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e Estudos A PRIMEIRA PROFISSÃO NA ABERTURA DOS JUBILEUS DA ORDEM FRANCISCANA

Apequena e bela cidade de Rodeio (SC), no Vale do Itajaí, foi testemunha pela 122ª vez de um dos momentos mais aguardados pelos noviços e pela Fraternidade Provincial: a Primeira Profissão Religiosa na Ordem Franciscana de seis jovens que concluíram a etapa do noviciado, marcando também o encerramento da primeira experiência de Noviciado Interprovincial. Ou seja, três entidades franciscanas estiveram reunidas neste ano: a Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, com quatro noviços; a Província São Francisco de Assis (RS), com um noviço; e a Província São Francisco Solano (Argentina), com um noviço.

Esse momento importante para a Vida Religiosa Franciscana, também chamado de “Ano da Graça”, foi realizado durante a Celebração Eucarística no dia 10/01, às 19 horas, na Igreja Matriz São Francisco de Assis, anexa ao Noviciado São José.

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O presidente da Celebração, Frei Paulo Roberto Pereira, teve como concelebrantes o Ministro Provincial da Província São Francisco de Assis, Frei Marino Pedro Rhoden; e o Vigário Provincial da Província São Francisco Solano, Frei Claudio Darío Equiza. Frades das três Entidades franciscanas, entre eles os Definidores Provinciais, Frei Robson Luiz Scudela, Frei Marcos Antonio de Andrade e Frei Alex Ciarnoscki, familiares e a comunidade de Rodeio vivenciaram este momento histórico na vida dos seis jovens noviços: Frei Felipe Zaros Granusso, Frei Filipo Carpi Girão, Frei Francisco Barbosa Mouzinho Junior, Frei Samuel Cavalcanti do Amaral, Frei

Evandro Siqueira (do Rio Grande do Sul) e Frei Mateo Esteban Martinez Mikulic (da Argentina). O guardião Frei Josemberg Cardozo Aranha apresentou os frades que vieram para esta Celebração.

Depois da Liturgia da Palavra, cada noviço foi chamado pelo Mestre, Frei Samuel Ferreira de Lima, para se apresentar ao respectivo Ministro Provincial e fazer o pedido de profissão. Os Ministro Provinciais acolheram as solicitações e toda a comunidade louvou a Deus por esta decisão, cantando: “Dou graças, Senhor, por teu grande amor”.

Em seguida, Frei Paulo fez a sua reflexão, saudando os Ministros Provinciais, os frades e os formadores, os familiares e o povo de Deus. “Nós temos uma ousadia que é espalhar a paz e o bem. Cobrem de nós isso. Que nós sejamos instrumentos de acolhimento, que nós sejamos instrumentos de reconciliação, que nós sejamos, de fato, semeadores da paz e do bem”, pediu ao povo.

Depois, dirigindo-se aos professos, falou de sua gratidão: “Muito obrigado pela decisão de vocês”. O Ministro Provincial lembrou que eles foram os aspirantes, os postulantes da pandemia. “Mas essa marca negativa pode ser revista. E mais: Vocês são os noviços de um tempo novo. São os primeiros noviços que professarão no tempo jubilar da Ordem Franciscana. São os primeiros professos do tempo jubiloso da Família Franciscana”, avaliou.

Segundo Frei Paulo, os franciscanos estão vivendo a partir deste ano, até 2026, os jubileus da Ordem Franciscana. “Jubileus que marcam momentos significativos da caminhada de São Francisco e dos seus primeiros frades. E vocês têm a graça de professarem no ano em que se inaugura esses jubileus, com dois grandes eventos: em

1223, com o número de frades aumentando, São Francisco precisou sistematizar um programa de vida e, para ser fiel e não correr riscos, ele foi levar esse projeto de vida ao Papa e recebeu a aprovação. Isso foi há 800 anos, e nós queremos viver o jubileu da Regra Franciscana. Ao retornar de Roma, ele para em Greccio, uma pequena cidade que ele gostava muito. Como estava próximo do Natal, ele quis ver com os próprios olhos, quis sentir com toda intensidade o nascimento de Nosso Senhor. Ele quis ver com os próprios olhos as agruras, as dificuldades que atormentaram certamente Nossa Senhora, São José e seu filho Jesus”, disse, ao explicar o nascimento do presépio.

