Akikolá - Agosto/2020

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Editorial

Palavra do Provincial “DEUS VOS AMA. AMAI-O!”

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aros confrades, formandos, MLR, Jumire, colaboradores da Província de RJ-MG-ES e leitores do Akikolá, Em agosto, mês vocacional, celebramos Santo Afonso, o fundador dos Redentoristas. É fundamental perceber o processo de conversão na vida de Santo Afonso, para entendermos melhor a sua espiritualidade. Por que? Para percebermos o itinerário espiritual vivido por ele e as travessias que fez motivado pela fé em Jesus Redentor. A conversão mais essencial em toda a sua vida foi sua passagem de uma visão medrosa de Deus, para uma visão de um Deus que é amor, cheio de misericórdia e de Copiosa Redenção. E o que mais tocou o coração de Afonso foi descobrir que Deus é um “amante divino” que convida à conversão, acolhe os pecadores e oferece-lhes

o perdão total. E essa misericórdia é graça, não se pode comprar, não se pode merecer: é um dom livre que sai do coração amoroso e misericordioso de Deus Pai, por meio de seu filho Jesus, no poder do Espírito Santo. Santo Afonso mergulhou nesse amor contemplando três mistérios de Cristo: sua Encarnação, a Eucaristia e, sobretudo, a Paixão. E sua resposta diante desse Deus “louco de amor” foi dada assumindo a vida sacerdotal, fundando a Congregação Redentorista para pregar essa mesma misericórdia de Deus aos pecadores e fazendo a opção pelos mais abandonados e pobres. Que Santo Afonso nos ensine a confiar na misericórdia de Deus e nos ajude a ficar apaixonados por essa misericórdia e Copiosa Redenção. Rezemos com Santo Afonso nesse mês vocacional para que

Expediente: Coordenação: Pe. Nelson Antonio Linhares, C.Ss.R. Jornalista Responsável: Brenda Melo - MTB: 11918 Projeto gráfico: SM Propaganda Ltda

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Deus envie mais operários para Sua Igreja, despertando o coração dos jovens para a vocação à vida religiosa, principalmente na Congregação Redentorista!

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Acolha meu abraço acolhedor e a bênção, Pe. Nelson Antonio Linhares, C.Ss.R. padrenelsonantonio pe.nelsonantonio

CELEBRAÇÕES DO MÊS DE AGOSTO Patrono: São Bartolomeu, Apóstolo Virtude: Humildade e mansidão

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Aniversário natalício 11/08 – Pe. Alfredo Viana Avelar, C.Ss.R. 14/08 – Pe. Braz Delfino Vieira, C.Ss.R. 18/08 – Pe. José Carlos Campos, C.Ss.R. 18/08 – Pe. Flávio Leonardo Santos Campos, C.Ss.R. 28/08 – Pe. Fagner Dalbem Mapa, C.Ss.R. Profissão Religiosa 02/08 – Ir. Aníbal de Assis, C.Ss.R. 02/08 – Ir. Geraldo Pereira Neves, C.Ss.R. 02/08 – Ir. Pedro Aniceto da Silva, C.Ss.R. 04/08 – Ir. Afonso Cupertino de Barros, C.Ss.R. Ordenação Presbiteral 1º/08 – Pe. Sebastião Fernandes Daniel, C.Ss.R. 15/08 – Dom Fernando José M. Guimarães, C.Ss.R. 21/08 – Pe. Flávio Leonardo Santos Campos, C.Ss.R. 23/08 – Pe. José Maurício de Araújo, C.Ss.R. 27/08 – Pe. Válber Dias Barbosa, C.Ss.R. 30/08 – Pe. Denis Francisco Rosa Oliveira, C.Ss.R. Memória Redentorista 1º/08 – Festa de Santo Afonso, fundador da Congregação Redentorista 1º/08 – Início da Comunidade Vocacional Dom Muniz (1984) 07/08 – Início da fundação Redentorista em Cel. Fabriciano (MG) (1948) 09/08 – Ordenação sacerdotal do beato Zenão Kovalyk (1932) 10/08 – Ordenação sacerdotal do beato Ivan Ziatyk (1923) 18/08 – Nascimento do Beato Zenão Kovalyk (1903, Ucrânia) 25/08 – Memória do mártir beato Domingos Metódio Trcka 28/08 – Nascimento do Beato Javier G. Jaunarena (1877, Espanha)

