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Editorial Maria João Conde

Fabricantes, associações, laboratórios, entidades com responsabilidades na normalização e meios de comunicação social são algumas das entidades que podem auxiliar na divulgação das normas, de forma a se conseguir um mercado harmonizado e transparente.

A investigação e o desenvolvimento na segurança das pessoas e bens são um imperativo para que esta actividade possa acompanhar a evolução do mercado e da sociedade. O desafio está em conseguir converter estas tecnologias em soluções comercializáveis, ou seja, em estabilizar as soluções do ponto de vista da sua concepção e de uniformizar requisitos mínimos de ensaio, fabrico, instalação e manutenção. Neste âmbito, as normas, quer nacionais quer europeias, revelam ser de grande utilidade para a estabilização da tecnologia e, desde logo, para proteger os investimentos efectuados em segurança. O problema está que as normas são pouco divulgadas e pouco conhecidas no mercado da segurança, o que possibilita a entrada de produto não conforme, o incumprimento de procedimentos de instalação e manutenção, entre outros problemas. É certo que há uma boa explicação para que as normas não sejam conhecidas: o acesso às normas não é livre, tem um custo associado que decorre dos direitos de propriedade. Mas, esta realidade não é exclusiva de Portugal e não pode constituir um obstáculo para o incumprimento das normas. A concepção de que as normas são meras recomendações de boas práticas está parcialmente ultrapassada. Hoje em dia, grande parte do acervo normativo europeu relativo à segurança é harmonizado, ou seja, é de aplicação compulsória nos vários países da União Europeia por efeito das directivas da nova abordagem, sobretudo a dos Produtos de Construção. Em Portugal, poucos actores do mercado da segurança têm a consciência que as normas harmonizadas são praticamente tão obrigatórias como a regulamentação nacional. A divulgação das normas europeias relativas a equipamentos e produtos de segurança tem acontecido, até agora, de forma incipiente e pouco atempada. Fabricantes, associações, laboratórios, entidades com responsabilidades na normalização e meios de comunicação social são algumas das entidades que podem auxiliar na divulgação das normas, de forma a se conseguir um mercado harmonizado e transparente. Enfocando ainda o sector nacional, 31 de Dezembro de 2009 é uma data importante para as empresas que laboram no sector da segurança. Trata-se do último dia em que é possível a submissão das medidas de autoprotecção a implementar em todos os edifícios e recintos em exploração à Autoridade Nacional da Protecção Civil. O final do ano é também a data limite para a transposição, por parte do Estado português, da Directiva dos Serviços (Directiva 2006/123/EC) que afectará alguns prestadores de serviço (projecto, instalação, manutenção de sistemas) na área da segurança, com excepção das actividades de segurança privada, que estão claramente excluídas do âmbito da directiva. Tendo por finalidade criar um verdadeiro mercado interno dos serviços até 2010, a Directiva Serviços visa facilitar o estabelecimento dos prestadores de serviços noutros Estados-Membros e liberar de prestação de serviços entre Estados-Membros. Esta Directiva decreta a proibição de determinados requisitos jurídicos que continuam a estar presentes nas legislações de certos Estados-Membros e que não têm justificação, como os requisitos de nacionalidade. Tendo em conta que estas disposições visam a eliminação dos entraves que ainda persistem no mercado interno dos serviços, poderá constituir uma boa oportunidade para que os governos adeqúem a directiva à realidade empresarial de cada mercado. Está também implícito na directiva o encorajamento da qualidade dos serviços, através, por exemplo, da certificação voluntária das actividades. Uma vez que a balança de serviços portuguesa é positiva, poderá esta Directiva consubstanciar-se numa conjuntura favorável para que as empresas portuguesas possam expandir, com maior facilidade, a sua actividade a nível europeu. OUTUBRO A DEZEMBRO ‘09

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Sumário

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OUTUBRO A DEZEMBRO 2009

01 Editorial. (Maria João Conde) 04+05 Notícias. APSEI apresenta plano de formação para 2010; Novas regras para a segurança privada; Regime Jurídico de SCIE tarda a ser implantado. 07 Associação Nacional de Técnicos de Segurança e Higiene do Trabalho. 09 Eventos. 9º Fórum APSEI e Seminário SCIE. 61+62 Ficha técnica APSEI nº20. Acessórios para portas resistentes ao fogo. Retentores electromagnéticos para portas de batente. 63 Legislação e Normalização. 64 Agenda.

ENTREVISTA 10 “O Segurança Online pretende simplificar a aplicação do novo Regime Jurídico de SCIE” Entrevista ao Eng. Carlos Ferreira de Castro, especialista em Segurança Contra Incêndios, sobre o novo portal Segurança Online e a implementação do novo Regime Jurídico de SCIE. por Gonçalo Sítima

ARTIGO DE CAPA 16 Segurança em espaços subterrâneos Segurança em túneis e parques de estacionamento José Ramos

Controlo de fumo em pisos enterrados Paulo Ramos

Segurança em profundidade: a indústria mineira Joaquim Pereira

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(...) No âmbito da engenharia de segurança, as infra-estruturas subterrâneas apresentam desafios e condicionantes únicos, dificilmente tipificáveis nos regulamentos de segurança existentes. As especificidades destas áreas exigem a criação soluções inovadoras e eficazes, que garantam a protecção de pessoas e bens. (...)

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FABRICO NACIONAL 29 Segurança e qualidade luminescentes Reportagem sobre a empresa Sinalux, uma referência internacional no fabrico de sinalização de segurança. Maria João Conde e Gonçalo Sítima 02

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Direcção Maria João Conde Coordenação Gonçalo Sítima Colaboradores Residentes Ana Ferreira e Mélanie Cuendet Colaboradores neste número António Bicho, António Gomes, António Possidónio Roberto, Carlos Ferreira de Castro, Cláudia Pereira Dias, Joaquim Pereira, José Lopes Ribeiro, José Ramos, Lisa Nadile, Luís Gomes, Manuel Viana, Paulo Ramos, Paulo Martinho, Pedro Pequito, Sílvio Saldanha. Publicidade Edgar Ferreira Edição e Propriedade APSEI – Associação Portuguesa de Segurança Electrónica e de Protecção Incêndio Administração, Redacção e Publicidade Rua Conselheiro Lopo Vaz, lt AB Edifício Varandas Rio, Esc. D 1800-142 Lisboa Tel +351 219 527 849 | Fax +351 219 527 851 E-mail apsei@apsei.org.pt URL www.apsei.org.pt Fotografia Gonçalo Sítima e iStockPhoto Design Big Book José Mendes Pré-press Critério Produção Gráfica, Lda Impressão MR Artes Gráficas Periodicidade Trimestral Tiragem 2000 exemplares Registo ERC 125 538 Depósito Legal 284 212/08 ISSN 1647-1288

INTERNACIONAL 34 Da Estratosfera Evacuação por elevadores na Torre Estratosfera, em Las Vegas. Lisa Nadile

INFORMAÇÃO TÉCNICA 36 Água Atomizada – Baixa Pressão ou Alta Pressão? Combate a incêndio utilizando micro-gotas. Manuel Viana

42 Reflexões sobre Protecção Passiva Contra Incêndio em Estruturas Metálicas Revestimentos intumescentes, com painéis de silicato de cálcio e com argamassas. Sílvio Saldanha

46 Controlar o oxigénio, impedir um incêndio Evitar a deflagração de um incêndio através da ventilação de ar hipóxico. Pedro Pequito

49 Sistema de protecção total no transporte de valores Solução “End to End” de protecção de valores com recurso a tintagem. António Bicho

52 Auditorias de Segurança Contra Incêndio e o Actual Regulamento Avaliação das condições de segurança de um edifício e principais “não-conformidades” identificadas. Cláudia Pereira Dias e Paulo Martinho

54 Evitar Incêndios em Transformadores Sistemas de protecção de transformadores de energia ou de potência eléctrica do risco de incêndio.

Os artigos assinados e as opiniões expressas são da exclusiva responsabilidade dos seus autores e não reflectem, necessariamente, as posições e opiniões da Associação Portuguesa de Segurança Electrónica e de Protecção Incêndio. © Keith Pomakis

António Gomes

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

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56 Videovigilância em situações extremas Soluções tecnológicas de videovigilância para ambientes adversos, inapropriados para as câmaras convencionais. Luís Gomes

LEGISLAÇÃO 58 Responsabilidade ambiental: Gestão de resíduos Esclarecimento sobre as obrigações legais do actual Regime Geral da Gestão de Resíduos. Ana Ferreira OUTUBRO A DEZEMBRO ‘09

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NOTÍCIAS

APSEI APRESENTA PLANO DE FORMAÇÃO PARA 2010 Durante o ano de 2010 a APSEI irá disponibilizar ao mercado nacional novos cursos de formação profissional, permitindo assim ao sector da segurança dar cumprimento às novas exigências legais decorrentes do actual Regime Jurídico de Segurança contra Incêndio. Em 2010, para além do curso de formação de manutenção de extintores, a APSEI irá disponibilizar cursos de formação sobre princípios básicos de segurança contra incêndio em edifícios com especial incidência na protecção activa, protecção passiva e segurança electrónica. Pretendem estes cursos dotar os profissionais do sector com noções elementares sobre legislação e normalização aplicáveis às actividades referidas. Adicionalmente, a APSEI irá disponibilizar um curso de formação profissional para Técnicos Responsáveis de Segurança contra

Incêndio em Edifícios, pretendendo com esta oferta formativa dar cumprimento às exigências legais decorrentes da Portaria nº 773/2009. Esta formação destina-se essencialmente aos indivíduos que não cumpram com os requisitos mínimos definidos para efeitos do processo de avaliação curricular previsto durante o período transitório de 3 anos definido pela Portaria ou que pretendam dar início à sua actividade nesta área. Enquanto membro efectivo da Confederação Europeia CFPA-Europe, a APSEI irá ainda lançar um curso sobre evacuação de edifícios que tem como objectivo principal dotar os delegados e os responsáveis de segurança das valências necessárias à gestão da evacuação dos ocupantes dos edifícios. Também o curso de formação para Técnicos Responsáveis de Segurança contra Incêndio em Edifícios confere, em simultâneo, o acesso ao diploma CFPA-Europe.

NOVAS REGRAS PARA A SEGURANÇA PRIVADA O Ministério da Administração Interna fez publicar, no passado dia 21 de Setembro, a Portaria nº 1085/2009, estabelecendo desta forma os novos requisitos que as empresas de segurança privada terão de cumprir para efeitos da obtenção do alvará e da licença de alvará que permitirão o exercício da actividade. Este diploma legal, que complementa o Decreto-Lei nº 35/2004, de 21 de Fevereiro, que regula o exercício da actividade de segurança privada, revoga assim a Portaria nº 786/2004, de 9 de Julho, adequando à evolução tecnológica verificada no Sector da Segurança Privada e à diversificação dos serviços prestados pelas empresas do Sector os aspectos práticos dos requisitos originalmente definidos por este diploma. O pedido de autorização para o exercício da actividade de segurança privada é solicitado ao Departamento de Segurança Privada (DSP) da Direcção Nacional da Polícia de Segurança Pública (PSP). Neste sentido, as entidades que requeiram alvará devem comprovar a este organismo que possuem instalações operacionais adequadas ao exercício dos serviços de segurança privada requeridos. Para tal, devem proceder à apresentação de documento que titule a utilização das instalações e respectivas plantas, sendo que ao

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abrigo deste novo diploma legal as instalações afectas aos serviços operacionais não podem ter lugar em imóveis que constituam ou sirvam de habitação. Adicionalmente, as empresas que se dediquem à actividade de vigilância de bens móveis e imóveis, ao controlo da entrada, saída e presença de pessoas, à protecção pessoal e ao transporte, guarda, tratamento e distribuição de valores, devem fazer ainda prova da existência de local específico destinado à instalação dos meios humanos e materiais necessários às actividades referidas, incluindo local para recolha de veículos de transporte de valores e casa forte de acesso condicionado e restrito. Por sua vez, as empresas que se dediquem à exploração e gestão de centros de recepção e monitorização de alarmes devem fazer prova da existência de uma dependência exclusiva para a instalação da central, também de acesso condicionado e restrito. A Portaria nº 1085/2009 especifica ainda os meios humanos e materiais que as empresas de segurança privada devem possuir em permanência, para efeitos da obtenção de alvará. Desta forma, estabelece que as empresas de vigilância de bens móveis e imóveis e de controlo de entrada, saída e presença de pessoas devem possuir pessoal de vigilância em número nunca inferior a 15, sendo que as empresas de exploração e gestão de

centrais de recepção e monitorização de alarme devem possuir pessoal de vigilância em número suficiente para garantir o bom funcionamento da central de forma continuada durante vinte e quatro horas por dia, em número não inferior a cinco. No caso das empresas dedicadas ao transporte, guarda, tratamento e gestão de valores, é estabelecido que estas devem possuir no mínimo cinco viaturas (cuja prova deve ser feita junto do DSP no prazo máximo de seis meses após a emissão do alvará) e garantir que cada veículo de transporte possui entre dois a três vigilantes, consoante o tipo de veículo. A verificação da conformidade das instalações e dos meios materiais exigidos é da responsabilidade do Departamento de Segurança Privada, estando prevista a isenção desta verificação nos casos em que já tenha sido obtida aprovação, mediante declaração emitida pela entidade requerente sob compromisso de honra, e não se tenha verificado qualquer modificação ao aprovado. Segundo este diploma, a situação legal das empresas de segurança privada pode ser consultada na página electrónica oficial da PSP, onde são publicitadas a emissão, o cancelamento e a suspensão dos alvarás, licenças ou autorizações concedidos a estas empresas.


NOTÍCIAS

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REGIME JURÍDICO DE SCIE TARDA EM SER IMPLEMENTADO

A actual legislação de segurança contra incêndio em edifícios esperou cerca de três anos para ser publicada. O Decretolei n.º 220/2008 relativo ao regime jurídico de SCIE e o regulamento técnico publicado na Portaria n.º 1532/2008 entraram em vigor em Janeiro de 2009. A regulamentação complementar foi sendo publicada ao longo de 2009, com a menção de produção de efeitos no dia útil seguinte que, obviamente, não se concretizou. Será que iremos precisar de mais dois anos para esta implementação? As bases da legislação de SCIE estão lançadas, no que respeita ao regime jurídico e ao regulamento técnico. Estão também já publicados o quadro sancionatório e a portaria sobre as taxas a cobrar por serviços prestados pela ANPC (Portaria n.º 1054/2009), no âmbito do RG-SCIE. O que falta então? Falta sobretudo qualificar os vários intervenientes, desde logo, autores de projecto, responsáveis pela emissão de pareceres, realização de vistorias e inspecções e as entidades que comercializam, instalam e mantêm os equipamentos e sistemas de SCIE. Segundo a ANPC, foi já celebrado o protocolo com a Ordem dos Engenheiros, Ordem dos Arquitectos e Associação Nacional dos Engenheiros Técnicos que regula o reconhecimento dos técnicos responsáveis pela elaboração de projectos e planos de SCIE da 3.ª e 4.ª categoria de risco. Para além da possibilidade de reconhecimento directo dos membros das ordens com, pelo menos, cinco anos de experiência profissional na área de SCIE, está já definido, segundo a ANPC, o conteúdo programático, perfil dos formadores e carga horária das acções de formação que visam habilitar quem

não detém os cinco anos de experiência. Importa agora dinamizar estes cursos e iniciar os reconhecimentos dos autores de projecto de forma a se conseguir a desejada diferenciação dos especialistas em SCIE. Após esta etapa, a ANPC irá proceder ao registo actualizado dos autores de projecto e planos de SCIE e publicitar a listagem dos mesmos no seu sítio de Internet. Depois temos o clássico binómio “regulamentação – fiscalização”. Existe regulamentação e quadro sancionatório mas ainda não há fiscalização efectiva. Segundo a Portaria n.º 64/2009, os edifícios ou recintos e suas fracções estão sujeitos a inspecções regulares, a realizar pela ANPC ou por entidade por ela credenciada ou pela Ordem dos Arquitectos (OA), pela Ordem dos Engenheiros (OE) ou pela Associação Nacional dos Engenheiros Técnicos (ANET), para verificação da manutenção das condições de SCIE aprovadas e da execução das medidas de autoprotecção. Depois de algumas acções de formação experimentais decorridas no segundo semestre de 2009, a ANPC anunciou que, ao abrigo do protocolo firmado com a Liga de Bombeiros Portugueses, as acções de formação oficiais terão início em Fevereiro de 2010. Previsivelmente, não haverá acções de fiscalização antes do segundo trimestre do ano. Finalmente, está ainda por implementar a Portaria n.º 773/2009 relativa ao registo do comércio, instalação e manutenção de produtos e sistemas de SCIE. Pretende-se com esta Portaria garantir a qualificação mínima dos técnicos responsáveis e o registo na ANPC das entidades que fornecem, instalam e mantêm os vários sistemas de SCIE de protecção passiva, protecção activa e segurança electrónica. Este diploma incentiva ainda a certificação da qualidade das empresas e do serviço

com base num referencial de qualidade da ANPC. Em Janeiro, recomeçarão as conversações entre a ANPC e a APSEI tendo em vista a definição do referencial de certificação, o processo documental do registo, os requisitos de avaliação curricular e os conteúdos programáticos e carga horária dos cursos de formação dos técnicos responsáveis. Sabe-se também que será a ANPC a responsabilizar-se directamente pelo registo das entidades e pela avaliação curricular dos técnicos durante o período transitório de três anos. Estes dados, bem como a referência à certificação, serão divulgados no site da ANPC. A plataforma informática que é objecto da Portaria n.º 610/2009 e que permitirá a gestão de todos os processos relativos à SCIE, visando a desmaterialização dos procedimentos administrativos, encontrase, segundo a ANPC, em processo de concurso público internacional, prevendose a sua implementação em Setembro de 2010. Pretende-se que este sistema informático interaja, a médio prazo, com o sistema informático do Regime Jurídico da Urbanização e Edificação. Para além da implementação das três portarias supra-referidas, a ANPC tem ainda a seu cargo a elaboração de duas dezenas de Notas Técnicas que visam complementar a Portaria n.º 1532/2008 e que incidem sobretudo sobre os procedimentos de instalação e manutenção de equipamentos e sistemas de SCIE. No puzzle do RJ-SCIE, importa ainda colocar em funcionamento a Comissão de Acompanhamento da implementação do regime, que conta com várias participações institucionais e de associações profissionais e sectoriais, e que se constituirá como um observatório da legislação em execução.

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ASSOCIATIVISMO

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Associação Nacional de Técnicos de Segurança e Higiene do Trabalho

A ANTESHT- Associação Nacional de Técnicos de Segurança e Higiene do Trabalho é uma entidade associativa sem fins lucrativos, que tem como missão representar os interesses profissionais dos seus associados, em todos os aspectos relacionados com a actividade de segurança e higiene no trabalho. Esta entidade foi criada no inicio de 2003, por um grupo de jovens empenhados e com grande espírito empreendedor, que consideraram que a área da segurança e saúde no trabalho constitui um marco no mundo do trabalho. A associação tem sede no Porto, nestes seis anos de existência teve diferentes Direcções, a actual encontra-se no exercício desde 2007 e tem focalizado a sua actividade na defesa da dignidade e dos direitos dos técnicos. Para o ano de 2009 a direcção da associação projectou um plano de actividades bastante vasto, foram celebrados vários protocolos com a ACT - Autoridade para as Condições do Trabalho, que permitiram o desenvolvimento de alguns projectos dos quais destacamos um ciclo de seminários. Este ciclo iniciou-se no dia 24 de Abril em Viana do Castelo, com uma plateia de 250 participantes profissionais e estudantes sob o tema “Metodologias de Avaliação de Riscos Profissionais”. Este evento contou com prelectores nacionais e espanhóis, que compartilharam o seu saber na área das doenças músculo-esqueléticas e da avaliação do stress no trabalho. O segundo seminário realizou-se na cidade do Porto, no dia 4 de Junho, com o tema a “A Emergência” sendo uma primeira abordagem a actual legislação da segurança contra incêndio em edifícios. O evento teve um dos seus momentos áureos, no debate com a presença jornalística onde se abordou a polémica do papel do técnico de SHT no enquadramento dos diplomas da SCIE.

Estiveram presentes 190 profissionais e resultou deste encontro a certeza de que os profissionais de SHT, foram limitados na sua actividade devido à actual legislação que transferiu as competências destes profissionais para um grupo que não tem habilitações em emergência contra incêndios. No dia 1 de Outubro, em Viseu realizou-se o terceiro seminário com o tema “Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho - Portugal séc XXI” que reuniu para cima de 400 pessoas com uma especial participação de profissionais ligados à saúde e segurança no trabalho. No passado dia 27 de Novembro na cidade de Évora, concluiu-se o ciclo de seminários de 2009 com o tema” A avaliação de Riscos e o Papel das Contra Ordenações Laborais”, foi apresentado publicamente pela primeira vez o Código de Ética dos Técnicos de Segurança do trabalho elaborado pela ANTESHT, que pretende ser um guia para os profissionais que pretendem honrar e dignificar a sua profissão. A ANTESHT desenvolveu ainda um projecto inédito em Portugal que foi a criação da AGENDA de SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO, teve o apoio da ACT que permitiu a sua distribuição gratuita. Esta agenda integra além do diário anual com referências aos dias e eventos nacionais e internacionais previstos para 2010, um índice de legislação de SST, a identificação e contactos dos organismos nacionais e internacionais, uma súmula esquemática sobre a organização de serviços nas empresas, os acidentes de trabalho e as medidas de autoprotecção a implementar nas edificações existentes. Nesta vasta informação não poderia deixar de constar o perfil Profissional do Técnico, o enquadramento legal da profissão de Técnico de SHT e como efectuar o processo de renovação do CAP - Certificado de Aptidão Profissional, bem como o Código de Ética dos Técnicos de SHT.

Um outro Projecto que se encontra já em desenvolvimento e conta também com o apoio da ACT é uma ferramenta “online” de Avaliação de Riscos que estará agregada ao site da Associação e servirá de apoio aos Técnicos de SHT. Com base nesta aplicação “online” disponibilizada, será possível numa fase posterior ao presente projecto: criar bibliotecas diversificadas e gerar dados estatísticos sobre a natureza de perigos e riscos segundo a actividade económica e conhecer o perfil profissional de cada utilizador inscrito. Do plano de actividades para 2010, fazem parte um vasto conjunto de projectos que poderão consultar na nossa página www.antesht.pt. A ANTESHT não quer perder esta dinâmica e quer ser parceiro de corpo inteiro na Prevenção de Riscos Profissionais, quer com a ACT quer com outras Instituições Governamentais, quer seja na actuação no terreno ou na discussão das Políticas, das Estratégias ou da evolução legislativa. Tudo faremos para dignificar a Profissão do Técnico de SHT e lutaremos para que todos, no respeito e competência da área de cada um, possamos fazer a uma só voz o percurso que nos leve à dignificação das condições de trabalho dos nossos trabalhadores e num aumento dos índices de satisfação e de um bom clima de entendimento dentro das empresas no que respeita à prevenção de riscos profissionais. A ANTESHT, sabe que não é fácil mudar comportamentos e atitudes, mas não o é de todo impossível, desde que nos consciencializemos em primeiro lugar, que como técnicos se queremos implementar uma cultura preventiva e proactiva em qualquer contexto de trabalho, temos que ser nós os primeiros a mudar. www.antesht.pt OUTUBRO A DEZEMBRO ‘09

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DETECÇÃO AUTOMÁTICA DE INCÊNDIOS Aplicações Especiais Gunnebo

TSC SecuriSens

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Detecção rápida por cabos inteligentes! Com o cabo sensor de temperatura TSC, foi criado um instrumento capaz de detectar e sinalizar o incêndio numa questão de segundos, especialmente em locais onde as técnicas convencionais tendem a falhar. O cabo TSC está equipado com sensores ultra sensíveis, que registam e dão a sinalização rápida do aumento de temperatura. Este sistema garante um funcionamento seguro e fiável em condições difíceis com uma grande resistência aos campos electromagnéticos. O sistema TSC tem como principais vantagens uma instalação fácil, baixo custo de manutenção e um óptimo comportamento de reacção por análise diferencial e de valores máximos de temperatura. Está de acordo com a norma EN 54-5 Classe A1-D, e é certificado pelo organismo de controlo e certificação VdS.

ADW SecuriSens

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Detecção eficaz em condições adversas! Os incêndios e as explosões provocam subidas repentinas da temperatura ambiente. Nestas situações, também aumenta o volume de ar, é este princípio físico que foi aplicado ao sistema de detecção linear de temperatura ADW. De uma forma rápida e fiável, o sistema detecta até as mínimas oscilações de temperatura. A sua utilização é a solução ideal para zonas de elevado risco, como por exemplo, zonas com gases corrosivos ou explosivos, de extrema humidade, de altas temperaturas, ar contaminado, etc. O sistema ASW oferece grandes vantagens ao ser resistente a influências externas, baixo custo de manutenção e um óptimo comportamento de reacção por análise diferencial e de valores máximos de temperatura. Está de acordo com a norma EN 54-5 A1-G, e é certificado pelo organismo de controlo e certificação VdS, podendo ser instalado em áreas com classificação ATEX.

Áreas de aplicação: parques de estacionamento, garagens subterrâneas, caminhos de cabos, indústria petroquímica, túneis ferroviários ou rodoviários.


