Ano XXVIII – No 64 Jan./ Fev./ Março 2021 Distribuição gratuita
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A TUAÇÃO DOS P RÍNCIPES Mensagens do Chefe da Casa Imperial do Brasil, Príncipe D. Luiz de Orleans e Bragança Projeto de restauração do Paço de São Cristóvão Meus muito caros brasileiros, Foi com viva consternação que tomei conhecimento, pela imprensa, do projeto de restauração do Paço de São Cristóvão, atualmente designado como “Museu Nacional” e vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro, destruído por um incêndio catastrófico na noite do dia 2 de setembro de 2018, que não colheu vidas, mas que incinerou, em suas chamas inclementes, memórias, objetos e documentos históricos, muitos deles preciosos e únicos. O referido projeto – que se pretende concluir a tempo para as comemorações do Bicentenário da Independência, em 2022 – não visa devolver à antiga glória aquela residência Imperial, mas sim dar-lhe um aspecto dito “moderno”; isto é, exibir paredes sem reboco, com pedras e tijolos ainda chamuscados, como que enormes e perenes feridas, expostas em meio a um amontoado de escadas e passarelas de ferro, painéis de vidro e decorações verdadeiramente impróprias para aquele ilustre recinto. Profundo admirador do legado de progresso científico e cultural deixado por meu magnânimo trisavô, o Imperador Dom Pedro II, eu não poderia jamais ser antipático à existência de um museu dedicado às ciências naturais, mas ao mesmo tempo não creio ser o Paço de São Cristóvão o local mais adequado para abrigar tal instalação, máxime se, para esse fim, se pretenda ser necessário desfigurar de tal maneira o lar de quatro gerações da Família Imperial Brasileira. Aponto para o inspirador exemplo do restauro da Catedral de Notre-Dame de Paris, igualmente arrasada pelas chamas, mas que vem sendo reconstruída, por determinação do Senado Francês, segundo seu “último estado visual conhecido”. É impossível não ver que não se trata aqui de um mero projeto arquitetônico, mas sim de um novo lance da investida que há décadas se vem empreendendo contra o edifício da brasilidade: políticos, homens públicos, pseudo-intelectuais e outros que, tendo aderido a ideologias funestas e alienígenas, tornaram-se vozes enganadoras, que disseminam sentimentos de discórdia e de convulsão. Ideologias
HERDEIROS DO PORVIR Publicação da Pró Monarquia, entidade civil sem fins lucrativos. Rua Itápolis, 873 – CEP 01245-000 – São Paulo – SP Tel./Fax: (11) 3822-4764 www.monarquia.org.br – e-mail: herdeirosdoporvir@monarquia.org.br Diretor Responsável: Osvaldo Rocco Jornalista Responsável: Armando A. dos Santos (MTB 36265) Redator Chefe: Geraldo Hélson Winter Diagramação: Luis Guillermo Arroyave Impressão: Grafilar – Gráfica e Editora do Lar Anália Franco
e vozes que malsinam a hora providencial em que as naus com a Cruz de Cristo abordaram nosso litoral, trazendo com os missionários as bênçãos, as promessas e as riquezas espirituais e culturais da Cristandade, que gestariam a Monarquia brasileira e cristã. Felizmente, estou persuadido de que o nosso povo, altaneiro, religioso e bom, nada tem de comum com estes enganos que repetidamente se levantam. Portanto, como Chefe da Casa Imperial do Brasil, descendente e herdeiro dinástico dos Imperadores que regeram nosso destino enquanto povo, apelo aqui a todos os brasileiros de boa vontade, monarquistas ou não, para que façam sentir ante as instâncias apropriadas, por todos os meios válidos e lícitos, sua inconformidade com esse projeto desfigurador, que arruinará irremediavelmente tão precioso patrimônio histórico e cultural da Nação Brasileira, cortando assim o passo ao perigo que nos ronda e fazendo refluir mais este ataque aos fundamentos da Terra de Santa Cruz. Rogo a Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, que abençoe e proteja sempre o nosso povo e a nossa Nação. São Paulo, 1º de março de 2021
Dia de Reis Meus muito caros monarquistas, Na data em que, seguindo-se ao Dia de Reis, seria realizada a Aclamação à Família Imperial pelo quarto ano consecutivo, lamentavelmente nos vemos impedidos de nos reunir, como tanto desejávamos, em função desta já longa emergência causada pelo vírus vindo da China. Ainda assim, eu não poderia deixar de dirigir algumas breves palavras aos beneméritos, provectos e juveníssimos, empenhados no labor pela Restauração da Monarquia no Brasil. Em 2021 completo quarenta anos na Chefia da Casa Imperial, cumprindo com a missão que a Divina Providência confiou à minha estirpe e a mim, em particular, nesta quadra tão atribulada de nossa História. No entanto, vejo com renovadas esperanças e contentamento o crescimento, ano a ano, das fileiras monárquicas, certo de que aquilo que propugnamos vai ao encontro das legítimas aspirações do povo brasileiro; isto é, uma Nação autenticamente cristã e de sentido inconfundivelmente Imperial, verdadeiramente a Terra de Santa Cruz. Continuamos a assistir à vitória – gradual, porém contínua – daqueles que clamam pelo seu Brasil de volta. E creiam que, em consonância com a tradição histórica da Casa de Bragança, a Família Imperial – tanto eu como os meus eventuais sucessores dinásticos, meus irmãos Dom Bertrand e Dom Antônio e meu jovem sobrinho Dom Rafael – estaremos sempre ao lado de seu povo nesta justa peleja em prol de um Brasil fiel a si mesmo e em ascensão. Que para tanto Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, nos preste o Seu auxílio. Viva o Brasil! São Paulo, 10 de janeiro de 2021
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A seguir um pequeno registro, apenas exemplificativo, das atividades dos príncipes nos últimos meses. Muito mais haveria a acrescentar, mas o exíguo espaço disponível não o permite. Convidamos os leitores a acompanhar a “Agenda dos Príncipes” no Facebook da Pró Monarquia.