Nesses dois episódios, segundo Frei Paulo, recorda-se o primeiro ano dos Jubileus. “Mas o que tem a ver a Regra de São Francisco com o presépio? O presépio é a renovação da aliança que o céu faz com a terra. Presépio é sinal vivo de Jesus Cristo, manifestação evidente do amor de Deus. Presépio é encarnação, possibilidade do humano sonhar com o céu. É isso, na verdade, que pretendemos com nossa Regra, fundada no Evangelho. É o puro sinal da possibilidade do humano. Pretendemos viver a nossa fragilidade humana, sonhando com a plenitude da eternidade do céu. E essa possibilidade Deus sempre renova com a humanidade, ainda que a humanidade, muitas vezes, se esqueça disso”, lamentou o Ministro Provincial.

“Regra, Evangelho, Natal, Jubileus. Vocês são os primeiros professos dessas nossas festividades. Certamente, isso vai nos alegrar e vai ser a marca da vivência franciscana de vocês. Jesus Cristo, nascido no Presépio, encarnado na nossa história, pobre, obediente e casto, sinal evidente da vida que professamos. Quem quer ser fiel à profissão religiosa deve ser admirador do presépio, como São Francisco foi”, ensinou Frei Paulo.

Falando da Regra de São Francisco, lembrou que o Seráfico Pai escreveu um capítulo de como os frades deveriam ser acolhidos e destacou uma palavra

Os Novos Professos Tempor Rios

que marca a celebração de hoje e marcou, certamente, a vida de todos os que fizeram a profissão. “Ele explica como os irmãos devem ser acolhidos, inclusive fala da nossa forma de vestir, por isso vocês receberam o hábito ontem. A simplicidade, a pobreza, externada na forma da radicalidade da pobreza, um despojamento radical. E assim deverá ser nosso compromisso com a radicalidade da pobreza. Mas ele diz também: nunca julguem aqueles que ainda não descobriram a importância da pobreza. A sensibilidade de São Francisco, que respeita o ser humano e que não distingue os salvados e os que estão no caminho da salvação, é certamente, a grande contribuição dos franciscanos para evangelização neste mundo. O respeito por cada irmão e seguir testemunhando a pobreza de Nosso Senhor Jesus Cristo”, enfatizou.

Segundo Frei Paulo, a Regra é o novo Testamento, a Regra é a nova Aliança. “Deus se relaciona conosco pelo amor, no amor, amando-nos como nós devemos ser amados. Quando Jesus diz eu sou a videira e vocês são os ramos, participamos da mesma seiva. Vivemos a partir da mesma seiva. Vivemos com ele. Nossa vida começa sempre em nome do Senhor”, completou.

Depois da homilia, os professandos se aproximaram dos respectivos Ministros Provinciais e foram interrogados se estavam preparados para se consagrarem a Deus e buscarem a perfeição da caridade segundo a Regra e as Constituições da Ordem Seráfica. Depois se ajoelharam e recitaram a fórmula da profissão, onde prometeram, através dos votos de castidade, obediência e sem nada de próprio, seguir a Vida Religiosa Consagrada, na Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, na Província São Francisco de Assis e na Província São Francisco Solano, assumindo estas Fraternidades “de todo coração”. Frei Paulo chamou Frei Alex Ciarnoscki para também renovar a profissão, já que neste ano está fazendo 25 anos de vida religiosa. Em seguida, os professandos receberam a Regra da Ordem dos Frades Menores, reafirmando a família religiosa que agora professaram, prometendo obediência aos seus Estatutos e ao carisma desta Instituição. Finalizando o rito da profissão, os frades presentes acolheram os neoprofessos, agora professos temporários na Ordem, com um abraço.

Agradecimentos

Frei Frei Samuel Cavalcanti do Amaral falou em nome dos noviços e recordou que mais do que noviços no tempo da pandemia, são noviços da esperança na Ordem de São Francisco de Assis, que continua encantando e atraindo muitos jovens a um carisma que é sempre atual. “Esperança de um novo vigor na vida fraterna franciscana de nossas entidades, com coragem de ir ao encontro dos que mais necessitam, pois eles, os mais necessitados, são os maiores responsáveis pela experiência do Cristo pobre e crucificado que tantos buscamos e desejamos”, enfatizou.

Ele agradeceu a Deus, que “é o doador e fonte da bênção e da vocação”, à Fraternidade local, especialmente o Mestre que “apontou os caminhos para que pudéssemos viver com gana e vigor esta etapa”, à comunidade paroquial e aos familiares. “A todos, nossa gratidão e que sejamos sempre unidos em Cristo, permanecendo em seu amor e na caridade”, pediu.