EVENTOS

O 9º Fórum APSEI decorreu no dia 19 de Outubro, em Lisboa, e contou com a participação de mais de duas centenas de profissionais. A sessão abriu com a apresentação do NFPA-APSEI Fire & Security 2010, um evento dedicado à “Segurança, Prevenção e Gestão de Emergências”, e que irá ocorrer entre 19 e 22 de Outubro de 2010, no Centro de Congressos de Lisboa. Carlos Ferreira de Castro, um dos especialistas em SCIE responsável pela redacção do novo RJ-SCIE, expôs o tema da concepção e implementação de medidas de autoprotecção e relevou a importância que estas têm na garantia da segurança dos utilizadores e ocupantes de um edifício. Ferreira de Castro afirmou que a nova regulamentação traz consigo a necessidade de uma nova atitude perante a segurança em edifícios e que consiste em “garantir que a segurança contra incêndio não se degrada ao longo do tempo e responde às alterações do risco”. Para tal, os factores críticos de sucesso passam pela definição de responsabilidades; estabelecimento de uma organização de segurança; definição de procedimentos de prevenção e de intervenção; adopção das técnicas correctas de exploração/ manutenção; ocorrência de inspecções periódicas; formação e treino do pessoal dos edifícios; e, por fim, por manter registos de segurança. Em suma, pela adopção de medidas de autoprotecção. Seguidamente foram apresentados dois projectos da APSEI: o livro “Manual de Exploração de Segurança Contra Incêndio em Edifícios”, da autoria de António Possidónio Roberto e Carlos Ferreira de Castro, será uma publicação técnica que pretende auxiliar responsáveis de segurança, proprietários de edifícios, entidades fiscalizadoras e outros profissionais do sector da segurança, nas suas funções de organização, gestão e manutenção da segurança contra incêndio de um edifício; e o portal Segurança Online, uma ferramenta de trabalho para todos os intervenientes do sector e que irá facilitar o acesso à informação legal e técnica sobre SCIE, assim como auxiliar a elaboração de projectos de segurança. Ambos os projectos serão lançados em Janeiro de 2010. O 9º Fórum APSEI contou com a presença de Susana Silva, da direcção da ANPC, que informou todos os participantes sobre o ponto de situação da implementação do RJ-SCIE, salientando os diplomas legais já publicados e

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9º Fórum APSEI e Seminário SCIE A APSEI organizou recentemente dois eventos de esclarecimento e apresentação de novos projectos para o sector da protecção contra incêndio e segurança electrónica. O 9º Fórum APSEI, em Lisboa, e o Seminário SCIE, no Porto. procedimentos em decurso que visam iniciar o processo de registo de entidades na ANPC, estabelecido pela Portaria nº 773/2009, e a formação no âmbito da fiscalização. A apresentação de Marina Dias, do Departamento Técnico-Pericial da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), abordou as principais obrigações legais que impendem sobre a actividade das empresas de Segurança, nomeadamente no que concerne à colocação de produtos no mercado e às questões ambientais. Um dos temas que suscitou mais questões e dúvidas esteve relacionado com a responsabilidade dos operadores económicos, isto é, os responsáveis pela colocação no mercado de produtos e directamente imputáveis sobre esses produtos. Estes incluem os fabricantes, mandatários, importadores, distribuidores e retalhistas. A encerrar o Fórum, Maria João Conde, secretária geral da APSEI, esclareceu os presentes sobre o processo de registo de entidades na ANPC que exercem as actividades de comércio, instalação e manutenção de produtos e equipamentos de segurança contra incêndio. Os principais objectivos deste registo, definido pela Portaria nº 773/2009, consistem em regular

o acesso à actividade, qualificar a competência técnica, formar os profissionais e fomentar a certificação das empresas. Realizado em paralelo com a CONCRETA 2009, o Seminário SCIE teve lugar na Exponor, Porto, no dia 23 de Outubro. Este evento possibilitou aos profissionais do norte do país assistirem à apresentação e discussão das questões abordadas em Lisboa, com excepção da temática da fiscalização económica da ASAE. A apresentação das medidas de autoprotecção segundo a nova legislação foi feita por António Possidónio Roberto, cuja experiência enquanto director de segurança da Sonae Sierra lhe permitiu salientar a importância dos testes de pré-abertura, da realização de simulacros e da existência de uma organização de segurança estruturada, como forma de garantir a protecção de pessoas e bens. As medidas de autoprotecção tornam-se, assim, vitais em qualquer organização, principalmente se um edifício incorporar mais do que uma utilização-tipo, como é o caso dos Centros Comerciais. Possidónio Roberto defende a necessidade de surgir um novo do paradigma da segurança, caracterizado por uma atitude pró-activa (dinâmica), em vez de estática, e o foco na organização, e não no edifício. OUTUBRO A DEZEMBRO ‘09

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A APSEI e Carlos Ferreira de Castro, reputado projectista de segurança, lançaram recentemente um projecto inovador que visa auxiliar todos os intervenientes do sector da segurança contra incêndio em edifícios: o portal Segurança Online. Conversámos com o Eng. Ferreira de Castro sobre este projecto e aproveitámos para conhecer o balanço que faz do primeiro ano de implementação do novo Regime Jurídico do sector.

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ENTREVISTA

“O Segurança Online pretende simplificar a aplicação do novo Regime Jurídico de SCIE” por Gonçalo Sítima

Como surgiu a ideia de criar o portal Segurança Online e porquê a escolha deste formato? Não basta o novo Regime Jurídico de Segurança Contra Incêndio em Edifícios (RJSCIE) para que exista segurança nos edifícios. É imperativo que seja eficazmente aplicado no terreno pelos vários elementos que compõem a cadeia de valor da segurança. É com este objectivo em mente que surge o portal Segurança Online, pois pretende contribuir

significativamente para que a implementação dos requisitos regulamentares seja concretizada da forma mais simples possível. Um portal electrónico tem uma potencialidade muito superior a um simples livro comentado, com agregação de artigos, separadores, ou com qualquer outra “técnica antiga”. No portal existe a capacidade de encontrar rapidamente um conceito ou um dado requisito de segurança, permitindo ainda uma visão do regulamento de uma forma horizontal,


ENTREVISTA

isto é, agregada pelo tema que mais interessar ao utilizador. De facto, os aspectos associados a uma dada vertente da segurança ou a uma aplicação específica do regulamento podem ser pesquisados e facilmente apresentados, independentemente de estarem dispersos por dezenas de artigos situados em diversos capítulos. A quem se dirige este projecto desenvolvido em parceria com a APSEI? Todos os que desenvolverem actividades relacionadas com a segurança contra incêndio em edifícios poderão usufruir da informação e das funcionalidades deste portal. Falamos, numa perspectiva temporal, dos intervenientes em qualquer fase do ciclo de vida da segurança. Com efeito, o portal aborda temas com interesse para os projectistas, os instaladores, os empreiteiros, para quem dirige e fiscaliza obras, quem tem responsabilidade de fiscalizar as condições de segurança e quem usa e explora edifícios, enfim, para todos aqueles que precisem de clarificar algum aspecto da área da segurança contra incêndio. Estamos habituados a olhar para a segurança apenas do ponto de vista do projectista, mas todos sabemos que essa é uma visão perfeitamente errada. A segurança envolve um conjunto diversificado de pessoas na sua cadeia de valor e irá falhar pelo elemento que for mais fraco. A possibilidade de poder apoiar as várias funções da segurança ao longo de todo o ciclo de vida dos edifícios, nomeadamente durante o projecto, a concretização da obra ou a fase de exploração, é um dos grandes objectivos que o Segurança Online pretende atingir. Qual o contributo do portal para o sector da segurança em edifícios em Portugal e de que forma poderá complementar o próprio RJ-SCIE? Esteportalpermitequeseencontremrapidamente todos os requisitos e especificações que o regulamento contém para uma determinada aplicação. O regulamento tem um carácter geral, como é natural, e tem que contribuir necessariamente para uma quantidade enorme de situações de segurança, não apenas ligadas com as utilizações-tipo dos edifícios, mas com as próprias características de cada edifício em questão. Por este motivo, quem está interessado num determinado tema, como por exemplo a problemática das vias de evacuação,

vai encontrar esse tema disperso por uma miríade de artigos, alíneas e pontos. O portal permite um acesso à informação de forma organizada e agregada, simplificando significativamente a consulta do regulamento. Por outro lado, existem também conteúdos que esclarecem com detalhe diferentes aspectos do regulamento, destacando-se os comentários e imagens que clarificam e enquadram as disposições do regulamento, e ainda referências como, por exemplo, a que corresponde uma determinada norma referida no articulado. Se existir alguma nota técnica ou FAQ da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) ou outro documento técnico relacionado com um dado artigo, número ou alínea, os utilizadores poderão ter acesso imediato a essas informações adicionais. Enquanto projectista de segurança, quais as principais vantagens profissionais que identifica na utilização do Segurança Online? A principal vantagem é, sem dúvida, o acesso rápido à informação – especificações regulamentares e aspectos conexos que auxiliam a sua interpretação e concretização no terreno. É impossível deter toda a informação da regulamentação ao abordar-se um aspecto específico de segurança, quer se trate da área de projecto, de instalação ou de exploração. Por muita prática que um projectista tenha, é praticamente impossível ter memorizado todos os detalhes do regulamento. Aqueles que já fazem projecto há algum tempo terão, certamente, a noção perfeita dos conceitos a aplicar, mas precisam saber a forma como esses conceitos estão concretizados e especificados para um caso concreto. Mesmo que seja uma questão de mero detalhe, poderá ser essencial para assegurar o rigor do projecto visando a concretização correcta das medidas de segurança. Para os que iniciam agora ou iniciaram recentemente a actividade na área da segurança, não há dúvida, esta é a melhor maneira de interpretar e aplicar o regulamento, de se questionarem e até de dialogar, através do próprio portal, com técnicos experientes do sector. O portal não é simplesmente um meio de divulgação e difusão de ideias ou abordagens relativamente ao regulamento; é um meio de comunicação, uma vez que os utilizadores terão a possibilidade de colocar

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questões técnicas que serão respondidas por profissionais experientes em segurança contra incêndio. Certamente que, de entre as questões colocadas pelos utilizadores, serão realçados aspectos que interessam a um conjunto mais alargado de pessoas. Esta interacção proporcionará uma melhoria contínua dos conteúdos do portal, quer aprofundando certos temas, quer abrangendo temas novos. Posso afirmar que, se os utilizadores do portal o usarem frequentemente, poderemos assistir à criação de alguma “escola” nesta área como consequência da interacção entre os utilizadores e os técnicos especialistas de segurança da equipa do portal. Por outro lado, o portal será continuamente actualizado com as novas informações do sector, aspecto essencial face ao dinamismo que se pretende vir a caracterizar a actividade da segurança contra incêndio em Portugal, como já sucede na generalidade dos países desenvolvidos. Passado um ano da publicação do RJ-SCIE, como avalia o seu impacto no sector? Relativamente à construção de novos edifícios, que já tinham regulamentos de segurança antes da publicação do RJ-SCIE, a situação manteve-se praticamente igual na vertente do projecto, porventura com pequenas alterações. Fazer uma escola hoje ou fazer uma escola no ano passado, com o anterior regulamento, não tem grandes diferenças. O verdadeiro impacto verifica-se nas utilizações de edifícios que não estavam regulamentadas, como na indústria, armazéns, lares de idosos, gares de transportes, oficinas, locais de culto religioso, museus e galerias de arte, bibliotecas e arquivos e alguns casos particulares de recintos ao ar livre, como os parques de campismo. Embora existissem critérios técnicos, não havia uma lei que referisse quais os requisitos de segurança necessários a cada situação concreta. Felizmente, esta situação foi alterada e hoje a segurança já se encontra caracterizada de uma forma muito mais consistente para todos os usos dos edifícios. No que diz respeito à obra, este regulamento também esclareceu melhor alguns pontos, nomeadamente ao especificar características macro que os sistemas e equipamentos de segurança deverão possuir. Quanto aos elementos-chave na cadeia de valor da segurança em edifícios, para OUTUBRO A DEZEMBRO ‘09

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além de uma melhor clarificação das suas responsabilidades, o RJ-SCIE define critérios de qualidade, destacando-se os requisitos para os projectistas de UT das 3ª e 4ª categorias de risco, para os instaladores, para quem participa na manutenção dos edifícios, para as entidades fiscalizadoras, entre outros. Contudo, a grande melhoria nas condições de segurança que este regulamento induz resulta da forma como os edifícios deverão passar a ser encarados. Os edifícios passaram a ser vistos como bens que as pessoas utilizam em segurança. Isto significa que a segurança não pode deixar de ser uma preocupação quando um edifício começa a funcionar. Ora sendo as pessoas, simultaneamente, um factor de risco e o bem mais valioso a proteger, esta dualidade torna complexa a gestão da segurança no decurso da exploração de um edifício. 2010 será um ano fulcral na implementação do RJ-SCIE e para todos os intervenientes

ENTREVISTA

no sector. Como antevê a evolução do sector de SCIE no próximo ano e quais os principais aspectos a seguir com atenção? Sim, será um ano fulcral para que possamos esclarecer a seguinte questão: conseguiremos nós, enquanto sociedade, cumprir o regulamento? A fase do ciclo de vida em que será mais difícil cumprir o regulamento é, decerto, o da exploração dos edifícios, dada a baixa cultura que nos caracteriza. Trata-se, portanto, de um trabalho ciclópico a fazer por parte das entidades exploradoras dos edifícios (públicas e privadas) e das autoridades encarregues da fiscalização das condições de segurança. Penso que existem expectativas muito grandes para saber se conseguiremos dar corpo aos requisitos legais que estão publicados, ou se, como infelizmente acontece noutros casos, ficaremos apenas com um regulamento que na prática não é concretizado. O cumprimento e a aplicação das leis, característica das sociedades evoluídas, dependem de

todos nós. Todos temos que contribuir, cada um com a sua responsabilidade, para sermos capazes de vencer este desafio. Embora seja um contributo porventura modesto, o portal Segurança Online foi criado para ajudar a concretização prática do novo regulamento no dia-a-dia. Está, portanto, optimista? Se não estivesse optimista não tinha participado no projecto do portal, nem teria dado tantos outros contributos como tenho feito ao longo dos últimos tempos. Não tenho dúvidas que estamos perante um desafio interessante e difícil, mas espero que todos os participantes o aceitem e o modulem em função das necessidades de segurança que gerem, para que possamos reduzir o nível de risco de incêndio em edifícios.

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OPINIÃO

O Desafio da Organização e Gestão de Segurança ANTÓNIO POSSIDÓ NIO ROB CARLOS ERTO FERREIR A DE CAS TRO

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ANTÓNIO

A evolução dos conceitos, equipamentos e sistemas de segurança contra incêndio foi, em regra, bastante positiva no nosso país, quer no que se refere às disposições construtivas, quer aos meios disponíveis nos edifícios para reagirem em caso de incêndio. Esta evolução foi sendo concretizada essencialmente nas fases de projecto e construção dos edifícios. Porém, na exploração de edifícios o cenário tem sido bem diferente, dado que, salvo algumas excepções, a referida evolução não teve a devida sequência, verificando-se um quase total desconhecimento dos meios de segurança existentes e sua utilização, acompanhado de uma fraca manutenção da sua operacionalidade. Assim, o investimento efectuado na obra não tem sido devidamente honrado no uso dos edifícios, única razão de ser da sua existência. Esta lacuna de segurança no tempo foi sendo pontualmente resolvida em algumas entidades detentoras de edifícios que, combatendo a fraca cultura de segurança, foram garantindo as condições de exploração dos espaços, sistemas e equipamentos e a manutenção das condições de segurança em sintonia com os riscos existentes e a sua evolução. Garantir a concretização de medidas de segurança no decurso da exploração de edifícios, dada a sua natureza essencialmente humana, implica alterações de comportamento das organizações que gerem os edifícios e, consequentemente, das pessoas que os utilizam, o que se tem revelado uma dificuldade acrescida. Para que a nossa sociedade progrida na área da segurança contra incêndio em edifícios é essencial aceitarmos o desafio de melhorar o elo da cadeia de segurança

A consagra ção da segu apenas do rigor do seu rança de um edifí cio não depe construç projecto ou ão. nde da solid no decurso A implementação de medidas ez da sua da fase de vital para de protecção garantir a exploração do edifí seguranç cio é um factor a de pess oas e bens Aproveita . ndo de medidas a experiência de casos de suce necessida de autoprotecção em edifícios sso na concretiz des espe cíficas de ação espaços, e destacan explo siste do as de Exploraç mas e equipamento ração e manuten ção de ão de Segu colocar à rança Cont s de segurança, o disp Manual ra Incêndio da seguranç osição de todos os interessa em Edifícios vem e práticas a os necessários conhecim dos nesta vertente de organizaç entos, ão e gest ão da Segu métodos O Manual ranç a. caracteri za concepçã o, construç as medidas de segu ão e utiliz rança a aten questões ação dos referente der na edifícios; s aos teste medidas aborda s de de incluindo organização da segu pré-abertura; e cara as os procedim rança no formação decurso da cteriza as entos de dos inter venientes prevenção e de eme exploração, e a realizaçã rgên o simulacro cia, a s.

EXPLORAÇÃO

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Manual de Exploração de Segurança Contra Incêndio em Edifícios António Possidónio Roberto e Carlos Ferreira de Castro Edição: APSEI, 2010 Para adquirir esta publicação contacte a APSEI: E apsei@apsei.org.pt | T 219 527 849 Ou visite a biblioteca do site da APSEI em www.apsei.org.pt

actualmente mais fraco – o da Organização e Gestão da Segurança. A intervenção humana é sempre responsável directa ou indirectamente, pela ocorrência de todos os incêndios em edifícios. Por outro lado, a participação humana é fundamental para garantir uma adequada segurança contra incêndio nas diversas fases: prevenção e decurso do incêndio, ignição, propagação e intervenção. Com efeito, as medidas físicas de segurança concebidas na fase de projecto e concretizadas em obra, contemplando as disposições construtivas, os sistemas e os equipamentos de segurança, não reduzem a probabilidade de ocorrência de um incêndio, contribuindo apenas para a limitação das suas consequências (medidas de protecção). Por outro lado, para a limitação das consequências de um incêndio é essencial que exista nos edifícios uma organização e gestão da segurança adequadas ao risco de incêndio, sem as quais as medidas físicas não são eficazes. Os edifícios devem possuir medidas de Autoprotecção, estruturando a intervenção

humana e implementando uma organização de segurança que vise: ≥ Prevenir a ocorrência de incêndios e estar preparado para, caso ocorra um incêndio, o controlar, minimizar os seus efeitos e extingui-lo; ≥ Manter operacionais os equipamentos e sistemas de segurança; ≥ Garantir uma evacuação segura. As medidas de autoprotecção e a organização de segurança contra incêndio num dado edifício devem ser dimensionadas de modo a dar a adequada resposta aos riscos decorrentes do próprio edifício e da actividade que nele é desenvolvida, devendo ser estruturadas com base nos recursos humanos existentes. Face a esse desafio, o Manual de Exploração de Segurança Contra Incêndios em Edifícios, pretende ser um contributo para todos aqueles que estão interessados na problemática da segurança contra incêndio, por via dos seus interesses profissionais ou das suas responsabilidades. OUTUBRO A DEZEMBRO ‘09

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OPINIÃO

CFTV analógico versus SVIP José Lopes Ribeiro Director-geral da Vigilarme

Dispondo de um espaço limitado para fazer um artigo sobre sistemas de videovigilância sobre IP, a primeira questão que se me pôs foi: – “o que é que num mercado como o nosso, em que o IP é um sound bite da moda mas cujas verdadeiras vantagens são pouco conhecidas, realmente interessa saber?” A resposta interior foi imediata e clara – Quais são as reais vantagens de um sistema de videovigilância sobre IP? Porque é que estes sistemas ganham todos os dias terreno aos tradicionais sistemas analógicos, tanto mais rapidamente quanto mais avançado tecnologicamente é o país? Assim, tornou-se claro que neste momento, o que mais importa saber é a resposta a estas perguntas. Existem características técnicas bem definidas que permitem distinguir os bons sistemas dos sistemas sofríveis ou maus; poderemos mais tarde voltar ao assunto. 14

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A primeira diferença a reter é que deixaremos de falar em CFTV, e passaremos a denominar estes sistemas como SVIP; de facto, o nome de CFTV menciona em si mesmo a primeira grande limitação de um sistema analógico: Circuito “Fechado” de Televisão. SVIP significa Sistema de Vídeo

sobre Internet Protocolo. O Sistema deixou de ser “Fechado”. CFTV ANALÓGICO VERSUS SVIP A Samsung, a Bosh, Panasonic, Sony, Siemens, GE, Pelco, Sensormatic, Computar, etc., fazem parte de um grupo de produtores de CFTV analógico que entre si repartem uma grande parte das vendas mundiais. E o mercado mundial é sedutor, com um crescimento anual sempre acima dos dois dígitos. Optimizaram estes equipamentos até ao limite, e não mostraram até há pouco tempo vontade de alterar o estabelecido. Os sistemas analógicos são fiáveis, têm uma boa qualidade de imagem e a sua tecnologia é bem conhecida dos técnicos e utilizadores. Apresentam porém problemas inultrapassáveis nos capítulos da rigidez, transmissão de imagem, gravação e utilização de software analítico;


OPINIÃO

Os seus custos de instalação são também elevados, tanto pela quantidade como pelo tipo de cabo a que obrigam. São estes os principais pontos fracos que os produtores de SVIP exploraram, como meio de entrar no mercado dos grandes produtores já estabelecidos. Foi um longo percurso até alguns dos produtores de SVIP atingirem o nível de qualidade de imagem e fiabilidade que eram reconhecidos aos sistemas tradicionais; mas atingido esse objectivo, começaram a ganhar todos os sistemas de grande dimensão onde o escrutínio da qualidade e continuidade futura eram requisitos básicos. Aeroportos, caminhos-de-ferro, redes viárias, portos marítimos, etc., não consideram hoje em dia a solução analógica. Os grandes produtores de sistemas analógicos acordaram, e aceitam que no decorrer da próxima década estes sistemas desaparecerão; estima-se que já no virar da década, 50% dos sistemas instalados sejam IP. Por razões comerciais os grandes produtores de sistemas analógicos desenvolveram rapidamente os chamados sistemas “híbridos”, que não são mais do que DVR’S que aceitam um determinado número de câmaras IP, mas que não resolvem os problemas identificados; desenvolveram também “servidores de vídeo” que permitem a transmissão de imagem via IP, mas não são solução para médios e grandes sistemas. Nos sistemas híbridos o software analítico, quando instalado, reside geralmente nos DVR’S ou nos servidores e não nas câmaras, o que lhes retira fiabilidade e limita inevitavelmente o número de câmaras em que o vídeo analítico pode ser utilizado em simultâneo. Outros começaram também a desenvolver codec’s, como um primeiro passo de uma solução global. São porém ainda poucos os produtores de SVIP que apresentam soluções end to end, e esses têm tido nos últimos três anos taxas de crescimento acima dos 40%; apesar do enorme esforço que os produtores tradicionais têm feito nos últimos anos, o seu atraso tecnológico é superior a dois anos. Quando atingirem os níveis de qualidade a que alguns dos novos produtores de SVIP já chegaram, terão perdido uma substancial fatia do mercado.

