Akikolá - Junho/2020

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Editorial

Palavra do Provincial DEVOTOS DA MÃE DO PERPÉTUO SOCORRO

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aros confrades, formandos, MLR, Jumire, colaboradores da Província de RJ-MG-ES e leitores do Akikolá, Já faz 154 anos da restauração pública do Ícone original de Nossa Mãe do Perpétuo Socorro, na Igreja de Santo Afonso em Roma, entregue aos Redentoristas pelo Papa Pio IX, como estas palavras: “Faça-a conhecida no mundo inteiro”. E celebrar a festa no dia 27 de junho é uma ocasião especial para reacender o amor e a devoção da família redentorista para com a Mãe do Perpétuo Socorro, pois ela nos acompanha na missão evangelizadora. Trata-se de um ícone do amor: o amor de Deus por nós e o amor de uma mãe por seus filhos. A devoção mariana difere-se da adoração. Enquanto a adoração

constitui o culto tributado exclusivamente a Deus, reconhecendo nele o Criador, o Senhor e o Salvador, a devoção Mariana é a veneração especial que fazemos a Maria, dentro da comunhão dos santos. A devoção mariana faz parte da vida e espiritualidade da Igreja. Desde os primeiros tempos da história da Igreja, Maria é venerada pelos cristãos com o título de Mãe de Deus, sob cuja proteção se refugiam. A veneração lhe é devida pela sua dignidade e santidade, pelo seu compromisso no seguimento de Cristo, pelo seu serviço prestado na história da salvação durante toda a sua vida. A invocação de Nossa Senhora significa solicitar a proteção da Mãe de Deus porque, em momentos de apuros, nós, seus filhos, recorremos

Expediente: Coordenação: Pe. Nelson Antonio Linhares, C.Ss.R. Jornalista Responsável: Brenda Melo - MTB: 11918 Projeto gráfico: SM Propaganda Ltda Impressão: W Color Indústria Gráfica Tiragem: 1.800 exemplares

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a ela em busca de ajuda e orientação. Durante nossa caminhada, nos dirigimos a Maria e suplicamos sua intercessão e auxílio, confiando nela e em sua bondade maternal. O fundamento da invocação é a comunhão dos santos. Por ser perfeita na vivência do Evangelho, nós imitamos a Mãe de Jesus e reproduzimos seus exemplos em nossa conduta concreta.

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Nós a tomamos como modelo de vida cristã porque nos estimula no seguimento de Jesus Cristo. Querido(a) leitor(a), contemple o ícone com o coração aberto. E surpreenda-se ao perceber a Mãe do Perpétuo Socorro contemplando seu interior e seus caminhos! Pe. Nelson Antonio Linhares, C.Ss.R. padrenelsonantonio pe.nelsonantonio

CELEBRAÇÕES DO MÊS DE JUNHO Patrono: São Barnabé, Apóstolo Virtude: Pureza de coração

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Aniversário natalício 27/06 – Pe. José Raimundo Vidigal, C.Ss.R. 30/06 – Pe. Sebastião Fernandes Daniel, C.Ss.R. Ordenação Presbiteral 02/06 – Pe. André Luiz Bastos, C.Ss.R. 24/06 – Pe. Jonas Pacheco Machado, C.Ss.R. 27/06 – Pe. Paulo Roberto de Morais Júnior, C.Ss.R. Memória Redentorista 1º/06 – Nascimento do Beato Basílio 06/06 – Nascimento do Beato Domingos Metódio Trcka 18/06 – Beatificação de Madre Maria Celeste Crostarosa 20/06 – Consagração Episcopal de Afonso de Ligório 27/06 – Festa de Nossa Sra. do Perpétuo Socorro 27/06 – Beatificação dos Mártires Basílio, Nicolau, Zenão e Ivan 28/06 – Memória dos beatos ucranianos: Basílio Velychkoskyi, Nicolau Charnetskyi, Zenão Kovalyk e Ivan Ziatyk 29/06 – Fundação da Província do Rio (1951) 30/06 – Memória do Beato Januário Maria Sarnelli

