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HORROR - SUSPENSE - MISTÉRIO
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A emoção mais antiga e mais forte da humanidade é o medo, e o mais antigo e mais forte de todos os medos é o medo do desconhecido.” (H.P. Lovecraft) Gostamos de pensar que sabemos de tudo, que temos o controle sobre nossas vidas... Contudo, a sensação de estar no comando é mera ilusão e somos joguetes nas tramas absurdas do destino. O acaso, o inesperado, o improvável pode a tudo mudar e transformar sonhos de felicidade nos mais terríveis pesadelos. Um momento de paz esconde as portas de um inferno terrível e tenebroso. O mal existe e a está a espreita, não como um vilão de contos infantis, mas na forma de monstros reais e sedentos, capazes de gelar o sangue dos homens mais corajosos, de alquebrar a alma dos virtuosos, de fazer sucumbir as certezas dos puros. Em situações limite, a linha entre a sanidade e loucura é tênue e a queda no abismo pode ser infinita e nunca chegar ao fundo. Sejam bem vindos aos Contos do Absurdo. Esperamos que você, leitor, aproveite esta ao máximo fantástica jornada rumo ao bizarro, mas advertimos que quando regressar talvez já não seja mais o mesmo... Mario Mancuso Editor
Imagem do filme Coração Satânico (Angels Heart) - 1987
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índice
Histórias em Quadrinhos
A volta do Papa Figo....................................... Pág. 12 Leonardo Santana e Dell Rocha
Em pedaços................................................... Pág. 24 Giorgio Galli
A loira do banheiro parte 01........................ Pág. 38 Mario Mancuso e Maurilio DNA
A loira do banheiro parte 02........................ Pág. 49 Mario Mancuso e Maurilio DNA
Precisa-se....................................................... Pág. 58 Bira Dantas
Contos É você que amo acima de tudo.................... pág . 06 Pietro Vaughan
Uma amor de família.................................... pág. 21 Ale da Costa
Chamada a cobrar..........................................pág. 31 Mario Mancuso
Epilogo............................................................Pág. 48 Odracir Camargo
Ser Hyde..........................................................Pág. 57 Jerônimo Souza
Capa: Charles Oak Conselho editorial: Mario Mancuso – Francisco Tupy Editor-chefe: Mario Mancuso Projeto Gráfico: Isabella Sarkis Todos os direitos autorais pertencem aos respectivos autores, não podendo ser reproduzida sob quaisquer aspectos sem a devida autorização dos mesmos. As opiniões e fatos aqui expressos são totalmente de responsabilidades dos autores, não significando necessariamente a opinião da revista.
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É você que amo acima de tudo Pietro Vaughan
- Eu não a matei! – grita Marcel Velasco para o detetive. Para o detetive Antony Espósito encostado à parede ao lado da porta, ouvir aquele tipo de resposta não é novidade. Todos se dizem inocentes quanto estão ali, mesmo quando todas as evidências estão na cara do acusado. O detetive estuda o rapaz acusado de ter assassinado a amante, com o olhar passa a bola para o outro detetive na sala. Douglas Henrique levanta-se da cadeira encarando Marcel que não desvia o olhar. - Posso até imaginar o que você sentiu. – diz Douglas com a voz rouca - Você pensou que ela te amava – ele abre uma pasta e olha para a foto dentro dela - ela era uma mulher muito bonita – Douglas joga sobre a mesa a foto de Roberta, uma linda loira de expressivos olhos azuis. Com aquela foto sob a mesa Marcel foi levado para outro tempo quando pensou que seria feliz ao lado da Roberta. Para Marcel a voz do detetive soava distante - Mas você descobriu que a menina estava te usando. Ela pisou em você. Por causa dela você foi demitido. Ela tomou seu emprego, você perdeu a noiva que não perdoou sua traição. E olha só o que a sua raiva fez – Douglas pega outra foto e a joga sob a mesa, nela o lindo rosto da Roberta foi destruído por cortes provocados por vidro. Marcel vira o rosto. - Já vi matarem por muito menos – acrescenta Espósito com a voz naturalmente calma – Não ficarei surpreso se você me disser que ela mereceu. - Eu não a matei! – repete Marcel querendo se levantar para ir embora. - Você precisa entender o nosso lado – diz Espósito - Você foi o último a vê-la com vida, vocês brigaram em frente do prédio onde ela morava, horas depois a encontraram morta. -Eu tenho um álibi. – Marcel fala convicto de sua inocência. - Eu sei. – Douglas sorri para o outro detetive voltando-se rapidamente para Marcel e dizendo – Você estava em casa, sozinho. Não é isso? - Nem sua ex. está te ajudando. – Espósito provoca Marcel - Ela podia ter men-