Conscientes dessas limitações, os grandes produtores optaram recentemente por aquisições de produtores de SVIP, e entenderam-se quanto à criação de uma plataforma de software standard (ONVIF), em consequência multimarca, que deverá começar a ser comercializada em 2010. Rapidamente os principais produtores de SVIP aderiram a este standard. QUAIS SÃO, ENTÃO, AS VANTAGENS DO SVIP? Flexibilidade, escalabilidade, transmissão, gravação, software analítico e os custos de instalação. a) A flexibilidade aparece como contraponto à rigidez dos sistemas tradicionais; hoje em dia e qualquer que seja o destino da instalação, alterações de layout, redimensionamento, etc., são inevitáveis. Um SVIP, baseado numa rede estruturada, só tem de buscar novos pontos de acesso a partir de qualquer bastidor. b) A escalabilidade, como o nome indica, permite um crescimento teoricamente ilimitado, para além de possibilitar uma actualização permanente tanto de software (aplicável aos softwares analíticos e a novas funcionalidades) como de firmware (resolução, ips, streams). c) A transmissão de imagem é vital para se conseguir uma monitorização remota em tempo útil e de qualidade. Transmitir vídeo de segurança sobre uma WAN sem latência nem engarrafamentos, mantendo uma elevada qualidade de imagem, está ainda ao alcance de poucos fabricantes. A transmissão e comando remoto de Vídeo permitem enormes economias na exploração de locais no que respeita à vigilância, especialmente durante as horas nocturnas. Para esse efeito é importante a integração com outros sistemas de segurança, nomeadamente de detecção de incêndio e detecção de intrusos, o que permite gerir vários locais a partir de um Posto de Controlo remoto, a custos reduzidos. A qualidade da imagem remota é na maioria dos casos de extrema importância, o que só se consegue acedendo directamente à câmara IP, e não a imagens já multiplexadas (sistemas híbridos). d) A gravação, tanto local como remota, é outra questão da maior importância; não

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só pelas mais reduzidas necessidades de armazenagem que a compressão e software proporcionam, mas sobretudo pela rapidez com que se consegue aceder a imagens gravadas, tanto local como remotamente. Essa rapidez é frequentemente fulcral para a identificação de situações anómalas. e) Para grandes sistemas com utilização intensiva, o software analítico tem cada dia uma maior importância; está provado que a atenção dos operadores a um elevado número de câmaras se vai diluindo, sendo muito pouco eficaz ao fim de 30 minutos. Os alertas provocados por software de análise de objectos abandonados, passagem de linhas limite, aglomeração de pessoas, contagem de fluxos, etc., são uma ajuda preciosa à operação dos sistemas. f) Os custos de instalação são substancialmente reduzidos, sobretudo se a rede estruturada for utilizada para diversos fins e especialidades; esta é a primeira linha de separação entre os bons e os sofríveis SVIP (ou como dizia Nelson Piquet, “é uma curva onde se distinguem os homens dos rapazes”); qualquer bom SVIP funciona em perfeitas condições sobre uma rede partilhada, não comprometendo minimamente a funcionalidade de qualquer sistema. Para tanto basta que a rede esteja bem concebida e dimensionada. Quanto às principais características de avaliação dos sistemas, é necessário saber o “PORQUÊ”; no entanto, poderemos enumerar algumas das principais: ≥ Tipo de compressão utilizado; ≥ Largura de banda necessária para transmitir imagens a 25 ips 4 SIF; ≥ Vídeo latência do sistema; ≥ Características das câmaras (resolução, nº de codec’s, nº de stream, etc.); ≥ Vídeo analítico na câmara; ≥ Características dos NVR; ≥ Características do software. Termino chamando a atenção para o facto que é importante ter a noção que uma câmara IP não pode ser mais barata (na fonte, e se for de igual qualidade) do que uma câmara analógica; uma câmara IP tem todos os componentes de uma câmara analógica, mais um ou dois codec e respectivo firmware. OUTUBRO A DEZEMBRO ‘09

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Segurança em espaços A utilização do espaço subterrâneo é um recurso que tem permitido uma melhor organização e funcionamento das populações, principalmente em áreas de elevada densidade demográfica. No âmbito da engenharia de segurança, as infra-estruturas subterrâneas apresentam desafios e condicionantes únicos, dificilmente tipificáveis nos regulamentos de segurança existentes. As especificidades destas áreas exigem a criação de soluções inovadoras e eficazes, que garantam a protecção de pessoas e bens. Nesta edição iremos retratar algumas das questões de segurança em túneis rodoviários, parques de estacionamento e minas para a extracção de recursos naturais, abordando ainda uma das principais preocupações de segurança contra incêndio em espaços subterrâneos: o controlo de fumos.


s subterrâneos Segurança em Túneis e Parques de Estacionamento José Ramos Director de Marketing da ENA Portugal

A crescente tendência para a concentração populacional, o aumento do parque automóvel, a necessidade de minimização dos tempos de circulação, a incrementação de espaços de estacionamento e de circulação, tem encontrado como resposta, por vezes, o recurso à construção de infra-estruturas subterrâneas: parques de estacionamento cobertos e túneis rodoviários. As soluções apresentadas e de modo a responder à crescente complexidade das solicitações, exigem respostas específicas. Estas deverão ter em consideração a topologia, o tipo de construção, os materiais utilizados, o próprio processo de construção, bem como o tipo de utilização e volume de

tráfego previsto e, como ponto fundamental, a segurança, nomeadamente na componente relativa à protecção contra incêndios. No relativo à temática da protecção contra incêndios, esta representa um desafio acrescido para legisladores e projectistas responsáveis pela elaboração dos projectos de segurança, não só pelos motivos já apresentados, como ainda, pelo facto de que cada instalação ser por vezes única, tornando a personalização dos meios activos e passivos de difícil tipificação. Complementarmente, também se tem observado um crescimento significativo no avanço tecnológico dos meios de detecção, intervenção e combate ao incêndio, através da introdução de novos e mais sofisticados

processos tecnológicos, embora a sua aplicação possa ser dificultada pela impossibilidade do recurso à actividade experimental. Assim, este artigo limita-se à análise dos efeitos causa/consequência nos acidentes ocorridos, felizmente não muito frequentes, e à aplicação de métodos quantitativos de análise de risco nem sempre ajustados ao tipo de infraestrutura. Como principais causas de morte, todos os estudos efectuados aos acidentes ocorridos, apontam para dificuldades provocadas pelo fumo e atitudes erráticas inerentes ao comportamento humano. Por forma a minimizar o número de mortes, de danos originados nas infra-estruturas e


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dos impactos provocados pela interrupção ou condicionalismos na sua utilização, cada vez mais se discute qual o tipo de soluções que devem ser utilizadas para garantir a detecção, ou a iminência, de um incêndio e activação dos meios necessários ao aviso e combate do mesmo, garantindo-se sempre a segurança das pessoas. PARQUES DE ESTACIONAMENTO COBERTOS O crescente aumento do parque automóvel criou a necessidade da implementação de parques de estacionamento, muitos deles subterrâneos, dada a escassez e custo dos espaços. A sua divulgação contribui de modo significativo para as condições de circulação (viária e pedestre) e até mesmo para a organização da malha urbana. Dada a difusão deste tipo de infra-estruturas, os parques de estacionamento são hoje em dia encarados como fazendo parte integrante dos edifícios, sendo muito raros e decorrentes de condições excepcionais os projectos de novos edifícios que não prevejam a sua inclusão. Apesar da nova regulamentação estipular quais as medidas a implementar nos novos edifícios, constata-se a existência de muitas lacunas nas instalações já existentes, acrescendo o facto de muitas delas não garantirem sequer os meios de segurança mínimos e encontrarem-se muitas das vezes sem qualquer tipo de vistoria e/ou manutenção. Um dos principais factores de risco inerentes a este tipo de infra-estruturas prende-se com a utilização inadequada de alguns destes espaços, nomeadamente em edifícios habitacionais, muitas das vezes utilizados como arquivo e armazém das mais diversas matérias, que podem incluir desde mobiliário em madeira e livros, até combustíveis e botijas de gás. egislação e Exigências Construtivas L e dos Sistemas A nova regulamentação, que assenta no Regime Jurídico da Segurança Contra Incêndio em Edifícios, veio permitir a definição rigorosa de regras e obrigações, visando minimizar as situações de acidente, e no caso de estas ocorrerem, uma maior rapidez na detecção e combate. OUTUBRO A DEZEMBRO ‘09

CAPA

Com base no novo regime jurídico relativo à utilização-tipo II, que se refere aos parques de estacionamento, está definida a forma e condição para a utilização dos diversos meios de protecção activa e passiva. Relativamente à nova legislação torna-se importante salientar que, de acordo com o conceito utilizado para a classificação da categoria de risco, a maioria dos parques de estacionamento subterrâneos serão pelo menos da 2ª categoria de risco, dado que todos os parques com mais de um piso abaixo do plano de referência se enquadram nesta classificação. Uma pequena nota para referir que os parques automáticos, apesar de em território nacional apenas existir um, também são abrangidos pela nova regulamentação. Outra inovação que a regulamentação apresenta, e que consideramos de elevada importância, é a obrigatoriedade da realização de acções de manutenção e fiscalização periódicas aos meios de detecção, protecção e combate a incêndios, o que deverá permitir colmatar uma das principais lacunas actualmente existentes nas instalações, pondo-se fim a situações, não tão invulgares, de se encontrarem sistemas avariados e/ou fora de serviço. Alguns dos pontos mais pertinentes mencionados no novo regime jurídico prendem-se com: ≥ Agravamento da resistência ao fogo dos elementos estruturais, equiparados às utilizações tipo XI e XII, bibliotecas e arquivos e industriais, oficinas e armazéns, respectivamente; ≥ A obrigatoriedade da instalação de métodos de controlo de fumos; ≥ Redes secas, húmidas e sistemas fixos de extinção automática de incêndios edifícios a partir da 2ª categoria de risco; ≥ Sistemas automáticos de detecção de gás combustível e monóxido de carbono (CO). Este último é um dos casos particulares, uma vez que, apesar da sua elevada importância, não está directamente associado a nenhum factor relativo ao incêndio. TÚNEIS RODOVIÁRIOS A frequência da utilização de túneis em meios urbanos deve-se, não só, ao facto de permitirem a ultrapassagem de obstáculos,

mas principalmente, porque possibilitam agilizar a circulação evitando cruzamentos e intersecções. Nas zonas não urbanas são maioritariamente utilizados para contornar obstáculos naturais. Acresce ainda o facto de, com as inovações e avanços dos métodos construtivos, ser possível a execução de túneis cada vez de maiores dimensões e nas condições mais desvantajosas. Devido à complexidade imposta por alguns traçados e condições ambientais existentes nos locais onde é necessária a construção de túneis, é frequente a necessidade de utilizar soluções únicas, o que consequentemente dificulta a tipificação de soluções e a criação de uma normativa que possa ser aplicada a todas as instalações. Ainda que o número de acidentes neste tipo de infra-estrutura seja significativamente inferior ao número de acidentes em parques de estacionamento, os dados estatísticos demonstram que o número de mortes relacionado com incêndios é bastante considerável. ACIDENTES EM TÚNEIS RODOVIÁRIOS De seguida apresentam-se alguns dos casos mais destacados de acidentes que ocorreram em túneis rodoviários: Túnel de Mont Blanc O túnel de Mont-Blanc é provavelmente um dos principais túneis rodoviários na Europa tendo-se tornado ainda mais conhecido devido ao acidente ocorrido em 24 de Março de 1999. Inaugurado em 1965, após mais de 9 anos de construção, com um comprimento de 11,6 quilómetros, permite uma redução de cerca de 100 quilómetros na ligação entre a França e o norte da Itália. Em 24 de Março ocorreu um incêndio de grande dimensão provocado por um veículo pesado, que transportava margarina, devido, provavelmente, a um sobreaquecimento dos travões, ou eventualmente a uma beata de cigarro lançada inadvertidamente por um condutor de outro veículo, e que acabou por envolver 15 veículos pesados, 9 veículos ligeiros e originar a morte de 39 pessoas e danos graves na estrutura do túnel. O incêndio só foi extinto passadas 56 horas, tendo sido necessário esperar 5 dias para que


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encontrava parada devido a uma indicação de um semáforo que estaria, provavelmente, avariado. O embate originou um incêndio que envolveu 16 veículos pesados e 24 veículos ligeiros e que veio a resultar na morte de 12 pessoas.

≥ O túnel da Avenida da República, em Vila Nova de Gaia, está equipado com um sistema de comando, controlo e gestão e com videovigilância.

≥ S inóptico do software de gestão que permite controlar os sistemas de segurança instalados no túnel Soares dos Reis (Vila Nova de Gaia).

o arrefecimento interno permitisse o início dos trabalhos de reparação. Após diversos estudos foram identificadas diversas causas e razões para esta tragédia, no entanto, a principal parece ter sido devido ao facto da gestão e controlo do túnel estar atribuída a duas entidades distintas, uma francesa e outra italiana, que não coordenaram os procedimentos e tomaram decisões contraditórias após o início do incêndio, como

seja, a activação do sistema de ventilação em sentidos opostos. Túnel de Tauern O túnel de Tauern faz parte de Tauern Autobahn, que liga a Alemanha, a Itália e a Eslovénia, foi construído em 1976 e tem um comprimento de 6,4 quilómetros. A 29 de Maio de 1999 ocorreu um embate entre um camião e uma fila de veículos que se

Túnel de Burnley O túnel de Burnley faz parte do sistema de estradas CityLink na cidade de Melbourne na Austrália. Foi construído em 2001 e tem um comprimento de aproximadamente 3,4 quilómetros. Está referenciado como uma instalação exemplar. A 23 de Março de 2007, uma avaria num camião que parou na faixa de rodagem de menor velocidade originou o embate entre um segundo camião e 3 veículos ligeiros que tentavam ultrapassar o camião imobilizado. Após o embate, ocorreu um incêndio de elevadas proporções (estima-se que tenha atingido temperaturas superiores a 1000ºC) e consequentes explosões. Apesar da sua gravidade, o incêndio foi rapidamente controlado e extinto devido à eficaz activação dos sistemas instalados, nomeadamente do sistema de extinção de accionamento manual, do sistema de videovigilância e das medidas operacionais. Foram confirmadas as mortes dos 3 condutores dos veículos envolvidos, que segundo estudos posteriores, ocorreram devido ao embate e não estiveram directamente relacionadas com o incêndio. Este caso demonstra que com base nas medidas e orientações retiradas dos acidentes anteriores é possível desenvolver um sistema eficaz que permita agir correctamente e salvar dezenas de vidas humanas e, ao mesmo tempo, reduzir ao máximo os prejuízos na infra-estrutura. É pois possível constatar que apesar das medidas implementadas no túnel rodoviário ainda não serem perfeitas, por não permitirem evitar os acidentes, são cada vez mais eficazes. egislação e exigências construtivas e L dos sistemas A legislação em vigor é aplicável a todos os túneis da rede rodoviária transeuropeia e a todos os restantes túneis com mais de OUTUBRO A DEZEMBRO ‘09

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500 metros de extensão, e é reportada pelo decreto-lei nº 75/2006, de 27 de Março, elaborado com base na directiva nº 2004/54/CE do Parlamento Europeu e do Conselho da União Europeia, de 29 de Abril. Não se encontram contemplados os túneis com menos de 500 metros e que são em número considerável no território português. Este decreto-lei baseia as condições e medidas impostas na relação entre o comprimento do túnel e o número de veículos que circulam por via e, para além das medidas obrigatórias, apresenta uma série de outras condições que deverão ser consideradas apesar de não obrigatórias. De todas as medidas mencionadas, existem diversos sistemas que assumem especial relevância neste decreto-lei, como sejam os sistemas de iluminação normal, segurança e evacuação, alimentação de água, sinalização rodoviária, detecção automática de incidentes e/ou de incêndio, comunicação por mensagens de rádio emergência e altifalantes instalados nos abrigos e nas saídas, alimentação de energia de emergência e garantia da resistência dos equipamentos aos incêndios que são de instalação obrigatória em todas as infra-estruturas abrangidas. No entanto, este decreto-lei apresenta ainda algumas condicionantes como sejam a necessidade de efectuar uma análise de risco, a obrigatoriedade de nomear o agente de segurança, que será a entidade responsável pela coordenação de todas as medidas preventivas e de salvaguarda, por forma a garantir a segurança dos utentes e do pessoal afecto à exploração do túnel. Dada a complexidade deste tipo de infra‑estruturas são cada vez mais utilizados sistemas avançados de controlo e gestão. Toda a solução é suportada num sistema SCADA (Supervisory Control and Data Acquisition) tendo por base autómatos programáveis e meios de transmissão por fibra óptica que garantem um funcionamento totalmente automático dos sistemas de supervisão e gestão, sem a necessidade de intervenção humana. No entanto, estes sistemas permitem o controlo de todos os sistemas de forma manual através de um interface visual gráfico com base num sinóptico personalizado em função dos equipamentos e soluções instaladas. 20

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CAPA

Estas soluções permitem a utilização dos dados provenientes de diversos sistemas, como sejam: ≥ Sistema de detecção automática de incêndios, usualmente suportado na tecnologia de fibro-laser; ≥ Sistemas de análise das variáveis ambientais, nomeadamente velocidade e direcção do vento no exterior e interior do túnel, níveis de opacidade, CO2 e NOx (Óxido de Nitrogénio); ≥ Sistema de análise automática das imagens do sistema de vídeo vigilância; ≥ Contagem e classificação de veículos; ≥ Detecção automática de veículos com excesso de altura; ≥ Nível de luminosidade exterior. E com base nos dados provenientes destes sistemas e na programação do sistema de gestão e controlo que é possível controlar e gerir os diversos sistemas como sejam: ≥ Sistemas de ventilação que garantem o controlo dos fumos e dos níveis de CO e NOx; ≥ Sistemas de iluminação que permitem uma adaptação rápida da visão humana às condições de baixa visibilidade no interior do túnel; ≥ Sistemas de informação ao utilizador com base em sistemas internos de som, sistemas de difusão em frequências das estações de rádio, sistemas dos postos SOS e sistemas de painéis e de sinalização; ≥ Sistemas automáticos de extinção, ainda que actualmente não estejam previstos na regulamentação Europeia; ≥ Sistemas de videovigilância, através do controlo de câmaras móveis e da alteração dos níveis e parâmetros de gravação das imagens. Relativamente às novas tecnologias convém destacar a utilização dos sistemas automáticos de análise de vídeo, que permitem, com base nas imagens provenientes das câmaras instaladas no interior e exterior do túnel, detectar e alertar o operador em tempo real para situações anómalas como sejam: ≥ Veículo imobilizado na via; ≥ Fila de trânsito; ≥ Veículo em marcha lenta; ≥ Veículo em circulação em sentido contrário; ≥ Circulação de pessoas ou animais na via;

≥ Cargas ou objectos abandonados na via; ≥ Detecção de fumo e chama. Adicionalmente a estas funções, permite ainda a recolha de informações complementares de tráfego no túnel: ≥ Contagem do número de veículos; ≥ Classificação de veículos; ≥ Taxas de Ocupação da Via; ≥ Distância entre veículos. CONCLUSÕES A partir dos dados apresentados é possível identificar que foi maioritariamente devido aos erros e acidentes, que tiveram como consequência a perda de vidas humanas, que surgiu o fomento da investigação da detecção de problemas; se promoveram alterações no quadro legislativo; assim como a criação de linhas orientadoras para que situações semelhantes possam ser minimizadas e, se possível, anuladas. Existem actualmente algumas questões pertinentes e que reflectem alguns dos problemas inerentes a este tipo de infraestruturas, tais como: ≥ A utilização dos sistemas de videovigilância, tema que tem sido bastante debatido e que, inclusivamente, já se encontra contemplado nas normas da NFPA (NFPA 72 [A.3.3.181.5, A.3.3.209]) para a detecção automática de incêndios; ≥ Utilização de cortinas de ar para compartimentação e controlo de fumos, que possam substituir alguns dos meios convencionais e que são economicamente bastante onerosos; ≥ A não utilização de sistemas automáticos de extinção de incêndios por comando manual, a exemplo do utilizado no Japão e na Austrália; ≥ Questionamento sobre a influência dos sistemas de ventilação em incêndios provocados por veículos com pilhas de hidrogénio, ou até mesmo movidos a hidrogénio, e em especial, sobre o impacto do jet flame nestas situações; ≥ Criação de rotinas que contemplem situações não usuais e excepções às normais condições de funcionamento, por forma a permitir uma total automatização das instalações;


CAPA

≥ Utilização de sistemas totalmente redundantes que garantam o correcto funcionamento dos sistemas instalados, independentemente dos condicionantes inerentes às falhas, danos e/ou avarias. Da análise dos diferentes acidentes é possível destacar três factores comuns à maioria dos incêndios e responsáveis pelas graves proporções que estes atingem: o efeito do fumo, a dificuldade em criar condições seguras que protejam o pessoal interveniente no combate ao incêndio e o comportamento humano.

Relativamente a esta última, é notório que a grande maioria dos problemas que advêm dos incêndios são criados por decisões humanas desadequadas e que, muitas das vezes, são agravadas pela falta de preparação das pessoas para lidar com situações de pânico desta natureza. Uma solução passaria pela divulgação de informação ao público em geral que instruísse sobre a forma correcta de comportamento em situações de incêndio, nomeadamente através dos meios audiovisuais, nas escolas e

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nas infra-estruturas em questão. Quantos de nós saberemos que, em caso de incêndio de um veículo dentro de um túnel, deverão ser efectuados todos os esforços para deslocar o veículo para fora do túnel? Apesar do fogo continuar a ser considerado por muitos como a maior descoberta do Homem, é igualmente verdade que tem sido a fonte de alguns dos maiores acidentes e fatalidades da nossa História. É natural e indispensável que o fogo continue a ser alvo de elevado estudo e análise.

Controlo de fumo em pisos enterrados Paulo Prata Ramos* Sócio-gerente de ETU, Espaço Tempo e Utopia

A IMPORTÂNCIA DO CONTROLO DE FUMO A salvaguarda da vida humana é o principal objectivo da regulamentação de Segurança contra Incêndios em Edifícios (SCIE). A inalação de fumos é responsável por 95% das mortes em incêndios urbanos, sendo normal que a legislação atribua grande importância ao controlo de fumo. De facto, durante o processo de combustão são libertados vários gases tóxicos, como sendo o monóxido de carbono (CO), o ácido clorídrico gasoso (HCl), ou os vapores nitrosos (NO e NO2). De acordo com o tipo de matéria combustível, temos maior ou menor produção de cada um destes gases, sendo um factor crítico para a manutenção da vida a relação entre a concentração destes gases e o tempo de exposição do indivíduo. Mas a análise da importância do controlo de fumo num incêndio não se deve esgotar nas considerações sobre o seu potencial de mortalidade. Aqui há que ter em consideração diversos factores. O fumo pode causar o pânico, levando a uma evacuação descontrolada, o que em edifícios com grande efectivo, e em particular aqueles que recebem público, pode ser catastrófico. O fumo diminui as condições de sustentabilidade da via de evacuação, quer por diminuir as condições de visibilidade – sendo aqui importante a avaliação da densidade óptica de fumo –, quer por criar um fluxo radiante, que acima dos 2.000 W/m2

causa dor em exposições na ordem dos 30 segundos. Mesmo que tenhamos uma altura livre de fumo suficiente para a circulação, a densidade óptica de fumo pode anular por completo a visibilidade da sinalética e a eficácia da iluminação de emergência. Além disso, o fumo é um agente propagador do incêndio, uma vez que a sua temperatura pode levar à auto-ignição de matérias combustíveis. Por exemplo, a madeira incendeia-se a uma temperatura de 280º, mesmo que não esteja exposta directamente a uma chama. Por fim, em circunstâncias específicas, o fumo pode constituir uma atmosfera explosiva, podendo ocorrer uma explosão de fumo ou backdraft. A situação mais usual em que tal pode ocorrer é numa combustão com carência de oxigénio, havendo uma menor produção de dióxido de carbono (CO2), que é incombustível, e uma maior produção de monóxido de carbono (CO), que é combustível em concentrações compreendidas entre 12,5% e 74,2% e que tem uma temperatura de auto-ignição de 609º. Caso o monóxido de carbono alcance as condições de concentração e temperatura de forma repentina, dá-se a explosão da camada de fumo. Às vezes, para tal, é suficiente abrir a porta do compartimento sinistrado. Por todos estes factores não é de estranhar que cerca de um décimo dos artigos do

Regulamento Técnico de Segurança contra Incêndio em Edifícios (RT-SCIE), publicado pela Portaria 1532/2008 sejam sobre controlo de fumo (artigos 133º a 161º, 225º, 250º, 271º, 272º e 306º). COMO SE FAZ O CONTROLO DE FUMO? A designação de controlo de fumo é um pouco enganosa. De facto, quando se trata de fazer o controlo de fumo, não basta apenas fazer a evacuação do fumo em si, sendo indispensável que em simultâneo se faça a admissão de ar novo. Numa circunstância normal, de escoamento laminar, o fumo estratifica-se, formando uma camada razoavelmente uniforme na parte superior do compartimento, ficando a parte inferior do compartimento livre de fumos. Esta estratificação deve-se à diferença de temperatura e pressão entre a camada de fumo e zona livre de fumo. Como é lógico, a tiragem do fumo tem que ser feita com bocas de extracção que estejam dentro da camada de fumo. De igual forma, é impossível fazer a extracção do fumo do compartimento se não se admitir igual volume de ar novo no compartimento (fig. 1). A admissão de ar novo, sendo indispensável, é particularmente útil. A combustão, sendo uma reacção exotérmica de oxidação, consome oxigénio. O ar é essencialmente OUTUBRO A DEZEMBRO ‘09

21


05

composto por 79% de azoto (Na) e 21% de oxigénio. A admissão de ar permite oxigenar a combustão, diminuindo a produção de monóxido de carbono e, consequentemente, diminuindo a probabilidade de se criar uma atmosfera explosiva. Não menos importante, o oxigénio é indispensável à vida, sendo perigoso quando a concentração do oxigénio no ar desce abaixo dos 18%; a admissão de ar novo permite garantir os níveis mínimos de oxigénios necessários à preservação da vida humana. A admissão de ar novo deve ser feita na zona livre de fumo e nunca na camada de fumo, o que no caso dos pisos enterrados pode ser um pouco mais complexo por causa do trânsito das condutas. Admitir ar novo pela camada de fumo faz com que, o ar novo se misture no fumo, aumentando o seu volume (se bem que diminuindo a sua densidade) e leva à diminuição da sua temperatura. A conjugação destes factores leva à diminuição da altura livre de fumo. O COMPORTAMENTO DO FUMO EM PISOS ENTERRADOS Nos pisos enterrados, em caso de incêndio e caso não haja controlo de fumo, o fumo tende a escoar-se pelo pelas vias verticais. Isto não só compromete a evacuação do edifício bem como dificulta a intervenção dos meios de socorro, obrigando-os a uma progressão num ambiente adverso, de elevada tempe-

CAPA

ratura e toxicidade, e baixa visibilidade. Por outro lado, a via vertical por onde o fumo é escoado pode simultaneamente ser a única via de admissão de ar novo, criando fluxos opostos e consequentemente elevada turbulência, destruindo assim a estratificação do fumo (fig. 2). Tratando-se de pisos enterrados, os bombeiros não podem recorrer a uma ventilação táctica através dos vãos de fachada. De igual forma, não podem fazer um combate defensivo, obrigando à colocação de meios no interior do edifício. AS EXIGÊNCIAS REGULAMENTARES PARA PISOS ENTERRADOS Face à particular perigosidade e complexidade do controlo de fumo nos pisos enterrados, as exigências regulamentares são mais gravosas do que noutras circunstâncias. O controlo de fumos em pisos enterrados poderá ser feito por sistemas passivos se houver apenas um piso abaixo do plano de referência, devendo ser activos sempre que houver mais do que um piso abaixo do plano de referência. Nos termos do RT-SCIE, todas as vias verticais enclausuradas devem ter controlo de fumo. No caso particular dos pisos enterrados, esse controlo de fumos tem que ser feito por sobrepressão, excepto se a via tiver saída directa para o exterior. O regulamento exige ainda que, nos pisos abaixo do plano

de referência, as vias verticais enclausuradas sejam protegidas com câmara corta-fogo (CCF), que deverá dispor de sistema de controlo de fumo. Se a CCF for estabelecida até um piso abaixo do plano de referência o controlo de fumo poderá ser passivo, devendo ser por sobrepressão nos restantes casos. Nas vias horizontais de evacuação, é obrigatório a existência de sistemas de controlo de fumo sempre que o comprimento da via ultrapassar os 10 metros. No que diz respeito aos locais de risco em pisos enterrados, é exigido controlo de fumo, sempre que o compartimento seja acessível ao público ou que a sua área seja superior a 200 m2. É ainda exigido o controlo de fumo em gares subterrâneas e respectivos troços de túnel adjacentes. Na tabela 1 é feita uma síntese do tipo de controlo de fumo aplicável a cada espaço e as respectivas exigências regulamentares. CASO DE ESTUDO Para demonstração da necessidade do controlo de fumo e avaliação da sua eficácia, foi realizado um estudo com base em simulações feitas por computador recorrendo ao software CFAST (Consolidated Model of Fire Growth and Smoke Transport) desenvolvido pelo NIST (National Institute of Standards and Technology). As simulações consideraram três cenários, sendo um sem controlo de fumo (fig. 3),

1

5

2 1

3

4

3 4

2

≥ Fig. 1 Piso com controlo de fumo. 1. Escoamento do fumo através de condutas, com bocas de extracção junto ao tecto. 2. Admissão de ar novo junto ao pavimento. 3. Camada de fumo perfeitamente estratificada. 4. Câmara corta-fogo com controlo de fumo. 5. Via de evacuação livre de fumo permitindo a evacuação e o acesso seguro dos meios de socorro.

