Ano XXVII – No 60 Jan. / Fev. / Mar. 2020 Distribuição gratuita
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CONCERTO DE NATAL DA FAMÍLIA IMPERIAL JORNADA DOS PRÍNCIPES – GUARATINGUETÁ ACLAMAÇÃO À FAMÍLIA IMPERIAL MANIFESTO MONÁRQUICO DE ITU – 2019
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ATUAÇÃO DOS PRÍNCIPES Chefe da Casa Imperial emite nota sobre a organização do Movimento Monárquico
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Príncipe D. Luiz de Orleans e Bragança, Chefe da Casa Imperial do Brasil, dirigiu aos monarquistas, em 14 de fevereiro, o seguinte comunicado: Meus muito caros monarquistas. Acontecimentos recentes, bem como o apelo de veteranos e de novos monarquistas, tornam oportuno que reitere anteriores diretrizes sobre a organização do movimento monárquico no Brasil. Faço-o como um chamamento à harmonia, na plena certeza de que a aurora monárquica em nosso País avança mais e mais a cada dia. A imensidão do território brasileiro e as legítimas diversidades que nele devem florescer pedem que nosso movimento se organize de forma orgânica, em Círculos Monárquicos, Frentes Monárquicas, núcleos da Juventude Monárquica e outros grupos que atuem, a nível municipal ou estadual, segundo as tradições e regionalidades coexistentes em nosso País e que, juntas, conformam aquilo que chamamos Brasilidade. Portanto, manifesto minha desconformidade – apesar de reconhecer, de bom grado, o idealismo e o espírito de iniciativa dos que o propõem – à constituição de quaisquer alianças, coligações, confederações, ligas ou partidos que pretendam chamar a si a liderança nacional do movimento monárquico, assim tolhendo a ampla liberdade com que, de Norte a Sul do Brasil, há décadas atuam as múltiplas entidades monarquistas. Aqui, pois, também encontra aplicação o basilar e sábio princípio da subsidiariedade. Qualquer tentativa de centralização inorgânica tiraria aos diversos grupos suas características de abordagem diferenciada, bem como a sua criatividade e liberdade de ação dentro da ordem e da legislação vigente. O monarquismo ficaria manietado, transformado em mais uma estrutura centralizada – precisamente em um momento no qual nossos compatrícios, lúcidos e inteligentes, dão-se conta de que estão, mais do que nunca, desprestigiadas as agremiações políticas no País. Assim como minha veneranda Bisavó, a Princesa Isabel, e meu saudoso Pai, o Príncipe D. Pedro Henrique, que me antecederam no múnus da Chefia da Casa Imperial, sempre vi com bons olhos a liberdade de atuação dos monarquistas, pois entendo que a grande força do nosso movimento está na autonomia, no espírito de iniciativa e no dinamismo de suas bases, sempre unidas e coesas em torno daquilo que é realmente essencial e inegociável, ou seja, a fidelidade à Legitimidade Monárquica e a observância de princípios fundamentais de caráter genérico, expressos nas “Propostas Básicas com vistas à Restauração da Monarquia no Brasil”, conhecidas e compartilhadas por todos. Meu Secretariado, ao qual a associação Pró Monarquia presta suporte, por delegação minha exerce a necessária função de aglutinar e coordenar os esforços disseminados dos diversos grupos monarquistas, sem, entretanto, pretender dirigi-los de modo centralizador, o que não corresponderia nem à índole nem à conveniência de nossa Causa. Por trinta anos, as portas do Secreta-
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riado têm estado abertas para o diálogo fraterno com todos os brasileiros, de modo particular os fiéis e devotados monarquistas, e assim permanecerão sempre. Por fim lembro que já no passado, desde os tempos do Plebiscito de 1993, ocorreram outros intentos de implantar – sem meu consentimento e com minha explícita desconformidade – uma direção centralizadora do movimento monárquico, e que estas sempre foram mal sucedidas. Assim sendo, apelo à experiência dos veteranos e ao idealismo dos jovens monarquistas no sentido de, por amor ao Brasil, prosseguirmos juntos em nossa patriótica atuação do modo como até agora, com êxito, vimos procedendo. Que para tal nos ajude Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil.
