Akikolรก
02
Ano de Promoção da Vocação Missionária Redentorista (1º de agosto de 2013 – 09 de novembro de 2014) Tema: Testemunhas e Missionários da Redenção. Lema: Jesus te chama por teu nome (cf. 1 Sm 3) para proclamar o ano da graça do Senhor (Lc 4,18).
“C
omo testemunhas e missionários da Redenção, pedimos a Deus que renove nossa vocação individual e, sobretudo, como “um único corpo missionário’” (Const. 2). Na tradição de Santo Afonso, os grandes mistérios da redenção são: a Encarnação (a humanidade impregnada da presença de Deus, cf. Const. 19),
a Paixão (compromisso e dom de si mesmo aos demais em Jesus Cristo, cf. Const. 48-50) e a Ressurreição (vida nova, presença permanente e transformação no espírito, cf. Const. 51 e 56)”. Assim, o Superior Geral, Pe. Michael Brehl, C.Ss.R. escreve em sua carta aos Redentoristas, motivando a vivência do Ano Vocacional.
Expediente: Coordenação: Pe. Vicente de Paula Ferreira, C.Ss.R. Jornalista Responsável: Brenda Melo - MTB: 11918 Colaboração: Luiz Henrique Freitas - MTB: 16778 Projeto gráfico: SM Propaganda Ltda Impressão: Gráfica América Tiragem: 2.000 exemplares
02
Akikolá
Depois das Jornadas Afonsiana e Mundial da Juventude, transcorridas com tão singular entusiasmo, essa notícia chega como oportunidade de aprofundar projetos, firmando os passos nas pegadas de Cristo Redentor. O convite é para todos, porque trata-se de renovar a vocação missionária como parte essencial da experiência cristã. Sem acomodações, o que se busca é uma Congregação motivada a evangelizar, rompendo fronteiras e acomodações. Vida nova que emana do próprio espírito da reestruturação que é a chama que está aquecendo os corações redentoristas. Muito bom isso: esperança de novos tempos. E aqui estão os três eixos ao redor dos quais devem girar as iniciativas do ano vocacional, ou seja, encarnação, paixão e ressurreição. A encarnação é o mistério que compreende o humano como morada do divino. Jesus, Filho de Deus, fez-se homem. Divindade esvaziada; humanidade exaltada. Encontro que faz da carne dos homens o espaço aberto de acolhida do infinito. Vocação primeira: vida é dom a ser cultivado, compartilhando atitudes como bondade e amizade. E tal caminho deve passar pelo amor oblativo que encontra referência maior na paixão de Cristo. Ele passou fazendo o bem, curando os doentes, visitando os pobres, perdoando os
Akikolá
Símbolo que percorrerá as comunidades redentoristas no mundo.
pecadores. Não há sentido grande para uma existência se ela não se joga ao serviço do irmão. E na doação, a Cruz será levada como força de vida compartilhada até o alvorecer da ressurreição, horizonte que permanece para além dos obstáculos tantos. Alicerçadas no tripé da encarnação - paixão - ressurreição, as escolhas cotidianas darão sentido ao viver. Há um caminho a percorrer, então. E lembre-se: a fé cristã é sempre um convite primeiramente a escutar as interpelações de Deus. Geralmente, elas chegam como pergunta: “Senhor, que queres que eu faça?”. E culminam, depois de buscas e discernimentos, na generosidade do discípulo que ousa dizer “eis-me aqui”. Resposta que possibilita a todos serem missionários, anunciadores da Copiosa Redenção em variadas formas de vida. Eis o tempo da graça do Senhor! Pe. Vicente Ferreira, C.Ss.R. Superior Provincial
03
Pe. Michael Brehl, C.Ss.R. Superior Geral Redentorista fala sobre fé, juventude, a renovação da Igreja com o Papa Francisco e as expectativas para o Ano Vocacional. durante sua visita e entrevistas. Parece claro para mim que os jovens escutaram este desafio do Papa. A partir da resposta que deram na missa final na qual o Papa Francisco os enviou para serem missionários, eu penso que eles aceitaram esse chamado. É nossa responsabilidade ajudar e confirmá-los nessa vocação. Eles precisam que os acompanhemos, que os respeitemos e que os deixemos viver sua vocação plenamente, com toda nossa ajuda.
