Caparaó uma serra especial

Page 1



uma serra especial


Editorial

Copyright © 2013 Construtora Caparaó Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida, sejam quais forem os meios empregados, sem a permissão, por escrito, da Construtora Caparaó. Impresso no Brasil | Printed in Brazil

Fotos: Fernando Moreira Fernandes Edição: Construtora Caparaó Coedição: Fernando Moreira Fernandes Direção de arte: Maria Cristina Oliveira Moura Valle Coordenação editorial: Pauliane Dias Projeto gráfico: Epos Comunicação Colaboradores: Lúcio de Souza Leoni e Waldomiro de Paula Lopes Agradecimentos: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, Parque Nacional do Caparaó, Herbário Guido Pabst, Faculdade Redentor, Fundação Zoo-Botânica/MG e Arnaldo Oliveira Tradução: Alpha Language Consulting Edição de texto: Thaís Maria Oliveira Moura Valle Revisão de texto: Ricardo Arnaldo Malheiros Fiuza Publicação: Editora Del Rey Identificação taxonômica: Carlos Alberto Ferreira Junior, do Jardim Botânico da FZB-BH – Orchidaceae e outras; Filipe Soares de Souza, mestrando da UFJF – Pteridófitas; Haroldo Cavalcanti Lima, do Jardim Botânico do Rio de Janeiro – Fabaceae; Leandro L. Giacomin, doutorando da UFMG – Solanaceae; Lívia Echternacht, doutora em botânica – Eriocaulaceae; Lúcio de Souza Leoni, do Herbário Guido Pabst – Flora geral do Caparaó; Marcelo Monge, doutorando da Unicamp – Asteraceae; Marcelo Trovó L. de Oliveira, UFRJ – Eriocaulaceae; Maria Guadalupe C. Fernandes, do Jardim Botânico da FZB-BH – famílias diversas; Pedro Lage Viana – doutor em botânica – Poaceae e Thaís Elias Almeida, doutoranda da UFMG – Pteridófitas. Photos: Fernando Moreira Fernandes Edition: Construtora Caparaó Co-edition: Fernando Moreira Fernandes Art Director: Maria Cristina Oliveira Moura Valle Editorial Coordination: Pauliane Dias Graphic Design: Epos Comunicação Technical Texts: Lúcio de Souza Leoni and Waldomiro de Paula Lopes Thanks/Collaboration: Chico Mendes Institute of Biodiversity Conservation, Caparaó National Park, Guido Pabst Herbarium, Redentor College, Zoobotânica/MG Foudation and Arnaldo Oliveira Translation: Alpha Language Consulting Text Editing: Thaís Maria Oliveira Moura Valle Text Revision: Ricardo Arnaldo Malheiros Fiuza Publishing: Editora Del Rey Taxonomic Identification: Carlos Alberto Ferreira Junior, Filipe Soares de Souza, Haroldo Cavalcanti Lima, Leandro L. Giacomin, Lívia Echternacht, Lúcio de Souza Leoni, Marcelo Monge, Marcelo Trovó L. de Oliveira, Maria Guadalupe C. Fernandes, Pedro Lage Viana and Thaís Elias Almeida C758c

Construtora Caparaó Caparaó: uma serra especial. / Construtora Caparaó. Fotos e Coedição: Fernando Moreira Fernandes. Belo Horizonte: Del Rey, 2013. 176 p.: il. color. Edição bilíngue : português/inglês. ISBN : 978-85-384-0293-0 Livro de fotografias sobre a Serra do Caparaó. 1. Serra do Caparaó (MG e ES). I. Construtora Caparaó. II. Fernandes, Fernando Moreira. III. Título. CDU: 502.4(815.6) Nilcéia Lage de Medeiros Bibliotecária CRB6: 1545


Índice

Paisagem

13

Águas

23

Flora

33



55 anos de uma longa história

Em meados de 1957, dois jovens engenheiros, Murillo Cardoso Boechat e Ney Moreira Bruzzi, acreditando na força de um país promissor, decidiram concentrar todas as suas energias na construção de um sonho. Assim nasceu a Construtora Caparaó. Como primeiro empreendimento, um edifício residencial em Guarapari. Logo depois, algumas obras públicas no interior de Minas Gerais, seguidas das primeiras incorporações próprias em Belo Horizonte, com edifícios residenciais na área central da capital. Nos anos 60, após vencer inúmeros desafios, a sociedade ingressa em um novo mercado: o de obras de empreitada, trabalhando exclusivamente para terceiros durante o “milagre brasileiro”. Com a saída de seu cofundador Murillo Boechat no final de 1967, Ney Bruzzi alçou maiores voos e conduziu a Companhia, a partir de então, com a inestimável colaboração do engenheiro, sócio e também diretor Raymundo Wilson de Assis Motta, de saudosa memória, a quem a empresa presta reconhecida homenagem. Na década de 70, a Caparaó executou projetos relevantes para o governo em muitos estados da federação, demonstrando enorme capacitação técnica, rigor no cumprimento de prazos e desempenho excepcional. Empreitadas de grande impacto foram concluídas com sucesso nos vinte anos posteriores. Em meados da década de 90, já com um portifólio relevante, a Construtora inicia-se em uma nova fase, com foco no desenvolvimento de incorporações próprias de alto valor agregado. Consciente de seu papel na formação da paisagem urbana de nossa cidade, desenvolveu edifícios com arquitetura arrojada, localização privilegiada, acabamento diferenciado e grande inovação. Premiada em nível nacional por seu elevado padrão de projetos, a Caparaó é hoje referência no mercado de imóveis de alto luxo e seus empreendimentos transformaram-se em sinônimos de beleza, design e requinte únicos. Consolidou-se a partir de 1997, com processos modernos de gestão, como uma corporação atualizada em sua época, receptiva a melhorias e em constante renovação. Sabemos que não existe sucesso sem determinação e que não há resultado sem entusiasmo. Agindo assim, continuaremos nossa trajetória, com o compromisso obstinado de satisfazer as expectativas de todos os que participam da construção de um mundo novo e sustentável. Hoje a Caparaó se orgulha da sua história e tem como objetivo maior a perenidade desta MARCA, conquistada ao longo do tempo, com valores intangíveis, pautada em um profundo sentimento ético de relacionamento com clientes, fornecedores e colaboradores, na certeza de que a filosofia, desenvolvida ao longo desses 55 anos, ultrapassará gerações e deixará definitivamente consolidado o sonho daquele 6 de setembro de 1957.

