Akikolá - Julho/2020

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Editorial

Palavra do Provincial AKIKOLÁ DE CARA NOVA!

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aros confrades, formandos, MLR, Jumire, colaboradores da Província de RJ-MG-ES e leitores do Akikolá, Todos os países estão atravessando um tempo de grandes desafios com a pandemia do novo coronavírus. Todas as áreas da vida foram atingidas, inclusive a eclesial e a financeira. No Brasil, podemos perceber o tamanho da crise econômica, com desemprego e fechamento de empresas. Para adaptar-nos a esses contratempos, dentre outras medidas de economia, vamos mudar o formato do AKIKOLÁ! Nosso informativo vai continuar sendo editado, mas apenas na versão digital, acabando por ora a versão impressa. As edições poderão ser acessadas no site www.provinciadorio.org.br mas os leitores também poderão recebê-las mensalmente, diretamente em seu Whatsapp ou no e-mail, conforme preferirem. Para isso, basta nos enviar uma mensagem pelo

número (31) 97103-4532, informando como prefere receber as versões digitais das próximas edições. No terceiro domingo de julho, celebramos a festa do Santíssimo Redentor. Jesus Cristo é a fonte e mediador da Copiosa Redenção. Podemos entender a Redenção como o grande projeto amoroso de Deus Pai para salvar a humanidade e o cosmo. Deus cria o mundo e busca renová-lo fazendo-se um de nós, isto é, humanizando-se, vivendo a experiência da KENOSIS (esvaziamento). Ele Redime toda criação, resgata a humanidade pelo sacrifício que faz de si mesmo em prol da libertação do pecado no ser humano e em toda a criação. Toda vida de Jesus e tudo o que Ele ensinou e realizou é a redenção sendo ofertada a cada um de nós. É de Deus que vem a graça e n’Ele a redenção é copiosa, é abundante a Sua misericórdia que ama e que caminha com seu povo. A Copiosa Redenção se realiza, porque um Deus se aproximou de nós e

Expediente: Coordenação: Pe. Nelson Antonio Linhares, C.Ss.R. Jornalista Responsável: Brenda Melo - MTB: 11918 Projeto gráfico: SM Propaganda Ltda Impressão: W Color Indústria Gráfica Tiragem: 1.800 exemplares

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nos demonstrou seu “amor apaixonado”. Aniquilou-se. (Fl 2, 7-8) Essa verdade de fé está bem no coração de cada Missionário Redentorista. O caminho da dor que Cristo enfrentou foi para nos demonstrar o tamanho de Seu amor por nós. Santo Afonso mesmo nos diz: “Amou-nos e, porque nos amava, entregou-se nos braços da dor, da vergonha, da morte mais dolorosa que algum homem já suportou na terra!”

A copiosa redenção é a salvação que Jesus nos trouxe e nos ofereceu com a entrega de sua própria vida. O Cristo não se apegou a si mesmo, mas aniquilou-se inteiramente, entregando-se à morte de cruz para nossa salvação. Que nossa vida experimente essa Copiosa Redenção! Pe. Nelson Antonio Linhares, C.Ss.R. padrenelsonantonio pe.nelsonantonio

(A prática de amor a Jesus Cristo)

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CELEBRAÇÕES DO MÊS DE JULHO Patrono: São Tiago, Apóstolo Virtude: Obediência

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Aniversário natalício 07/07 – Pe. Anderson Trevenzoli, C.Ss.R. 15/07 – Fr. Thiago Costa Alves de Souza, C.Ss.R. 16/07 – Pe. Luciano Silveira Ivo, C.Ss.R. 18/07 – Pe. Sérgio Luiz e Silva, C.Ss.R. 19/07 – D. Fernando José Monteiro Guimarães, C.Ss.R. 23/07 – Ir. José Domingos de Vasconcelos, C.Ss.R. 26/07 – Pe. Vanderlei Santos de Souza, C.Ss.R. 27/07 – Pe. Mauro de Almeida, C.Ss.R. 28/07 – Pe. Paulo Roberto de Morais Júnior, C.Ss.R. Ordenação Presbiteral 02/07 – Pe. Luciano Silveira Ivo, C.Ss.R. 08/07 – Pe. Ergo Dias de Araújo, C.Ss.R. 16/07 – Pe. Dalton Barros de Almeida, C.Ss.R. 16/07 – Pe. José Raimundo Vidigal, C.Ss.R. 20/07 – Pe. José Luciano Jacques Penido, C.Ss.R. 26/07 – Pe. Paulo Sérgio Carrara, C.Ss.R. Memória Redentorista 1º/07 – Sto. Afonso publicou o livro “Visitas ao Santíssimo Sacramento” 02/07 – Chegada dos primeiros Redentoristas ao Brasil (1893) 02/07 – Fundação do Seminário da Floresta (1945) 16/07 – Profissão Religiosa de São Geraldo Majela na C.Ss.R. (1752) 19/07 – Solenidade do Santíssimo Redentor