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≥ Fig. 2 Piso sem controlo de fumo (exemplo não regulamentar). 1. Escoamento do fumo através da via de evacuação. 2. Admissão de ar novo através da via de evacuação. 3. O ar novo é misturado com o fumo criando turbulências. 4. A camada de fumo misturada com o ar novo desce, diminuindo a zona livre de fumo.


05

CAPA

SISTEMA DE CONTROLO DE FUMO

PASSIVO

ACTIVO

LIMITAÇÃO DE USO

Só um piso abaixo do plano de referência.

Mais de um piso abaixo do plano de referência.

LOCAIS

Bocas de admissão totalmente na zona livre de fumo o mais baixo possível; bocas de evacuação totalmente na zona enfumada o mais alto possível; a área das aberturas deve ser objecto de cálculo fundamentado.

Uma boca por cada 320 m2. Caudal de 1 m3/s por cada 100 m2 de compartimento (mínimo 1,5 m3/s). Pode ser usado o sistema de climatização, desde que cumpra as exigências.

ESTACIONAMENTOS

Admissível só se for da 1ª categoria, devendo ser garantido um varrimento adequado.

Caudal de 600 m3/h por veículo.

VIAS HORIZONTAIS

Bocas de admissão e de extracção alternadas, distando 10 m quando em percursos em linha recta e 7 m nas restantes situações.

Bocas de admissão e de extracção alternadas, distando 15 m quando em percursos em linha recta e 10 m nas restantes situações. Caudal de extracção estabelecido entre duas bocas de 0,5 m3/s por UP da via; Pode ser por sobrepressão desde que todos os espaços adjacentes tenham sistemas de controlo de fumo.

VIAS VERTICAIS ENCLAUSURADAS

Aplicável apenas a vias directas ao exterior Grelha permanente de 1 m2 no nível de saída para o exterior, na parte superior da porta ou por cima desta; caudal de compensação ao nível do piso inferior superior a 0,8 m3/s ou admissão passiva devidamente calculada.

Sobrepressão, garantindo um diferencial de pressão (com todas as portas fechadas) entre os 20 e os 80 Pa entre a via e os espaços adjacentes no piso sinistrado.

CÂMARAS CORTA-FOGO

Condutas de entrada e saída com 0,1 m2.

Sobrepressão que garanta um fluxo de ar entre a CCF e os espaços adjacentes de 1,0 m/s com as duas portas abertas.

um com controlo de fumo passivo (fig. 4) e outro com controlo de fumo activo (fig. 5). Considerou-se um compartimento com 20 metros por 16, com 3 metros de pé-direito. Para simular o incêndio escolheu-se, de entre os objectos disponíveis na base de dados do programa, o “3 panel work station”,

com calor total de combustão de 18.900 MJ. Tendo em conta a área do compartimento, o objecto escolhido representa uma densidade de carga de incêndio de aproximadamente​ 6​ 0 MJ/m2, ou seja, foi considerado um incêndio moderado e sem combustão generalizada (flashover). A taxa de libertação de calor do

objecto considerado tem o seu pico aos 550 segundos. No sistema passivo foram consideradas uma boca de admissão junto ao piso e uma boca de evacuação junto ao tecto, ambas com 1,4 m2 de área útil. No sistema activo foi considerada a admissão passiva com uma

≥ Fig. 3 Sem controlo de fumo.

≥ Fig. 4 Controlo de fumo passivo.

≥ Fig. 5 Controlo de fumo activo.

o fim de 30 minutos de incêndio, apesar da A camada de fumo estar a uma temperatura baixa (56º), esta preenche a totalidade do pé direito.

o fim de 30 minutos de incêndio a camada de A fumo estabiliza à altura de 1,15 m do chão a uma temperatura de 111º. A solução poderia ser optimizada aumentando a área das bocas de admissão e extracção.

solução mais satisfatória tem, ao fim de 30 A minutos de incêndio, a camada de fumo a 115º a uma altura de 2,11 m do pavimento.

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CAPA

ALTURA DA CAMADA DE FUMO

3,00

1,50 1,00 0,50

200 150 100

0 0

300

600

900 1200 Tempo (s)

1500

Nas simulações efectuadas, só o sistema activo apresentou uma altura livre de fumo aceitável, acima dos 2 metros na generalidade do tempo. Em todos os cenários, no pico do incêndio a altura do fumo desceu abaixo dos 50 cm. No sistema sem controlo de fumos o fumo preenche a totalidade do compartimento a partir dos 10 minutos de incêndio.

Fluxo radiante (W/m2)

400 300 250 200 150 100 50 0

600

900 1200 Tempo (s)

1500

1800

FLUXO RADIANTE NO PAVIMENTO

3500

350

300

Em todas as simulações, no pico do incêndio a camada de fumos atinge os 300º. Nos cenários com controlo de fumos a temperatura desce então para valores próximos dos 100º. Curiosamente no sistema sem controlo de fumo as temperaturas são mais baixas uma vez que o fogo se extingue de forma prematura por carência de oxigénio.

TEOR DE CO

450

300

600

900 1200 Tempo (s)

1500

1800

300

600

900 1200 Tempo (s)

1500

1800

No pico do incêndio e em todas as simulações o teor de oxigénio vai abaixo dos 15%. Nos cenários com controlo de fumos há uma recuperação do teor de oxigénio, mas ainda assim abaixo dos 18% para o sistema passivo.

2500 2000 1500 1000 500 0

300

600

900 1200 Tempo (s)

1500

1800

Nos sistemas com controlo de fumo o teor de monóxido de carbono não ultrapassa muito a fasquia das 300 p.p.m., que é um valor aceitável para o tempo de exposição em causa. No sistema sem controlo de fumo chega às 400 p.p.m. o que mesmo assim é admissível para exposições até uma hora. O teor de CO nunca chega a ser suficiente para criar uma atmosfera explosiva.

O fluxo radiante ao nível do pavimento é muito semelhante em todos os cenários. No pico do incêndio alcança os 3.000 W/m2, sendo suficiente para causar queimaduras num tempo de exposição de 60 segundos. Os valores atingidos não criam as condições necessárias para a combustão generalizada.

boca junto ao chão com 1,4 m2 de área útil e a extracção junto ao tecto com caudal de extracção nos termos do regulamento (1 m3/s por cada 100 m2 de área). A simulação foi feita no período de 30 minutos, que é um tempo suficiente para que o fogo fique praticamente extinto por combustão do objecto. Foi considerada uma temperatura inicial de 20º e uma humidade relativa de 50%. Os resultados obtidos para a altura da camada de fumo (m), temperatura da camada de fumo (ºC), teor de oxigénio na camada de fumo (%), teor de monóxido de carbono na camada de fumo (p.p.m.) e fluxo radiante no pavimento ​(W/m2) estão patentes nos gráficos adiante. Nos gráficos surge a azul escuro a solução sem controlo de fumo, a amarelo a solução

com controlo de fumo passivo e a azul claro a solução com controlo de fumo mecânico. A simulação sem controlo de fumos revela que a partir de 8 minutos e meio deixa de haver condições de sustentabilidade da vida no compartimento, tornando claro que é indispensável a existência de sistemas de controlo de fumo. O sistema com controlo de fumo passivo apresenta uma performance sofrível, mas que poderia ser facilmente optimizada aumentando a área útil das bocas de admissão e extracção. O cenário com controlo de fumo activo apresentou bons resultados. Constata-se ainda que no pico do incêndio nenhum dos dois sistemas foi eficaz, não ficando garantidas momentaneamente as condições de evacuação. Ou seja, a evacuação do compartimento teria

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0

que ser feita forçosamente nos primeiros 8 minutos de incêndio.

3000

0 0

10

0 0

1800

15

5

50

0,00

Teor de CO (ppm)

20

250

Oxigénio (%)

Temperatura (Cº)

Altura (m)

2,00

TEOR DE OXIGÉNIO

25

300

2,50

24

TEMPERATURA DA CAMADA DE FUMO

350

ASPECTOS TÉCNICOS A TER EM CONSIDERAÇÃO Conforme referido, em pisos enterrados, sempre que haja mais do que um piso abaixo do plano de referência, os sistemas de controlo de fumo deverão ser activos. Ora os sistemas activos precisam de ser suportados por fontes de energia de emergência, que para equipamentos de potência reduzida poderão ser locais (UPS), devendo nas demais circunstâncias ser fontes centrais (grupo gerador). Essas fontes devem garantir a alimentação dos equipamentos pelo menos para o tempo exigido para a maior resistência ao fogo dos elementos de construção do edifício, com o mínimo de uma hora. Na fase inicial do projecto é importante fazer a avaliação dos sistemas que terão que ser activos e respectivas potências, para decidir que tipo de fonte de energia de emergência deverá ser adoptado. Esta questão é tanto mais importante uma vez que o RT-SCIE estabelece algumas limitações em relação à localização do grupo gerador. Caso se constate que o grupo gerador só é necessário por causa dos sistemas de controlo de fumo dos pisos enterrados, poderão estudar-se soluções arquitectónicas que levem à dispensa dos sistemas de controlo de fumo nos pisos enterrados. * Aluno de Doutoramento da FCTUC/LNEC (paulopr@dec.uc.pt).


CAPA

05

≥ Porta de enchimento.

Segurança em profundidade: a indústria mineira Joaquim Pereira Responsável pela segurança da SOMINCOR S.A.

Se a Segurança é uma preocupação transversal de todas as actividades económicas, ela é um factor ainda mais ponderado quando falamos de uma indústria de risco elevado que labora a 500 metros abaixo do nível médio das águas do mar. Para a SOMINCOR, Sociedade Mineira de Neves Corvo, S.A. a segurança contra incêndio e a protecção laboral dos seus mais de 800 funcionários são, desde sempre, uma prioridade na gestão da actividade da maior mina de cobre da União Europeia. OUTUBRO A DEZEMBRO ‘09

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CAPA

ESQUEMA DE VENTILAÇÃO DE NEVES CORVO

A SOMINCOR – Sociedade Mineira de Neves Corvo, S.A., sedeada em Castro Verde, foi fundada em 1980 para exploração das jazidas cupríferas de Neves-Corvo. É actualmente a maior mina de cobre da União Europeia, extraindo anualmente, mais de 2.500.000 toneladas de cobre. A mina foi vendida em 2004 à EuroZinc, uma empresa canadiana e ao grupo sueco Lundin Mining, principal accionista. O início da exploração do zinco terá lugar em 2011, prevendo-se que rapidamente a SOMINCOR se transforme no segundo maior produtor europeu deste minério. SINISTRALIDADE NA EMPRESA Caracterizando-se a actividade mineira por um elevado grau de mecanização dos meios de trabalho, os riscos laborais estão principalmente associados ao ruído, poeiras, ambiente térmico, gases tóxicos e radiações. Tratando-se de uma indústria de risco elevado, desde cedo que se iniciaram os registos da sinistralidade laboral, de forma a se poder elaborar planos de prevenção e de sensibilização para a protecção laboral. A evolução do Índice de Frequência (IF) demonstra 26

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uma significativa evolução, de 81,70 em 1987 para 1,41, em Novembro de 2009, conforme se pode constatar no gráfico. Em 2002, o “Consejo Interamericano de Seguridad” atribuiu à SOMINCOR um prémio pelo facto da empresa ter conseguido reduzir o IF entre Janeiro de 2001 e Maio de 2002 em 89% e por ter alcançado 300 000 horas homem de trabalho sem acidentes com Incapacidade Temporária Absoluta (ITA). SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO Em 1991 iniciou-se a implementação do sistema de Gestão de Segurança do National Organization Safety Association (NOSA), criado e desenvolvido na África do Sul e especialmente adaptado para a indústria extractiva, o qual constitui, ainda hoje, a base do programa de segurança e prevenção de acidentes da empresa. Desde a fundação, a Segurança tem sido uma prioridade constante nas políticas de gestão dos vários conselhos de administração. O serviço de Segurança interno está constituído desde os primórdios da empresa e a primeira

versão da política de Higiene, Segurança e Saúde da Empresa data de 1984. Em 1989 foi introduzido o Manual de Prevenção de Acidentes “Regulamento Interno sobre Segurança e Prevenção de Acidentes” tendo sido aprovado pelo ex-IDICT (actual Autoridade para as Condições do Trabalho). O serviço de Segurança da SOMINCOR tem desenvolvido, desde há vários anos, um programa de monitorização individual e colectiva de exposição por parte dos trabalhadores a poluentes através de um Laboratório de Higiene que efectua medições de ruído, gases, poeiras, iluminação, recorrendo-se a organismos nacionais acreditados para a análise de poeiras e radiações. Em 1999, a SOMINCOR cria o Prémio de Higiene, Saúde e Segurança para motivar os trabalhadores no combate à sinistralidade, que leva em consideração os riscos das várias áreas laborais (trabalhos subterrâneos, trabalhos de superfície relacionados com a operação e manutenção dos equipamentos de produção e restantes áreas de apoio). O programa de Gestão de Segurança da SOMINCOR tem sido divulgado por todos os


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CAPA

trabalhadores da empresa, independentemente do seu nível hierárquico, com o “OBJECTIVO DE ZERO ACIDENTES” ser atingido num futuro próximo. SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS A prevenção e a segurança contra incêndios são factores preponderantes para garantir a continuidade da actividade de uma mina. Desde os veículos de transporte até à formação dos trabalhadores, passando pela adequação dos sistemas de protecção contra incêndio 78

77

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ao risco de incêndio dos vários espaços, são todas elas questões que têm merecido uma atenção especial por parte da SOMINCOR. Todos os veículos e equipamentos de elevação tais como pás carregadoras, perfuradoras, plataformas, “dumpers”, têm instalado um sistema de extinção por pó químico ABC, para além dos habituais extintores portáteis de pó químico ABC de 6 Kg. Algumas instalações fixas estão equipadas quer com sistemas de detecção quer com sistemas de extinção que, inicialmente, 77 71

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70

60

60 50

continham o agente extintor halon 1301, tendo sido posteriormente substituídos por outros agentes de extinção tais como água (sprinklers), CO2 e gases inertes. 950 extintores, a maior parte de pó químico ABC de 6Kg de pressão permanente, estão disseminados por todas as instalações. Os extintores de CO2 estão sobretudo instalados na proximidade das subestações eléctricas e postos de transformação. Toda a área industrial está coberta por uma rede de incêndios armada (RIA), alimentada

52 43

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33

30

32 24

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≥ Índice de Frequência ITA (curva) e acidentes ITA (barras).

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por um depósito de água com uma capacidade de 1065m3. As Brigadas de Emergência, conhecidas como Grupo de Intervenção, foram formadas em 1988, tendo sido pioneiras na indústria mineira em Portugal. As Brigadas são compostas por dois diferentes grupos: um grupo está vocacionado para actuar no interior da mina, enquanto outro grupo está dedicado às instalações da superfície. O grupo da mina é formado por três equipas, cada uma delas composta por sete elementos vocacionados para o salvamento e combate a incêndios no interior da mina. Cada elemento possui um equipamento de respiração autónoma de circuito fechado. As três equipas de superfície são constituídas por seis elementos cada e possuem aparelhos ARICA (aparelho respiratório isolante

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CAPA

de circuito aberto). Mensalmente as equipas efectuam treinos e simulacros, para além de participarem regularmente em acções de formação ministradas quer por entidades formadoras nacionais quer internacionais. As Brigadas de Emergência dispõem de três carros de combate a incêndios, dois equipados com tanques de água (4000l e 3000l) e outro com um extintor de pó químico ABC e um depósito de espumífero de baixa expansão com a capacidade de 100l. Ao nível dos equipamentos de protecção individual, todos os mineiros, serralheiros, mecânicos, electricistas e outro pessoal técnico que acede à mina são sempre portadores de uma máscara autónoma de fuga, para ser utilizada em caso de incêndio. Não obstante o forte investimento nos meios de protecção activa e na manutenção

preventiva dos mesmos, a SOMINCOR tem sobretudo apostado na prevenção através da formação no combate a incêndios. Mais de 80% dos seus trabalhadores já tiveram formação em combate a incêndios. Conforme previsto no Plano de Emergência Interno realizam-se anualmente, nas diversas instalações, simulacros e exercícios de evacuação. Uma vez que o risco de incêndio é mais elevado no interior da mina, foram criados e implementados procedimentos de prevenção de incêndios e de evacuação.


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FABRICO NACIONAL

Segurança e qualidade luminescentes SINALUX Gonçalo Sítima e Maria João Conde

Em apenas duas décadas a Sinalux conseguiu afirmar-se como uma marca de referência internacional na sinalização de segurança. A fórmula do seu sucesso parece simples: qualidade e inovação de produto e serviço. A PROTEGER visitou a unidade fabril na Figueira da Foz e conversou com Carla Romão, directora geral, e Joaquim Matos, director comercial.

A Sinalux foi criada em 1989, por José Rei e Rui Soreto, e demarcou-se rapidamente no mercado da sinalização ao desenvolver produtos fotoluminescentes. Fundada com o nome Ertecna - Empresa de Revestimentos Técnicos, Lda. a empresa ficou conhecida no mercado como Sinalux - marca dos seus produtos. Para a Sinalux, o conceito de sinalização de segurança sempre foi definido como sinalização fotoluminescente - só assim é possível garantir a sua utilidade em caso de incêndio e subsequente apagão e/ou propagação de fumo. Para a Sinalux, não faz sentido dissociar o conceito de fotoluminescência do conceito de segurança, e é em prol desta visão que a empresa tem desenvolvido os seus produtos e a sua presença no sector da segurança contra incêndio.

Actualmente, a Sinalux está presente em diversos mercados internacionais, uma estratégia que arrancou em 1992, pouco depois da fundação da empresa. Alguns dos principais países onde a Sinalux está diariamente presente são Espanha, Reino Unido, França, Hungria e Brasil. Neste último, destaque para a existência, desde 2005, de uma unidade fabril que permite agilizar os processos logísticos e operacionais da presença no Brasil e em todo o continente Americano. No entanto, a exportação dos produtos da Sinalux não se limita a estes países, estando contabilizados cerca de 37 destinos de vendas, o que corresponde a um volume de exportação que ascende aos 47%. Refira-se, ainda, que nos mercados de predominância da língua inglesa

(incluindo o sector marítimo) a marca assume a designação Everlux. A certificação de produto é um factor preponderante para garantir e demonstrar a qualidade dos produtos e dos processos de fabrico, assim como a permitir entrada em alguns mercados internacionais. A Sinalux é certificada pela NP EN ISO 9001:2008, referente ao sistema de gestão da qualidade, e pela Lloyd’s Register Type Approval, que atesta o controlo rigoroso do processo de fabrico. Por sua vez, os sinais exportados para Espanha possuem a certificação de produto N da AENOR. No âmbito da qualidade, os sinais da Sinalux cumprem com os diferentes requisitos normativos, nomeadamente das normas UNE, DIN e ISO. OUTUBRO A DEZEMBRO ‘09

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FABRICO NACIONAL

≥ Aplicação de sinalização fotoluminescente ao nível do solo, nos degraus e corrimãos.

Com o objectivo de garantir a qualidade do serviço aos compradores finais dos seus produtos, a Sinalux apostou na criação de uma rede seleccionada de distribuidores/ instaladores, composta essencialmente por empresas especializadas em segurança. Estas empresas são formadas pelos técnicos da Sinalux e recebem um apoio constante, quer a nível de actualizações de novos produtos, quer das novas exigências legais e técnicas. LUMINESCÊNCIA: DA ALQUIMIA À SEGURANÇA EM EDIFÍCIOS A fotoluminescência é, por definição, a emissão de luz a partir de uma molécula ou átomo que absorveu energia electromagnética, ou, o processo através do qual uma substância absorve fotões (energia electromagnética) e depois re-radia fotões. Contudo, a descrição que comummente se utiliza é bastante mais simples: ser fotoluminescente é ter a capacidade de absorver energia e brilhar no escuro. O início do estudo científico deste processo remonta ao séc. XVII, mais concretamente 30

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a 1602, ano em que Vincenzo Casciarolo descobriu o “fósforo de Bolonha” no Monte Paderno, presente na “pedra de Bolonha”, o primeiro objecto de estudo científico do fenómeno de luminescência. Já em 1669, o alquimista alemão Hennig Brand isola pela primeira vez o elemento químico fósforo, responsável pelo “brilho”, abrindo as portas para o desenvolvimento da luminescência e das suas várias aplicações. Actualmente, os sinais da Sinalux são evidência da evolução e investigação científica na área da luminescência, uma vez que utilizam pigmentos fotoluminescentes que consistem num composto de aluminatos alcalino-terrosos, isento de fósforo e sem qualquer substância radioactiva. A importância da luminescência na sinalização de segurança em edifícios é particularmente importante ao considerarmos uma situação de emergência. Em caso de falha de energia ou propagação de fumo, é vital para os ocupantes de um edifício conseguirem orientar a sua acção e movimentação. A sinalização fotoluminescente garante

a possibilidade de identificar caminhos e percursos de evacuação, equipamentos de combate a incêndio ou determinados espaços de um edifício em situações de emergência. Em suma, a sinalização de segurança fotoluminescente fornece informações vitais para a protecção das pessoas, mesmo em situações adversas. Os requisitos normativos e regulamentares existentes para o sector da sinalização de segurança foram essenciais no desenvolvimento dos produtos Sinalux. Obedecendo às diferentes normas internacionais, nomeadamente a UNE 23035:2003, os valores de luminância e autonomia garantem um desempenho eficaz em situação de emergência. Para assegurar eficácia luminosa dos seus sinais, a Sinalux possui um laboratório interno onde são testados todos os lotes de sinais fabricados. Os resultados destes testes asseguram a exactidão da referência à eficácia do sinal e que pode ser verificada no canto inferior direito de cada sinal, conforme estabelece a ISO 16069:2004. A eficácia é composta por 3 indicadores:


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FABRICO NACIONAL

SINALUX ERTECNA – EMPRESA DE REVESTIMENTOS TÉCNICOS, LDA.

Fundação 1989 Linha de negócio Estudar e desenvolver tecnologias relacionadas com produtos fotoluminescentes e sua aplicação nas áreas de segurança dos diversos mercados. Capital social 230.000€ Volume de negócios anual 7.300.000€ Empregados 55 Área fabril 2.500 m2 PRINCIPAIS PRODUTOS COMERCIALIZADOS Sinalização de segurança fotoluminescente.

≥ O valor de intensidade luminosa aos 10 minutos após a extinção da fonte luminosa incidente (valor em milicandelas/m2) ≥ O valor de intensidade luminosa aos 60 minutos após a extinção da fonte luminosa incidente (valor em milicandelas/m2) ≥ A autonomia do sinal, isto é, tempo durante o qual a intensidade luminosa é visível – superior a 0,32 milicandelas/m2 (valor em minutos) Associada a esta referência estão ainda dois elementos relacionados com a cor do sinal, nomeadamente a cor em período de estimulação e a cor em período de autonomia.

Apesar de ainda não estar regulamentado na maioria dos países, incluindo Portugal, tem-se verificado um considerável desenvolvimento e implementação do SWGS – Safety Way Guidance System. Este sistema ordena em três níveis de localização da sinalização: 1. Nível superior: colocados acima de 1.8 m de altura – deverão ser visíveis por todos 2. Nível intermédio: destinados aos utilizadores dos equipamentos 3. Nível inferior ou Low Location Lighting (LLL): pretende delinear um percurso de evacuação e informar os utilizadores ao nível do solo (existência de fumo)

Exemplo: ≥ Intensidade luminosa aos 10 minutos: 215 mcd/m2 ≥ Intensidade luminosa aos 60 minutos: 30 mcd/m2 ≥ Autonomia: 3100 minutos ≥ Cor do sinal em período de autonomia: K – amarelo esverdeado ≥ Cor do sinal em período de estimulação: W – branco

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SOLUÇÕES DE SEGURANÇA A estratégia de desenvolvimento de produto da Sinalux é sustentada pelas necessidades inerentes às diferentes utilizações da sinalização de segurança. Isto é, o espaço e o contexto onde os sinais têm de ser instalados, determinam as propriedades e o desempenho dos produtos desenvolvidos pela Sinalux. Neste contexto, é possível enunciar diferentes soluções de segurança, nomeadamente a sinalização ao nível do solo, dotada de pigmentos fotoluminescentes especiais ultra-sensíveis à luz e que permitem obter uma intensidade luminosa adequada, mesmo estando afastados da fonte emissora de luz; a sinalização para túneis ferroviários e rodoviários que, para além de ter as mesmas características de luminância da sinalização ao nível do solo, possui uma base de alumínio que lhe confere uma maior resistência mecânica; a sinalização reflectoluminescente, com características fotoluminescentes e retrorreflectoras, apropriada para localizações com baixa iluminação onde circulem em simultâneo pessoas e veículos, como minas ou parques de estacionamento; e a sinalização de extrema intensidade luminosa, tornando-se visíveis no escuro por mais de 3 dias. O mais recente produto desenvolvido pela Sinalux resulta de uma preocupação antiga de projectistas e arquitectos, relacionada com o impacto estético da aplicação da sinalização de segurança num edifício. A gama de sinais Excellence, considerada sinalização de luxo, utiliza um conceito inovador: a conciliação de materiais de base nobres, como o vidro acrílico ou aço inoxidável (em vez do PVC), com pigmentos coloridos fotoluminescentes (as cores verde, azul e vermelho também brilham). Estes sinais destinam-se a edifícios onde a preocupação estética é uma condicionante de relevo. A Sinalux produz ainda um conjunto de acessórios e produtos adicionais com características fotoluminescentes associadas e que visam oferecer ao mercado soluções complementares de sinalização, nomeadamente posicionadores para extintores, batentes de segurança, protectores de degraus, vinis para corrimãos, entre outros. As diferentes utilizações da sinalização de segurança fotoluminescente têm sido o grande OUTUBRO A DEZEMBRO ‘09

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≥ Sinal da gama Excellence em suporte de vidro acrílico e com pigmentos fotoluminescentes vermelhos.

motor da Investigação e Desenvolvimento na Sinalux, principalmente no que concerne aos pigmentos fotoluminescentes utilizados e ao seu desempenho final. Integrado no serviço prestado ao sector, a Sinalux lançou em 2003 um software que auxilia a elaboração do projecto de sinalização, o SinaluxProject. Esta ferramenta agiliza a selecção dos sinais a instalar num edifício, bem como o respectivo posicionamento, fornecendo, desta forma, importantes indicações ao projectista. INVESTIR NO FUTURO Nos últimos 5 anos a Sinalux investiu fortemente em novas tecnologias, não apenas para a optimização do processo de fabrico da sinalização, mas principalmente para reduzir o seu impacto ambiental. Actualmente, a empresa possui uma produção “limpa”, utilizando produtos “amigos do ambiente” (como tintas não tóxicas), equipamento de tratamento dos quadros, que integra um sistema de tratamento de resíduos possibilitando a reutilização de efluentes líquidos, e outros elementos utilizadas na serigrafia. Existe 32

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FABRICO NACIONAL

≥ O laboratório interno da Sinalux permite assegurar a eficácia da fotoluminescência dos sinais.