A Long History of 55 years

In mid-1957, two young engineers, Murillo Boechat and Ney Cardoso Moreira Bruzzi, believing in the power of a promising country, decided to concentrate all of their energy on building a dream. Thus, the building company, Construtora Caparaó, was born. As the first project, there was a residential building in Guarapari. Soon after, there were some public works in the interior of the State of Minas Gerais, followed by their first incorporations in Belo Horizonte with residencial buildings in the central area of the capital. In the 60s, after overcoming numerous challenges, the society entered a new market: that of contract work, exclusively working for third parties during the “Brazilian miracle”. With the departure of its co-founder, Murillo Boechat, at the end of 1967, Ney Bruzzi took it a step further and led the company from that point on with the invaluable collaboration of the engineer, partner and director, Raymundo Wilson de Assis Motta, of blessed memory, to whom the company pays the just tribute. In the 70s, Caparaó executed relevant projects to the government in many states of the federation, demonstrating great technical ability, accuracy in meeting deadlines, and exceptional performance. Endeavors of great impact were successfully completed in the subsequent twenty years. In the mid-90s, with a relevant portfolio, the company began a new phase, focusing on the development of their incorporations with high added-value. Conscious of its role in shaping the urban landscape of our city, it has developed buildings with bold architecture, prime locations, distinctive finishings, and great innovation. Awarded nationally for its high standard of projects, Caparaó is now a benchmark in high-end luxury properties and its enterprises have become synonymous for beauty, elegance and unique design. It was consolidated in 1997, with modern management processes, as an up-to-date corporation in its time, receptive to improvements, and in constant renewal. We know that success does not exist without determination, and that there are no results without enthusiasm. In this way, we will continue our path with obstinate commitment to meet the expectations of all who participate in the construction of a new and sustainable world. Today, Caparaó is proud of its history, and its greatest aim is the continuity of this TRADEMARK, achieved over time with intangible values, based on a deep sense of ethical relationships with customers, suppliers and employees, in the certainty that the philosophy which has been developed over these 55 years, will surpass generations and will definitely consolidate that dream of September 6, 1957.



Prefácio

Recebi com alegria o convite da CONSTRUTORA CAPARAÓ para apresentar a obra, editada sob seus auspícios pela Editora Del Rey, intitulada “Caparaó uma serra especial”. O convite muito me honra, porquanto estará o leitor e apreciador deste volume diante de uma esplendorosa compilação de imagens e textos, a homenagear aquele primoroso sítio natural, que divisa o Estado de Minas Gerais e seu vizinho Espírito Santo. Nesse estado, aliás, fora inaugurado, em 1961, uma das primeiras incorporações da construtora. Anda mal a terminologia naturalista ao tratar nossas serras como “acidentes geográficos”; são, antes, verdadeiras fortunas. A filologia indica-nos, com alguma precisão, que o termo Caparaó, derivando de dialetos autóctones, deita referências sobre uma alusão ao termo “mar azul”. Bem a calhar, pois, o toponímico, ao expressara mais pungente e significativa imagem de nosso Estado, qual seja, aquela dos “mares de morros”, na expressão consagrada por Aziz Ab’Saber, em sua classificação dos domínios morfoclimáticos nacionais. Tomando daí a referência do nome que ostenta, a construtora, que ora comemora seus 55 anos de existência, buscou, sempre, honrar sua raiz legitimamente mineira, desde sua fundação, por obra e gênio de Murillo Cardoso Boechat e Ney Moreira Bruzzi. Compraz-me apresentar este livro, fruto da delicadeza de um dos fundadores da Construtora, que oferece ao leitor uma compilação de imagens que resgatam e tornam perene a riqueza natural do Caparaó. Agora, vêm a lume os verdadeiros signos distintivos daquela região, consubstanciados em sua pujança natural, nas curvas sedutoras de seu relevo mamelonar e na exuberância de sua fauna e flora. Certo do sucesso da edição, antecipo aos editores e aos patronos do livro os votos de congratulações que, seguramente, acorrerão aos borbotões à Diretoria da Editora Del Rey. Belo Horizonte, novembro de 2012 Antonio Augusto Junho Anastasia Governador do Estado de Minas Gerais

Preface

I received with joy, an invitation from CONSTRUTORA CAPARAÓ, to present this work published under the auspices of Editora Del Rey, and untitled “Caparaó: A Special Mountain Range.” The invitation is for me a great honor, as the reader of this volume will be in front of a splendid collection of images and texts, paying tribute to that exquisite natural site, which divides the State of Minas Gerais and its neighbor, Espírito Santo. In that state, by coincidence, one of the first acquisitions of the construction company was inaugurated in 1961. It is not quite right for naturalist terminology to address our mountains as “geographic accidents;” rather, they are true fortunes. Philology tells us, with some accuracy, that the term Caparaó, deriving from indigenous dialects, alludes to the term “blue sea”. It suits very well because the toponymic, at expressing the most poignant and meaningful image of our state as a “sea of hills”, is an expression consecrated by Ab’Saber Aziz, in his classification of national morphoclimatic domains. Hence, taking reference to the name that the construction company bears, which now celebrates its 55 years of existence, it has always sought to honor its legitimately “Mineiro” roots, since its founding by the work and genius of Murillo Boechat and Ney Moreira Bruzzi. I am pleased to present this book (thanks to the delicacy of one of the founders of the construction company) which offers the reader a compilation of images that recover and make the natural richness at Caparaó everlasting. Now, the real distinctive signs of that region come to light, embodied in its natural vigor, the seductive curves of its mammilated relief and the exuberance of its fauna and flora. Certain of the success of this edition, I anticipate the votes of congratulations to the editors and patrons of the book that will surely come rushing in torrents to the Board of Publisher Del Rey. Belo Horizonte, November 2012 Antonio Augusto Junho Anastasia Governor for the State of Minas Gerais



