EDIÇÃO SEMANAL DE 27 DE NOV A 3 DE DEZ 2018 - Ano: XXIV Nº 6518
Partido
FOTO: LULA MARQUES
Haddad deve entrar com ação contra WhatsApp nos EUA
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ex-prefeito de São Paulo e ex-candidato do PT à Presidência da República Fernando Haddad anunciou na semana passada que poderá ingressar com uma ação judicial contra o Whatsapp nos Estados Unidos, país sede da empresa. O objetivo é forçar a empresa a esclarecer como o aplicativo de rede social foi utilizado no Brasil para a disseminação em massa de notícias falsas durante o período eleitoral. A democracia brasileira foi frontalmente atacada pelo WhatsApp durante as eleições. “Nesta minha viagem aos EUA, estamos avaliando entrar com ação judicial contra o Whatsapp, para que ele lá preste contas do que fez aqui, desconhecendo a jurisdição das autoridades brasileiras”, afirmou. Haddad informou que dirigentes da empresa no Brasil se recusam a abrir os dados sobre a onda de fake news na última semana do primeiro turno, o que fez alterar o quadro eleitoral e favorecer sobretudo a candidatura de extrema direita de Jair Bolsonaro (PSL). “Queremos saber quem con-
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tratou, quantas mensagens foram disseminadas, para ludibriar quem?”, frisou Haddad. Ele afirmou em entrevista que o que se fez no Brasil [fake news pelo WhatsApp] não pode ser repetido em nenhum outro lugar. Campanha internacional - Haddad informou também que iniciará uma campanha internacional de contatos com setores de centro-esquerda nos Estados Unidos, na Europa e na América Latina. “Vamos manter contatos com a centro-esquerda europeia, com setores progressistas na Itália, na França e na Alemanha preocupados com o crescimento do conservadorismo e com o corte dos direitos sociais”, enfatizou. O líder do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta (RS), destacou que o encontro dos parlamentares petistas com Haddad serviu para transmitir a ele o reconhecimento por seu desempenho nas eleições. Para Pimenta, Haddad, com seus 47 milhões de votos, saiu do processo eleitoral como uma das grandes lideranças de centro-esquerda não só do Brasil, como de todo o mundo.
Com 47 milhões de votos, Haddad é uma das grandes lideranças de centro-esquerda
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Lançada frente parlamentar de resistência e apoio aos movimentos sociais
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Partidos de oposição ao futuro governo de Jair Bolsonaro vão formar uma frente parlamentar em defesa dos direitos sociais e civis. A frente foi anunciada no dia 21, durante entrevista coletiva na Câmara, por líderes de movimentos sociais, deputados, senadores e outros políticos, como os candidatos do PT e do PSOL à Presidência da República, na eleição deste ano, Fernando Haddad e Guilherme Boulos. A intenção é iniciar um movimento de resistência a qualquer tentativa de criminalização dos movimentos sociais e de ataques às liberdades democráti4
cas garantidas pela Constituição Cidadã. Fernando Haddad manifestou solidariedade irrestrita ao direito de organização e de reivindicação de todos os movimentos sociais, especialmente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), os mais ameaçados pelas recentes tentativas de criminalização. Guilherme Boulos, que é líder do MTST, afirmou que os movimentos sociais não vão se intimidar com ameaças de criminalização de suas lutas.