Os jovens foram convocados pelo Papa Francisco para serem protagonistas da Igreja. Como o senhor avalia esse momento tão especial da fé no meio das novas gerações? Ser protagonista é tornar-se um agente, participante ativo na vida e missão da Igreja. Em cada nova geração, é importante para os jovens entregarem-se a esse chamado. Do contrário, a juventude permaneceria simplesmente como membro passivo ou, às vezes, ficando completamente de fora. A mensagem essencial e a missão da Igreja não mudam, mas devem ser renovadas em cada nova geração. Respeitamos os ministros e testemunhas das gerações anteriores, mas a Igreja tem sempre a necessidade de renovar-se, justamente como o Santo Padre insistiu
04
O Papa conquistou o coração dos fiéis e os reanimou na fé. O senhor acredita em uma nova era na Igreja? Sim, o Papa conquistou o coração do povo presente na Jornada Mundial da Juventude e de muitos outros que o escutaram. Sua simplicidade, sua sinceridade e seus poderosos e proféticos gestos ganharam meu coração também. Francisco fala de uma renovada proximidade com o povo, de um caloroso relacionamento entre pastores e povo e de uma real e honesta comunicação. Ele diz que nós devemos comunicar com atitudes reais e não simplesmente por documentos. Nós não podemos ter medo da ternura, da amizade, da abertura, de riscos. Ele vive essa mensagem. Nós o vimos no papamóvel abraçando crianças, bebendo mate, aceitando bandeiras e outros presentes. Ele não tem medo de tocar, de abraçar, de estar próximo das pessoas.
Akikolá
Eu acredito que esta é uma nova era para a Igreja e para a humanidade. É um claro chamado para renovar. Às vezes, eu sinto como os discípulos na estrada de Emaus: “Não ardia nosso coração quando ele estava conosco?”. Como o Papa insiste, se Jesus caminha conosco, não há nada para temer! Ele não nos abandonará jamais e essa é a fonte de nossa esperança. Qual é a sua avaliação da Jornada Afonsiana, que reuniu milhares de jovens redentoristas em Aparecida? A Jornada Afonsiana foi um dia maravilhoso e uma maravilhosa celebração. Ela é uma única e muito especial oportunidade para reunir jovens que partilham do carisma e espírito redentoristas e os padres, irmãos, irmãs e missionários leigos, que trabalham com eles no ministério da pastoral da juventude. Esta é a segunda vez que tivemos a Jornada Afonsiana durante a Jornada Mundial da Juventude. Cada vez, nós aprendemos alguma coisa a mais sobre organização e como fazer ainda melhor. Há desafios com línguas, com logísticas e acomodações. Mas o Comitê Organizador fez um trabalho maravilhoso. Eu pessoalmente sou muito agradecido ao Irmão Pedro Magalhães e a todos os outros que trabalharam dia e noite simplesmente para cuidar dos outros. Eu estou verdadeiramente orgulhoso de ver a dedicação da família redentorista no ministério da pastoral da juventude. E de fato, aproveitei a Jornada Afonsiana em Aparecida. Obrigado aos Missionários Redentoristas do Brasil e aos voluntários. O que podemos esperar do Ano Vocacional na Congregação? O propósito para um ano vocacional especial veio de uma reunião no Brasil. Isso acendeu toda a Congregação Redentorista no mundo. Pessoalmente, estou cheio de esperança quando penso nesse ano.