O Ministro Provincial da Província São Francisco de Assis, Frei Marino Pedro Rhoden, saudou a todos e fez os seus agradecimentos à Província da Imaculada em nome de Frei Paulo Pereira. Aos professos pediu: “Deixem sempre a graça de Deus agir”. O Vigário Provincial da Província São

Francisco Solano, Frei Claudio Darío Equiza, agradeceu a Frei Paulo, a Província da Imaculada e à Fraternidade do Noviciado por este “momento histórico”. Ele leu uma carta do Ministro Provincial, Frei Daniel Alejandro Fleitas Zeni, a Frei Mateo: “Com muita alegria recebemos a sua entrega que se fez com os irmãos do Noviciado, exatamente durante os 800 anos de aprovação da Regra Franciscana e da Celebração de Greccio. O processo de formação continuará durante toda a sua vida, respondendo à provocação de Deus ao seu povo. Obrigado pela sua entrega. Que São Francisco de As- sis encante cada dia sua entrega”. Os frades brasileiros seguiram em férias e voltaram a se encontrar neste mês para continuar sua formação e iniciar o Curso de Filosofia em Curitiba (PR), mas residindo na Fraternidade São Boaventura, em Campo Largo (PR). Frei Mateo Esteban Martinez Mikulic retorna à Província argentina São Francisco Solano e vai cursar Filosofia em Buenos Aires. Já Frei Evandro Siqueira, da Província São Francisco de Assis (RS), vai residir em Porto Alegre, onde vai cursar Filosofia na PUC.

Primeira Profiss O Em Angola E 25 Anos De Vida Religiosa De Frei Ivair

Após um belo ano da graça, acompanhado com muita dedicação e empenho, como afirmou Frei Evaristo Seque Joaquim no comentário inicial, chegamos ao ponto culminante desta belíssima etapa do Noviciado). Na manhã do dia 7 de janeiro, às 10h, na Igreja Santo Antônio, Noviciado São José, em Quibala (KS), sete jovens, após um ano de provação e penitência, deram o seu primeiro "sim" ao chamado do Senhor. São eles: Frei Daniel Bungwe Soma, Frei Dionísio Katengue Tchingui, Frei Eduardo César Himi, Frei Francisco Pedro Kapapelo Tchitacumula, Frei Luís Manuel Mugiba, Frei Manuel Franco Mununga e Frei Pedro Caiombe Samuco. E, de maneira especial, celebramos também os 25 anos de vida religiosa de Frei Ivair Bueno de Carvalho, delegado do Ministro Provincial para esta celebração.

O Guardião desta Fraternidade, Frei Mário Sampaio Pelu, presidiu a celebração, tendo como concelebrantes: Frei Marco Antonio dos Santos (Mestre dos noviços), Frei Afonso Katchekele Quissongo, Frei Ermelindo Francisco Bambi, Frei João Alberto Bunga, Frei José Morais Cambolo, Frei Santana Sebastião Cafunda, Padre Francisco Reis (Superior da Missão Nossa Senhora das Dores - Quibala), Padre Matias (Superior da Missão São Pio X-Ebo), Padre Lucas, Padre Pedro e Padre Miranda. Estiveram presentes também um número considerável de frades de profissão temporária, seminaristas e postulantes da nossa

Fundação, os frades solenes (estudantes de Teologia) em tempo de férias, as Irmãs Franciscanas da Visitação, as Irmãs de São Vicente de Paulo, as Irmãs Hospitaleiras, Dominicanas do Rosário, Franciscanas Missionárias de Maria, a Jufra e a presença calorosa dos familiares dos nossos professandos.

Frei Ivair começou a sua exortação recordando o refrão do “salmos” deste dia: “Esta é a geração dos que procuram o Senhor”! E afirmou que estamos diante de uma nova geração que procura o Senhor. Relatou ainda que nossa profissão religiosa é uma consagração das nossas vidas para o louvor e glória da Santíssima Trindade. “A vida do consagrado, de agora em diante, não pertence mais a si, mas ao próprio Deus que o quis e o consagrou. Nada nos pertence, porque tudo nos é dado. Mas tudo que nos é dado é para partilhar. É como a nascente de um rio que não existe para si, mas ela nasce para distribuir água ao redor do seu leito para depois desembocar no mar. A nossa vocação também é assim: quanto mais nos dermos, mais fortes e mais abundantes seremos. Precisamos ter Jesus no coração e na vida. É preciso testemunhar Jesus na vida”.

O delegado aproveitou o momento para agradecer pelos 25 anos de Vida Religiosa, recordando que a graça da vocação é abundante tanto no início, quanto no meio ou no fim. “É plena em todos os momentos da nossa vida; por isso, agradecer a Deus por este momento significa dizer que: ‘Irmãos comecemos, porque ainda nada ou pouco fizemos’. Pela carta ‘África nos chama’, descobri o meu desejo de ser missionário”, disse, recordando ainda os 18 anos doados em Angola.

