Edição 89 - Revista Hospitais Brasil

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Editorial

2018 abre suas portas Antes de apresentar as matérias desta edição, queria desejar feliz ano novo para todos! Dizem que o ano só começa depois do carnaval, mas nosso trabalho aqui na editora está firme e forte desde o início de janeiro, afinal, apostamos na retomada da economia, que promete já trazer bons resultados em 2018. Um dos assuntos que abordamos de forma especial é a gestão de facilities. Empresas que atuam no setor contam como escolher o melhor parceiro para realizar atividades que são fundamentais para garantir a sustentabilidade do hospital. Os gestores podem confiar, o segmento amadureceu muito e oferece segurança e bons resultados. Dr. Florentino Cardoso é o nosso entrevistado da seção Gente que Faz. Ele esteve seis anos à frente da Associação Médica Brasileira e recebeu recentemente a honraria da Gusi Peace Prize Foundation, em Manila, Filipinas, que é a principal instituição humanitária, de caridade e respeito pela vida e dignidade humana da Ásia. Em eHealth, o destaque é o EMRAM, uma espécie de acreditação hospitalar desenvolvida pela HIMSS, maior associação de informática em saúde no mundo. Ela avalia a maturidade de adoção da TI clínica em oito etapas evolutivas. Para estimular o mercado, hospitais

que subiram recentemente mais um estágio revelam as estratégias adotadas e os projetos para alcançar o próximo nível. Apresentamos, ainda, dois estudos: um da Fehoesp, para conhecer a opinião da sociedade sobre as diretivas antecipadas da vontade do paciente, e outro da Zebra, que aponta o aumento do uso de dispositivos móveis em hospitais e como será a saúde no Brasil em 2022. Também queria compartilhar com os leitores nosso momento de tristeza. No início de janeiro, o câncer de pulmão nos levou a Leda, uma das fundadoras da Publimed Editora. Conhecida por expressar opiniões e sentimentos de forma espontânea, marcante e sincera – tanto para dar bronca quanto para elogiar –, deixou um grande vazio em nossos corações. Leda foi diretora de redação da Revista Hospitais Brasil até dezembro de 2015, quando se aposentou e resolveu dedicar-se ao artesanato, uma de suas paixões. Todos que trabalharam na editora têm em casa pelo menos uma peça de sua confecção: um quadro, um caderno customizado, um vaso ou outros artigos não só produzidos como criados por ela, tamanha sua sensibilidade. Olha só... escrevo este editorial sentada em uma cadeira de escritório que ela decorou com tecidos floridos. É assim, a Leda se foi, mas deixou um pouco de si em cada um de nós... Ela teve uma vida curta, mas não pequena. Em breve nos encontraremos! Todos nós.

Saudades

A Leda nos deixou fisicamente este ano, mas estará para sempre em nossos corações.

EXPEDIENTE Gerente de Negócios Ronaldo de Almeida Santos ronaldo@publimededitora.com.br

santas casas, secretarias de saúde, universidades e demais estabelecimentos de saúde em todo o país.

Diretora Administrativa Vanessa Borjuca Santos vanessa@publimededitora.com.br

Design Gráfico e Criação Publicitária Lilian Carmona lia@liacarmona.com.br

Editora e Jornalista Carol Gonçalves - MTb 59413 DRT/SP carol@publimededitora.com.br

Diagramação Cotta Produções Gráficas atendimento@cotta.art.br

Redatora de Conteúdo Web Luiza Mendonça - MTb 73256 DRT/SP luiza@publimededitora.com.br

Ano XIV - Nº 89 - JAN | FEV 2018 Circulação: Fevereiro 2018

A Revista Hospitais Brasil não se responsabiliza por conceitos emitidos através de entrevistas e artigos assinados, uma vez que estes expressam a opinião de seus autores e também pelas informações e qualidade dos produtos, equipamentos e serviços constantes nos anúncios, bem como sua regulamentação junto aos órgãos competentes, sendo estes de exclusiva responsabilidade das empresas anunciantes.

Gerente de Relacionamento Andréa Neves de Mendonça andrea@publimededitora.com.br

A Revista Hospitais Brasil é distribuída gratuitamente em hospitais, maternidades, clínicas,

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Diretor Geral Adilson Luiz Furlan de Mendonça adilson@publimededitora.com.br

Não é permitida a reprodução total ou parcial de artigos e/ou matérias sem a permissão prévia por escrito da editora.