Akikolá
Primeiramente, deve ser um ano de renovação para todos os missionários redentoristas professos, padres, irmãos e estudantes. Este será um ano para refletir e aprofundar o compromisso com nossa vocação missionária redentorista. Somos missionários! Tudo que fizermos deve ser feito para seguir nossa missão. E a missão é levar a boa nova de Jesus Cristo e a Copiosa Redenção a todas as pessoas (const. 1). Nós somos testemunhas e missionários da redenção. Então, acima de tudo, este é um ano para nossa renovação como confrades individuais e como um Corpo Missionário (const. 2). Esta mensagem da Copiosa Redenção deve ir além, com palavras e ações que libertam a pessoa humana inteira. Segundo, este é um ano para fortalecer e aprofundar nossa colaboração com muitos membros da Família Redentorista - irmãs, leigos, jovens. Nós somos chamados a criar um espaço onde o Espírito Santo pode construir comunidades (const. 12) que seguem Jesus, o Redentor, com alegria e esperança. Terceiro, este ano convida outros para dedicarem-se à MISSÃO como missionários redentoristas, membros professos na Congregação, irmãs e missionários leigos que participam conosco. Estou convencido de que Deus está nos chamando para a renovação. Nós devemos alegremente convidar outros para partilhar e colaborar conosco nessa grande aventura. Eu posso testemunhar que, com Jesus, o redentor no centro, nossa vida será plena de alegria e esperança, com desafios e oportunidades, e acima de tudo, com amor e amizade. Então, nós podemos esperar um maravilhoso e importante ano e espero que nós também sejamos surpreendidos por Deus em caminhos que não podemos imaginar hoje. Brenda Melo Juiz de Fora, MG
05
Entrevista
Entrevista
Jornada Afonsiana
A
Jornada Afonsiana que aconteceu no dia 22 de julho de 2013 em Aparecida, SP, reuniu aproximadamente dois mil jovens de todas as (Vice) Províncias Redentoristas do Brasil e de diversos países. Muita alegria e descontração com as apresentações da Banda Diaconia e do cantor Maércio Lopes. As músicas aproximaram e estabeleceram uma grande interação entre todos os grupos presentes no evento. Na parte da manhã, a Banda Dikasa e jovens redentoristas da Província do Rio apresentaram duas danças, em uma delas a coroação de Maria. Na parte da tarde a consagração a Nossa Senhora Aparecida feita pelo Pe. Tiago de Melo, C.Ss.R
06
da Vice Província de Recife, emocionou os jovens no Santuário Nacional. A presença do Superior Geral da Congregação do Santíssimo Redentor, o padre Michael Brehl, C.Ss.R. enriqueceu a Jornada. Ele, pela manhã, fez uma partilha e, no final do dia, presidiu a missa de encerramento no Santuário Nacional. Em suas palavras, o Superior destacou o chamado de Deus para o anúncio do evangelho e pediu para que os jovens aceitassem seguir o exemplo de Santo Afonso. Durante a missa, o Pe. Provincial de Minas, Rio e Espírito Santo, Vicente Ferreira, C.Ss.R. lembrou que os trabalhos com os jovens não se encerram na Jornada, mas
Akikolá
devem ganhar ainda mais destaque em cada (Vice) Província. Sentimento compartilhado pelo jovem da Província de Goiás, Fraylson Portela: “agora é seguir com os trabalhos, a ideia é que todo o pessoal continue vivendo encontros em Trindade, levando para os nossos grupos o que vivemos e aprendemos em toda essa caminhada. A nossa missão é levar a palavra de Deus aonde for necessário”. Para o Pe. Anísio Tavares, da Província de São Paulo, valeu a pena todo o esforço: “foi uma experiência muito boa com a Juventude Redentorista do mundo todo. Foi um dia sonhado, planejado e que, Graças a Deus, aconteceu. Fizemos o possível, nos desdobramos e vivemos esse momento bonito, não só de trabalho, mas de encon-
tro, partilha e festa. Uma honra ter a presença do Geral aqui e finalizar a Jornada Afonsiana junto com a chegada do Papa ao Brasil”. O trabalho da Comissão Nacional da Juventude Redentorista continua. No dia 1º de agosto, na festa de Santo Afonso, iniciou-se o Ano Vocacional Redentorista em todo o mundo.
