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Editorial
Palavra do Provincial A HISTÓRIA DO ÍCONE DE NOSSA SENHORA DO PERPÉTUO SOCORRO
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egundo uma tradição do séc. XVI, um comerciante da Ilha de Creta, roubou um belíssimo quadro de Nossa Senhora que ficava em uma das Igrejas do lugar. Escondendo-o junto com suas mercadorias, levou-o para Roma, conservando-o em sua residência. Ao ficar gravemente enfermo, antes de morrer, revelou o segredo do quadro a um amigo, pedindo-lhe que o devolvesse a uma Igreja. Porém, o amigo, por causa de sua esposa, que não aceitou dispor-se de tão belo tesouro, morreu sem realizar a promessa.
Então, a Santíssima Virgem apareceu à filha de seis anos desta família, pedindo que dissesse à mãe e à avó que o Quadro de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro fosse colocado na Igreja de São Mateus. Após muitas resistências por parte da mãe, ele foi colocado nesta Igreja, no dia 27 de março de 1498, permanecendo ali por 300 anos. Em 1798, esta Igreja e o convento dos agostinianos que ali trabalhavam foram praticamente destruídos pela guerra. Com isso, estes religiosos se mudaram para a Igreja de Santa Maria
Expediente: Coordenação: Pe. Américo de Oliveira, C.Ss.R. Jornalista Responsável: Brenda Melo - MTB: 11918 Projeto gráfico: SM Propaganda Ltda Impressão: Gráfica América Tiragem: 2.000 exemplares
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in Peterula, para onde o quadro na nova Igreja. O Papa concedeu foi transferido e colocado na ca- a licença, dizendo-lhe: “Tornai-a conhecida no mundo inteiro”. Em pela interna do convento. Os anos iam passando, pare- janeiro de 1886, os Missionários cia que o famoso quadro de Nos- Redentoristas foram a Santa Masa Senhora do Perpétuo Socorro ria, em Posterula, para recebeficaria no esquecimento. Mas, rem o quadro dos agostinianos. Deus tem os seus caminhos. Como afirma o Papa Francisco, Deus sempre nos surpreende. Em 1855, os Redentoristas adquiriram um terreno onde estavam as ruínas do Convento dos Agostinianos e da Igreja de São Mateus. Próximo ao local da antiga Igreja, construíram uma Igreja em honra do Santíssimo Redentor e dedicada a Santo Afonso de Ligório. O Superior Geral dos Redentoristas, Nicholas Mauron, enviou uma carta ao Papa Pio IX, pedindo-lhe que a Santa Sé lhe concedesse o Ícone do Perpétuo Socorro para ser colocado
Após uma qualificada restauração, em 26 de abril de 1886, o Ícone de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro foi novamente exposto à veneração pública na Igreja de Santo Afonso, em Roma, onde se encontra até hoje aos cuidados dos Missionários Redentoristas. “Ó Mãe do Perpétuo Socorro, ouvi nossa ardente oração e vinde com amor socorrer-nos em toda e qualquer aflição!”
Pe. Américo de Oliveira, C.Ss.R. Superior Provincial
Aniversariantes Junho 27/06 – Pe. José Raimundo Vidigal, C.Ss.R.
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Entrevista
Celme Duarte Penido
Entrevista
D. Celme é uma leitora assídua do Akikolá, parente de dois padres Redentoristas e nos acompanha há muitos anos. Aos 92 anos de idade, carinhosamente, nos envia frequentemente cartas e cartões comemorativos. É com muita alegria que compartilhamos sua história de vida.