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tido pra gente dizendo que você estava com ela. Mas, meu amigo você está numa puta maré de azar com as mulheres porque ela te quer ver na cadeia. - Eu estou preso? – Marcel pergunta. - Ainda não. – responde Espósito. - Ótimo! Então posso ir embora, não é mesmo? – Marcel se levanta e sai da sala de interrogatório passando entre os detetives. Do lado de fora da sala, Marcel quis aparentar estar bem, mas sua cabeça doí. As mãos tremem, está febril, sente tontura e precisa se apoiar na parede para não cair. As noites mal dormidas. Os pesadelos. As falhas de memória. O sentimento de culpa por trair a noiva. A demissão da agência de publicidade. Ele se pergunta se realmente não matou a Roberta? Ele não sabe mais o que é realidade ou loucura. Marcel entra no banheiro fedorento da delegacia. Vomita. Lava o rosto e sai secando na camiseta preta. Do lado de fora, livre do ambiente opressivo da delegacia, respira ar puro, cheio de paz, sente-se melhor, em seguida pega o primeiro táxi para casa. Minutos depois, Douglas entra no banheiro e vê um rapaz encostado no lavatório. - Pensei que você já tivesse ido embora? – pergunta Douglas intrigado com o sorriso que o rapaz lhe dirige. De cabeça baixa, o rapaz não responde. - Resolveu ficar pra conversar? – Douglas insiste. Em silêncio o rapaz brinca com algo nas mãos. Quando ergue a cabeça seus olhos enfeitiçam os olhos do Douglas. Menos de um segundo depois, aquele rapaz avança contra o detetive sem dar-lhe tempo de reação. Com o objeto que brincava com as mãos, golpeia o pescoço do detetive que cai como um tronco de uma árvore. O sangue quente jorra contra a parede do banheiro, sujando também o rapaz que não se incomoda com aquilo. Era divertido aquilo. Em um esforço inútil Douglas luta com as palmas das mãos para impedir o sangramento e ao mesmo tempo se esforça para respirar. Encantado com o sofrimento do detetive o rapaz debruça-se sobre Douglas que tenta dizer-lhe alguma coisa, mas passos na direção da porta apressam a saída do rapaz dali. II O apartamento de Marcel está uma bagunça. Roupas jogadas no sofá. Garrafas vazias de bebida no chão. Caixas de pizza. Com fome ele pega um pedaço de pizza de mozarela de três dias atrás. O telefone toca e ele pensa que qual noticia ruim poderá vir desta vez. Na última semana tudo acabou em sua vida, sua noiva descobriu que ele a traía com uma colega de trabalho, a amante o traiu no emprego, falsificando documentos em seu nome e ele foi demitido e ontem sua ex-amante foi encontrada morta e ele é o principal suspeito. Marcel atende o telefone imediatamente reconhecendo a voz do outro lado. Alguém que ele pensou que jamais fosse ligar novamente paga ele. - Porque você foi vê-la? – Andreza pergunta. - Porque isso agora? – Marcel pergunta de volta, sem saber o que responder.
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- Por que é importante. – Andreza insiste - Eu quero saber a verdade- ela se cala por um momento antes de fazer nova pergunta - Você me amou ou foi tudo uma mentira? - Eu ainda te amo! – ele diz sem ter convicção na voz. Andreza sorri cinicamente. - É, antes eu me derreteria com essas palavras, agora tenho nojo de você. Como fui tão burra? – ela faz uma pausa – Você ainda não respondeu a minha pergunta, porque você foi vê-la? - Eu não sei. – ele responde – Eu queria minha vida de volta. Uma longa pausa de ambos os lados da linha. Finalmente Andreza fala: - Obrigada pelas flores. Surpreso com aquilo, Marcel pergunta: - Que flores? Andreza ignora suas preocupações. - De certa forma é verdade o que você escreveu “não serão essas flores que reconquistarão seu coração, mas a minha dedicação dia a dia em reconquistá-la”. Bonito, triste, verdadeiro. Não que eu queira te dar esperança, não é isso, só achei interessante... Sua tv está ligada? - Não, por que? - Ligue agora, atacaram um detetive na delegacia e o cara morreu. Marcel liga a tv e assiste horrorizado sobre a morte do detetive Douglas Henrique, encontrado degolado no banheiro da delegacia.
- O pior é que ninguém viu nada. – Andreza comenta.
Alguém esmurra a porta e toca insistentemente a campainha do apartamento de Marcel. Ele sabe que aquilo não é bom sinal. - Preciso desligar. Depois a gente se fala. Ele nem espera a resposta, deliga o telefone e corre para atender a porta. Assim que abre, Espósito lhe dá um soco na cara. Marcel cambaleia dois passos para trás antes de cair. - Eu sei que foi você! – Espósito avança contra Marcel que mal havia se recuperado do soco - Você matou o meu parceiro. Eu sei que foi você! - Eu não fiz nada. – grita Marcel enquanto era algemado pelos outros policiais que, de certa forma, salvaram sua vida, pois Espósito estava disposto a mata-lo ali mesmo. - Verifiquem tudo – Espósito grita para os outros policiais – Encontrem a arma e a roupa suja de sangue desse filho da mãe. III Na delegacia, Marcel ainda tentava entender o que estava acontecendo.