Luiz Henrique Freitas Juiz de Fora, MG
Aniversariantes do Mês 11/08 – Fr. Alfredo Viana Avelar, C.Ss.R. 14/08 – Pe. Braz Delfino Vieira, C.Ss.R. 18/08 – Pe. José Carlos Campos, C.Ss.R. 18/08 – Pe. Flávio Leonardo Santos Campos, C.Ss.R. 28/08 – Fr. Fagner Dalbem Mapa, C.Ss.R.
Akikolá
07
toda maneira, pesca naqueles tempos era atividade própria de pequenos.
Entre Homens e Peixes Ah peixes, esses animais que nos retratam e também dizem algo de Deus. Segundo certos sábios, os peixes escutam bem, mas pouca gente lhes dirige a palavra. Santo Antônio pregou aos peixes, cansado da surdez dos homens. Pe. Antônio Vieira se inspirou no santo, seu patrono, e falou aos ouvintes surdos como se fossem peixes que escutam. Ao que tudo indica, Jesus passou ordens silenciosas a eles. Seja o que for, fábulas, alegorias e parábolas envolvem peixes: somos simbolizados por eles. É que somos simbolizadores: dadores de significado. Felizes os que tangenciam o poético e se deixam tocar pelo Mistério da vida. Somos capazes de Deus. A Galileia de Jesus Jesus, o de Nazaré, artesão como o pai José, viveu até os seus trinta anos em um povoado, região montanhosa da Baixa Galileia. Entre morros e terra cultivada: videiras de uva preta, oliveiras e figueiras; plantio também de trigo e cevada com espaço para legumes e verduras. É fácil imaginar Jesus subindo e descendo vielas e trilhas, em meio a uns quinhentos habitantes, espalhados. Um mundo agrícola e de vizinhanças
08
domésticas muito bem conhecidas por ele e retratadas em suas histórias de vida, histórias de ensinar as coisas do Pai e do Reino. Entre pessoas do campo, gente honrada, cresceu e ganhou a vida como artesão na feitura de objetos e móveis de necessidade. Este seu canto de terra, pequeno mundo, os da cidade desconsideravam. Assim é que Jesus fica mal visto em Israel: - De Nazaré pode sair alguma coisa boa? Um desfiladeiro conduzia em rápida descida ao lago de Genezaré, esse mar de Tiberíades. Ainda hoje em Israel, leio a informação, “existem 36 espécies de peixes vivendo em suas águas doces, além de 140 espécies no Mar Mediterrâneo e 1270 no Mar Vermelho”. Já sabemos que as escrituras bíblicas não especificam nomes nem características das espécies de peixes, vetados para a oferenda no Templo. Então, intriga constatar: Jesus escolhe entre pescadores seus discípulos. Quais seriam as razões? Não são de seu povoado rural, gente do campo. Motivos a se desvelar. Talvez por serem trabalhadores que lidam com intuições, persistem e carregam certa dose de ousadia, essa de viver em equilibração sobre águas em ondas mansas e bravias, este campo líquido escondendo riquezas a se pescar. De
Akikolá
Jesus e seus discípulos pescadores “Shemá Israel. Escuta Israel: amarás...”. Com os discípulos pescadores mostrará o sentido profundo que seu olhar divisava no afã da pesca e nas significações da abundância de peixes pescados. Os peixes são marcos sinalizadores da proposta de Jesus: a vinda do Reino, a vida no Reino do Pai, Abba querido, e a vida pelo Reino. Os peixes sinalizarão o que seja tornar-se “pescador de homens”. Lc 5,1-11. Num barco de Simão, sentado, Jesus ensinava o povo. Soavam diferentes seus dizeres tocando as fibras da alegria, na leveza de percepções novas, aliviando fardos legalistas e divisando horizontes: a liberdade da boa notícia sobre Deus. Falou e a seguir propôs a Simão: - Rema águas adentro e lança as redes para pescar. Troca de olhares entre Simão e parceiros, uma vez que mourejaram noite inteira sem nada pescar. Tocados de alguma forma, foram a pescar. E veio o espanto porque as redes cheias por pouco não se rompiam. Com o espanto, o temor sagrado: - Afasta-te de mim, Senhor, pois sou pecador. Que afastar, que nada. Aproximar-se é a lei do Reino. E a aproximação é passo de amor. Então: De agora em diante serás pescador de homens. Não temas. Está subentendido que peixe é alimento do povo e cuja abundância não lhe pode ser negada. A pesca abundante celebra o sentido