≥ Diferenças entre os pictogramas utilizados nos sinais de extintores em Portugal, Espanha e Reino Unido (respectivamente).

ainda uma política de separação de resíduos que resulta na reciclagem de 90% de todos os resíduos produzidos no decorrer do processo de fabrico. O próximo passo da empresa será a obtenção da certificação ambiental. Quanto ao futuro do sector da sinalização, os responsáveis da Sinalux destacam a publicação da Nota Técnica da Autoridade Nacional de Protecção Civil respeitante à sinalização de segurança como uma medida positiva para a elevação da qualidade do sector. A fiscalização terá, portanto, um papel fulcral em garantir que os produtos de segurança

instalados tenham a qualidade necessária para garantir a segurança dos utilizadores dos edifícios. A atitude dos clientes e utilizadores da sinalização de segurança também deverá sofrer alterações no futuro, antecipam os responsáveis da Sinalux. Em primeiro lugar, deverá consagrar-se da utilização de sinais fotoluminescentes (principalmente nos países com um défice de cultura de segurança); e em segundo, um maior enfoque na utilização de sinalização ao nível do solo nos países que já possuem uma cultura de segurança desenvolvida.


Da estratosfera

© Eduardo Tavares

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INTERNACIONAL

DESDE LAS VEGAS, UMA LIÇÃO SOBRE EVACUAÇÃO POR ELEVADORES Lisa Nadile Editora associada do NFPA Journal

≥ O s visitantes da Torre Estratosfera podem aventurar-se na Insanity, uma diversão que gira a uma velocidade de 64 km/h e se encontra suspensa sobre a cidade de Las Vegas (foto de Eduardo Tavares).

A uns impressionantes 281 m de altura, uma diversão de alta velocidade, em forma de aranha, faz girar os passageiros a 64 km/h, em torno do décimo segundo andar da cápsula de 13 pisos da Torre Estratosfera. No décimo terceiro piso, encontra‑se outra atracção emocionante que lança os passageiros a 49 m de altura e os dispara de volta para baixo. A cápsula onde estão amarradas as atracções está apoiada em quatro colunas e um núcleo de cimento e não difere muito das naves marcianas descritas por H.G. Wells na “Guerra dos Mundos”. Não é de admirar que este excêntrico edifício se encontre em Las Vegas, Nevada (E.U.A.), ou que a cápsula habitável contenha uma capela para casamentos, um restaurante giratório, dois terraços de observação e duas áreas de refúgio, perto dos quatro elevadores do edifício, em dois andares da cápsula. Esse desenho, projectado para alto desempenho, como os de muitas estruturas em Las Vegas, redefiniu

um conjunto de crenças populares sobre a evacuação por elevadores. Quando a Torre Estratosfera, e os seus elevadores, abriram as portas ao público em 1996, a inauguração vinha acompanhada de um plano de gestão de emergência que fazia da evacuação por elevadores um componente crítico. Objecto de discussão há muito tempo, o conceito de utilização dos elevadores para

evacuação de edifícios altos era considerado como potencialmente perigoso até ao “11 de Setembro”, quando a viabilidade da utilização dos elevadores em casos especiais chamou a atenção, em particular devido aos avanços tecnológicos na informação de multidões e no equipamento dos elevadores. “Os elevadores são óptimos nas evacuações de edifícios altos, em particular para os fisicamente menos aptos”, diz o Engenheiro de Protecção contra Incêndios da Cidade de Las Vegas, Azarang Mirkhah, P.E., que ajudou a desenvolver o plano de segurança e combate a incêndio do complexo do Hotel, Casino e Torre Estratosfera. Em caso de incêndio na cápsula da Torre Estratosfera, os ocupantes utilizariam primeiro as escadas para ir até às duas áreas de refúgio na base da cápsula. Ali, os operadores do elevador evacuariam os ocupantes até a base da torre. “É importante confirmar que os elevadores que permitem evacuar as áreas de refúgio na base OUTUBRO A DEZEMBRO ‘09

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© Keith Pomakis

INTERNACIONAL

da cápsula até a base da torre não passem por nenhuma área atingida pelo fogo, e que as portas se abram e descarreguem apenas na base da torre,” diz Mirkhah. A evacuação seria completada em uma hora. “Obviamente, poderão utilizar as escadas, se preferirem”, refere. A maioria das pessoas tende a utilizar as escadas, já que durante décadas ouviram dizer que deviam evitar os elevadores durante um incêndio. A mensagem de evitar os elevadores está tão enraizada na consciência do público que mudá-la será uma tarefa monumental, diz Mirkhah, em particular quando são os próprios ocupantes que devem iniciar a evacuação. “Será necessária uma sinalização por mensagens em tempo real na saída do elevador, em cada piso, para informar os ocupantes sobre a existência de uma emergência, e que devem carregar no botão do hall ou da saída,” diz Ron Coté, engenheiro de segurança e colaborador dos comités técnicos da NFPA. A edição 2009 da norma NFPA 101 - Código de Protecção da Vida, contém o Anexo B, Elevadores para a Evacuação controlada por Ocupantes antes da Fase I das Operações de Chamada de Emergência, onde é referido que “quanto à tecnologia e os produtos existentes, o elevador continuará a funcionar no modo de programação normal até que seja suspenso o serviço, devido à detecção de fumo numa saída de elevador ou na sala de máquinas do elevador,” diz Coté. Isso significa que, enquanto um elevador não tenha sido chamado de volta ao lobby durante uma emergência, qualquer pessoa em qualquer andar pode

utilizá-lo para ir para outro andar. Contudo, os elevadores da Torre Estratosfera medem o peso que transportam e, se o limite de peso for atingido, o elevador irá directamente ao lobby, sem parar em nenhum outro andar. Na torre, utilizam-se torniquetes para registar a ocupação do edifício, para que o número de ocupantes não exceda o número que os três elevadores podem evacuar numa hora. “As equipas de emergência utilizarão, provavelmente, o quarto elevador,” diz Mirkhah. “Mas aquilo que me preocupa nos edifícios normais, onde estão a considerar utilizar a evacuação por elevador, é a eliminação da protecção activa e passiva redundante e equilibrada a favor de sprinklers apenas,” diz. “Não me parece que nos edifícios altos antigos, que não têm o grau de redundância na protecção contra incêndios, devamos mudar as mensagens aos ocupantes e dizer-lhes que é correcto utilizar os elevadores. Não, eles ainda deveriam utilizar as escadas. Isso seria confuso e contraditório, o que poderia ser perigoso,” diz Mirkhah. “Quando construírem novos edifícios altos e modernos, com melhores códigos e um grau mais alto de protecção contra incêndio, então será correcto utilizar os elevadores.” A Torre Estratosfera tem justamente esse grau de protecção contra incêndio. Não existem combustíveis perto ou no interior dos poços do elevador em cimento armado. A protecção passiva contra incêndios, como o uso de alvenaria de cimento, controlo de fumos e construção interior certificada contra incêndio, reforça o sistema de sprinklers. “Também penso que, em muitos casos, mesmo os profissionais das corporações de

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bombeiros não utilizam todos seus recursos de protecção contra incêndios [durante a resposta a um incidente]” refere Mirkhah. Isso significa que o serviço de bombeiros também terá que treinar e redefinir a sua resposta para as evacuações de edifícios altos, acrescenta ainda. A nova tecnologia para automatizar os elevadores facilitará a sua utilização durante uma emergência, diz Coté. Quanto à nova tecnologia, prevê Coté, podemos esperar que um grupo de andares terá uma prioridade de serviço, dependendo da origem do sinal que lançou o alarme. Os “andares designados” poderiam incluir o andar do incêndio, dois andares imediatamente acima e um andar imediatamente abaixo. Os elevadores seriam enviados aos andares designados e não seriam aceites “chamadas do elevador” de nenhum outro andar que não seja designado. Os ocupantes, que teriam recebido instruções para deslocar-se até certos andares ou áreas de refúgio, entrarão nas cabines dos elevadores que seriam enviadas directamente até o nível da descarga de saída, normalmente o hall de entrada. Uma vez vazio, o elevador voltaria ao andar designado até que não fiquem mais ocupantes para transportar. Os elevadores seriam então enviados ao nível mais alto, fora dos andares designados, esvaziando primeiro os andares mais altos. As pessoas seriam direccionadas, especialmente em edifícios altos, a certos andares ou áreas de refúgio. Os elevadores voltariam a esses andares para proceder à evacuação. Até que este cenário se torne realidade, o comité da NFPA do Código de Protecção da Vida espera que o público tenha aprendido a considerar a utilização dos elevadores durante uma evacuação. “Espera-se para as próximas edições um elevador mais sofisticado para a evacuação de ocupantes, que utilizará novas tecnologias e normas,” diz Cote. Utilizar elevadores na evacuação de edifícios altos com uma protecção anti-incêndio adequada é uma questão de bom senso, diz Mirkhah, e os ocupantes deveriam ser instruídos na utilização tanto das escadas, como dos elevadores nesses edifícios. Reimpresso com a permissão da NFPA Journal Latinoamericano® (Ano 11, #4) copyright © 2009, National Fire Protection Association, Quincy, MA. Todos os direitos reservados. OUTUBRO A DEZEMBRO ‘09

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Água atomizada BAIXA PRESSÃO OU ALTA PRESSÃO? Manuel Viana Administrador da Vianas

Nos últimos anos tem-se vindo a tornar cada vez mais popular a utilização de pequenas gotas de água na luta contra incêndios. Está cientificamente comprovado que é uma forma extremamente eficaz no combate em diferentes tipos de fogo, estando a ser cada vez mais utilizada por bombeiros em todo o mundo. MICRO-GOTAS EM GERAL A luta contra incêndios utilizando micro‑gotas é completamente diferente do cenário tradicional na aplicação de água, em quantidade e forma, sobre o fogo. As superfícies cobertas por estas pequenas gotas são extremamente extensas. A título de exemplo, 1 litro de água cobre, na fase de micro-gotas, uma superfície de 100 m2. A aplicação desta quantidade de água sob a forma de micro-gotas numa área de fogo de elevada temperatura, gera imediatamente vapor que, por sua vez, absorve o calor da combustão criando uma sobrepressão em redor do foco de incêndio primário, evitando desta forma a alimentação da combustão pelo comburente - sem oxigénio, a consequência é a extinção rápida. PRINCIPAIS FACTORES PRIMÁRIOS DE EXTINÇÃO ≥ Absorção de calor; ≥ Supressão do oxigénio pelo vapor gerado; ≥ Arrefecimento do ambiente e superfícies. As micro-gotas são tão pequenas que permanecem no ar (hang-time) sendo então transportadas para a zona de combustão pela 36

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corrente de convecção que alimenta o incêndio. Pesquisas realizadas na Noruega revelaram que estas gotas são, por momentos, super aquecidas, produzindo uma atmosfera inerte criada pelo vapor de água, dificultando em parte o contacto dos vapores do combustível com o oxigénio do ar, originando um efeito de extinção muito superior aos valores esperados. Assim se explicam os valores observados em que as micro-gotas representam somente 1/3 do volume de água necessário estimado para a extinção do incêndio. Para melhor ilustrar a diferença entre micro-gotas criadas pelos sistemas de baixa pressão e as pequenas gotas criadas por agulhetas de sistemas convencionais – alta pressão, podemos observar o tempo de evaporação das gotas desde o estado liquido até a fase de vapor (ver caixa). Este é um dos principais factores que explicam porquê só uma pequena parte da água utilizada pelos sistemas convencionais de extinção de incêndios é, efectivamente, utilizada na extinção. Grande parte da água, numa extinção convencional, não contribuiu para a extinção efectiva do incêndio, limitando-se a causar danos secundários, quer pelas pressões utilizadas, quer pela quantidade de água desperdiçada.

BAIXA PRESSÃO vs ALTA PRESSÃO (SISTEMAS CONVENCIONAIS) Produzir pequenas gotas de água requer normalmente pressões elevadas de 100-200 bar (Sistemas Convencionais) e, infelizmente, nestes sistemas estas pressões são também necessárias para lhes dar o alcance suficiente para que possam desempenhar um papel importante na luta contra o incêndio. A elevada velocidade inicial da alta pressão implica efeitos indesejados para o processo de extinção, tais como: ≥ Grande quantidade de ar aspirado e transportado com a água; ≥ Dispersão violenta de sólidos resultantes da combustão; ≥ Perigo iminente quando utilizada sobre pessoas; ≥ Curto alcance; ≥ Elevado “golpe de aríete” na abertura e fecho da agulheta. O ar aspirado e transportado pela água contribui para a alimentação da combustão originando um controlo reduzido dos fumos e gases quentes, sendo até comum que as quantidades de ar arrastadas originem um aumento da intensidade do incêndio. Lutar contra combustíveis líquidos em chamas com água atomizada a alta pressão, mesmo com mistura de espumífero, continua a ser problemático. A deslocação do combustível líquido, originada pela elevada velocidade da mistura (água/ espumífero), faz com que o fogo se propague a outros locais, fenómeno que é desfavorável na extinção do incêndio. A extinção com espuma de baixa ou média expansão é obrigatória nestas situações. O sistema de baixa pressão aliado a uma agulheta própria cria um efeito aerodinâmico


INFORMAÇÃO TÉCNICA

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200Bar, uma distância de segurança para pele desprotegida de 7 metros, o que torna problemática a sua utilização em fogos de veículos com pessoas presas no interior ou em habitações onde possam estar pessoas, não devendo ser esquecido o potencial perigo para os próprios utilizadores em caso de activação involuntária da agulheta. Os sistemas de extinção a baixa pressão estão isentos destes problemas, podendo ser utilizados directamente sobre pele humana desprotegida sem consequências nefastas. Comprovando este facto, temos a utilização destes sistemas pelas forças de segurança especiais anti-motim (RIOT – Control) de algumas policias.

≥ B ase Aérea de Karup – Extinção de incêndio com combustível JetA – 4 (500 litros), Vento: 12 m/s; Temperatura: 10ºC; Água gasta: 59 litros.

especial em redor das gotas; esta poderá produzir micro-gotas a uma pressão de apenas 20 Bar, mas com um alcance superior a 12 metros. O design avançado desta agulheta elimina os problemas existentes nos sistemas convencionais de alta pressão. Sobretudo porque a baixa velocidade de queda das micro-gotas garante que virtualmente não haja entrada de ar no spray, evitando qualquer redução da eficácia na extinção. Este sistema combina ainda a possibilidade de produzir micro-gotas e espuma de baixa expansão, algo difícil de conseguir nos sistemas de alta-pressão. FUNDAMENTAÇÃO MATEMÁTICA Analisemos alguns princípios matemáticos simples que estão por trás do tamanho da gota, velocidade, pressão, entrada de ar, etc. O alcance horizontal da gota é essencialmente influenciado pela sua própria inércia (Massa x Velocidade) e pela fricção do ar. Para aumentar a inércia e, consequentemente, o alcance de uma gota de um determinado tamanho, a sua velocidade tem de ser aumentada. O aumento da velocidade implica sempre um aumento substancial da fricção relativamente ao ar circundante, pelo simples facto de a fricção aumentar com o quadrado da velocidade: Fricção = Velocidade2

Se dobrarmos o valor da velocidade, o valor da fricção quadruplica, como tal, esta é a explicação para a elevada quantidade de ar sugada pelo jacto de água/ gotas a alta velocidade dos sistemas convencionais. CONSEQUÊNCIAS Testes realizados na Suécia com um sistema de 200 Bar e onde se registaram os valores da velocidade do vento no jacto de água, produziram os seguintes resultados: ≥ A 4 metros da agulheta - 26,0 m/s ≥ A 5 metros da agulheta - 17,8 m/s 26 m/s é igual a 94 km/h ou, no equivalente meteorológico, a 10 na escala de Beaufort, o que corresponde a uma tempestade violenta. Este efeito explica completamente a propagação das chamas com violência (the flare up effect) verificado frequentemente por bombeiros quando utilizam sistemas de alta pressão. Para o sistema de baixa pressão, o valor estimado da velocidade do vento é de 4 m/s a 4 metros da agulheta (2 na escala de Beaufort = Ligeira brisa). SEGURANÇA NA UTILIZAÇÃO As autoridades Suecas (Räddningsverket) recomendam, para o sistema mencionado de

SISTEMA DE BAIXA PRESSÃO INCÊNDIOS DE COMPARTIMENTOS OU VEÍCULOS Quando se utilizam as micro-gotas num ataque directo ao incêndio, é muito importante que o utilizador possa aplicar a água atomizada num ângulo fechado, de uma forma precisa na zona de baixa pressão do fogo: local onde este se alimenta de ar fresco. As micro-gotas criadas são tão pequenas e tão leves que são sugadas para o foco de incêndio primário pela corrente de convecção que o alimenta. Devido ao seu elevado volume, as micro-gotas evaporam-se quase instantaneamente produzindo uma atmosfera inerte, dificultando, em parte, o contacto dos vapores do combustível com o oxigénio do ar. Assim, obtém-se ao mesmo tempo uma descida de temperatura e um suavizar da situação. Parte do vapor gerado em redor do foco de incêndio primário é transportado pelos gases quentes acumulados sobre o fogo pelo efeito da corrente ascendente. Desta forma, refresca-se de forma substancial os gases quentes, diluindo-os e reduzindo a possibilidade de entrarem em combustão. Como as micro-gotas permanecem no ar durante algum tempo, nem sempre é necessário direccionar o jacto directamente às chamas. Em diversas situações tal é muito difícil de se conseguir, como por exemplo, em fogos interiores nos quais as chamas estão resguardadas por objectos ou onde existam vários focos de incêndio dispersos num mesmo compartimento, OUTUBRO A DEZEMBRO ‘09

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≥ 0 1. Deflaração de incêndio numa divisão. 02. Corrente de ar (efeito de convecção). 03. Micro-gotas distribuídas pelo interior da divisão.04. Micro-gotas transportadas para a zona de combustão pela corrente de ar. 05. Micro-gotas absorvem o calor originando vapor. 06. A pressão criada pelo vapor impede a alimentação de oxigénio e arrefece os gases em combustão.

ou ainda, onde a visibilidade é reduzida. Nestas circunstâncias, deve-se utilizar uma técnica de «varrimento» (sweeping technique), de forma a assegurar que toda a área envolvente se encontre repleta de micro-gotas. Nem sempre é necessário refrescar os gases acumulados sob um tecto utilizando pequenas injecções de água atomizada (pulsing technique) para evitar o «flashover». O “cogumelo” de vapor produzido pelo fogo inicial sobe, realizando dessa forma a descida de temperatura necessária desses gases. Ao utilizar micro-gotas, o efeito máximo é atingido quando as temperaturas do foco primário são mais elevadas. Consoante se baixa a temperatura – o que se consegue rapidamente – deve-se começar a atacar o

fogo de uma forma mais directa, como com uma agulheta tradicional. A grande vantagem é que se utilizou apenas uma pequena parte da água e foram eliminados todos os danos secundários causados pela água a alta pressão dos sistemas convencionais. SISTEMA DE BAIXA PRESSÃO INCÊNDIOS COM COMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS Como mencionado anteriormente, combater uma superfície de combustível em chamas apenas com micro-gotas não é fácil, mesmo quando recorremos à adição de espumiferos. Face a este problema, estes sistemas possuem a versatilidade de recorrer a agulhetas de dupla função que, para além de criarem

micro-gotas ou água nebulizada, produzem também espuma de baixa expansão com um alcance superior a 12 metros, com caudais reduzidos de aproximadamente 30 litros de água/espuma por minuto. A mudança entre micro-gotas e espuma de baixa expansão é feita através de uma alavanca situada na pega da própria agulheta muito fácil de accionar. A capacidade da espuma utilizada é de extrema importância, principalmente em unidades de primeira intervenção. Incêndios mais complexos, como os com combustíveis líquidos, podem ser atacados de imediato, possibilitando acções preventivas que impeçam o derrame do combustível. Este tipo de situações é muito frequente em acidentes rodoviários e indústrias petroquímicas.

EVAPORAÇÃO DAS MICRO GOTAS Exemplo: Uma gota que se desloca a uma velocidade de 18 m/s leva 0,27 segundos para atravessar uma zona de fogo com 5 metros de extensão. ≥ Apenas uma pequena quantidade de gotas de uma agulheta convencional se evaporam em 0,27 segundos. Mesmo com Variação do tempo de vida útil das gotas (Tvida Seg.) com Temperatura: temperaturas superiores a 1000ºC (marcas amarelas indicam a evaporação). Sistema convencional de água nebulizada Sistema Firexpress água atomizada ≥ Com a agulheta produtora de micro-gotas a evaporação 1000 -100 (μm) 100 -7 (μm) começa aos 200ºC. 100% das micro-gotas evaporam-se em 0,27 segundos com 600ºC (marcas amarelas indicam a evaporação). 5m ~ 0,27s

Velocidade óptima do spray 18m/s

T (ºC)

T vida

T vida

200

8,0 - 0,8s

8,0 - 0,080s

300

5,3 - 0,53s

5,3 - 0,053s

400

4,0 - 0,4s

4,0 - 0,040s

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2,6 - 2,6s

0,26 - 0,026s

800

2,0 - 0,2s

0,20 - 0,020s

1,6 - 0,16s

0,16 - 0,016s

1000

FONTE: National Research Council Canada, Research report: RR 124 (Dezembro 2002).

FONTES: SINTEF – Norwegian Fire Research Laboratory; NRC – National Research Council Canada; Räddningsverket – Fire and Rescue Authority Sweden

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OUTUBRO A DEZEMBRO ‘09




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SISTEMAS DE SEGURANÇA, SA

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A tecnologia “Tintagem” na protecção de valores Desde 2004 que a Villiger Security, em parceria com a Feerica, tem consolidado em Portugal a sua tecnologia na protecção de notas através da tintagem de modo a dar resposta às necessidades de segurança das mais diversas entidades. Desde a protecção dos ATM, às malas de transporte de valores ou mesmo à protecção das caixas registadoras no negócio de retalho, esta tecnologia vem proporcionar um incremento da segurança e da tranquilidade de quem contacta diariamente com o dinheiro. A alta tecnologia presente neste tipo de equipamento permite ter a capacidade de identificar as tentativas de ataque e activar o sistema que marca as notas com tinta, tornando-as pouco atractivas e sem valor para serem transaccionadas.

É nossa missão proteger as pessoas protegendo os seus valores


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INFORMAÇÃO TÉCNICA

Reflexões sobre Protecção Passiva contra Incêndio em Estruturas Metálicas Sílvio Saldanha Direcção Executiva e Coordenação de Projecto da Consulfogo

O Estado Português estabeleceu, através do Decreto-Lei nº 220/2008 de 12 de Novembro, o regime jurídico da segurança contra incêndios em edifícios (RJ SCIE) e, através da Portaria 1532/2008 de 29 de Dezembro, nos termos e ao abrigo do disposto no artigo 15.º daquele Decreto-Lei, aprovou o Regulamento Técnico de Segurança contra Incêndio em Edifícios (SCIE). Estes Diplomas, bem como outros relacionados com a matéria, visam a promoção e a garantia da qualidade da SCIE, o que, no momento em que o País atravessa uma grave crise económica, poderá constituir uma clara 42

OUTUBRO A DEZEMBRO ‘09

vantagem competitiva para as empresas. Mas, para que essa vantagem competitiva seja uma realidade, ela exige que os agentes económicos olhem para a SCIE de um modo bem mais rigoroso do que o modo como têm olhado até agora. De facto, a realidade económica actual potencia a escolha de soluções mais baratas e por vezes, com o mesmo propósito, potencia também a possibilidade de se aligeirar a sua instalação. Uma actuação nesta linha de raciocínio, seja qual for o seu promotor, pode ser verdadeiramente desastrosa e a redução

de custos que proporciona pode traduzir-se em prejuízos infindáveis. Se não, vejamos: numa altura em que as empresas, por questões de racionalização de custos, tendem a concentrar a sua actividade produtiva no menor número possível de unidades de produção, se uma dessas unidades, eventualmente a única, parar por força de um incêndio, os seus prejuízos serão elevadíssimos. Ainda que com sorte não haja perdas humanas, para além da perda do imóvel e dos custos sociais, as repercussões negativas far-se-ão sentir em todos os mercados onde essa empresa opere.