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Entrevista

Refletindo a vocação

Diác. Robson Araújo dos Santos, C.Ss.R. No mês em que a Igreja volta seus olhares de forma especial para a vocação, conversamos com o Diác. Robson, Promotor Vocacional da Província do Rio, que fala sobre a importância em descobrir o amor de Deus por nós e encontrarmos sentido no Seu chamado. O mês vocacional, celebrado em agosto, busca refletir e rezar pelas vocações. Qual é a importância desse tempo? O mês vocacional nos ajuda a perceber o quanto é importante voltar os nossos olhares e atenção para a vocação. É o mês para refletirmos a importância de sermos chamados por Deus. Mês em que a Igreja dedica e convida a rezarmos pelas vocações. Em cada domingo de agosto, rezaremos por uma vocação específica no intuito de evidenciar ao povo de Deus que a Igreja não é formada por uma única vocação. No 1º domingo, rezamos pelas vocações aos ministérios ordenados (diáconos, padres e bispos); no 2º domingo, pela vocação ao matrimônio; no 3º, vocação à vida religiosa; no 4º, vocação dos cristãos leigos e leigas. A vocação realiza-se na história de cada pessoa e é a forma mais intensa de evidenciar o amor divino. Quando descubro o amor de Deus por mim, coloco-me na escola de Jesus, o qual nos ensina a construir o Reino de Deus. Para isto é preciso discernimento, estar atento aos sinais dos tempos e perguntar-se: Qual é o chamado de Deus na minha história? Em que posso ajudar o mundo a ser melhor? Onde e como me realizo enquanto ser humano, filho de Deus?

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Este ano, o mês vocacional traz como tema “Amados e chamados por Deus” e lema “És precioso aos meus olhos. Eu te amo” (Is 43,1-5). Qual o sentido desta inspiração? Esta inspiração nos faz recordar o amor de Deus por cada um de nós. É importante ter presente que é Deus quem toma a iniciativa de nos chamar para estarmos em comunhão com Ele. O lema nos remete à vocação do profeta Isaías, o qual reconhece o chamado de Deus e é consciente de que Deus o chama por amor. A exemplo do profeta, somos convidados a responder a esse mesmo chamado de forma positiva. A descoberta da vocação se dá quando me sinto amado por Deus e amo a minha história de vida. Deste modo, é possível abrir um horizonte de sentido para a realização da missão que Deus nos confia. Pelo batis-

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mo somos introduzidos na grande família do Pai e nos colocamos, com coragem, no caminho de Jesus, para enfrentar os desafios que a vida nos apresenta. Nesse sentido, o tema nos faz refletir que vocação também significa amor, pois uma vocação sem amor não é vocação. Em agosto, essa vivência é intensificada, mas sabemos que a animação vocacional acontece durante todo o ano. Como você percebe essa cultura vocacional entre os Missionários Redentoristas, na missão de despertar e conscientizar a vocação? A Constituição Redentorista nº 79 nos recorda que somos todos corresponsáveis na promoção vocacional: “Todos os confrades, portanto, na medida de sua estima e amor à própria vocação, dediquem-se ao apostolado de promover vocações para a Congregação.” Creio que estamos caminhando para fortificar a cultura vocacional em nossa Província. E para isto, é necessária a contribuição de todos os membros em prol de uma primavera de vocações. O Secretariado Vocacional Redentorista de nossa Província tem produzido subsídios, como orações, vídeo vocacional, posts que ajudam os confrades e o povo de Deus nesta missão do “despertar vocacional”. Nesses tempos em que se usam tanto os meios de comunicação social, devemos usar destes recursos para que mais jovens tenham acesso à espiritualidade e à missão redentorista, para que assim desperte neles o desejo de conhecer mais de perto a nossa Congregação e sintam-se chamados a anunciar conosco a Copiosa Redenção.

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Como se encontram os trabalhos da Pastoral Vocacional na Província do RJ-MG-ES e como tem sido feita a animação em tempos de pandemia? Algumas atividades como, por exemplo, o retiro de semana santa e os encontros vocacionais presenciais tiveram de ser adiados, mas o acompanhamento vocacional continua através dos meios de comunicação social: WhatsApp, telefonemas, e-mails, lições vocacionais on -line, lives etc. Além disso, começamos a fazer projetos de tríduos vocacionais, visitas aos vocacionados, material para oração e reflexão vocacional. Qual é o seu conselho aos jovens que desejam ou que já pensaram em ingressar na vida religiosa? Que sejam ousados em responder com generosidade ao chamado de Deus e que não tenham medo de buscar o diferente, pois ser religioso nos dias de hoje é buscar viver o diferencial no meio daquilo que muitas vezes a sociedade oferece. O processo de acompanhamento vocacional é um tempo de grandes descobertas de si mesmo. É também um período de discernimento diante dos chamados que a própria existência nos faz. Permitam-se lançar para as águas mais profundas. A vida religiosa é uma opção de vida que nos leva a consagrarnos totalmente a Deus, a fazer da nossa vida, de nossa história, uma entrega de amor ao Absoluto. Gastar a juventude e a vida em si em prol do Evangelho é fazer da própria vida uma doação a Deus e ao próximo.