D. Eleonora de Ligne
12 de novembro – A Princesa D. Eleonora (de amarelo), nascida Orleans e Bragança, acompanhada de seu esposo Michel (esq.), Príncipe de Ligne (Bélgica), avistaram-se com o Embaixador do Brasil na Bélgica, Haroldo de Macedo Ribeiro e esposa, Embaixatriz Maria Emília Papini Ribeiro, na sede da representação diplomática do Brasil em Bruxelas. Na ocasião, conversaram sobre a promoção da cultura brasileira na Bélgica, assunto muito caro à Princesa, e, de modo particular, sobre a realização, em 2020, de evento cultural no Castelo de Beloeil, residência ancestral da Casa Principesca de Ligne, conhecido como a “Versalhes belga”. 26 de novembro – D. Eleonora e seu esposo Michel, juntamente com seus sobrinhos e herdeiros do Trono brasileiro, Príncipes D. Rafael e D. Maria Gabriela, participaram no Grão-Ducado de Luxemburgo das comemorações do centenário da ascensão ao Trono da Grã-Duquesa Charlotte de Luxemburgo, avó do Príncipe Michel e bisavó de D. Rafael e D. Maria Gabriela. Constou da programação a exibição do documentário “Léif Lëtzebuerger”, a apresentação da Orquestra Filarmônica de Luxemburgo precedida de coquetel e, por fim, recepção oferecida no Castelo de Berg, uma das residências do Grão Duque de Luxemburgo.
HERDEIROS DO PORVIR Publicação da Pró Monarquia, entidade civil sem fins lucrativos. Rua Itápolis, 873 – CEP 01245-000 – São Paulo – SP Tel./Fax: (11) 3822-4764 www.monarquia.org.br – e-mail: herdeirosdoporvir@monarquia.org.br Diretor Responsável: Osvaldo Rocco Jornalista Responsável: Armando A. dos Santos (MTB 36265) Redator Chefe: Geraldo Hélson Winter Diagramação: Luis Guillermo Arroyave Impressão: Grafilar – Gráfica e Editora do Lar Anália Franco
A seguir um pequeno registro, apenas exemplificativo, das atividades dos príncipes nos últimos meses. Muito mais haveria a acrescentar, mas o exíguo espaço disponível não o permite. Convidamos os leitores a acompanhar a “Agenda dos Príncipes” no Facebook da Pró Monarquia.
D. Bertrand de Orleans e Bragança 30 de outubro – Em breve passagem pelos EUA, o Príncipe Imperial do Brasil, D. Bertrand de Orleans e Bragança, foi recebido na Embaixada do Brasil em Washington, para almoço, pelo Embaixador Nestor Forster Jr., o qual, de acordo com as normas tradicionais da diplomacia brasileira, tratou o ilustre visitante com o protocolo adequado. O Itamaraty, mesmo em regime republicano, sempre timbrou em tratar nossa Família Imperial de acordo com as boas normas protocolares a que ela tem direito. 2 de novembro – No Dia de Finados, com a presença dos Príncipes D. Bertrand e de seu sobrinho D. Gabriel, foi celebrada Missa na Capela Imperial do Monumento do Ipiranga, em sufrágio das almas do Imperador D. Pedro I e das Imperatrizes D. Leopoldina e D. Amélia, suas esposas, ali sepultados. O ato litúrgico foi rezado pelo Pe. Renato Leite, da Paróquia Santa Isabel, Rainha de Portugal. 4 de novembro – D. Bertrand recebeu para a reunião habitual das segundas-feiras, seguida de jantar, a dupla de atores Augusto Pacheco e Paulo Souza, responsáveis pelo “Canal Hipócritas”, o qual vem denunciando com humor e arte as atuais hipocrisias perpetradas por políticos corruptos e alguns setores da grande imprensa. O canal tem 712 mil seguidores no YouTube, 600 mil no Facebook, 200 mil no Instagram e 117 mil no Twitter. 8 e 9 de novembro – Por iniciativa do Círculo Monárquico de Belém e com a presença de D. Bertrand, realizou-se o II Encontro Monárquico do Pará. O Príncipe foi recebido no aeroporto pela Banda da Guarda Municipal de Belém, que o homenageou com a execução do Hino da Independência. O evento ocorreu no Auditório da Associação Comercial do Estado, com a presença de uma centena de participantes. 16 de novembro – D. Bertrand foi um dos principais oradores do V Fórum Famílias Novas, promovido pela Comunidade Católica Famílias Novas do Imaculado Coração de Maria, no Mosteiro de São Bento, centro de São Paulo. O evento de dois dias contou com a presença de mais de duas centenas de pessoas, e o tema da palestra foi “A bela vocação do Brasil como Terra de Santa Cruz”.