Akikolá
da chegada do Messias, a vinda de um reino tão esperado. Bem-aventurados... Ainda hoje, dois milênios passados, a surpresa maior de Deus nos escapa: somos aceitos sem condições, somos enviados sabendo-nos bem menores que a missão de amar a todos e conviver além dos laços de sangue, fraternalmente. Difícil esta justiça do Reino! Igualmente desafiadora. A gente acampa com a maior facilidade a meio declive quando o apelo é por justiça e solidariedade. E a gente não sobe a Montanha por não se importar com os peixes cá de baixo. Ah peixes, que vocação é esta, a do cristão, para pescas abundantes quando em nome Dele ousamos subir, indo de uma montanha para outra: do Sinai com seu decálogo ao monte Tabor com suas bem-aventuranças. Que difícil esta Nova Aliança. Jo 21,1-14. O episódio dos peixes no início do Reino que era aproximado por Jesus encontra outra modalidade no final dos trabalhos de Jesus. Peixes uma vez mais, agora num contexto de desolação. A vida pareceu aos ex-discípulos, seguidores de Jesus, um naufrágio. Eles que haviam deixado barcos e redes, retornam amargurados ao ofício da pesca. Prejuízo de três perdidos anos, indo de um canto a outro, vivendo na esperança e acabaram por ver o Mestre ser crucificado. Como doía-lhes o fim trágico de Jesus. E como angustiava-os o haverem se enganados com ele. Simão, ele de novo, desolado decidiu: vou pescar. (Estava dizendo: não fico aqui roído de decepção e nessa con-
09
Espiritualidade
Espiritualidade
NO ANO DA FÉ
10
mo quando há desolação. O reino dos céus é semelhante a... Em nossas vidas de cristãos, a presença de Jesus ressuscitado a nos esperar em todos os trajetos e nas piores curvas e até mesmo em descaminhos. Ele, a nos reunir para sua Eucaristia, a alimentar-nos para a missão que outra coisa não é que a uma experiência de amor: amá-lo, ouvir sua voz a nos propor trocas: ódio por paz, raiva por proximidade, desencanto por esperança, descrença por confiança, abandono por cuidado. Ele nos faz pescadores. Somente Ele nos pesca para o Reino. Somos seus peixes prediletos. Nossa igreja como uma barca... Ah, não é; a vida não é “uma paixão inútil”. Singrando os mares da vida, Ele nos aguarda à margem de nossos cansaços e desilusões. E oferece-nos um fogo aceso, pão e peixe abençoados, forças de transformação. É assim que nos revela o Pai que o enviou: - Qual de vós, se o seu filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou se lhe pedir peixe lhe dará uma serpente? Mt 7,9. O Pai dos céus dá boas coisas aos que lhe pedirem. O Reino se pauta na história como uma pescaria marcada pela dadivosa abundância. Audaciosas e discretas astúcias de Deus. Por nós! Minha jangada vai sair pro mar Vou trabalhar... Pe. Dalton Barros, C.Ss.R Belo Horizonte, MG
Akikolá
Jornada Mundial da Juventude
Espiritualidade
