É mais fácil ser vítima da má interpretação alheia atualmente que escolher um número par entre um e três.
Imagine então quando se é vítima de seus signos.
Quando dela se trata, significante e significado mesclam-se, fundem-se quase que espontaneamente em infinitos novos híbridos.
Os gestos podem dizer -- e, de fato, dizem -- o que bem querem; seus olhares -- principalmente seu hiato -- apresentam uma pluralidade singular de intenções, motivos e objetivos.
E é aí que se peca. É aí que o que se apreende pode ser um contresens, um malentendu... E, perdoe Jacques Brel, mas o tempo perdido não volta.
A odisseia contada em um singelo sorriso de canto de boca pode ser mera invencionice de criança, coisa pouca.
Mas, espere: a comunicação é tudo, menos unilateral.
O que se entende, portanto, tem sim seu fundo e raso de verdade.
Se é misunderstanding, malentendu ou malinteso, não importa. O real equívoco, enfim, seria pensar que o que ela faz não corre risco de ser mal interpretado.