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Formação

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Quaresma, educação e diálogo

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Cátia Regina E. Costa

Rio de Janeiro | RJ No dia 02 de março, a Igreja Católica iniciou o período da Quaresma, que compreende 40 dias, desde a quarta-feira de cinzas até o Domingo de Ramos. Durante este tempo, somos convidados a uma profunda reflexão e conversão de vida, em preparação para a Páscoa. Para tanto, são propostos três exercícios: jejum, oração e esmola. Ao vivenciá-los, precisamos estar imbuídos de compaixão, numa estreita relação com a caridade e a solidariedade fraterna.

Além do início da Quaresma, a Igreja abre também, na quarta-feira de cinzas, a Campanha da Fraternidade, como um chamado à conversão para a prática da justiça social e do amor ao próximo. Por isso, a cada ano, nos é apresentado um tema que contemple situações do mundo atual, ajudando-nos a assumir a dimensão comunitária da Quaresma.

Este ano, a Campanha da Fraternidade foi impulsionada pelo Pacto Educativo Global, lançado pelo Papa Francisco em outubro de 2020. Com o tema “Fraternidade e Educação” e o lema “Fala com sabedoria, ensina com amor” (cf. Pr 31, 26), ela nos convida a refletir, à luz da fé cristã, sobre os fundamentos do ato de educar, com base na realidade educativa do país, propondo caminhos em favor do humanismo integral e solidário; recordando que “Educar não é um ato isolado. É encontro no qual todos são educadores e educandos. É tarefa da própria pessoa, da família, da escola, da Igreja e de toda a sociedade”. (Texto Base - CF 2022).

Ao longo da caminhada quaresmal, somos convidados a fazer esta reflexão comprometida com a ação transformadora, pensando uma mudança de atitude realizada pela prática do diálogo nos diferentes contextos educativos; entendendo o diálogo, como base da comunicação e meio pelo qual compreendemos o outro, realizamos escolhas com lucidez e, mais facilmente, solucionamos conflitos a fim de se chegar a um bom entendimento na construção do bem comum. Num contexto reflexivo e dialógico sobre o ato de educar, cabe o seguinte questionamento: que educação temos e que educação desejamos?

Educar é iniciar processos e priorizar a educação supõe empenho concreto que vai desde a família até a elaboração de políticas públicas que promovam a cultura do encontro, gerando esperança e redescobrindo meios que favoreçam a promoção de uma educação humanizada e inclusiva.

O atual cenário educativo nos impõe uma urgente mudança de paradigma, na busca de um caminho que favoreça o desenvolvimento pessoal integral, formando para a vida e para a cidadania, fortalecendo a confiança e o diálogo, respeitando as diferenças, em vista do florescimento do ser humano através de expressões autênticas, efetivas e libertadoras. Promovendo relações de proximidade, justiça e paz.

É preciso, sobretudo, um olhar cuidadoso para nossas crianças e jovens, a fim de que não se tornem apenas receptáculos de informações descontextualizadas. É necessário escutar, discernir e agir! Frequentemente, no ensino formal, professores-educadores se deparam com a necessidade de transcender a dimensão profissional, para atingir o essencial. É o reinventar da educação por meio de gestos diários.

Que possamos, desta forma, vivenciar intensamente este tempo favorável da Quaresma, que nos oportuniza uma verdadeira mudança de mentalidade, através da reflexão. E, motivados pela Campanha da Fraternidade, acolhamos o convite à promoção de uma educação transformadora, dialógica e solidária, a serviço da vida e da construção de uma nova sociedade.

Cátia Regina é Pedagoga, atuante na área de Gestão Educacional no Município e Missionária Leiga Redentorista da Unidade Santo Afonso/Rio de Janeiro (RJ)

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