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Calado na sala de interrogatório, pensava em mil coisas sem chegar a qualquer conclusão lógica. Só tinha uma certeza, não fora ele. Pelo menos se lembrava claramente do que fizera nas últimas horas e tinha certeza não havia assassinado o detetive. Atrás da parede de vidro Espósito observa Marcel, ele mal ouvia o que o delegado dizia: - O circuito interno de segurança o mostra saindo do banheiro bem antes do Douglas entrar. Como no apartamento da garota, ele sai do local e pouco depois alguém é assassinado. - Ele pode ter voltado por algum ponto cego, pela garagem ou mesmo disfarçado. – diz Espósito. - As roupas são as mesmas das que ele usava quando saiu daqui – diz o delegado. - Ele pode tê-las trocado...ter roupas idênticas, sei lá. Foi ele! – diz Espósito olhando com raiva para o delegado - Eu sei que foi ele. - Eu também quero pegar o desgraçado que fez isso – o delegado responde –Só que ninguém viu o desgraçado saindo do banheiro. Qualquer um precisaria trocar de roupa ali mesmo, tamanha a sujeira. O assassino não foi nada gentil e não se preocupou com nada. Estou dizendo é impossível que ele tenha feito isso...ou ele tem um cúmplice. Espósito se cansa do falatório. Ele entra na sala do interrogatório chutando a porta. - Sua visita está se tornando uma rotina. – ele fala para Marcel. - Se você chama de visita ser trazido a força... – Marcel é irônico - Sem esquecer o carinho que você fez em meu rosto. - Você matou duas pessoas e reclama de um soquinho? – Espósito brinca.
- Eu não matei ninguém. – Marcel diz - Não matei a Roberta ou o seu parceiro. - Eu sei que foi você!- responde Espósito. - Como? – Marcel inverte o jogo - Quando seu parceiro foi morto eu estava num táxi. - Você pode ter descido antes. Voltou e entrou por uma janela aberta. - E ninguém viu? Ou pode ter sido você e está jogando a culpa em mim? – Marcel pergunta sabendo que receberá algo em troca. - Seu filho da puta – Espósito explode chutando a cadeira onde Marcel está sentado e o derrubando no chão. Ele se abaixa e esmurra, uma...duas...três vezes o rosto do Marcel. Os outros detetives que assistiam o interrogatório entram na sala, arrancado o detetive de cima do Marcel. - Espósito pra fora! – grita o delegado. Seguro pelos braços por três policiais, Espósito é colocado pra fora. O delegado ajuda Marcel a se levantar e solta suas algemas. - Quer prestar queixa? – o delegado pergunta.
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- Não, só quero que ele me deixe em paz. IV Em casa, a primeira coisa que Marcel procurou foi gelo. Lábio inchado. Olhos roxos. Ele nunca brigou antes. Precisa de um banho. Caminha até o banheiro, tira a camiseta e se olha no espelho do banheiro. Está horrível. Com olheiras. Machucado e com a sanidade por um triz. Abre a torneira e lava o rosto, na inocente expectativa de ver algo melhor. E o milagre realmente acontece. Seu rosto está diferente. Sem hematomas. O rosto de um homem no auge da forma física, confiante e feliz. - Faz tempo que não conversamos olho no olho – diz a imagem dele no espelho. Marcel se assusta. Grita. Recua, tropeçando nas próprias pernas, confuso bate as costas na parede oposta. - Olha só a sua cara. – continua a imagem no espelho – Todo machucado, nem parece o homem bonitão que atrai olhares das mulheres. A imagem no espelho coloca a cabeça para fora do vidro e continua falando: - Sabe de uma coisa, me cansei de ser mal tratado por você. – a imagem aos pouco sai do espelho - Bem que você podia dar uma mão aqui. - Fique longe de mim. – grita Marcel correndo do banheiro. - Pra onde você vai? – grita a imagem - Onde quer que você vá estarei bem pertinho de você. Marcel passa ao lado de um espelho que decorava a parede da sala e mãos de vidro tocam seu pescoço. - Não disse? – diz a imagem do espelho. Marcel grita e dá uma cotovelada no espelho trincando o vidro. Seu sangue pinga no carpete. Ele olha para o espelho tendo certeza que enlouqueceu. - Pensei que fossemos mais inteligentes – diz o homem de vidro diante dele. Marcel recua e assustado pergunta: - O que é você? - Que pergunta desrespeitosa. Eu sou você, ou melhor, alguém que toma conta de você. Era para mim que você olhava quando colocava a Roberta de quatro na cama e ficava se admirando no espelho. É para mim que você olha quando exibe seus músculos na academia ou passa horas se ajeitando pra sair. - Cala a boca! – Marcel grita - Você não existe. - Existo sim e quero a vida que você tem e não sabe aproveitar e também quero a mulher que você nunca soube amar. Marcel reage dando um soco na cara do homem de vidro. O rosto estilhaça-se em mil pedacinhos, mas o tronco permanece em pé. Com os punhos cerrados Marcel esmurra todo o corpo daquele homem até não restar nada mais do que pedacinhos. Com as mãos ensanguentadas ele quebra cada espelho do apartamento até nada mais