Artigo
FOTO: RICARDO STUCKERT
Prisão política de Lula é vergonha do Brasil perante o mundo democrático
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prisão política do ex-presidente Lula é o episódio mais vergonhoso na história do Brasil desde a redemocratização ocorrida em 1985. Cada vez mais a opinião pública mundial reconhece esse fato e repudia a medida de exceção imposta contra Lula em meio a um regime formalmente democrático. Luiz Inácio Lula da Silva foi condenado em processos nos quais o juiz de primeira instância não escondeu – ao contrário, várias vezes enfatizou – que trabalhava junto com a acusação no âmbito da Operação Lava Jato, quando deveria ter atuado como um magistrado imparcial que formasse o seu juízo a partir do que fosse apresentado pelo Ministério Público. Além de Sergio Moro, os procuradores e integrantes da Polícia Federal na força-tarefa também nunca esconderam que suas ações partiam da premissa de que Lula deveria ser condenado a qualquer custo, pouco importando o que dizem a Constituição e a legislação penal. Dois fatos que são símbolos e provas da perseguição de alguns agentes públicos contra Lula são (1) a ridícula apresentação de Power Point que colocava Lula no comando de um grande esquema criminoso, quando sequer a acusação formulada pelo Ministério Público na ocasião falava em formação de quadrilha; e (2) a intimação para um dos filhos de Lula prestar depoimento, entregue pela Polícia Federal pouco antes da meia-noite e de maneira quase informal, exatamente no dia do aniversário do ex-presidente, num nítido gesto de provocação e tentativa de intimidação. Com o aprofundamento da perseguição contra Lula – por meio de novas denúncias vazias e novos indiciamentos que ignoram os elementos mais elementares do processo penal, como a apresentação de provas materiais que embasem
as acusações – e também contra outros dirigentes do Partido dos Trabalhadores, num processo legitimado e celebrado por um intenso espetáculo midiático, fica cada vez mais explícito o uso do aparelho de Estado para a realização de objetivos políticos que estão a serviço de interesses econômicos e geopolíticos muito claros e, ademais, alheios aos anseios da população brasileira. A reação internacional, porém, é crescente. Na última semana, Lula recebeu visita, em Curitiba, do cientista político Juan Carlos Monedero, um dos fundadores do Podemos, partido que tem mobilizado amplos setores progressistas na Espanha. No mesmo período, em Buenos Aires, no 1º Fórum Mundial do Pensamento Crítico, organizado pelo prestigiado Conselho Latino-americano de Ciências Sociais (CLACSO), em todas as atividades se viu manifestações de repúdio à prisão política do ex-presidente brasileiro. Também na semana passada, uma moção de parlamentares britânicos pediu “a libertação de Lula” e expressou “seu apoio aos brasileiros que defendem a democracia, os direitos humanos e o progresso social”. Já neste domingo (25), o Partido Comunista Francês dedicou parte do seu último dia de congresso para manifestar solidariedade ao ex-presidente brasileiro e pedir a sua libertação. Tal como ocorreu com o saudoso Nelson Mandela, GUSTAVO BEZERRA/PTNACÂMARA atores políticos de peso estão ampliando as articulações para que Lula seja agraciado com o Prêmio Nobel da Paz. Independentemente do resultado desta mobilização específica, está cada vez mais forte o grito pela liberdade de Lula no mundo democrático, por mais que a extrema-direita vitoriosa nas eleições – e atuante nos tribunais – tente ignorar. Dep. Paulo Pimenta (PT-RS) Líder do PT na Câmara 3 3
16 DIAS DE ATIVISMO PELO FIM DA VIOLÊNCIA CONT
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Bancada de Mulheres do PT na Câmara é protagonista e atua na edição 2018 da campanha mundial “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher”, que busca conscientizar a população sobre os diferentes tipos de agressão contra meninas e mulheres em todo o mundo. A ação, realizada de 25 de novembro, Dia Internacional da Não Violência contra a Mulher, até 10 de dezembro, data em que foi proclamada a Declaração Universal dos Direitos Humanos, também tem o objetivo de propor medidas de prevenção e combate à violência, além de ampliar os espaços de debate com a sociedade. Os “16 Dias de Ativismo”, no Legislativo brasileiro, é promovido pela Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados em parceria com a Procuradoria Especial da Mulher do