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Editorial
Palavra do Provincial CONGREGAÇÃO REDENTORISTA 283 anos de Fundação A Congregação do Santíssimo Redentor (C.Ss.R.), popularmente conhecida por Congregação Redentorista, foi fundada no dia 09 de novembro de 1732, por Santo Afonso Maria de Ligório, em Scala, no Sul da Itália. Tem como carisma evangelizar os pobres e mais abandonados. Em 1730, devido ao intenso trabalho missionário nas periferias de Nápoles, Santo Afonso teve um esgotamento profundo. O médico lhe prescreveu um período de descanso para respirar o ar puro das montanhas. Então,
com alguns companheiros, foi para a costa amalfitana, situada em Scala. No alto da montanha ficava o Santuário de Nossa Senhora dos Montes. Lugar de estrema beleza e ideal para o descanso, contemplação e oração; entre altas montanhas e o mar. Assim, Afonso conheceu os cabreiros e camponeses da região, pessoas pobres e sem nenhuma instrução religiosa. O que era para ser repouso se transformou em missão permanente. Seu biógrafo, Pe. Tanoia, afirma que Afonso partiu de Scala, mas
Expediente: Coordenação: Pe. Américo de Oliveira, C.Ss.R. Jornalista Responsável: Brenda Melo - MTB: 11918 Projeto gráfico: SM Propaganda Ltda Impressão: Gráfica América Tiragem: 2.000 exemplares
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espiritualmente mais abandonados, a fim de lhes administrar os sacramentos, de lhes anunciar a Palavra de Deus e os instruir com exercícios espirituais. No dia 09 de novembro, após a longa meditação da manhã , Afonso e cinco companheiros se reuniram ao redor do altar. A celebração foi presidida por D. Falcoia. Cantaram a missa do Espírito Santo. E, ao final, a grande louvação com o Te Deum. Assim, nasceu a Congregação Reseu coração ficou ligado aos ca- dentorista. breiros. Pensava: quem vai cuidar dessa gente? Bendizemos a Deus pela Congregação Redentorista, Por isso, em novembro de atualmente presente em mais 1732, Afonso deixou sua terra e de 62 países. partiu para Scala com o projeto de criar uma comunidade-misPe. Américo de Oliveira, C.Ss.R. são entre pobres camponeses Superior Provincial
Aniversariantes Novembro 05/11 – Ir. Aníbal de Assis, C.Ss.R. 12/11 – Pe. Lúcio Marcos Bento, C.Ss.R. 19/11– Pe. Mauro Carvalhais de Oliveira, C.Ss.R.
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Entrevista
Padre Vicente de Paula Ferreira, C.Ss.R. Com sua busca por uma vida missionária criativa, padre Vicente tem mergulhado, cada vez mais, no enlace entre cultura e fé. Depois de mais de 10 anos escrevendo para o AKIKOLÁ, o que resultou no livro Clareiras, reunindo crônicas e pequenos pensamentos, ele lançou recentemente uma nova obra, intitulada “Cristianismo não religioso no pensamento de Gianni Vattimo”. É sobre essa experiência literária que o Redentorista nos conta em entrevista ao AKIKOLÁ.
Seu livro aborda a importância da caridade para os dias atuais, em um diálogo entre a filosofia e a práxis cristã. De que forma isso acontece? No tempo que nós chamamos de pós-moderno, plural, no qual se valoriza muito a expressão plural das culturas, a caridade enquanto ponto de encontro é muito importante porque se baseia nesse amor encarnado de Deus e que exige de nós a fraternidade. Na diversidade, somos irmãos. Isso é muito importante para os dias de hoje porque combate, sobretudo, elementos como o fundamentalismo e a violência. Além disso, é uma forma de construir uma sociedade mais solidária e fraterna.