A Revista Hospitais Brasil é uma publicação da PUBLIMED EDITORA LTDA., tendo o seu registro arquivado no INPI-Instituto Nacional de Propaganda Industrial e Intelectual. Rua Marechal Hermes da Fonseca, 482 – sala 4 02020-000 – São Paulo/SP Tel.: (11) 3966-2000 www.publimededitora.com.br www.portalhospitaisbrasil.com.br

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Sumário

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GESTÃO Value-Based Healthcare: como agregar mais valor à oferta de produtos e serviços em saúde

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FINANÇAS Instituição de Brasília diminui custos com ajuda de consultoria

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HUMANIZAÇÃO Hospital Ana Costa adapta estrutura e reduz número de cesáreas

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HIGIENIZAÇÃO Em artigo, a Prof. Dra. Evanisa M. Arone fala sobre assepsia em ambientes e equipamentos neonatais

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eHEALTH Os caminhos para a conquista da certificação internacional HIMSS

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JURÍDICO A advogada Rochelle Ricci aborda, em artigo, o uso de aplicativos de mensagens na área médico-hospitalar

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SERVIÇOS Gestão de facilities: como escolher o melhor parceiro e otimizar recursos

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EVENTO Empresas brasileiras comemoram bons resultados na Arab Health

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ESTUDO Fehoesp realiza pesquisa para discutir testamento vital PRODUTOS Oxigel destaca diferenciais do novo guia de intubação Bougie DIAGNÓSTICO Aparelhos de raios X da CDK conquistam clientes pelo Brasil afora TRATAMENTO Medicina Integrativa: terapias complementares ajudam a tratar o câncer ADMINISTRAÇÃO Sistema de gestão e self storage permitem organizar documentação

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MOBILIDADE Estudo mostra aumento do uso de tecnologias móveis em hospitais

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PEQUENAS DOSES Nesta edição, parceria global em telemedicina, programa de cirurgia robótica e Renova Saúde no Piauí, entre outros destaques

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CASO CLÍNICO Nutrologia auxilia na assistência ao paciente com câncer

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GENTE QUE FAZ Premiado cirurgião geral e oncológico, Dr. Florentino Cardoso analisa setor de saúde no Brasil

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OPINIÃO Conforto nos hospitais deve contemplar também o corpo clínico, segundo Marcelo Boeger, sócio da Hospitallidade Consultoria

FORNECEDORES EM DESTAQUE Compromisso em fazer o melhor

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Gestão

Value-Based Healthcare: como agregar mais valor à oferta de produtos e serviços em saúde Por Carol Gonçalves “Value-Based Healthcare é uma iniciativa de reestruturação dos sistemas de saúde em todo o mundo, cujo objetivo global é ampliar o valor para os pacientes, conter a escalada de custos e oferecer mais conveniência e serviços aos clientes.” É assim que o ideólogo do VBHC, Michael Porter, Ph. D, economista e pesquisador da Harvard University, explica o conceito, que vem emergindo como uma saída para lidar com o alto custo dos cuidados em saúde e a ineficiência clínica.

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Segundo Wilson Follador, PhD, sócio-diretor da TechValue Consultoria em Saúde, o nome Value-Based Healthcare pode ser traduzido como Cuidados de Saúde Baseados em Valor. “Isso parece muito vago, mas deixa de ser quando entendemos que a palavra ‘valor’ é aplicada no seu sentido mais amplo, significando ‘mérito’, ‘utilidade’ ou ‘serventia’. Assim, podemos definir VBHC como uma nova filosofia que busca rever as relações que os partícipes dos sistemas de saúde têm entre si e com as necessidades de pacientes, procurando agregar mais valor à oferta de produtos e serviços em saúde”, expõe. O VBHC nasceu dos conflitos observados atualmente nos sistemas de saúde em todo o mundo. Para Follador, as ciências médicas nunca estiveram tão avançadas, mas também nunca antes foi tão difícil estender os benefícios desses avanços para a população como um todo e de

forma homogênea. “Após algumas iniciativas com baixos resultados em longo prazo, do tipo managed care, alguns pensadores passaram a propor que os sistemas de saúde fossem repensados para que pudéssemos, todos, nos alinharmos em direção a gerar mais valor nos resultados das intervenções em saúde, obtendo controle de custos a partir dessa perspectiva, e não o contrário”, conta. Sobre as práticas do Value-Based Healthcare, o profissional da TechValue diz que há vários exemplos de propostas metodológicas, tais como o risk sharing (compartilhamento de riscos), o pagamento por bundles (veja box), o pagamento por performance e o pagamento por capitação, entre outros. No entanto, todos seguem alguns princípios básicos:

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Todo produto ou serviço em saúde precisa ter a excelência como meta;

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A excelência deve ser mensurada por parâmetros objetivos e ligados não só a fatores econômicos, mas também à saúde dos pacientes;

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A busca da excelência deve ser calcada na transparência e na disseminação de informações sobre resultados e práticas entre diferentes instituições, permitindo a análise comparativa e a reprodução dos métodos que alcançam melhor desempenho;

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Todos os partícipes das ações em saúde devem envolver-se com os riscos e os benefícios de cada escolha, principalmente sob o aspecto econômico, reduzindo ou eliminando as práticas atuais, nas quais cada um deles (fornecedores de insumos, provedores de serviços e fontes pagadoras) entrega a sua parte do processo e não se responsabiliza por consequências futuras;

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Uma das mudanças mais desejadas dessa nova sistemática é a transição do modelo de pagamento por serviços ou produtos consumidos ((fee-for-service) para um modelo que privilegie o (fee-for-service pagamento por resultados alcançados.

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POR AQUI No Brasil, o VBHC, enquanto conceito, parece estar se disseminando de forma rápida, embora as práticas não estejam acompanhando essa velocidade, na opinião de Follador. De certa forma, algumas iniciativas já vinham sendo tomadas de forma pontual e parcial, tais como a oferta de bônus ou de penalidades por bom ou mau desempenho. Porém, ele diz que tais iniciativas quase sempre usam indicadores de desempenho vinculados, de uma forma ou de outra, a fatores econômicos, como restrições à utilização de tecnologias de alto preço. “Raríssimas vezes tive a oportunidade de ver uma iniciativa dessas que tivesse, como indicador, um elemento de saúde, do tipo ‘redução de complicações cirúrgicas’, ‘melhoria de parâmetros clínicos’ ou algo do gênero”, expõe. Essas iniciativas podem até resultar em algum benefício, mas também podem acarretar prejuízo à saúde dos pacientes e/ou maiores custos em médio e longo prazos. Para o profissional, o grande problema é que não temos o costume de medir tais resultados e, ainda, temos o péssimo hábito de não disseminar dados em saúde. Follador lembra que, curiosamente, nos anos 90, surgiu um modelo de remuneração em saúde que se aparentava com um projeto de VBHC, chamado de PAS – Plano de Assistência à Saúde, implementado pela Prefeitura Municipal de São Paulo e baseado em pagamento por capitação. “Entretanto, os resultados obtidos foram frustrantes, com baixa qualidade no atendimento e custos muito elevados, o que é o contrário do esperado com um bom projeto de VBHC.” Atualmente, algumas organizações e profissionais brasileiros estão se envolvendo profundamente com o desenvolvimento efetivo de práticas dentro do conceito. “Ainda estou aguardando para ver quando teremos melhores dados dessas organizações para poder começar a ver o VBHC emergir, de fato”, observa.

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Wilson Follador, da TechValue Consultoria em Saúde

