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Agrupamento de Escolas de Penacova

Ano letivo 2014/2015

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O ÚLTIMO VOO DO FLAMINGO, de MIA COÚTO

Mia Couto, pseudónimo de António Emílio Leite Couto, é um dos escritores africanos de maior destaque da atualidade. O Último voo do flamingo é mais uma viagem nas letras deste consagrado escritor. Aliando o humor ao fantástico, este escritor prende-nos neste livro, onde, com tudo isto, a crítica social é atenuada mas não apagada. Pelo contrário, é precisamente essa crítica social que sustenta esta narrativa e lhe confere todo o interesse que nela consegui encontrar. Esta obra inicia-se com uma carta do ‘’tradutor’’ de um oficial das Nações Unidas, que se percebe de imediato ser o narrador de toda a obra, onde este explica os motivos que o levaram a narrar toda esta história. A razão que levou o oficial das Nações Unidas, Massimo Risi, a visitar a imaginária vila de Tinzangara foi uma série de estranhos acontecimentos: vários soldados da paz haviam explodido e a única coisa que restava deles era apenas o seu órgão sexual decepado. Esta era uma vila com eventos bizarros e por isso o tradutor havia sido chamado, não para traduzir línguas, mas para traduzir acontecimentos. O momento inicial do livro assenta precisamente na altura em que todos observavam e se interrogavam pelo paradeiro de mais um órgão amputado. Como ninguém era capaz de reconhecer o pénis, foi decidido que a melhor solução seria chamar a Ana Deusqueira Agrupamento de Escolas de Penacova

(‘’… era uma mulher às mil imperfeições, artista de invariedade, mulher bastante descapotável. Quem, senão ela, podia dar um parecer abalizado sobre a identidade do órgão? Ou não era ela perita em medicina ilegal?’’). Esta analisa o órgão com ar de especialista e refere que não pertence a nenhum habitante local. Após o sucedido fica a questão no ar: Os soldados da paz morreram ou foram mortos? À medida que a história se adensa, o tradutor do Oficial das Nações Unidas, narrador de toda a história, perde o foco narrativo e outras personagens começam a ganhá-lo, contando a sua versão dos factos, tendo como exemplo dessas figuras Estevão Jonas – o administrador da vila, a prostituta Ana Deusqueira, o velho Suplício – pai do narrador, a velha-moça Temporina e o feiticeiro Zeca Andorinho. ’’Até que escutei a canção de minha mãe, essa que ela entoava para que os flamingos empurrassem o sol do outro lado do mundo.’’ O contributo destas personagens, sendo com as suas versões dos acontecimentos, com recordações ou com sonhos, torna-se essencial para a compreensão de toda a trama. Apesar de considerar o auxílio destas personagens essencial para o entendimento da narrativa, vejo ainda outras personagens com um papel ainda mais importante, tais como dona Ermelinda – a mulher do administrador da vila, Chupanga – o adjunto do administrador, e o padre Muhando, que vêm completar a magia e a atmosfera sobrenatural de Tizangara. O final desta obra é, sem dúvida, a parte mais interessante e surrealista de toda a narrativa, transportando-nos para um mundo paralelo ao nosso, onde tudo é possível. Com toda a sua sabedoria, Mia Couto impregna nesta obra todo o seu amor por este belo e atormentado continente, prendendo-nos com a sabedoria das suas palavras, com a ironia do humor, com o recurso à metáfora e com o carregado simbolismo da sua escrita. Este autor sabe como ninguém conduzir a sua linguagem, umas vezes fantástica, outras vezes irónica, divertida e poética, misturando num só discurso culturas tradicionais africanas, cultura ocidental, o português e o dialeto moçambicano. Para além do uso de todos estes recursos para conferir um caráter especial e único a esta obra, Mia Couto recorreu ainda a prevérbios e ditos populares: ‘’Contra factos tudo são argumentos…’’. Este escritor soube ainda manter o suspense durante toda a obra, para que passemos toda a narrativa em busca da causa da explosão dos soldados da paz.

por Lucie Martins Ano letivo 2014/2015

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Neste “mundo novo”, que o próprio autor considera como uma “utopia negativa”, ele consegue descrever perfeitamente o quanto e como a sociedade é condicionada a partir de métodos como manipulação psicológica e hipnopedia, de modo a garantir que as leis são cumpridas por todos e que haja uma estabilidade constante, tanto individual como social. Numa sociedade onde toda a gente é feliz, o personagem principal não gosta da vida que tem, é gozado pelos outros, e parte com uma amante para uma reserva em busca do que poderia ser um passo importante para o levar ao reconhecimento social.