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INFORMAÇÃO TÉCNICA

Feito este enquadramento, passemos à Protecção Passiva Contra Incêndios em Estruturas Metálicas. PRIMEIRA REFLEXÃO Como veremos à frente, existem várias soluções para protecção das estruturas metálicas contra a acção do fogo, entre elas, a Pintura Intumescente. Sobre esta solução, e remetendo para a problemática que referi na parte final do enquadramento, gostaria de fazer já algumas considerações. A determinação da espessura e aplicação desta solução estão sujeitas a um rigor técnico que, creio, não é compatível com a vulgarização da designação da solução, “pintura intumescente”. Desde logo, porque não se trata de uma pintura, trata-se de um sistema de protecção que é constituído por três elementos: um primário, cuja aplicação e preparação do suporte obrigam a um rigoroso cuidado; a tinta intumescente; uma laca de acabamento. Qualquer um destes componentes tem um consumo específico, sendo que o consumo do intumescente, varia em função do factor massividade do perfil a proteger e raramente, ou nunca, é tal que se compare ao consumo de uma pintura. Nestas circunstâncias, penso que a protecção contra a acção do fogo nas estruturas metálicas só pode ser entregue a especialistas. Nesta matéria, acredito que a Portaria n.º 773/2009 de 21 de Julho, que define os diversos requisitos necessários ao registo nacional, na ANPC, das entidades que operam na actividade de comercialização, instalação e manutenção de produtos e equipamentos de segurança, possa ser uma mais-valia para a garantia da qualidade da SCIE. Ainda assim, sugiro que no meio técnico, a protecção contra a acção do fogo em estruturas metálicas deixe de se designar “Pintura Intumescente” e passe a designar-se “Revestimento Intumescente”.

Nos ensaios de resistência ao fogo para incêndios em produtos celulósicos, associados à maioria das utilizações-tipo, é usada a curva de incêndio ISO 834. Nesta curva tem-se 837ºC aos 30 minutos, 940ºC aos 60 minutos, 1001ºC aos 90 minutos e 1044ºC aos 120 minutos. O gráfico 1 mostra as duas curvas de incêndios mais utilizadas nos ensaios oficiais: a curva azul corresponde aos incêndios em hidrocarbonetos e a curva a cinzento, corresponde aos incêndios em produtos celulósicos. Um ensaio de resistência ao fogo, realizado num laboratório alemão, a diversos tipos de perfis metálicos, expostos em 3 e 4 faces, revela que sem protecção as estruturas metálicas têm um desempenho muito baixo. Como podemos observar no quadro 2, os perfis de maior porte, com uma temperatura crítica de 600ºC têm uma resistência ao fogo entre os 20 e os 25 minutos (R20 a R25). Por seu turno, os perfis de médio porte, com um temperatura crítica de 500ºC, não resistem mais de 14 minutos (R14).

TERCEIRA REFLEXÃO Sistemas de Protecção Activa ou Passiva: qual a melhor solução para proteger as estruturas metálicas da acção do fogo? No caso das estruturas metálicas e ainda que do ponto de vista semântico pareça um paradoxo, creio que a Protecção Passiva é mais efectiva do que a Protecção Activa. Vejamos o que é cada um dos sistemas de protecção, Activa e Passiva: Um sistema de Protecção Activa reage a factores causados pelo fogo como o calor, o fumo ou as chamas. Esta actuação pode ser

QUADRO 1 - RESISTÊNCIA AO FOGO PADRÃO MÍNIMA DE ELEMENTOS ESTRUTURAIS DE EDIFÍCIOS

CATEGORIAS DE RISCO UTILIZAÇÕES-TIPO I, III, IV, V, VI, VII, VIII, IX e X II, XI e XII

R 30 REI 30

R 60 REI 60

R 90 REI 90

R 120 REI 120

Apenas suporte. Suporte e compartimentação.

R 60 REI 60

R 90 REI 90

R 120 REI 120

R 180 REI 180

Apenas suporte. Suporte e compartimentação.

ºC 1000

TEMPERATURA

600 400 200 0 30

ESTRUTURAL

≥ C orrespondência ao Quadro IX da Portaria nº1532/2008.

0

FUNÇÃO DO ELEMENTO

800

SEGUNDA REFLEXÃO Porquê Proteger as estruturas metálicas? De acordo com o resultado de alguns estudos realizados por especialistas, o aço perde a sua integridade estrutural entre os 400ºC e os 700ºC. Os testes oficiais baseiam-se numa de duas curvas, em função do tipo do incêndio: gerados a partir de produtos celulósicos e gerados a partir de hidrocarbonetos.

Esta observação, conjugada com os requisitos estabelecidos na Portaria n.º 1532/2008, (Quadro 1), remete-nos para uma clara necessidade de protecção das estruturas metálicas. Recorde-se que a resistência ao fogo padrão mínima de elementos estruturais de edifícios, requerida naquele diploma, varia em função da utilização-tipo e da categoria de risco, entre R30 e R180.

60

90

≥ Gráfico 1 Curva de Incêndio ISO 834.

120

/min

feita pelo desencadear de um alarme e pela entrada em funcionamento de uma rede de sprinklers que agirá de modo a proporcionar o arrefecimento da estrutura e a extinguir o incêndio. A protecção das estruturas metálicas com recurso a sistemas de Protecção Activa, do ponto de vista teórico, funciona muito bem, porém, na prática, colocam-se algumas reservas, designadamente, as relacionadas com as consequências e com os custos associados a uma descarga de água, factores que condicionam a generalização da sua utilização. Por outro lado, o facto de se tratar de um sistema composto por vários componentes, cuja OUTUBRO A DEZEMBRO ‘09

43


05

INFORMAÇÃO TÉCNICA

QUADRO 2 - RESISTÊNCIA AO FOGO DAS ESTRUTURAS METÁLICAS (NÃO PROTEGIDAS)

400ºC prof

500ºC

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operacionalidade do todo depende do estado de prontidão simultâneo de cada um, torna-o extremamente vulnerável. É de equacionar a possibilidade de poderem existir algumas falhas: um acto de vandalismo relacionado com a alimentação de água; eventuais danos nas válvulas de funcionamento e a falta de manutenção, entre outras, são susceptíveis de tornar o sistema inoperante. Não seria sensato, portanto, preconizar a protecção contra a acção do fogo das estruturas metálicas em torno de um único sistema que nem sempre pode ser garantido. Um sistema de Protecção Passiva, por seu turno, protege a estrutura e evita que, durante um período de tempo pré-estabelecido, o edifício entre em colapso quando submetido aos efeitos do fogo. Essa protecção possibilitará a evacuação do edifício, a saída dos ocupantes em segurança e proporcionará a intervenção segura dos serviços de socorro e de combate ao incêndio. 44

600ºC

4-zijdig

OUTUBRO A DEZEMBRO ‘09

Quando devidamente instalado, um sistema de Protecção Passiva estará lá quando verdadeiramente é preciso e, para ser realmente eficaz, dependerá só de si próprio. Existem sistemas de Protecção Passiva Contra Incêndios que proporcionam também benefícios adicionais, designadamente isolamento térmico e acústico. Contudo, estas características devem ser convenientemente comprovadas e a espessura dos revestimentos, deixada em obra, nunca poderá pôr em causa o tempo de resistência ao fogo requerida para a protecção contra a acção do fogo. Voltando à questão de qual dos sistemas utilizar para proteger as estruturas metálicas da acção do fogo, não tenho dúvidas em optar pelos sistemas de Protecção Passiva. Todavia, é de referir que um bom estudo de Engenharia de Segurança, baseada na prestação e nos objectivos e não baseada exclusivamente na prescrição regulamentar, pode ditar uma solução que combine, de modo equilibrado,

os dois sistemas, aumentando a segurança e diminuindo os custos finais da obra. QUARTA REFLEXÃO Dado o primado dos sistemas de Protecção Passiva contra incêndios em estruturas metálicas, debrucemo-nos agora sobre tais sistemas. Na hora de escolher, podem surgir algumas dificuldades, sobretudo porque existem diversas soluções, algumas até, susceptíveis de se confundirem com soluções convencionais de utilização expedita em construção civil, não em protecção contra a acção do fogo. A lã de rocha e os painéis de gesso, por exemplo, são muitas vezes utilizados inadequadamente, justamente, porque se confundem com as soluções, dentro daquela gama de produtos, devidamente testadas. Essa confusão, habitualmente é apenas visual e táctil, contudo, o preço, acaba por ser uma tentação. Tentação falaciosa, obviamente.


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INFORMAÇÃO TÉCNICA

Atentemos portanto, nos sistemas mais utilizados em Protecção Passiva Contra a Acção do Fogo em Estruturas Metálicas e tenhamos por base os ensaios de resistência ao fogo para incêndios em produtos celulósicos. Para estes incêndios existem, genericamente, três tipos de sistemas para Protecção Passiva: Revestimento com Painéis de Silicato de Cálcio; Revestimento com Argamassas; Revestimentos Intumescentes. Cada um deles tem modos distintos de alcançar o isolamento necessário para assegurar o grau de protecção requerido, a Capacidade de Suportar Carga – R, durante um período de tempo determinado, quando sujeito à acção de um incêndio. O Revestimento com Painéis de Silicato de Cálcio, mercê da sua elevada resistência mecânica, é frequentemente requerido para a indústria, mas a sua aplicação estende-se igualmente a outras utilizações-tipo e pode ser combinada com outras soluções, indo, deste modo, ao encontro dos requisitos arquitectónicos mais exigentes. Neste, como nos restantes revestimentos, a respectiva espessura varia em função do factor massividade do elemento estrutural a proteger e, quando aplicado correctamente, por si só, assegura o isolamento necessário para garantir o grau de protecção requerido. O Revestimento Intumescente, de base aquosa ou solvente, pode ser aplicado por spray, rolo ou pincel. É constituído por substâncias inertes, a baixas temperaturas, que sob acção do calor (270°C a 300°C) reagem intumescendo. A sua expansão pode chegar a cerca de vinte vezes a espessura aplicada e desse modo, desenvolve uma camada carbonizada cujo isolamento térmico assegurar o grau de protecção requerido, protegendo a estrutura (fig. 1). Revestimento com Argamassas. Estes sistemas são constituídos por argamassas que se subdividem em húmidas (baseadas em vermiculite, perlite e ligantes hidráulicos) e secas (baseadas em lã mineral). Nos sistemas húmidos o produto é pré‑misturado com água no local para formar uma pasta, e em seguida transportado sob pressão através de uma mangueira com um bico de pulverização, onde o ar comprimido é introduzido

≥ Figura 1 Comportamento do revestimento intumescente.

antes da aplicação. Nos sistemas secos não há necessidade de pré‑misturar com água. Em vez disso, o material é transportado no seu estado original com ar, sob baixa pressão. A água atomizada é introduzida no bocal de pulverizador apenas antes da aplicação. Contrariamente ao que acontece com os Revestimentos Intumescentes, estes não requerem activação por calor ou chama. Também nestes revestimentos, a espessura varia em função do factor massividade do elemento estrutural a proteger e, quando aplicado correctamente, por si só, assegura o isolamento necessário para garantir o grau de protecção requerido, alargando o tempo que uma determinada estrutura demora a perder a sua Capacidade de Suportar Carga – R, durante um período de tempo determinado, quando sujeita à acção de um incêndio. Ou seja, faz com que a temperatura crítica da estrutura demore mais tempo a alcançar-se. Em todos os revestimentos referidos a respectiva espessura, para cada classe de Resistência ao Fogo - R, varia em função do Factor de Forma ou Massividade do perfil a proteger. Este factor relaciona a área de entrada de calor no perfil a proteger e o volume de aço a aquecer e representa-se pela seguinte expressão: Factor de Forma =

P A

=

Perímetro da secção exposta ao fogo Área da secção

= xm-1

QUINTA REFLEXÃO Seleccionado o sistema, deve agora assegurar-se que este é aplicado em conformidade com as espessuras e outras condições estabelecidas no relatório de ensaio, designadamente, a norma de ensaio e a norma de classificação entre outras aplicáveis.

De modo a evitar o desprendimento, após a aplicação ou mesmo durante o incêndio, é fundamental garantir que o suporte reúne todas as condições para aplicação do sistema e que as condições ambientais a que fica sujeito, não colocam em causa a sua eficácia. A este propósito é de referir que, logo que a ANPC reúna as condições, a actividade de comercialização, instalação e manutenção de produtos e equipamentos de segurança será feita por entidades registadas naquela entidade. O que, espera-se, seja um factor de garantia da qualidade dos sistemas aplicados. Para efeitos daquele registo as entidades devem ser detentoras de Certificado de serviço ou de SGQ NP EN IS0 9001, emitido por organismos certificadores acreditados pelo IPAC, no âmbito do comércio, instalação e ou manutenção de produtos e equipamentos de SCIE, com base no referencial definido e divulgado pela ANPC no seu sítio. No âmbito da certificação atrás referida, as empresas devem discriminar os produtos e equipamentos de SCIE objecto de comercialização, instalação e ou manutenção, previstos no artigo 2.º da portaria 773/2009 de 21 de Julho. ÚLTIMA REFLEXÃO Num artigo desta natureza pode enviar-se recados para algum ou alguns dos intervenientes descritos? Pode, contudo, não é o caso deste artigo, com ele pretende-se simplesmente, elevar o “Estado da arte” da Protecção Passiva Contra Incêndios em Estruturas Metálicas e assim, contribuir para a existência de um parque edificado cada vez mais seguro e com isso, proteger pessoas e contribuir para o desenvolvimento económico do País. OUTUBRO A DEZEMBRO ‘09

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INFORMAÇÃO TÉCNICA

Controlar o oxigénio, impedir um incêndio VENTILAÇÃO DE AR HIPÓXICO Pedro Pequito Director Geral da LPG Portugal

Comecemos com um conselho médico: a prevenção é melhor do que a cura. Provavelmente nenhum de nós contrariará esse fundamento – preferimos certamente não contrair qualquer problema a contrai-lo e depois tentar curá-lo. A “ventilação” de Ar Hipóxico (HAV - Hypoxic Air Ventilation) dános a oportunidade de escolher a forma de protecção contra incêndio que estabelecemos sobre os nossos “activos”. Em vez de aceitar a possibilidade da existência de um incêndio e, de seguida, fazer o possível para o detectar e responder-lhe, existe agora a possibilidade de decidir excluir totalmente o fogo. Prevenção, não a cura... ou no nosso caso, prevenção e não a extinção. E o que é exactamente o Ar Hipóxico? Na verdade, nada mais é do que ar comum com um teor reduzido de oxigénio. Remove-se oxigénio suficiente para impedir a ignição de materiais inflamáveis, mantendo, no entanto, o oxigénio residual num nível que permita a ocupação humana no espaço protegido sem praticamente nenhuma diferença perceptível em relação ao “ar comum”. A concentração de oxigénio nas salas protegidas é reduzida dos habituais 21% do ar normal para valores típicos de 14.5-15.5%. Para estes valores não é possível o desenvolvimento e propagação de um incêndio para a maioria dos combustíveis 46

OUTUBRO A DEZEMBRO ‘09

típicos, ao mesmo tempo que não supõem um risco para as pessoas. O ar hipóxico é normalmente gerado no local por um sistema gerador de ar hipóxico composto por um compressor, um módulo hipóxico onde o ar é limpo e modificado e uma unidade de controlo para monitorizar e regular todo o sistema. O conceito é simples, mas a tecnologia HAV está sujeita a patentes internacionais Além dos sistemas de HAV, existem também actualmente sistemas de injecção de azoto, com a mesma finalidade - reduzir os níveis de oxigénio no espaço protegido. A grande diferença dos sistemas de HAV é que neste caso o ar injectado é sempre respirável, eliminando o perigo associado à injecção de azoto puro, tornando estes sistemas adequados para áreas com ocupações humanas significativas. Como funciona? O HAV explora o facto das alterações à composição do ar provocarem reacções dramaticamente opostas entre o ser humano e o fogo. Analisemos primeiro a reacção do fogo. A REACÇÃO DO FOGO É sabido que o fogo precisa de três ingredientes essenciais - uma fonte de ignição, combustível e oxigénio. Removendo um, paramos o fogo. No entanto, o que não é tão

conhecido é que não é necessário remover todo o oxigénio para conseguir esse efeito, apenas algum dele e o ar hipóxico resultante é notavelmente semelhante ao ar comum. Em qualquer ponto do planeta, as proporções dos gases que compõem o ar permanecem exactamente as mesmas. Em números aproximados, temos 21% de oxigénio, 78% de azoto e 1% de outros gases (principalmente árgon). Não importa se estamos no topo do Everest ou em frente ao mar em Ponta Delgada - as proporções permanecem as mesmas (varia, claro, a pressão e, portanto, a mudança de densidade com a altitude, mas as proporções permanecem as mesmas). Agora, se iniciarmos um processo de remoção de oxigénio, alterando estas proporções, iremos verificar extraordinários fenómenos a partir de 18%. A esta concentração de oxigénio, qualquer chama é visivelmente afectada, tornando-se irregular parecendo estar a lutar para continuar. Reduzindo ainda mais o oxigénio esta influência torna-se cada vez mais evidente até que, a cerca de 16%, a chama se apaga. Qualquer tentativa de iniciar um foco de incêndio nesta atmosfera hipóxica, usando a grande maioria dos materiais quotidianos, está condenada ao fracasso. Por que razão isto acontece se ainda existe uma concentração significativa de oxigénio?


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INFORMAÇÃO TÉCNICA

SALA 1 Sala de Dados principal 1 bar Unidade de controlo

Sensor

AR QUENTE

Compressor e secador

Módulo hipóxico

Tubagens de ar SALA 2 (Controlo) Ocupada ocasionalmente

Corrente rica em O2 para a atmosfera

1 bar Sensor Interruptor ou Sensor de presença

Cabos de controlo Cabo de dois fios para iniciar fluxo dual Cabos de controlo Saídas para alarme remoto Interface RS485 para o sistema de gestão técnica

Água limpa para o sistema de drenagem

≥ Sistema de geração de Ar Hipóxico (esquema tipo).

A explicação científica é que o elevado teor de átomos de azoto absorve o calor do processo de combustão, afastando-o posteriormente por convecção, reduzindo assim a temperatura do fogo até ao ponto de não ser sustentável. A explicação mais compreensível, no entanto, é que o maior número de átomos de azoto cria, de facto, um “cobertor de fogo” em torno de cada átomo de oxigénio, impedindo assim a propagação do fogo. Seja qual for a explicação, o facto é que, se tentarmos iniciar um incêndio, utilizando materiais quotidianos, num ambiente com uma concentração de oxigénio inferior a 16% de oxigénio, ele simplesmente não vai acontecer. RESPOSTAS DO SER HUMANO: O MITO DA PERCENTAGEM 16% é então o limiar de concentração de oxigénio onde o fogo não subsiste facilmente. E as pessoas? Vejamos alguns dos factos e dissipar alguns dos mitos. O oxigénio é, evidentemente, essencial para nossa sobrevivência sendo um dos “combustíveis” naturalmente disponíveis, permitindo a geração de potência nos nossos músculos, um dos quais é o coração. Muitas pessoas tendem a pensar no ar como oxigénio, mas na verdade, tal como vimos acima, apenas

21% do ar é oxigénio. Mas, mesmo que o ar contenha apenas 21% de oxigénio, cerca de três quartos do oxigénio - cerca de 15% - é novamente expelido quando respiramos em repouso. Não precisamos de todo o oxigénio contido no ar, ao nível do mar. Assim, o primeiro dado a ter em conta é que ao nível do mar há bastante mais oxigénio do que realmente precisamos para manter os nossos sistemas a funcionar correctamente. Na verdade, apesar de exalarmos 75% do oxigénio que respiramos, os nossos sistemas ainda mantêm um nível de saturação de oxigénio no nosso sangue nuns surpreendentes 98% quando em repouso ou em actividades ligeiras. Por outras palavras, os nossos sistemas são projectados para manter uma saturação elevada de oxigénio no sangue. Quando começamos a fazer exercício, exigimos mais oxigénio para alimentar os nossos músculos e a nossa fisiologia responde apresentando uma queda de até quatro por cento nos níveis de saturação de oxigénio no sangue, sendo que após terminar o exercício ele irá recuperar rapidamente. No entanto, se se mantiver um nível de exercício de elevada intensidade, a saturação de oxigénio pode estabilizar em 95 ou 96% - uma queda de apenas 4 ou 5% - mesmo que a nossa exigência de energia

seja substancialmente superior à requerida para um estado de repouso. Assim, o segundo dado a ter em conta é que, ao nível do mar, os nossos sistemas são espectacularmente bem sucedidos em resposta a variações na concentração e necessidade de oxigénio. O terceiro dado é a compreensão da pressão parcial. A pressão parcial é muito importante. Simplificando, a pressão parcial é a medida da disponibilidade de oxigénio para nós quando respiramos. Há dois componentes: 1. A densidade do ar (o número total de átomos por inspiração). 2. A proporção de oxigénio nesse ar (o número de átomos de oxigénio nessa inspiração). A pressão parcial de oxigénio é que é realmente importante para o nosso organismo. Os nossos “sistemas” não utilizam azoto, tornando-se, portanto, este gás pouco relevante, a não ser que a sua elevada concentração ameace a nossa disponibilidade de oxigénio. O que preocupa os nossos “sistemas” é apenas a quantidade de oxigénio disponível para eles cada vez que respiramos. Agora, isso pode ser variado: alterando a densidade do ar, como acontece quando estamos numa montanha a significativa altitude, ou, ao nível do mar, alterando a composição do OUTUBRO A DEZEMBRO ‘09

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INFORMAÇÃO TÉCNICA

21,00%

Concentração (%vol)

19,00% 17,00% 15,00% 13,00% 11,00% 9,00% 0

≥ Exemplo de uma instalação do sistema de redução de oxigénio.

ar - como acontece com os equipamentos geradores de HAV. A fisiologia humana não reconhece a diferença. Apenas reconhece a disponibilidade de oxigénio. Em ambos os casos, significa simplesmente menos átomos de oxigénio por inspiração. Por outras palavras, para os seres humanos e outros mamíferos, altitude e altitude simulada são intermutáveis. Assim - voltando ao título desta secção “O mito da percentagem” – diversa documentação existente ainda não reconhece essa particularidade. Pressão parcial é a única unidade mensurável que faz sentido utilizar relativamente à disponibilidade de

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20

40

60

80

100

120 140 Tempo (horas)

160

180

Concentração de oxigénio

Valor mínimo de operação

Valor máximo permitido

Concentração de oxigénio em contínuo

200

220

240

≥ Exemplo da evolução da concentração de oxigénio num compartimento protegido.

oxigénio para os seres humanos e ainda assim diversos pareceres, especificações ou mesmo legislação referem apenas a percentagem de oxigénio. Alguns citam 17% como o mínimo aceitável, outros 19%. Ambos ignoram a pressão parcial. Ambas estas recomendações classificam assim o Everest como um ambiente de trabalho adequado - onde provavelmente a maioria de nós não se sentiria confortável… Os sistemas geradores de ar hipóxico fornecem ao organismo uma quantidade de oxigénio similar à que existe quando esquiamos a 2.500 m ou quando viajamos num voo comercial normal.

Desta forma, podemos actualmente escolher entre tentar lidar com as consequências de um incêndio ou eliminar a possibilidade da sua ocorrência. As vantagens sobre os sistemas de extinção tradicionais são relevantes, particularmente se pensarmos que não existem descargas acidentais, que o sistema pode facilmente ser monitorizado mediante medições regulares de oxigénio, que a instalação não requer tubagem metálica, etc., e que no caso de protecção de arquivos/ bibliotecas a redução da concentração de oxigénio favorece ainda a preservação de documentos.


