Akikolá - Outubro/2013

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Silêncio poético!

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barulho nem sempre expressa o que de mais agudo existe no mundo dos homens. Palavras, ritmos agitados, passos inquietos podem apenas ser sinais incompletos de fontes mais profundas. No silêncio é que moram os mistérios dos dizeres. Por detrás das representações, habita germe sagrado, sopro vital e de sentido inesgotável. “Não dito” que acompanha, feito penumbra, nomes de pessoas e coisas. Infeliz de quem somente aprendeu e se acostumou com a fala corriqueira, com aquilo que todos comentam. São repetidores; não sentiram a beleza de uma palavra nova, quando nasce. Não sabem o que é poesia. Tornaram-se viciados em vocabulário, não suportando calar a voz para uma escuta mais atenta.

Palavra bem dita, que não é apenas repetição, deve ser gerada em solidão. Quieta, germina a semente; na espera, cresce a criança; no vazio, nascem linguagens. Somente quem aprendeu a estar sozinho, na imensidão da existência, pode saborear arte e criar. Dom grande, que Deus dividiu com seus filhos, foi o da poesia. Ele, poeta maior; o homem, imagem, parceiro de obra. Diante de crises, da ferida aberta, da impotência do logos, ou se cria, ou se perde. Todavia, a criação não chega depressa. Tem que ser atentamente modelada e com esmero. Por vezes, não sem sofrimento. Em terreno de gente, novidade só chega quando há despojamento. Quando a flor desabrocha, feito metamorfose, é porque já abriu mão de roupa velha.

Expediente: Coordenação: Pe. Vicente de Paula Ferreira, C.Ss.R. Jornalista Responsável: Brenda Melo - MTB: 11918 Colaboração: Luiz Henrique Freitas - MTB: 16778 Projeto gráfico: SM Propaganda Ltda Impressão: Gráfica América Tiragem: 2.000 exemplares

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Que grande poeta, Jesus de Nazaré! N´Ele, tudo renova-se, na acolhida do avesso das aparências. Pobres, pecadores, doentes são vistos sem clichês. Jesus enxerga o coração, acolhe a pessoa mesma. Em sua kênosis, na ausência de qualquer ilusão, deixa claro que somente o espírito enche as coisas de beleza e não as pretensões onipotentes. Por isso, ensina que é feliz aquele que, perdendo voz e vez, mantém-se na confiança amorosa. Aliás, sua cruz redentora salva porque revela que a fraqueza, em Deus, é forte. De alguma forma, decreta, assim, que todo amor verdadeiro é impotência, frágil, mas divino porque alimenta-se de céu, único lugar de onde pode vir o milagre que salva.

Então, companheiro, que poesia habita seu silêncio? Não deixe morrer a profundidade humana que o alto lhe concedeu. Mas cuidado porque, depois de grande, é preciso renascer menino. Lembre-se de que no lago da existência não moram somente certezas, já conhecidas. Há também o inominável que, quando aceito, faz gerar coisas novas; quando recusado, causa tormento. E mais, não fuja da dor de si mesmo e nem recuse os sofredores da história. Caso isso aconteça, o melhor da humanidade despede-se, deixando a curta existência sem sentido. Afinal, a finitude é casa humana comum na qual mora Deus, fonte criadora, poesia silenciosa.

Pe. Vicente Ferreira, C.Ss.R. Superior Provincial

Aniversariantes do Mês 18/10 .... Pe. José Luciano Jacques Penido, C.Ss.R. 23/10 .... Pe. Paulo Sérgio Carrara, C.Ss.R. 24/10 .... Pe. Dalton Barros de Almeida, C.SsR. 27/10 .... Pe. Vicente de Paula Ferreira, C.Ss.R.

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Sandra Hansen

Entrevista

Em outubro de 1953, Pe. Jaime Snoek, C.Ss.R. inaugurava a Assistência Social Nossa Senhora da Glória, em Juiz de Fora (MG). Hoje, popularmente conhecido como Ambulatório da Glória, a entidade completa 60 anos e ajuda, a cada dia, mais pessoas. A entrevistada do Akikolá deste mês, Sandra Hansen, é coordenadora do Ambulatório e nos conta mais sobre esse bonito trabalho realizado na Congregação Redentorista.