ADMIRAVEL MÚNDO NOVO, de ALDOÚS HÚXLEY

“Cremos nas coisas porque somos condicionados a crer nelas, as pessoas creem em Deus porque foram condicionadas a crer em Deus.”. Aldous Huxley escreveu este livro em 1931 tendo-se tornado no seu mais conhecido trabalho. Nesta obra, o autor propõe-nos uma ideia do que será o nosso futuro, e esta não é muito positiva. Huxley, que devido a uma doença nos olhos teve algumas dificuldades em concluir o curso de medicina, apresenta um claro interesse pela ciência e desenvolvimento tecnológico. Estudou na escola de Eton e formou-se na Universidade de Oxford, onde então a literatura lhe começou a despertar interesse e começou por escrever alguns contos. “Admirável mundo novo” foi um dos primeiros romances que escreveu, que não só é bastante fácil de ler como também é bastante interessante e não podemos deixar de imaginar todo esse mundo sem o comparar com a nossa realidade atual.

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Segundo o autor, quando escreveu este livro, este “mundo novo” iria surgir por volta do que equivale ao nosso ano 2500 e sempre houve uma certa curiosidade sobre se na realidade o nosso mundo iria chegar a esse ponto ou não. Ora, devido a vários fatores, atualmente podemos já detetar bastantes semelhanças com esta sociedade. Por exemplo, devido ao grande desenvolvimento tecnológico e científico, e como diz Huxley, o Homem está a começar a ser “subjugado pelas suas invenções”. Os meios de comunicação têm também uma grande influência nas pessoas, pois dependendo do que transmitem podem ser já considerados um modo de condicionamento social. Outra semelhança pode ser as grandes diferenças que existem entre os níveis sociais, e também entre os países desenvolvidos, equivalentes à “civilização”, e países em desenvolvimento, as “reservas de selvagens”. Mais ou menos trinta anos depois de ter escrito este livro, há cinquenta anos, Aldous Huxley publicou “Regresso ao Admirável Mundo Novo”, em que fez uma reflexão sobre o estado do mundo nessa altura. Segundo as conclusões que tirou, e como vimos anteriormente, o nosso mundo estava a caminhar na direção do “admirável mundo novo” muito mais depressa do que ele tinha pensado e afirmou que “o mundo rumou a passos tão largos na direção errada que, se eu escrevesse hoje a mesma obra, a ação não distaria seiscentos anos do presente, mas somente duzentos."

por Je ssica Oliveira

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CAIM, de JOSE SARAMAGO “Pela fé, Abel ofereceu a Deus um sacrifício melhor do que o de Caim. Por causa da sua fé, Deus considerou-o seu amigo e aceitou com agrado as suas ofertas. E é pela fé que Abel, embora tenha morrido, ainda fala. – Livro dos Disparates”. Este excerto permite resumir a história que nos é contada ao longo de todo o enredo no livro Caim, de José Saramago. Foi editado pela primeira vez a 18 de Outubro de 2009. Saramago foi, durante a altura mais próspera da sua vida, dramaturgo, ensaísta, jornalista, escritor, poeta, argumentista, teatrólogo, contista e romancista, tendo editado um número imenso de trabalhos ao longo da sua carreira. Porém, em alturas menos prósperas, antes de ser uma reconhecido escritor, Saramago tinha carências económicas, tendo até trabalhado como serralheiro. Saramago é um dos mestres da língua portuguesa que, mesmo sem estudos específicos na área da literatura, dedicou toda a sua vida à escrita, recebendo variados prémios, tendo sido o mais importante de todos recebido em 1978, o Prémio Nobel da Literatura. Este nosso mestre da literatura nasceu a 16 de Novembro de 1922, na Azinhaga, Ribatejo. E veio a morrer a 18 de junho de 2010 em Tías, Espanha. Por altura da sua morte já se encontrava em Espanha, pois havia-se casado com a jornalista espanhola, Pilar del Rio. “A bíblia é um manual de maus costumes…”, “Leiam a bíblia e percam a fé…”. Estas foram frases proferidas pelo próprio José Saramago, e transmitem uma caraterística fundamental sobre ele, que é a sua opinião em relação à igreja católica. Saramago era ateu e deixa essa sua caraterística bem expressa neste livro, bem como em outros, como