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POR AÍ Há experiências sendo desenvolvidas há algum tempo ao redor do mundo. O sócio-diretor da TechValue diz que os Estados Unidos parecem estar desenvolvendo a mais extensiva experiência em VBHC, com dezenas, talvez centenas de centros envolvidos em projetos sob diversos modelos, doenças e metodologias diferentes. “O mais interessante é que uma grande parte desses centros estão vinculados aos programas Medicare e Medicaid, que representam o sistema de saúde público do governo dos Estados Unidos, e há uma séria e eficiente coordenação centralizada desses projetos. Muitos já estão colhendo resultados, mas me parece que a maioria ainda tem os projetos em andamento”, expõe. Um exemplo interessante foi publicado no artigo Turning Value-Based Health Care into a Real Business Model, da revista Harvard Business Review, edição de outubro de 2015. Segundo ele, na Mayo Clinic, dos Estados Unidos, as cirurgias para remoção parcial de câncer de mama finalizavam, mas os resultados das biópsias só eram entregues 24 horas depois da operação. Em vista a isso, os serviços de patologia clínica foram reorganizados para que os resultados fossem entregues em cerca de 20 minutos, o que deu a chance de estender a excisão cirúrgica, se necessário, para complementar o procedimento pela retirada de quaisquer resíduos do tumor. Embora isso tenha representado custos adicionais em relação ao tempo de cirurgia e laboratório de patologia clínica, observou-se que esse procedimento elimina a necessidade de nova cirurgia em cerca de 96% dos pacientes, que ocorreria se a biópsia tardia mostrasse tal necessidade. Assim, um estudo de cinco anos de dados dessas cirurgias resultou que a taxa de reoperação em 30 dias foi de 3,6% na Mayo em Rochester, Minnesota, versus 13,2% em nível nacional, no país. Isso provou que os custos da Mayo para cirurgia são mais altos no curto prazo e resulta em perda da receita que seria obtida com as reoperações, mas reduz os custos médicos totais e trazem benefícios muito mais significativos para a saúde das pacientes.

O grande problema do Brasil é que não temos o costume de medir resultados e, ainda, temos o péssimo hábito de não disseminar dados em saúde”

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DESAFIOS Follador considera que o Brasil tem grandes desafios a enfrentar para poder implementar práticas de VBHC. Entre os maiores, ele cita a reduzida disponibilidade de dados de custos e desfechos em saúde, as múltiplas diferenças de população e estrutura ao longo do nosso território e os baixos valores financeiros disponíveis para a saúde. “Mas aquele que mais me preocupa e que, ao meu ver, será o problema mais difícil a enfrentar, é a baixa confiança que existe entre todos os partícipes dos sistemas de saúde, incluindo os próprios pacientes”, aponta. De acordo com ele, a falta da confiança tem raízes profundas e vem, em parte, da ocorrência de fraudes que envolvem empresas, profissionais e pacientes. Mas também tem muita força a percepção do “princípio da soma zero”, comentado por Michael Porter, através do qual se percebe ou se pratica a negociação na qual, para um ganhar, alguém precisa perder. “Isso é muito facilitado, no Brasil, pela falta de transparência nas relações entre os players”, ressalta Follador. EM DISCUSSÃO Durante o evento Healthcare Innovation Show (HIS), realizado em outubro do ano passado em São Paulo, Fabrício Campolina, presidente do Conselho de Administração da Abimed – Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Produtos para Saúde, disse que para termos um sistema de saúde sustentável e baseado em valor para o paciente precisamos equilibrar um tripé: a satisfação do usuário, a qualidade da assistência prestada e os custos, que devem ser adequados. Campolina destacou que a mudança do atual modelo de remuneração de serviços médico-hospitalares – baseado no volume de procedimentos realizados – é um dos instrumentos mais importantes para garantir a sustentabilidade financeira do sistema de saúde brasileiro. “Se nada for feito, o custeio da Saúde demandará 25% do PIB em 20 anos, o que é inviável”, ressaltou, lembrando que hoje o país destina 9% do PIB a essa área. Campolina apontou que é necessário também reduzir desperdícios e fraudes que, de acordo com estimativas do Instituto de Medicina Americano, comprometem 20% a 25% dos gastos com saúde. A mesa de discussão reuniu Francisco Balestrin, presidente da Anahp – Associação Nacional dos Hospitais Privados, Reinaldo Scheibe, presidente da Abramge – Associação Brasileira de Planos de Saúde, e Daniel Greca, sócio diretor da consultoria KPMG.