Desde 1957

perlongando as trilhas, ora sinuosas, por vezes escarpadas, deste percurso de 55 anos, deparamos com os imponderáveis desta “Pátria Amada” – desde a euforia dos anos dourados, sob o eco de Brasil País do Futuro (Stefan Zweig), até os “50 Anos em 5” de JK – para, em seguida, convivermos com a inflação galopante e os consequentes percalços de tantos planos econômicos, a tumultuar a vida dos cidadãos e das empresas, e chegarmos aos dias de hoje: quem diria, o Brasil como figura eminente no concerto das nações. Por ensejo do lançamento deste livro vem-me à lembrança o que dizia o poeta: “Não há quem a emoção não dobre e vença...”, mas junto com a emoção outros sentimentos nos ocorrem agora: o júbilo, a recordação e o reconhecimento. “Júbilo” Por estarmos comemorando 55 anos da empresa que, a par de grandes realizações, soube manter os princípios éticos e morais que sempre a nortearam. “Recordação” De todos que estiveram conosco e não mais estão, mas que, de uma forma ou de outra, contribuíram para o nosso êxito. Alguns que não mais estão aqui e nos são muito queridos e muito próximos de nós, Paulo Gontijo Bruzzi e Raymundo Wilson de Assis Motta: a eles a nossa homenagem e a nossa saudade. “Reconhecimento” Àqueles que são a nossa força de trabalho, o nosso recurso mais valioso, à sua dedicação e ao seu compromisso com os nossos princípios, a nossa eterna gratidão. Para finalizar, conclamo todos a prosseguirem com o entusiasmo que sempre tiveram, mantendo os princípios éticos e morais que nos pautam e “como principal legado”: Continuar a construção da perenidade da empresa por agora e pelas gerações vindouras. Ney Moreira Bruzzi

Since 1957

by trails, sometimes winding, sometimes steep, this journey of 55 years, faced with the imponderables of this “Beloved Motherland” - since the euphoria of the golden years, under the echo of Brazil: Country of the Future (Stefan Zweig), until the “50 Years in 5” by JK – to live, hen, with rampant inflation and the consequent troubles of many economic plans, troubling the lifes of citizens and the business activities, and reaching today: who would have thought Brazil as an eminent player in the concert of nations. For the occasion of launching this book, what comes to my mind is what the poet said: “there is no one that emotion does not bend and overcome…”, but, along with emotion, other feelings now arise: joy, remembrance and recognition. “Joy” Because we are celebrating 55 years of the company, which, along with great accomplishments, has managed to maintain the ethical and moral principles that have always served as its guide. “Remembrance” Of everypeople that were with us, and no longer is, but who, in one way or another, contributed to our success. Some who are no longer here, and who are very dear and very close to us, Paul Gontijo Bruzzi and Raymundo Wilson de Assis Motta: to them, our tribute and our longing. “Recognition” To those who are our workforce, our most valuable resource, to their dedication and their commitment to our principles, our eternal gratitude. Finally, I urge everyone to continue with the enthusiasm that they always have had, keeping, “as the main legacy”, the ethical and moral principles that always have guided us: Continue building the sustainability of the company for now and for generations to come. Ney Moreira Bruzzi


Introduction

“The Caparaó Mountains are located in southeastern Brazil, on the border of the states of Minas Gerais and Espirito Santo. It is a place frequented by many visitors who drive there to visit some of the highest peaks in Brazil and enjoy nature’s lush Atlantic Forest. This book, which aims to reveal the beauty of the Caparaó Mountains and provide a look into the very diverse and special vegetation nestled there, only contains pictures of the mountains taken both inside and outside the National Park. They are unpublished photos obtained over many years covering all seasons and months of the year. Many of the plants shown here are herbaceous and very small, primarily those in the montane grasslands. Although magnified by special lenses, some have tiny flowers that are less than one centimeter in diameter. Anyone who goes to the mountains will find that there are many familiar plants and landscapes, but will also likely come across others totally unknown. This is because the Caparaó Mountains reveal the most varied surprises at every step of the way and at each moment. Many of these are due to the instability of the local microclimate, which can change suddenly and catch us off guard with rain, clouds, fog, bright sunshine, and wind. It is common to be sunny at the foot of the mountains, while at the same time, cloudy or foggy at the peak, or vice versa. This fact, which often complicates the visitor program, can also present truly unexpected wonders. Photographic works revealed some botanical surprises. A species of bamboo, Chusquea caparoensis, which was collected and described by science in 1990, was photographed in 2008 with flowers and seeds for the first time. Two plants in the Asteraceae family photographed in 2009 and 2010, which are probably two new species to science, have been collected recently by experts who are analyzing the material. Since they have not yet been identified, they were not included in the book as the edition is not intended to be a compendium of local flora, nor a field guide. Nevertheless, the volume seeks to address, with the maximum accuracy possible, the information contained within. The determination or taxonomic identification of plants was made in collaboration with several botanists, cited at the end of the book. Since it was a photographic documentation of the plants and not a floristic survey, they were not collected. Thus, identification was done by sending the photos to experts. They in turn compared them to those plants preserved in the herbarium or consulted specialized literature. Most determinations were made in the Guido Pabst Herbarium, located in Itaperuna, RJ and Redentor College (Faculdade Redentor), where there is the largest collection of botanical species in the Caparaó Mountains. The other species were identified by consulting Brazilian specialists. There are 166 species of plants belonging to 57 different families portrayed in this book. All of these species are native, 16 are endemic to the Caparaó Mountains, and 21 are endangered. At the end of the edition, the reader will find more information about the flora, plus a map of the mountains and a table with the complete identification of the plants and their conservation status. The exuberance of the place allows us more than just adventure or photography tours. It makes us reflect on everything that is there.” Caparaó, a place where the sun, the fog and the clouds play hide and seek through peaks and valleys, surprising us at every moment with unique scenes. The interplay of light and shadow fills the landscape with strength and drama, and the heart of the beholder with pure delight. A place where life, in all its diversity, pulses intensely and silently. Caparaó, where, high in the mountains, very close to the sky, Minas Gerais meets Espirito Santo. Caparaó, a Special Mountain Range! Fernando M. Fernandes Forest Engineer and Nature Photographer