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Entrevista

Redentoristas em Solidariedade

Pe. Flávio Leonardo Santos Campos, C.Ss.R. Diante do difícil momento pelo qual estamos passando com a pandemia do Covid-19, inspirada no carisma Redentorista que pede a caridade fraterna e a solidariedade aos mais pobres e abandonados, a Província do RJ-MG-ES promove uma campanha para ajudar famílias em situação de vulnerabilidade social. O Secretário de Administração da Província, Pe. Flávio, explica em que consiste o projeto e reforça sua importância.

Como surgiu a ideia da campanha “Redentoristas em Solidariedade”? Durante esses tempos difíceis da pandemia do novo coronavírus, constatamos que muitas pessoas estão atravessando um momento de extrema carência devido à crise econômica. Muitas esquecidas pelo isolamento social e “isoladas” em todos os sentidos. Nosso coração Redentorista nos chama à caridade fraterna, expressando, então, a solidariedade aos mais pobres e abandonados. Em que consiste esse projeto? O projeto visa despertar a solidariedade nas pessoas e, através de doações e do próprio investimento da Congregação, repassar cestas básicas para famílias em maior vulnerabilidade social. Qualquer pes-

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soa pode fazer sua doação através do aplicativo ou depósito em conta. Como se encontra a situação das Obras Sociais da Província RJ-MG-ES no momento atual? Nossas obras sociais atendem, em sua maioria, crianças e idosos, es-

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tes no grupo de risco e aquelas com atividades escolares suspensas. Então, as obras se encontram sem atividades presenciais. Do ponto de vista econômico, passam por uma grande redução em suas receitas, esperando pela solidariedade das pessoas para quando voltarem suas atividades. Como o sr. vê o impacto social e econômico da pandemia do coronavírus sobre os trabalhos sociais e na Província como um todo? Como destacou o Papa Francisco no início da pandemia, estamos todos no mesmo barco. As dificuldades econômicas enfrentadas por todos os setores afetam também a

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Província, que teve suas receitas reduzidas drasticamente. No entanto, continuamos acreditando no futuro e nos esforçamos para manter todas as nossas atividades e nossos colaboradores, pensando em suas famílias. O que podemos fazer para minimizar esses impactos? Sermos solidários e pacientes. Ajudarmos uns aos outros e acreditarmos que tempos melhores virão, colaborando para que cheguem rapidamente e respeitando as orientações de isolamento neste momento.

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Brenda Melo Juiz de Fora, MG

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Formação

Virtude do mês:

Pureza de coração

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a tradição Redentorista, para cada mês do ano, refletimos sobre uma virtude. O que é virtude? No dicionário poderemos encontrar a seguinte significação: “conformidade com o bem, com a excelência moral ou ainda uma conduta”. A virtude aqui em reflexão é a Pureza de coração! Ao refletir, me reporto a um caminho que muitos de nós vivemos em nossa vida quando rezamos a jaculatória: “Jesus manso e humilde de coração, fazei nosso coração semelhante ao vosso”, ou ainda, por diversas vezes nos deparamos com alguma passagem bíblica que nos alertava sobre a pureza de vida, por exemplo: “Eu te louvo, Pai, Senhor dos céus e da terra, porque escondestes estas coisas aos sábios e cultos, e as revelastes aos pequeninos” (Mt 11, 25), ou ainda, “deixais vir a mim as crianças...; pois o Reino dos céus pertence aos que são semelhantes a elas” (Mt 19,14). Olhando a partir do desejo que está sendo dito por Jesus nos evangelhos citados, podemos dizer que, de fato, Pureza de Coração tem a ver com “conformidade com o bem”. E onde encontrar tal bem? Nós o en-

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contramos em Jesus, que nos deixou os mais intensos sinais de pureza de seu coração, quando acolhia as pessoas que dele se aproximavam. Tais gestos de Jesus, nós o vemos na vivência cordial com o nosso próximo, todas as vezes que praticamos a mansidão e humildade que pedimos a Jesus em nossas orações. Pois todas as vezes que celebramos a eucaristia ou rezamos, é um dever nosso praticar tudo aquilo que foi celebrado. Daí dizer que conformidade com o bem pode revelar as mais sinceras disposições de nossas escolhas para sermos de fato mais humanos, ou se preferirmos, feitos mansos e humildes como o coração de Jesus.