Sandra, como o Ambulatório chega nestes 60 anos? Muito bem estruturado, na parte física e no quadro de funcionários, buscando sempre o melhor para as pessoas carentes que procuram a Assistência Social. A direção é da Igreja da Glória e, desde 2004, contamos com a coordenação das Irmãs da Congregação de Santa Catarina.

e roupas. Além das oficinas que ensinam as pessoas a terem um ofício. Existe uma triagem dessas pessoas que recebem a ajuda?

Sim. A ajuda é feita para aqueles que não tem condições financeiras. Toda pessoa que chega conversa com nossa assistente social que vai dizer como o Ambulatório deve ajudá-la. Caso não Qual tipo de ajuda o Ambulatório tenhamos condições de ajudar, encaminhamos para outros luoferece? gares que trabalham em parceria Hoje nós temos diversos aten- conosco. dimentos voluntários: médicos (pediatras e clínico geral), dentis- O que falar do fundador padre Jaitas, psicólogos, fonoaudiólogos, me Snoek, C.Ss.R.? nutrição e fisioterapia. Distribuição de cestas básicas, remédios Há uma memória agradecida de

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todos que ali trabalham ou trabalharam. O nome do Pe. Jaime, quando dito, todo mundo se lembra e tem uma história para contar. Acho que nada que a gente fizer, nenhuma homenagem seria suficiente para expressar nossa gratidão e nosso carinho.

E como fazer para ajudar?

O Ambulatório possui um sistema de contribuição que se dá através do nosso carnê. A contribuição é livre e todos podem adquirir o carnê na Igreja da Glória ou no próprio Ambulatório. Podem também E o que esperar para o futuro do levar roupas, alimentos ou reméAmbulatório? dios; tudo lá é aproveitado. E claro, quem quiser ser voluntário será Muito trabalho... Acredito que po- muito bem vindo. Nosso enderederemos continuar contando com ço é Rua Feliciano Pena, número as diversas ajudas das pessoas. 187, bairro Mariano Procópio, em Ajudando uma Assistência Social, Juiz de Fora (MG). você está ajudando realmente Luiz Henrique Freitas Juiz de Fora, MG

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Entrevista

a quem precisa. É importante a gente contar com esse apoio, já que a Obra não recebe ajuda de instituições financeiras, do poder público, contando somente com os voluntários e doações. Durante esses 60 anos, construímos uma credibilidade que nos dá a esperança de viver, pelo menos, mais 60.


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O mês de deserto no Ano SPES

ara todos os formandos do pré-noviciado na Província do Rio, Minas e Espírito Santo, o mês de Agosto é conhecido como mês Afonsiano e sempre é marcado por uma experiência fundamental em nosso trajeto vocacional: o “mês de deserto”. Nessa etapa, somos chamados a sair das comodidades cotidianas dos grandes centros urbanos e nos inserir em uma realidade completamente diferente das outras vividas por nós até o momento. Durante 30 dias, abrimos mão das tecnologias, das pessoas de nosso convívio cotidiano e de nossa cultura de origem para vivermos no aconchego de uma família de realidade humilde e rural. Esse ano, foi a nossa tão esperada vez. Os formandos Julio Nascimento da Província Redentorista de Porto Alegre, Rodrigo Costa e eu, Benedito Brandão, ambos da Província do Rio de Janeiro, saímos da cidade de Coronel Fabriciano (MG), em direção à pequena cidade de Josenópolis, que fica a 3 horas da cidade de Montes Claros, no norte de Minas Gerais. Vivemos momentos inesquecíveis junto às pessoas que ali conhecemos, com histórias cativantes que contagiam o profundo de nossos corações.