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Como surgiu a ideia de publicá-lo? A publicação vem de um próprio desejo literário meu, de compartilhar pensamentos, mas, sobretudo, da vontade de sair do círculo acadêmico e passar para o público. Depois do percurso do doutorado, uma construção de mais
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Entrevista
importantes (vida, amizade, fé). Essa obra certamente nos ajudará a promover ainda mais a fraternidade. Fale sobre o Projeto Clareiras e a motivação em tornar pública suas inspirações literárias. O Projeto Clareiras é um site simples, mantido por mim, com a contribuição de José Veloso, para não guardar as reflexões na gaveta. Na página www.projetoclareiras.com, você encontra poesias, crônicas, músicas e outras de 6 anos de pesquisa e trabalho, partilhas. considerei a minha tese um bom material para ser compartilhado Além do site da Província do com um número maior de pes- Rio, em quais locais os interessoas. sados podem adquirir o livro? “Cristianismo não religioso” é o seu segundo livro. Há novos projetos literários para um futuro próximo? Sim. Estarei lançando, em breve, um cd de Poesia e Viola com o nome de Tesouro. São textos e composições inéditas que produzi em parceria com o amigo e violeiro Chico Lobo. Penso que conseguimos traduzir, tanto na poesia como na música, temas
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O leitor pode encontrar meu livro nas livrarias da Editora Santuário, que o lançou. Além do site provincial (provinciadorio.org.br), quem tiver interesse pode entrar em contato comigo, através do e-mail pe.vicente@yahoo.com.br. Aproveito para agradecer a todos os amigos pela atenção e valorização de nossas produções.
Brenda Melo Juiz de Fora, MG
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Especial
Homenagem ao Padre Toninho
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adre Antônio Luiz de Oliveira, C.Ss.R. nasceu em 05 de dezembro de 1960, no município de Monjolos (MG). Fez seus votos temporários na Congregação Redentorista em 1º de fevereiro de 1987 e os votos perpétuos em 28 de janeiro de 1990. No dia 13 de outubro de 1990, foi ordenado presbítero na Basílica de São Geraldo, em Curvelo (MG), pelo bispo emérito de Itabira Coronel Fabriciano, Dom Lelis Lara, C.Ss.R.
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Padre Toninho foi uma pessoa de princípios e atitudes firmes, que foi crescendo com as oportunidades da vida e amadurecendo como pessoa para entender que nem tudo é como “ferro e fogo”. Foi meu formador na Filosofia e pregou na minha primeira missa, em abril de 2001. Humanizou-se. Espiritualizou-se. Gostava de ser uma pessoa da copiosa redenção, redentorista. Que Deus o tenha acolhido em seus braços de Pai para a celebração eterna de suas bodas. Padre José Geraldo de Souza, C.Ss.R. Cariacica (ES) Em nossa caminhada de Missionários Leigos Redentoristas, marcou fortemente nossas vidas e com certeza sua presença inspiradora continuará nos incentivando. Sempre ajudou sem aguardar recompensas. Um ser iluminado por Deus, querido pelos amigos e familiares. Ao longo dos seus 25 anos de consagração à Copiosa Redenção, viveu o Evangelho. Sua partida repentina muito nos entristece, mas com certeza o conforto do amor de Deus e suas lembranças nos consolam. Nunca esqueceremos sua risada gostosa e engraçada. Pela sua dedicação, pelo seu amor purificado e pela sua fé cristã, agora descansa no paraíso ao lado do Nosso Senhor. Valéria Carmanini e Fernando Guarulhos (SP)
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Especial
Inesperadamente, o padre Antônio Luiz, ou padre Toninho como era muitas vezes chamado, partiu do nosso convívio. A casa ficou triste e vazia. Padre Toninho, irmão mais novo de outro sacerdote e de uma religiosa, na sua maneira de ser, transmitia simplicidade, calma e tranquilidade. Abraçou com entusiasmo a incumbência que a Congregação Redentorista lhe confiou de dirigir a Rádio Educadora de Coronel Fabriciano. Eu tinha muita esperança na sua administração. E o incentivava a se especializar na ciência da comunicação para conduzir a Rádio Educadora com mais eficiência. Mas, Deus pensava diferente! Em pouco tempo, pe. Toninho conquistou o carinho de quem o conheceu. Dom Lelis Lara - bispo que o ordenou presbítero. Coronel Fabriciano (MG) Padre Antônio Luiz de Oliveira, um homem à frente de seu tempo! Líder nato, de personalidade forte, mas humilde por vocação. Grande poder de agregar pessoas num mesmo objetivo, sempre movido por ideias e ideais. A chegada do Pe. Toninho foi um divisor de águas para a empresa Rádio Educadora. Nós, funcionários, colaboradores e ouvintes só temos que agradecer a Deus por tê-lo deixado conosco por um curto período, é verdade, mas o suficiente para aprendermos que não vamos conseguir nada sem muita disposição, luta e fé! Dário de Freitas - Rádio Educadora Coronel Fabriciano (MG) Padre Antônio Luiz deixa o testemunho de um missionário redentorista simples, responsável e zeloso. Foi muito eficiente nos trabalhos que desempenhou na Província. A ele, nossa eterna gratidão! Pe. Américo de Oliveira - Superior Provincial Juiz de Fora (MG)
Padre Toninho faleceu em 19 de outubro de 2015, aos 54 anos de idade, vítima de uma parada cardíaca, no Hospital Nossa Senhora do Carmo, em Coronel Fabriciano (MG), cidade onde residia junto à comunidade redentorista.