D. Bertrand de Orleans e Bragança 16 de novembro – O Príncipe Imperial do Brasil, D. Bertrand de Orleans e Bragança, proferiu a palestra “A vocação católica do Brasil” a convite da União Católica dos Militares na Academia Militar das Agulhas Negras. À noite, no Rio de Janeiro, proferiu aula magna sobre o Brasil em evento realizado no Centro D. Bosco. No dia seguinte o Príncipe visita o Comando em Chefe da Esquadra da Marinha do Brasil, em Niterói, sendo recebido pelo Comandante, Vice-Almirante Claudio Henrique Mello de Almeida. 8 do dezembro – Com a presença de D. Luiz e D. Bertrand, celebrou-se na Casa Imperial Missa em homenagem a Nossa Senhora da Conceição, Rainha de Portugal e Padroeira da Lusofonia, celebrada pelo Padre Thiago Fragoso de Oliveira, Vice-Reitor do Santuário Diocesano do Senhor Bom Jesus, de Mogi das Cruzes. Neste mesmo dia D. Bertrand recebeu em audiência o Comendador João Néris, Presidente do Grupo Néris de Comunicação, de Buritirama, na Região Oeste do Estado da Bahia.
jantar no Pastra Nostra Ristorante, em São Paulo, ainda em comemoração de seu 80 anos. Presentes o Dr. Adolpho Lindenberg, Presidente do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, e importantes políticos do legislativo paulista. 10 de fevereiro – Mais um jantar comemorativo do aniversário de D. Bertrand, desta vez oferecido e organizado pelo Dr. Guilherme de Faria Nicastro, Presidente da Juventude Monárquica do Brasil, juntamente com um grupo de jovens monarquistas, realizado na Sede Social da Pró Monarquia. 13 a 16 de fevereiro – O Instituto Plinio Corrêa de Oliveira (IPCO) promoveu em São Paulo o XXI Simpósio de Estudos e Ação Contra-Revolucionária, tendo como um de seus principais oradores o Príncipe D. Bertrand. O evento consistiu de palestras presenciais e virtuais, transmitidas ao vivo, pelas mídias sociais. 17 de fevereiro – D. Bertrand concedeu entrevista para a NSC TV Joinville, emissora afiliada à Rede Globo de Santa Catarina, que por conta do 170.º aniversário do município desta cidade, em 9 de março, levou ao ar matéria especial sobre a tia-trisavó de Sua Alteza, a Princesa de Joinville, D. Francisca de Bragança, irmã do nosso Imperador D. Pedro II. As filmagens foram realizadas na Sede Social da Pró Monarquia.
D. Antônio de Orleans e Bragança
2 de fevereiro – No dia em que D. Bertrand completou 80 anos, celebrou-se na Igreja Nossa Senhora do Brasil, em S. Paulo, Missa em ação de graças pelo Príncipe. Logo após o aniversariante foi homenageado por seu irmão D. Luiz e auxiliares mais próximos com almoço na Casa Imperial. 3 de fevereiro – O Prof. Ibsen Noronha, atuante monarquista brasileiro lecionando na Universidade de Coimbra, Portugal, promoveu na sede paulistana do Iate Clube de Santos um almoço para homenagear D. Bertrand pelo seu aniversário. Importantes convidados estiveram presentes, destacando-se o Dr. Ricardo de Aquino Salles, Ministro de Estado do Meio Ambiente do atual governo. 9 de fevereiro – Por iniciativa de um grupo de figuras representativas da sociedade paulistana, na maioria médicos, D. Bertrand participou de
14 de novembro – O Príncipe D. Antônio de Orleans e Bragança visitou o Centro D. Bosco, no Rio de Janeiro, importante organização católica e conservadora, ocasião em que gravou mensagens a serem exibidas no XXX Encontro Monárquico Nacional e no II Encontro Monárquico do Espírito Santo. 15 de dezembro – Por sugestão de seu primo, o Príncipe D. Duarte de Bragança, Duque de Bragança, Chefe da Casa Real de Portugal e Presidente Honorário do Turf Club de Lisboa, D. Antônio foi convidado a se tornar um associado do clube, e neste dia enviou carta de aceitação. O Turf Club é uma associação privada, restrita a cavalheiros e fundada no século XIX por membros da Nobreza de Portugal. 24 e 25 de dezembro – D. Antônio e sua esposa D. Christine celebraram o Natal em companhia dos filhos D. Rafael e D. Maria Gabriela, no Castelo de Beloeil, propriedade ancestral da Casa Principesca de Ligne, cujo chefe é o Príncipe Michel, irmão da Princesa D. Christine, na Província de Hainaut, no Reino da Bélgica.