16 de novembro – Importantes membros da colônia armênia – Sra. Adriane Kuchkarian Beolchi e Srs. Vartan Moumdjian, Marcelo Abrikian, Jorge Kalenderiam – foram recebidos por D. Bertrand para a reunião das segundas-feiras, seguida de jantar. A noite de intenso e animado convívio terminou com o Príncipe sendo presenteado pelo Sr. Jorge com uma caixa de doces típicos da Armênia.
23 e 24 de novembro – “A Princesa Isabel: modelo de estadista católica” foi o título da conferência de D. Bertrand no III Fórum Nacional da Liga Cristo Rei, realizado no Hotel Othon Palace, bairro de Copacabana, Rio de Janeiro. Cerca de 700 pessoas, a maioria formada por jovens monarquistas em busca da restauração dos valores cristãos, lotaram o auditório. 25 de novembro – O Deputado Estadual por São Paulo, Frederico Braun D’Avila, do PSL, foi recebido por D. Bertrand na tradicional reunião das segundas-feiras. O parlamentar não esconde sua simpatia pela Causa Monárquica: em seu gabinete na Assembleia Legislativa exibe vistoso Pavilhão Imperial. Nos últimos anos, D’Avila ocupou importantes cargos públicos e privados no ramo do agronegócio. 27 de novembro – Proferindo a palestra “A vocação católica do Brasil”, D. Bertrand compareceu ao 6º Ciclo de Palestras da Associação de Leigos Imaculado Coração de Maria, realizado na Câmara Municipal de Goiânia, onde também estiveram presentes monarquistas do Círculo Monárquico Conde dos Arcos. Longamente aplaudido, o Príncipe foi requisitado para posar em inúmeras fotos.
D. Antônio de Orleans e Bragança 2 de dezembro – O Príncipe D. Antônio de Orleans e Bragança, e sua esposa, D. Christine, representaram o Chefe da Casa Imperial na Missa pelo Imperador D. Pedro II, celebrada na Igreja da Imperial Irmandade de Nossa Senhora da Glória do Outeiro, no Rio de Janeiro, por ocasião de seu 193.º natalício. Sob os auspícios do Círculo Monárquico do Rio, o Santo Sacrifício foi celebrado por Mons. Sérgio Costa Couto.
