vida, o sentimento da mulher é de paralisia e impossibilidade de reação. Aqui, ela sofre de uma tensão psicológica severa (insônia, perda de peso, fadiga constante, ansiedade) e sente medo, ódio, solidão, pena de si mesma, vergonha, confusão e dor. Nesse momento, ela também pode tomar decisões − as mais comuns são: buscar ajuda, denunciar, esconder-se na casa de amigos e parentes, pedir a separação e até mesmo suicidar-se. Geralmente, há um distanciamento do agressor. FASE3:ARREPENDIMENTO E COMPORTAMENTO CARINHOSO Também conhecida como “lua de mel” , esta fase se caracteriza pelo arrependimento do agressor, que se torna amável para conseguir a reconciliação. A mulher se sente confusa e pressionada a manter o seu relacionamento diante da sociedade, sobretudo quando o casal tem filhos. Em outras palavras ela abre mão de seus direitos e recursos, enquanto ele diz que “vai mudar”. Há um período relativamente calmo, em que a mulher se sente feliz por constatar os esforços e as mudanças de atitude, lembrando também os momentos bons que tiveram juntos. Como há a demonstração de remorso, ela se sente responsável por ele, o que estreita a relação de dependência entre vítima e agressor. Um misto de medo, confusão, culpa e ilusão fazem parte dos sentimentos da mulher. Por fim a tensão volta e com ela as agressões da fase 1.
grandes sacrifícios da vítima, porque ela é obrigada a fazer mudanças rápidas e intensas no modo de viver dela como sair da escola, da faculdade ou parar de trabalhar. Ela é obrigada a fazer um isolamento social da família, dos amigos, da profissão. Essas pessoas abusadas vão perdendo esse vínculo social e a auto-estima. A pessoa, ao invés de ser livre e plena e capaz, acaba perdendo vínculos e refém dessa relação”, destaca. ONDE PROCURAR AJUDA?
Disque 180 Central de Atendimento à Mulher Coordenadoria Especial de Políticas Públicas para a Mulher/Dourados Rua João Rosa Góes, 395 – centro – 79804-020. Tel.: (67) 3411-7708 / 3411-7746 – ramal 221. mulheres@ dourados.ms.gov.br Viva Mulher – Centro de Atendimento à Mulher em Situação de Violência Rua Hiran Pereira de Matos, 1520 – Vila Mary – 79831-250. Tel.: (67) 34245268 / 8468-6108. vivamulherdourados@hotmail.com Del. de Atendimento à Mulher – DAM R. Projetada B, 820 - Vila Bela, Dourados - MS. Telefone: (67) 3421-1177 Delegacia de Polícia Civil – 1ºDP Rua Cuiabá, 1828 – Jardim Veneza – 79804-970. Tel.: (67) 3411-8060 Ministério Público Estadual 13ª Promotoria de Justiça –Violência Doméstica e Familiar contra Mulheres. Rua João Corrêa Neto, 400 – Santo Antônio – 79810-080. Tel.: (67) 3902-2872 Defensorias Públicas Cíveis Rua Presidente Vargas, 177 – Jardim América – 79804-030. Tel.: (67) 34219997 / Fax: (67) 3422-5133
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Dia a Dia
Saiba quem pode ou não tomar a vacina contra a Covid-19 Veja se gravidez, alergia, doenças reumáticas, oncológicas e outros fatores podem impedir ou adiar a imunização de uma pessoa, conforme orientação de especialistas e do Ministério da Saúde FOTO: SES/MS
Gracindo Ramos Muitas questões envolvem a vacinação contra a Covid-19. Bombardeadas por teorias da conspiração e informações falsas, muitas pessoas questionam a segurança e a eficácia das vacinas desenvolvidas que podem conter a pandemia. O PROGRESSO reuniu informações sobre as recomendações para a aplicação desses imunizantes, de acordo com o 2° Informe Técnico do Ministério da Saúde do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19, de 23 de janeiro de 2021,
