Especial Fora Temer Quinta- feira, 3 de agosto de 2017
Ano: XXIV - Nº 6158
FOTOS:GUSTAVO BEZERRA/COM AGÊNCIA CÂMARA
Votação expõe fragilidade política de Temer e fortalece oposição
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om um placar de 264 votos favoráveis ao governo e 227 contrários, o presidente ilegítimo Michel Temer alcançou uma vitória matemática, mas saiu politicamente derrotado ontem (2). Tal resultado compromete qualquer intenção futura de aprovar temas contrários aos interesses da população, como a Reforma da Previdência. Essa é a avaliação do líder do PT na Câmara, deputado Carlos Zarattini (SP) (SP), e do líder da Minoria na Casa, deputado José Guimarães (PT-CE) (PT-CE). “Temos agora um governo mais fraco, com uma oposição muito mais forte, o que vai trazer mais resistência à aprovação de matérias impopulares. O governo perdeu a força e terá muito mais dificuldade de articulação”, afirmou Zarattini. “É uma vitória que só sinaliza instabilidade. É uma ‘vitória de Pirro’, porque o governo esperava mais de 300 votos e não alcançou 270. Nem quórum para a votação de mateiras constitucionais terá mais”, analisou Guimarães. No total, votaram 492 dos 513 deputados. Além dos 264 votos favoráveis ao relatório que pedia o arquivamento da denúncia contra Michel Temer por corrupção passiva e dos 227 votos contrários, ocorreram duas abstenções e 19 ausências. Com base no regimento da Câmara, o presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ) não votou. Com isso, o presidente ilegítimo se livrou de ser investigado pela primeira denúncia formulada pela Procuradoria-Geral da República. “Certamente, virá outra, e estaremos mais fortes para enfrentá-la e para resistir aos demais temas que o governo quer impor, como a entrega do setor
elétrico, a venda da Petrobras e a comercialização de terras para estrangeiros”, completou Carlos Zarattini. “Com esse resultado, a Reforma da Previdência está enterrada, pois essa votação expôs de forma dramática a falta de votos que o governo tem aqui na Câmara”, reiterou Guimarães. Os dois líderes avaliaram que a derrota política do governo se deveu à capacidade de articulação da oposição, sobretudo nos dias que antecederam à votação desta quarta-feira. Para Zarattini, a oposição “conseguiu provocar uma dissidência na base do governo, com uma saída de boa parte dos seus deputados, principalmente do PSDB, que praticamente rompeu com o governo”. “Foi uma vitória importante a nossa, ainda que parcial”, disse. Segundo Guimarães, o objetivo principal a partir de agora é consolidar o bloco constituído durante esse processo entre PT, PDT, PCdoB, Rede e PSol, além de deputados de vários outros partidos. “Meu sentimento é de dever cumprido. Fizemos um bom enfrentamento, ganhamos o debate e agregamos votos de muitos parlamentares que não são dos partidos de oposição”, afirmou. O líder da Minoria no Congresso Nacional, deputado Décio Lima (PT-SC) (PT-SC), também avaliou que a oposição saiu desse processo mais fortalecida e unida. “Não pensem que saímos enfraquecidos, muito pelo contrário”, pontuou. “O arquivamento da denúncia contra Temer só tonifica ainda mais a nossa indignação para continuarmos lutando pelo Brasil. Aqueles que lutam por uma causa lutam por uma vida toda. Não desistem diante de adversidades de qualquer batalha”, ressaltou.
“Ganhamos o debate e agregamos votos” Fechamento: 2/8/2017 às 22h00