Conte-nos um pouco sobre a senhora. Nasci no dia 13/04/1925, em casa de meus avós maternos, em Belo Horizonte (MG). Meus pais eram: Christovam Pimentel Duarte e Rachel Ferreira Duarte. Papai era Juiz de Direito. Por causa de sua carreira, moramos em várias cidades: São Francisco, Januária, Santa Bárbara, Itabira. Tive 5 irmãos: Eunice, de 93 anos, e os falecidos Alceu, Aída, Maria Consuelo e Miêta. Com 15 anos, já era normalista e comecei a trabalhar no “meu” grupo, substituindo professoras em licença médica ou tomando conta das crianças durante o recreio. Aos 16, comecei a namorar um rapaz de 24 anos: Arthur José Jacques Penido. Tínhamos apenas dois meses de namoro quando ele me pediu em casamento, em maio de 1942, e no mesmo ano nos casamos (31/12). Nosso casamento durou 53 anos, 11 meses e 19 dias, quando ele morreu. As mulheres da minha época não faziam curso superior, e quando se casavam deixavam o emprego – quase sempre de professoras – porque seus maridos queriam que elas ficassem em casa para cuidar deles, da casa e criar os filhos que viriam em seguida – muitos! Quantos a natureza permitisse. Eu tive 8: 4 homens e 4 mulheres. Henrique, o nº 6, morreu aos 19 anos. Os outros 7
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estão vivos e são o meu orgulho, o meu amparo! Eles nos deram 20 netos. Viemos para Belo Horizonte em 1971. Tirei carteira de motorista com 50 anos, da 4ª vez que fiz o exame de rua! Nunca sobrou dinheiro para comprarmos carro e Arthur não tinha vontade de ter um. Mas eu tinha! Quando mamãe morreu, alguns anos depois de papai, e recebemos algum dinheirinho de herança, comprei logo uma Brasília. Fiz o meu gostinho! Depois que meus filhos se tornaram adultos e não precisavam mais dos meus cuidados, perguntei a meu marido se eu poderia trabalhar fora, mas ele não permitiu – “Só quando todos os “meninos” tiverem saído de casa”. Acontece que pouco depois, Deus levou Henrique. José Luiz se casou e Rogério foi terminar o seu curso de Arquitetura no Rio de Janeiro. Os outros já haviam “tomado seu rumo”. Eu estava com 55 anos. Pois não é que consegui emprego? Como recepcionista numa Clínica Psicossomática, com carteira assinada! Estava indo bem, trabalhando 6 horas por dia, mas Arthur ficou doente e tive que me aposentar por idade, quando completei 60 anos. Arthur morreu com 79 anos. Todos os nossos 20 netos já haviam nascido, mas ele não teve a felicidade de conhecer nenhum dos 16 bisnetos que temos hoje. Todos muito lindos!
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e aprendo sempre alguma coisa lendo o texto da seção “Espiritualidade”.
Desde que meu marido morreu moro sozinha (com Deus, é claro!). Faço fisioterapia, drenagem linfática, uso meia elástica por causa de má circulação nas pernas. Minhas doenças são próprias da minha idade: pressão alta, labirintite, artrose, lombalgia crônica, etc. Mas são controladas com uma infinidade de remédios. Gosto de ler, toco teclado, tomo aulas de francês. Pelo celular troco mensagens com filhos, genros, noras, netos e até com os bisnetos mais velhos. Comunico com eles também passando e-mails (com fotos, muitas fotos!). Quase não ligo televisão. Frequento a Igreja de São Mateus. Fui voluntária da Costura da Boa Vontade durante 17 anos. Há quantos anos recebe o Akikolá? Não tenho certeza, mas acho que me enviam o Akikolá desde que ele passou a se estender para os leigos. O que representa o Akikolá em sua vida? Pelo Akikolá acompanho as notícias da Congregação Redentorista. Gosto de ler “A Palavra do Provincial”, as entrevistas