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O que mais me marcou naquele contexto foi perceber que as formas atuais de projetar o trajeto de nossa existência no meio urbano industrializado tira do centro de nossas atenções o carinho, o cuidado e a sensibilidade para com as mais belas coisas que nos cerca a todo instante. Conviver um mês com aquelas pessoas, naquele contexto simples, me trouxe a tona sentimentos que talvez nunca experimentaria se simplesmente vivesse preso aos meus antigos conceitos criados dentro de uma sociedade que, de certa forma, dita as normas para se viver. Posso afirmar com convicção que essa experiência de abrir mão da minha cultura, de minhas opiniões pré-estabelecidas para me inserir em um mundo onde a forma de enxergar a vida é diferente da minha, trouxe-me novas perspectivas, alargaramme os horizontes de percepções sobre a vida, o mundo, as pessoas e sobre meu próprio eu. Contudo, digo que, para se encontrar Deus, é preciso voltar-se ao humano, aos abandonados, aos sem aparatos tecnológicos, pois ali ainda resiste a causa primeira de nossa existência que nos foi dada gratuitamente por amor: a vida! Benedito Brandão. Coronel Fabriciano, MG

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Encontro Vocacional

ntre os dias 12 e 15 de setembro, aconteceu mais um Encontro Vocacional no Seminário da Floresta, em Juiz de Fora (MG). Dezesseis jovens dos estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro estiveram reunidos com o Promotor Vocacional da Província do Rio, Padre Edson Alves da Costa, C.Ss.R., para refletirem sobre sua história pessoal e, a partir daí, traçar o caminho do discernimento vocacional. Durante os quatro dias, os jovens conheceram a Comunidade Vocacional Santo Afonso (CVSA), onde residem os seminaristas que cursam o ensino médio e puderam ver de perto o dia a dia da vida comunitária. No Seminário da Floresta, participaram de momentos de reflexão individual e em grupo, sempre enfatizando o conhecimento sobre si, sobre o outro e a sociedade e o relacionamento com Deus. Para Padre Edson, o Encontro Vocacional, precedido pelo Retiro Vocacional, dá ao jovem a oportunidade de fazer uma parada para reflexão. “Eles chegam com muita expectativa e a nossa proposta é de pausa para refletir sobre o que é fundamental dentro do processo de crescimento humano e espiritual e,

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posteriormente, uma conversa sobre a opção vocacional.” Um dos participantes viajou 15 horas para realizar o encontro. “Isso mostra a vontade, o interesse e também que estamos chegando a lugares que ainda não tínhamos contato.” O sacerdote destaca ainda a abertura dos jovens para o processo de reflexão. “Eles trazem na bagagem a história, a riqueza adquirida no seio familiar e, com a ajuda da equipe vocacional, os ajudamos a discernir um caminho, uma resposta ao chamado que vem como inquietude no coração.” O seminarista Rubens Júnior, que cursa o 2º ano de Filosofia e mora na Comunidade Vocacional São Clemente (CVSC), ressalta a importância deste encontro, no sentido de proporcionar ao jovem a oportunidade de se conhecer mais para conhecer algo maior: a vocação. “Tenho lembranças muito boas dos encontros que fiz quando tinha entre 14 e 15 anos. São os primeiros passos que vão nos ajudar no caminho: como está meu relacionamento comigo mesmo, com Deus e com o mundo.” SM Propaganda Juiz de Fora, MG

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NO ANO DA FÉ

CANTOU O GALO, OLHOU CRISTO, CHOROU PEDRO.

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ada simbolismo traz consigo alguma experiência humana básica. A não se desfazer. E o cerne do simbolismo bíblico é chegar ao coração de Deus, percebendo seus sinais para entender sua manifestação. Na história de Jesus de Nazaré aparece uma situação dramática de amor e negação em que entra o “canto do galo”. De que se trata, mesmo? GALO NAS CULTURAS Sai o “Galo da madrugada” arrastando seu milhão de foliões; é carnaval. E ainda persiste entre nós a “Missa do Galo” celebrando o Natal de Jesus, sobretudo em privilegiados ambientes interioranos. E há quem também relê, prazeroso, o conto de Machado de Assis: A Missa do Galo. Os Japoneses atribuem ao galo a coragem. Em chinês o sinal que nomeia o galo (KI) é homófono do sinal equivalente a “bom augúrio”. E enxergam nele um conjunto de virtudes: - civismo, pois a crista lhe confere ar de mandarim. (Existe a planta “crista de galo”, boa ornamentação para áreas ajardinadas). –coragem, visto seu desempenho nas rinhas. –bondade, já que reparte sua comida com as galinhas. –confiança, uma vez que prenuncia o amanhecer com seu canto.

