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Espiritualidade Redentorista
ESPIRITUALIDADE REDENTORISTA
Sinodalidade:
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instrumento de comunhão
Pe. Maikel Pablo Dalbem, C.Ss.R.
Roma | Itália Você certamente deve ter ouvido falar muito nos últimos meses deste importante conceito sobre nossa vida e identidade cristãs. Convocados pelo nosso Papa Francisco, como Igreja vivemos um momento de consulta preparatória para um grande Sínodo onde serão debatidas questões de importância para a vivência da fé cristã-católica atualmente. Mas, o que é mesmo Sínodo/Sinodalidade?
Para bem compreendermos, devemos dar um passo atrás para vislumbrarmos de modo mais amplo a nossa identidade como homens e mulheres que creem e vivem sua fé no interior de uma comunidade. Basicamente, a fé cristã é comunhão, ou seja, é relação com um Deus-Trindade e com os irmãos. Este aspecto é fundamental: ao Pai, em Cristo, no Espírito Santo, juntos em comunidade. A Bíblia expressa esta realidade em
três belíssimas imagens sobre a Igreja: nós somos Povo de Deus, Corpo de Cristo e Templo do Espírito.
Sendo assim, para gerar sempre mais comunhão, o diálogo e o discernimento são fundamentais. E isto não é só de hoje, mas vem desde a mais antiga e sã tradição dos primeiros anos da fé. Guiados pelos pastores, aqueles que na comunidade exercem o ministério da unidade, o povo de Deus faz o seu caminho em comunhão e diálogo. Um diálogo que não se resume somente ao que eu ou meu grupo achamos hoje, mas no discernimento confrontando os sinais dos tempos (situações e sensibilidades) com todo o patrimônio de uma história que ultrapassa milênios, buscando compreender, para além das formas históricas, a graça do Espírito que em Cristo nos guiou até hoje em nossa peregrinação na direção do abraço paterno definitivo.
O espaço maior para a escuta e o discernimento é chamado de Concílio; como aquela experiência profundíssima que a Igreja viveu nos anos 60 do século passado, na cidade do Vaticano, o Concílio Vaticano II. Uma outra instância, mais recorrente no tempo, é a dinâmica de Sínodo, retomada em tempos modernos pelo Papa Paulo VI em consonância com a antiquíssima tradição das primeiras comunidades cristãs. No papado de Francisco, nós recentemente vivemos algumas experiências sinodais: os sínodos para as famílias, para a juventude e um focado em uma realidade mais particular que foi para a região Amazônica.
A dinâmica sinodal, de modo geral, é bastante simples e, tendo um caráter consultivo, visa favorecer o diálogo no interior das Igrejas particulares e entre elas. Tudo começa com uma consulta, guiada por uma comissão e por um documento preparatório, geralmente chamado de Instrumentum laboris. O segundo passo é a celebração da Assembleia do Sínodo, onde os pastores das Igrejas particulares (os bispos), auxiliados pela presença de diversos especialistas convidados, compartilham e refletem sobre os argumentos a fim de redigirem um documento final que será apresentado ao Papa. A terceira fase é composta de uma resposta papal na forma de um documento (geralmente uma Exortação Apostólica) e pela recepção destas reflexões nas Igrejas particulares.
Sobre a dinâmica sinodal, o Papa Francisco tem assumido uma dinâmica particular: a segunda etapa, aquela das reflexões, vem dividida em duas partes, uma Assembleia Extraordinária e uma Ordinária, acontecendo entre elas uma espécie de retorno às comunidades de base para reflexão ulterior.
A sinodalidade é, por sua vez, o espírito de comunhão entre os pastores das Igrejas particulares e que guia todo o processo sinodal. Em Lumen Gentium, a Igreja se compreende em sua organização como comunhão de comunidades, tanto que se fala de “colegialidade” e, portanto, “Colégio dos Bispos” reunidos em unidade com o bispo de Roma, o Papa. A sinodalidade é uma forma de aplicação e vivência desta comunhão intereclesial em sua dimensão de pastoreio.
Em seu recente documento Episcopalis Communio, Papa Francisco trata justamente da riqueza presente na dinâmica sinodal e estabelece os parâmetros a serem seguidos nas organizações do presente sínodo e daqueles futuros. Sobre a comunhão, assim ele nos ensina que: “A comunhão episcopal, com Pedro e sob Pedro, manifesta-se de maneira peculiar no Sínodo dos Bispos” e “agindo em nome de todo o Episcopado Católico, [o Sínodo] mostra ao mesmo tempo que todos os Bispos em comunhão hierárquica participam da solicitude por toda a Igreja”.
Em tempos onde parece normal os fechamentos ao diálogo e ao outro, seja este caminho proposto pela Igreja um instrumento não somente para ajudar o caminho evangelizador da Igreja, mas, justamente por isso, seja um exemplo de diálogo, discernimento e crescimento mútuo.