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restar. Com as mãos dormentes e ensanguentadas ele senta-se no chão e chora. Depois de alguns minutos quando a dor é grande, ele cuida das mãos. Arranca todos os pedaços de vidro, aplicando remédio e enfaixando as mãos. Depois volta para a sala com uma vassoura, uma pá e um saco de lixo para recolher os pedaços de vidro. Ele não quer pensar no que aconteceu ali. Só que não existem mais pedaços. - Está me procurando? – pergunta uma voz atrás dele. Antes que Marcel responda, o outro homem o golpeia com suas unhas de vidro. Marcel cai com um enorme rasgo na garganta. O homem de vidro o assiste sofrer um pouco. - Obrigado pelo sangue! – sentindo toda sua transformação acontecer. Vidro se transformando em ossos. – Era o que eu precisava para ser você. Não tente respirar, é pior e vai sujar o carpete e me dará muito trabalho para limpar. Pode deixar viverei muito bem sendo você. V Marcel olha-se no espelho. - Continua o mesmo vaidoso de sempre – diz Andreza atrás dele. - Tenho que estar perfeito para você meu amor. – ele a beija na boca - Demorei muito para entender isso, mas é você que amo acima de tudo. Antes de pegar as chaves do carro, Marcel se olha de novo no espelho. Tem que estar perfeito. Ele abre um sorriso demoníaco para sua própria imagem demoníaca no espelho que só ele vê. Encantada Andreza só vê o homem maravilhoso que a reconquistou e que colocou um lindo anel de casamento no seu dedo anular. Ela está feliz e nada mais importa. Em outro lugar, em outro mundo, entre gritos de socorro e lágrimas, aquele que um dia foi o Marcel, assiste a tudo e esmurra a parte detrás do espelho do banheiro do que um dia foi seu apartamento. FIM!
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Um amor de família Ale da Costa
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ão tenha pena de mim. Sou totalmente responsável pelos meus atos e fiz o que fiz porque quis. Estava enfastiada, irritada, sem saída. Então abri a caixa e deixei saírem todos os demônios. Confesso apenas que me assustei por um ou dois segundos quando percebi que eu era a irmã do meu irmão. Eu era como ele.
15 anos antes...
Quando nasci, Igor já tinha seis anos. Claro que não lembro disso, mas a primeira coisa que ele fez ao me ver foi arremessar um molho de chaves que acertaram a cara de minha avó (para a minha sorte e azar dela). Ouvi minha mãe contando essa história para uma amiga. Eu crescia e sempre ao lado de Igor, as ofensas e agressões se avolumavam. Não havia por parte dele - e disso me recordo - nenhum desejo de cuidar de mim, de ser bom pra mim. Quando fiz cinco, ganhei uma boneca linda. Ela vinha com duas roupas. Eu até chorei de emoção rasgando a embalagem cor de rosa com o nome da loja. Igor não estava em casa naquele dia. Teve a boneca, bolo e brigadeiro e um monte de amiguinhos da escola. Usava um vestidinho azul escuro e uma tiara que combinava com os sapatos. Todos foram embora, meu irmão chegou. Ele não sabia de meu aniversário e estranhou aquele ar de festa que preenchia cada sombrio canto de nossa casa. Eu havia esquecido a porta de meu quarto aberta e ficou fácil para o Igor. Ele viu os presentes, o vestido novo e a minha primeira boneca - toda linda. Demorei para perceber que Igor estava em casa. Só quando ouvi o estridente barulho de alegria de sua risada demoníaca que corri para o meu quarto. Lá, numa pequena fogueira, derretia minha boneca, queimava meu vestido, tudo. A fumaça preta tomava conta do lugar e Igor ria, ria, ria. Paralisada de medo (seria tristeza?) via todo o meu mundinho se desfazer. E não entendia minha culpa nisso tudo. Aos 15, papai e mamãe saíram de casa para espairecer. Me deixaram sozinha com Igor. Eu ainda sonsa, pouco entendia das razões que levavam meu irmão tanto
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me odiar, me castigar, me punir. Antes de entrar no carro, mamãe gritou da calçada “seu remédio tá em cima da pia, Igor!” Meu irmão não estava resfriado. Tranquei a porta de meu quarto, deitei na cama e lá fiquei horas, dormi e fui capturada dos braços de Morpheus graças aos gritos terríveis que vinham do quintal. Meu coração acelerado de um jeito que nunca ficara e aquele grito, aquele grito, meu Deus, aquele grito. Mesmo aflita corri para o quintal, o dia já tinha ido e o quintal não era dos lugares mais convidativos da minha casa durante a noite. Mesmo assim, fui... fui sabendo que algo meu irmão fizera e que isso marcaria de vez toda a nossa família. Encostado no muro, Igor fazia desenhos abstratos usando o sangue da filha da vizinha como tinta. Tanto sangue. Ela tinha só sete anos. Igor jogou pra longe o pequeno corpo, olhou pra mim com tanta fúria “agora é tua vez, sua vadia!” Corri, mas não consegui sair do lugar. Um soco me acertou o olho direito, outro meu estômago e desabei feliz sabendo que não estaria acordada dali a um segundo porque o pior ainda aconteceria. E aconteceu. Meus pais voltaram no dia seguinte, encontraram o corpo da filha da vizinha, eu ainda deitada de bruços exausta, sem forças no quintal, toda quebrada em todos os sentidos. Igor na sala banhado em vermelho sangue assistia futebol na sala, indignado com o “juiz filho da puta que só rouba contra meu time!”