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A sua ligação com os Redentoristas vai além do Akikolá. A sra. tem parentes que são sacerdotes na Província do Rio. Fale um pouco quem são eles e como é o relacionamento de vocês. O padre José Luciano Jacques Penido, irmão do meu falecido marido, foi ordenado sacerdote pouco depois que me casei. Sempre que vem à Belo Horizonte ele telefona para seus parentes – inclusive para mim. Quando Arthur e eu comemoramos os 40 anos do nosso casamento, ele veio celebrar a Missa em Ação de Graças. Padre Luciano fez o casamento de minha neta Andresa com Rodrigo. Quando pe. Luciano era Provincial da Congregação Redentorista, em 1958, meu filho José Luciano (nome de família), de 10 anos, foi estudar no Juvenato de Congonhas. Ficou 4 anos lá, mas deixou o seminário em março de 1963. “Muitos são chamados, mas poucos os escolhidos”. Padre Mário Ferreira Gonçalves é filho de minha tia e madrinha Floranita, irmã de mamãe. Eu passava férias em casa dela e quando pe. Mário era pequeno, brincava conosco – eu e minhas primas, irmãs dele. Depois de ordenado padre, pouco me encontrava com ele. Deixe um recado para os leitores que, assim como a senhora, disfrutam desse informativo e fazem parte da Família Redentorista. O que posso falar aos leitores do Akikolá? Eu me sinto muito honrada de pertencer à família Redentorista. E vocês? Brenda Melo Juiz de Fora, MG
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Arquidiocese de Belo Horizonte acolhe Dom Vicente Ferreira, C.Ss.R.
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novo bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte (MG), dom Vicente de Paula Ferreira, C.Ss.R., recebeu o carinho de confrades, familiares, amigos e leigos na sua Ordenação Episcopal realizada no dia 27 de maio, na Igreja São José, no Centro da capital mineira. O arcebispo de Belo Horizonte, dom Walmor Azevedo, presidiu a celebração, que teve como bispos coordenantes o arcebispo de Diamantina, dom Darci Nicioli, e o bispo de Cachoeiro do Itapemirim, dom Dario Campos. Acompanhado pelo Superior Provincial, pe. Américo de Oliveira, C.Ss.R., e pelo seu formador na Congregação Redentorista, pe. Dalton Barros, C.Ss.R., dom Vicente escutou, emocionado, as palavras de dom Walmor: “Que Santo Afon-
Padre Dalton, dom Vicente e padre Américo.
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so seja a sua inspiração e que sejam muitas as alegrias de seu coração”. O novo bispo, que tem como lema episcopal “A caridade nunca acabará” (1 Cor 13, 8), disse que não quer construir projetos para os pobres, e sim, com os pobres, destacando que um bispo não trabalha sozinho. Na arquidiocese de Belo Horizonte, ele participa do Comitê Gestor da Mitra Arquidiocesana (Cogem) e também acompanha o Vicariato Episcopal para a Ação Missionária. No Vicariato Episcopal para a Ação Pastoral, é o bispo referencial para o Secretariado
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Arquidiocesano da Vida Consagrada (Savic), Secretariado Arquidiocesano da Juventude (SAJ) e para o Serviço de Animação Vocacional (SAV). Também acompanha o Setor de Publicações da Comissão de Subsídios. Dom Vicente também é o bispo auxiliar responsável pela Comissão Arquidiocesana dos Diáconos (CAD), Conselho Arquidiocesano para o Diaconato Permanente (Cadipe) e Escola Diaconal São Lourenço (EDISAL). Dom Vicente fez um agradecimento especial à Congregação Redentorista e afirmou: “Podem ter certeza de que a oferta que vocês fazem hoje à Igreja será convertida em novas vocações”. Ao final da celebração, o padre provincial entrou com o ícone de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e o ofertou ao novo bispo, ao som do violonista Chico Lobo, que tocou uma canção composta em parceria com dom Vicente.