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E como cultivar tal virtude, principalmente em tempos de urgentes sinais de atitudes puras de coração? Como traduzir essa pureza de modo maduro e não infantilizado, ou se preferirmos, sem nos revestir de uma espiritualidade “piegas”, mas sim uma espiritualidade praticada? Sinto que pureza de coração tem tudo a ver com a sinceridade do coração das crianças. No texto de Mateus 19,14, Jesus dá-nos uma dica do porquê devemos nos fazer pequenos e humildes. Olhemos bem a inocência e verdade dos sentimentos que nos pequenos podemos encontrar! Pureza de coração é não se esquecer das coisas simples, mas ao mesmo tempo, imensamente profundas que podemos cultivar seguindo os ensinamentos que recebemos em nossa fé.

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Desejo a você, amigo leitor, audácia no caminho e disposição para conformar seu coração com o Coração de Jesus! E aqui deixo uma prece de Dom Helder, nos leva a pensar o significado da Eucaristia, e mais, traduz os mais sinceros desejos de um coração puro:

“Vive o Mistério da Eucaristia, unindo-te às Missas que restabelecem o equilíbrio do mundo. E sabendo que só se une ao Cristo na Comunhão Quem se torna um com seus irmãos” Pe. Edson Alves da Costa, C.Ss.R. Juiz de Fora, MG

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Espiritualidade

Um neoliberalismo “fai da te”?

Introduzindo o argumento Neste e no próximo mês, entraremos em um assunto que, creio, atualmente é bastante complicado: certos fenômenos da política atual em diversos lugares do mundo ocidental. Digo que é muito complicado, porque vivemos em tempos de polarização, quase como em uma guerra apaixonada e irracional entre as partes envolvidas, levando a uma leitura pobre da realidade e, bem compreendida, a uma “mitificação” de determinados elementos. Vejo como muito interessante o fato de expressamente termos no Brasil um governante chamado de “mito”. Se analisarmos o processo de criação dos mitos modernos, principalmente em torno a figuras históri-

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cas, veremos um forte estresse da realidade, chegando à exageração que leva à divinização fantasiosa de um indivíduo ou de uma realidade, falsamente potencializando as supostas qualidades e anulando defeitos. Exemplo muito simples podemos encontrar nos discursos de funeral quando morre alguém. Lembro-me da anedota que ouvi tantas vezes sobre um famoso orador de uma cidade que, discursando em um funeral, discorria sobre as “qualidades” do defunto como sendo um bom pai, marido, cidadão exemplar. A certo ponto, a esposa do morto perguntou ao orador se era realmente de seu marido que ele se referia. Embora o termo “mito” atualmente seja aplicado a um específico governante por seus seguidores, o processo é muito mais sutil e

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vem sendo repetidamente aplicado na política brasileira. Não sei porque, mas sinto que alguns podem querer minha cabeça por dizer o que apenas expressei… Como anteriormente disse, teremos dois artigos: no primeiro, tentarei mostrar como o emprego de termos como “liberal” ou “neoliberal” não se aplicam ao atual quadro político frequentemente encontrado em realidades como Brasil e EUA, usando como imagem a expressão italiana “fai da te”; no segundo artigo, tentarei apontar a partir da Doutrina Social da Igreja, alguns elementos contrastantes no atual contexto.