versa sem fim). Os outros se unem a ele: - Nós vamos com você. E tudo parecia se repetir, sem se renovar. Singraram as águas e naquela noite nada pescaram. Estão de volta à praia, amanhecendo. Uma escuridão de desenganos os envolvia. Desolados, de novo juntos, talvez emudecidos. Era o grupo inicial com o qual tudo começara. Atroz recordação. Mas faltava mesmo Jesus, uma ausência que cegava e feria. No entanto, Alguém os esperava na praia. Era Jesus, e eles não sabiam. E próximo, acerca-os e solicita: - Hei, vocês têm aí alguma coisa para comer? (A fome era de quê? E quem estava com fome?). A resposta veio seca, com aso de pouca conversa: NÃO. Em tom sereno e seguro, a voz afetuosa se fez ouvir, sugerindo: Porque não lançam a rede à direita do barco? (Aquela voz naquela outra noite... e se fosse possível?). Um vislumbre grupal faiscou esperança sem troca de olhares, e os fez lançar as redes. E quase não tinham mais forças para recolhê-las tão cheias estavam. Alguém intuiu, como costumava ser outrora, e sussurrou a Simão: É O SENHOR. Era, porque havia brasas acesas, pão e peixe os esperando. Refeição preparada. Sempre a nutri-los! – Peguem mais alguns peixes do pescado de agora. E venham comer. Céus, era preciso desvestir a cobertura da escuridão e entrar na luz que amanhecia a seus olhos: ressurreição. A pesca no cotidiano do Reino. Peixes saltando, sobrando. Parece a simbologia da Pirapora (pirá= peixe, pora=salto). Delícias do Reino que vem da água, da permanência juntos, mes-
Papa visita Santuário Nacional de Aparecida
A
agenda oficial do Papa Francisco na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) teve início com a visita ao Santuário Nacional de Aparecida (SP), na manhã do dia 24 de julho, onde milhares de fiéis o receberam, debaixo de muita chuva. Quase 17 horas antes de sua chegada, já formava-se uma fila com dezenas de romeiros ao redor do Santuário. O frio de cerca de 10º não foi empecilho para a romeira Manuella Santos se juntar à multidão em busca de um lugar mais perto do Papa. “Enfrentei muita chuva, passei bastante frio, o acesso estava bem confuso, mas tudo valeu a pena. Poder vê-lo, sentir a paz que ele transmite é gratificante”, afirmou a jovem. O Pontífice chegou de helicóptero a Aparecida e seguiu para a Basílica de
Akikolá
papamóvel, passando pelo povo que estava do lado de fora do Santuário. Na Capela dos Apóstolos, localizada atrás da imagem de Nossa Senhora Aparecida, o Santo Padre fez uma oração e ofertou flores para Maria. Em seguida, presidiu a Celebração Eucarística no altar central da Basílica. Em sua homilia, Francisco falou da força da juventude e pediu aos pastores do povo de Deus, aos pais e educadores que transmitissem aos jovens os valores que “farão deles construtores de um país e de um mundo mais justo, solidário e fraterno”. Para isso, o Papa sugeriu três posturas simples: conservar a esperança, deixar-se surpreender por Deus e viver na alegria. Pe. Anísio Tavares, Redentorista da Província de São Paulo, concele-
11
12
Feira Vocacional
A fiéis que rezassem por ele e prometeu voltar em 2017, ano que marca o aniversário de 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida por pescadores. Logo após, seguiu de papamóvel pelas ruas da cidade em direção ao Seminário Bom Jesus, onde almoçou com sua comitiva papal, bispos da região e seminaristas. No final da tarde, o Santo Padre embarcou para o Rio de Janeiro a fim de dar continuidade às atividades da JMJ. A visita ao Santuário Nacional de Aparecida, maior Santuário Mariano do mundo, foi um pedido pessoal do Pontífice, que tem uma forte devoção por Maria. Ele é o terceiro papa a visitar o Santuário. João Paulo II, em 1980, e Bento XVI, em 2007, conheceram o Santuário, que é animado pelos Missionários Redentoristas de São Paulo.