O presidente da Abramge afirmou que existe hoje uma cisão de informações entre a medicina privada e o SUS e defendeu que o paciente seja o detentor dessas informações e possa carregá-la em todos os atendimentos a que for submetido. Essa seria uma maneira de evitar, por exemplo, a repetição desnecessária de exames e o desperdício. Já Balestrin destacou que, embora todos concordem que a mudança é necessária, ainda existe hoje uma assimetria de interesses entre os atores da cadeia de saúde. “Para chegarmos a uma convergência, precisamos definir qual é o valor que queremos entregar para o paciente. Além disso, o sucesso de um novo modelo passa também por uma melhor organização e gestão do sistema de saúde, pela melhoria da formação dos profissionais que atuam na área e pela redução dos desperdícios”, assinalou o presidente da Anahp. NA PRÁTICA O Hospital Alemão Oswaldo Cruz, de São Paulo, se tornou o primeiro do Brasil a adotar um novo modelo de remuneração de serviços médicos para uma unidade completa, a Vergueiro, que recebeu investimentos de R$ 140 milhões e foi inaugurada em julho de 2017. Segundo o modelo, os pagamentos são feitos pelas operadoras de saúde ao hospital por protocolos ou por tratamentos e não mais por itens. E o risco do processo é compartilhado entre hospital, operadora e fornecedores. Conforme explicou o superintendente executivo, Paulo Vasconcellos Bastian, durante palestra no Conecta Saúde, realizado em outubro do ano passado em São Paulo, os objetivos da instituição são foco na qualidade e redução de custos com uma estimativa de 25% a 30% de economia. O trabalho começou em agosto de 2016. O novo modelo de contrato foi elaborado em conjunto com todos os envolvidos no processo. O corpo clínico do hospital, que é fechado, cumpre todos os protocolos para garantir alta qualidade da assistência e impedir a reinternação do paciente. Para padronizar os produtos que serão utilizados em cada procedimento, o hospital fez uma parceria global com os fornecedores. Cabe a eles oferecer qualidade, assistência técnica

Paulo Vasconcellos Bastian, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz

Leandro Godoi

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O país ainda não está preparado para promover uma mudança rápida no atual sistema de remuneração, mas este caminho é inexorável e sem volta”

o mercado amadurece para as mudanças. Para isso precisamos de mais profissionais capacitados em gestão. O paciente deve entender que, como cidadão, também é responsável pela sua saúde e pela sustentabilidade do sistema”, disse o representante da KPMG.

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Um dos consensos discutidos foi o de que o país ainda não está preparado para promover uma mudança rápida no atual sistema de remuneração. Todos concordaram, no entanto, que este caminho é inexorável e sem volta. “Vamos precisar trocar a roda com o carro em movimento, construir um novo legado ao mesmo tempo em que

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SISTEMA BUNDLES

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O sistema de pagamento por bundles é um dos formatos praticados para a remuneração por serviços de saúde, dentro da filosofia VBHC. A tradução literal da palavra bundle é pacote, mas evita-se usar essa terminologia no Brasil para que não haja confusão com os pacotes que atualmente são empregados nos sistemas de saúde.

e bom preço. “Os parceiros são os mesmos da unidade Paulista, mas a precificação é especial para esse modelo de negócio”, contou Bastian. Várias operadoras de saúde já fecharam com o hospital, que está aberto a novas interessadas. Vale lembrar que a Unidade Referenciada Vergueiro não é porta aberta, ou seja, as pessoas não podem chegar por conta própria ao local, apenas através do ambulatório ou pela indicação da operadora. “Quando é porta aberta, o paciente pode utilizar o médico de sua confiança, que segue um protocolo próprio. Cada um tem um preço. No caso da unidade Vergueiro, o paciente é atendido por um corpo clínico que está habituado a trabalhar com base no mesmo protocolo. Com isso, a previsibilidade de preço geralmente é a mesma, a não ser no caso de alguma intercorrência, e, mesmo assim, se o hospital for eficiente, vai conseguir ficar dentro dos padrões já praticados”, explicou. Bastian contou que esse modelo pode ser chamado de remuneração por tratamento ou por protocolos. Ele já é utilizado em outros hospitais, inclusive na unidade Paulista do Oswaldo Cruz, mas parcialmente, já que sua operação é porta aberta. “A unidade Vergueiro foi criada para trabalhar neste modelo, por isso, a implantação é mais fácil”, disse. Segundo o superintendente, o foco está no estabelecimento de uma relação de confiança e alta resolutividade. “Precisamos ter credibilidade para uma boa convivência.”