Um grave transtorno de personalidade, disseram sobre ele. Minha volta para casa depois de anos coincidiu com uma breve saída do manicômio para Igor. Ele passaria os feriados de fim de ano em casa. Parecia outro quando entrou pela porta de casa. Abraçou papai, beijou mamãe que chorava emocionada. Ao se aproximar de mim, disse aos prantos “não era eu, me perdoe, me perdoe, agora estou curado!” me abraçou. Eu nada falei e apenas esperei as luzes de toda casa serem desligadas. Estava na cozinha olhando o vazio da minha vida e o quanto dela (a minha vida) havia restado depois de 15 anos vivendo com Igor e pais que não me protegeram. Percebi que a minha vida não existia mais e que eu era apenas um resto, um nada, um fantasma daquela menina que queria ser médica. Eu agora não era nada e abri a caixa e deixei saírem todos os demônios. Gaveta da pia aberta. Uma faca grande, afiada. O fim desenhado na minha cabeça. Subi as escadas, a porta do quarto de Igor encostada. Ando devagar porque já tive pressa e sei todos os passos e caminhos que darei e seguirei. Sorrio. Sento ao lado do corpo quente do meu irmão. “Igor, acorda!” Ele abre os olhos, sonolento, não entende direito e só percebe que o fim é agora quando leva a segunda estocada no peito. Enfio a faca fundo, sinto o colchão. Trabalho na perfeição daquele momento durante uma hora. Nada do pouco de humano de Igor resta. Agora ele sabe no que me transformou. A porta do quarto de meus pais está fechada. “Por quê não?”
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Mamãe se afogou no próprio sangue. Papai nem abriu os olhos.
“Polícia” “Eu terminei a história do meu jeito. Eles estão lá em cima... “ “Moça, não entendi...” Quando a PM chegou, eu estava sentada no sofá da sala olhando meu reflexo na TV... pensava nas ondas do mar batendo nos meus pés e do quanto eu gostava dessa sensação ...
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Chamada a cobrar Mario Mancuso
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Tuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu Tuuuuuuuuuuu – Alô? - Amanda? É o Julio... - Alô?!! - Alô !!! Amanda, é o Julio !! Júlio Rezende, consegue me ouvir? - Júlio? Cara, a ligação tá péssima! To te ouvindo super mal !! - Eu sei, mas não posso falar mais alto... Preciso de ajuda !! Estou preso na escola na qual leciono... - Onde cê tá? Aconteceu alguma coisa? Porra de celular. Repete pra mim... - Eu disse que estou preso na escola em que leciono. Está cheio de monstros aqui! Eu preciso de ajuda, pelo amor de Deus. - Cara, peraí , deixa eu ir até o outro lugar que te ouço melhor. Eu to no shopping com a Flavia - Lembra dela? Então, amanhã vai ter uma super-festa de aniversário de uma prima dela, que foi viajar com a gente no Revellion, só que a festa vai ser tema Anos 70 e a gente tem de arranjar uma fantasia além de comprar... - Amanda, me escuta, você não entende, há monstros aqui, vários deles !!! Pelo amor de Deus, eu preciso de ajuda!! - Como assim, cara? Andou dando nota baixa pra alguma dessas cocotas aí e agora elas querem te pegar?? Rararaara - É sério, Amanda. Eu estou escondido dentro de um armário na lavanderia. Não sei quando algumas dessas criaturas vai aparecer. Eu não sei o que faço !!! Elas querem me matar, você não entende? - Calma aí, Julio. Que porra é essa que cê tá falando?? Quem quer te pegar?? O que tá pegando aí, nego?? - Foi o seguinte, lembra que eu fui contratado para substituir uma professora
