Agualva, uma freguesia fortemente fustigada pela saída dos americanos da Base das Lajes

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Previsão para o Grupo Oriental. Fonte: www.ipma.pt

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Céu muito nublado, com abertas a partir da manhã. Descida da temperatura do ar. Períodos de chuva durante a madrugada, passando a aguaceiros passando a aguaceiros que poderão ser de granizo. Possibilidade de trovoadas durante a noite. Vento sul FORTE (50/65 km/h) com rajadas até 100 km/h, rodando para noroeste e tornando-se fresco (30/40 km/h).

18º 15º

UV 2

Períodos de céu muito nublado com abertas. Aguaceiros fracos. Vento noroeste moderado (20/30 km/h), rodando gradualmente para sudoeste. Mar cavado, ondas noroeste de 4 a 4,5 metros, diminuindo para 2,5 m a 3,5 metros.

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Diário Açores Domingo, 20 de Dezembro de 2015

Ano 146º, Nº 40.862

Ano

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146º

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Escrevem nesta edição

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Regional || Págs. 4 e 5

Presépio açoriano em esferovite é sucesso em Fall River

Paulo Casaca

Regional || Pág.3

Tiago Lopes

Para além da emigração

Agualva: de 47 trabalhadores na Base, só restam 11... Regional || Págs. 6 e 7

Narciso


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ENTREVISTA

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Agualva, uma freguesia fortemente fustigada pela saída dos americanos da Base das Lajes

De 47 trabalhadores na Base, só restam 11 e famílias inteiras emigraram A freguesia de Agualva, na ilha Terceira, é uma das mais fustigadas pela saída dos americanos da Base das Lajes. Sérgio Nascimento, licenciado em Desporto de Natureza e Turismo Activo, coordenador da Secção de Agualva do PS dos Açores, tem desempenhado um papel importante, com a sua equipa, no levantamento da realidade social da Freguesia após a crise das Lajes. Nesta entrevista, Sérgio Nascimento faz o ponto da situação de como as famílias estão a enfrentar este problema e lança alguns recados pertinentes. Qual é a situação da Freguesia da Agualva após os despedimentos voluntários na Base das Lajes? Há muitas famílias atingidas? A economia da freguesia está a ressentirse? A Agualva está muito fragilizada a nível económico e social resultante sobretudo do impacto do downsizing da Base das Lajes. Dos 47 agualvenses trabalhadores da Base, só restam 11. E empregos indirectos já não se vislumbra um que seja. Mas há mais. Para agravar o cenário, a Agualva viu partir no último ano famílias inteiras que correspondem a cerca de 30 agualvenses que emigraram. Tudo isto potenciou nos últimos meses, associado pela crise económica nacional, o fecho do pequeno comércio local e familiar, como são disso exemplo, um snackbar, um café e um mini-mercado. Como reflexo, a Escola Básica tem agora 49 alunos, menos 12 comparativamente com o ano lectivo transato. Como se pode colmatar este problema a nível da Freguesia? A solução pode ser encontrada através do Plano de Revitalização da Ilha Terceira, implementado pelo Governo Regional, ou deverá ser encontrada outra solução mais adequada para a comunidade? O PREIT está elaborado, e bem, a uma escala de ilha e município. A nível local compete aos órgãos representativos da freguesia identificarem as actuais fragilidades e debilidades, e a partir daí, promoverem com humildade, rigor e competência, oportunidades para a comunidade. O PS/Agualva definiu um caminho e já em Abril de 2013 c a r a c t e r i z o u c a d a u m d o s 47

agualvenses trabalhadores da Base e mais recentemente, em 2015, assumiu um conjunto de 12 ideias que servem de suporte aos vários eixos e medidas constantes no PREIT. Ideias que isoladas pouco resolvem mas interligadas criará maior dinamismo social e fomento de empreendedorismo. Algumas já começam a surgir coincidindo com as nossas ideias manifestadas, como é o caso do balneário do pavilhão desportivo – fortemente impulsionado pela J S /A g u a l v a , e n e s t e s ú l t i m o s dias, o interesse pela abertura de trilhos pedestres e o surgimento do anteprojecto que passa pela requalificação de um dos moinhos de água como atractividade turística. Suspeita-se de armas nucleares armazenadas nos paióis subterrâneos Agualva tem características muito próprias em todo este processo da Base, desde os primórdios da sua construção nos anos 50. Quais os principais efeitos na localidade ao longo deste tempo? Há sinais de exposições ambientais menos próprias? A tão falada pegada ambiental dos americanos atingiu muito a localidade? Em que termos? O Campo de Golfe da ilha Terceira mandado construir pelos norte-americanos e o arrendamento de imóveis muito estimularam os negócios de cariz familiar. O “Agualva Munitions Annex Lajes Field Return” e a “Naval Security Group Activity” que durante mais de 40 anos aqui estiveram sedeados. Nessa época, mais de duas centenas de agualvenses trabalhavam para os americanos e outras de-