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por exemplo, no “Evangelho Segundo Jesus Cristo”. Muitos críticos consideram mesmo que, no livro Caim, o escritor foi mais do que ateu, foi anticristo, pois todo o livro consiste numa enorme crítica à bíblia e a Deus. Colocando Deus no papel de culpado por todos os males, apresentando variados episódios da bíblia contados do ponto de vista da personagem Caim, que, como se sabe, segundo a bíblia, era uma pessoa de atitudes condenáveis, tendo mesmo morto o seu próprio irmão. Porém, Saramago, ao contar toda a história tendo em atenção o ponto de vista de Caim, inverte o sentido das coisas, fazendo parecer que Caim tinha desculpa para todas as suas atitudes e Deus é que não estava a agir de modo correto. A descrição de Deus, como uma figura cruel era apoiada por variadas histórias bíblicas, que Saramago se limitou a ler de modo literal. É o caso, por exemplo, do episódio tão conhecido de Job, um homem bom e muito rico ao qual Deus, desafiado pelo diabo, decidiu testar a sua devoção matando-lhe todos os seus filhos, tirandolhe todos os seus bens e dando-lhe uma enorme praga como doença. Temos também, outro exemplo muito conhecido, em que Deus pede a Abraão que mate o seu único filho como prova da sua devoção, e Abraão assim o iria fazer, porém na hora certa surge Caim para o impedir. Na minha opinião este livro é muito interessante e aconselho-o a todos os adultos, pois é um livro breve, que se poderá ler numa tarde. É particularmente interessante para os católicos, por recontar e reinventar histórias já conhecidas da bíblia. É um livro repleto de humor, como o demonstra a seguinte citação: “ … começando por esclarecer alguma maliciosa dúvida por aí levantada sobre se Adão ainda seria competente para fazer um filho aos cento e trinta anos de idade. À primeira vista, não, se nos ativermos apenas aos índices de fertilidade dos tempos modernos, mas esses cento e trinta anos, naquela infância do mundo, pouco mais teriam representado que uma simples e vigorosa adolescência.” Este livro foi também classificado como um romance, pois no meio de toda esta sátira à bíblia, existe uma história de amor entre Caim e a rainha das terras de Nod. O final de história é bastante interessante, pois é a chegada da barca de Noé a terra depois de todo o dilúvio, e Caim esteve durante o dilúvio no interior da barca, e foi matando todas as pessoas que com ele se encontravam dentro da barca, pois ele sabia, que Deus queria a continuidade da vida humana, mas Caim não o achava merecedor disso, pois a seu ver, Deus não sabia cuidar dos homens. Assim, quando a barca chega a Terra, Caim conta a Deus que matou todos os que lá iam, e que a humanidade ia acabar, logo… “A história acabou, não haverá nada mais para contar”.

por Mariana Flo rido Ano letivo 2014/2015

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CRONICA DE ÚMA MORTE ANÚNCIADA, de GABRIEL GARCIA MA RQÚEZ

Crónica de uma morte anunciada é um romance da autoria de Gabriel García Marquez, um escritor, jornalista, ativista e político colombiano, que nasceu em Aracataca (Colombia) a 1927 e acabou por falecer na Cidade do México em Abril de 2014. A obra foi incluída na lista dos “100 melhores romances espanhóis do século XX” do jornal “El Mundo”, e o seu autor foi galardoado com os prémios “Internacional Neustadt da Literatura” e “Nobel da Literatura” (1982). A capacidade em construir um universo possuído pela nostalgia, mágica e encantatória, da infância e a sua genial mestria em contar histórias fazem deste romance mais uma das obras-primas que consagram definitivamente este autor. Em termos literários, a obra oscila entre um registo de linguagem oral e coloquial ou familiar. Além disso, percebe-se facilmente uma forte influência dos textos de jornal, presente desde logo no seu título, e uma grande quantidade de personagens que transmitem uma série de perspetivas que enriquecem o enredo. Na narração está também presente um gosto pelo detalhe e pelo pormenor “… além disso uma espingarda 30.06 Malincher Schonauer, um espingarda 300 Holland Magnum, um 22 Hornet com mira telescópica de dois comandos e uma Winchester de repetição.” (pág. 11), e o chamado “realismo mágico” (uma mistura de Agrupamento de Escolas de Penacova

situações do quotidiano com outras do domínio do imaginário) – “vira um pássaro florescente adejando sobre a sua antiga casa, e julgava ser a sua esposa que reclamava os seus pertences” (pág. 77). Inicialmente, Angela Vicario casa com Bayardo San Román (um forasteiro, que gosta de exibir o seu poder económico mas um pouco efeminado - “Parecia maricas” (pág. 27)) que a devolve à família logo após a noite de núpcias, uma vez que constata que a noiva já não era virgem. Assustada com a situação e pressionada pela restante família, Angela acusa Santiago Nasar de ser o responsável pela sua “desonra”, já que este é rico e, no seu imaginário, intocável. Angela enganou-se e não considerou que vivia no seio de uma sociedade em que a honra era uma característica principal para a boa imagem da família. Assim, a família Vicario sente-se incapaz de aguentar a vergonha e, guiada pelo preconceito da sociedade, decide matar Santiago, atribuindo a tarefa aos gémeos Pablo e Pedro. Na verdade, os irmãos de Angela fazem de tudo para que a sociedade se aperceba das suas intenções, de modo a que alguém os impedisse de cumprir o veredito e Santiago tivesse uma hipótese de escapar ao seu destino. Apesar disso, estas tentativas de deixarem indícios são falhadas, devido a uma série de imprevistos, e a morte de Santiago não é levada a sério, o que faz com que ninguém transmita o derradeiro final ao mais lesado da história. Este romance exprime, a meu ver, uma crítica desde logo à sociedade da época por permitir o assassinato premeditado, tendo como justificação a honra, e também o facto de Angela ter sido penalizada porque não teve um comportamento expectável face à virgindade aquando do casamento. Para além disso, o autor mantém-nos cientes, através da quantidade de imprevistos que omitiram a intenção dos gémeos, que o destino é fatal e, por isso, somos dependentes do mesmo. É também de destacar o facto de a história ser narrada em prolepse, isto é, antevendo situações ocorridas no futuro “No dia em que iam matá-lo, Santiago Nasar levantou-se às 5.30…” (pág. 9), o que torna o enredo mais aliciante e aguça a nossa curiosidade. Por fim, a obra tem uma escrita de fácil compreensão e, embora um pouco confusa por vezes, a história torna-se interessante já que cabe ao leitor perceber alguns indícios e desvendar o enredo da história.