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em um internato de meninas? Então, é um colégio enorme e é um convento também, uma edificação bem antiga. Comecei há uma semana aqui e tudo parecia tranqüilo, as freiras eram muito gentis comigo, a estrutura do lugar, instalações, tudo ótimo, porém comecei a notar algumas coisas estranhas. As garotas, por exemplo, eram todas muito quietas, estudiosas e cumpriam suas obrigações religiosamente. - Não entendi. E o que tem de errado nisso? - Bom, sei lá, tenho pouca experiência de magistério, mas sei que sempre há alunos mais agitados, mesmo indisciplinados na sala de aula. - Meu, cara, cê não ta dizendo coisa com coisa... - Me deixe continuar, inferno!! - Calma, porra, não precisa gritar... - Desculpe, desculpe. Ai meu Deus, espero que ninguém tenha me ouvido... Deixe-me continuar: Bom, esta atitude das garotas (uma classe de 3º ano, com média de 17 anos) me incomodou um pouco, mas, enfim, isso não é nada: houve outras coisas. Há duas noites, eram mais ou menos vinte e duas horas, escutei um ruído estranho vindo do átrio perto do pátio interno. Sem fazer barulho, abri uma fresta da persiana e vi quatro garotas nuas fazendo... bem, você sabe... - Júlio, vai me dizer que você nunca ouviu falar que escola só de garota ta cheio de sapatão... Isso é a coisa mais normal do mundo... rararrara
- Você não entendeu, Amanda. Não era apenas uma farra entre estudantes lésbicas, elas estavam... se mordendo, se atacando, era muito...selvagem. Elas tinham o corpo coberto por alguma coisa, sei lá, semelhante a sangue...Pareciam animais! - Uau, as mina aí são forte, hein? - Cristo, quer parar de fazer piadas e me escutar? Eu estou desesperado... - Tá bom, desculpa, as mina tava dando uns malho violento e aí? Foi por isso que você se escondeu? rssss - Amanda, por favor!! - Desculpa, desculpa, eu paro, prometo... pode continuar. - Bom, no dia seguinte quando cheguei ao internato, próximo do meio-dia, estava resoluto em narrar o acontecido à Madre superiora, entretanto, qual não foi minha surpresa ao encontrá-las (as garotas da noite anterior) com a freira. Todas estavam muito sérias e caladas e me fitavam fixamente enquanto saía do carro e me dirigia ao portão principal de acesso a sala dos professores. Confesso que aquilo me assustou muito e senti um arrepio no corpo inteiro, um péssimo pressentimento, sabe? Na sala dos professores não conseguia tirar aquela imagem da cabeça, mas achei melhor não comentar nada. O dia transcorreu tranqüilo após isso. Quando foi sete horas da noite, fui para sala para rever algumas pesquisas para meu doutorado.
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O ambiente do internato me ajuda a escrever... Bom, próximo as vinte uma horas, escutei passos no corredor e me dei conta que havia horas que não escutava nada. Fui até a porta e vi que era uma das freiras. – Amanda, você ainda está aí? - Sim, sim, to ouvindo. Você tava na sua sala e passou uma freira, e aí? - Bom, não sei explicar, mas comecei a sentir muito medo e quis ir embora. Apressadamente, desliguei meu note, recolhi meu material e saí da minha sala. Contudo, um estranho ruído, parecido com gemidos de dor, vindo da direção que a freira tomou me chamaram a atenção. Contrariando totalmente minha intuição (ah, por que não damos ouvidos a ela...), resolvi verificar. O que vi me chocou tremendamente. - O que tava pegando? - Algumas garotas, umas três ou quatro, tocavam-se e beijavam-se. Amarrada, com o braços abertos e de cabeça para baixo, uma outra garota, mais velha, talvez uma professora, com diversos cortes que sangravam muito. As garotas lambiam as feridas dessa enquanto... a freira assistia tudo. Em dado momento, uma delas encheu um cálice metálico com sangue e levou até a irmã, que bebeu. Neste momento, resolvi sair de lá correndo para nunca mais voltar. Assim que chegasse a rua, iria chamar a polícia e nunca mais entraria naquele lugar maldito, pediria demissão por carta mesmo. - Julio, cê deve tá muito louco. Cê parou pra ouvir o que cê tá dizendo? Como assim, rola uma putaria dessas aí onde você trabalha? Por que você não chamou os homi logo de cara?! Meu, isso é muito sério. - Eu sei, eu sei, mas é que o terror era muito grande e nem me passou pela cabeça ligar naquela hora, tudo que eu queria era sair daquele antro. Mas quando cheguei ao estacionamento, tive uma enorme surpresa. Meu carro estava destruído, todo amassado e com os pneus furados. Não sei o que o destruiu, mas as marcas eram incomuns, parecendo feitas a mão... - Puta que o pariu! Escuta, isso não é trote, né? O que você está me contando é muito sério, Julio.