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Retrato de um Príncipe Cristão ARTHUR OLIVEIRA LAGE
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o imaginário popular, a figura do Príncipe se apresenta de diversas maneiras. Nenhuma, porém, tão elevada quanto a do Príncipe Cristão. Na Idade Média, quando a sociedade estava direcionada a Deus, os Monarcas tomavam por modelo os Reis do Antigo Testamento: Salomão, Ezequias, Josias e, de modo particular, Davi. Assim como nas Sagradas Escrituras, eram ungidos e tinham consciência de que o seu poder vinha de Deus, a Quem deveriam prestar contas de seu reinado. Estava posto o ideal do Soberano virtuoso, de quem se esperava justiça, sabedoria, prudência, misericórdia, humildade e piedade, dentre outras virtudes. Era o modelo moral a ser admirado e seguido pelos súditos. A ele cabia ouvir as demandas de seu povo, protegê-lo e conduzi-lo, bem como defender a Santa Igreja e contribuir para a maior honra e glória de Nosso Senhor. Que época abençoada e frutuosa! Quantos Reis Santos! São Wladimir, da Rússia, Santo Estevão e São Ladislau I, Reis da Hungria, Santo Henrique II, Imperador do Sacro Império, São Fernando III, Rei de Leão e Castela, e, claro, São Luís IX, Rei de França. E de Rainhas, como Santa Isabel de Portugal e Santa Isabel da Hungria. Os nomes desses Santos atravessaram os séculos e seus exemplos continuaram a inspirar a educação de gerações de jovens Príncipes católicos. Certamente influíram na formação dos Príncipes da Casa Imperial do Brasil, que, através do Conde d’Eu, descendem diretamente do grande Rei-Cruzado São Luís IX. Inspirado pelas elevadas virtudes da Fé Católica e pela biografia desses Santos Reis, podemos contar no número dos Príncipes genuinamente cristãos o Príncipe Imperial do Brasil, D. Bertrand de Orleans e Bragança, que no dia 2 de fevereiro próximo passado completou seus 80 anos de vida. D. Bertrand nasceu em 1941, em Mandelieu-la-Napoule, na França, a Filha Primogênita da Santa Igreja. Na data de seu natalício, comemora-se a Purificação da Santíssima Virgem. O terceiro filho do Príncipe D. Pedro Henrique de Orleans e Bragança, Chefe da Casa Imperial do Brasil de 1921 a 1981, e de sua esposa, a Princesa D. Maria da Baviera, recebeu na pia batismal o nome de Bertrand Maria José Pio Januário Miguel Gabriel
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Entre várias condecorações, ressalta-se a do Comando Militar do Sudeste, em São Paulo
Rafael Gonzaga. Assim é a tradição de nossa Família Imperial. Bertrand, o seu nome próprio. Maria e José, em honra à Santíssima Virgem e a São José. Pio, em homenagem à sua madrinha e tia paterna, a Princesa D. Pia Maria de Orleans e Bragança, Condessa René de Nicolaÿ, mas também, pode-se dizer, à sua avó, a Princesa Imperial Viúva do Brasil, D. Maria Pia de Bourbon-Sicílias, e ao gloriosamente reinante Papa Pio XII. Januário, pelo seu padrinho e tio-avô, o Príncipe D. Januário de Bourbon-Sicílias, e também ao Santo Bispo de Benevento, muito venerado na Itália. Miguel, Gabriel e Rafael, em devoção aos Santos Arcanjos. Gonzaga, por São Luís Gonzaga, o jovem seminarista jesuíta de origem nobre italiana, padroeiro da Casa de Bragança. D. Bertrand passou os primeiros anos de sua infância na França, vivenciando as agruras e aflições da Segunda Guerra Mundial. Finalmente, em 1945, a Família Imperial pôde retornar ao Brasil, esta terra que tanto amava, mesmo que de longe, e à qual era chamada a servir. Assim como seus irmãos, teve a oportunidade de crescer no interior, vivendo em uma fazenda tipicamente brasileira, tomou contato com a realidade da vida no campo como tantos brasileiros da época. Afastado do esplendor palaciano, que certamente seria mais adequado a um Príncipe, aprendeu sobre a vida e sobre o Brasil autêntico algo que não estaria tão facilmente ao seu alcance, caso tivesse nascido e crescido numa Corte.