Fai da te A expressão italiana “fai da te” pode ser traduzida em português como “faça você mesmo”. É aplicada àqueles “kits” que encontramos em diversas lojas de artesanato, formados de diversas peças para que o indivíduo monte um determinado objeto. É aplicado também a algumas formas de artesanato, como a bricolagem, onde, sem pagar um profissional, alguém toma diversos elementos para compor um objeto para o seu uso, ou realiza um reparo ou serviço em casa. Sendo assim, talvez o uso que aqui utilizo seja um pouco impreciso, mas evoco justamente esta realidade

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de tomar diversos pequenos elementos dispersos e, a modo individual, formar uma peça para o próprio prazer. Em algumas vezes, o resultado é belo e útil, em outras, extremante brega e inútil. Guardemos esta imagem em um cantinho da memória porque voltaremos a ela no final deste artigo.

Liberalismo e neoliberalismo Certamente você já ouviu várias vezes estas expressões nos jornais ou artigos de opinião. Em modo muito resumido, se trata de linhas de orientação e pensamento políticos com histórias de formação muito complexas, portanto, vale a pena alguma explicação, mesmo que seja breve e imprecisa. Para falarmos de liberalismo, devemos retornar mais ou menos ao século XVII, com suas revoluções e queda dos regimes absolutistas e nascimento dos Estados modernos. Trata-se assim, de um novo modo de pensar e conceber a política baseada na nascente visão que colocava

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Espiritualidade

no centro os direitos individuais, e não mais a soberania de uma casa reinante. Expressão forte deste momento encontramos no contratualismo de John Locke e suas derivantes, bem como o pensamento de John Stuart Mill já no final do século XIX. A concepção de Estado passa do “absolutismo” a um “Estado mínimo”, garantidor dos direitos individuais. Já quando falamos de neoliberalismo, devemos dar um salto para o século XX. Diante de linhas econômico-políticas que apontavam para uma forte intervenção dos Estados no âmbito econômico, principalmente impondo algumas práticas monopolistas, se almejava a liberdade de mercado, ou seja, um jogo social regido pelas regras intrínsecas ao mercado econômico, com mínima intervenção do Estado, como uma forma de garantir ao máximo as liberdades individuais. Na base do pensamento sociológico associada a esta visão política, encontra-se como fim último a realização de uma realidade de bem-estar do indivíduo a partir de seu papel e esforço no âmbito econômico.

Um neoliberalismo “fai da te”? Tendo presente a breve exposição anteriormente feita, vemos que, com relação ao modo de fazer po-

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líticas semelhantes ao encontrado atualmente no Brasil, o termo neoliberal, embora usado largamente por tantos, pode ser aplicado somente em parte. Sim, a política econômica do atual governo brasileiro tem forte acento neoliberalista, estando inserido na busca de respostas aos sabores e dissabores do mercado econômico e, tantas vezes, aplicando a ideia (tantas vezes injusta) de esforço individual aos sucessos pessoais. Contudo, algumas práticas globais do regime político brasileiro, principalmente em seu executivo federal, se aproximam em muito de um viés totalitário. Algumas vezes, vemos uma inversão de valores onde o governante deixa de ser um funcionário do povo, para ser visto como um chefe totalitário, tendo o povo, ou uma parcela deste, como seus “devotos”. Sem contar a longa história de corrupção e tráfico de influências de um modelo político decadente que já de muito tempo sofremos no Brasil e em tantas outras realidades. Em regimes liberais e neoliberais, de princípio, sendo o político um funcionário, ele pode ser a qualquer

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momento criticado e investigado dentro dos limites da lei, tendo em obrigação de função a manutenção de transparência com relação à sua vida exercício de seu mandato.

mitificação do “líder” e o jogo de interesses envolvidos para a sustentação do poder. Não é mais ou menos isto que aconteceu e está acontecendo com Chavez e Maduro?

“O Brasil não é a Venezuela!”?