Bispo Redentorista Dom Vicente é o sétimo bispo da Província Redentorista do Rio de Janeiro. Os que o precederam foram: dom João Muniz, bispo de Barra do Rio Grande (BA); dom José Brandão de Castro Filho, bispo de Propriá (SE); dom José Gonçalves da Costa, arcebispo de Niterói (RJ); dom Gerardo (Tiago) Cloin (holandês), que substituiu dom Muniz no bispado de
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Barra; dom Lélis Lara, bispo emérito de Itabira - Coronel Fabriciano (MG); e dom Fernando José Guimarães Monteiro, atual arcebispo militar do Brasil, o único que sobrevive dentre os citados. Capixaba de Araraí, distrito de Alegre (ES), Vicente de Paula Ferreira nasceu no dia 27 de outubro de 1970. Aos 14 anos de idade entrou para a Comunidade Vocacional Santo Afonso (CVSA), em Juiz de Fora (MG), dando início à formação na Congregação Redentorista. Realizou sua Profissão Religiosa em 1992 e no dia 16 de novembro de 1996 foi ordenado presbítero. Na Província do Rio, foi Promotor Vocacional, Secretário de Formação, formador do SPES, da CVSA e da Comunidade Voc. Dom Muniz, Conselheiro do Governo Provincial e Superior Provincial, cargo em que permaneceu por 9 anos, em três mandatos consecutivos. Na Congregação, também foi presidente da União dos Redentoristas do Brasil, Coordenador Nacional da Juventude Missionária Redentorista e membro do Conselho Administrativo da Academia Afonsiana, como Representante da América Latina. Mestre e doutor em Ciência da Religião, publicou dois livros acadêmicos, dois livros de crônicas e lançou dois CDs de poesia e música. Brenda Melo Juiz de Fora, MG
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IV. O PAI-NOSSO: Seja feita a vossa vontade A vontade de Deus No evangelho de Mateus, a oração que pede pelo Reino ganha um acréscimo que não aparece na versão de Lucas: Seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu. Essa petição completa a anterior, porque o Reino de Deus só acontece no meio de nós quando acolhemos a vontade de Deus. Qual seria a vontade Deus? Ela só pode expressar o desígnio de salvação de Deus. Ele quer que todos sejam salvos (cf. Jo 6,29). Eis o “mistério de sua vontade” (Ef 1,5). Sendo Pai amoroso, quer sempre o melhor para seus filhos, desejando “que os todos os seres humanos se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade” (1 Tm 2,4). No evangelho de João, Jesus apresenta a vontade do seu Pai: “a vontade daquele que me enviou é essa, que eu não perca nenhum dos que ele me deu, mas que os ressuscite no último dia. Porque esta é a vontade do meu Pai: que todo o que vê o Filho e nele crê tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6, 39-40). Reino de Deus e vontade de Deus são, portanto, dois aspectos de um mesmo mistério, pois a vontade de Deus é que o Reino se alastre e continue crescendo até chegar à sua plenitude no final dos tempos. Esse é o intento de Deus para os seres humanos: que todos acolham a salvação
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que seu Filho realizou no mundo, que ninguém se perca, mormente os mais pequeninos, pois “não é da vontade de vosso Pai que está nos céus que um só desses pequeninos se perca” (Mt 18,14). A vontade de Deus não se identifica, portanto, apenas com uma vontade particular de Deus para cada cristão. Ela é mais ampla, diz respeito ao seu plano de salvação que se estende à humanidade toda. Mas esse plano tem a ver com tudo o que acontece a cada em decorrência do plano universal da salvação. O Espírito Santo, enviado por Jesus Ressuscitado de junto do Pai em sua humanidade glorificada, ajuda o cristão e todo ser humano a