Muitas pessoas questionam a segurança e a eficácia das vacinas desenvolvidas que podem conter a pandemia Segundo a Secretaria de Estado de Saúde do MS, “as pessoas não podem tomar as doses de laboratórios diferentes Segundo o documento, a Vacina Sinovac/Butantan deve ser aplicada duas vezes, com intervalo de 2 a 4 semanas entre as doses. Já a AstraZeneca/Oxford/Fiocruz deverá ser administrada com intervalo de 12 semanas entre as doses. O informe técnico ainda orienta que, mesmo que o indivíduo seja impedido de retornar no prazo determinado, ele deve tomar a 2ª dose assim que possível para completar o esquema. Segundo a Secretaria de Estado de Saúde do Mato Grosso do Sul, “as pessoas não podem tomar as doses de laboratórios diferentes. É necessário tomar a mesma vacina. Para isso, os municípios fazem o controle da vacina aplicada em cada pessoa”. Veja se alguma condição pode impedir ou adiar a imunização de determinada pessoa: Outras vacinas Neste momento, não é recomendado a administração simultânea das vacinas contra a Covid com outras vacinas do Calendário Nacional de Vacinação. Preconiza-se um intervalo mínimo de 14 dias entre as vacinas Covid-19 e as diferentes vacinas do PNI. Sintomas Pessoas com sintomas de síndrome gripal e/ou síndrome febril aguda não devem ser vacinadas. Deverá ser realizada uma triagem rápida para identificar sinais de doença respiratória e síndrome gripal. Esses pacientes podem procurar atendimento médico. “Recomenda-se o adiamento da vacinação até a resolução do quadro, com o intuito
Nota Técnica do Ministério da Saúde recomenda orientação médica em alguns casos de não se atribuir à vacina as manifestações da doença”, diz a nota técnica. Curados da Covid-19 Indivíduos com histórico anterior de infecção ou com anticorpo detectável pelo Sars-Cov-2 podem ser vacinados. Casos ativos de Covid Entretanto, em caso de infecção em atividade, período de incubação do vírus ou assintomáticos é necessário adiar a vacinação, até a recuperação clínica total e pelo menos quatro semanas após o início dos sintomas. Alergias O Ministério da Saúde recomenda que seja feita uma entrevista com o paciente para constatação acerca de alergias e histórico de desmaios antes da aplicação da vacina. Quem possui algum tipo de hipersensibilidade deve consultar a bula do fabricante, verificando o princípio ativo ou qualquer dos excipientes da vacina. A segunda dose é contraindicada para aquelas pessoas que já apresentaram uma reação anafilática confirmada na primeira aplicação de uma vacina Covid-19. Doadores de sangue O informe orienta ficar sem doar sangue 48 horas após cada dose da vacina Sinovac/Butantan; e 7 dias após receber cada dose da vacina AstraZeneca/Fiocruz.
Gestantes, puérperas e lactantes Segundo Ministério da Saúde, “a segurança e eficácia das vacinas não foram avaliadas nestes grupos”. Mas para mulheres grávidas, que tiveram filho recentemente e/ou estão amamentando e pertencem a um dos grupos prioritários “a vacinação poderá ser realizada após avaliação cautelosa dos riscos e benefícios e com decisão compartilhada, entre a mulher e seu médico prescritor”. Sobre esse grupo, a nota ainda diz que “caso opte-se pela vacinação das lactantes, o aleitamento materno não deverá ser interrompido”. Portadores de doenças reumáticas Sobre esse grupo, o Informe Técnico orienta que “preferencialmente o paciente deve ser vacinado estando com a doença controlada ou em remissão, como também em baixo grau de imunossupressão ou sem imunossupressão. Entretanto, a decisão sobre a vacinação em pacientes deve ser individualizada, levando em consideração a faixa etária, a doença reumática autoimune de base, os graus de atividade e imunossupressão, além das comorbidades, devendo ser sob orientação de médico especialista”. Imunoglobina “Pacientes que fazem uso de imunoglobulina humana devem ser vacinados com pelo menos um mês de intervalo entre a administração da imunoglobulina e a vacina, de forma a não interferir na resposta imunológica”, diz a recomendação.