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Concerto de Natal da Família Imperial
Pe. Samuel e D. Bertrand no cortejo de entrada
D. Bertrand posa para foto com algumas personalidades
Público canta os hinos do Brasil e da Independência
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o dia 14 de dezembro último, sob os auspícios do Chefe da Casa Imperial do Brasil, D. Luiz de Orleans e Bragança, realizou-se o Concerto de Natal da Família Imperial, na Igreja Nossa Senhora Aparecida, Bairro de Moema, São Paulo. O Príncipe D. Luiz foi representado por seu irmão D. Bertrand, Príncipe Imperial do Brasil, o qual foi recepcionado pelo Pároco Pe. Samuel Alves Cruz, pela Comandante-Geral da Guarda Civil Metropolitana de São Paulo, Inspetora Superintendente Elza Paulina de Souza, e por um grupo de notáveis monarquistas, ao som de marchas militares executadas pela Banda Musical da Guarda Civil Metropolitana de São Paulo, na porta da igreja. Em seu interior, mais de seiscentos convidados o aguardavam de pé, ao som dos trompetes tocando Fantini – Prima Entrata Imperiale. A exibição prosseguiu com a execução do Hino Nacional, do Hino da Independência e de seis partituras tocadas pela mesma Banda, regida pelo Maestro Inspetor de Divisão
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Igreja Nossa Senhora Aparecida lotada
Príncipe D. Pedro (centro) no Concerto de Natal de Santos
José Carlos Milanez. Em seguida a orquestra da Associação Músicos do Futuro, regida pelo maestro Edison Ferreira, apresentou 17 músicas clássicas e natalinas, algumas com o acompanhamento do Coral Infanto-Juvenil da mesma Associação, regido pela Maestrina Thaísa Keme, além da brilhante apresentação do barítono Max Costa em conjunto com a mezzo soprano Graciana Camacho. No final várias personalidades discursaram, entre as quais o Pároco Pe. Samuel; o Presidente da Pró Monarquia, Dr. José Guilherme Beccari e o Diretor da mesma Dr. Rubens de Brito; o organizador do evento, Sr. Marcos Paulo Magossi; e por fim o Príncipe D. Bertrand, o qual também desejou, em nome do Chefe da Casa Imperial, D. Luiz, “um Santo Natal e um muito abençoado 2020” a todos os presentes e suas famílias. Uma semana antes, dia 6, o Príncipe D. Pedro de Orleans e Bragança representou, em Santos (SP), seu irmão Príncipe D. Luiz no I Concerto de Natal para a Casa Imperial.
Jornada dos Príncipes – Guaratinguetá
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o dia 15 de dezembro ocorreu mais uma etapa da “Jornada dos Príncipes”, desta vez na cidade de Guaratinguetá, Vale do Paraíba, com a presença do Príncipe Imperial D. Bertrand de Orleans e Bragança. O Príncipe chegou à cidade pela manhã e foi recepcionado pelo Prefeito Marcus Soliva. Visitou o Espaço Cultural Multiuso da antiga Estação Ferroviária e concedeu entrevista para a TV Vanguarda, filiada da Rede Globo, que cobriu todo o evento. Recebeu das mãos do prefeito as chaves da cidade, seguido de longo cortejo formado por cavaleiros com bandeiras imperiais e de associações religiosas pelas ruas centrais, em direção à Igreja Matriz de Santo Antônio. Ato contínuo, D. Bertrand visitou o Museu de São Frei Galvão e foi recepcionado pelo casal José Carlos (Tom) e Thereza Regina Maia, parentes do Santo, que ofereceu um lauto lanche em sua residência senhorial que foi construída ainda em tempos do Império, e na qual já se hospedaram os Príncipes D. Pedro Henrique e D. Maria, pais de D. Bertrand.
Conselheiro Rodrigues Alves, onde falou para seleto público sobre questões ambientais e assistiu ao filme “Frei Galvão, o Arquiteto da Luz”. O projeto “Jornada dos Príncipes”, idealizado pelo monarquista Malcolm Forest, que também é Vice-Presidente do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, visa a promover, ao longo dos próximos anos, viagens de membros da Família Imperial, refazendo os passos do Imperador D. Pedro I no caminho que o levou a proclamar nossa Independência. As comemorações principais dar-se-ão durante o Bicentenário da Independência, em 2022.