Senado, a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara e a Comissão Permanente Mista de Combate à Violência contra a Mulher. O pontapé inicial da campanha neste ano foi o seminário Mulheres Negras Movem o Brasil, realizado em 20 de novembro - Dia Nacional da Consciência Negra, por iniciativa da deputada Benedita da Silva (PT-RJ). Ela explicou que, considerando a dupla vulnerabilidade da mulher negra, no Brasil a ação sempre começa mais cedo. “O Poder Executivo precisa manter os avanços conquistados, mas isso não está acontecendo. Estamos vivendo um dos maiores retrocessos que atingem principalmente a população negra e a maioria das mulheres negras deste País”, afirmou a deputada Benedita, durante sua participação no seminário, que foi presidido pela deputada Ana Perugini (PT-SP), pre-
sidente da Comissão de Defesa dos Direito Guarda Compartilhada - Nesta terça-fe tadas Luizianne Lins (PT-CE), Ana Perugin será realizado na Câmara dos Deputados , o da Compartilhada: Leis, Justiça, Violência reu Ramos, da Câmara, a partir das 9h. Mulher-Cidadã – Na quinta-feira (29), a para a entrega do Diploma Mulher-Cidadã Plenário Ulysses Guimarães. Por iniciat (PT-DF), a Bancada de Mulheres do PT ind dora do PSOL Marielle Franco, assassinad indicação foi subscrita por Ana Perugini, Be Margarida Salomão (PT-MG) e Maria do R Luta Contra a Aids - Também por inicia como parte das atividades dos 16 Dias de são solene no dia 3 de dezembro, às 10h, e de Luta Contra a Aids. E no dia 10 de deze será em comemoração ao Dia Internacion Lei Maria da Penha - O encerramento brasileiro será no dia 12 de dezembro, com sobre a Lei Maria da Penha, às 9h, no plená do Senado. Durante o evento, de iniciativ será divulgado o resultado do 2º concurs Violência – Feminicídio, que Crime é esse?”
Com a palavra, as deput
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O nosso recado diante do preâmbulo do futuro governo federal é que estamos alertas e não recuaremos . Na Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara, aprovamos R$ 307 milhões em emenda ao Orçamento 2019, destinados ao fortalecimento da rede de proteção às mulheres e ao combate à violência doméstica. Na trajetória da luta das mulheres, nada veio fácil, todos os direitos adquiridos foram resultados do ativismo. Ana Perugini (PT-SP)
Nesses 16 Dias de Ativismo, quero lembrar que são muitos os desafios de ser mulher negra. Pesa a discriminação e falta de oportunidade. Mas ser mulher negra é poder também manifestar orgulho de nossas raízes históricas, de nossa raça, de nossa cultura e tradições. E isso é construído com muita luta, solidariedade e coragem. Pois aprendemos, com a dura vida que tivemos e continuamos a ter, a determinação para enfrentar qualquer obstáculo. Benedita da Silva (PT-RJ)
Em uma sociedade machista como a que vivemos, a campanha é importante porque as mulheres são notoriamente um grupo mais vulnerável e menos empoderado na sociedade. Por essa razão, o seu acesso a direitos também é mais reduzido. Um exemplo é o relato de diversas mulheres que são assediadas no uso do transporte coletivo. Precisamos garantir os direitos fundamentais das mulheres como cidadãs, mas focalizar essas faltas e fragilidades para que tenhamos assegurado o direito de ir e vir para todas. Margarida Salomão (PT-MG) 4
A Lei Maria da Penha é uma vitória das mulheres, da sociedade, e obrigou o Estado a reconhecer sua responsabilidade de agir contra a violência doméstica e definir políticas públicas de prevenção para enfrentá-la. Mas a cultura da violência é tão arraigada que, mesmo com avanços, ainda há muito o que fazer. Precisamos trabalhar no enfrentamento à violência, reforçar a rede de proteção e assegurar que a mulher se sinta protegida. A violência contra as mulheres é um atentado à democracia. Maria do Rosário (PT-RS)
RA A MULHER
os da Mulher. ira (27), por iniciativa das depui e Elcione Barbalho (MDB-PA), o seminário internacional “Guara e Conflitos”, no auditório Ne-
a Câmara realiza sessão solene ã Carlota Pereira de Queirós, no iva da deputada Erika Kokay dicou para a premiação a vereada em 14 de março passado. A enedita da Silva, Luizianne Lins, Rosário (PT-RS). ativa da deputada Erika Kokay, Ativismo, a Câmara realiza sesem homenagem ao Dia Mundial embro, às 10h, a sessão solene nal dos Direitos Humanos. o da campanha no Parlamento m a realização de um seminário ário 6, Ala senador Nilo Coelho, va da deputada Luizianne Lins, so de vídeo “1 Minuto contra a ”.