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Festa do Santíssimo Redentor

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Congregação Redentorista celebra, no terceiro domingo do mês de julho, a Solenidade do Santíssimo Redentor. A data tem um significado especial para a Família Redentorista, que carrega o seu nome. Nós somos chamados a sermos “ajudantes, companheiros e ministros de Jesus Cristo na grande obra da redenção” (Const. 2). Por isso, essa data festiva nos remete ao compromisso com a missão de seguir os passos do Redentor, dedicando nossa vida ao anúncio do Reino de Deus. A Constituição Redentorista nº 23 afirma que “chamados a continuar a presença de Cristo e sua missão redentora no mundo, escolhem os Re-

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dentoristas a pessoa de Cristo como centro de sua vida. Esforçam-se por se unir sempre mais a Ele em comunhão pessoal. Dessa maneira, estarão o próprio Redentor e seu Espírito de amor presentes no coração da comunidade, para formá-la e sustentá-la. Na medida em que os confrades mais intimamente se unirem a Cristo, mais estreita será a comunhão entre eles próprios”. Como servos humildes, os Missionários Redentoristas anunciam a copiosa redenção, iluminados pelo Espírito Santo e inspirados na espiritualidade ensinada pelo fundador da Congregação, Sto. Afonso de Ligório. Celebrar o Santíssimo Redentor é, portanto, reconhecer o amor incondicional de Deus Pai por nós e fortalecer a nossa fé Naquele “que nos amou primeiro, e nos enviou seu Filho, como propiciação pelos nossos pecados” (1Jo 4,10). É um dia para pensar também se nossas atitudes estão em sintonia com o que Deus nos propõe na vida cristã. Que essa solenidade seja vivenciada com alegria, esperança e renovação, na certeza de que Jesus Cristo caminha ao nosso lado, de mãos dadas conosco!

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Brenda Melo Juiz de Fora, MG

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Redentoristas

Redentoristas celebram a


Entrevista

Praticando a docência no caminho Redentorista Pe. Maikel Pablo Dalbem, C.Ss.R.

Doutor em Teologia Moral, Pe. Maikel vive mais um desafio: esse ano, assumiu o cargo de professor na Academia Alfonsiana, em Roma (Itália). Segundo o religioso, ele vive um momento de êxtase ao aliar sua missão como Redentorista à uma paixão pessoal, dando seguimento às inquietações de Santo Afonso, pesquisando e exercendo a docência. Apresente-nos a Academia Alfonsiana! A Academia Alfonsiana é um instituto com 71 anos de vida, que começou com o Superior Geral holandês, Pe. Leonardo Buijs, C.Ss.R., responsável também pela criação da Missão e da Vice-Província holando-brasileira. O intuito era levar adiante a reflexão em Teologia Moral, uma área de atuação muito importante para os Redentoristas. Como o carisma da Congregação é cuidar dos mais abandonados, no confronto pastoral, na época de Santo Afonso, veio a necessidade de repensar a Moral de acordo com a realidade. A Academia Afonsiana surge, então, de uma tradição que já existia dentro da Congregação na dedicação à Moral. Ela é criada como um instituto superior de Teologia Moral. Hoje, está ligada à Pontifícia Universidade Lateranense, formando mestres e doutores em Teologia Moral. Atualmente, são cerca de 250 alunos ativos. Como surgiu o convite para você ser professor na Academia Alfonsiana? Foi um processo gradual. Fiz o Mestrado no Brasil em Sagrada Escritura, na Faculdade dos Jesuítas. Depois, por uma provocação do Governo Geral, fui enviado pela Província do Rio para fazer