Público diante da antiga estação ferroviária
D. Bertrand recebe das mãos do Prefeito Marcus Soliva (esq.) a chave da cidade
Após o almoço, o Príncipe se dirigiu ao auditório do Museu Associações religiosas prestigiaram o evento monárquico
Casal Tom e Thereza Maia (sentados) recepcionaram o Príncipe e o Prefeito em sua residência
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Aclamação à Família Imperial
Homenagem ao Chefe da Casa Imperial
D. Bertrand recepciona os monarquistas Apresentação musical durante o evento
Orador saúda os Príncipes
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Após a Aclamação, foto de recordação
s vésperas do dia 6 de janeiro, em que a Santa Igreja comemora a Epifania de Nosso Senhor, Dia de Reis, realizou-se, pela terceira vez consecutiva, a Aclamação à Família Imperial. Em São Paulo, os Príncipes D. Luiz e seu irmão D. Bertrand receberam muitas dezenas de monarquistas para uma tarde de confraternização, que incluiu homenagens, apresentações musicais e o lançamento da Rádio Web Brazil Imperial, dirigida pelo monarquista Rogério César Jaques, da cidade paulista de Itu. Também no Rio de Janeiro, após Missa na Igreja da Imperial Irmandade de Nossa Senhora da Glória do Outeiro, teve lugar a Aclamação, sendo o Chefe da Casa Imperial representado por seus irmãos, Príncipes D. Antonio e D.
Eleonora, esta acompanhada do marido, Príncipe Michel de Ligne, da Bélgica. Em discurso aos presentes, D. Antonio reafirmou sua certeza de que a restauração da Monarquia se dará em breve e o Brasil retomará a caminhada ascensional interrompida há 130 anos. D. Luiz agradeceu as homenagens prestadas à Família Imperial em mensagem dirigida aos monarquistas brasileiros. Além da grande repercussão em nossas redes sociais, à mídia francesa também chegaram ecos do evento, como noticiado pelo site Histoires Royales, especializado na atualização do que acontece nas famílias reais europeias, em matéria intitulada “Acclamation de la famille impériale du Brésil (…) pour la nouvelle année”.
No Rio, Aclamação após a Missa no Outeiro da Glória
Príncipe Michel de Ligne (esq.), D. Eleonora e D. Antonio com monarquistas
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Manifesto Monárquico de Itu – 2019 N
a última edição do “Herdeiros” foi noticiado o lançamento – em pleno dia 15 de novembro do ano passado e diante do prédio onde ocorreu a tristemente famosa Convenção Republicana – do “Manifesto Monárquico de Itu – 2019”. O ato, ocorrido nos exatos 130.º aniversário do golpe de 1889, foi promovido pelo “Movimento Itu, a Fidelíssima do Império” e a íntegra do documento já é do conhecimento dos nossos leitores. Porém, por falta de espaço, não foram publicadas as fotos da passeata que se seguiu a leitura do documento, percorrendo o centro histórico da cidade, onde os monarquistas desfraldaram bandeiras imperiais ao som do Hino da Independência e, por fim, rezaram um terço para que Deus tenha pena do nosso querido País. A seguir, algumas fotografias do ato:
Manifesto foi lido diante do Museu Republicano
Monarquistas com suas bandeiras diante do prédio onde ocorreu a Convenção Republicana
No encerramento, parte dos manifestantes posam para foto
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Página bem (mal) humorada
República - PISA - Estudantes Em certa ocasião, quando lhe perguntaram o que gostaria de ser se não fosse Imperador, D. Pedro II respondeu sem hesitar: que desejaria ser professor – tal a importância que dava à instrução de seu povo. E com frequência fazia incursões em escolas cariocas para avaliar não só alunos, mas também professores. Quando vinha a São Paulo, nunca deixava de passar pela Academia de Direito e, ali, assistia a aulas e interrogava igualmente a alunos e professores. Tão frequentes eram essas visitas que o soberano tinha até uma cadeira especial, que era reservada somente para ele. Ainda hoje essa cadeira é conservada pela Universidade de São Paulo e foi nela que se sentou o Príncipe D. Luiz de Orleans e Bragança, quando proferiu, em 2008, uma conferência na Faculdade de Direito da USP. Passados 130 anos de República, o nível de aprendizado dos brasileiros se tornou um dos piores do mundo, ficando em 58.º no ranking do PISA, sigla em inglês que significa “Programa Internacional de Avaliação de Alunos”. A pesquisa é feita pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a cada três anos, com estudantes de 15 anos de 79 países, e os testes abrangem leitura, matemática e ciências. Participaram 17.507 adolescentes brasileiros, e os resultados só não foram piores porque o teste abrangia também escolas particulares, em média bem melhores do que as públicas. Não é de se estranhar que a República trate desta forma nossa Educação, pois é muito mais fácil manipular ignorantes.