por Miguel Simo es

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CONTOS FANTASTICOS, de JACK LONDON Fantásticos e até misteriosos (como a própria vida e morte do seu autor) assim são estes quinze contos de Jack London. Nesta antologia organizada por Dale L. Walker encontram-se alguns dos contos menos publicados de London, fornecendo uma ampla visão da sua obra entre 1895 e 1916, não descurando, também a variedade temática, sendo que todos eles têm em comum o facto de se inserirem no domínio da ficção fantástica. Alguns dos seus melhores contos ilustram na perfeição a necessidade de fuga, característica do autor. A sua mãe, Flora Wellman professora de música e espiritualista, que alegava receber a visita do espírito de um chefe indígena, após engravidar afirmou, num jornal, que o alegado pai da criança, William Chaney, um astrólogo de renome, com quem vivia em união de facto, lhe tinha pedido que abortasse quando soube da gravidez. Uma vez que esta não acedeu, Chaney abandonou-a negando qualquer tipo de responsabilidades para com a criança. Flora, num ato de desespero atirou em si própria, ficando ferida apenas superficialmente. Aos 21 anos London encontrou as notícias dos jornais que davam conta da tentativa de suicídio da mãe, ficando a saber o nome do seu alegado pai biológico. London decidiu então escrever uma carta a Chaney, que, em resposta, negou ser seu pai, dando a entender que a mãe mantivera relações com outros homens. Afirmou também, que devido ao escândalo provocado pela imprensa, duas das suas irmãs haviam cortado relações consigo, apontando-o como a vergonha da família. A partir daí a vida passou a “pesar-lhe como um fardo”, sendo que vivia na altura na miséria. Bastante curioso é o facto de a sua certidão de nascimento ter desaparecido durante um incêndio, não sendo, assim, possível verificar quem (e se alguém) está registado como seu pai. Toda esta história de vida, ao mesmo tempo atribulada e misteriosa, influenciou, de certa forma, a sua obra, uma vez que nunca conseguiu enfrentar a possibilidade de ser um filho bastardo, continuando sempre

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certo de que o seu pai era Chaney. Também o seu contacto com o espiritismo o influenciou, apesar de London ter afirmado: “Nasci entre espíritas e passei a infância e a juventude entre espíritas. O resultado deste estreito contacto foi tornar-me descrente.”, este veio a revelar-se em obras, como o conto “Quem Acredita em Fantasmas?” reproduzido na atual coletânea. Quanto à sua carreira literária, esta nem sempre foi bem sucedida. Inserindo-se no Realismo / Naturalismo, o primeiro conto que escreveu rendeu-lhe apenas cinco dólares que tardaram a ser-lhe pagos, o que o levou a ponderar abandonar a carreira. No entanto, como ele mesmo afirma foi “salvo literalmente e literariamente pelo conto “A thousand deaths” (“Úm Milhar de Mortes - também reproduzido nesta antologia) pelo qual lhe pagaram 40 dólares, o que lhe permitiu continuar a dedicar-se à escrita. Foi, ainda, acusado várias vezes de plágio, apesar de nunca ter ficado provado que isso tenha, realmente, acontecido. São porém notáveis as semelhanças entre alguns dos seus contos e enredos de histórias de outros autores. Outro facto curioso da sua carreira (que veio também a tornar-se uma das curiosidades das letras americanas) é que, segundo anotações encontradas, London terá comprado enredos de histórias, que viria posteriormente a desenvolver, tornando-os contos. Com 188 contos e 22 romances publicados num período de apenas vinte e um anos de carreira, London acabou por morrer a 22 de Novembro de 1916. Muitos afirmam que se suicidou, no entanto esta tese nunca foi comprovada. Existem, porém, fortes suspeitas de que tenha morrido com uma uremia agravada por uma sobredose acidental de morfina, que tomava habitualmente para aliviar as dores extremas que esta doença lhe provocava. Nesta antologia encontram-se contos que abordam inúmeros temas, alguns científicos, como a invisibilidade, a possibilidade de uma guerra bacteriológica, a existência de um vírus que extermina toda a Humanidade, o elixir da vida eterna, temas sociais, como a implantação do socialismo através da ditadura, a forma como a vida em sociedade modifica e define o ser humano, entre muitos, muitos outros... Com uma descrição rica e fantasiosa, o autor consegue aproximar-se facilmente de novas realidades, incluindo as futuras, que aborda em alguns dos contos presentes no livro. É de destacar, também, a extensão dos contos, que na sua maioria, variam entre as dez e as vinte páginas, que possuem, no entanto, um extenso e elaborado enredo, sendo que existem três contos que se afastam um pouco mais dessa extensão: “Peste Escarlate” com sessenta e duas páginas e “Guerra” e “Juntos para Além da Morte”, ambos com sete páginas. Um livro de fácil leitura e sem compromissos (uma vez que está organizado por contos pouco extensos, permite-nos ler apenas uma parte)...