Câmara destaca pauta da Bancada Feminina Nesta semana em que a Bancada Feminina no Congresso se volta para as atividades da campanha “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher”, o plenário da Câmara poderá votar um conjunto de projetos de interesse das mulheres, como o PL 622/15, de autoria da ex-deputada Moema Gramacho (PT-BA), que dispõe sobre a proibição do uso de recursos públicos para a contratação de artistas que, em suas músicas, desvalorizem, incentivem a violência ou exponham as mulheres a situação de constrangimento. E também de artistas que tenham músicas que contenham manifestações de homofobia, discriminação racial ou apologia ao uso de drogas ilícitas. Ainda estão na pauta o PL 5248/16, que dispõe sobre a obrigatoriedade de realização do exame Ecocardiograma fetal, em gestantes; o PL 10269/18, que estabelece a substituição da prisão preventiva por prisão domiciliar da mulher gestante que for mãe ou responsável por crianças, pessoas com deficiência; o PL 1830/07, que inclui o exame de detecção do câncer de mama, útero, próstata nas hipóteses em que o empregado pode se afastar do trabalho sem prejuízo salarial; e o PL 3030/15, que aumenta a pena de homicídio no caso do descumprimento de medida protetiva de urgência. Ainda poderão ser apreciados os projetos: PL 4409/16, que dispõe sobre cirurgia plástica reparadora de mama; PL 7010/17, que cria medida protetiva que obriga o autor de violência familiar a frequentar tratamentos psicológicos e curso de detenção de raiva e agressividade; PL 9691/18, que trata da responsabilidade do agressor em ressarcir os custos relacionados aos serviços prestados pelo SUS pelas vítimas de violência doméstica domiciliar, e PL 5555/13, que inclui a comunicação no rol dos direitos assessorados à Lei Maria da Penha e tipifica a exposição pública da intimidade sexual.
tadas da Bancada do PT Os 16 Dias de Ativismo reforçam a necessidade de construirmos trincheiras mais poderosas para derrotar os fascistas que nos espreitam e aguardam para subir a rampa do Planalto, de onde pretendem controlar os nossos corpos e alma. Esta é também uma campanha que lembra o extermínio de Marielle Franco, mulher negra que assumiu um espaço só de homens e brancos. Serve ainda para mostrar a força que a mulher tem para vencer todas as formas de violência. Erika Kokay (PT-DF) Os 16 Dias de Ativismo são mais uma oportunidade para conscientização da população sobre o mal que vem se alastrando, que é a violência contra a mulher. É um problema de comportamento que deve ser trabalhado na origem. No Piauí, enquanto estive secretária de estado da Educação, trabalhamos esse tema dentro das escolas em parceria com o Ministério Público. A resposta de crianças e adolescentes foi muito boa. Todos ganharam na sala de aula a consciência do papel e do respeito às mulheres. Rejane Dias (PT-PI)
Os 16 Dias de Ativismo trazem visibilidade para a luta das mulheres. É também um momento em que reunimos esforços para aprovação de leis que ampliem e assegurem nossos direitos. Para a data, lançamos o concurso de vídeo por celular “1 minuto contra a violência” e pautamos audiências sobre temas que afetam a vida das mulheres. É preciso sensibilizar a sociedade para que possamos superar a desigualdade de gênero. Luizianne Lins (PT-CE)
Origem da campanha
– Os “16 dias de Ativismo” começaram em 1991, quando mulheres de diferentes países, reunidas pelo Centro de Liderança Global de Mulheres, iniciaram uma campanha com o objetivo de debater e denunciar as várias formas de violência contra as mulheres no mundo. Cerca de 150 países participam da campanha. No Brasil, a ação ocorre desde 2003 e começa mais cedo, no dia 2o de novembro - Dia da Consciência Negra.