INFORMAÇÃO TÉCNICA

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Sistema de Protecção Total no transporte de valores António Bicho Direcção Comercial da Maxicofre

O uso de explosivos é actualmente o método mais bem sucedido na Europa para concretizar ataques aos veículos de transportes de valores, sejam eles blindados ou não. Em países como a Bélgica e a Suécia é actualmente ilegal transportar dinheiro em viaturas blindadas sem recurso à tintagem de notas. Nestes dois países, são actualmente utilizadas caixas de tintagem de notas, como forma de proteger todo o dinheiro transportado para fora das Centrais de Contagem ou dos bancos. Os explosivos perderam assim, face à utilização destes novos métodos de protecção de valores, a eficácia que tinham anteriormente. De acordo com um inquérito recentemente solicitado pela Comissão Europeia, o risco de ataques é reduzido em cerca de 87% com a utilização da tecnologia End to End. INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NO TRANSPORTE DE VALORES A solução End to End permite evitar a exposição do dinheiro no acto da transacção (entrega/recolha), eliminando-se assim as partes mais vulneráveis que intervêm no ciclo do dinheiro. Utilizando a solução End to End, as Empresas de Transporte de Valores (ETV) conseguem uma redução do tempo necessários para a intervenção no banco ou no retalhista, minimizando desta forma o risco para todos os intervenientes. A própria transacção pode ser efectuada com toda a segurança nas instalações dos clientes, antes ou depois de ser fechadas ao público (método utilizado, por exemplo, para a recarga das ATM). A solução End to End utiliza um Sistema Inteligente de Protecção de Dinheiro que, ao incorporar um sistema de injecção de tinta,

reforça o nível de segurança do dinheiro quando este está em trânsito ou armazenado. A este sistema está associado um conjunto de temporizações e sequências programadas para se realizarem as diferentes operações de transporte e na entrega ou recolha de valores. O sistema é constituído por uma mala de transporte de notas, ou documentos, apetrechada com o sistema de injecção de tinta e com mecanismos de detecção de sabotagem e abertura não autorizada, nomeadamente: ≥ Detectores de temperatura ≥ Detectores de humidade ≥ Detectores de perfuração ≥ Detectores de violação dos sistemas de trancas ≥ Detecção de movimento Esta mala possui ainda um processador e memória interna para interpretação das temporizações, utilizadores e sinais dos diferentes sistemas de segurança, assim como uma memória de eventos (tipo “Caixa Negra”). No início do processo do transporte de valores, a mala é aberta dentro dos períodos e temporizações programados através da utilização combinada de duas “chave/tag”, uma do Guarda da ETV e outra do Cliente. Após ser fechada, esta encontra-se protegida e preparada para ser transportada para a viatura da ETV, onde será colocada na sua base de segurança (ou chute). A comunicação é encriptada por infravermelhos entre estes dois equipamentos, elemento determinante para garantir que a caixa se encontra em local seguro para armazenamento ou transporte. A base, por norma individual, pode ser personalizada e transformada em rack de transporte ou armazenamento de várias malas. Esta mala nunca poderá ser transportada fora dos limites das temporizações pro-

gramadas ou sem contacto com a base de segurança. Qualquer tentativa de abertura ou sabotagem fora das zonas de segurança faz accionar o sistema de segurança que inutiliza imediatamente as notas. No caso de o sistema ser accionado é garantida uma mancha com a percentagem média de 20% da nota, em todas as notas e/ou documentos, colocadas no interior da mala. Esta tecnologia utiliza tintas resistentes a lavagens. A tinta azul/roxa pode ainda incluir marcadores de ADN, capazes de rastrear e associar o dinheiro a um roubo específico. Algumas destas tintas são igualmente eficazes em notas protegidas com revestimento de polímeros que são já utilizados no fabrico de notas de alguns países, para conferirem maior resistência, impermeabilidade e durabilidade à nota. Adicionalmente, o sistema pode ser também equipado com comunicações modulares que providenciam ao utilizador liberdade e flexibilidade para programar e ligar as unidades à central de monitorização e localização por GPS, activação e abertura remota. Este sistema poderá também ser aplicado em ATM’s (caixas multibanco) ou nas lojas de retalho. No primeiro caso, a solução passa pela adição desta tecnologia nos espaços “mortos” das cassetes dos ATM. Este sistema não implica necessidade de alterações aos equipamentos, cassetes ou ATM, trata-se de um sistema do tipo “Plug and Play”, completamente autónomo e que pode ficar imediatamente activo sem qualquer intervenção ao nível do hardware. No segundo, é utilizada uma mala com uma ranhura que facilita a introdução de valores (sejam envelopes ou sacos). Ambas as variações são dotadas de todos os mecanismos e OUTUBRO A DEZEMBRO ‘09

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procedimentos de segurança acima referidos (tintagem, mecanismos de detecção e temporizações programadas). Refira-se, no entanto, que a principal lacuna nos diversos sistemas do mercado, reside nas diferenças existentes entre os diversos fabricantes, não existindo ainda um “standard” que permita a total integração entre os diferentes sistemas. SEGURANÇA PARA OS UTILIZADORES Usando esta tecnologia, é possível transferir a responsabilidade da protecção do dinheiro, dos vigilantes/Clientes, para o sistema/equipamento. Isso faz com que o risco dos utilizadores diminua, reduzindo em simultâneo o stress, a ansiedade, e a possibilidade de danos ou lesões pessoais e dos equipamentos. Por outro lado, a evolução tecnológica deste tipo de sistemas de protecção de valores não se tem evidenciado apenas nas medidas de protecção no trajecto da recolha e entrega. A segurança dos seus utilizadores tem sido uma preocupação acrescida. Uma vez que, por avaria ou acidente, os mecanismos de segurança poderão ser indevidamente accionados, este sistema diferencia-se por não recorrer a explosivos, nem descargas eléctricas. Por outro lado, as tintas utilizadas não são cancerígenas. O sistema usa tubos flexíveis que, após penetração dos sacos plásticos do dinheiro, pulverizam a tinta sobre o mesmo. Para as Empresas de Transporte de Valores, a utilização de um sistema End to End aporta várias vantagens, entre as quais: ≥ Transacções e rotas mais rápidas; ≥ Requer apenas um Guarda/Vigilante por operação; ≥ Risco reduzido e maior segurança para os Vigilantes; ≥ As malas não podem ser abertas em ambientes inseguros; ≥ Reduz o risco de perdas. Este é um sistema que pode ser aplicável a todos os negócios que tenham uma elevada manipulação e transferência de dinheiro. Os sectores de actividade que por natureza estarão mais motivados para a sua utilização são: Empresas de Transporte de Valores, 50

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INFORMAÇÃO TÉCNICA

bancos e redes de ATM, retalho e grossistas em geral, gasolineiras e bilheteiras de grande tráfego (recintos desportivos, de eventos, transportes, etc.) O TRANSPORTE DE VALORES NA EUROPA Falando de legislação, é possível notar que a regulamentação existente nos diferentes países ainda é bastante díspar, tornando difícil a criação um padrão comum a todos os Estados membros da UE. Como exemplo apontamos o que se passa em alguns países: SUÉCIA Foi elaborada legislação muito abrangente e enfocada nos sistemas de transporte e

≥ O sistema permite o transporte das várias malas em rack no interior dos veículos.

degradação de notas. Esta medida surgiu na sequência de uma série de ataques violentos contra veículos blindados em 2005. Agora, para se transportar e proteger o dinheiro, é obrigatório a utilização de sistemas inteligentes de degradação de notas. O uso de veículos blindados como o único meio de protecção está, portanto, excluído e é considerado ilegal. Cumpridas as condições dos sistemas inteligentes de degradação de dinheiro, o transporte pode ser efectuado em veículos ligeiros. É também obrigatório proteger com os mesmos sistemas de degradação por tinta permanente o dinheiro em caixas ATM. Todos

estes sistemas têm obrigatoriamente de ser testados e aprovados por uma instituição de ensaios de qualidade reconhecida na UE. Os vigilantes das ETV (Empresas de Transporte de Valores) não podem transportar armas. BÉLGICA Na Bélgica a utilização de armas pelos vigilantes das ETV está autorizada, o que resultou em vários assaltos muito violentos provocando, inclusive, fatalidades. Isto motivou o governo belga a importar o exemplo sueco, altamente legislado, e implementar legislação semelhante, com a obrigatoriedade de se usarem sistemas de degradação de dinheiro com recurso aos sistemas inteligentes de aplicação de tinta permanente, mas prevendo a protecção adicional dos carros blindados. Todos estes sistemas têm obrigatoriamente de ser testados e aprovados por uma instituição de ensaios de qualidade reconhecida na Bélgica. PORTUGAL Existe regulamentação da actividade de Transporte de Valores através do DL nº 35/2004 de 21 de Fevereiro, com alterações constantes do DL 198/2005 de 10 Novembro, e da Lei nº 38/2008 de 8 de Agosto, bem como pela Portaria nº 247/2008 de 27 de Março, alterada pela Portaria nº 840/2009 de 3 de Agosto. Sucintamente, até à data, a legislação produzida prevê a implementação de sistemas de transporte com recurso à neutralização do dinheiro através da marcação permanente das notas. As ETV deverão formar os seus recursos humanos e adequar as viaturas de transporte para a utilização deste novo equipamento. Do mesmo modo todos os intervenientes nos processos de transporte, recolha ou entrega de valores deverão estar convenientemente esclarecidos. No segmento das ATM, existem já, por iniciativa de algumas entidades bancárias, sistemas instalados com o mesmo princípio de funcionamento, neutralização de notas através de marcação permanente com tinta. A elevada taxa de sucesso obtida por dissuasão prevê o alargamento para a implementação destes sistemas a toda a rede Multibanco.



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INFORMAÇÃO TÉCNICA

Auditorias de Segurança Contra Incêndio e o Actual Regulamento Cláudia Pereira Dias e Paulo Martinho ISQ / Centro de Segurança: Segurança contra Incêndio

A Segurança contra Incêndio (SCI) constitui uma especialidade multidisciplinar, que necessita da contribuição de saberes oriundos de várias áreas técnicas, os quais devem ser articulados e coordenados de modo a atingir de forma eficaz o nível de segurança aceitável. A SCI para os vários tipos de edifícios e recintos, tem como objectivos primordiais a preservação e salvaguarda da vida humana, do ambiente e do património (incluindo o património cultural), utilizando, para tal, a implementação de medidas de segurança que permitam, nomeadamente: ≥ reduzir o risco de eclosão de um incêndio; ≥ limitar o desenvolvimento do incêndio, minimizando a propagação de chamas, fumo e gases de combustão (quentes e tóxicos); ≥ garantir a evacuação rápida e segura dos ocupantes dos locais afectados; ≥ facilitar a intervenção eficaz e segura dos serviços de emergência (internos ou externos). As medidas de SCI têm os seus requisitos mínimos prescritos na legislação nacional aplicável, a qual tem evoluído desde o Regulamento Geral de Edificações Urbanas (RGEU) publicado em 1951, até ao Regime Jurídico da Segurança Contra Incêndios em Edifícios (RJSCIE), com entrada em vigor em 1 de Janeiro de 2009, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 220/2008, e regulamentado por portarias complementares, nomeadamente pela Portaria n.º 1532/2008, que aprova o Regulamento Técnico de Segurança Contra Incêndio em Edifícios. Até aqui, exceptuando por exigências da seguradora, da própria organização ou por livre iniciativa dos responsáveis, não existia qualquer obrigatoriedade em verificar as condições de SCI. Um dos aspectos inovadores do novo regime jurídico consiste na sua aplicação aos edifícios existentes antes da publicação da actual legislação, no que diz respeito às medidas de autoprotecção. A manutenção das condições de segurança e a execução das medidas de autoprotecção é da competência do Responsável pela 52

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Segurança contra incêndio (RS), o qual pode designar Delegados de Segurança. Logo no instante inicial da concepção do estabelecimento, a adopção e selecção das medidas de segurança adequadas devem ter em consideração aspectos relevantes como a localização, as disposições arquitectónicas, os materiais de construção a utilizar e os equipamentos de segurança a instalar. Considerando que na inauguração do estabelecimento, o nível de segurança está no patamar projectado, será crucial que durante a sua vida útil este nível não seja, de modo nenhum, reduzido, devendo, para tal, ser desenvolvido um esforço continuado para que todas as medidas implementadas sejam mantidas em perfeitas condições de operacionalidade. A realização periódica de Auditorias permite avaliar o estado em que se encontram as medidas de SCI, nomeadamente: ≥ procedimentos de operação; ≥ adequação dos recursos humanos (em número e em grau de competência); ≥ condição de manutenção dos equipamentos; ≥ registos documentais actualizados; ≥ medidas de prevenção; ≥ conformidade com o enquadramento legal; ≥ conformidade com standards internos das Organizações; ≥ conformidade com standards das respectivas Seguradoras; Da realização de auditorias de SCI periódicas resultará a identificação de eventuais anomalias, o estabelecimento de planos de acção de melhoria, a implementação destes com o objectivo da redução dos riscos de SCI e melhoria das condições das medidas de segurança. Para além de evidenciar o cumprimento dos requisitos legais e, como tal, permitir demonstrá-lo, aquando das inspecções. As auditorias de SCI não devem ser reduzidas a apenas à verificação do preenchimento de listas de verificação. Nestas auditorias é imprescindível que sejam realizadas verificações

nos diversos locais e, sempre que possível, ser acompanhadas de ensaios funcionais dos sistemas e equipamentos afectos à SCI, pois, apenas desta forma se pode comprovar as reais condições de SCI existentes. O ISQ é uma associação tecnológica, privada e independente, sem fins lucrativos, com experiência na União Europeia, Europa de Leste, África, Américas e China, oferecendo serviços de inspecção, ensaios e calibrações, formação, certificação, estudos de engenharia, consultoria e auditorias da qualidade, ambiente, segurança e manutenção, assim como investigação e desenvolvimento. No desenrolar da actividade da área de Segurança contra Incêndio (SCI), inserida no Centro de Segurança do Instituto de Soldadura e Qualidade (ISQ) realizam-se diversos tipos de serviços, entre os quais, as auditorias de SCI (na grande maioria os critérios aplicados durante as mesmas regem-se por documentos de referência e standards internacionais). As auditorias de SCI realizadas pelo ISQ têm identificado falhas nos mais diversos sistemas de segurança, algumas com origem logo da fase de concepção das soluções, passando pela fase de implementação e construção, até à fase de exploração dos espaços protegidos pelos sistemas de segurança. Para cada um dos sistemas de segurança em seguida apresentados são exemplificadas algumas das não-conformidades das condições de SCI, identificadas nas auditorias realizadas. COMPARTIMENTAÇÃO CORTA-FOGO: ≥ Passagem de caminhos de cabos, de tubagem e de condutas sem selagem, ou com selagem deficiente; ≥ Aplicação dos equipamentos em desrespeito dos esquemas de montagem preconizados pelos fabricantes e definidos nos respectivos documentos de certificação; ≥ Selagem de juntas com penetração insuficiente para o grau de resistência ao orta-fogo pretendido;


INFORMAÇÃO TÉCNICA

≥Portasresistentesaofogosemfitasintumescentes que garantam a estanquidade necessária; ≥ Molas de retorno das portas resistente ao fogo sem capacidade de as fechar automaticamente; ≥ Selectores de fecho das portas com duas folhas, com regulação defeituosa, comprometendo o fecho das portas; ≥ Protecção de estruturas metálicas com espessura insuficiente dos elementos de isolamento e melhoria do comportamento ao fogo; ≥ Espessura do reboco das alvenarias insuficiente para garantir o grau de resistância ao fogo no escalão de tempo mínimo exigido; ≥ Existência de aberturas de ventilação e vãos de passagem sem elementos de protecção, comprometendo os perímetros e os volumes de incêndio projectados; ≥ Utilização de elementos de compartimentação com gama dimensional, fora dos intervalos de aplicabilidade referidos nos documentos de certificação; ≥ Cortinas de água: ausência de parâmetros de projecto (incluindo cálculo hidráulico), colocação incorrecta dos aspersores. SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA: ≥ Sinais obstruídos ou instalados em locais de difícil observação; ≥ Sinais com dimensão insuficiente para a distância a que devem ser observados; ≥Ausênciasesinalizaçãocominstruçõesdeabertura das portas nos caminhos de evacuação; ≥ Tipo e posição de montagem do sinal, inadequados para o efeito de máxima visibilidade; ≥ Pictogramas com sentidos de evacuação contraditórios; ≥ Incorrecta sinalização dos caminhos de evacuação normais e dos caminhos de evacuação alternativos; ≥ Plantas de emergência desactualizadas, com simbologia não normalizada, com escala inadequada e com dimensão contrária a uma fácil interpretação. ILUMINAÇÃO DE EMERGÊNCIA: ≥Utilizaçãodepictogramasopacosquereduzem significativamente os níveis de iluminância; ≥ Caminhos de evacuação horizontais e verticais com níveis médios de iluminação insuficientes;

≥ Blocos autónomos com baterias degradadas, não assegurando os tempos de autonomia de funcionamento previstos. SISTEMAS AUTOMÁTICOS DE DETECÇÃO DE INCÊNDIO: ≥ Ausência de Matriz de Comando para programação da central de detecção e interligação a outros sistemas de segurança; ≥ Ausência de painéis repetidores dos eventos de alarme para Centrais de Segurança permanentemente vigiadas; ≥ Detectores obstruídos ou muito próximos de paredes, vigas e grelhas de ventilação;Botoneiras manuais obstruídas e instaladas a altura não regulamentar; ≥ Tipo de detector automático inadequado para a área e variável de incêndio a detectar (fumo, temperatura, chama). DESENFUMAGEM: ≥ Ventiladores com caudais de insuflação e/ou extracção insuficientes; ≥ Grelhas de desenfumagem obstruídas; ≥ Altura e afastamento incorrecto das grelhas de insuflação e extracção; ≥ Ausência de clarabóias de desenfumagem e de painéis de acantonamento de fumos; ≥ Pressurização incorrecta (por excesso ou por defeito) das caixas de escada que constituem via vertical de evacuação protegida; ≥ Não realização de testes de comprovação do desempenho e eficácia funcional dos sistemas. EXTINTORES PORTÁTEIS: ≥ Extintores obstruídos; ≥ Ausência de suportes ou colocação a altura incorrecta; ≥ Pressão fora dos valores normais; ≥ Desrespeito pelos intervalos de manutenção; ≥ Excessiva distância a percorrer para alcançar o extintor mais próximo; ≥ Tipo de agente extintor inadequado aos riscos presentes no local; ≥ Quantidade de agente extintor insuficiente para as áreas a proteger. REDE DE INCÊNDIO: ≥ Bocas-de-incêndio obstruídas ou com área livre para operação insuficiente;

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≥ Cobertura insuficiente, não sendo possível alcançar todos os espaços; ≥ Ausência de manómetros indicadores de pressão nos pontos hidraulicamente mais desfavoráveis; ≥ Bombas de água de incêndio com desempenho hidráulico insuficiente no que respeita a pressão e caudal; ≥ Ausência de sinalização à distância dos eventos de alarme e avaria da Central de Bombagem de águas de incêndio. ≥ Manómetros e Caudalímetros com escalas de leitura e dimensão inadequadas. SISTEMAS AUTOMÁTICOS DE EXTINÇÃO POR ÁGUA: ≥ Não cumprimento das normas e regras de boa prática, no que respeita ao dimensionamento adequado para uma determinada classe de risco; ≥ Ausência de cálculos que demonstrem o desempenho hidráulico pretendido; ≥ Sprinklers e difusores obstruídos; ≥ Cobertura insuficiente de todos os espaços a proteger; ≥ Tubagem com diâmetro insuficiente para o número de sprinklers a alimentar; ≥ Sprinkler muito próximos ou muito afastados do tecto; ≥ Suporte insuficiente e ausência de ancoragem da tubagem nas mudanças de direcção. ORGANIZAÇÃO DA EMERGÊNCIA: ≥ Desconhecimento, por parte dos utilizadores do espaço, no manuseamento de meios de primeira intervenção e, em alguns casos, das instruções de emergência a cumprir; ≥ Cumprimento dos Planos de Prevenção (quando existentes), incluindo a manutenção dos sistemas e equipamentos de segurança; ≥ Actualização dos Planos (Emergência e Prevenção); ≥ Realização de Simulacros. De referir que de ano para ano têm-se verificado melhorias de comportamento no que diz respeito à manutenção das condições de SCI, fruto de alguma (real) preocupação complementada com acções de sensibilização que são realizadas. OUTUBRO A DEZEMBRO ‘09

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Evitar incêndios em transformadores António Gomes

Director da A. Gomes & Gomes

O “Transformer Protector”(1) é a designação de um sistema especialmente concebido para proteger os transformadores de energia ou de potência eléctrica do risco de incêndio. Este sistema está ainda pouco divulgado em Portugal, uma vez que, até à data, existe uma única instalação. Os transformadores são considerados, pelas companhias de seguros, como um dos elementos mais críticos, em termos de risco de incêndio, das centrais eléctricas e das subestações de distribuição de energia eléctrica. Isto acontece, sobretudo, devido à elevada quantidade de óleo em contacto com equipamentos de alta tensão e, consequentemente, à grande probabilidade de ocorrência de curto-circuitos.

(1)

da SERGI, Société Générale d’Etudes et de Réalisations Industrielles

Acresce ainda o facto de as normas aplicáveis aos transformadores não estipularem qualquer parâmetro de segurança, ou seja, a Norma Europeia IEC 76 limita-se a definir medidas básicas, mas nada dispõe sobre a segurança destes dispositivos. Esta lacuna, juntamente com o fenómeno das privatizações que tem ocorrido neste mercado (e que conduz, regra geral, à falta de investimento em novos equipamentos e à sobrecarga dos equipamentos antigos), tem contribuído para a progressiva deterioração do parque de transformadores, o que incrementa significativamente o risco de incêndio destes elementos. Se tivermos em atenção que estes transformadores estão instalados em edifício, ou mesmo em

espaços abertos, localizados em grandes centros populacionais, então conseguimos dimensionar o grande risco que os transformadores representam para a segurança das pessoas e bens. Desde 1995 que está implementado nos Estados Unidos um programa de pesquisa sobre curtos-circuitos ocorridos em transformadores, que permite avaliar a importância deste fenómeno. Em 2001, por exemplo, o número de ocorrências de incêndios em transformadores foi de 730, ou seja, cerca de 2 incêndios por dia num ano. INCÊNDIOS EM TRANSFORMADORES De que forma ocorrem os incêndios nos transformadores? Os incêndios nos transformadores


INFORMAÇÃO TÉCNICA

≥ Esquema da aplicação do sistema (a verde) num transformador.

ocorrem sobretudo em resultado de um curto-circuito eléctrico, que desencadeia o aumento da temperatura interna e a produção de gases explosivos, que obviamente originam um aumento da pressão. Limitações dos sistemas de protecção usuais: ≥ I nsuficiência da válvula de alívio de pressão: os dispositivos mecânicos (válvula) não conseguem acompanhar os elevados gradientes de pressão; ≥ I neficácia do relé de pressão rápida: o relé não consegue detectar a variação brusca da pressão do óleo ou gás; ≥T empo de abertura do disjuntor: o tempo de abertura mais rápido do disjuntor é de 50 ms (milissegundo), não sendo suficientemente rápido para poder impedir o incêndio, se tivermos em conta que o primeiro Mega Joule produz 2,3 m3 de gás durante o primeiro milissegundo. As pesquisas efectuadas nos Estados Unidos permitiram concluir que a maior parte dos transformadores em que ocorreram incêndios estavam protegidos por sistemas anti-incêndio, actuados pelo exterior. No entanto, concluiu-se que estes sistemas em nada contribuíam para impedir a ocorrência de incêndio nos transformadores, uma vez que a deflagração danifica todos os equipamentos instalados. Por este motivo, a própria National Fire Protection Association recomenda que a protecção dos transformadores deva acontecer antes da deflagração do incêndio.

FUNCIONAMENTO DO SISTEMA O “Transformer Protector” não pretende extinguir o incêndio mas impedir que ele venha a ocorrer. Quando ocorre um curto-circuito, o “Transformer Protector” é accionado em milissegundos logo que surge o primeiro pico de pressão dinâmica da onda de choque, evitando a explosão do transformador antes que a pressão estática seja incrementada. Desta forma, os gases, que são inicialmente gerados em conjunto com o óleo, são expelidos por uma tubagem através da abertura de uma válvula de despressurização para um depósito (óleos) e para a atmosfera (gases). Evita-se assim a explosão e o incêndio, injectando o azoto ou nitrogénio para o interior do transformador, conseguindo-se o desejado arrefecimento. O“TransformerProtector”permitedespressurizar os tanques em milissegundos, evitar o contacto entre o ar (oxigénio) e os gases explosivos evacuados (hidrogénio, acetileno, etc.), separar os gases dos óleos, encaminhar os gases inflamáveis para uma área remota e eliminar os gases explosivos no transformador através da injecção de nitrogénio no tanque, permitindo simultaneamente estabilizar a condição do transformador para que ele possa ser reparado após o curto-circuito. EVITAR PREJUÍZOS ELEVADOS Os prejuízos que podem resultar das explosões em transformadores são principalmente os seguintes: ≥ Perda de vidas humanas, especialmente se tivermos em conta que a grande maioria

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dos transformadores em Portugal estão instalados em zonas residenciais; ≥ Perdas de produção/ distribuição; ≥ Custos de substituição do transformador destruído ou danificado; ≥ Custos de retirada do equipamento danificado; ≥ Despesas de colocação em serviço; ≥ Danos ambientais; ≥ Custos com litígios jurídicos. Nas centrais eléctricas, a explosão de um transformador pode ter como consequência a destruição parcial ou completa das infra‑estruturas e, desde logo, a interrupção da actividade produtiva e os custos decorrentes da aquisição de energia a outras concessionárias. A estimativa total de custos oscila entre os 97 e os 375 milhões de euros. Quando a explosão ocorre em transformadores de distribuição, os custos mais significativos estão relacionados com o impacto ambiental causado pelos transformadores, como consequência da contaminação de terrenos ou perdas de vidas humanas devido a substâncias tóxicas. Os custos estão estimados entre 350 mil e os 20 milhões de euros. Ao nível dos transformadores de transmissão, uma eventual explosão comportará custos inferiores aos referidos anteriormente, já que os consumidores não são directamente afectados. No entanto, nesses casos, as consequências políticas são de importância vital, já que as concessionárias são na grande maioria propriedade do estado. Pelo exposto se conclui que o “Transformer Protector” é capaz de proteger eficazmente um transformador, sendo largamente compensador se comparado com os eventuais prejuízos de uma explosão ou incêndio. OUTUBRO A DEZEMBRO ‘09

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INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

Videovigilância em situações extremas Luís Gomes Gestor de produto CCTV da Bosch

Determinados ambientes em que se encontram instalados os sistemas de videovigilância são extremamente adversos e dificultam o seu eficaz funcionamento. Algumas aplicações específicas na área da videovigilância impossibilitam que os produtos convencionais consigam cumprir os requisitos que garantam a segurança e fiabilidade que um sistema de videovigilância tem de ter. Por vezes, um sistema de videovigilância instalado não consegue captar o momento de um determinado evento porque as condições de luminosidade não permitiram ter uma imagem 56

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nítida e fiável. Noutras situações, o sistema de videovigilância é vandalizado, impossibilitando assim a captura de imagens, ou o ambiente que nos rodeia simplesmente não permite a instalação das câmaras convencionais. Alguns dos ambientes desfavoráveis incluem zonas marítimas, cujo ambiente de salinidade resulta numa elevada corrosão, congeladores industriais, indústrias petroquímicas, instalações mineiras ou estabelecimentos prisionais. Tendo em conta todas estas questões, o sector da videovigilância tem desenvolvido

produtos específicos para a captura de imagens nas condições mais exigentes, incluindo grandes amplitudes térmicas, ambientes com pouca ou nenhuma luz, atmosferas corrosivas ou voláteis, e em áreas onde os produtos podem sofrer ataques físicos. As características desenvolvidas para fazer frente a estas adversidades estão relacionadas com os materiais em que as câmaras são construídas e com o desenvolvimento de funcionalidades que possibilitam uma melhor captura de imagens. A série Extreme, dedicada em exclusivo a este tipo de soluções,


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INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

16 14 Bit Rate (Mbps)

inclui câmaras com modelos em alumínio e aço inoxidável com 6mm de espessura, subaquáticas (podendo ser submergidas até 30m de profundidade), com certificação ATEX (equipamento destinado a ser utilizado em atmosferas explosivas), dotadas com infravermelhos, sistemas de comunicação e térmicas. Algumas câmaras, devido à sua construção mecânica, conseguem apresentar um índice de robustez acima de uma câmara móvel convencional, e têm como características padrão um grau de protecção IP68, uma janela de visualização plana, em vez do tradicional policarbonato, e uma capacidade de rotação horizontal contínua completa de 360° e um controlo de rotação vertical de 320°. A dualidade Dia/Noite é igualmente importante neste tipo especial de câmaras. A utilização de tecnologia de infravermelhos de alta-fidelidade possibilita um eficaz cumprimento das funcionalidades de visão nocturna tendo em conta os 4 níveis de vigilância (DCRI): Detecção, Classificação, Reconhecimento e Identificação. A tecnologia de iluminação por infravermelhos Black Diamond possibilita a detecção de imagens até 75m e elimina os excessos de luminosidade no primeiro plano e a subexposição do fundo. A integração de um duplo sensor permite uma resolução de 500 TVL policromático durante o dia e 540 TVL monocromático durante a noite. Permite também eliminar o desvio de focagem, a dispersão por IV e outras distorções da imagem características das câmaras de visão nocturna convencionais. Estudos recentes demonstram que a utilização de iluminação por infravermelhos em sistemas de Videovigilância por IP em aplicações de baixa luminosidade, contribuem para uma significativa redução da taxa de transmissão, com um factor que oscila entre os 70% e os 91%. Estes resultados confirmam que a iluminação por infra-vermelhos melhora o desempenho das redes reduzindo o incremento da taxa de transmissão associado ao efeito de elevado ruído na imagem. A redução na transmissão de bits sem perda da qualidade da informação reflecte-se positivamente no espaço necessário para gravação.