O dia-a-dia do campo foi uma escola de vida cujos ensinamentos repercutem até hoje em sua personalidade tão marcante. A principal preocupação de D. Pedro Henrique e D. Maria foi sempre a de transmitir aos filhos a Fé Católica, uma boa educação e a consciência da missão histórica da Família Imperial. Como adolescente, seguindo os passos de seu irmão mais velho, D. Bertrand passou a frequentar as Semanas de Estudo da revista “Catolicismo”, do eminente pensador e homem de ação católico e monarquista Plinio Corrêa de Oliveira, o que foi fundamental em sua formação religiosa e intelectual. Com o tempo, passou a participar ativamente do grupo de jovens que, sob a inspiração do eminente pensador paulista, veio a constituir a TFP, e que hoje continuam a sua ação contra-revolucionária com o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, ciente da missão de que a realeza é chamada a estar sempre na linha de frente da defesa de seu povo. Enquanto crescia a ameaça comunista em meio à sociedade durante a chamada Guerra Fria, D. Bertrand se posicionou de maneira firme contra aquela ideologia despótica e anticristã. Estudante da tradicional Faculdade de Direito do Largo de São Francisco (Universidade de São Paulo), participava de intensos debates políticos na defesa dos valores católicos e, naturalmente, em categórica oposição ao comunismo. Quando, em 1981, seu irmão mais velho, o Príncipe D. Luiz, ascendeu à Chefia da Casa Imperial, D. Bertrand assumiu a posição de Príncipe Imperial do Brasil, recebendo-a com senso de dever e tendo, desde então, mostrado incansável dedicação aos ideais da Monarquia e lealdade inquestionável ao Chefe da Casa Imperial. Especialmente durante a campanha do Plebiscito de 1993 e, sobretudo, nos anos que se seguiram, o Príncipe Imperial se revela em ação constante em favor do ideal monárquico. Ao longo de seus 80 anos, sua vida tem sido marcada pela coerência de princípios e firmeza na luta em defesa da Civilização Cristã, como convém a um verdadeiro Príncipe cristão. Brasileiros, demos graças a Deus por ter como Príncipe Imperial a pessoa de D. Bertrand de Orleans e Bragança! Que, com as bênçãos de Deus Nosso Senhor e sob a proteção da Santíssima Virgem, Sua Alteza tenha vida longa e possa continuar a servir ao Brasil com sua dedicação e bom exemplo!
“Herdeiros” entrevista D. Bertrand O Príncipe Imperial D. Bertrand concedeu longa e exclusiva entrevista ao “Herdeiros do Porvir”. Entretanto, por falta de espaço, apresentamos apenas um resumo. A íntegra pode ser lida no link facebook.com/promonarquia. Herdeiros do Porvir: Como foi sua formação familiar? Que valores recebeu de seus pais? E de seus antepassados, qual é aquele que mais admira e por quê? O que mais agradeço a Deus foi de ter nascido em uma família católica e unida, que aos poucos foi me formando em um ambiente muito sóbrio, pois a República nos havia exilado e praticamente confiscado nossos bens. Meus dois irmãos mais velhos, minha irmã e eu nascemos na França, em meio à Segunda Guerra Mundial, com todos os seus riscos e privações. Meus pais, D. Pedro Henrique e D. Maria, incutiram em mim e em meus irmãos a Fé católica e o senso da missão histórica da Família Imperial para com o Brasil. E minha avó paterna, D. Maria Pia, ensinou-me sobre as glórias da Igreja, mas também sobre seus inimigos, os agentes da Revolução. Nesse embate, ela dizia, cabe aos Soberanos e aos Príncipes estar na primeira linha de frente, na defesa da Cristandade. Com relação aos meus antepassados, desde muito jovem admirei, em D. Pedro I, a coragem; em D. Pedro II, a sabedoria; na Princesa Isabel, a catolicidade. Remotamente, estiveram sempre presentes em minhas cogitações as figuras veneráveis de São Nuno de Alvares Pereira, Condestável de Portugal e fundador da Dinastia de Bragança, e de São Luiz IX, Rei de França. Um soberano ideal deve ser um herói, um sábio e um santo, que garanta a justiça a seu povo e o oriente para realizar os desígnios de grandeza e de glória que lhe estão reservados pela Divina Providência. HP: V. A. nasceu exilado na França. Que lembranças tem de sua chegada ao Brasil, aos quatro anos de idade? Mesmo sendo muito jovem à época, há três coisas que jamais irei esquecer: primeiro, a recepção calorosa, a bondade e o respeito dos brasileiros, monarquistas ou não; segundo, a visão que tive do Cristo Redentor, no alto do Corcovado, como que a nos abençoar e nos dar as boas vindas; e terceiro, a abundância de recursos de um País maravilhoso e promissor, que não havia sofrido com a terrível Segunda Guerra. HP: Poderia falar de sua formação acadêmica? Fiz meus estudos em colégios católicos
Presença ativa nas manifestações pela moralização do Brasil