- Claro que é, Amanda. Tente entender, eu não sei o que está havendo, estou em pânico! - Não me admira...Desculpa, continua. - Bem, quando vi meu carro daquele jeito, eu não sabia o que fazer. Me senti completamente aturdido. Subitamente, vi o Joaquim, o porteiro do internato vindo em minha direção. Fui rapidamente ao seu encontro gritando seu nome, mas quando estava perto vi que ele estava diferente. Não sei descrever, ele parecia... sei lá...um tipo... de animal selvagem... - Como assim? - Não sei dizer, seu rosto estava transfigurado, sem camisa. Seus olhos estavam vidrados e ele gritava e grunhia. Ele parecia enlouquecido. - Credo...
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- Me chamou a atenção como ele era peludo... E seus dentes, juro por Deus, pareciam presas! Bom, além desta aparência grotesca ele vinha em minha direção como um louco, claramente com a intenção de me atacar. Corri em outra direção e entrei novamente no prédio. Mas desta vez era outra ala na qual nunca havia estado antes. - Aí você não procurou um telefone ou tentou pedir ajuda? - Sim, nesta hora pensai exatamente isto, mas meu celular estava sem sinal e os telefones de lá todos mudos... - E aí, o que cê fez, foi pro armário? - Não, ainda não. Busquei me acalmar e comecei a andar o mais silenciosamente possível, tentando achar outra saída ou voltar para minha sala. A ala em que estava parecia ser bem mais antiga. Após um grande hall pelo qual entrei, vi um extenso corredor todo em tijolos com várias portas imensas em ambos os lados. O pé direito era bem alto com o teto formando arcos góticos. A iluminação era péssima e tive de usar a pequena luz do celular para enxergar algo... Não sei por quanto tempo andei assim. Incrível mas havia vários corredores e escadas e logo não tinha mais idéia de onde estava. Finalmente, vi uma luz vindo de uma porta entreaberta...e para minhaz desgraça fui lá... - O que tinha lá. - Amanda, este lugar é o próprio inferno, caralho... Você não faz idéia das coisas que aconteceram, que acontecem aqui! Pelo amor de Deus, mande alguém logo!! Pelo amor de Deus... - Calma, Julio, calma. Vou mandar alguém sim, mas me conta, o que você viu? - Bom, quando abri a porta, era um enorme salão, como uma sala de aula ou auditório , mas maior. Eu vi várias freiras e muitas estudantes, de várias idades. Um grupo de umas cinqüenta pessoas... Amanda, havia crianças entre elas, meninas de nove, dez anos... Meu Deus, meu Deus... - O que tinha ???? - É horrível demais...elas...elas... estavam conduzindo um tipo de ritual, uma cerimônia, sei lá. O local era todo iluminado por velas e havia uma grande cruz invertida, de cabeça para baixo. As garotas estavam nuas e cantavam alguma coisa que não conseguia entender, uma língua esquisita que nunca ouvi antes. De repente, outras meninas, um pouco mais velhas, com algo em torno de quatorze ou quinze anos, trouxeram um homem. Pude reconhecê-lo, era o professor de química, um homem forte de mais ou menos uns quarenta anos, muito simpático e culto. Parecia improvável ele ter sido subjugado por garotas tão novas, mas seus olhos demonstravam um terror tão grande que diziam haver algo mais. Bom, elas então arrancaram toda sua roupa, deixando-o completamente nu. Em seguida, algumas outras alunas, mais novas, começaram a se ... roçar, sei lá, se insinuarem ao homem. Confesso que não conseguia parar de olhar, pois a cena era ao mesmo tempo grotesca mas ... sensual. As garotas se revezavam... - Cara, não é possível isto que você tá me contando. Parece filme pornô de terror... Meu, acho que você não tá legal... Não dá para acreditar em porra nenhuma... Cê tá tomando alguma coisa? Por acaso você andou se envolvendo em algum tipo de... festinha com essas mina perva? Meu, isso é muito grave... - Amanda, pelo amor de Deus, acredita em mim, eu juro que vi tudo isso. Você
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acha que reagi como?? Não costumo me envolver com esse tipo de... de... diversão... - Cara, mas é que não dá pra engolir esta história de “orgia diabólica em colégio de moças”. Meu, parece cliché de filme do Zé do Caixão... Olha, me dá o endereço do tal lugar que ligo para a polícia e mando eles aí pra te salvar... - Espera, isso não foi o pior... - Não vai me dizer que o cara gozou e você ficou batendo punheta?! - AMANDA !!!!... Ai, meu Deus, eu não posso gritar senão elas me ouvem... Por favor, me escuta. Faz silêncio e me escuta. - Tá, fala... - Bom, eu disse que aquilo não era o pior. Enquanto as garotas... preparavam o homem, as freiras tiraram a roupa da Madre, e a levaram até ele. Meu Deus, eu nunca vi uma mulher tão feia em toda a minha vida !! Sua pele era extremamente branca como um cadáver e cheia de pústulas, faltava um dos seios, ela tinha uma cicatriz horrível nas costas e pareciam sair vermes de um buraco da sua perna esquerda. Então, as meninas se afastaram e a Madre se agarrou sobre o pobre homem. A impressão era que ele não podia resistir...Enquanto a mulher se mexia cada vez com mais força, o frenesi aumentava, com gritos e um tipo de histeria coletiva. Amanda, eu tremia como nunca, meu coração estava quase saindo pela boca! Era horrível demais, grotesco demais! O professor tebtava resistir, parecia em agonia, mas era inútil, até que, finalmente, o homem pareceu ser sucumbir de vez e nesta hora...nesta hora... - Diga, homem, o quê?