Introdução

“A Serra do Caparaó situa-se no Sudeste brasileiro, na divisa dos Estados de Minas Gerais e Espírito Santo. É um local frequentado por inúmeros visitantes, que para lá se dirigem a fim de conhecer alguns dos picos mais altos do Brasil e apreciar a natureza da exuberante Mata Atlântica. Este livro, que tem por objetivo revelar a beleza da Serra do Caparaó e fornecer uma amostra da vegetação tão diversa e especial ali abrigada, contém somente imagens da Serra, feitas tanto dentro quanto fora do Parque Nacional. São fotos inéditas obtidas ao longo de muitos anos, cobrindo todas as estações e todos os meses do ano. Muitas das plantas aqui exibidas são herbáceas e muito pequenas, principalmente as do campo de altitude. Embora ampliadas por lentes especiais, algumas têm flores diminutas, com menos de um centímetro de diâmetro. Quem já foi à Serra vai encontrar aqui muitas plantas e paisagens familiares, mas provavelmente vai se deparar também com outras totalmente desconhecidas, pois a Serra do Caparaó revela, a cada passo da caminhada e a cada momento, as mais diversas surpresas. Muitas destas são proporcionadas pela instabilidade do microclima local, que pode mudar subitamente e apanhar-nos desprevenidos com chuva, nuvens, neblina, sol forte e ventos. É comum ter sol no pé da Serra e, ao mesmo tempo, nuvens ou neblina no pico, ou vice versa. Este fato, que muitas vezes dificulta o programa do visitante, pode também proporcionar verdadeiros e inesperados espetáculos. Os trabalhos fotográficos revelaram algumas surpresas botânicas. Uma espécie de bambu, Chusquea caparoensis, que havia sido coletada e descrita pela ciência em 1990, foi em 2008 fotografada com flores e sementes pela primeira vez. Duas plantas da família Asteraceae fotografadas em 2009 e 2010, provavelmente duas novas espécies para a ciência, foram coletadas recentemente pelos especialistas, que estão fazendo a análise do material. Por não estarem ainda devidamente identificadas, não foram incluídas no livro, uma vez que a edição não tem a pretensão de ser um compêndio da flora local, nem um guia de campo. Apesar disso, o volume procura tratar com o máximo de rigor possível as informações nele contidas. A determinação ou identificação taxonômica das plantas foi feita com a colaboração de vários botânicos, citados no início do livro. Como se tratava de uma documentação fotográfica das plantas e não de um levantamento florístico, não foi feita a coleta das mesmas. Assim, a identificação foi realizada por meio do envio das fotos aos especialistas, que por sua vez compararam-nas com as plantas conservadas em herbário ou consultaram a literatura especializada. A maioria das determinações foi feita no Herbário Guido Pabst, localizado em Itaperuna/RJ, na Faculdade Redentor, onde está a maior coleção de espécies botânicas da Serra do Caparaó. As demais espécies foram identificadas por consulta a especialistas brasileiros. Neste livro são retratadas 166 espécies de plantas, pertencentes a 57 famílias diferentes. Todas essas espécies são nativas, sendo 16 endêmicas da Serra do Caparaó e 21 ameaçadas de extinção. No final da edição, o leitor encontrará mais informações sobre a flora, além de um mapa da Serra e de uma tabela com a identificação completa das plantas e seu status de conservação. A exuberância do local permite-nos mais que aventuras turísticas ou viagens fotográficas. Faz-nos refletir sobre tudo que ali existe.” Caparaó, um lugar onde o sol, a neblina e as nuvens brincam de esconde-esconde por entre picos e vales, surpreendendo-nos a cada momento com cenas únicas. O jogo de luz e sombra enche de força e dramaticidade a paisagem, e de puro contentamento o coração de quem a contempla. Um lugar onde a vida, na sua diversidade, pulsa intensa e silenciosamente. Caparaó, lugar onde, no alto das montanhas, bem perto do céu, as Minas Gerais encontram o Espírito Santo. Caparaó, uma Serra Especial! Fernando M. Fernandes Engenheiro Florestal e Fotógrafo da Natureza



Paisagem Landscape

15











Ă guas Waters

25









Grupo Bot芒nico Botanical Group

33 Angiospermas

127 Pterid贸fitas

141 Bri贸fitas

149 Liquens

153 End锚micas



Angiospermas

35


Hippeastrum glaucescens



Eryngium glaziovianum

Eryngium cf. paniculatum

Eryngium glaziovianum


Eryngium glaziovianum


Mandevilla tenuifolia

Achyrocline cf. satureioides


Mandevilla tenuifolia


Baccharis cf.calvescens

Baccharis opuntioides

Alstroemeria cunha Vell.

Baccharis platypoda

Hippeastrum sp.


Oxypetalum erectum


Campuloclinium purpurascens


Lepidaploa macahensis

Chionolaena phylicoides


Leptostelma maximum



Mikania sessilifolia

Lucilia lycopodioides

Mutisia lutzii

Mutisia campanulata


Senecio brasiliensis


Trixis verbascifolia

Trixis verbascifolia


Verbesina glabrata


Ruellia makoyana


Chionolaena sp.

Chionolaena capitata


Begonia integerrima


Billbergia vittata


Vriesea cf. billbergioides


Berberis campos-portoi

Berberis campos-portoi


Dyckia bracteata

Pitcairnia carinata


Vriesea itatiaiae


Vriesea paraibica


Lobelia sp.


Schlumbergera microsphaerica


Schlumbergera microsphaerica


Siphocampylus sp.

Siphocampylus sulfureus

Weinmannia humillis


Escallonia bifida

Croton chloroleucus


Camptosema scarlatinum


Croton nigricans


Collaea speciosa


Collaea speciosa


Crotalaria sp.

Leptrospon adenanthum


Senna multijuga

Senna organensis


Sinningia allagophylla

Sinningia allagophylla


Sinningia magnifica

Sinningia magnifica


Sinningia sceptrum


Heliconia richardiana


Hypericum brasiliense


Salvia sp.


Hesperozygis nitida

Salvia salicifolia


Genlisea aurea

Utricularia sp.