tradicionais do Rio de Janeiro e do Paraná, para onde minha Família se mudou em 1951, pois meu pai havia adquirido uma fazenda no Norte daquele Estado. Em 1964, concluí o curso de Direito da Faculdade do Largo de São Francisco (USP), onde participei ativamente das pugnas ideológicas que marcaram aquele período, tanto que minha turma ainda hoje é lembrada como a “Turma do Príncipe”. Recordo também que meu pai confiou a complementação de minha formação religiosa e cultural e, assim como a de meu irmão D. Luiz, a seu amigo de infância, o Dr. Plinio Corrêa de Oliveira, eminente pensador católico e monarquista, fundador da antiga TFP – cuja obra hoje é continuada pelo Instituto Plinio Corrêa de Oliveira – onde, por assim dizer, dei início à luta de minha vida: pela Restauração de um Brasil autenticamente cristão e monárquico, fiel à sua missão histórica. HP: Restauradas as Monarquias no Brasil e em Portugal, de que maneira seria possível criar uma “Comunidade Lusófona”, como a Commonwealth? D. João VI, quando chegou ao Brasil, deu-se conta de que o futuro do Mundo Luso estava em constituir uma Comunidade de Nações, com uma crescente autonomia, mas sempre unidas por um vínculo de catolicidade e afetividade, como havia sido o Sacro Império Romano-Germânico. O mesmo penso eu. HP: Como é a relação com as Casas Reais europeias, reinantes e não-reinantes, com as quais é aparentado? A Família Imperial, graças à nossa excelente tradição de casamentos dinásticos, é aparentada com todas as Famílias reinantes e não-reinantes da Europa, com as quais nos
damos muito bem, aproveitando sempre as oportunidades de nos encontrarmos. Hoje somos mais próximos às Famílias Reais de Portugal, da França, da Baviera e das Duas Sicílias. HP: No dia 5 de julho, V.A. completa quarenta anos como Príncipe Imperial do Brasil. Como entende seu papel? No dia 5 de julho de 1981, meu irmão D. Luiz assumiu a Chefia da Casa Imperial do Brasil, dando continuidade à missão histórica de nossa Família e estimulando o crescimento contínuo e orgânico do Movimento Monárquico, seguindo sempre o exemplo deixado por nosso pai, D. Pedro Henrique. D. Luiz concorreu de maneira decisiva por ocasião da Constituinte de 1987-88 para a queda da “cláusula pétrea”, a qual deixava os monarquistas praticamente fora da lei. Nos anos seguintes, ele esteve à frente da campanha monárquica no Plebiscito de 1993, onde, contra todas as artimanhas republicanas, apesar de termos contra nós mais de um século de deformação da História, com toda a máquina de propaganda nas mãos da República, praticamente sem meios econômicos e nem quadros, até então proibidos pela “cláusula pétrea”, sem a menor igualdade de condições entre a campanha republicana e a nossa, conseguimos 13% dos votos válidos, o que foi uma verdadeira vitória moral e o início de uma grande empreitada. Há ainda um detalhe que acho importante ressaltar sobre aquela campanha: em praticamente todos os debates, em que monarquistas e republicanos se enfrentavam em pé de igualdade, fazia-se depois um plebiscito simulado, e a Monarquia vencia sempre. Tudo isso em grande parte graças à liderança Continua
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sábia e inspiradora de D. Luiz, apoiado por mim e por nossos irmãos, especialmente D. Antônio. Hoje D. Luiz continua a inspirar os veteranos e jovens que almejam um Brasil fiel a si mesmo e em ascensão. Ele é um modelo de Chefe de Estado, um católico exemplar e muitíssimo preparado para servir à Nação como seu Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo. Meu papel como Príncipe Imperial é em tudo secundar a D. Luiz e servi-lo com o melhor de minhas habilidades e esforços, pois assim estarei servindo ao Brasil e aos brasileiros. HP: Qual a opinião de V. A. em relação à atual situação do Brasil? Vejo o Brasil passando por um período de profundas mudanças, em que nosso povo, sempre tão lúcido, está cansado da República. Aos poucos, ele vai se dando conta de que a Monarquia é a solução natural para os problemas do País, pois corresponde melhor à natureza humana e à boa ordem posta por Deus na criação. Uma nação é antes de mais nada uma grande família com um destino em comum a realizar. E a missão do Monarca nessa concepção é, sobretudo, criar um ambiente social que estimule as qualidades de seu povo e iniba suas más tendências. HP: E quais são suas perspectivas quanto à Restauração da Monarquia? Conforme disse acima, percebo o desejo de mudança em minhas viagens e palestras de Norte a Sul do Brasil, durante as quais frequento ambientes muito diversos, como meios religiosos, empresariais, militares e universitários. Se eu tivesse a desgraça de ser republicano, estaria desesperado, pois a República no Brasil está com os seus dias contados. Tenho plena certeza de que muito em breve assistiremos à Restauração da Monarquia na Terra de Santa Cruz. HP: Poderia deixar um recado aos nossos leitores e aos monarquistas? Conclamo aos monarquistas a preservarem seu modo de pensar, suas tradições e particularidades regionais, mantendo-se sempre unidos naquilo que é essencial: a fidelidade à Legitimidade Monárquica, hoje encarnada em D. Luiz, e à observância aos princípios fundamentais de caráter genérico, expressos em suas bem conhecidas “Propostas Básicas com vistas à Restauração da Monarquia no Brasil”. Por fim, tenhamos sempre a certeza de que o nosso querido Brasil é chamado a ser um País autenticamente cristão e monárquico, magnificamente autêntico e forte, que irá servir de exemplo para todos os povos do mundo no irrenunciável processo de Restauração da Cristandade.