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o Doutorado em Moral na Itália, na Academia Alfonsiana. Na metade do segundo ano do Doutorado, começou uma sondagem dos meus Superiores para saber se eu tinha disponibilidade em dar aulas na Academia. A minha resposta foi: “eu estou para a missão Redentorista, aonde vocês me quiserem eu vou!”. Dois dias após a defesa do Doutorado, em setembro de 2019, recebi a minha nomeação como professor do instituto. Em qual disciplina você atua? Neste primeiro ano, sou professor assistente, por isso, estou dividindo as disciplinas com outros professores e conhecendo metodologias. Neste primeiro semestre, trabalhei com dois professo-

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res; com um, aprendi a área de didática de aula; com o outro, trabalhei o Liberalismo Político e a Doutrina Social da Igreja, já dando parte da aula. Para o próximo semestre, continuo nesse modelo de Moral Social. Irei trabalhar num curso de Cristologia. A partir de agosto, passarei para um outro grau, que é o de professor convidado. Oferecerei meu primeiro seminário, sozinho, sobre o problema do mal nas sociedades. Além das aulas, meu trabalho na Academia Alfonsiana consiste no acompanhamento de alguns estudantes de língua portuguesa, criação de vídeos, coordenação de algumas publicações online e produção de textos. Como você se sente como professor deste instituto histórico tão importante? Eu já tinha uma experiência de docência no Brasil; já fazia parte do meu ministério. Agora, estou vivendo um momento de graça, pois estou fazendo algo que adoro (pesquisar e dar aulas) em uma faculdade Redentorista, em um instituto já consolidado! Estou no cerne da missão, levando adiante uma preocupação de Santo Afonso, fazendo parte dessa história, lidando com uma área altamente desafiadora e estimulante. Liga a minha missão como Redentorista à uma paixão pessoal. Como é seu dia-a-dia na Comunidade Santo Afonso, em Roma? Nós somos, aproximadamente, 60 pessoas na Casa Geral. Todos que estão a serviço da Congregação moram na Comunidade Santo Afonso. Nós nos encontramos para as orações diárias (são

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três momentos), celebrações eucarísticas, refeições, reuniões e convivências informais. Temos uma vivência comunitária boa, interessante e rica porque é multicultural. Essa grande comunidade também está dividida em pequenos grupos de trabalho: Colégio Maior, Academia Alfonsiana, Instituto Histórico, Arquivo Histórico, Igreja e Oficiais que cuidam de algumas funções do Governo Geral. Então, há também uma vivência de reuniões e encontros dentro desses grupos pequenos. Pastoralmente, presido a celebração na Igreja Santo Afonso, uma vez no meio da semana; aos sábados, celebro em uma comunidade da periferia de Roma e aos domingos, celebro no Santuário também. Minha pastoral é: Academia Alfonsiana e as celebrações. Como você enxerga o processo de reestruturação da Congregação Redentorista? É um processo que vem de encontro a realidades muito diversas na Congregação e, por isso, é muito complexo. Nas unidades brasileiras, por exemplo, vejo como uma ampliação de horizontes, reorganização em vista da missão para servir melhor, diminuir estruturas de administração, melhorar a circulação dos confrades entre diversas áreas, etc. Eu vejo como um processo bem positivo. Lógico que tem seus desafios, como respeitar as histórias que já existem, mas também estar aberto às possibilidades que vão chegar. A questão cultural também será muito desafiadora. Brenda Melo Juiz de Fora, MG

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Espiritualidade

Neoliberalismo “fai da te” (2) Introdução Dando continuidade ao tema que já iniciamos no mês passado, cabe-nos uma breve reflexão sobre o que a Igreja vem discernindo em seu ensinamento moral social sobre o liberalismo e, consequentemente, sobre o neoliberalismo. Gostaria, antes de tudo, de agradecer às ressonâncias que recebi depois da publicação do nosso artigo anterior. Creio que este nosso espaço possa crescer sempre mais como lugar de diálogo e partilha de ideias. Recordo que, enviando um e-mail à redação de Akikolá, você pode sugerir novos temas para serem trabalhados e refletidos nesta coluna.