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Brenda Melo Juiz de Fora, MG

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Quarentena Solidária

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pandemia do COVID-19 traz, além do impacto na saúde pública, o impacto na economia, gerando um rastro de desemprego e escancarando as desigualdades de nosso país. Como sempre, os empobrecidos são os mais afetados por já se encontrarem em situação de vulnerabilidade. Para amenizar e cuidar da situação de pobreza de muitos irmãos nossos, o pároco da Paróquia Sagrada Família,

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em Cariacica (ES), Pe. Anderson Trevenzoli, C.Ss.R., criou na paróquia a Pastoral Social Santa Dulce dos Pobres, para o acompanhamento das famílias carentes do território paroquial. As ações da Pastoral estão focadas na distribuição de cestas básicas, agasalhos e na construção de banheiros para garantir a higiene dessas famílias. Para fazer chegar as doações e criar um vínculo com aqueles que necessitam, são realizadas visitas nas casas por parte dos agentes da Pastoral. A maior parte das doações vem de algumas paróquias parceiras da Grande Vitória e de alguns empresários. A ideia é ajudar um determinado número de famílias que perderam sua fonte de renda. Outro equipamento importante para a assistência social em nossa paróquia é a Obra Social Redentorista – Centro Nova Geração (CNG), que estava atendendo cerca de 120 crianças, de 6 a 15 anos, antes da pandemia. O objetivo do CNG é possibilitar um espaço saudável de convivência e aprendizado cidadão, além do contato com a espiritualidade cristã e católica. Por estarmos impossibilitados de realizar os atendimentos durante esse tempo, estamos garantindo uma assistência alimentar para as 96 famílias atendidas. Em parceria com o Programa Mesa Brasil do SESC, distribuímos legumes, frutas e verduras semanalmente, e recentemente, conseguimos a distribuição de um cartão alimentação no valor de R$ 100,00. Mensalmente, distribuímos uma cesta básica para cada família, graças à preciosa contribuição dos parceiros da obra social.

Sabemos que as demandas são grandes, mas o pouco que conseguimos fazer já contribui para amenizar a situação de muitos irmãos mais necessitados. Que a caridade, lei maior da vida cristã, continue nos impulsionando para irmos ao encontro dos mais pobres. Pe. Rodrigo Costa Silva, C.Ss.R. Cariacica, ES

“Mesmo com nossa equipe reduzida devido à pandemia, não medimos esforços para ajudar a essas famílias, afinal, qualquer alimento é bem-vindo em suas mesas. Queremos agradecer a todos os parceiros e doadores anônimos que ajudam o nosso projeto social. Com as bênçãos de Santo Afonso e intercessão de N. Sra. do Perpétuo Socorro, vamos sobrevivendo a essa pandemia”. (Cristiano Freislebem, setor administrativo do CNG).

“Muito obrigada, Família CNG! Que Deus abençoe a vida de vocês por estarem ajudando nossa família. Meu filho ficou muito feliz pelos alimentos que vocês mandaram. Fico muito grata por todos vocês, de coração!”. (Jéssica, mãe do Krisley, atendido pela obra social).

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Espiritualidade

Compêndio da Doutrina Social da Igreja – Introdução

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aríssimos amigos leitores de Akikolá: Recebi boas ressonâncias sobre os meus dois últimos artigos publicados em nosso informativo Akikolá. Ambos tratavam de questões relativas à Doutrina Social da Igreja. Percebi, assim, que seria

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muito interessante lançarmo-nos, ao menos nos próximos meses e em caráter introdutório, sobre uma das obras referenciais neste campo e que percebi que é muito pouco conhecida em nossos meios: o “Compêndio da Doutrina Social da Igreja”.

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Este primeiro artigo da presente série conterá apenas algumas informações históricas de caráter geral, bem como uma breve exposição do conteúdo, funcionando como uma introdução que criará o contexto no qual o documento está inserido, favorecendo a compreensão dos temas particulares que trataremos nos próximos meses neste informativo.