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Como conservar em segurança seus segredos mais secretos? ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS
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eoricamente, um Diário Oficial publica o que é essencial para a História, aquilo que é oficializado e tornado público justamente porque não pode ser esquecido. A escola historiográfica positivista e republicana do século XIX idolatrava os Diários Oficiais. Essa escola desejava aplicar à História – que é por sua natureza uma ciência humana – a metodologia e o rigor das ciências exatas. Desejava “matematizar” a História, como também o Direito, a Psicologia e todas as demais áreas do conhecimento que hoje designamos como Ciências Humanas... Para os historiadores dessa corrente, somente documentos escritos e oficiais seriam fontes seguras e confiáveis para que uma História verdadeiramente científica pudesse ser escrita. Essa ideia cerebrina, ao longo do século XX, foi não apenas desmentida, mas ridicularizada de todos os modos nos meios acadêmicos. E com toda a razão. Imagine-se alguém que desejasse escrever a História do Brasil no século XX, baseado exclusivamente nos Diários Oficiais!!! Não nego que devam existir Diários Oficiais. Alguma utilidade eles têm. Mas poucas coisas são tão representativas do vazio e do oco do sistema administrativo moderno quanto um Diário Oficial. Poucas coisas mostram tanto a decalagem profunda entre o País real e o país fictício da burocracia republicana quanto um Diário Oficial. No Império já tínhamos um Diário Oficial, sem dúvida, mas de proporções razoáveis. Na República, que é, paradoxalmente, centralista e controladora de tudo, até nos pormenores, e ao mesmo tempo dispersiva e caótica, cresceu desmedidamente o número de leis, decretos, decretos-leis, portarias, regulamentos, provisões, resoluções, normas, medidas provisórias, pareceres normativos etc. etc. Haja papel para registrar tudo... No dia 30 de novembro de 2017, pela última vez o Diário Oficial da União foi publicado em papel. Desde 1º. de dezembro daquele ano, a publicação, que já contava com 155 anos de existência ininterrupta, passou a ser apenas eletrônica, sendo acessível aos interessados pelo site www.imprensanacional.gov.br. “Esta medida é reflexo dos tempos, em que a leitura é um hábito mais forte em dispositivos eletrônicos. É, também, reflexo de
compromissos com a sustentabilidade que o Brasil tem que, continuadamente, cumprir”, declarou o então ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, ao anunciar a medida. Segundo fontes do Governo Federal, foi muito grande a economia com a supressão do jornal impresso. 720 toneladas de papel eram, anualmente, gastas com a impressão, a um custo de aproximadamente 2,5 milhões de reais por ano. Além dos gastos com a impressão, havia também as despesas de distribuição e estocagem, o que, no total, significa que 12 milhões de reais passaram a ser poupados a cada ano. O Diário Oficial da União, realmente, consumia muito papel. A histórica (última) edição de 30/11/2017, por exemplo, tinha 240 páginas. Mas já houve edições muito mais volumosas. Ficou famosa a do dia 24 de abril de 1998, que até entrou no Guiness Book of Records, pela sua adiposidade papelística: tinha nada menos que 2.244 páginas e pesava 5 quilos e 550 gramas! Foi o record mundial, batendo até mesmo o “New York Times”, que na edição domingueira de 14 de setembro de 1987 atingira 1.612 páginas, com 5 quilos e 400 gramas de peso. No caso do record brasileiro, o que engrossou a repolhuda edição foi a Seção I do Poder Judiciário, com 1.132 páginas, seguida de algumas centenas de páginas de questões técnicas do mesmo Poder Judiciário. O implacável jornalista Carlos de Laet, líder católico e monarquista do Rio de Janeiro, dizia que se alguém tem um segredo que seja absolutamente necessário guardar por escrito, mas que seja tão secreto que ninguém possa dele tomar conhecimento, deve publicá-lo no Diário Oficial. Fica escrito e não há perigo de alguém ler... De fato, encontrar alguma coisa nessa massa de informações é o mesmo que achar agulha em palheiro.
“Por Deus e pelo Brasil, viva o Imperador!” Na última edição do “Herdeiros do Porvir”, em matéria de capa sobre o retorno da Família Imperial ao Brasil, mencionou-se que o então jovem de 14 anos Rogério da Silva Tjäder (foto) estava entre os monarquistas que recepcionaram os Príncipes. Decorridos 76 anos desde este importante acontecimento de nossa História, atende ele gentilmente nosso pedido para relembrar o fato.