por Ca tia Flo rido Ano letivo 2014/2015

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LIVRO DO DESASSOSSEGO, de FERNANDO PESSOA Livro do Desassossego, uma das maiores obras do notável escritor e poeta português Fernando Pessoa (neste caso assinado pelo semiheterónimo Bernardo Soares), traz-nos um conjunto de textos escritos pelo mesmo acerca de uma panóplia de temas, desde reflexões pessoais até a considerações sobre a sociedade em geral, tornando-o numa “Autobiografia Sem Factos” como o próprio Pessoa acaba por denominar o livro. Utilizando um estilo de texto (a coletânea) único quando falamos de Pessoa, Livro do Desassossego leva-nos até a um estado de reflexão acerca dos mais variados temas, de tal modo que nos arriscamos a, no final do livro, ter pontos de vista completamente diferentes daqueles que tínhamos aquando do começo da leitura. Este facto aliado à escrita irrepreensível e cativante de Pessoa, rica em recursos estilísticos e com um tratamento do conteúdo que só Pessoa é capaz de fazer, são o que leva a que este livro seja considerado a obra-prima que realmente é. De facto, são obras como esta que fazem com que a única explicação para que Pessoa não seja mundialmente reconhecido como um génio Agrupamento de Escolas de Penacova

e tenha fama comparável à de Shakespeare ou Oscar Wilde seja a sua nacionalidade e, consequentemente, que uma grande parte da sua obra esteja escrita em português, uma língua que, apesar de falada por uma parte da população mundial relativamente grande (está entre as dez línguas mais faladas no mundo), não tem o impacto na imprensa internacional nem nos leitores estrangeiros que teria se estivesse escrita em inglês, visto que, mesmo que existam traduções para diversas línguas, acaba sempre por se perder uma parte significativa do génio que era Pessoa. Uma das características que torna esta obra numa das mais fantásticas de Pessoa é o facto de os excertos, independentemente de terem título ou não, ou se serem longos ou curtos, todos são capazes de nos causar grande impacto, levandonos a um estado de reflexão acerca do seu tema. Pegando, por exemplo, neste excerto do livro: “Alguns têm na vida um grande sonho, e faltam a esse sonho. Outros não têm na vida nenhum sonho, e faltam a esse também”. Úm excerto que à primeira vista parece bastante simples contém uma lição moral que nos deixa a refletir: alguns na vida sonham com alcançar grandes feitos e acabam por não o conseguir, deixando-os deprimidos por não conseguir alcançar os seus objetivos; por outro lado, outros não sonham com feitos nenhuns, fazendo com que tudo aquilo que alcancem, por muito pouco que seja, os deixe felizes. Assim podemos verificar o impacto que um trecho tão curto pode ter quando escrito por um génio como Pessoa. Assim, “Livro do Desassossego” acaba por ser uma das obras mais marcantes de um dos mais marcantes escritores e poetas portugueses, conseguindo, através de um estilo muito próprio, chegar ao leitor e fazê-lo refletir acerca daquilo que inquietava Pessoa no momento da escrita de cada excerto, levandonos portanto a uma viagem através das suas emoções, sempre guiados por uma escrita de uma qualidade inigualável.

por Jose Pedro Ano letivo 2014/2015

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DE BAGDADE, COM AMOR… de JAY KOPELMAN