Abutilon rufinerve


Utricularia reniformis


Lavoisieria bicolor

Lavoisieria bicolor


Lavoisieria bicolor


Microlicia isophylla


Tibouchina gardneri


Tibouchina hieracioides

Tibouchina minutiflora

Tibouchina itatiaiae

Tibouchina semidecandra


Tibouchina semidecandra


Trembleya parviflora


Myrceugenia alpigena


Fuchsia coccinea

Fuchsia coccinea


Fuchsia regia


Myrcia subcordata

Myrcia subcordata


Epidendrum armeniacum

Coppensia blanchetii

Cranichis candida

Coppensia warmingii


Epidendrum secundum


Epidendrum secundum


Coppensia fuscans



Habenaria sp.

Habenaria achalensis


Epistephium williamsii


Masdevallia infracta

Octomeria sp.

Phymatidium hysteranthum

Pleurothallis sp.


Hadrolaelia mantiqueirae

Hadrolaelia mantiqueirae


Stelis sp.

Veyretia sp.

Veyretia sp.

Zygopetalum brachypetalum


Castilleja arvensis

Velloziella dracocephaloides


Esterhazya cf. splendida


Oxalis cf. rupestris


Oxalis confertissima

Passiflora mediterranea


Oxalis sp.


Phyllanthus pinifolius

Peperomia sp.


Piper cernuum

Plantago australis


Passiflora speciosa


Trichanthecium sp. (Capim rosado)


Peperomia galioides


Polypogon elongatus


Chusquea leptophylla

Chusquea leptophylla

Coccocypselum lanceolatum

Chusquea leptophylla


Roupala montana


Declieuxia coerulea

Hillia parasitica


Galium hypocarpium


Buddleja longiflora

Buddleja longiflora


Abatia americana


Brunfelsia brasiliensis

Cestrum bracteatum


Solanum sisymbriifolium

Lippia spiraeastrum


Urera baccifera


Barbacenia sp.


Verbena sp.


Viola subdimidiata


Viola subdimidiata


Solanum nigrescens



Pterid贸fitas

129



Cyathea sp.


Asplenium cf. auriculatum

Blechnum occidentale


Blechnum schomburgkii

Asplenium auritum


Dryopteris wallichiana


Sticherus pruinosus

Blechnum schomburgkii

Elaphoglossum gayanum


Dicksonia sellowiana

Lycopodium clavatum


Lycopodium clavatum


Doryopteris crenulans


Huperzia reflexa


Microgramma squamulosa


Niphidium crassifolium

Phlebodium pseudoaureum



Bri贸fitas

143


Sphagnum sp.



Bri贸fita sp1.


Breutelia cf. subtomentosa


Bri贸fita sp2.

Bri贸fita sp3.


Sphagnum Leoni

Bri贸fita sp4.



Liquens

151


Liquen sp2. Herpothallon sanguineum

Liquen sp1.

Herpothallon sanguineum

Usnea sp1.


Liquen sp3.

Usnea sp2.

Usnea sp3.

Liquen sp4.



End锚micas do Capara贸 155


Begonia caparaoensis


Begonia caparaoensis


Gaylussacia caparoensis

Gaultheria serrata


Ditassa leonii


Paepalanthus caparoensis

Paepalanthus acantholimon


Vanhouttea leonii


Pseudotrimezia sp.

Pseudotrimezia sp.


Pseudotrimezia sp.


Sisyrinchium cf. binervatum

Agalinis bandeirensis


Agalinis bandeirensis


Nothochilus coccineus


Nothochilus coccineus


Chusquea baculifera

Achetaria caparaoense

Chusquea baculifera


Chusquea caparaoensis

Chusquea caparaoensis

Oxypetalum leonii sobre Chusquea Pinifolia


Barbacenia irwiniana


Barbacenia irwiniana


The Caparaó Mountains and Caparaó National Park

“The Caparaó Mountains are located north of the Mantiqueira Mountains, where the highest lands of southeastern Brazil are located. Among the ten highest peaks in Brazil, the park is home to five. The most stand out ones are Bandeira Peak (third highest in the country at 2892m above sea level), Calçado Peak (2849m) and Cristal Peak (2770m). The park has a total area of 31,853 ha, of which 70% belong to the State of Espírito Santo and 30% to Minas Gerais. The date of the initiatives to protect the Caparaó Mountains is September 20, 1948, when the government of Espírito Santo decreed the “Bandeira Peak Forest Reserve” (later donated to the Federal Government). After the donation, successive requests for the creation of a park were referred to the government, culminating on May 24, 1961, with the enactment of the Federal Decree 50.646, in which states the iconic phrase, “Considering that, among the places exceptionally endowed by nature, the Caparaó Mountains hold a prominent position, next to Bandeira Peak, on the border of the states of Espírito Santo and Minas Gerais... “. The Caparaó National Park was created. The region climate has two very distinct seasons: rainy season, with frequent and copious precipitations, and a dry season, with a sensitive decline in rainfall. It is the typical pluviometric regime in tropical regions, with around 1500 mm of rainfall annually. In this case, the relief serves to increase rainfall, directly influencing the distribution and extent of the dry season, since the cliffs and mountains make rainfall more frequent and abundant. The hydrography is extremely rich, with numerous rivers, crystalline streams and waterfalls that drain their waters into three major basins in the southeast: Rio Doce Basin, which goes through Minas Gerais; the Rio Itapemirim Basin, which goes through Espírito Santo and the Rio Itabapoana Basin, which runs along the entire border of Rio de Janeiro with Espirito Santo. In terms of geology, the Caparaó Mountains are an isolated chain that runs north-south, wedged on Precambrian rocks more than 2 billion years old that stand out for their size and altitude. For its part, the relief greatly influences the temperature of the area, not allowing very high temperatures in the summer and determining, in the higher parts, the prevalence of milder maximum temperatures and very low minimums. In general, higher temperatures occur from September to March, being January and February usually the warmest months. They become considerably milder from May to August - the period in which they are recorded at their lowest (more precisely, in June and July). In winter, the occurrence of frost is not rare, and at the highest regions, negative temperatures are relatively common with ice formation in the evenings and early mornings. The environmental diversity that exists in the Caparaó National Park defines the great complexity of vegetation, especially for the forests, and at the highest elevations, the montane fields. In these areas, the flora is of rare beauty, with rich variations of textures and different shades of green texture interspersed with colorful flowers. In addition to the flora, and of paramount ecological importance, is the occurrence of a large number of rare and even endemic species. Forests, in turn, show considerable difference between the western and eastern regions of the mountains. On Minas Gerais side, it is less humid. They are representative of seasonal formations. On the Espírito Santo side, the direct influence from the Atlantic Ocean - which is a little over 100 km away - allows the development of lush ombrophilous forests. Among forests and fields, usually near altitudes of 2.000 m, the so-called upper montane forests appear. They are also known as nebular woods. This formation, unique and special, is strongly influenced by the fog and condensation of clouds associated with frequent winds and low temperatures. These result in a unique landscape, where epiphytic plants proliferate, as well as mosses and lichens, both on the trees and shrubs on the ground. The local fauna is rich and extremely varied, and includes important representatives like the ”suçuarana”, the ”jaguatirica” (kinds of felines), the wild cat, the moorish cat, the wild dog, the tayra, and the well-known and curious raccoon. It is also possible to find primates such as the blond capuchin monkey, titi monkeys, howler monkeys and the endangered buffy-headed marmoset and northern “muriqui”, in addition to birds of rare beauty (like the tanager, numerous hummingbirds, cardinals, and hawks), among many other animals. Finally, all of this biological wealth, climate and landscape can be known and appreciated by visiting the Caparaó National Park, either as a day trip, or staying overnight at the camping areas. The possibilities range from hiking in forest areas, river bathing in natural pools, waterfalls, and rapids. Even long walks are possible, roaming the montane grasslands, accessing some of the peaks that are among the highest in Brazil, and contemplating landscapes of rare and scenic beauty. But undoubtedly, the most prominent attraction is enjoying the sunrise from Bandeira Peak, meeting freezing temperatures!“ Waldomiro de Paula Lopes Forest Eng., MSc. Botany - Environmental Analyst Caparaó National Park Caparaó/ICMBio