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esde a mais tenra infância envolvi-me na história de D. Pedro II, ao ler um artigo infantil que tratava do tema “Ingratidão e Lealdade”, o qual relatava a traição de que fora vítima o Imperador. A partir de então, passei a ler tudo o que dissesse respeito a D. Pedro II. Mais emocional do que racionalmente, tornei-me monarquista entusiasta. No dia 4 de dezembro de 1944, folheando o jornal que meu pai trazia diariamente para casa, deparei-me com um convite para a Missa de 53 anos da morte de D. Pedro II. Com a devida autorização, compareci à Missa das dez horas na Igreja da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, no dia 5 de dezembro daquele ano. Na minha ingenuidade, própria da infância, estranhei o número exíguo de assistentes àquela cerimônia que eu imaginara seria monumental. Os assistentes eram todos senhoras e senhores circunspectos que, na minha ótica infantil foram classificados como “velhos”. Apesar de muito jovem, fui, por todos, muito bem acolhido. Como à noite haveria uma reunião na residência de uma das senhoras presentes, vi-me insistentemente convidado a comparecer. Após muita persistência da minha parte, meus pais acabaram por anuir, após mil recomendações, hoje perfeitamente compreensíveis. Embora não entendesse alguma coisa que ali foi tratada, lembro-me que me senti muito importante pelo fato de ter participado daquela reunião do Círculo Monárquico do Rio de Janeiro a 5 de dezembro de 1944, uma vez que eu, com apenas 14 anos e meio, tinha tomado assento junto àqueles circunspectos membros. Dali para a frente, participei de cada reunião na residência de alguns dos líderes monárquicos locais. Embora a névoa do tempo turve a minha memória, lembro-me nitidamente de alguns nomes: Mário Nobre de Almeida, Luiz Carlos Corrêa de Queiroz e Apulcho Prestes de Muros, que era o mais atuante; ele foi que atendeu o meu pedido de
confeccionar o primeiro escudo de lapelas (ainda guardo o meu). Entre as senhoras, de forma particularmente especial, D. Luiza Werneck de Castro, sorridente, fala mansa, que havia, ainda menina, frequentado amiudadas vezes o Palácio da Quinta da Boa Vista, pois sua mãe era uma das serviçais pessoais da Imperatriz; ela gostava de me relatar fatos curiosos da vida palaciana, mais intimamente relativos a D. Thereza Christina, fatos esses que ainda guardo na memória. Em meados de 1945 fomos informados de que o Chefe da Casa Imperial, D. Pedro Henrique, estava se preparando para se transferir para o Brasil, em companhia de sua Família, tão logo fosse possível. Desnecessário dizer que o assunto tornou-se tônica entre os monarquistas, que se comunicavam entre si, relatando qualquer notícia a respeito, que chegava da Europa. Essa viagem foi adiada algumas vezes pela falta de opções de transporte. Finalmente, nos últimos dias de agosto de 1945 – não me recordo se foi 23 ou 25 –, em uma manhã particularmente quente (embora já estivéssemos no inverno), encontravam-se os componentes do Círculo Monárquico do Rio de Janeiro reunidos no salão de espera do cais do porto, na Praça Mauá, desde as primeiras horas do dia, aguardando o desembarque dos passageiros do navio português “Serpa Pinto”. Era a primeira viagem do navio de Portugal para o Brasil após a guerra, o qual chegou atrasado, pois teve que se desviar da rota inicialmente traçada para se reabastecer em um porto do Caribe, fato compreensível devido à falta de combustível, ainda em consequência da guerra. Cerca das dez horas, eis que surgiu a Família Imperial. Desnecessário descrever a emoção de todos os presentes ao poder contatar pessoalmente o seu Imperador de jure. Ainda me recordo que me senti tímido ante a grandeza do fato. D. Pedro Henrique, porte altivo, sério, em um terno escuro e chapéu de feltro cinza; sua esposa, a Princesa D. Maria da Baviera, discretamente sorridente
deixava transparecer uma expectativa, ante àquela drástica guinada na vida da sua família o que, apesar da pouca idade, achei compreensível. O que me pareceu, no dia, algo diferente, foi que apesar da princesa oferecer um porte elegante, estranho o seu ventre protuberante... Não percebi que ela se achava em adiantado estado de gestação do Príncipe D. Pedro, que nasceria 4 meses depois. Coisas da idade inocente daqueles tempos. Fomos todos apresentados ao casal Imperial como membros do Círculo Monárquico, tendo eu recebido da Princesa um sorriso que me pareceu mais afetivo (afinal, eu era um menino pouco mais velho do que o seu primogênito). Em seguida, o próprio D. Pedro Henrique nos apresentou seus filhos: D. Luiz, D. Eudes, D. Bertrand e a pequenina D. Isabel. As crianças permaneceram tranquilas. Entretanto, desde a atracação, o Presidente do Círculo Monárquico e mais uns dois membros haviam recepcionado a Família Imperial a bordo, desejando-lhes as “Boas Vindas”. Depois do encontro no salão de espera, a Família Imperial retirou-se para uma residência previamente locada no bairro Santa Teresa. Não muito depois, D. Pedro Henrique transferiu-se para uma residência na Urca onde, ali sim, pude manter um contato mais próximo com ele e seus familiares, por ocasião dos encontros amiudados do Círculo Monárquico. Tudo isso até que D. Pedro Henrique se transferiu para o Estado do Paraná. Aí o contato foi distanciado. Somente voltei a revê-lo pintando um quadro da Catedral de Valença, cidade onde resido. Ali estivemos juntos mais umas três vezes. Quando o grupo monárquico se reergueu para a luta do Plebiscito, lá me engajei outra vez, aqui permanecendo até os noventa. Quem sabe posso chegar mais longe? Aproveito o ensejo para terminar este relato com um brado, tal como encerrávamos as nossas reuniões, ainda do tempo da Ação Imperial Patrianovista Brasileira: “Por Deus e pelo Brasil, Viva o Imperador!”