- Nesta hora, aquela mulher horrenda estremeceu da cabeça aos pés, deu um grito horrível, provavelmente vindo do inferno e...e...e cravou os dentes no pescoço do infeliz, rasgando-lhe a garganta. Foi terrível, Amanda, terrível... Eu nunca vi tanto sangue na minha vida... - Meu Deus do céu... Julio de Deus... - Daí eu corri, Amanda, corri como nunca havia corrido antes... Só que eu não sabia por onde ir... este maldito lugar é imenso...e é fácil se perder... - Como você foi parar no armário de limpeza? Está aí desde que horas? - Não sei desde quando, mas a forma como vim... Bem, depois do que vi eu corri, corri muito e acabei chegando ao refeitório da escola. Lá haviam diversas bancadas e mesas grandes. Estava muito escuro e lembro que começava a chover forte. - Pois é... lembro que ia sair com uma cara super gato mas aquela merda de chuva acabou com minh... - AMANDA !!!
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- Desculpe... continua. - Então, andava pé ante pé na cozinha. Minha intenção era sair para um pátio que tem atrás e tentar, sei lá, pular o muro. Porém, de repente, surgiram três mulheres mais velhas, acredito que cozinheiras, com enormes facas. Elas começaram a me ameaçar, enquanto riam como loucas. Fui recuando, mas elas me cercaram contra uma mesa. Eu não sabia o que fazer, achei que estava perdido. - E o que você fez? - Bom, elas vieram sobre mim para me matar, mas, não sei como, consegui me desviar. Tentei correr só que, sem querer, esbarrei em uma das senhoras que caiu... caiu na... faca de uma delas... e morreu. As duas outras começaram a gritar histéricas e aproveitei para fugir. - Você matou a mulher???? - Sim, sei lá... acho que sim... Daí continuei correndo, quando encontrei a área de limpeza. Foi quando entrei no armário e liguei para você... - Cara, por que você não ligou pra polícia???? - Eu...eu...não sei... A única pessoa que pensei em ligar foi você... Pelo amor de Deus, eu preciso de ajuda. Tenho medo do que acontecerá comigo se me acharem. Elas estão me procurando, aquelas ... criaturas... Me ajuda, por favor! - Calma, Júlio... Me passa o endereço daí que vou para aí te buscar... - NÃO!! Não faz isso que elas irão te pegar também... - Tudo bem, tudo bem, então diz onde é que mando alguém... - Elas estão aqui na sala, posso ouvi-las... Meu Deus, me encontraram...Meu Deus! - O endereço Julio ! - Minha única chance é atacar primeiro... Adeus, Amanda... - Júlio!! - Adeus... - JÚUUULIOOOO...click Tuuuuuu tuuuuuuuuu tuuuuuuuuu tuuuuuu tuuuuuuuuu tuuuuuuuuu
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SER HYDE Jerônimo Souza
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er Hyde... é ser Jeckyll, é ser tímido e fraco Ser Hyde, no entanto, é ser gênio e poder mudar Ser Hyde, eu acabei descobrindo, é sentir dores Ser Hyde, meus amigos, é como nascer de novo Ser Hyde é olhar no espelho e ver o estrangeiro Ser Hyde é estar mais forte, com pelos no corpo Ser Hyde é sentir- se viril, não mais humilhado Ser Hyde, dirão alguns, é tornar-se o monstro? Ser Hyde não é bem assim... é bem melhor, meu! Ser Hyde, criatura, caminhando pelos telhados negros Ser Hyde deixando o ódio tomar conta do seu corpo Ser Hyde em busca da desgraçada que lhe traiu... Ser Hyde sentindo o sangue ainda quente nas mãos. Ser Hyde observando a vida da vadia esvair- se hoje. Ser Hyde também é bom, mas queria ser o Franks... Ser Jeckill novamente, porra!
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