personalizar a vontade de Deus em sua vida quotidiana. No evangelho de Lucas, a vontade de Deus não aparece na oração do Pai-nosso. Em alguns manuscritos antigos do Pai-nosso de Lucas esse pedido é substituído por outro: Venha vosso Espírito Santo. Tal acréscimo tem significado profundo. O Espírito se identifica com o amor, com o poder de Deus em ação. Ele é o querer divino, porque tudo o que Deus faz, ele o faz no Espírito. E o seu Reino e a sua vontade só acontecem quando o Espírito se difunde, quando o Espírito gera os seres homens no Filho de Deus, nosso Senhor Jesus Cristo. O Espírito é também amor
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Vontade de Deus e nossa vontade Alguns temem a vontade de Deus, como se ela fosse sempre uma exigência que não são capazes de cumprir. Outros a veem como imposição arbitrária. Algo que cai do céu como uma tábua de pedra. Segundo uma visão mágico-supersticiosa, Deus teria um plano secreto para cada pessoa, imposto desde fora, ao qual cada um deveria se submeter. Mas tudo isso se opõe à liberdade que Deus nos deu. Na verdade, quando seguimos nossa consciência, fazemos a
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vontade de Deus, porque ela é o sacrário onde estamos sozinhos com Deus e onde ressoa a voz (GS). Assim devemos entender o “seja feita a vossa vontade”. O drama de Jesus no Getsêmani revela essa luta entre o desejo de se livrar da morte de cruz e o de fazer a vontade do Pai. Mesmo no sofrimento, escolhe o projeto de Deus e permanece fiel à sua consciência. Dessa fidelidade brota sua entrega incondicional. Jesus no Getsêmani eleva a Deus uma oração que não é atendida (cf. Mc 14,35), porém ele não abandona a fidelidade à vontade do Pai: “não o que eu quero, mas o que tu queres”. A vontade salvífica do Pai incluia aquele momento da vida de Jesus e dependia de sua entrega para a salvação de todos. Nesse sentido, embora o Pai não tenha realizado o que Jesus lhe pedia, sua vontade salvífica se realizou nele para o bem da humanidade. A relação com Deus se fundamenta sempre na abertura do ser humano a Deus. Abertura que o leva a acolher a vontade de Deus, como próprio o Jesus ensinou: “Nem todo aquele que me diz Senhor, Senhor entrará no Reino dos Céus, mas sim aquele que faz a vontade do meu Pai que está nos Céus” (Mt 7,21). A vontade de Deus é que a salvação aconteça. Há uma petição que é sempre atendida: a que busca a vontade de Deus (cf. 1 Jo 5,14). Enquanto acolhida da graça que Deus quer conceder, ela será sempre atendida. O mais importante é que o cristão esteja disposto a aceitar a vontade de Deus. Em Lc 11,9-10 lê-
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derramado em nossos corações: “o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que ele nos deu” (Rm 5,5). Ora, a vontade de Deus acontece à medida que o amor se espalha: o amor a Deus e ao próximo. Pedir que a vontade de Deus seja feita equivale a pedir que o Espírito se propague, para que realize na terra e no céu a vontade de Deus. Quando falamos de céu e terra, nos referimos a todo o criado, portanto à criação inteira. Esse é o significa dessa expressão na Bíblia. O Senhor “fez o céu e a terra” (Sl 54,3). Ele é “o Senhor do céu e da terra” (Mt 11,25). No Pai-nosso expressamos nosso desejo de que a vontade de Deus atinja toda a criação. A vontade de Deus se encontra no amor, porque Deus ama ser Pai. O amor é o Espírito, no qual o Filho é gerado. O Pai deseja continuar gerando seu Filho no coração dos homens pelo Espírito, para assim fazer de toda a humanidade uma única família, a fraternidade que caracteriza o seu Reino.