“De Bagdade, com amor…” relata a história verídica de um cão que, ao ser encontrado nos escombros de uma casa em Fallujah, é salvo pelo tenente-coronel Jay Kopelman, pela sua equipa (conhecidos como Lava Dogs) e outros que se dispõem a ajudar. Jay Kopelman começou a sua carreira militar na Marinha dos Estados Unidos da América em 1985, com o objetivo de se tornar um aviador naval, sendo depois transferido para o Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos em 1992 onde continuou a exercer as suas funções como piloto. Em 2004, Kopelman foi enviado para o Iraque para treinar as Forças Especiais Iraquianas e tomar a cidade de Fallujah, em novembro desse mesmo ano. Posteriormente desempenhou funções nas forças iraquianas responsáveis pelas fronteiras com a Síria e Jordânia. Após os atentados de 11 de Setembro de 2001, os EUA entraram em alerta contra possíveis inimigos. O presidente George W. Bush criou a Lei Antiterrorismo, de acordo com a qual os EUA poderiam prender estrangeiros, sem acusação prévia. O governo procurou então Bin Laden (possível responsável pelos atentados), mas sem sucesso. Os EUA procuraram ainda outros possíveis inimigos, o chamado “eixo do mal”, onde os principais alvos eram Irão, Coreia do Norte e Iraque (comandado por Saddam Hussein) sendo este último o primeiro a ser investigado pelos EUA. Em 2002, o presidente Bush acusou o Iraque de ter armas de destruição maciça e de colocar em risco EUA e os seus aliados. Após a denúncia os EUA conseguiram que as Nações Unidas investigassem o sucedido. Porém, em 2003, a ONU chegou à conclusão de que não havia nenhum tipo de armamento. Contudo, contrariando a declaração da ONU, Bush formou uma coligação militar contra os iraquianos. No dia 20 de Março desse mesmo ano, contando com o apoio de tropas britânicas, italianas, australianas e polacas, os EUA deram início à guerra do Iraque. A coligação conseguiu derrubar o governo e, em dezembro, capturaram Saddam Hussein instituindo um governo de natureza provisória. Esta vitória, apesar de atenuar as tentativas de encontrar Bin Laden, estabeleceu um grande incómodo político dado Agrupamento de Escolas de Penacova

que os EUA não encontraram as armas químicas e biológicas que usaram como pretexto para a invasão. Passados alguns meses, houve uma eleição de políticos que criariam a nova constituição do país. Acreditava-se que a soberania seria restabelecida e as tropas norte-americanas sairiam do país. Contudo, o cenário continuava a ter conflitos civis de xiitas e sunitas. O cenário político iraquiano esteve longe da estabilização. Ao longo desses anos de ocupação, os Estados Unidos geraram várias batalhas devido às ações dos terroristas. No dia 15 de dezembro de 2011, os Estados Unidos anunciaram formalmente o fim da guerra no Iraque. Um novo governo iraquiano emergiu e uma certa estabilidade política e económica tomou conta da nação, porém a violência por parte de grupos extremistas continuou mesmo após a saída das forças da coligação internacional. O livro retrata um período bem delimitado e datado da guerra, desde a descoberta do cão (em novembro de 2004 em Fallujah, Iraque) até à chegada do Lava (nome do cão) aos Estados Unidos da América em abril de 2005. O cão, ao ser encontrado pelos Lava Dogs (membros do Primeiro Batalhão, Terceiro Regimento de Fuzileiros Navais do Estados Unidos) é resgatado da guerra, depois de ter sido deixado para trás durante a fuga da população civil. Apesar da lei militar proibir a posse de animais de estimação, os fuzileiros trataram o cão com tudo o que tinham à disposição: tiram-lhe as pulgas com querosene, desparasitaram-no com tabaco de mascar e alimentam-no com refeições de consumo imediato (RCI). Seguem-se meses de luta por parte de Kopelman que têm de manter o Lava escondido dos seus superiores e de outros que tendem a seguir de acordo com as regras. Têm de conseguir as vacinas e todas as licenças necessárias, encontrar alguém que esteja disposto a levar o Lava e encontrar alguém que possa ficar com ele até Jay voltar para os Estados Unidos. O livro retrata e faz chegar até nós as consequências, não só materiais, mas também consequências emocionais e morais a que os seus intervenientes estão sujeitos. Mostrando as injustiças cometidas em tempos de guerra, recorda-nos que as pessoas não são só as únicas vítimas de guerras. O autor transmite-nos a brutalidade da realidade que viveu no tempo em que esteve no Iraque e a influência que um pequeno e simples cão pode ter sobre um fuzileiro altamente treinado, capaz com um simples latido mudar o estado de espírito, impedindo-o de sofrer varias recaídas emocionais ou até de enlouquecer. Faz-nos ver também a fidelidade e a amizade que entre um animal e o seu dono (neste cãs um fuzileiro que é muitas vezes imaginado como uma máquina de guerra sem sentimentos). No entanto, também nos faz ver o pior lado da guerra, o de dentro, pois quando se está no local testemunham-se coisas inimagináveis, como o facto de ter testemunhado cães esfomeados a comerem as pessoas mortas no meio da estrada mesmo à frente dele ou (na minha opinião a pior de todas elas) o facto de os iraquianos, para além de usarem cães, vacas e camelos, utilizarem pessoas com Síndrome de Down como detonadores de bombas. O autor tem uma escrita muito direta e objetiva o que dá ao texto um bom ritmo de leitura. É um livro fácil de ler com uma história que nos prende da primeira à última palavra. Atualmente Jay Kopelman é tenente-coronel do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos e serve na Base Pendleton, em Oceanside. Ele reside em La Jolla, também na Califórnia, onde mora com a antropóloga Pam Godde, o enteado, o gato Cheddar e os cães Koda e Lava, o protagonista desta história.