Dirigiu as últimas palavras às famílias dos neoprofessos dizendo que, os filhos, netos, “que vós ofertais já não terão de volta, porque quando oferecemos algo ao Senhor não temos como receber de volta. Estes são oblações vivas do Senhor. Ao sermos oferecidos ao Senhor, nós aceitamos de livre e espontânea vontade. Portanto, que o Deus da graça, do amor desta nova geração, dê força e coragem aos nossos irmãos que estão se consagrando e também aos seus familiares”, concluiu, lembrando o apreço dos frades, na pessoa do Ministro Provincial, Frei Paulo Roberto Pereira, que, mesmo distante, estão unidos com suas orações.

Então, cada professando aproximou-se do Delegado do Ministro Provincial e foi interrogado se estava preparado para se consagrar a Deus e buscar a perfeição da caridade segundo a Regra e as Constituições da Ordem dos Frades Menores.

Depois, puseram-se de joelhos, com as mãos juntas, entre as mãos de Frei Ivair fizeram a sua primeira Profissão Religiosa. Em seguida, cada neoprofesso recebeu do Delegado Provincial a Regra e as Constituições da Ordem dos Frades Menores. O presente rito teve a sua conclusão com o abraço da paz, onde Frei Ivair convidou os demais confrades professos para saudações de acolhimento aos neoprofessos, em comunhão com a Fraternidade Provincial.

Depois deste belo momento de Profissão Religiosa dos nossos irmãos, Frei Ivair, diante do Guardião da Fraternidade, Frei Mário Sampaio Pelu, renovou seus votos, pelos

25 anos de Vida Religiosa, prometendo obediência, a viver sem nada próprio e em castidade. E o pedido da graça de perseverar até ao fim. No final da celebração, de maneira emocionante, as crianças, bem ensaiadas, dançaram e cantaram louvor de ação de Graças ao Senhor. E Frei Pedro Vitangui leu a mensagem do Ministro Provincial dirigida aos neoprofessos, e Frei Pedro Caiombe, em nome da turma, leu a nota de agradecimento, começando pela Santíssima Trindade autora de toda vocação, a Ordem, Província e Fundação, aos formadores e familiares, que tanto fizeram para chegar a este momento.

Frei Pedro Isaías Luísa Vitangui

CHEGA AO 11º VOLUME

As Notas autobiográficas de Frei Clarêncio Neotti, reunidas em volumes, com o título “Ribeirão Grande - Vi, Vivi, Vivenciei”, chegou ao 11º volume com 465 páginas. Segundo o frade, com este volume encerra mais uma etapa de sua vida de padre e frade. “Talvez tenha só mais uma etapa pela frente”, anunciou.

“Não foi fácil esta etapa”, confessou. “Ao afirmar isto, não quero dizer que ela não foi feliz. Porque a felicidade, como eu a entendo e a procuro, não se liga a êxitos ou fracassos, a pedras no caminho ou a perplexidades. Minha felicidade consiste na harmonia de minha consciência, do meu eu íntimo com meu eu externo. Mesmo que nem sempre eu me entenda. Escrevia Clarisse Lispector: ‘Não se preocupe em entender. Viver ultrapassa todo entendimento’. Ela tem razão. Não posso ficar preso ao que não entendo. Seria eterno prisioneiro e como prisioneiro viveria à custa ou à mercê de outros. Deus me deu este privilégio: sou feliz”, explicou.

Segundo o frade, nos volumes anteriores contou que foi transferido de Roma para o Convento de Santo Antônio do Largo da Carioca em setembro de 2003, com um trabalho específico: preparar as celebrações dos 400 anos do Convento, o maior monumento histórico do Brasil, tombado em novembro de 1937 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN - criado pelo Governo Federal no dia 13 de janeiro de 1937.

“O fato de ser tombado não significou proteção para o Convento. Neste caso específico, significou entrave. Não escondo isto em minha narrativa. Vivi o fato. O IPHAN-Rio nunca levou em consideração que o Convento é mais que um edifício sobrevivido no tempo: é uma residência, inclusive de pessoas idosas e doentes. O IPHAN impediu o acesso de carros. Impediu a chegada dos elevadores até o patamar de entrada do convento e da igreja e com isso impediu não só o ir e vir dos frades, mas também o acesso ao monumen- to dos idosos e cadeirantes, contrariando leis federais”, recorda o frade.

“Neste volume conto a caminhada da Comissão do restauro. Uma história nem sempre primaveril. Com fases hibernais e outonais. Não vivi a agônica. Minha narrativa termina no Natal de 2009, quando fui transferido para a Paróquia do Rosário, em Vila Velha (ES)”, explicou Frei Clarêncio, autor até agora de 43 livros.

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