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-se: “Pedi e vos será dado; buscai e achareis; batei e vos será aberto. Pois todo aquele que pede recebe; quem procura encontra; e ao que bate se abre”. Tal oração supõe a comunhão com Deus e só tem sentido a partir dessa comunhão. Assim, o que pede alcança, mas alcança o que Deus está disposto a lhe dar, porque Deus quer dar tudo o que está de acordo com os seus desígnios (cf. Rm 8,27). As igrejas apostólicas conhecem também uma petição que Deus não atende, por estar distante da experiência de fé que faz acolher a salvação. O apóstolo Tiago afirma: “Pedis e não recebeis porque pedis mal, pois pedis para gastar em vossos prazeres” (Tg 4,3). A oração eficaz junto de Deus não é aquela que busca apenas a satisfação do próprio egoísmo. Infelizmente, essa oração está muito presente na Igreja. Muitos cristãos seguem esta lógica: “Deus é bom e todo-poderoso, logo vai me dar tudo o que eu quero”. Como se Deus tivesse a obrigação de realizar todos os desejos egoístas da pessoa, num passe de varinha mágica. Visão que contradiz o que aprendemos com Jesus, para quem o bem maior é a salvação oferecida aos seres humanos. Salvação da qual somos instrumentos uma vez que fomos inseridos em Cristo pelo Espírito. Jesus nos mostrou que Deus Pai quer transformar o mundo através da nossa ação. Corremos, no entanto, o risco de querer transformar Deus no complemento exato de nossas necessidades e das nossas carências, o que se trata de atitude infantil que, em
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longo prazo, acaba se tornando verdadeiro obstáculo para um autêntico encontro com ele. O apóstolo Paulo elevou a Deus uma oração que não foi atendida. Ele a reiterou três vezes (cf. 2Cor 12,89) e a resposta foi sempre a mesma: “basta-te minha graça, pois o poder se manifesta plenamente na fraqueza” (cf. 2Cor 12,9). O poder do Espírito manifesta-se na fraqueza. O que aconteceu com a oração de Paulo? A doença permaneceu, mas ele experimentou o poder de cura do Espírito. O mais importante, nesse caso, é que a presença do Espírito se manifestou. O Senhor não permaneceu indiferente à oração de Paulo, mas fez o apóstolo crescer a partir de seu sofrimento, manifestando-lhe sua graça através do Espírito. Assim Deus se tornou presente na oração de Paulo pelo Espírito, o que equivale a um atendimento. Isso quer dizer que não devemos pedir nada a Deus? Claro que não. Ele é Pai e sabe que temos necessidade de muitas coisas para uma vida digna e feliz: saúde, paz, emprego, boa convivência familiar, bons relacionamentos etc. Devemos elevar a ele nossas necessidades, mas com humildade e sem obrigá-lo a nos atender, já que sabe mais do que nós aquilo de que necessitamos. Mas nossos pedidos só se tornam verdadeira oração diante de Deus quando, junto com a busca de algum bem terreno, nos abandonamos à sua disposição soberana e à sua misericórdia, sabendo que ele nos ama e jamais nos abandona. Pe. Paulo Sérgio Carrara, C.Ss.R. Belo Horizonte, MG
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Santo Afonso e a Eucaristia Este mês celebramos a solenidade de “Corpus Christi”, a festa do Corpo e sangue de Cristo. A Igreja comemora na segunda quinta-feira após o domingo de Pentecostes o dia em que se faz memória da presença de Cristo nas espécies eucarísticas. É tradição de muitas comunidades manifestarem seu amor a Jesus Eucarístico fazendo longos e belíssimos tapetes enfeitados para a procissão com o Santíssimo: Jesus sacramentado que caminha com seu povo. Esta festa teve origem no séc. XVIII, na Diocese de Liége na Bélgica, no intuito de reafirmar a presença real de Jesus na Eucaristia. Nesse contexto da solenidade, a espiritualidade de Santo Afonso de Ligório tem muito a nos ensinar. Na sua intimidade com Deus, percebemos o seu grande amor à devoção à Santa Eucaristia. Para ele, a Eucaristia é o lugar do encontro com Jesus