por Renato Carvalho Ano letivo 2014/2015

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LAGRIMAS COLORIDAS de ANA MACEDO

‘’…Olhava em seu redor com um olhar penetrante, como se visse através das coisas, o mundo. E talvez fosse o que ele queria...’’. Esta frase foi retirada do livro Lágrimas coloridas, de Ana Macedo, o seu primeiro livro que escreveu com apenas 14 anos. Pelo que já foi referido, podemos afirmar que Ana Macedo descobriu o seu gosto pela escrita muito jovem, escrita essa que lhe conferiu o “ prémio de Literatura Juvenil Ferreira de castro’’. O livro Lágrimas coloridas fala-nos da história de Luís, um adolescente que vive grande parte da sua vida com uma tia, devido ao facto de os seus pais terem alguns problemas monetários e terem de abandonar o pais para irem trabalhar. A sua tia acaba por morrer e Luís fica a morar sozinho. A história desenrola-se após o assassinato, levado a cabo por um traficante, da namorada de Luís, Inês, que se encontrava numa clínica de reabilitação. Após a morte de Inês, Luís fica descontrolado, e começa a viver a vida como se fosse um mero espetador. Ao longo do tempo Luís começa a receber chamadas, chamadas essas que acredita serem de Inês, e também Agrupamento de Escolas de Penacova

começa a ter algumas alucinações. Mesmo depois de todo este tempo distante dos amigos, Luís decide confiar-lhes estes acontecimentos, e eles quiseram logo ajudá-lo, principalmente Sara, uma amiga de longa data que era apaixonada por ele há vários anos. Com a sua ajuda Luís começou a frequentar um psicólogo, e foi aí que a história tomou rumo, não só pela ajuda do psicólogo, mas também devido ao aparecimento da irmã de Inês, Clara, que nos trouxe a explicação para tudo. Clara começou por explicar a origem das chamadas, tinha sido ela a fazer-se passar pela Inês, ela sentia-se culpada pela morte da irmã e como forma de proteção passou essa culpa para Luís. Falou-nos também de uma carta que Inês lhe tinha deixado sobre a sua morte. A morte de Inês não fora um assassinato, mas sim um suicídio planeado, para incriminar o traficante de droga que em tempos tinha morto uma grande amiga dela. Falo deste livro como uma descoberta, não só foi a descoberta da escritora sobre o seu gosto pela escrita, como também o podemos ver como uma descoberta desta fase tão controversa que é a adolescência. A visão da escritora, enquanto uma adolescente de 14 anos, não é muito espantosa, pois o tema da toxicodependência é um tema já saturado pelos adolescentes. A adolescência, como já referi, é uma fase de descobertas, e o tema da droga é uma dessas grades descobertas, pode não ser em primeira pessoa, mas ninguém escapa a ele, nem que seja só de forma informativa. Apesar da deceção do tema, posso falar deste livro como uma obra muito bem escrita e estruturada e com um final bastante admirável e controverso. Por tudo isto, não posso deixar de recomendar, pois proporciona-nos uma leitura leve, e ao mesmo tempo faz-nos pensar em alguns problemas que nos rodeiam, não só o problema da droga, mas também outros um pouco mais abrangentes, aos quais só poderão ter acesso após a leitura do livro.

por Carolina Rodrigues Ano letivo 2014/2015

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SINAIS DE FOGO de JORGE DE SENA

Considerada uma das melhores obras da Língua Portuguesa, o romance Sinais de Fogo, escrito por Jorge de Sena, é um exemplo de que os bons livros serão sempre bons livros, independentemente do ano em o leitor o leia, desde que este tenha a maturidade para o entender. Jorge de Sena, personalidade única, extremamente culta, licenciado em Engenharia Civil, tornou-se num dos mais conceituados escritores portugueses e numa das figuras centrais no contexto cultural português, e até mesmo europeu, no século XX. Apesar de tudo acima referido, não viu a sua obra-prima ser publicada. Sinais de fogo foi publicado postumamente, sendo caracterizado pelo autor como “(…) primeira parte de um vasto ciclo que não sei se chegarei a escrever(…)”. Este livro destaca-se essencialmente pelas temáticas que trata, e pela forma como foi escrito, com engenho, com o dom de Jorge de Sena a prender o leitor à ação que se desenrola perante os seus próprios olhos. Dividida em cinco partes e quarente e três capítulos, a ação decorre entre Lisboa e Figueira da Foz, tendo esta última maior importância na obra, no verão de 1936, relatando as vivências de um jovem, Jorge, e do seu grupo de amigos, que se encontravam na Figueira da Foz, que na Agrupamento de Escolas de Penacova