PACIENTES ONCOLÓGICOS, TRANSPLANTADOS E DEMAIS PACIENTES IMUNOSSUPRIMIDOS “A eficácia e segurança das vacinas COVID-19 não foram avaliadas nesta população. No entanto, considerando as plataformas em questão (vetor viral não replicante e vírus inativado) é improvável que exista risco aumentado de eventos adversos. A avaliação de risco benefício e a decisão referente à vacinação ou não deverá ser realizada pelo paciente em conjunto com o médico assistente, sendo que a vacinação somente deverá ser realizada com prescrição médica”, afirma o documento. Saiba mais
Quem faz uso de antiagregantes plaquetários e anticoagulantes orais Conforme a nota técnica, “o uso de injeção intramuscular em pacientes sob uso crônico de antiagregantes plaquetários é prática corrente, portanto considerado seguro”. E “não há relatos de interação entre os anticoagulantes em uso no Brasil com vacinas”. Ressaltando que “Por cautela, a vacina pode ser administrada o mais longe possível da última dose do anticoagulante direto”.
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Fundação de Saúde da Prefeitura tem dívida de R$ 714 mil de energia Contas atrasadas de energia elétrica arriscam atendimentos na UPA e no Hospital da Vida de Dourados DIVULGAÇÃO
Flávio Verão A Fundação de Serviços da Saúde (Funsaud) de Dourados, responsável pela administração da UPA e Hospital da Vida, acumula dívidas com a concessionária Energisa, de contas não pagas desde março do ano passado. Com multas, juros e correções o valor chega a R$ 714.105,65. Sem nenhuma resposta até agora, a empresa recorreu aos vereadores para ver se encontra uma saída. Conforme documento ao qual O PROGRESSO teve acesso, devido a recorrente inadimplência das faturas de consumo de energia elétrica, as unidades consumidoras de responsabilidade da Funsaud poderão estar sujeitas à suspensão de fornecimento de energia elétrica. “A suspensão, por falta de pagamento, do fornecimento de energia elétrica a consumidor que preste serviço público ou essencial à população e cuja atividade sofra prejuízo será comunicada com antecedência de quinze dias ao Poder Público local ou ao Poder Executivo Estadual”, assinalou Dian Cleiton de Brito, coordenador da Energisa de Grandes Clientes e de Poder Público. Embora grande parte da dívida é da gestão passada da prefeitura, a atual gestão ainda não procurou a Energisa. “Por esse motivo, solicitamos a intervenção de Vossa Excelência [vereadores], para que sejam adotadas as providências cabíveis ao presente caso, de modo a evitar que os cidadãos de Dourados e região possam ser prejudicados com a eventual cessação da prestação dos serviços pela entidade, que possam estar associados à suspensão do fornecimento da energia elétrica, em decorrência de inadimplemento que vem ocorrendo desde o mês de março de 2020, totalizando a inadimplência em R$
Contas de energia elétrica atrasadas arriscam serviços no Hospital da Vida 635.841,17 até a presente data”, avisou o coordenador no documento. O valor frisado por ele não consta os juros, que é de R$ 78.264,48 Ainda conforme Dian Cleiton de Brito, foi oportunizado reiteradas oportunidades de negociação da dívida, com flexibilização do pagamento e isenção de penalidades, porém sem sucesso. O responsável pela Energisa ainda pediu aos vereadores para que eles possam tomar as providências cabíveis a fim de amparar a regularização dos serviços com a Concessionária, e principalmente, coibir que valores despendidos
pela cobrança das penalidades por pagamento em atraso possa acarretar perda significativa de valores que poderiam ser revertidos em melhorias ao próprio hospital, por consequência a população douradense. O documento foi entregue ao presidente da Câmara, Laudir Munaretto (MDB), que repassou aos demais 18 parlamentares da Casa de Leis. Como a Funsaud é subordinada à prefeitura, caberá aos vereadores buscar o prefeito Alan e ao diretor da Fundação, Milton Júnior, para que encontrem uma solução definitiva para o caso.
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Outro lado Em nota, a prefeitura disse que o diretor da Funsaud, Milton Júnior, reconhece a dívida. Porém, ele destaca, que além das contas não pagas, até um parcelamento que já havia sido negociado no passado, deixou de ser pago. Ele também destacou que assim que novos recursos, que estão sendo negociados, entrarem, a Funsaud também procurará a empresa de energia para fazer uma negociação.