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FOTOS: LULA MARQUES
Resistir é preciso: projeto que instaura censura nas escolas pode ser votado na próxima quinta
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pós três semanas de obstrução dos deputados do PT e de outros partidos de oposição (PCdoB, PSOL, PSB e PDT), foi lido na quintafeira (22) o substitutivo do deputado Flavinho (PSC-SP) ao projeto de lei (PL7.180/14), conhecido como “Escola Sem Partido”. Por conta de um pedido de vista coletivo, a proposta só poderá ser votada após a realização de duas sessões do plenário da Câmara. O presidente da comissão especial que analisa o assunto, deputado Marcos Rogério (DEM-RO), informou que a votação do texto poderá começar nesta quinta-feira (29), caso ocorram as duas sessões do plenário previstas para esta terça (27) e quarta (28). O Supremo Tribunal Federal (STF) também pode analisar nesta quarta a constitucionalidade (ADI 5537) de um projeto de lei semelhante ao “Escola sem Partido”, adotado no estado de Alagoas. Denominado “Escola Livre”, a proposta também impõe censura ao debate de temas específicos em sala de aula e interfere na liberdade de cátedra garantida constitucionalmente aos professores. Na última reunião da comissão especial do “Escola Sem Partido”, da mesma forma como ocorreu nas últimas seis tentativas de votar o texto, os parlamentares contrários ao projeto protestaram contra as ilegalidades e a forma autoritária como foi conduzido o debate, desta vez pelo presidente do colegiado, deputado Marcos Rogério. Logo no início, o presidente foi questionado sobre o registro ilegal de presenças de parlamentares com o objetivo de atingir o quórum para iniciar a votação da proposta. Os deputados oposicionistas denunciaram que o painel de presença, que permite verificar o 4
quórum mínimo para iniciar a reunião, abriu antes das 9h, horário de convocação da reunião. Cinco deputados foram acusados de registrar presença antes do horário permitido. São eles: Ezequiel Teixeira (Podemos-RJ), Marco Feliciano (Podemos-SP), Hugo Leal (PSD-RJ), Paulo Freire (PR-SP) e Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) todos favoráveis ao “Escola sem Partido”. Em meio aos protestos da oposição, a deputada Erika Kokay (PT-DF) pediu a anulação das presenças e, portanto, o encerramento da reunião, com abertura de um novo painel. “O painel foi aberto às 8h30. Portanto, o registro das presenças é ilegal e tem que ser anulado”, reclamou. Desprezando a irregularidade cometida, Marcos Rogério não apenas rejeitou o pedido como também afirmou que o registro antes do horário “não atrapalhava o funcionamento da reunião”. Foi somente após ser alertado de que parlamentares haviam registrado presença para garantir o quórum, mas já haviam deixado Brasília, que o presidente voltou atrás parcialmente. Ele anulou as presenças dos deputados Ezequiel Teixeira e Hugo Leal, que haviam retornado ao Rio de Janeiro, estado de origem dos dois parlamentares. Além da flagrante ilegalidade que permitiu o início da reunião, o presidente do colegiado também ignorou as regras do regimento interno, cassando em vários momentos a palavra dos parlamentares da oposição. Marcos Rogério ainda rejeitou requerimentos apresentados pela oposição para levar a voto a sugestão de inverter a ordem da discussão e de retirar o tema de votação. A atitude foi classificada pelos parlamentares de oposição como um gesto “truculento e autoritário”.