Quando e porquê? Trata-se de uma obra complexa que não coincide simplesmente, como alguns poderiam pensar, com a coletânea dos textos dos documentos magisteriais sobre a doutrina social católica. Situa-se em um segundo nível de composição, já reflexivo, onde o “Pontifício Conselho Justiça e Paz” buscou reunir de modo ordenado os temas principais tratados no corpo doutrinal sobre assuntos de caráter social como justiça, paz, política, economia, a questão operária, os direitos fundamentais dos homens e mulheres... Tudo tem início com o pedido do Papa João Paulo II, por ocasião do Jubileu do ano 2000, que no ano de

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1998 encarregou o cardeal vietnamita François-Xavier Nguyên Văn Thuân, então presidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz, de reunir de modo organizado e sistemático sob um mesmo título a reflexão sobre os diversos temas sociais tratados pelos papas desde Leão XIII, com a encíclica Rerum Novarum (1891 - reconhecida como o primeiro documento oficial sobre a doutrina social da Igreja) até aquele presente momento. Sendo assim, não se encontram referencias aos documentos mais recentes relativos aos pontificados de Bento XVI e Francisco. O cardeal Văn Thuân, uma pessoa com uma história de vida e espiritualidade interessantíssimas , faleceu no ano de 2002, deixando, assim, a obra inacabada. O trabalho continuará sob a coordenação do cardeal Renato Raffaele Martino, sendo publicada dois anos

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Espiritualidade

• Primeira parte - Primeiro capítulo: o desígnio de amor de Deus pela humanidade - Segundo capítulo: missão da Igreja e doutrina social - Terceiro capítulo: a pessoa humana e os seus direitos - Quarto capítulo: os princípios da doutrina social da Igreja

mais tarde, no dia 25 de outubro de 2004. Sendo assim, não se trata de uma obra que substitua a leitura dos documentos pontifícios mas, com certeza, dado à grande quantidade de documentos, ajuda em muito em uma primeira imersão no pensamento social da Igreja. Para um estudo mais aprofundado, nada substitui o contato com os diversos textos produzidos ao longo do último século, compreendendo-os a partir de seus respectivos contextos.

Estrutura do documento • Introdução: um humanismo integral e solidário

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• Segunda parte - Quinto capítulo: a família como célula vital da sociedade - Sexto capítulo: o trabalho humano - Sétimo capítulo: a vida econômica - Oitavo capítulo: a comunidade política - Nono capítulo: a comunidade internacional - Décimo capítulo: salvaguardar o ambiente - Décimo primeiro capítulo: a promoção da paz • Terceira parte - Décimo segundo capítulo: doutrina social e ação eclesial • Conclusão: por uma civilização do amor Pe. Maikel Pablo Dalbem, C.Ss.R. Roma, Itália

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Oitava de São Geraldo tornou-se um evento de fé e devoção. Uma festa que atrai milhares de fiéis, devotos e devotas de São Geraldo, vindos de todas as partes de Minas Gerais e de diversos Estados dos Brasil. Já foram realizadas ininterruptamente 102 Oitavas. Além de ser um tempo profundo de evangelização, é um momento muito significativo para a cidade de Curvelo (MG) e região do ponto de vista econômico e social. Durante muitos anos, a Oitava de São Geraldo foi realizada no mês de outubro, com final no dia da festa litúrgica do santo (16 de outubro). Para evitar a estação chuvosa e para maior comodidade dos romeiros, em 1953, o início da Oitava foi transferido para o último sábado de agosto e o término, no primeiro domingo de setembro. Em outubro,

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continuou-se a celebrar a festa litúrgica de São Geraldo, dando origem assim, ao Tríduo do São Geraldo. Consciente da responsabilidade de defender a vida, evitando o contágio da COVID-19, e, considerando o decreto do prefeito de Curvelo, Sr. Maurílio Soares Guimarães, das orientações normativas do Arcebispo Metropolitano de Diamantina, D. Darci José Nicioli, e das orientações do Superior Provincial do RJ-MG-ES, Pe. Nelson Antônio Linhares, C.Ss.R., para o período de pandemia, a Oitava de São Geraldo 2020, que se realizaria de 29 de agosto a 06 de setembro, foi transferida para outubro, por ocasião da festa litúrgica de nosso padroeiro. Portanto, este ano, a Oitava de São Geraldo será de 10 a 18 de outubro. Para a segurança dos participantes, seguiremos todas as orientações da Organização Mundial da Saúde e da Prefeitura Municipal de Curvelo no combate à COVID-19. Que São Geraldo Majela interceda por todas as pessoas que estão sofrendo, vítimas do novo coronavírus. Pe. Américo de Oliveira, C.Ss.R. Reitor da Basílica de São Geraldo Curvelo, MG