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VI. O CREDO: Padeceu sob Pôncio Pilatos Padeceu O Credo, depois de afirmar que Jesus nasceu da Virgem Maria, afirma que ele padeceu. Há um salto, portanto. E a vida de Jesus, o que ele fez antes de sua morte: suas palavras, obras, milagres, o anúncio do Reino, no qual reconhecemos o centro de sua mensagem? O verbo padeceu resume, no Credo, todo o caminho de Jesus, marcado pelo sofrimento. E podemos imaginar quais foram os seus sofrimentos: nasceu numa situação de extrema simplicidade e sua vida em Nazaré não se deu na opulência. Ele certamente trabalhou para ganhar a vida. Naquele tempo, o pai transmitia sua profissão ao filho e Jesus aprendeu a arte da carpintaria com José. Não faz sentido imaginar que Jesus passou 30 anos de sua vida só em oração e recolhido. Jesus conheceu as labutas dos trabalhadores de sua época. Quanto a seu ministério, não lhe angariou sucessos, mesmo se a multidão se admirava com o que ele dizia e fazia. Os fariseus e escribas buscavam por
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Jesus a prova, pois queriam encontrar motivos para condená-lo. Ele foi tentado (cf. Mt 4,1-11). O episódio das tentações resume provações sofridas por Jesus ao longo da vida. A pior delas, talvez, a tentação de um messianismo glorioso, fortemente rejeitado por Jesus na obediência ao Pai. “Tudo isso te darei se prostrado, me adorares” (Mt 4,9). Ele resiste: “Vai-te Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás e a ele prestarás culto” (Mt 4,10). Sua obediência não desfalece. “Foi ele que, nos dias de sua vida mortal, dirigiu orações e súplicas, com veemente clamor e lágrimas, Àquele que podia salvá-lo da morte, e foi atendido por causa de sua submissão. E, embora fosse Filho, pelos sofrimentos suportados, aprendeu a obediência” (Hb 5,8). Foi desacreditado, perseguido, abandonado pelos amigos, traído por um deles. Frente à iminente morte na cruz, revela toda sua angústia: “Tomou consigo Pedro, Tiago e João e começou a sentir medo e angústia. E lhes disse: minha alma está numa tristeza mor-
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encarnado. E não o esqueçamos, fomos salvos pelo amor de Jesus que, quando acolhido, transforma nossa vida porque nos faz participar da sua. Não fomos salvos pelos seus sofrimentos, embora eles elevem o amor de Jesus a um grau inimaginável. A cruz simboliza até que ponto chega o amor de Jesus pela humanidade.