Brenda Melo Juiz de Fora, MG
Akikolá
Feira Vocacional foi realizada de 23 a 26 de julho, na Quinta da Boa Vista (Rio de Janeiro-RJ), integrando as atividades da JMJ. O objetivo do evento foi levar aos jovens informações que os ajudassem a entender o sentido e a missão de suas vidas, através da exposição de cerca de 100 congregações, comunidades e movimentos religiosos. Além da distribuição de panfletos e brindes, foram oferecidos momentos de adoração, música, palestras e convívio. O evento foi marcado pela criatividade e animação dos expositores, interagindo e divulgando seus carismas aos milhares de peregrinos que visitaram a feira. O espaço contou, ainda, com confessionários confeccionados especialmente para a JMJ e uma tenda para adoração ao Santíssimo Sacramento. No dia 26, o Papa Francisco visitou a feira e atendeu cinco jovens para confissão. A Congregação Redentorista marcou presença na Feira Vocacional com um stand e um balcão. Missionários Redentoristas, Irmãs Oblatas do Santíssimo Redentor e Irmãs Mensageiras do Amor Divino formaram o espaço da família redentorista no evento. “O saldo é muito positivo. Tivemos a chance de estar com os redentoristas da Bolívia e da Argentina, com jovens vindos de diversas realidades e também com aqueles que viveram nossas missões. Fica a gratidão de que valeu a pena e que vale continuar insistindo na di-
Akikolá
vulgação para que o jovem conheça o nosso carisma e contribua no surgimento de novas vocações”, afirmou o Promotor Vocacional da Província do Rio, Pe. Edson Alves, C.Ss.R. A opinião foi partilhada pela Irmã Joana, Oblata: “Valeu a pena! À medida que vai passando o tempo, a gente fica mais entusiasmada para o seguimento a Jesus”. Para a Irmã Maria Inês, Superiora Geral das Mensageiras do Amor Divino, o interesse dos jovens foi grande. “Eles procuraram bastante. É bom ver que a juventude está atrás de um caminho, de uma resposta, de uma palavra para a sua vida. Por isso, acho que essa feira foi providencial. Os jovens encheram suas sacolas com material de divulgação e eu tenho certeza de que eles vão ler em casa, vão discernir e recordar o que viram de mais atraente, levando, assim, a sua vida para o serviço ao Reino de Deus”, disse a religiosa. Brenda Melo Juiz de Fora, MG
13
Jornada Mundial da Juventude
Jornada Mundial da Juventude
brou com o Pontífice e, logo após o ofertório, segurou uma das âmbulas com as hóstias, no momento da consagração do pão e do vinho. O sacerdote ficou muito feliz com o convite feito pelo Pe. Valdivino Guimarães, Prefeito de Igreja do Santuário Nacional, que escolheu quatro padres jovens para esse momento da celebração, entre eles, o Pe. Anísio. “Eu acolhi como um presente, pois ainda não tenho nem um ano de padre e tive a oportunidade de concelebrar com o papa, o que é uma alegria. Estou radiante!”, revelou. Alguns Redentoristas da Província do Rio também concelebraram. Entre eles, o Pe. Paulo Sérgio Carrara, que se deslocou de Belo Horizonte (MG) para o encontro do Papa em Aparecida. “A presença do papa é muito importante, ele é o pastor supremo da Igreja. Para o Brasil está sendo um momento muito importante de fé e de demonstração dessa nossa pertença à Igreja de Jesus, liderada por ele. Esperamos que depois dessa visita, tenhamos uma Igreja ainda mais viva, mais evangelizadora, mais voltada para os jovens”, afirmou o Redentorista. Terminada a missa, o Pontífice se dirigiu para a parte externa do Santuário, na Tribuna Bento XVI, onde deu a benção aos romeiros que estavam do lado de fora. Francisco pediu aos
M
ais de 3 milhões de jovens de diferentes culturas unidos em um único objetivo: a fé. A Jornada Mundial da Juventude (JMJ), realizada de 23 a 28 de julho, no Rio de Janeiro (RJ), reforçou um pedido especial do Papa Francisco: que a juventude vá para as ruas, em nome da Igreja, anunciando sua fé. Em meio às adversidades encontradas durante todo o evento, como filas gigantescas para entrega de kits, falta de infraestrutura no transporte carioca, tempo chuvoso, entre outros fatores, os peregrinos respondiam com animação, sorrisos e músicas. A paz transmitida por essa multidão tocava os corações de quem, de alguma forma, acompanhou esse evento. Milhares de fiéis aguardavam o Papa em todos os trajetos percorri-
14
dos pelo papamóvel. Mesmo debaixo de chuva, eles esperavam horas para ver o Santo Padre. “Estar na Jornada Mundial da Juventude e poder ver o Papa bem de perto é inexplicável. Valeu cada hora de viagem. É uma sensação que a gente gostaria de sentir sempre!”, afirmou um grupo de jovens de Iúna (ES). Acolhido pela multidão, ele parou algumas vezes para saudar os peregrinos. Tamanha foi a emoção de uma família carioca que conseguiu chegar um pouco mais perto do Pontífice: “Ter os filhos beijados pelo Papa foi uma benção muito grande! Até agora estou tremendo, esperei tanto por isso!”, festejou a mãe da criança beijada por Francisco. O Sumo Pontífice conquistou, definitivamente, o coração dos fiéis.