Herdeiros do Porvir 7
Página bem (mal) humorada
Coisas da Monarquia “No Brasil, ou Monarquia ou anarquia” (Gaspar Silveira Martins, político e magistrado brasileiro).
Carnaval de insanidades La République ne va pas bien A mãe de todas as repúblicas, a francesa, pela boca de seu Ministro do Interior, Gérald Darmanin, escancarou o motivo pelo qual as repúblicas provocam grandes desgraças quando implantadas em prósperos países, como ocorreu no Brasil. Disse ele alto e bom som: “Não podemos mais discutir com pessoas que se recusam a escrever em papel que a lei da República é superior à Lei de Deus”. Em outras palavras, o político francês defende que o Decálogo, entregue por Deus a Moisés no Monte Sinai, é inferior às leis criadas pela república francesa... Embora o pronunciamento petulante apenas compare leis, na prática rebaixou a de Deus a um segundo plano e transformou a república de Robespierre, Marat e Danton num deus. “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas”, diz Jesus Cristo no Evangelho. “Buscai as leis republicanas, e a tragédia vos será acrescentada”, poderia dizer o Ministro. Agora entendemos porque mícrons presidentes republicanos são criados às baciadas por toda parte.
Dois quintos dos infernos O Ministro da Economia, Paulo Guedes, não podia ser mais claro em relação aos motivos que fizeram nossa economia estagnar, sendo o principal a gastança governamental. O maior dispêndio é com o pagamento da dívida pública, vindo a seguir os gastos com o salário do funcionalismo e o terceiro a despesa com a aposentadoria desse mesmo funcionalismo. Portanto, segundo ele, ao invés de o Estado servir ao povo, é o povo que lhe serve. Por muito menos, lembrou o ministro, houve a revolta denominada “Quintos dos Infernos”, cobrança de 20% sobre o ouro exportado (taxação sobre outros bens era pequena ou não existia). Muito mais motivos temos hoje para nos opor a essa república corrupta, pois dois quintos dos impostos (40%) são arrecadados, quase tudo destinado à manutenção do paquidérmico Estado.
Em plena pandemia, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, aprovou verba de mais de R$ 33 milhões para as escolas de samba, apesar de o Carnaval ser cancelado na cidade. Recordese que, no ano passado, o prefeito e seu parceiro político João Dória, governador do Estado, gabavam-se de terem organizado “o maior carnaval da história”, quando os primeiros casos de Covid-19 já eram registrados. Além de terem contribuído para a disseminação da doença, agora desperdiçam verbas para o tratamento dos doentes. Na República brasileira os políticos arranjam qualquer motivo para fazerem festa com nosso dinheiro. Se em situação normal seria um absurdo destinar R$ 33 milhões para sambistas, imagine-se em situação de calamidade como a atual!
Cambalacho internacional Quando da vinda dos médicos cubanos ao Brasil nos governos do PT, não faltaram vozes que denunciaram o acordo como ilegal, pois contemplava o emprego de pessoas em regime de escravidão, sendo a maior parte de seus salários – dois terços – enviados para o governo cubano. Além da capacidade profissional de tais médicos ser questionada pelas associações de classe brasileiras, as consequências nefastas daquele tratado ressurgem no momento em que dezenas deles, agora refugiados nos Estados Unidos, movem ações internacionais contra o Brasil por escravidão e exigem milhões de dólares como indenização. A precariedade da saúde em rincões do país é conhecida, mas nossos políticos republicanos conseguiram ver aí uma oportunidade ímpar de desviar bilhões de reais para a tirania cubana. O cambalacho saiu muito caro e aguardam-se desdobramentos imprevisíveis.
8 desta Herdeiros Porvir As fontes coluna do são a imprensa nacional e as redes sociais. Se alguma informação estiver incorreta, será corrigida na edição seguinte.