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tal” (Mc 14,33-34). Na cruz, se sentirá abandonado pelo Pai: “Meu Deus meu, meu Deus, por que me abandonastes”? (Mc 15,34). Jesus se sente abandonado pelo Pai, o que significa um sofrimento cuja intensidade somos incapazes de mensurar. “Trata-se de uma noite para nós insondável”, como afirma o grande teólogo Balthasar. Mas não devemos cair num dolorismo pessimista. Jesus também se alegrou e conheceu os prazeres saudáveis da vida. Alegrou-se com a proximidade dos apóstolos, com a contemplação da criação de Deus, com a preferência que ele tem pelos mais pobres e simples, que entendem sua mensagem melhor que os sábios e inteligentes (cf. Mt 11,25-26). Jesus amou com todas as fibras do seu ser, e quem ama assim conhece uma alegria e uma paz para além dos sofrimentos cotidianos. Ele tudo vive na confiança em Deus, seu Pai, por isto sua existência não podia ser só de tristeza e sofrimento, porque assim não conseguiria transmitir a beleza de sua mensagem. Nele encontramos uma coincidência total entre ser e fazer. O que faz expressa a riqueza de sua interioridade. Não só anuncia o Reino, mas o Reino se realiza na sua pessoa. Ele é o amor de Deus
Sob Pôncio Pilatos Quem era Pilatos? Ele era o procurador (prefeito) romano da Judeia na época de Jesus. Governou a Judéia de 26 a 36 d.C. Sua menção no Credo evidencia que o evento salvífico de Deus em Cristo aconteceu em nossa história. A história da salvação se insere na história humana, que se mostra sempre a história de Deus com os homens. O que aconteceu com Jesus pode, portanto, ser historicamente delimitado e datado. Pilatos não é, entretanto, apenas um personagem importante que o Credo menciona por acaso. O Credo afirma que Jesus padeceu sob Pôncio Pilatos, ou seja, Pilatos tinha poder político e o exercia como domínio sobre as pessoas. Representa a potência romana dominadora da Judéia e age segundo interesses políticos e
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econômicos. Seu poder em nada se parece com o de Deus, que só busca o bem dos outros, porque é amor incondicional. Ele sabe que Jesus é inocente, não encontra nele motivo de condenação (cf. Jo 18,38), mas não quer comprometer suas pretensões políticas e por em jogo sua amizade com o imperador César (cf. Jo19,12-13). Por isso, cedendo à injustiça, ele entrega Jesus para que seja crucificado (cf. Jo19,16), lavando, assim, as suas mãos (cf. Mt 27,24). O poder humano costuma se basear apenas em interesses egoístas e arbitrários. E onde entra os interesses do poder, o amor não tem chances de germinar. O Credo nos fala da condenação de Jesus de modo sintético e realista. E é muito preciso: Jesus não padeceu nos tempos em que Pilatos era procurador na Judeia, ele padeceu sob Pôncio Pilatos, ou seja, sob o poder político dominador de Pilatos. E não só o poder de Pilatos se levanta contra Jesus. Os outros poderes seguem o mesmo caminho: o judeu de Herodes (cf. Lc 23,7-12) e o religioso de Caifás (cf. Mt 26,57-67). Jesus foi condenado também diante do Sinédrio, tribunal judaico da época, mas esse não tinha o poder de condenar à morte a não ser por apedrejamento, como é o caso de Estevão, o
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primeiro mártir cristão (cf. At 7,5460). A lapidação que almejam para Jesus é ainda mais cruel e só poderia aplicá-la o poder romano. E esses três poderes juntos conseguem manipular a multidão para que se volte contra Jesus. A mesma multidão explorada por estes poderes é agora por eles manipulada: eis a contradição da história, que parece se repetir ainda hoje. E por que Jesus padece? A resposta é simples: por viver os valores do Reino que ele anunciou (fraternidade, paz, justiça, misericórdia). Tais valores são contrários aos valores do antirreino, que nascem da ganância, do egoísmo e da busca desenfreada do poder. A história se repete quando os justos pagam pelos injustos. Os poderosos sempre manipulam as massas em vista de seus interesses. Jesus é continuamente condenado naquele que sofre as consequências da ganância dos poderes corruptos. Mas a causa de Jesus não se resume no padeceu sob Pôncio Pilatos, ela termina na ressurreição. O Pai toma partido e fica do lado de Jesus. Mas ainda precisamos falar um pouco mais de sua morte, afinal, o Credo continua: foi crucificado, morto e sepultado. Pe. Paulo Sérgio Carrara, C.Ss.R. Belo Horizonte, MG