Serra do Caparaó e Parque Nacional do Caparaó

“A Serra do Caparaó localiza-se ao norte da Serra da Mantiqueira, onde estão as terras mais altas do Sudeste brasileiro. Dentre os dez picos mais elevados do Brasil, o Parque abriga cinco, com destaque para o Pico da Bandeira (terceiro mais alto do país, com 2.892m de altitude), o Pico do Calçado (2.849m) e o Pico do Cristal (2.770m). O Parque possui uma área total de 31.853 ha, sendo que 70% pertences ao Estado do Espírito Santo e 30% a Minas Gerais. O marco das iniciativas de proteção à Serra do Caparaó é o dia 20 de setembro 1948, quando o governo do Espírito Santo decretou a denominada “Reserva Florestal do Pico da Bandeira” (mais tarde doada ao Governo Federal). Após a doação, sucessivos pedidos de criação de um Parque foram encaminhados ao poder público, culminando, em 24 de maio de 1961, com a edição do decreto federal 50.646, no qual consta a emblemática frase “Considerando que, entre os lugares excepcionalmente dotados pela natureza, ocupa posição de destaque a Serra do Caparaó, ao lado do Pico da Bandeira, na divisa dos estados do Espírito Santo e Minas Gerais...”. Estava criado o Parque Nacional do Caparaó. O clima da região apresenta duas estações bastante distintas: a chuvosa, com precipitações frequentes e copiosas, e a seca, apresentando sensível declínio das chuvas. É o regime pluviométrico típico das regiões de clima tropical, com valores de precipitação em torno de 1.500mm anuais. Neste caso, o relevo atua no sentido de aumentar as precipitações, influindo diretamente na distribuição e na extensão do período seco, uma vez que as escarpas e serras tornam as chuvas mais frequentes e abundantes. A hidrografia é extremamente rica, com inúmeros rios, córregos cristalinos e encachoeirados que drenam suas águas para três importantes bacias do sudeste: Bacia do Rio Doce, que segue por Minas Gerais; Bacia do Rio Itapemirim, que segue pelo Espírito Santo; e Bacia do Rio Itabapoana, que percorre toda a divisa do Rio de Janeiro com o Espírito Santo. Em termos de geologia, a Serra do Caparaó é um maciço isolado com orientação norte-sul, encravado sobre rochas geológicas pré-cambrianas de mais de 2 bilhões de anos, que se destaca por suas dimensões e altitudes. Por sua vez, o relevo influencia muito as temperaturas da área, não permitindo graus muito elevados no verão e determinando, nas partes mais elevadas, o predomínio de máximas amenas e mínimas muito baixas. Em geral, as temperaturas mais altas ocorrem de setembro a março, tendo janeiro e fevereiro como os meses usualmente mais quentes, e tornam-se sensivelmente mais amenas de maio a agosto – período no qual são registradas com seu valor mínimo (mais precisamente, em junho e julho). No inverno, não é rara a ocorrência de geadas e, nas porções mais elevadas, são relativamente comuns temperaturas negativas com formação de gelo nas noites e madrugadas. A diversidade ambiental existente no Parque Nacional do Caparaó define grande complexidade à cobertura vegetal, com destaque para as florestas e, nas porções mais elevadas, para os campos de altitude. Nestes, a flora se mostra de rara beleza, apresentando ricas variações de texturas e diversas tonalidades de verde intercaladas com o colorido das flores. Além da flora, é de extrema importância ecológica a ocorrência de um grande número de espécies raras e mesmo endêmicas. As florestas, por sua vez, mostram considerável diferença entre a porção oeste da serra e a porção leste. No lado mineiro, menos úmido, são representadas por formações estacionais; no lado capixaba, pela influência mais direta do Oceano Atlântico – do qual dista pouco mais de 100Km –, permite o desenvolvimento de exuberantes florestas ombrófilas. Entre as florestas e os campos, em geral nas altitudes próximas dos 2.000m, desenvolvem-se as chamadas florestas alto-montanas, também conhecidas como matas nebulares. Tal formação, única e especial, é fortemente influenciada pela condensação da neblina e das nuvens que, associadas a ventos frequentes e baixas temperaturas, resultam em uma paisagem singular, onde proliferam plantas epífitas, bem como musgos e líquens, tanto sobre as árvores e arbustos quanto no solo. A fauna local é extremamente variada e rica e conta com importantes representantes como a suçuarana, a jaguatirica, o gato-do-mato, o gato-mourisco, o cachorro-do-mato, a irara e o bem conhecido e curioso quati. Também é possível encontrar primatas como o macaco-prego, o sauá, o guariba e os ameaçados sagui-da-serra e muriqui-do-norte, além de aves de rara beleza (como o sanhaço-frade, inúmeros beija-flores, saíras, gaviões), entre tantos outros animais. Por fim, toda essa riqueza biológica, climática e paisagística pode ser conhecida e apreciada visitando-se o Parque Nacional do Caparaó, seja na forma de passeios de um dia, seja pernoitando nas áreas de acampamento. As possibilidades variam desde caminhada em área de floresta, banhos de rio em poços naturais, cachoeiras e corredeiras até caminhadas longas, percorrendo os campos de altitude, acessando alguns dos picos que figuram entre os mais elevados do Brasil e contemplando paisagens de grande e rara beleza cênica. Mas, sem dúvida, o atrativo de maior destaque é apreciar o nascer-do-sol a partir do Pico da Bandeira, experimenPARQUE NACIONAL tando temperaturas negativas!” DO CAPARAÓ