12 10 8 6 4 2 0 0

0,2

0,4

0,6

0,8

Nível de Luz Ambiental (Lux)

1 IR Desligado

1,2 IR Ligado

≥ Resultados das medições da utilização de Infravermelhos.

TESTES 01. LUZ VISÍVEL AMBIENTAL: 0,08 LUX

02. LUZ VISÍVEL AMBIENTAL: 1,04 LUX

≥ Infravermelhos desligado: Bit Rate 13,43 Mbps.

≥ Infravermelhos desligado: Bit Rate 5,27 Mbps.

≥ Infravermelhos ligado: Bit Rate 1,21 Mbps. 91% de Redução do Bit Rate.

≥ Infravermelhos ligado: Bit Rate 1,20 Mbps. 77% de Redução do Bit Rate.

Qual a relação entre largura de banda e armazenamento em disco? Largura de banda e armazenamento – um dos mais dispendiosos componentes de um sistema de videovigilância – estão directamente relacionados. Se se está a transmitir vídeo a um determinado bit-rate, através da rede, para ser armazenado, então irá consumir espaço no disco na mesma proporção. Por exemplo, uma transmissão de vídeo de 1 Mbps utiliza 1 Mb (Megabit) de espaço num segundo ou cerca de 1/8 = 0,125 Megabytes por segundo, o que é igual a 0,125 x 3.600 = 450 Megabytes por hora (cerca 11 GB por dia ou 75 GB por semana).

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LEGISLAÇÃO

Responsabilidade Ambiental: Gestão de Resíduos Ana Ferreira

Conscientes das rápidas alterações climáticas do planeta, os vários países da União Europeia definiram uma política pública de gestão de resíduos que tem como principal objectivo a redução drástica do volume de resíduos depositados em aterro e, consequentemente, impedir que prejudiquem o ambiente e a saúde humana. Esta política de gestão de resíduos foi estabelecida a nível europeu através das Directivas nos 91/689/CEE e 2006/12/CE, tendo sido transposta para a ordem jurídica interna nacional através do Decreto-Lei nº 178/2006 que estabelece o actual Regime Geral da Gestão de Resíduos. Este Regime assenta em princípios ambientais como a prevenção, a minimização da produção de resíduos e a sua valorização, introduzindo o conceito de que a responsabilidade pela gestão dos resíduos deve ser partilhada por toda a cadeia de valor, desde o produtor do bem ao consumidor, passando pelo produtor do resíduo e incluindo ainda os operadores de gestão de resíduos e as próprias autoridades administrativas reguladoras. No referente aos custos inerentes à gestão dos resíduos, esta política ambiental introduz ainda o conceito do “poluidor-pagador”, determinando a responsabilização prioritária dos produtores dos bens, dos produtores dos resíduos e dos seus detentores relativamente aos restantes elementos da cadeia de valor. Neste sentido, a responsabilidade pela gestão dos resíduos recai em primeira instância sobre o respectivo produtor, salvo na impossibilidade da sua identificação, recaindo neste caso sobre o seu detentor. No caso particular dos resíduos terem proveniência externa, a gestão recai sobre o responsável pela sua introdução no mercado nacional, salvo nas excepções devidamente legisladas. Independentemente 58

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da origem dos resíduos, as responsabilidades anteriormente referidas extinguem-se pela transmissão dos resíduos aos operadores de gestão de resíduos devidamente licenciados ou às entidades responsáveis pelos sistemas de gestão de fluxo de resíduos. SIRER/SIRAPA Com o objectivo de registar e agregar toda a informação relacionada com a gestão dos resíduos produzidos a nível nacional, nomeadamente a sua origem, quantidade, classificação, destino e identificação das operações efectuadas, foi criado o SIRER - Sistema Integrado de Registo Electrónico de Resíduos. A gestão deste sistema de registo, inicialmente da responsabilidade da Autoridade Nacional dos Resíduos, passou recentemente para a Agência Portuguesa do Ambiente. Como consequência, o SIRER passou a integrar os sistemas de informação existentes no SIRAPA – Sistema Integrado de Registo da Agência Portuguesa do Ambiente, estando agora alojado na página electrónica desta entidade. Neste sistema de gestão de informação, estabelecido pelo Decreto-Lei nº 178/2006, de 5 de Setembro, e regulamentado pela Portaria nº 1408/2006, de 18 de Dezembro, devem registar-se obrigatoriamente todos os Produtores de resíduos não urbanos que empreguem pelo menos 10 trabalhadores e os Produtores de resíduos perigosos, o que engloba grande parte das empresas de segurança portuguesas. O registo é efectuado através do preenchimento electrónico dos Mapas de Registo anuais disponíveis no SIRAPA e implica o pagamento de uma taxa anual de registo destinada ao financiamento da gestão dos resíduos.

REEE – RESÍDUOS DE EQUIPAMENTOS ELÉCTRICOS E ELECTRÓNICOS Os produtores de Resíduos de Equipamentos Eléctricos e Electrónicos (REEE), estando sujeitos às obrigatoriedades legais estabelecidas pelo Regime Geral da Gestão de Resíduos, estão igualmente obrigados a cumprir as disposições legislativas específicas deste tipo de resíduos, os quais são regulamentados a nível europeu pelas Directivas nos 2002/95/CE, 2002/96/CE e 2003/108/ CE, e a nível nacional pelo Decreto-Lei nº 230/2004, de 10 de Dezembro, que transpõe para a ordem jurídica interna as três Directivas anteriores. Este diploma legislativo estabelece o Regime Jurídico de Gestão de REEE e tem como objectivo a promoção da reutilização dos resíduos, a sua reciclagem e outras formas de valorização, de modo a melhorar o comportamento ambiental dos operadores envolvidos no ciclo de vida dos EEE. De acordo com este Regime Jurídico as empresas que colocam equipamentos eléctricos e electrónicos no mercado nacional são responsáveis pela gestão dos resíduos deste tipo de equipamentos. Esta gestão, na qual se incluem a recolha, o transporte, a valorização e a eliminação dos REEE provenientes de utilizadores não particulares, pode ser efectuada através de um sistema individual ou através da adesão a um sistema integrado (em Portugal existem duas entidades gestoras de REEE: a AMB3E e a ERP PORTUGAL), sendo que, desde 13 de Agosto de 2005 só podem ser colocados no mercado nacional os EEE cujos produtores tenham adoptado um dos dois sistemas de gestão de REEE referidos. Além de serem responsáveis pela gestão dos REEE, estes produtores estão também sujeitos à obrigatoriedade legal de se regis-


LEGISLAÇÃO

tarem enquanto tal na Associação Nacional para o Registo de Equipamentos Eléctricos e Electrónicos (ANREEE) e de declararem a esta entidade os REEE produzidos que constem do Anexo I do Decreto-Lei nº 230/2004. Os produtores de REEE são ainda responsáveis pela aposição do Número de Registo atribuído pela ANREEE nas facturas emitidas, nos documentos de transporte e noutros documentos equivalentes, e ainda pela marcação dos equipamentos eléctricos e electrónicos com o símbolo de contentor barrado, conforme o Anexo IV do DL 230/2004, simbolizando a sua recolha separada como REEE. De referir que ao abrigo do Regime Jurídico de Gestão de REEE estão unicamente excluídas destas obrigatoriedades legais as empresas exclusivamente revendedoras cujos EEE sejam comprados a produtores nacionais, excepto os que revendem sob marca própria. A responsabilidade pela gestão dos resíduos não é exclusiva das entidades que colocam os EEE no mercado nacional, mas também dos distribuidores que fornecem comercialmente os EEE aos utilizadores finais. Assim, aquando da aquisição de um novo equipamento, os distribuidores estão legalmente obrigados à recolha gratuita dos REEE que lhes sejam entregues pelo comprador, desde que o novo equipamento tenha características equivalentes às do REEE. Sempre que os Produtores optarem pelo sistema integrado de gestão de resíduos ficam obrigados ao pagamento de uma prestação financeira à entidade gestora. Esta prestação, que tem como finalidade suportar os custos afectos à recolha selectiva, tratamento e eliminação dos REEE, assume a forma de uma ecotaxa, também designada de ecovalor ou ecoREEE, e é obrigatória desde 1 de Maio de 2006. Esta ecotaxa deve ser cobrada sobre cada um dos equipamentos eléctricos e electrónicos colocados no mercado nacional e é determinada de acordo com a categoria/ subcategoria em que o equipamento se insere. A entidade gestora executa o controlo dos resíduos através de declaração periódica emitida pelo produtor. Até 13 de Fevereiro de 2011 os produtores de REEE podem transferir os custos de gestão dos resíduos para os seus clientes, desde que estes sejam referidos nas facturas e tabelas de preços

e desde que o valor da ecotaxa indicada na factura, sujeita à taxa de IVA legal em vigor, não supere o custo real de gestão de cada equipamento. Estas ecotaxas são aplicáveis unicamente aos equipamentos colocados no mercado nacional, não devendo ser aplicáveis a equipamentos eléctricos e electrónicos destinados a exportação. Da mesma forma, aquando da importação dos equipamentos eléctricos e electrónicos, as empresas importadoras não estão obrigadas ao pagamento de ecotaxas às suas empresas fornecedoras, não devendo nas facturas destes EEE figurar sequer as ecotaxas. De referir que o Decreto-Lei nº 230/2004, ao transpor para a ordem jurídica interna a Directiva europeia nº 2002/95/CE relativa à restrição do uso de determinadas substâncias perigosas em equipamentos eléctricos e electrónicos, proíbe que as empresas coloquem no mercado nacional os EEE abrangidos pelas categorias 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 10 indicadas no Anexo I que tenham na sua constituição substâncias perigosas como o chumbo, mercúrio, cádmio, crómio hexavalente, polibromobifelino (PBB) e/ou éter de difelino polibromado (PBDE). EMBALAGENS Outra responsabilidade ambiental a que as empresas nacionais estão sujeitas consiste na gestão dos resíduos de embalagens onde são acondicionados os equipamentos que comercializam. Esta obrigatoriedade legal decorre da Directiva europeia nº 94/62/CE, sendo transposta para a ordem jurídica interna através do Decreto-Lei nº 366-A/97, de 20 de Dezembro, que estabelece os princípios e as normas aplicáveis à gestão de embalagens e resíduos de embalagens, com vista à prevenção da produção destes resíduos, à reutilização das embalagens usadas, à reciclagem e outras formas de valorização de resíduos de embalagens e consequente redução da sua eliminação final, assegurando um elevado nível de protecção do ambiente. À semelhança do estabelecido para os Resíduos de Equipamentos Eléctricos e Electrónicos, também a gestão das embalagens pode ser submetida a um de dois sistemas, de consignação ou integrado, sendo que no âmbito

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do sistema integrado a responsabilidade pela gestão dos resíduos pode ser transferida para uma entidade devidamente licenciada para o efeito. Neste caso específico a responsabilidade das empresas nacionais sobre os resíduos de embalagens gerados no decorrer das suas actividades só cessa mediante a emissão de uma declaração de assunção de responsabilidade por parte da empresa ou entidade a quem os resíduos de embalagens forem entregues. As regras de funcionamento dos sistemas de gestão de embalagens e de resíduos de embalagens são estabelecidas pela Portaria nº 29-B/98, de 15 de Janeiro, que define, no referente ao sistema integrado de resíduos, a necessidade da formalização de um contrato escrito, entre o produtor de resíduos e a entidade gestora, com a duração mínima de três anos, para efeitos da transferência de responsabilidades entre estas duas entidades. Neste contrato, além de estabelecidas as previsões das quantidades de resíduos de embalagens a retomar anualmente pela entidade gestora e a identificação e caracterização dos resíduos, devem constar ainda as contrapartidas financeiras a pagar à entidade gestora pela empresa produtora. Em Portugal existem três entidades gestoras responsáveis pelos Sistemas Integrados, destinados em exclusivo às embalagens não reutilizáveis e aos seus resíduos: a SOCIEDADE PONTO VERDE, licenciada para assegurar a gestão de todos os tipos e materiais de embalagens não reutilizáveis colocados no mercado nacional e responsável pelo Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens (SIGRE) e pelo Sub-Sistema VERDORECA; a VALORMED, responsável pelo Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens e Medicamentos (SIGREM); e a SIGERU, responsável pelo Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens de Produtos Fitofarmacêuticos (VALORFITO). Apresentámos algumas das imposições legais relativas à protecção ambiental, às quais as empresas estão cada vez mais sensíveis, em alinhamento com as políticas que desenvolvem a responsabilidade social e que visam minimizar o impacto da sua actividade na economia e na sociedade. OUTUBRO A DEZEMBRO ‘09

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FICHA TÉCNICA nº20

ACESSÓRIOS PARA PORTAS RESISTENTES AO FOGO RETENTORES ELECTROMAGNÉTICOS PARA PORTAS DE BATENTE DEZEMBRO 2009

TIPOS DE DISPOSITIVOS DE RETENÇÃO ELECTROMAGNÉTICA

As Fichas Técnicas APSEI estão sujeitas a um processo de actualização contínua, dependente das alterações legais, normativas e técnicas que estejam relacionadas com o seu conteúdo. Certifique-se sempre, antes de aplicar a informação contida nesta Ficha Técnica, de que está na posse da sua última versão.

DEFINIÇÃO Retentores Electromagnéticos: são dispositivos instalados em portas de batente resistentes ao fogo/fumo de modo a garantir a sua fixação na posição aberta, quando em funcionamento normal, e o seu fecho, quando accionado o alarme de incêndio.

• Retentor Electromagnético: dispositivo que permite que uma porta dotada de um dispositivo de fecho permaneça aberta num determinado ângulo pré-definido, até à interrupção da sua alimentação eléctrica • Mola Recuperadora com Retenção Electromagnética: mola recuperadora que incorpora um dispositivo de retenção electromagnética • Mola Recuperadora de Braço Livre com Retenção Electromagnética: mola que permite que uma porta, após abertura até uma posição pré-determinada, seja accionada livremente entre essa posição e a posição de fecho, sem resistência nem amortecimento. Após interrupção da alimentação eléctrica do dispositivo, a porta é então completamente fechada sob a acção da mola.

CLASSIFICAÇÃO Os dispositivos de retenção electromagnética são classificados de acordo com o sistema de código de 6 dígitos, em conformidade com a EN 1155:

• Primeiro dígito: Categoria de utilização Grau 3 – para portas destinadas ao público ou a outros utilizadores susceptíveis de utilizarem as portas incorrectamente

Fig. 1 Exemplo de dispositivo de retenção electromagnética

• Segundo dígito: Durabilidade Grau 5 – 50.000 Ciclos – para todos os dispositivos de retenção electromagnética Grau 8 – 500.000 Ciclos – para todas as molas recuperadoras com retenção electromagnética e molas recuperadoras de braço livre com retenção electromagnética, bem como para dispositivos com braço de manobra • Terceiro dígito: Força de Retenção

São consideradas cinco forças, em conformidade com a EN 1155:

GARANTIAS Declaração de conformidade CE garantindo que o retentor electromagnético foi fabricado em conformidade com os requisitos da norma EN 1155.

NORMAS APLICÁVEIS EN 1155 Building hardware. Electrically powered hold-open devices for swing doors – Requirements and test methods.

EN1634-1 Fire resistance tests for door and shutter assemblies. Part 1: Fire doors and shutters.

DOCUMENTOS TÉCNICOS CO-RELACIONADOS Ficha Técnica nº1 - Portas Ficha Técnica nº10 - Molas Ficha Técnica nº19 - Selectores de Fecho

Largura recomendada da folha da porta (mm Máx.)

Massa da porta de ensaio (Kg)

Massa de peso gravítico de carga na porta de ensaio (Kg)

Fricção da porta de ensaio (Nm Máx.)

3

950

60

15

0,3

4

1.100

80

18

0,4

5

1.250

100

21

0,5

6

1.400

120

27

0,6

7

1.600

160

36

0,8

Força do Dispositivo de Retenção

Sempre que um retentor electromagnético for incorporado numa mola recuperadora com uma determinada gama de forças, devem ser indicadas as respectivas forças máxima e mínima

• Quarto dígito: Adequação ao uso em portas resistentes ao fogo/fumo Grau 1 – Adequados (quando provado que o dispositivo de retenção electromagnética contribui satisfatoriamente para a resistência ao fogo das portas resistentes ao fogo/fumo) • Quinto dígito: Segurança das pessoas

Todos os dispositivos de retenção electromagnética devem satisfazer este requisito, pelo que apenas o Grau 1 é definido.

• Sexto dígito: Resistência à corrosão São identificados 5 graus de resistência à corrosão de acordo com a EN 1670:

Grau 0 – Resistência à corrosão não definida Grau 1 – Resistência baixa Grau 2 – Resistência moderada

Grau 3 – Resistência elevada Grau 4 – Resistência muito elevada Exemplo: classificação de um retentor electromagnético sem braço de manobra da 3ª categoria de utilização, durabilidade de 50.000 ciclos, apropriado para ser utilizado conjuntamente com uma mola recuperadora automática de força compreendida entre 4 e 6, aplicação em portas resistentes ao fogo/fumo, baixa resistência à corrosão e satisfazendo os requisitos essenciais de segurança das pessoas: 3

5

6 4

1

1

Fig. 2 Exemplo de classificação de um retentor electromagnético, segundo a EN 1155.

APSEI Rua do Conselheiro Lopo Vaz, Edifício Varandas do Rio, Escritório D | 1800 – 142 Lisboa Tel.:+351 219 527 849 | Fax:+351 219 527 851 www.apsei.org.pt | apsei@apsei.org.pt

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1


FICHA TÉCNICA nº20

ACESSÓRIOS PARA PORTAS RESISTENTES AO FOGO RETENTORES ELECTROMAGNÉTICOS PARA PORTAS DE BATENTE DEZEMBRO 2009

CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS GENÉRICAS •O s dispositivos de retenção electromagnética em conformidade com a norma EN 1155 devem poder ser actuados manual ou electricamente, para todos os ângulos de retenção possíveis

•O s dispositivos de retenção electromagnética em conformidade com a norma EN 1155 devem ser alimentados com uma tensão nominal de 24 V em corrente contínua, com uma flutuação máxima de 30% (diferentes tensões de alimentação podem ser autorizadas em função da regulamentação nacional aplicável)

As Fichas Técnicas APSEI estão sujeitas a um processo de actualização contínua, dependente das alterações legais, normativas e técnicas que estejam relacionadas com o seu conteúdo. Certifique-se sempre, antes de aplicar a informação contida nesta Ficha Técnica, de que está na posse da sua última versão.

•Q uando houver uma interrupção da alimentação eléctrica e quando se verificar uma redução de 10% na tensão de alimentação nominal do dispositivo, este deve libertar a porta e permitir o seu fecho. O dispositivo de retenção electromagnética deve libertar a porta nos 3 s seguintes à interrupção da alimentação

• Os dispositivos de retenção electromagnética não devem impedir o fecho das portas •A s molas recuperadoras de braço livre com retenção electromagnética devem ser conforme as especificações da norna EN 1154 e cumprir os requisitos adicionais relativos à utilização em portas resistentes ao fogo/fumo

•O s dispositivos de retenção electromagnética não devem permitir a retenção da porta para ângulos inferiores a 65º (não aplicável a molas recuperadoras de braço livre com retenção electromagnética)

ELEMENTOS IDENTIFICATIVOS Os dispositivos de retenção electromagnética para portas resistentes ao fogo/fumo, em conformidade com a EN 1155, devem ter aposta a seguinte informação:

• Nome ou marca do fabricante, ou outro meio de identificação • Identificação do modelo do produto • Classificação • A potência de consumo e a tensão nominal do dispositivo • Referência à norma EN 1155

Marcação CE: A marcação CE deve ser acompanhada da seguinte informação:

• Número de identificação do Organismo Certificador • Identificação ou marca do fabricante • O endereço do fabricante • Os dois últimos dígitos do ano de aposição da marcação CE • O número do Certificado de Conformidade CE • Referência à norma EN 1155

• Ano e semana de fabrico

• A classificação do retentor electromagnético

Esta informação deve ser aposta, por ordem de preferência, no produto, numa etiqueta afixada ao produto, nas instruções de montagem ou na embalagem. No caso de molas recuperadoras encastradas com retenção electromagnética, as informações acima referidas devem ser visíveis após a desmontagem da placa de cobertura.

Fig. 3 Exemplo de marcação CE de um retentor electromagnético

•A informação de desempenho do dispositivo conforme a tabela ZA.1 da norma EN 1155 A marcação CE e a informação acima referida devem ser incluídas nas instruções de montagem de acompanhamento do produto. Complementarmente, a marcação CE e a totalidade ou parte da informação de acompanhamento podem ser apostas no retentor electromagnético e/ou na embalagem do produto.

Fig. 4 Exemplo de marcação CE de um retentor electromagnético incorporado num sistema com mola recuperadora

2 APSEI Rua do Conselheiro Lopo Vaz, Edifício Varandas do Rio, Escritório D | 1800 – 142 Lisboa Tel.:+351 219 527 849 | Fax:+351 219 527 851 www.apsei.org.pt | apsei@apsei.org.pt


LEGISLAÇÃO

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Legislação Declaração de Rectificação nº86/2009 de 23 de Novembro

Rectifica o Decreto-Lei n.º 295/2009, de 13 de Outubro, do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, que no uso da autorização legislativa concedida pela Lei n.º 76/2009, de 13 de Agosto, altera o Código de Processo do Trabalho, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 480/99, de 9 de Novembro, publicado no Diário da República, 1.ª série, n.º 198, de 13 de Outubro 2009.

Regulamento nº1005/2009 de 31 de Outubro

Regulamento (CE) n.o 1005/2009 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 16 de Setembro de 2009, relativo às substâncias que empobrecem a camada de ozono.

Declaração de Rectificação nº70/2009 de 1 de Outubro

Rectifica a Lei n.º 89/2009, de 31 de Agosto, que procede à primeira alteração à Lei n.º 50/2006, de 29 de Agosto, que estabelece o regime aplicável às contra-ordenações ambientais, publicada no Diário da República, 1.ª série, n.º 168, de 31 de Agosto de 2009.

Decreto-Lei nº266/2009 de 29 de Setembro

Primeira alteração ao Decreto-Lei n.º 6/2009, de 6 de Janeiro, transpondo para a ordem jurídica interna a Directiva n.º 2008/103/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de Novembro de 2008, relativa a pilhas e acumuladores e respectivos resíduos no que respeita à colocação de pilhas e acumuladores no mercado, que altera a Directiva n.º 2006/66/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 6 de Setembro de 2006.

Portaria nº1084/2009 de 21 de Setembro

Aprova o cartão profissional do pessoal vigilante de segurança privada.

Portaria nº1085/2009 de 21 de Setembro

Estabelece os requisitos essenciais para a obtenção de alvará e de licença pelas entidades que requerem autorização para exercer a actividade de segurança privada.

Normalização LISTA DE NORMAS PORTUGUESAS E EUROPEIAS PUBLICADAS NP EN 1154:2009

Ferragens. Dispositivos de fecho de porta com amortecimento. Requisitos e métodos de ensaio.

NP 2626-806:2009

Vocabulário Electrotécnico Internacional Capítulo 806: Gravação e leitura de som e imagens.

NP 2626-808:2009

Vocabulário Electrotécnico Internacional Capítulo 808: Câmaras vídeo excluindo as de radiodifusão.

NP EN 12209:2009

Ferragens para a construção civil. Fechaduras. Fechaduras mecânicas e chapas testa. Requisitos e métodos de ensaio.

EN 1846-2:2009 EN 1999-1-1:2007 EN 15080-8:2009 EN 15269-20:2009

EN 50131-3:2009

Firefighting and rescue service vehicles Part 2: Common requirements - Safety and performance. Eurocode 9: Design of aluminium structures Part 1-1: General structural rules. Extended application of results from fire resistance tests Part 8: Beams. Extended application of test results for fire resistance and/or smoke control for door, shutter and openable window assemblies, including their elements of building hardware Part 20: Smoke control for hinged and pivoted steel, timber and metal framed glazed doorsets. Alarm systems - Intrusion and hold-up systems Part 3: Control and indicating equipment

OUTUBRO A DEZEMBRO ‘09

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AGENDA

PRÓXIMOS EVENTOS SOBRE SEGURANÇA

Agenda JANEIRO ‘10 17 a 19 INTERSEC Dubai International Convention and Exhibition Centre – Dubai, E.A.U. www.intersecexpo.com 28 a 29 9º Congresso Internacional de Segurança e Saúde no Trabalho Centro de Congressos do Porto – Porto, Portugal www.cis2010.org

MARÇO ‘10 002 a 5 SICUR Ifema /Feria de Madrid – Madrid, Espanha www.sicur.ifema.es

ABRIL ‘10 21 E 22 8th International Fire Sprinkler Conference Hotel Hilton – Bruxelas, Bélgica www.eurosprinkler.org

OUTUBRO ‘10 19 A 22 NFPA-APSEI Fire & Security 2010 Centro de Congressos de Lisboa – Lisboa, Portugal www.nfpaportugalconference.com

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