amigo que caminha junto aos seus, e não os abandona, porque Ele ama cada pessoa. Santo Afonso em seus escritos dizia “Jesus quis prolongar sua presença na terra sob o sinal do pão”, evidenciando a Eucaristia como alimento e sustento para os homens. Cristo se apresenta como o “Pão da vida” (Jo 6) para saciar a fome do mundo. Ele se faz alimento diário para sustentar nossa caminhada, fortificando-nos para seguirmos nossa missão de contribuinte na construção do Reino de Deus. Santo Afonso passava horas e horas diante do Santíssimo Sacramento fazendo suas orações, contemplando o dom do Pai a seus filhos. Ele reconhecia naquele pequeno pedaço de pão a presença real e eficaz de Jesus e a realização do mistério do amor de Deus por nós. Para ajudar as pessoas a se encontrarem com Jesus Sacramentado e experimentarem seu amor, Santo Afonso compôs as “Visitas ao Santíssimo Sacramento”, um livro de orações para serem feitas na presença da Eucaristia. As “Visitas” nos ajudam a compreender que quando aproximamos do Senhor presente na Eucaristia reconhecemos que seu amor permanece em nosso meio, e que esta dinâmica do dom da comunhão com Ele nos leva a entrarmos em comunhão com os irmãos continuando os mesmos gestos de Jesus. Fr. Robson Araújo dos Santos, C.Ss.R. Belo Horizonte, MG.
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Chega ao fim o Capítulo Geral
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essenta e cinco Missionários Redentoristas participaram da 3ª e última fase do Capítulo Geral, de 15 a 20 de maio, em Marianella, na Casa de Retiros da Província de Bogotá, na Colômbia. Estiveram presentes o pe. Michael Brehl, C.Ss.R. (Superior Geral), os Conselheiros Gerais: pe. Rogério Gomes, C.Ss.R., ir. Jeffrey Rolle, C.Ss.R. e pe. Pedro Lopes, C.Ss.R., além do pe. Manuel Rodrígues, C.Ss.R., coordenador da América Latina e Caribe. Os demais participantes foram os Superiores Maiores, Superiores das Regionais, Vogais, representantes dos Irmãos de cada Subconferência, moderadores e alguns leigos, representando as Subconferências. Os membros da Província do Rio que marcaram presença foram o pe. Américo de Oliveira, C.Ss.R., Superior Provincial, pe. Alfredo Viana, C.Ss.R., Vogal, e o ir. Pedro Magalhães, C.Ss.R., representando os
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irmãos da América Latina e Caribe. A 1ª fase do Capítulo Geral ocorreu no Paraguai, em maio do ano passado. Já a 2ª etapa, a Canônica, aconteceu na Tailândia, no mês de outubro de 2016. Essa última fase foi realizada nas Conferências. Terminado o Capítulo, teve início a Assembleia da Conferência da América Latina e Caribe entre os dias 22 e 24 de maio. Nessa reunião foram indicados, através de eleição, três nomes dos quais o Governo Geral escolherá um para a Coordenação da Conferência da América Latina e Caribe: Pe. Enrique Lopes - Paraguai, Pe. Marcelo Araújo - São Paulo e Pe. Ramon - Argentina. Até o final do ano o Conselho Geral deverá escolher um destes indicados para assumir o serviço de Coordenador da Conferência para os próximos seis anos. A próxima assembleia da Conferência acontecerá de 07 a 15 de agosto de 2018, em Trindade (GO).
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Novena e Festa de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro Santuário de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro Campos dos Goytacazes (RJ) “Maria nos conduz a Jesus” Novena e Festa: 18 a 27 de junho Pregador: Pe. Vinícius Ponciano (Província de São Paulo) Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro Vale da Floresta - Juiz de Fora (MG) “Com a Mãe do Perpétuo Socorro, no caminho de Jesus” Novena: 18 a 26 de junho. Festa: 1º e 2 de julho.
í! Vem a
37º Encontro dos Ex-colegas Redentoristas de Congonhas
14 a 16 Casa de Retiros Seminário da Floresta de julho Juiz de Fora (MG) Participação: Dom Fernando Guimarães, C.Ss.R., Arcebispo Militar do Brasil.