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Redentoristas

Oitava de São Geraldo 2020


Formação

Virtude do mês

HUMILDADE E MANSIDÃO Quando ser forte é fundamental

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xiste a ideia de que a humildade é um comportamento obsoleto, inaceitável numa sociedade competitiva. Há quem pense que é preciso escolher entre humildade e autoestima, por não saber como reconciliá-las. A humildade não deve ser confundida com baixa autoestima, timidez ou complexo de inferioridade. Humildade é ter conhecimento do que somos e também do que nos falta. Inclui afirmação de talentos que é preciso fazer render e não enterrar. A humildade nasce de um autoconhecimento objetivo, que nos torna mais humanos e mais conscientes de nossas limitações, sem presumir ser algo que não somos. Santo Agostinho diz que “toda humildade consiste em conhecer a si mesmo”. “A humildade é a verdade” – resume Santa Teresa. Nessa lógica, ser orgulhoso é mentir a si próprio. O soberbo não reconhece Deus e não se reconhece criatura. Falsifica as relações, não aceita a soberania de Deus e seu estado de dependência. A esse São Paulo in-

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terpela: “Que tens que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te glorias como se não o tivesses recebido?” (1Cor 4,7). Santa Terezinha confirma que “tudo é graça”. Humildade significa viver na verdade, aceitando que não somos perfeitos. É de São Paulo este conselho: “Não tenhais de vós mesmos um conceito mais elevado do que convém, mas uma justa estima, ditada pela sabedoria” (Rm 12,3). Hoje, prefere-se entender a humildade como autenticidade. Significa viver a verdade sobre si mes-

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mo, ser honesto consigo e com os outros. “Humildade é ser autêntico, sem pretensão, orgulho ou arrogância” – escreve James C. Hunter no seu precioso livro O Monge e o Executivo. O autor recorda a lição que aprendeu quando certo dia encontrou “alguém que era uma lenda do mundo dos negócios” consertando um vaso sanitário. Na Comunidade Redentorista de Belo Horizonte (MG), tivemos nos anos 1970 o tocante exemplo de Dom João Muniz, que, após renunciar ao governo da diocese da Barra, era visto na cozinha todo dia após o almoço lavando talheres e pratos. Na escola de Jesus, quem quer tornar-se grande se faz servo dos outros (cf. Mt 20,26). “Quem não vive para servir, não serve para viver” – diz o trocadilho atribuído a Mahatma Gandhi. A verdadeira humildade é fonte de confiança, coragem e liberdade. Gente humilde não é pessimista, porque acredita que pode ser mais, em resposta ao chamado de Deus à santidade e com a ajuda de Sua graça. A humildade determina nossa atitude não apenas para com Deus, mas também para com os outros. Por isso ela está naturalmente ligada à mansidão, que inclui paciência, brandura, perdão. Ser manso é ser delicado com todos, é ser atencio-

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so, compreensivo, não prepotente. É preciso ser gentil especialmente com os pobres, os fracos, os doentes, aqueles que são tratados sem a devida atenção na sociedade. Muitas vezes nos falta delicadeza porque não temos empatia, não nos colocamos no lugar do outro.

Longe de ser sinônimo de fraqueza, a mansidão se baseia na fortaleza. Só os fortes sabem praticá-la. É não se deixar vencer pelo mal, mas vencer o mal com o bem (Rm 12,21). Neste bicentenário de São Clemente, vale recordar que ele, embora fosse colérico por temperamento, soube dar uma resposta serena ao homem que lhe cuspiu no rosto quando ouviu do Santo um pedido de ajuda para seu orfanato: “Isto foi para mim, agora dê alguma coisa para minhas crianças”. “Gentileza gera gentileza” – bradava o “profeta”.

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Pe. José Raimundo Vidigal, C.Ss.R. Campos dos Goytacazes, RJ

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Aconteceu na Província

FESTA DE SANTO AFONSO 2020

Paróquia Santo Afonso Rio de Janeiro (RJ)

Santuário N. Sra. do Perpétuo Socorro Campos dos Goytacazes (RJ)

Paróquia N. Sra. do Perpétuo Socorro Vale do Floresta /Juiz de Fora (MG)

Paróquia Nossa Senhora da Glória Juiz de Fora (MG)

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Aconteceu na Província

Paróquia São José Belo Horizonte (MG)

Paróquia São Sebastião Coronel Fabriciano (MG)

Basílica de São Geraldo Curvelo (MG)

Paróquia Sagrada Família Cariacica (ES)

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