MG

ES

RJ

PICO DA BANDEIRA

MG

ES

Waldomiro de Paula Lopes Eng. Florestal, MScBotânica - Analista Ambiental Parque Nacional do Caparaó/ICMBio


The Flora of the Caparaó Mountains

The Caparaó Mountains hold a special floristic heritage that has caught the attention of many botanists in Brazil and abroad. The variations in relief and climate create conditions for the existence of a variety of environments, which, in turn favor the survival of distinct floras. In the ombrophilous forest, which is influenced by high temperatures, high rainfall, and no prolonged dry period, the vegetation is also variable and denser. Trees are larger and there are woody lianas (vines) and epiphytes (Veloso 1992, IBGE 1992). Seasonal semideciduous forest are found along the slopes of the hills and lower ground (Leoni, 1997). In Brazil, montane grasslands, mostly emerge above 1200m, extending into the upland regions of eastern Brazil, southern Minas Gerais, Espirito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná and Santa Catarina. The dense tropical forest vegetation is replaced by a rural physiognomy with predominantly herbaceous and shrubby vegetation (Martinelli, 1996). Throughout the Caparaó Mountains, the distribution area of the montane grasslands is approximately 10,000 hectares (Leoni, 1997). In the transition area between the seasonal semideciduous montane forest and the montane grasslands, there are lianas, shrubs and small trees, which look like epiphytes in profusion (Leoni 1997). Caparaó is an area with a high level of endemism and many species are still unknown. This is evident by the large number of plants recently described in the region, including species of the Scrophulariaceae, Apocynaceae/Asclepiadoideae, Orchidaceae, and Melastomataceae families, among others. Endemism is the richness of a species which are peculiar while at the same time absent in other regions. The following families, by the number of species, stand out in the mountain forests: Rhamnaceae, Melastomataceae, Rosaceae, Vochysiaceae, Lauraceae, Araliaceae, Moraceae, Asteraceae, Solanaceae, Bombacaceae, Arecaceae, Apocynaceae, Fabaceae, Euphorbiaceae, Myrtaceae, Annonaceae, Bignoniaceae, Clusiaceae, especially the tree species Brosimum glazioui Taubert and Euterpe edulis L..; the latter threatened with extinction. In herbaceous shrub extract, especially Anthurium mourae Engl., Anthuriium leonii E. Gonc., Trimezia pardina Rav., Alstroemeria fuscovinosa Rav., Vriesea Ruschi LBSmith. subsp. leonii Leme, endemic. In the field, we have the families: Asteraceae, Poaceae, Melastomataceae, Iridaceae, Ericaceae, Xyridaceae, Myrtaceae, Orchidaceae, Eriocaulaceae, Apocynaceae, Scrophulariaceae, Gesneriaceae, Bromeliaceae and Velloziaceae highlighted by the number of rare species, new to science and endemic to the Caparaó Mountains region. The Guido Pabst Herbarium has been conducting research for years on the flora in the Caparaó Mountains, often in cooperation with other institutions. The work developed has enabled not only the expansion of the botanical collections in the herbarium, but also the rescue of information on rare, endemic species, their populations, and their distribution. Throughout 18 years of research, the presence of 30 species endemic to the area covered by the park have been identified and reported. Nineteen of them are new to science. Once known which species are endemic, which are endangered and where they occur, it becomes possible to develop strategies to ensure appropriate management, thus reducing the risk of extinction. All this makes the Caparaó National Park an area of great importance for the conservation of flora in this part of southeastern Brazil. Lúcio de Souza Leoni Curator at the Guido Pabst Herbarium – Rendentor College – Itaperuna, RJ