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Dia a Dia
Ao natural: cachos e grisalhos ganham força na pandemia Inspiradas nas atrizes e digitais influencers, mulheres se livram da química nos cabelos Cristina Nunes Com período de isolamento e autoconhecimento a maioria das mulheres estão buscando a naturalidade mas sem perder a ousadia, praticidade e modernidade. Nos salões de beleza de Dourados essa tendência já vem sendo notada. Em entrevista ao Progresso, o cabelereiro Murilo Palácio, explica porque o ‘ao natural’ ganhou força na pandemia. “A pandemia e o isolamento social para muitos também foi um momento de reflexão: como ir ao salão nesta época? Sendo que muitos estão fechados; nem todas tem habilidade para pintar em casa, sem falar no porque homens grisalhos são charmosos e as mulheres não? Da mesma maneira para as cacheadas que iniciaram a transição capilar por causa do fechamento dos salões, e resolveram continuar mesmo com a reabertura”, afirmou. “Assumir os brancos ou os cachos é um sinônimo de liberdade para aquelas que eram escravas dos padrões de beleza que são impostos a elas. E um processo íntimo de desconstrução e ressignificação”, ressaltou Palácio. Os cabelos curtos também ganharam força, os cortes preferidos são aqueles que as famosas usam. “Acho que todas as brasileiras se inspiram tanto nos cortes, quanto no estilo principalmente das atrizes e das digitais influencers. Nem sempre é possível fazer igual ao delas, seja pela estrutura do fio ou o formato do rosto, o que torna a responsabilidade ainda maior. Porque não lidamos apenas com as expectativas, também com auto estima e vários outros sentimentos. Porém, durante a avaliação pré-corte é o momento em que alinhamos as expectativas delas com o que é possível de ser feito, sempre respeitando os conceitos de visagismo com a rotina diária da cliente”, afirmou Murilo. Murilo é cabelereiro há mais de 15 anos, conhecido como ‘rei do corte’ começou a carreira na adolescência de maneira desproposital auxiliando a tia, que já era cabelereira. Questionado sobre o talento ele ressaltou que “a ousadia é um traço da minha personalidade, e particularmente me encanta pela magia dela. Quando se trabalha com criação e criatividade é permitido ousar, e realmente eu vejo cada corte como uma oportunidade única de criação”.
FOTOS: ARQUIVO
“A pandemia e o isolamento social para muitos também foi um momento de reflexão: como ir ao salão nesta época?”
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Cortes do momento Como tendência geral temos os fios médios na altura dos ombros chamado “messy hair” que nada mais é do que uma releitura do famosíssimo “long bob”. Para as cacheadas a tendência são cortes com da nuca de fora e a frente mais longa - mas com pouca diferença. E para o cabelos mais longos, o comprimento em alta é até o meio das costas podendo ser em camadas ou não.
“Assumir os brancos ou os cachos é um sinônimo de liberdade para aquelas que eram escravas dos padrões de beleza”
Grupo “Nóis Num Liga”, do Miguelzinho, surgiu em 83 PÁG. 2
Raio X com Raíssa Moreira Rodrigues Uehara PÁG. 4
CADERNO B Dourados 20.2.2021 O PROGRESSO
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ARTISTAS DE MS SE CONSAGRAM na música instrumental Em Dourados, cantor e compositor Léo Martins se inspira em artistas consagrados como Cazuza, Leoni e Lucas Silveira Rozembergue Marques Especial para O Progresso Até o início do século XVI, os instrumentos musicais eram usados apenas para acompanhar os cantos ou marcar o compasso das músicas. A partir disso, as composições instrumentais foram ficando cada vez mais frequentes até que, durante o período barroco, a música instrumental passou a ter importância igual à vocal. Foi durante o período clássico (da música), porém, compreendido entre os anos de 1750 e 1810, que a música instrumental passou a ter importância maior do que a vocal, devido ao aperfeiçoamento dos instrumentos e ao surgimento das orquestras.