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Em Retiro Provincial, Redentoristas refletem sobre a Vida Consagrada
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om a proposta de fazer uma pausa, refletir e retomar o caminho com novo ânimo, os Redentoristas de MG-RJ-ES participaram do Retiro Provincial, com o tema “O Ano da Vida Consagrada e o Sentido da Vida Consagrada Redentorista”, de 05 a 09 de outubro, no Seminário da Floresta, em Juiz de Fora (MG). O pregador do retiro foi o padre Lourenço Kearns, C.Ss.R., da Província de Campo Grande. Segundo o padre Nelson Antônio Linhares, C.Ss.R., Secretário de Vida Consagrada, o retiro é um tempo proposto para restaurar as forças: “Para nós, religiosos, é o momento propício de avaliar nossa fidelidade aos compromissos assumidos e cultivar nosso desejo de consagração”. Brenda Melo Juiz de Fora, MG
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Um Missionário além fronteiras
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esde junho deste ano, o padre Ronaldo Divino de Oliveira, C.Ss.R. vive uma profunda experiência missionária na Paróquia Cristo Rei, na vila de Furancungo, no distrito de Macanga, Província de Tete-Moçambique. No depoimento abaixo, ele conta como tem sido esse tempo, relata suas impressões, dificuldades e motivações. Alô, alô, gente amiga! Viva, viva! Salve, salve! Estou vivendo minhas núpcias com Moçambique. Encontro-me em Furancungo - uma vila que fica no distrito de Macangá, a 200 km de Tete, que é a cidade e sede da diocese. A Missão Redentorista aqui teve início em 2011. Vivo com os dois missionários pioneiros da Missão. Ambos são irlandeses e já viveram no nordeste do Brasil. O outro grupo missionário presente aqui em Moçambique veio da Argentina. Os primeiros missionários
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chegaram em 2002. Temos uma boa parceria. Inclusive, participei com eles de uma Missão Popular de 10 dias em Inhassoro, uma vila de pescadores que fica a quase 1000 Km de onde eu resido. Nossa Missão em Furancungo consiste em atender, pastoralmente, às aldeias que estavam sem presença de sacerdote. Um padre jesuíta vinha somente na paróquia e nas aldeias mais próximas. As mais longínquas não tinha como ele atender, dada a distância e as condições precárias das estradas. Mesmo sem um atendimento mais constante, encontramos uma boa organização paroquial (Ministros da Palavra, Catequese, Grupo Jovem e a Legião de Maria). Quando saímos em Missão, ficamos três ou cinco dias atendendo as aldeias. Agora, com relativa frequência, tem celebrações da Eucaristia, batismo e casamentos. As celebrações se convertem num grande acontecimento. Daí, serem demoradas. O africano tem um ritual próprio para expressar sua alegria. Para Deus, reserva o melhor das colheitas e ofertam com muito bailado. Em média, 15 a 20 minutos o tempo da apresentação das oferendas. Aqui, é um bom exercício para a paciência. Quem é “estressado”, melhor não vir para a África! Não vou detalhar as carências e as privações em termos do necessário para uma vida saudável e digna.
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Precariedade na saúde, habitação, educação, alimentação e energia elétrica. Às vezes, ficamos dois dias sem energia elétrica. As ruas não tem saneamento básico, não são calçadas. Na rua onde moramos, não tem iluminação. Sair à noite nem pensar, por causa do mosquito transmissor da malária e porque não tem o que se ver. Quem sai à noite é visto como alguém que quer fazer o mal. A falta de mais conforto e comodidade no transporte, na saúde e na habitação constitui os maiores desafios. Não tem como ter água encanada. Não tem como ter chuveiro em casa. A escassez de água faz a gente ser econômico. Sendo assim, a roupa não fica bem lavada. Temos que reaprender outros hábitos alimentares. Nossa região não é de criação bovina. A carne mais consumida é de cabrito. Como me faz falta o nosso queijo mineiro, o pão de queijo, a carne bovina nem que fosse a moída! Maçã, só quando vamos a Tete. A língua oficial é o português, como se fala em Portugal. Todavia, há a língua nativa que eles preservaram. Não chega a ser um empecilho. Estou a falar o “portuchewa” (português e chechewa). O importante são os gestos. São eles que ficam. E neste quesito eu não tenho maiores problemas. Apelo para o que posso. Até o Roberto Carlos (cantor) tem me ajudado. Traduzi o refrão e uma estrofe da sua música mais conhecida aqui: Jesus Cristo!