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A tradição mais frequente entre os povos, de longe é a correlação galo e luz. Avisa o amanhecer, traz o despertar. É ave solar. Assim é considerado exorcista das influências maléficas, contidas na noite trevosa. Pedro Nava, memorialista mineiro, intitulou um de seus volumes “Galo das trevas”. Talvez, (ou barrocamente certo), rememorando as treze velas do candelabro triangular e que iam sendo apagadas nas Matinas solenes, cantada, da sexta-feira santa. Luto preto. Luta contra as trevas. Mundo adiante, há quem coloque uma efigie desta ave na porta de casa, parte de dentro, para afastar malefícios: xô ruindades! Os mais supersticiosos temem que se um galo cantar fora de hora lá vem prenúncio de mau agouro; e se benzem contra a perdição. O profeta Maomé afirmava que “o galo branco é meu amigo” e proibia maldizer o galo que convida à oração. O galo, não há controvérsia, é símbolo universal de vigilância, de prenúncios, de tomada de consciência. Figura solar radiosa a remeter-nos à luz da aurora, ao que começa a acontecer com vigor. Acorda para a vida. Sua força como símbolo se encontra até (surpresa!) no pensador Karl Marx em seu estudo sobre “Crítica à filosofia hegeliana do direito”, quando Marx canta de galo: - “Quando as condições internas estive-

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GALO NA CULTURA CRISTÃ Nos costumes das primeiras comunidades cristãs, o galo é um dos símbolos de Cristo, o Vivente para sempre. O vitorioso. Trazem os sarcófagos dos primeiros séculos, com frequência, as três figuras: Cristo, Pedro e o galo significando Ressurreição. Em Portugal, um galo colorido lá de Barcelos, efetivado como marca nacional turística, provém de uma lenda cristã. Vale conhecê-la pela força desveladora da verdade que ressuscita. Em muitas regiões brasileiras temos o galo no cimo de um cruzeiro, no alto da torre das igrejas (ou do telhado de casas) evocando a verticalidade da vida humana, vertente indispensável para a iluminação regeneradora. Nas cantigas folclóricas em torno do presépio, o galo anuncia o nascimento de Jesus, o Cristo. Frei Chico em seu “Dicionário da religiosidade popular”registra uma variedade de modos de se ter o galo como referência. Um exemplo: - “No nordeste Deus fez o galo para acordar os homens para o trabalho e avisar do roubo de sua filha”. Há tradições nomeando o galo como relógio dos pobres. E de todas as maneiras, o galo convoca à luta, bem cedo. Mas, todavia e contudo, nas Escrituras o galo não aparece no Antigo Testamento. Sabemos que na tradição judaica o galo proclama a fertilidade, sintetiza a travessia, as iniciações. Conhecida – e quanto – é a narrativa que está em Lucas 22,54-62. RELER! Jesus e Pedro. Jesus adverte o impetuoso Simão. Tex-

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to que os grandes pregadores, época após época, privilegiam para seus ensinamentos e voos interpretativos. Há uma frase de são Gregório Magno que diz: - O galo é a figura dos pregadores que, na noite daqui de baixo, têm a missão de anunciar a luz, cantando. E me vem à memória um dos mais iluminados sermões do Padre Antônio Vieira (sermão de 1669): Sermão das lágrimas de São Pedro. O título destas páginas é de Vieira. Seu comentário: A Pedro pôs-lhe os olhos Cristo. Se Cristo pôs os olhos, basta a voz irracional de um galo para converter pecadores; se Cristo não põe os olhos... (...). Rios de lágrimas foram hoje as lágrimas de são Pedro, mas as fontes desses rios foram os olhos de Cristo. Chorou amargamente... O CANTO DO GALO Que será este canto do galo que puxou Pedro às lágrimas, ao alertá-lo de sua culpa? Releia Lc 22,21-34. – Antes que o galo cante três vezes negarás que me conheces. Entendido ao pé-da-letra, um galo cantou. Possível, sim. Embora não tão simples este entendimento caso se busque um contexto histórico real. Galos e galinhas são domésticos no mundo judaico rural, entre o povo miúdo. Havia, isto sim, uma interdição em Jerusalém de criar galináceos, pois sujavam as coisas santas. Supondo a interdição e sua observância, ainda mais no pátio da casa do Sumo sacerdote, fica surpreendente escutar um galo. Como ficariam, então, as coisas? Um estudioso do Novo testamento, William Barclay, nos traz a observação de que o período das três da madrugada se chamava “canto do galo”. Por causa de quê? Era