Liberalismo: distinguir entre o movimento histórico/filosófico e uma ideologia perigosa São diversas as vias de abordagem que poderíamos tomar neste breve artigo, contudo, me atenho a algumas pistas que podemos encontrar na encíclica de Paulo VI Octogesima adveniens (OA). Uma primeira distinção deve ser feita: o liberalismo como movimento histórico e como ideologia. Como movimento histórico, o liberalismo deve ser considerado no interior de processo de discernimento prático

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como uma crítica ao seu contexto e, assim, pode trazer ao interior da discussão social elementos que levem a um sano crescimento. Por exemplo, o liberalismo se coloca contra as formas de governo absolutistas vigentes, levando a uma consideração sempre mais profunda dos direitos e dignidade da pessoa. “Esta corrente procura afirmar-se tanto em nome da eficiência econômica, como para defender o indivíduo contra a ação cada vez mais invasora das organizações, como, ainda, contra as tendências totalitárias dos poderes políticos. E certamente que a iniciativa pessoal é de conservar e de desenvolver.” (OA, 35) Por outro lado, o liberalismo enquanto ideologia, tende a forçar a realidade a partir de uma visão antropológica e, consequentemente, social que

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não dá conta da totalidade complexa da realidade, revelando uma visão do ser-humano instrumentalizada e parcial. “… o liberalismo filosófico é uma afirmação errônea da autonomia do indivíduo, na sua atividade, nas suas motivações e no exercício da sua liberdade. Isto equivale a dizer que a ideologia liberal exige igualmente da parte deles (dos cristãos) um discernimento atento.” (OA, 35) É importante perceber que esta distinção entre movimento histórico, com suas legítimas perguntas, e ideologia pode e deve ser aplicado de modo geral não somente ao liberalismo, como fizemos, mas como paradigma crítico seja para movimentos culturais, seja para os de caráter político e econômico.

Quem é o homem? Assim retornamos a uma pergunta básica: “Quem é o homem?”; “O que é o ser-humano?”. É a partir desta pergunta que se desenvolve a reflexão que encontramos no Compêndio da Doutrina Social da Igreja. Baseando sua reflexão no conceito de ser-humano como “pessoa”, a doutrina social da Igreja percebe o homem como um

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ser criado à “imagem do seu Criador”, social, ou seja, que se compreende e se desenvolve em um complexo de relações (com Deus, com os outros e com o mundo que o rodeia), criando estruturas para realizar esta iteração chamada vida social. Disto sobressaem dois elementos importantíssimos para o tema que estamos abordando aqui: o homem criado à imagem de Deus e em relação de mesma dignidade com os demais. “O homem, tomado na sua concretude histórica, representa o coração e a alma do ensinamento social católico. Toda a doutrina social se desenvolve, efetivamente, a partir do princípio que afirma a intangível dignidade da pessoa humana. Mediante as multíplices expressões dessa consciência, a Igreja entendeu, antes de tudo, tutelar a dignidade humana perante toda tentativa de repropor imagens redutivas e distorcidas; ademais, ela tem repetidas vezes denunciado as muitas violações de tal dignidade. A história atesta que da trama das relações sociais emergem algumas dentre as mais amplas possibilidades de elevação do homem, mas aí se aninham também as mais execráveis desconsiderações da sua dignidade.” (CDS 107).

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Espiritualidade

“A relação entre Deus e o homem reflete-se na dimensão relacional e social da natureza humana. O homem, com efeito, não é um ser solitário, mas «por sua natureza íntima um ser social» e «sem relações com os outros não pode nem viver nem desenvolver seus dotes»[208]. Em relação a isso é muito significativo o fato de que Deus criou o ser humano como homem e mulher (cf. Gn 1, 27).” (CDS 110) “O homem e a mulher têm a mesma dignidade e são de igual nível e valor, não só porque ambos, na sua diversidade, são imagem de Deus, mas ainda mais profundamente porque é imagem de Deus o dinamismo de reciprocidade que anima o nós do casal humano. Na relação de comunhão recíproca, homem e mulher realizam-se a si próprios profundamente, redescobrindo-se como pessoas através do dom sincero de si.” (CDS 111).