O douradense Léo Martins é desses aficcionados por música que optou pela música instrumental Como não podia deixar de ser, a música popular brasileira moldou-se a partir de todas estas fontes, bem como das influências vindas da música africana, trazida por negros de vários lugares, e também da música indígena de diversas regiões. Historiadores da música afirmam que a modinha (da Europa) e o lundu (da África) são as grandes influências da música popular brasileira e, juntamente com o schottish, a valsa, o tango e a polca, são grandes influências também para o choro, que é essencialmente instrumental, e considerado primeiro gênero popular urbano do Brasil. Os principais instrumentos utilizados no choro são o violão de 7 cordas, violão, bandolim, flauta, cavaquinho e pandeiro, embora diversos outros instrumentos tenham sido utilizados. Acresça-se a esse rol de instrumentos a viola de 10 cordas, instrumento de origem portuguesa e que, segundo a lenda, quando chegou ao Brasil era usado pelos cavaleiros viajantes para abrir a janela das moçoilas casadoiras. Isso teria gerado inclusive reclamações à corte. O maior nome de Mato Grosso do Sul neste instrumento
é o também cantor Almir Sater. Outros nomes que se destacam na música instrumental de Mato Grosso do Sul são Marcelo Ribeiro, Sandro Moreno, Adriano Magoo e Wlajones Carvalho, além de Toninho Porto, que a exemplo de outras figuras já teve experiências internacionais. Em Dourados, ao lado de Sandro Nunes (sax alto e sax soprano), de Biko do Trombone, da Orquestra da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), de bons violeiros e virtuoses em diversos instrumentos, o douradense Léo Martins é desses aficcionados por música que optou pela música instrumental. Embora também seja cantor, é compondo e fazendo aprimorados arranjos no estúdio que montou em sua casa que mostra sua sensibilidade, que vai além das composições instrumentais e arranjos. Embora se sinta muito à vontade rodeado de instrumentos e diante da mesa de som, Léo Martins tem uma produção profícua também na composição de letras, na sua maioria inspirada em artistas como Cazuza, Leoni, Lucas Silveira e Esteban Tavares, não raro se unindo a outros compositores para elaborar as letras, como Jonathan Corrêa (Reação em Cadeia) e Guilherme de Sá (Rosa de Saron). Léo já se apresentou em algumas cidades do interior de São Paulo. Hoje focado no estilo Pop Rock/ MPB, já foi vocalista das bandas H2SO4 (2005 - 2006), Dilema (2006 - 2007) e Acústica Arsenal (2007 - 2010). Em parceria com a N/A Produções, gravou seu primeiro CD em 2016, intitulado Léo Martins - Fragmentado. Atualmente, está finalizando a produção do seu segundo álbum “Léo Martins - Unificado”. Hoje, com 28 anos de idade, dono de uma voz diferenciada e muita habilidade no manejo de cordas de diversos instrumentos, Léo está empenhado em a conquistar seu espaço no cenário musical. “A música é parte da minha vida. Nos retira da aridez do dia a dia e nos eleva. Fazer música para mim é como respirar”, afirma, inspirado, o instrumentista.
Douradense Léo Martins é cantor e compositor em Dourados
Sandro Nunes é destaque no sax
Bico do Trombone é reconhecido nacionalmente
Marcelo Ribeiro é um dos destaques da música instrumental
Wlajones Carvalho expõe trabalho a experiências internacionais
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Dourados, 20.2.2021 O PROGRESSO
Memórias
Grupo “Nóis Num Liga”,
do Miguelzinho, surgiu em 83
Miguelzinho ficou conhecido do público principalmente devido à sua participação em festivais tanto de músicas de interpretação quanto de inéditas em Dourados e em vários outros municípios do Estado Vander Verão Especial para O Progresso
REPRODUÇÃO/O PROGRESSO
DIFICULDADE DO ROCK
O cantor, compositor e instrumentista Miguel de Oliveira Filho, o Miguelzinho, foi um importante músico que fez parte do cenário musical douradense, a partir do final da década de 70, mais fortemente, durante os anos 80 e, ainda, nos anos 90. Miguelzinho ficou conhecido do público principalmente devido à sua participação em festivais tanto de músicas de interpretação quanto de inéditas em Dourados, Campo Grande e em vários outros municípios do Estado. Com o nome consolidado junto à galera jovem. Miguelzinho resolveu fundar uma banda, juntamente com seus amigos de palco. E logo surgiu o “Nóis Num Liga”. Isso, em 1983, quando Dourados vivia um importante e feérico “boom” cultural. O “Nóis Num Liga” participou de inúmeros festivais – como o Frutos da Terra e o Show da Paz, por exemplo -, além de outros eventos culturais que aconteciam constantemente naqueles tempos marcantes na terra de Marcelino Pires.
