Edição Especial - Mulheres

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Dia Internacional da Mulher Terça-feira, 11 de março de 2014

8 de março: data histórica marca conquistas e estimula luta por direitos Adotado oficialmente pela Organização das Nações Unidas (ONU), em dezembro de 1977, o Dia Internacional da Mulher é celebrado a cada 8 de março para marcar as conquistas sociais, políticas e econômicas das mulheres, bem como para estimular o fortalecimento dos seus direitos. Hoje a data está profundamente ligada às lutas por igualdade de direitos entre mulheres e homens ao redor do mundo. Embora a bibliografia tradicional cite um suposto incêndio de 1857 que teria vitimado 129 operárias em Nova Iorque, Estados Unidos, pesquisas realizadas nas últimas duas ou três décadas indicam que a celebração do 8 de março se refere à data de início de uma forte greve das tecelãs em São Petersburgo, na Rússia czarista de 1917, sendo este o evento que acabou deflagrando a Revolução Russa. A deputada Margarida Salomão (PT-MG) corrobora esta versão. “A história demonstra que a simbologia e a carga política desta data é muito poderosa. Ela marca a luta das mulheres russas por melhores condições de trabalho e contra o czarismo e a guerra. Isso é importante porque as vezes as pautas das mulheres

são reduzidas às reivindicações de uma maioria desempoderada”, afirma Margarida. Margarida também destaca que a luta das mulheres sempre se caracterizou por ser “universalista, objetivando um mundo melhor”, mas que possui elementos locais e específicos. “A pauta feminina inclui questões como a violência, a desigualdade de remuneração no mesmo local de trabalho, a remuneração das mulheres que trabalharam a vida inteira e contribuíram para a economia, mas o seu trabalho nunca foi convertido em moeda, como é o caso das donas de casa. Estas são questões singulares, mas o significado do 8 de março é muito maior do que isso, pois diz respeito à luta universal pela maior participação da mulher nos espaços de poder político e pela construção de uma sociedade justa”, argumenta a deputada mineira. Para a deputada Iriny Lopes (PT-ES) (PT-ES), o significado do 8 de março “já está entrando no imaginário não apenas das mulheres, mas do conjunto da população brasileira” como uma referência de data para reflexão sobre a superação da desigualdade das mulheres em relação aos homens. “É uma data para comemorarmos as vitórias e as conquistas – que não recebemos de graça! – em matéria de comportamento e de políticas públicas, mas é também é um momento de recolo-

carmos a nossa pauta, já que precisamos de muitos avanços, especialmente em dois sentidos: a necessidade de que os partidos políticos assumam efetivamente uma responsabilidade por ampliar a presença das mulheres na política e a luta pelo fim da violência contra as mulheres”, opina Iriny, que foi ministra da Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM) da Presidência da República, criada no governo Lula e fortalecida na gestão Dilma Rousseff. A mudança cultural é enfatizada por Iriny Lopes no longo caminho em busca da igualdade de gênero no Brasil. “A Lei Maria da Penha existe, o Disque 180 está aí, a SPM faz um trabalho fantástico, mas não basta termos as políticas públicas, é preciso construirmos uma nova consciência, um novo comportamento que desnaturalize a violência contra as mulheres”, defende Iriny. CAMPONESAS – No tocante às mulheres do campo, alguns direitos demoraram mais a serem reconhecidos, mas se avançou muito nos últimos anos, como explica a deputada Luci Choinacki (PT-SC) (PT-SC). “Se estivéssemos falando num 8 de março de vinte anos atrás, não teríamos o que comemorar porque não tínhamos documentos, não tínhamos direitos e nem reconhecimento de que trabalhávamos. Éramos consideradas apenas alguém que tinha a função de procriar e de cumprir tarefas do lar”, diz Luci,

que tem boa parte da vida dedicada à militância no Movimento de Mulheres Camponesas (MMC). “Hoje conquistamos um lugar na sociedade, com o reconhecimento de que o trabalho no campo é fundamental para o País e de que o papel das mulheres camponesas é extraordinário. Como mulher que trabalhou na roça e até hoje ama o que faz, comemoro que tenhamos avançado no reconhecimento da nossa cidadania através da garantia de vários direitos como a aposentadoria, o salário-maternidade, os benefícios da Previdência, o direito à educação, inclusive a educação profissional, entre outros”, comemora a parlamentar catarinense.


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