Concluindo: Sendo um artigo curto, não posso me alongar muito. Digo a vocês que a reflexão é muito mais ampla, com outros aspectos a serem considerados e que depois você, caro leitor, poderá aprofundar. Aqui, tomei apenas aqueles que me pareciam mais importantes por estarem no fundamento da visão social da Igreja. Sendo assim, vamos refletir um pouco a partir do que lemos.

1- Dignidade humana Embora o liberalismo, enquanto

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movimento histórico, busque salvaguardar as liberdades individuais, enquanto ideologia que se concretizou e se concretiza em diversos contexto é absolutização do conceito de indivíduo, levando ao que corriqueiramente chamamos de “individualismo”. A afirmação dos direitos individuais se torna na prática uma verdadeira guerra de um “eu” contra outros “eus” pela prevalência de seus desejos. Fica profundamente prejudicada a concepção de uma vida social como interrelação de iguais em dignidade, prevalecendo, na maioria das vezes, os interesses daqueles que possuem mais poder, gerando uma bela contradição interna às bases do próprio pensamento. Lembro-me do belo axioma de Orwell, no livro “A Revolução dos Bichos”, que, embora cunhado em outro contexto, pode muito bem ser aplicado em nossa reflexão: “Todos são iguais, mais existem alguns que são mais iguais que os outros”.

2- Uma falsa meritocracia Outro ponto de crítica na ideologia liberal, se encontra na geração de uma falsa percepção do mérito pessoal: salvaguardando os direitos individuais

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e liberdade dos atores no jogo social, o homem conquistaria o objeto material de seu prazer (uma casa, um bom salário etc). Quantas vezes você já ouviu falar que uma pessoa está em situação de pobreza, porque não estudou ou não trabalhou ou está desempregado, como se isto fosse consequência de certa preguiça? Tal afirmação, submetida a um breve confronto com a realidade, se mostra já de saída “ingênua”, pois desconsidera toda uma história de corrupção, de manutenção do status quo, e de desigualdades históricas muito concretas. Muitas vezes o jogo liberal serviu-se para a manutenção do poder dos grandes em detrimento da dignidade de todo ser-humano como filho amado criado a imagem de Deus. O ensinamento social da Igreja, partindo do princípio “caridade” (1Cor 13,13), estabelece a subsidiariedade (CDS 185-188), a participação (CDS 189-191) e a solidariedade (CDS 192196) como normas de ação. Dentre as multíplices implicações do bem comum, assume particular importância o princípio da destinação universal dos bens: «Deus destinou a terra e tudo o que ela contém para o uso de todos os homens e de todos os povos, de sorte que os bens criados devem chegar equitativamente às mãos de todos, segundo a regra da justiça, inseparável da caridade». Este princípio se baseia no fato de que: «a origem primeira de tudo o que é bem é o próprio ato de Deus que criou a terra

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e o homem, e ao homem deu a terra para que a domine com o seu trabalho e goze dos seus frutos (Cf. Gn 1, 2829). Deus deu a terra a todo o gênero humano, para que ela sustente todos os seus membros sem excluir nem privilegiar ninguém. Está aqui a raiz da destinação universal dos bens da terra. (CDS 171). A partir desta norma de ação social o pensamento cristão busca garantir meios de participação equos da vida social, protegendo principalmente os elos mais frágeis da sociedade, buscando garantir vida digna a todos. De fundo permanece sempre a imprescindível dignidade humana. Sendo assim, percebemos que a Doutrina Social da Igreja não se resume a um modelo político ou a uma ideologia, mas propõe as bases para uma assimilação e uma vivência crítica da realidade social. A partir do que foi dito, creio que você, caro leitor, é bastante capaz de olhar para a realidade de nosso país e do mundo, principalmente neste contexto de pandemia onde o dado econômico foi algumas vezes colocado acima da vida, e perceber falhas e “pecados” presentes. Lembre-se que Cristo nos libertou para sejamos livres de todo tipo de idolatria… (Gal 5,1). Pe. Maikel Pablo Dalbem, C.Ss.R. Roma, Itália