O “Nóis Num Liga” participou de inúmeros festivais – como o Frutos da Terra e o Show da Paz Em suas apresentações, o “Nóis Num Liga” interpretava canções tradicionais do rock-pop, com ênfase à música do guru da época – Raul Seixas. Mas, também, mandava ver músicas de autoria de Miguelzinho, como “Selvinvenção” (concorreu no 4º Fessul), “O Velho” (concorreu no 3º Fessul), “Che Guevara” (concorreu no 1º Femi da UDE), “Labuta”, “Pixote”, um blues que retratava as crianças desamparadas; “Não Façam Guerra”, rock progressivo; e ainda “Rock Maldito”, mais para o heavy-metal. “Nóis Num Liga” era formado por Miguel de Oliveira (vocal e guitarra base), Ricardo (bateria), Luis (guitarra solo), João (guitarra base) e Zezinho (bateria). Os cinco integrantes desta banda tocavam juntos desde 1980. Miguel de Oliveira, nos festivais em que participou, sempre foi acompanhado por estes seus amigos. Posteriormente, o “Nóis Num Liga” passou a ter a seguinte formação: Miguelzinho, cantor e compositor, João Costa, contrabaixo; Luiz Peixoto, guitarra-solo; Tião “Al Capone”, na bateria; e Joel, no sax.
Grupo “Nóis Num Liga” surgiu em Dourados em 1983 e fez muito sucesso
Miguelzinho era um cara sem papas na língua. Em entrevista ao jornal O Progresso, naquela época em que a música regional estava em voga, ele cobrava apoio da classe empresarial e da Funced (hoje, Funed). “Nosso estilo de música não encontra quase espaço e por isso ficamos tanto tempo parados, embora os ensaios sejam sempre constantes”. Miguel dizia que a Funced deveria promover shows de rock, pois “a cidade conta com inúmeras bandas e sem incentivo não dá pé ”. “Os outros músicos encontram espaço na vida noturna da cidade. Mas o nosso grupo é totalmente rock e por isso as dificuldades continuam”. Lembrou que no ano passado (1986) foi promovido na Praça Antonio João, o ‘Show da Paz’ que foi um sucesso. “Uma promoção desta natureza tem que voltar”, observando que os músicos se apresentaram ao vivo, mas não ganharam nada e, acima de tudo, cada um teve que arcar com suas despesas. A reivindicação de Miguelzinho deu certo. Tanto é, que a Funced promoveu no dia 7 de agosto de 1988, um Festival de Rock, na Praça do Cinquentenario, denominado “Rock na Concha”. Participaram do evento bandas representativas do Estado como Alta Tensão, S.O.S., Patrulha de Choque, Curto-Circuito, Nóis Num Liga, dentre outras atrações.
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Farmácia
Miguelzinho durante uma de suas apresentações em Dourados
Miguelzinho trabalhou vários anos na Farmácia Avenida, do José Braga. Depois de muita luta, conseguiu abrir a sua própria farmácia, que funcionava nas imediações do Corpo de Bombeiros. Miguelzinho morreu em 1997, aos 33 anos, causando muita tristeza na cidade, já que era uma pessoa benquista. Ele não tinha nenhum tipo de doença, mas, infelizmente, foi vítima de um aneurisma cerebral. Miguelzinho deixou a esposa Regina Célia, além de três filhos: Fagner (tinha 8 anos), Mateus (tinha 4 anos) e Tiago (tinha apenas dois meses).