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Se a Igreja perder sua vocação missionária, perde sua força na beleza e arte de evangelizar. A importância da missão “ad gentes” para a Igreja e, sobremaneira, a nossa Congregação, é manter aceso e sempre vivo o seu carisma. Não estou aqui sozinho, mas sim, em comunhão com a Igreja e com os meus confrades redentoristas. Somos uma congregação missionária na Igreja. Dádiva que Santo Afonso deu e que nós continuamos. Temos, por missão, revitalizá-la, sobretudo, aceitando estar presentes naqueles lugares onde muitos não querem ou podem estar, enfrentando os desafios da acomodação e da mesmice pastoral. Por fim, estou aqui no ano da Vida Consagrada, no qual o papa Francisco está a exigir de nós todos, e especialmente de nós religiosos, uma “igreja de saída”, levar e ser o Evangelho da alegria em todos os lugares. E, aqui na África, o continente da esperança, é este lugar. “Por causa de um certo reino, estradas eu caminhei, buscando sem ter sossego o reino que eu vislumbrei”. “Sou cidadão do infinito, do infinito e levo a paz no meu caminho, no meu caminho”. “Eu tenho tanto pra lhe falar, mas com palavras não sei dizer, como é grande o meu amor por você”. É a minha mensagem final. Obrigado a todos pelas orações e pela presença sempre solidária e amiga. Pe. Ronaldo D. de Oliveira, C.Ss.R. Província de Tete-Moçambique
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Louvores e orações à Mãe do Perpétuo Socorro
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iversas romarias compareceram ao CEPOP, em Campos dos Goytacazes (RJ), trazendo fiéis de diferentes cantos da região. Nem mesmo a chuva atrapalhou a tarde de louvor e orações, promovida pelo Santuário de N. Sra. do Perpétuo Socorro, no dia 25 de outubro. O evento contou com a participação do padre Robson de Oliveira, C.Ss.R., Redentorista do Santuário do Pai Eterno e Provincial da Unidade de Goiás. Ele presidiu a Concelebração Eucarística acompanhado do Superior Provincial, padre Américo de Oliveira, C.Ss.R., e diversos redentoristas da Província. A Tarde de Louvor integra as comemorações dos 150 anos da entrega do ícone do Perpétuo Socorro à Congregação Redentorista pelo papa Beato Pio IX, com a missão de fazer essa devoção conhecida no mundo inteiro. O evento também faz parte da celebração dos 60 anos de construção do Santuário.
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Entre os dias 15 e 18 de outubro, a Basílica de São Geraldo, em Curvelo (MG), realizou o tradicional Tríduo e Festa de São Geraldo 2015. Neste ano, a programação do evento incluiu a 1ª Romaria da Renovação Carismática Católica (RCC) à Basílica. A animação do Tríduo e Festa ficou por conta do Reitor da Comunidade Redentorista da Igreja de Santo Afonso, no Rio de Janeiro, Padre Maikel Dalbem, C.Ss.R.
Também foi realizada uma tarde exclusiva dedicada às crianças, com a presença do Geraldinho.
Aconteceu na Província
Tríduo e Festa de São Geraldo
Parceria de fé e vida
O público que compareceu ao salão da Igreja da Glória, em Juiz de Fora (MG), na noite do dia 02 de outubro, não prestigiou um simples lançamento de livro. Mais do que apresentar sua mais nova obra, o autor padre Vicente Ferreira, C.Ss.R. recebeu o violeiro e cantador Chico Lobo para um encontro de amigos.
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Intercalando canções, poesia e viola, padre Vicente falou sobre o livro “Cristianismo não religioso no pensamento de Gianni Vattimo”, resultado de mais de 6 anos de trabalho que culminou em sua tese de doutorado em Ciência da Religião. Na parte musical, o destaque foi o hino a São Geraldo, fruto da parceria entre padre Vicente e Chico Lobo, apresentado ao público na voz e viola do músico, com a participação do Ministério de Dança Emanuel. Quem esteve presente prestigiou um encontro que vai além dos projetos de composição: parceria de vida que celebrou a amizade entre duas pessoas que têm em comum a fé em Cristo.
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