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rem realizadas, o dia da ressurreição (do proletariado) será anunciado pelo canto de um galo gaulês”.


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a terceira vigília começando. Questão do modo romano de lidar com o tempo noturno dividido em períodos de três horas, chamado vigílias. A primeira vigília começava às 18:00h. No turno das três da madrugada havia troca da guarda e se fazia ressoar o GALLICINIUM, isto é, o canto do galo. Cito: - é possível que assim que Pedro fez sua terceira negação, a trombeta da muralha do castelo ecoou sobre a cidade adormecida. E Pedro lembra: e por causa disso derramou seu coração. Pode ser. Releiamos Mc 13,35-37: Assim, pois, vigiai porque não sabeis quando vai chegar o dono da casa: ao anoitecer, ou à meia-noite, ou ao canto do galo ou de manhã, para que, ao chegar de repente, não vos surpreenda adormecidos. O que vos digo, eu o digo a todos: vigiai. Pode bem ser que o “canto do galo” seja o ressoar da trombeta às três da madrugada. Então, segundo esta referência (Carlos Augusto Vailatti) quando Jesus diz a Simão (Lc 22,34 ou Mc 14,30), assegurando-lhe que “antes que o galo cante me terás negado”, Jesus estaria referindo-se ao período que se situa entre 03:00h e 06:00hda manhã. Assim, este cantar do galo não se referia à ave, mas aludiria ao toque do GALLICINIUM. Acrescentemos esta outra informação: o verbo grego que se traduz habitualmente nos textos como “cantar” (canto, Substantivo) pode significar também ressoar. Daí a frase seria: “não ressoará hoje o canto do galo sem que...”. Explicações exegéticas interessantes. Quem sabe, possíveis. Pode ser que sim. Talvez, não. Em todos os casos o definitivo é que a tradição popular cristã valoriza a ave GALO e seu canto e as lágrimas de

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Pedro. Imortalizados. Faz do galo sinal de vigilância, de alerta. Sinal da luz que chega para nos despertar da negação de nós mesmos e das mentiras sobre os outros. Devolve-nos à atenção consciente face ao que nos rodeia e quanto ao modo de reagirmos. Primorosa lição de vida. Como esta passagem da vida de Jesus na qual aparece o “canto do galo” pertence à “hora do poder das trevas”, ficamos a lembrar que são os desacertos que nos infelicitam, sim, e nos deixam sentir o quanto custa fracassar e quanto o fracasso nos humaniza. Para Simão, o Pedro, foi preciso chorar amargamente se sabendo em falha e sob o peso da culpa. Mas regenera-se, se reconstrói sob o olhar de Jesus e reafirmará seu amor, posteriormente, por três vezes, sofridamente confuso. Jo 21,15-18. E assumirá a missão que lhe é passada. E permanecerá fiel. De que amor somos capazes? Nossa pretensão de “cantar de galo”, “natureza vaidosa e orgulhosa por si mesma”, seja superada sempre e reencontremos o caminho das virtudes que o galo pode nos sinalizar. Virtudes, sim: o esforço de cada um para ser sujeito de seus muitos quereres e sabedor do real Desejo que nos firma alegres na esperança, corajosos na fé, livres e fieis, combatendo o caos interior e superando os medos por uma vida construtora de paz com os demais. Triste seria, de chorar, “ouvir o galo cantar e não saber onde”. É sempre longa, longa mesmo a trajetória que nos faz passar das trevas à luz. Precisamos do canto do galo. E do olhar de Jesus Cristo. Pe. Dalton Barros, C.Ss.R. Belo Horizonte, MG

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Despedida Padre João Egg, C.Ss.R.