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Dourados, 20.2.2021
IMÓVEIS APARTAMENTO
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Dourados, 20.2.2021 O PROGRESSO
Adiles do Amaral Torres adiles@progresso.com.br
COLUNA DA ADILES GENTE QUE ACONTECE
“A vida é um constante recomeço. Não se dê por derrotado e siga adiante. As pedras que hoje atrapalham sua caminhada amanhã enfeitarão a sua estrada.”
Internet
Raio-X
Raíssa Moreira Rodrigues Uehara
Liana Pietramale e Osmar
PROFISSÃO: Advogada ESTILO MUSICAL PREFERIDO: MPB TIPO DE LEITURA: Biografias/histórias de fatos reais
Kika e Celso Carvalho do Amaral
LUGAR INESQUECÍVEL: Casa da minha avó
Fotógrafo Cido Frota e Fátima
EVENTO ESPECIAL NA SUA VIDA: Meu juramento profissional com recebimento da minha carteira de Advogada PERFUME PREFERIDO: Good Girl, Carolina Herrera UMA PEÇA DE ROUPA INDISPENSÁVEL: Calça de alfaiataria O QUE NÃO PODE FALTAR EM CASA: Paz
Deuzim Machado e Alessandra
Dr. Rodrigo Bucker Ruiz
PAIXÃO: A Advocacia ELEGÂNCIA: Tem a ver com educação e respeito no trato com o próximo
PARABÉNS E FELICIDADES AOS
ANIVERSARIANTES DA SEMANA
ÍDOLO: Jesus Cristo SONHO: Ver meus filhos tornarem-se adultos de caráter e seres humanos felizes O QUE OS AMIGOS SÃO PARA VOCÊ: Meu porto seguro na vida SEU MAIOR ORGULHO: Conseguir conciliar carreira e maternidade
FERNANDO ROCHA Sábado (20/2)
ROSE MODESTO (dep. federal) ADRIANA SENATORE Sábado (20/2)
Domingo (21/2)
PAULO AJAX ROLIM FILHO Domingo (21/2)
O QUE LEVANTA SEU ASTRAL: O sorriso da minha filha O QUE É FUNDAMENTAL: Uma vida com Deus UMA FRASE FAVORITA: “Se não puder fazer tudo, faça tudo que puder”.
REGINA HAMOUD Domingo (21/2)
ODILA LANGE
Terça-feira (23/2)
MARGARETH MANHABUSCO SIMONE TEBET (senadora) ISABELA FERNANDA S. F. DA SILVA Segunda-feira (22/2)
Segunda-feira (22/2)
DR. ODILON OLIVEIRA (juiz apos.) DAMIÃO DUQUE DE FARIAS Sexta-feira (26/2)
Sexta-feira (26/2)
Segunda-feira (22/2)
AMANDA C. MANHABUSCO Sexta-feira (26/2)
PARABÉNS E FELICIDADES aos aniversariantes, Do dia 25/fevereiro: • Delço Luiz • José H. Casol Batista • Leocadia R. Silva Dal Vesco • Olivia Martins Silva • Vanserlei Wegnanann • Taíz S. Dauzacker • Maristela Chaves de Souza • Sandro Fabri • Gisley de Andrade Faria • Daniela Cristina Monteiro Lima • Roberto Autonazzi • Milton M. Murakami • Isac Hipólito • Katia Andreia Amarilha Cristaldo • Diomira S. Mello • Sandro Benites Fernandes • Sirlene Machado de Souza Fracasso • Elen Cintia dos Santos Nunes de Azevedo • Cláudio Alves do Nascimento • Jeferson Moreno. Do dia 26/fevereiro: • Marcia Batista Ferreira • Ademir Gonzaga Marques • Nestor Bezerra da Silva • Nestor José Castilho • Juliano Torraca Penzo • Ilson Floriano Ribeiro • Ademar O. Marques • Vera Lúcia Carregaro Basílio • Milton Damaceno Lima • Luiz Carlos Ferreira • Leibnitz Guimarães • Luciana de Oliveira • Adão Viana • Alessandra Ferreira e Silva • Ayumi Morais • Renan Cícero Pereira da Silva • Dario Martins • Carlos Alberto Franco de Assis • Joane Demaman • Giorgia Demaman.