A Flora da Serra do Caparaó

A Serra do Caparaó guarda um especial patrimônio florístico que vem chamando a atenção de muitos botânicos do Brasil e do exterior. As variações do relevo e do clima criam condições para a existência de uma variedade de ambientes, que, por sua vez, propiciam a sobrevivência de floras distintas. Na floresta ombrófila, que é influenciada pela alta temperatura e grande precipitação chuvosa, sem período seco prolongado, a vegetação é também variável, mais densa, as árvores têm porte maior e ocorrem lianas lenhosas (cipós) e epífitas (Veloso 1992, IBGE 1992). A floresta estacional semidecidual ocorre ao longo das encostas da serra e terrenos mais baixos (Leoni, 1997). No Brasil, os campos de altitude, em sua maioria, surgem acima dos 1.200m, extendendo-se nos maciços montanhosos do leste brasileiro, do sul de Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina. A vegetação florestal tropical densa é substituída por uma fisionomia campestre com vegetação predominantemente herbáceo-arbustiva (Martinelli, 1996). Já no Parque Nacional do Caparaó os campos de altitude surgem a partir dos 2.200m, com vegetação bastante variada e peculiar, dando espaço ao aparecimento de espécies endêmicas. Ao longo da Serra do Caparaó, a área de distribuição dos campos de altitude é de aproximadamente 10.000 hectares (Leoni, 1997). Na área de transição existente entre a floresta estacional semidecidual montana e o campo de altitude, ocorrem lianas, arbustos e árvores de baixo porte, com aparecimento de epífitas em profusão (Leoni 1997). O Caparaó é uma área com alto endemismo e com diversas espécies ainda inéditas. Isto pode ser evidenciado pelo grande número de plantas descritas recentemente para a região, incluindo espécies das famílias Scrophulariaceae, Apocynaceae/Asclepiadoideae, Orchidaceaee Melastomataceae, dentre outras. O endemismo é a riqueza de um terreno em espécies que lhe são peculiares e ao mesmo tempo ausentes em outras regiões. Destacam-se nas florestas da Serra, pelo número de espécies, as famílias: Rhamnaceae, Melastomataceae, Rosaceae, Vochysiaceae, Lauraceae, Araliaceae, Moraceae, Asteraceae, Solanaceae, Bombacaceae, Arecaceae, Apocynaceae, Fabaceae, Euphorbiaceae, Myrtaceae, Annonaceae, Bignoniaceae, Clusiaceae, com destaque para as espécies arbóreas Brosimum glazioui, Taubert e Euterpe edulis L., este último ameaçado de extinção. No extrato arbustivo herbáceo, destaque para Anthurium moura e Engl., Anthuriium leonii E. Gonç., Trimezia pardina Rav., Alstroemeria fuscovinosa Rav., Vriesea ruschi L.B.Smith. subsp. leonii Leme, endêmicas. No campo, temos as famílias Asteraceae, Poaceae, Melastomataceae, Iridaceae, Ericaceae, Xyridaceae, Myrtaceae, Orchidaceae, Eriocaulaceae, Apocynaceae, Scrophulariaceae, Gesneriaceae, Bromeliaceae e Velloziaceae destacando-se pelo número de espécies raras, novas para a ciência e endêmicas da Serra do Caparaó. O Herbário Guido Pabst vem há anos realizando pesquisas sobre a flora da Serra do Caparaó, muitas vezes em cooperação com outras instituições. Os trabalhos desenvolvidos vêm possibilitando não só a ampliação das coleções botânicas em herbário, mas também o resgate de informações sobre espécies raras, endêmicas e sobre suas populações e sua distribuição. Ao longo de 18 anos de pesquisa, foram identificadas e divulgadas as presenças de 30 espécies endêmicas na área de abrangência do Parque, sendo 19 delas novas para a ciência. Uma vez conhecidas quais as espécies endêmicas, quais as ameaçadas de extinção e quais os locais onde elas ocorrem, torna-se possível a elaboração de estratégias que visem um manejo apropriado, diminuindo-se assim o risco de extinção. Tudo isso torna o Parque Nacional do Caparaó uma área de grande importância na conservação da flora nessa parte do sudeste brasileiro. Lúcio de Souza Leoni Curador do Herbário Guido Pabst – Faculdade Redentor – Itaperuna/RJ


The Indian

The origin of our Indian comes from the mid-1970’s. At that time, Construtora Caparaó acquired a piece of ground which was owned by a public notary named Alberto Fonseca. It was bought for the development of a commercial building and was located at Antônio de Albuquerque Street. The site was occupied by a house which had, in its façade, an imposing Indian made of ceramic. This Indian was removed and put over the gateway of the old company headquarters at Paraíba Street, 556. It remained there until early 2008, when it was transferred temporarily to the Amadeus Business Tower, at Avenida Contorno, 6594. Recently, in March 2013, following Caparaó’s final move, it was relocated to the official address of the building firm, which is at Paraíba Street, on the 24th floor of the Renaissance Work Center. Affectionately nicknamed “Indio Caparaó,” over time it became a talisman. Its provocative, serene, magical and scrutinizing gaze reproduces the company’s confident vision towards its continuouness.


O Índio

Vem de meados da década de 1970 a origem do nosso Índio. Naquela data, a Construtora Caparaó adquiriu, para o desenvolvimento de um edifício comercial, um terreno localizado na Rua Antônio de Albuquerque, de propriedade do tabelião Alberto Fonseca. O local era ocupado por uma casa, cuja fachada exibia um imponente índio de cerâmica. Tal índio foi extraído e aplicado sobre o portal de entrada da antiga sede da empresa, na Rua Paraíba, 556, onde permaneceu até o início de 2008, sendo transferido provisoriamente para o Amadeus Business Tower, à Avenida do Contorno, 6594. Recentemente, em março de 2013, acompanhando a definitiva mudança da Caparaó, foi reinstalado à Rua Paraíba, no 24º pavimento do Renaissance Work Center, endereço oficial da Construtora. Carinhosamente apelidado “Índio Caparaó”, tornou-se, ao longo do tempo, um talismã. Seu olhar instigante, sereno, mágico e perscrutador reproduz a visão confiante da empresa rumo à sua perenidade.


• The nomenclature used for the angiosperms adopts the APGII system (Angiosperm Phylogeny Group). • The scientific names are updated in accordance with the List of Species of Flora in Brazil. http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012 • For details of endangered species, the official red lists of endangered flora of Brazil, Minas Gerais and Espirito Santo were consulted.

• A nomenclatura usada para as angiospermas adota o sistema APGII (do inglês: Angiosperm Phylogeny Group, ou Grupo para a Filogenia das Angiospermas). • Os nomes científicos estão atualizados de acordo com a Lista de Espécies da Flora do Brasil. http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012 • Para indicação das espécies ameaçadas de extinção, foram consultadas as listas vermelhas oficiais da flora ameaçada de extinção do Brasil, de Minas Gerais e do Espírito Santo.

Relação de espécies

GRUPO / FAMÍLIA ESPÉCIE / STATUS DE CONSERVAÇÃO GRUPO / FAMÍLIA ESPÉCIE / STATUS DE CONSERVAÇÃO

GROUP / FAMILY SPECIE / CONSERVATION STATUS GROUP / FAMILY SPECIE / CONSERVATION STATUS

Legendas para status de conservação

Legends for conservation status




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.