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Congregação Redentorista recebeu com muita tristeza a notícia do falecimento do Pe. João Egg de Rezende, aos 81 anos, no dia 10 de setembro, na cidade de Campos dos Goytacazes (RJ), onde residia. O confrade estava internado desde o dia 31 de agosto, apresentando estado de saúde grave, com comprometimento renal e pulmonar, além do coração fragilizado, e não resistiu. O sepultamento aconteceu no dia 11, no cemitério do Caju, em Campos, e contou com a presença de amigos, familiares e confrades redentoristas. Foi realizada, ainda, uma Celebração Eucarística no Santuário Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.

Necrológio Nascimento: 08/11/1931 Profissão Religiosa: 25/01/1956 Ordenação Sacerdotal: 29/01/1961 Falecimento: 10/09/2013 Natural de Belo Vale, MG, Pe. João Egg de Rezende nasceu em uma família muito católica, onde era o quarto filho de 15 irmãos, e desde pequeno rezava a Nossa Senhora. Seu desejo de entrar para o seminário apareceu ainda quando criança, mas somente na adolescência, aos 15 anos, conseguiu ser aceito pelo Seminário Menor Redentorista em Congonhas,

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MG. Fez sua profissão religiosa na Congregação Redentorista em 25 de janeiro de 1956 e após fazer o noviciado em Juiz de Fora, seguiu para o Seminário da Floresta para fazer os cursos de Filosofia e Teologia como preparação imediata para o sacerdócio. Ordenou-se em 29 de janeiro de 1961 e logo partiu para missões em várias cidades mineiras como Lima Duarte, Desterro de Entre Rios, Governador Valadares, Ponte Nova e Mariana. Em Correia de Almeida, MG, trabalhou na formação de Irmãos, no Geraldinato. Foi professor de Matemática no Seminário de Congonhas, o que representou um grande desafio para o missionário que tinha de preparar aulas e corrigir provas em um período em que também era secretário da Basílica do Senhor Bom Jesus e Reitor do Santuário. Após o fechamento do Seminário e a saída dos redentoristas de Congonhas, foi enviado para Belo Horizonte, MG, onde trabalhou como vigário cooperador na Igreja de São José. A participação em um curso de desenvolvimento mental denominado “Silva Mind Control”, no início de 1975, proporcionou ao Pe. João Egg a possibilidade de aprofundar seus conhecimentos nessa área, tornando-se instrutor. Os cursos foram ministrados inicialmente

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no Rio de Janeiro, uma vez que, em 1987, foi designado para a comunidade de Santo Afonso, ficando responsável pela capela de São Sebastião, no Morro do Salgueiro, onde trabalhou por 14 anos e ainda permaneceu mais um triênio como Pároco e Reitor da Igreja de Santo Afonso. Pe. João Egg ainda percorreu outras comunidades redentoristas como o Santuário de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Campos dos Goytacazes, RJ, a Paróquia de São Sebastião, em Coronel Fabriciano, MG e, de novo, a Igreja de Santo Afonso, no Rio de Janeiro, passando ainda pelo Seminário da Floresta, em Juiz de Fora, pela Comunidade Missionária de Aracruz, ES e pela Igreja de São José, em Belo Horizonte. Nos últimos anos, Pe. João Egg dedicava-se ao trabalho pastoral no Santuário de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro onde atuava na Escola Sagrada Família e na Arquiconfraria do Rosário. Com a saúde debilitada, foi internado no dia 31 de agosto, apresentando coração e pulmão enfraquecidos e função renal debilitada. Faleceu às 9h do dia 10 de agosto de 2013, na cidade de Campos dos Goytacazes, RJ, onde foi velado e sepultado. “Estou disponível para o que Deus quiser” (Pe. João Egg)

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Padre Jaime Snoek, C.Ss.R.