FOTOS: ASSESSORIA DEPUTADO VALMIR ASSUNÇÃO
Perseguição a trabalhadores rurais e a MST aumenta com onda autoritária
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SITE: MST
esmo sem ainda ter assumido a Presidência da República, Jair Bolsonaro, com ajuda de seus ‘tentáculos’ [latifundiários] nos estados, vê o governo Temer e o latifúndio improdutivo pôr em prática uma das principais ameaças feitas durante a campanha eleitoral: perseguir os movimentos sociais. A onda fascista atinge em cheio os acampados do MST em Minas Gerais, Paraíba e Ceará. Um dos casos mais emblemáticos ocorreu em Minas Gerais, onde 450 famílias que vivem no Quilombo Campo Grande, em Campo do Meio, foram surpreendidas com ordem de despejo judicial. Casos semelhantes ocorrem na Paraíba e no Ceará. Para o deputado Valmir Assunção (PT-BA), esses casos de ameaças de despejo ou a sua concretização significam “endurecimento” na luta pela terra. “O caso de Minas Gerais é emblemático, pois se trata de área abandonada, cuja produção das famílias sem-terra já tem mais de 20 anos, com alimentos saudáveis, sem agrotóxicos. Tanto os parlamentares defensores da reforma agrária como o MST farão a resistência necessária para que os direitos dessas famílias sejam garantidos”, assegurou o deputado. O deputado João Daniel (PT-SE) avaliou que essas ações autoritárias têm raízes na história do latifúndio, na luta pela terra, na ligação dos “grupos poderosos” com o Judiciário e na pressão que eles exercem nesse setor. Segundo o parlamentar, a eleição de Bolsonaro, com o seu discurso de ódio e violência, vai acirrar ainda mais a perseguição contra aqueles que lutam por seus direitos. “Quando o Brasil passa por uma onda conservadora como essa, com um presidente que tem a ousadia de fazer as ameaças que faz, dá carta branca para que os setores conservadores se aproveitem disso. É lamentável”, afirmou. O deputado Marcon (PT-RS) lembrou que o Brasil passa por um momento muito difícil. Para ele, o governo eleito vai disponibilizar todo o aparato policial para perseguir e reprimir os movimentos sociais. “Qualquer mobilização ou ocupação, a Polícia Federal vai estar pronta para reprimir, prender e também matar manifestantes e líderes dos movimentos sociais. É isso”, sentenciou. Mobilização - O coordenador nacional do MST, Alexandre Conceição, avaliou que no momento em que um presidente eleito afirma que vai mandar prender mais de 100 mil sem-terras, que vai acabar com programas sociais, com a reforma agrária, “na verdade, ele está autorizando o juiz, o delegado, a Polícia Militar a tomar medidas por conta própria”. “Esse é o movimento neofascista no Brasil que ganhou as eleições e tem um presidente que dá as ordens através desse discurso, através dessas bravatas”, frisou Conceição. O líder do MST analisou ainda que os movimentos sociais não serão intimidados pelo “presidente bravateiro”. “Seguiremos denunciando em nível nacional e internacional essa maré neofascista, ultraneoliberal. Assim como já enfrentamos outros governos, como Collor de Mello e FHC, vamos enfrentar esse governo neofascista com muita inteligência e capacidade de mobilização ativa para que não tenhamos perdas de vidas”, adiantou. Conceição explicou que em encontro recente com o líder do MTST, Guilherme Boulos, nasceu a ideia de construir um movimento de solidariedade e democrático em defesa da luta social e política. “Permaneceremos [os movimentos] mobilizados, pois não é a bravata desse novo governo que vai nos intimidar”, anunciou Alexandre Conceição.