Akikolá
Akikolá
foi uma experiência enriquecedora que nos ajuda a levar ainda mais adiante o propósito de evangelizar”, declarou o Redentorista. Segundo o Provincial, as palavras do Santo Padre servirão como motivação em sua missão evangelizadora: “Guardei a frase em que ele disse para não deixarmos os jovens dentro da igreja e, sim, enviá-los para as missões nas periferias e deixá-los levar a Palavra de Deus. Isso nos toca muito, pois somos de uma congregação missionária que é a Congregação Redentorista”. Padre Vicente concelebrou também na Missa de Envio, realizada na manhã do dia 28 de julho, em Copacabana, na companhia do Superior Geral Redentorista, Pe. Michael Brehl, e do Conselheiro Geral, Pe. Alberto Eseverri. No final da celebração, que encerrou as atividades da JMJ, o Papa anunciou o local da próxima Jornada Mundial da Juventude, em 2016: Cracóvia, na Polônia, terra natal de João Paulo II. A expectativa, agora, é que a missão evangelizadora com a juventude cresça cada vez mais, fazendo dos jovens os verdadeiros protagonistas da Igreja. “A semente foi plantada e ela tem que germinar! A força da juventude só tem a crescer com a realização da JMJ”, afirmou a jovem Isabel Sousa, uma das voluntárias do evento. Brenda Melo Juiz de Fora, MG
15
Jornada Mundial da Juventude
Jornada Mundial da Juventude
A Juventude do Papa
Seu carisma, sua simplicidade, o sorriso honesto, a forma acolhedora como se aproximou das pessoas e o jeito de ser “gente como a gente” cativou a população, fazendo renascer a esperança de dias melhores. Em seus discursos, palavras de conforto e sabedoria ditas de forma simples, objetiva e motivadora, o Papa disse aos jovens: “A partir do testemunho de alegria e de serviço de vocês, façam florescer a civilização do amor. Mostrem com a vida que vale a pena gastar-se por grandes ideais, valorizar a dignidade de cada ser humano e apostar em Cristo e no seu Evangelho”. A presença redentorista da Província do Rio ficou a cargo da Juventude Redentorista nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo, além de diversos padres e irmãos. O Superior Provincial, Pe. Vicente Ferreira, C.Ss.R., foi um dos convidados da missa fechada realizada no dia 27, na Catedral Metropolitana, com a presença de cerca de 700 bispos, 3.200 padres e diáconos, 400 religiosas e 500 seminaristas. “Muitas pessoas gostariam de participar, mas o espaço não comportou todo mundo. Então, agradeço a Deus a oportunidade de ter sido sorteado para ser um dos concelebrantes e estar junto ao Papa. Uma experiência muito contagiante de estar perto do nosso pastor maior. Para mim, escutar a mensagem, a oração muito simples e afável do Papa Francisco e estar junto dos meus colegas
Basílica de São Geraldo Curvelo, MG
02
Akikolá