Dinheiro jogado fora
Coisas da Monarquia “Foi o novo regime que lhe deu tão nojenta feição para os seus homens públicos de todos os matizes. Parecia que o Império reprimia tanta sordidez nas nossas almas. Ele tinha a virtude da modéstia e implantou em nós essa mesma virtude; mas, proclamada que foi a República, ali, no Campo de Santana, por três batalhões, o Brasil perdeu a vergonha e os seus filhos ficaram capachos, para sugar os cofres públicos, desta ou daquela forma”. (Lima Barreto, escritor brasileiro)
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A administração do dinheiro arrecadado pelo fisco durante a República sempre foi perdulária, mas nos governos anteriores passou de todos os limites. A má alocação dos recursos públicos atingiu, no ano passado, R$ 444 bilhões, dinheiro jogado fora, os quais deverão ser bancados por toda a sociedade brasileira. Fazem parte dessa cifra astronômica, por exemplo, os R$ 196 bilhões emprestados pelo BNDES com juros subsidiados, sem qualquer respaldo técnico, a empresas e governos amigos dos presidentes; os R$ 161 bilhões colocados em estatais deficitárias; os R$ 61 bilhões para socorrer fundos de pensão falidos; e os R$ 27 bilhões emprestados para a moribunda Odebrecht. Eis uma das razões pela qual os impostos são tão altos e nunca suficientes, deprimindo consequentemente as atividades econômicas ao se transferir grande quantidade de capitais do setor privado para o público. Por fás ou por nefas, a consequência é uma dívida bruta estatal de 87,9% do PIB (só superada pela do Egito, com 92,6%), tendo de emitir R$ 350 bilhões em títulos anualmente para saldá-la – o que significa ainda mais dinheiro jogado fora. Medidas urgentes de contenção podem minimizar o cenário, mas os 130 anos de República demonstram que a palavra “austeridade”, tão presente no Império, foi banida dos dicionários republicanos.
Você é quem paga! Se a República brasileira tivesse um mínimo de pudor, deveria imediatamente decretar falência e se declarar culpada por continuamente vilipendiar a Constituição, a qual reza que todos os cidadãos têm os mesmos direitos. De modo geral, os homens públicos recebem salários e privilégios incomparavelmente superiores aos do resto da população, mas quando se trata de senadores, a coisa desanda de vez. Além de receberem altíssimos salários, os gastos dessa casta com relação à saúde, por exemplo, não têm limites e seus membros podem se tratar nos hospitais mais caros do país. Enquanto a população mofa nas filas dos hospitais públicos e do SUS, essa mesma população paga cifras milionárias de impostos para senadores e parentes (esposas, filhos, enteados e pais) se tratarem até no Exterior, incluindo cirurgias estéticas. Portanto, quando nos depararmos com um senador outrora calvo, desdentado e “ruguento” que de repente aparece remoçado e com cara de tamborim, lembremo-nos: fomos nós que pagamos.