zenas de trabalhadores paravam bem cedo na Freguesia para o café da manhã. Hoje tudo se alterou e não podemos ignorar nem desconsiderar os fortes impactos resultantes de todo este processo da Base. Quanto à tão badalada pegada ambiental, suspeita-se que nos Cinco Picos, a cerca de 8 km da povoação de Agualva, estiveram

armazenadas armas nucleares nos paióis subterrâneos. Na verdade, não conhecemos qualquer estudo que nos elucide se os agualvenses estiveram ou estão expostos a radiação, mesmo que a baixos níveis. Por outro lado e quanto à contaminação dos solos e aquíferos, o próprio município de Praia da Vitória mandou realizar um estu-


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do no ano de 2009 e em 2015, o Governo dos Açores deu conhecimento da adjudicação da empreitada de remoção das tubagens do Cabrito. Esta é a hora de Agualva acompanhar o forte desenvolvimento da Praia O que acha que vai acontecer no futuro próximo? Os americanos têm reagido indiferentes a todo este problema ou sente que há uma atenção especial para resolver os problemas por parte de todas as entidades envolvidas? Pelos americanos e entidades envolvidas não me atrevo a falar. O que posso adiantar é que a Secção do PS/Agualva, no âmbito das suas competências, alertou os órgãos representativos da freguesia, Conselho de Ilha e outras entidades regionais, para os problemas que a freguesia teria de enfrentar pela saída dos agualvenses da Base, o que veio a efectivar-se nas últimas semanas. A nossa Secção, pela sua história, é reconhecida por não ficar à espera que outros façam o trabalho que a todos compete. Responsabilizar os demais e utilizar o baixo plebeísmo para resolver os problemas não é, nunca foi, bom apanágio. Veja-se, no que concerne ao crescimento populacional, enquanto Praia da Vitória registou um aumento de 6,52 por cento, no período entre 2001 e 2014, a freguesia de Agualva, neste mesmo período, viu perder mais de 10%, e nos últimos 50 anos, mais de metade da população. Mas não só. Se queremos inscrever um filho na creche ou ATL deslocamo-nos

à freguesia de Vila Nova. Para descortinar um panorama com um familiar ou amigo viajamos até ao miradouro das Quatro Ribeiras. Se um dia cultural é o que se ambiciona entramos no Museu das Lajes. Já na Freguesia vizinha de São Brás temos a oportunidade de instalar um familiar idoso que necessite dos cuidados do Lar ou Centro de Dia. Para acampar monta-se a tenda nos Biscoitos. Na d a n o s d e s a g r a d a o d es e nv o l v i m e n t o d a s f r e g u e s i a s limítrofes, até estimamos e valoramos. Mas também são estas as

razões que nos levam a considerar que agora é o momento de Agualva acompanhar o for te e bem sucedido investimento realizado na Praia da Vitória, nomeadamente na criação de outro tipo de valências sociais, culturais, desportivas ou turísticas que criem valor na Freguesia. No plano de investimentos, o Turismo poderá ser uma das prioridades? Consideramos que a Agualva, pela força da sua natureza contagiante, tem de voltar-se para o turismo de natureza. Já o dissemos em 2013 e voltamos a

reforçar. Temos belezas naturais únicas inseridas no Parque Natural de Ilha e a Ribeira da Agualva onde mais de 1000 praticantes/turistas experimentaram a actividade de cannyoning no ano de 2015. O que se torna essencial é acarinhar os turistas e as empresas que cá os trazem, mas para isso é preciso sensibilidade. Mas vamos andando. Agualva vale pelas suas forças vivas E as instituições existentes na Freguesia? Poderão vir a ser importantes no seu desenvolvimento? A Agualva vale sobretudo pelas suas forças vivas. A Sociedade Filarmónica por toda a sua história e trabalho que vem desenvolvendo. O Grupo Desportivo e Recreativo da Agualva que tão boas memórias guarda. O Grupo de Folclore, a Comissão das Festas de Agosto, a Comissão da Igreja e os inúmeros agualvenses que fazem o Carnaval da Terceira manter-se genuíno e solidário. E até o Grupo de Forcados Amadores do Ramo Grande que tantas emoções desperta também por Portugal Continental, Espanha e Canadá – de forma surpreendente mudou-se para as Lajes. São todas estas instituições, e outras que acabei por não referir, que vão dando alegrias aos agualvenses e que todas têm um papel fundamental na dinâmica da Freguesia. jornal@diariodosacores.pt


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