época era um dos mais frequentados destinos balneares ibéricos. O pano de fundo da obra é a Guerra Civil Espanhola, que atinge particularmente Jorge e os seus amigos, uma vez que muitos espanhóis residiam ou passavam férias na Figueira da Foz. Este acontecimento desperta a consciência política no personagem principal, e simultaneamente narrador, relembrando-se das ideias, que em tempos tinha considerado algo estapafúrdias, do seu amigo de infância Puigmal. Dá conta de que todos os seus amigos estavam envolvidos em movimentos revolucionários, com planos delineados e ideais fixos. Para além desta riquíssima temática que é a Guerra Civil Espanhola, o leitor depara-se com a questão da sexualidade, - as orgias, a homossexualidade, a bissexualidade, prostituição- a condição da mulher nos anos 30, o amor verdadeiro, em suma, todas as questões emocionais e físicas que um rapaz, beneficiado pelo próprio facto de ser rapaz e detentor de uma liberdade muito superior à das raparigas “de bem”, poderia experimentar no século XX, e até mesmo atualmente. Hoje em dia os adolescentes continuam a deparar-se com as questões acima referidas, razão principal pela qual este livro será sempre atual e nunca estará fora do contexto, pelo contrário, será sempre pertinente a sua leitura. Esta pertinência será sempre justificada pelo enriquecimento cultural do leitor, pelo facto de este ser magnetizado pela narrativa, pelo facto de lembrar o leitor de que é necessário haver ideais, é necessário refletir, opinar, criticar, tomar postura face a algo. Isto é algo que falta em muitas obras atuais. Por estas razões considero esta obra a melhor obra que li até hoje, e recomendo-a a todos os jovens, ou adultos, mas dado o atual panorama nacional e o próprio panorama da minha geração, recomendo-o a todos os jovens, pois acredito que este livro iria alargar os horizontes que ainda estão por alargar, conferindo-lhes uma nova visão do mundo, da realidade, de tudo o que os rodeia.

por Carolina Rojais Ano letivo 2014/2015

© Biblioteca Escolar


obra com objetivo de reaver toda a estabilidade económica e social existente antes da Guerra (“Os olhos da mãe ficaram parados nos do filho até ao instante em que o seu corpo se virou e se afastou, regressando por onde tinha acabado de chegar” – página 17). Não apenas a sua mãe havido partido, como também com ela seguia a tão desejada amada de Ilídio, Adelaide. Com o desenvolvimento do enredo da história do livro, as personagens voltavam a cruzar-se, nomeadamente, Ilídio (a personagem principal) e a sua amada, sendo sempre “cruzamentos”

LIVRO

de JOSE LÚIS PEIXOTO Considerado um dos principais romancistas portugueses contemporâneos e, também, um autor de progressiva importância na perspetiva literária internacional, José Luís Peixoto, em “Livro”, eleva a literatura portuguesa ao mais alto patamar com a sua profundidade estilística e pela sua imensa criatividade. Com uma escrita de grande beleza rítmica, fresca, ágil e envolvente, o autor conta-nos a história de vida da personagem principal, Ilídio, marcada pela relevância do sonho e da crueldade do que é a realidade. Num enquadramento histórico que nos

curtos,

acabando

por

se

descruzarem, novamente. Após uma leitura cuidadosa desta que é considerada

uma

das

melhores

obras

portuguesas, apercebemo-nos de uma divisão clara, marcada pelas diferentes esperanças. Numa primeira parte, há o romance de Ilídio e Adelaide, em pleno período salazarista, onde a única esperança residia na emigração ilegal para França, escapando a toda aquela nuvem negra que pairava sobre Portugal. Numa outra parte, José Luís Peixoto apresenta a renovação da esperança, marcada com um tom de narrativo bastante diferente, mais vivo. Tal renovação acontece devido ao memorável 25 de Abril. Daí para a frente, todo o romance de Ilídio e Adelaide deixa-se envolver por todo aquela esperança dos portugueses, e ressurge de novo.

remete para o período posterior à Segunda

por Rui Padilha

Grande Guerra Mundial, o livro começa por relatar o abandono praticado pela mãe da personagem principal, obrigada a emigrar para França, um dos países que procurava mão-deAgrupamento de Escolas de Penacova

Ano letivo 2014/2015

© Biblioteca Escolar


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