Finalizando por hoje

Já de muito tempo me afastei da ligação com partidos políticos. Fiz isto justamente para, como cristão, não absolutizar nenhuma forma de governo. Todas são falíveis e criticáveis… Afirmado meu lugar, lembro que, nas últimas eleições, na acentuada polarização que marcou o processo, desiludidos com o vigente sistema, a chapa vencedora utilizava como jargão a expressão: “O Brasil não é a Venezuela!”. Contudo, o que hoje se apresenta, ao menos em minha interpretação, é justamente algo muito semelhantemente inverso ao que propunham com o jargão. Vemos uma crescente militarização dos ministérios, um forte cerceamento dos poderes legislativos e judiciários, a censura à liberdade de expressão e a

Analisei apenas um pouco, pela brevidade do artigo, o atual contexto. Sei que o leitor esperto pode muito bem aplicar tais críticas a tantos outros governos passados e situações espalhadas pelo mundo, sempre compreendendo-os em seu contexto. Terminamos hoje neste ponto. Evocando a minha liberdade como cristão, neste artigo apenas trabalhei minha crítica sobre conceitos utilizados por tantos no atual momento. No próximo artigo tentarei, de modo breve, mostrar a crítica cristã, a partir da Doutrina Social da Igreja, aos modelos liberal e neoliberal, bem como uma possível e real crítica ao que hoje vemos acontecer. Caso alguém se sinta ofendido pelo que escrevi, peço desculpas pois se trata apenas da expressão de uma opinião. Entretanto, peço, sobretudo, que não permaneçam ídolos de pé. Lembrem-se que eles sempre tem pés de barro, por mais reluzentes que sejam suas armaduras. Pe. Maikel Pablo Dalbem, C.Ss.R. Roma, Itália

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Redentoristas

Ecologia Integral

Rumo a uma articulação da dimensão ecológica da Espiritualidade Redentorista

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ossa fé cristã e Espiritualidade Redentorista foram desafiadas nas últimas décadas a responder à crise ecológica. A promulgação da Encíclica Laudato Si (LS), há 5 anos, representou um marco nessa jornada ético-espiritual que a Igreja vem amadurecendo gradualmente. No Brasil e no mundo, diversas iniciativas foram realizadas, de 16 a 24 de maio, em celebração pelo aniversário do documento que convida a refletir sobre o futuro do planeta. Isso representa, para nós, Redentoristas, a oportunidade de responder a este chamado, que também ecoou no último Capítulo Geral. O Papa Francisco faz um apelo urgente “por um novo diálogo sobre como estamos moldando o futuro do nosso planeta. Precisamos de uma conversa que inclua todos, pois o desafio ambiental que estamos enfrentando e suas raízes humanas preocupam e afetam a todos nós”. É um chamado - nas palavras do Papa - à conversão ecológica.

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A Espiritualidade Redentorista nos fornece a base que nos permite entender nossa missão e a nós mesmos neste mundo. O número 217 da LS declara: “Viver nossa vocação para ser protetor da obra de Deus é essencial para uma vida de virtude; não é um aspecto opcional ou secundário da nossa experiência cristã”. Como hoje em dia não pode haver espiritualidade cristã sincera e autêntica sem uma consciência viva da integridade da Terra, os Redentoristas são incitados a incorporar essa consciência ecológica no conjunto de valores que animam nosso modo de vida e nosso ministério. Na tradição Redentorista, certamente há uma base suficiente sobre a qual podemos articular a dimensão ecológica de nossa espiritualidade. Uma das chaves fundamentais seria, sem dúvida, na teologia da Encarna-

