Os gnaisses resultantes do longo e lento cisalhamento àquela altura do litoral carioca nunca haviam experienciado tamanho conflito interno.
A extrema magnitude das forças e pressões sofridas ao longo de milhões de anos, que soergueram inclusive os dois majestosos irmãos vizinhos, não eram páreo para a dor que se passava em sua tez.
“As pessoas não são como rochas”, pensou, o desespero saindo à boca.
As boudinages que serpeavam a áspera superfície lhe contavam o que em instantes saberia ser exatamente o oposto.
À escarpa, onde juntar-se ao Panteão parecia sua única escolha, Urano e Pontos uniam-se ironicamente no horizonte à sua frente, enquanto Gaia aos seus descalços pés encontrava-se.
Eis que o sopro em sua face prova-lhe o contrário: a mudança é constante.
O vento rufa sobre as águas, que deitam-se violentamente sobre as pedras, que se moldam incessantemente ao sabor das intempéries. Mudar é preciso.
Mal sabia a impressionante similaridade entre si e as rochas: a metamorfose.