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Futuro governo quer enterrar Petrobras
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nome do economista Roberto Castello Branco, indicado para presidir a Petrobras na gestão Jair Bolsonaro, soa como mais uma tentativa de concretizar um antigo plano de governos antinacionais: privatizar a estatal. O futuro comandante da Petrobras – uma das maiores petrolíferas do mundo – já manifestou seu viés privatista e, mais especificamente, seu desejo de vender a empresa que em breve vai presidir. No dito popular, é a raposa cuidando do galinheiro. “É urgente a necessidade de se privatizar não só a Petrobras, mas outras estatais”, disse, em artigo publicado em meados deste ano na Folha de São de Paulo. Professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Castello Branco reza a mesma cartilha da chamada Escola de Chicago, cujo berço é a Universidade de Chicago, que se transformou numa espécie de incubadora do liberalismo econômico, ao formar defensores de um tipo de pensamento voltado ao livre mercado e contrário a qualquer tipo de regulação dos negócios. Ao palestrar em um evento promovido pela FGV em novembro do ano passado, o indicado de Bolsonaro para presidir a Petrobras defendeu que as estatais, de um modo geral, são “ineficientes e focos potenciais de corrupção”. “As estatais são menos eficientes do que empresas privadas, (...) são usadas como veículos de transferência de renda pelos políticos. Transferências para grupos e corporações”, afirmou. Por tudo isso, Roberto Castello Branco dá claras demonstrações de que desconhece a Petrobras. Foi a petrolífera brasileira que fez o que nenhuma outra empre-
sa do mundo conseguiu fazer: desenvolveu tecnologia própria para achar e explorar o pré-sal em águas ultraprofundas – uma das descobertas mais importantes do mundo nas últimas décadas. Foi ela também que, a partir dessa descoberta, propulsionou novas pesquisas na área e movimentou uma enorme cadeia econômica. O deputado Paulo Pimenta (RS), líder do PT na Câmara, avalia que a indicação de Castello Branco revela o caráter entreguista do próximo governo e gera um evidente conflito de interesses. “É uma afronta você colocar na direção de uma das maiores empresas do mundo no seu setor alguém que é notoriamente favorável à venda dessa empresa”, diz Pimenta. “Castello Branco não está sendo escolhido para ser o presidente, mas sim o coveiro da quinta maior empresa brasileira e uma das maiores petrolíferas do mundo”, complementa o líder. Para o deputado Enio Verri (PT-PR), que também é economista, a escolha de Castello Branco é questionável tanto no aspecto econômico quanto no político. “Do ponto de vista econômico, é temerário deixar nas mãos da iniciativa privada um setor estratégico e tão vital para economia de qualquer país, como o petrolífero. Dos 20 países com as maiores reservas de petróleo no mundo, a maioria absoluta tem estatais no controle do uso dessas reservas. Essa é a regra global”, revela. “Do ponto de vista político, sabemos que o interesse do governo Temer e do futuro governo Bolsonaro é entregar as nossas riquezas para um punhado de multinacionais estrangeiras cujo único objetivo é garantir os lucros dos seus acionistas”, completou o parlamentar.
Líder da Bancada: Deputado Paulo Pimenta (RS) Vice-Líderes: deputado Afonso Florence (BA); Angelim (AC); Carlos Zarattini (SP); Erika Kokay (DF); Henrique Fontana (RS); João Daniel (SE); Jorge Solla (BA); Leo de Brito (AC); Maria do Rosário (RS); Marco Maia (RS); Nelson Pelegrino (BA); Nilto Tatto (SP); Paulão (AL); Patrus Ananias (MG); Ságuas Moraes (MT); Valmir Prascidelli (SP); Wadih Damous (RJ); Zé Geraldo (PA) - Equipe de Comunicação da Liderança do PT na Câmara - Jornalista responsável: Rogério Tomaz Jr.
E-mail:pautaptnacamara@gmail.com
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