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Formação

Virtude do mês

Obediência:

fonte de alegria e de realizações

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alavras que expressam emoções, sentimentos, virtudes e vícios geralmente carregam alto teor polissêmico. Ninguém discute, por exemplo, que uma cadeira seja uma cadeira, mas certamente vamos discutir o que significa verdade e justiça. Nesse sentido, obediência é uma palavra que abre muitas trilhas diante de nós, e tatear com calma alguns dos significados dessa palavra nos ajudará a entendê-la como fonte de virtude cristã, e não como submissão inútil e pesarosa. A teologia cristã católica enumera a obediência com uma virtude fundamental para o bom relacionamento entre os homens e deles com Deus. Obedecer é reconhecer em um outro (geralmente por alguma razão natural ou institucional) a capacidade de nos dar orientações para nossa vida. Assim, por exemplo, filhos devem naturalmente obedecer seus pais, e batizados devem conhecer e obedecer as orientações da Igreja. De modo socialmen-

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te institucionalizado, empregados devem obedecer as orientações de seus empregadores, e os cidadãos devem obedecer as leis que regem o seu país. Obedecer, torna-se assim, um gesto de humildade e de entrega que supera todo e qualquer pretensão de autossuficiência e orgulho. Como virtude, a obediência nos remete ao próprio Jesus Cristo, que “foi obediente até a morte, e morte de cruz” (Fl 2,8-9). Em Jesus a obediência supõe reconhecimento da grandiosidade do amor de Deus,

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que jamais poderia impor ao seu Filho Amado qualquer coisa que não fosse, no final de tudo, certeza de realização plena e glorificação. Um conhecido dístico afirma “que é melhor errar obedecendo do que acertar na contramão dos princípios da obediência”. Entretanto, precisamos atentarmo-nos para o sentido errôneo da obediência. Conserve-se sempre a serenidade da obediência, que jamais será cega e absoluta, pois seria subserviência inútil e desastrosa. Ninguém, em nome da própria virtude da obediência, deve sujeitar-se a obedecer ordens e princípios que firam os preceitos fundamentais da vida, da doutrina cristã e das leis estabelecidas. Também nenhuma obediência deve ser dada à su-

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gestões que interfiram no amadurecimento da liberdade pessoal, ou seja, ordens e orientações que pretendam sufocar o desenvolvimento do ser humano e suas potencialidades, vindas de pessoas que não têm atribuição reconhecida diante daquela ordem. Um pai, por exemplo, não pode interferir na vocação de seu filho, pois não depende dos pais o despertar das qualidades de sua prole. A obediência, como virtude, promove o crescimento do outro, e não sua anulação. Caso contrário, é desmando, autoritarismo e tirania. E nesse caso, é “preciso obedecer antes a Deus do que aos homens” (At 5,29).

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Pe. Evaldo César de Souza, C.SS.R. Coronel Fabriciano, MG

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Aconteceu na Província

Retiro das Comunidades Vocacionais Santo Afonso, São Clemente e Pré-Noviciado 10 a 14 de junho | Juiz de Fora (MG)

Festa de N. Senhora do Perpétuo Socorro: Santuário N. Sra. do Perpétuo Socorro 27 de junho | Campos dos Goytacazes (RJ)

Festa de N. Senhora do Perpétuo Socorro: Paróquia N. Sra. do Perpétuo Socorro 27 de junho | Vale do Floresta /Juiz de Fora (MG)

Festa de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro: Paróquia da Glória 27 de junho | Juiz de Fora (MG)

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Aconteceu na Província

Festa de N. Senhora do Perpétuo Socorro: Paróquia Sagrada Família 27 de junho | Cariacica (ES)

Festa de N. Senhora do Perpétuo Socorro: Basílica de São Geraldo 27 de junho | Curvelo (MG)

Festa de N. Senhora do Perpétuo Socorro: Paróquia Santo Afonso 27 de junho | Rio de Janeiro (RJ)

Doações da Live do Agasalho para entidades assistenciais Rádio Educadora e Rotary Clube | Coronel Fabriciano (MG)

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