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o dia 29 de setembro, às 15 horas, faleceu o Padre Jaime Snoek, C.Ss.R., no Hospital Albert Sabin, em Juiz de Fora (MG), onde estava internado há 20 dias. Seu corpo foi velado na Igreja Nossa Senhora da Glória, seguida da Missa de Exéquias e sepultamento no Cemitério Redentorista, adjacente ao Cemitério da Glória. Durante a missa, Pe. Vicente Ferreira frisou o sentimento de gratidão aos holandeses que iniciaram a história da Província em 1894. Pe. Jaime, que chegou ao Brasil em 1953, foi o último europeu a dedicar-se à Congregação em Minas, Rio e Espírito Santo. “Parte da história se vai com a pessoa do nosso confrade”, disse Pe. Vicente. A homilia, feita pelo Pe. Dalton Barros, C.Ss.R., emocionou a todos. Nela, Pe. Dalton destacou os diversos feitos de Jaime, principalmente em Juiz de Fora (MG), onde teve grande participação não só na paróquia da Glória, mas também na Universidade Federal. “Pe. Jaime foi tão pioneiro quanto os primeiros. Ele fez um esforço humano do tipo que glorifica Deus, que inclui, por exemplo, o Ambulatório da Glória”.

História de Vida Nascimento: 25/12/1920 Votos Temporários: 08/09/1942 Votos Perpétuos: 08/09/1945 Ordenação: 16/09/1947 Falecimento: 29/09/2013

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Padre Jaime Snoek nasceu no dia 25 de dezembro de 1920, em Mijdrecht, na Holanda. Entrou para o seminário em 1935 e foi ordenado sacerdote em 1947. Chegou ao Brasil em 1953. Era o último padre holandês da Província Redentorista do Rio de Janeiro, fundada pelos holandeses. Em sua trajetória missionária, lutou pela promoção da vida e da formação humana. Dedicou-se a causas sindicais e defendeu a liberdade ideológica no período do regime militar. Escreveu várias publicações no campo da ética e teologia moral, sendo considerado grande referência para diversos pesquisadores e acadêmicos. Em Juiz de Fora, fundou o Ambulatório Nossa Senhora da Glória em 1953. Juntamente com as Irmãs Missionárias de Jesus Crucificado, criou a Faculdade de Serviço Social da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), no ano de 1958. Foi um dos fundadores do curso de Ciências da Religião da UFJF, em 1976, onde também foi professor. Em 1980, fundou o Centro de defesa dos Direitos Humanos (CDDH). Em 1986, fundou o Centro de Orientação Familiar (COFAM).

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Destacou-se, ainda, por organizar um dos mais importantes acervos bibliográficos no campo das ciências humanas e sociais do país: a Biblioteca Redentorista, um quesito importante para a aprovação do curso de Ciências da Religião. Com mais de 70 mil livros e seis mil periódicos, o espaço é aberto ao público e fica localizado ao lado da Igreja da Glória. A Congregação Redentorista agradece a Deus pelos 92 anos de vida do Pe. Jaime, C.Ss.R. e por sua dedicação missionária no anúncio da Copiosa Redenção de Jesus. “Paciência! O tempo purifica porque o tempo é de Deus” (Pe. Jaime Snoek, C.Ss.R.)

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AconteceunaProvíncia

Comunidade do Floresta recebe visita canônica

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os dias 05 e 06 de setembro, aconteceu a visita do Provincial e de seu Conselho à Comunidade Redentorista da Floresta, responsável pela Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Juiz de Fora (MG). Foram realizadas reuniões de revisão da vida comunitária e apostólica, além de conversas individuais, celebrações e visita dos conselheiros às comunidades da Paróquia. Para o Provincial, Pe. Vicente de Paula Ferreira, C.Ss.R., foi um tempo importante para olhar mais profundamente o carisma missionário a partir da proposta

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da Igreja de construir a paróquia como rede de comunidades. “É louvável o trabalho dos confrades que há tantos anos estão conduzindo a evangelização no Vale da Floresta. Todavia, temos que dar novos passos para que o anúncio do Evangelho responda aos desafios dos tempos atuais”, disse Pe. Vicente. Brenda Melo Juiz de Fora, MG

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