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Interparoquial 2017
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om o objetivo de aproximar as lideranças das paróquias e santuários da Província do Rio, aconteceu de 19 a 21 de maio, o Interparoquial na Casa de Retiros São José, em Belo Horizonte (MG), sob a coordenação dos Secretários de Comunicação, pe. Anderson Trevenzoli, C.Ss.R., e de Vida Pastoral, pe. Luis Carlos de Carvalho, C.Ss.R. O encontro foi uma oportunidade de formação, partilha e aproximação das unidades. Com a assessoria do Pe. Cleto Caliman, salesiano, os participantes estudaram as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2015-2019. Com base no documento, pe. Cleto destacou alguns pontos importantes para direcionar o trabalho da igreja nos próximos anos. O documento dialoga com os anseios do Papa Francisco com foco no trabalho do leigo e no desejo de uma igreja em saída, que não fique voltada para si mesma. “O agente de Pastoral deve estar sempre atento ao que está ao
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seu redor. O discipulado exige que Jesus seja internalizado e, em seguida, isso precisa se converter em dinâmica missionária”, disse o sacerdote. Na Hora Santa Vocacional, momento de reflexão e adoração ao Santíssimo, guiado por passagens bíblicas que contaram a história de pessoas que, como cada membro ali presente, receberam o chamado de Deus. Dando continuidade à formação, o pe. Paulo Sérgio Carrara, C.Ss.R. refletiu sobre o tema: “Voltar a Jesus”, dialogando com a necessidade de uma Igreja que foca na mudança do mundo. O Redentorista também presidiu a missa de encerramento. Ao final da celebração, representantes da Juventude Missionária Redentorista fizeram um momento especial, lembrando o Dia do Abraço, distribuindo muitos abraços calorosos, que em tudo tem a ver com a proposta de aproximação, de sair ao encontro do outro. Texto: Alessandra Assis Foto: Catarina Souza
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A Paróquia Santo Antônio de Pádua, em Barbacena (MG), recebeu as Santas Missões Redentoristas de 6 a 14 de maio, com a participação de padres e irmãos redentoristas, formandos, jovens, missionários leigos e religiosas que atuaram nas seis comunidades da paróquia. No encerramento da 3ª fase das Missões, sentimentos de alegria, sinceridade e entusiasmo pelo bom êxito dos trabalhos missionários e comprometimento com a próxima fase se misturaram ao clamor por uma presença redentorista definitiva naquela paróquia.
Escola Missionária em Divinópolis A Paróquia São Judas Tadeu, Diocese de Divinópolis (MG), recebeu, no dia 27 de maio, o ir. Pedro Magalhães, C.Ss.R., que coordenou a Escola Missionária com o tema de eclesiologia e visitas missionárias. Mais de 60 pessoas participaram do encontro que teve como objetivo preparar os missionários paroquiais para o levantamento sociorreligioso e a missão nas famílias. A terceira fase das Santas Missões na Paróquia, com a presença dos Redentoristas, será realizada de 22 a 30 de julho.
Encontro de Familiares da CVSA No final de semana do dia das mães aconteceu o Encontro de Familiares da Comunidade Vocacional Santo Afonso no Seminário da Floresta, em Juiz de Fora (MG). Estiveram presentes as mães dos seminaristas junto com alguns pais, avós, irmãos e o formador Pe. Fagner Dalbem, C.Ss.R., junto com sua família. Foram muitas as atividades: orações, conversa com a psicóloga, sarau, palestras sobre o cotidiano da casa, os santos redentoristas, as etapas da formação, vocação, a Província do Rio e a Congregação. No encerramento, os familiares fizeram uma partilha da experiência vivida naqueles dias.
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Aconteceu na Província
Missões Redentoristas em Barbacena
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