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ção ou na teologia da Redenção, onde está o núcleo de nossa espiritualidade. Padre Noel Londoño, C.Ss.R. afirma que “a Encarnação tem sido a dimensão básica das reflexões litúrgicas e espirituais devocionais dos Redentoristas”. Assim, durante sua vida e após sua morte, Santo Afonso foi considerado um intérprete da piedade popular, especialmente do mistério da Encarnação. Muitos de seus escritos revelam sua profunda sensibilidade a esse elemento fundamental da fé cristã: a proximidade salvadora de Deus em seu Filho Jesus Cristo. Dentro de nossa espiritualidade, os Redentoristas reconhecem que Deus veio nos encontrar por amor e que a redenção ocorre em nossa condição de criatura. Assim, a espiritualidade afonsiana pode nos ajudar a reconhecer que não podemos conhecer a Deus fora do mundo criado, dentro do qual o Verbo Encarnado está presente. Uma teologia saudável da Encarnação e Redenção deve necessariamente levar-nos a vincular a questão ecológica, não tanto porque é um tópico “moderno”, mas porque faz parte da voz de nossa consciência coletiva que chegou a reconhecer essa redenção que abrange todo o reino da Criação. Por outro lado, a piedade popular e a tradição eucarística que herdamos de Santo Afonso cultivam um relacio-

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namento íntimo e amoroso com Deus, manifestado na manjedoura, na cruz e, de maneira especial, na Eucaristia. Essa relação de proximidade pode nos levar a analisar nosso relacionamento com a Criação, com base no que o Papa diz: “Nosso relacionamento com o meio ambiente nunca pode ser isolado do nosso relacionamento com os outros e com Deus”. (LS 119). Muitos acreditam que a fonte da crise ecológica é a desordem nesse triplo relacionamento entre Deus, o ser humano e o restante da Criação. Em Laudato Si, é claro que a abordagem ecológica leva à abordagem espiritual e vice-versa. Se o trabalho da Encarnação e o trabalho da Redenção abrangem toda a Criação, é lógico deduzir sua dimensão “ecológica” e seu impacto em nossa espiritualidade, nosso ministério e na reinterpretação de nosso modo de vida nas circunstâncias de hoje. Dessa maneira, a conversão ecológica de que o Papa Francisco fala, assume uma enorme relevância para os Redentoristas nas circunstâncias atuais. Precisamos aprofundar nossa teologia da Encarnação, para que ela nos leve a ver o mundo criado como um presente de Deus e não apenas como um recurso a ser explorado.

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Fonte: Scala News

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Redentoristas

Novos Veneráveis Redentoristas

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m audiência ao prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, cardeal Angelo Becciu, no dia 5 de maio de 2020, o Papa Francisco autorizou a promulgação dos decretos que reconhecem o heroísmo das virtudes cristãs dos Servos de Deus, agora chamados de Veneráveis, Francis Barrecheguren Montagut (padre) e Maria da Conceição Barrecheguren e García (leiga). O sacerdote Redentorista Francis nasceu em Lérida (Espanha), em 21 de agosto de 1881. Os oito anos de seu sacerdócio foram marcados por um constante compromisso apostólico e uma paciente aceitação dos ritmos da vida religiosa. Particularmente significativa foi sua atividade pastoral ao lado dos doentes. Faleceu em Granada (Espanha), no dia 7 de outubro de 1957.

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Ele era pai de Maria da Conceição, conhecida como Conchita, outra nova venerável da Igreja. Um caso quase único de homem casado, pai, viúvo, e por fim, sacerdote. Conchita nasceu em Granada, em 27 de novembro de 1905. Desde a infância, mostrou sinais de saúde precária. Sentiu o chamado à vida religiosa, desejando tornar-se carmelita. Infelizmente, a doença impediu a realização de seu desejo. Passava várias horas rezando no oratório de casa, recitando o rosário e ensinando o catecismo aos ajudantes domésticos. Faleceu no dia 13 de maio de 1927. Seus restos mortais estão na Igreja Redentorista de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Granada, ao lado do pai, o Venerável Francisco. Pe. Antonio Marrazzo, C.Ss.R.

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Aconteceu na Província

Reunião da Equipe de Formação 14 e 15 de maio | Juiz de Fora (MG)

Semana de Oração pela Paz e pelas Famílias aos pés de Santa Rita de Cássia 18 a 22 de maio | Coronel Fabriciano (MG)

Reunião do Conselho Provincial 28 de maio | Juiz de Fora (MG)

Visita Missionária e Solidária Nova Rosa da Penha – Cariacica (ES)

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