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Os pacotes atuais são formas de remunerar atos episódicos: uma cirurgia, uma internação, um conjunto de materiais, etc. Follador explica que na proposta de pagamento por bundles, não se pagam episódios, mas, sim, ciclos de tratamento. Uma determinada necessidade médica é remunerada não só pelo custo da intervenção aplicada, mas também por todas as consequências da qualidade da intervenção escolhida. Por exemplo, um paciente com osteoartrite de joelho que precisa receber uma prótese poderia, pelo sistema de remuneração atualmente praticado no Brasil, receber um implante muito caro, onerando o seu plano de saúde, ou um implante muito barato que poderia se quebrar em pouco tempo, requerendo nova cirurgia, o que também oneraria o plano de saúde e seria bem indesejável ao paciente. Num sistema de remuneração por bundles, uma intervenção deste tipo poderia levar a fonte pagadora a remunerar um prestador de serviços em um valor fixo por paciente, maior do que pagaria por uma prótese de baixa qualidade, mas menor do que o custo de uma população tratada com baixa qualidade. A condição essencial para pagar um valor maior é que o prestador de serviços se responsabilize por todas as complicações que podem derivar de um mau serviço (quebra do implante, infecção no local da cirurgia, etc.), durante um determinado período de tempo (o ciclo). “Desta forma, todos poderiam ganhar: o pagador, que teria seus custos reduzidos em médio e longo prazos, o prestador de serviços, que teria uma remuneração justa por bons serviços prestados e, principalmente, o paciente, que não seria submetido a riscos desnecessários”, resume.

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Finanças

Instituição de Brasília diminui custos com ajuda de consultoria

Por Carol Gonçalves

Para gerir melhor seus custos, o CBV – Centro Brasileiro da Visão, renomado hospital de olhos localizado em Brasília, contratou os serviços da XHL Consultoria, especializada em orçamento e finanças para hospitais e clínicas. Gabriel Nunes, gestor de custos do CBV, conta que, antes da contratação, a instituição tomava suas decisões com base nas análises dos relatórios contábeis, financeiros e fiscais. “A preocupação em conhecer os custos por setor e gerenciá-los se deu a partir do interesse da alta direção em verificar se o valor investido estava condizente com a atividade desenvolvida. A partir daí, poderia medir a eficiência de cada área”, explica. A XHL chegou, então, para ajudar no processo de monitorar e controlar os custos por área, operação e procedimento, para que o CBV tivesse uma apuração consistente dos seus resultados. Após celebrado o contrato, o trabalho da consultoria começou em abril de 2016. Nos primeiros meses foram realizadas visitas técnicas para apresentar a estrutura do hospital, assim como entrevistas individuais com cada gestor para mostrar detalhadamente suas rotinas de trabalho. “Optamos por utilizar o método de custos por absorção. Os centros de custos do hospital foram estruturados em administrativos, auxiliares e produtivos. No mês de julho, já obtivemos nossos primeiros relatórios com as informações referentes ao mês anterior. A equipe de gestores e a diretoria foram envolvidas em outubro de 2016, após o processo de ajustes e o aprimoramento dos dados”, descreve Nunes. De posse dos resultados dos setores e dos custos dos procedimentos praticados na instituição, os relatórios começaram a ser divulgados para os gestores, para que pudessem medir o desempenho de suas áreas e, consequentemente, contribuir com melhorias de processos e redução de custos. O profissional conta que, inicialmente, houve um grande desafio de interpretação dos relatórios por parte dos gestores. Surgiram dúvidas, como alocação de custos em seus setores, custos absorvidos de outras áreas, entre outros. Para atender a essas questões, a equipe de custos passou a atuar fortemente junto a todos os setores do hospital, realizando reuniões mensais para feedbacks do desempenho de cada um,

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Sandra Chiarantano, da XHL

auxiliando no esclarecimento das dúvidas e promovendo ações para a constante otimização dos gastos. Para a conscientização e o engajamento dos colaboradores, a equipe de custos do CBV promove uma campanha endomarketing chamada “Consumo Consciente”, que consiste no trabalho de divulgação do consumo de recursos que podem ser aproveitados por toda a equipe, de forma eficiente, como energia elétrica, água, impressos, material de escritório e de limpeza, entre outros, além do trabalho de acompanhamento mensal com cada área. Como dica para outros hospitais que pretendem se tornar mais sustentáveis, Nunes diz que é preciso identificar o máximo de processos que podem ser realizados de forma simples, utilizando os recursos já disponíveis, evitando custos desnecessários, independentemente do montante do valor em análise. “É importante destacar que através do gerenciamento é possível identificar o quanto esse custo pode se tornar um grande vilão”, expõe. Sandra Chiarantano, consultora sênior da XHL responsável por este projeto, conta que durante a consultoria muitos processos do CBV sofreram melhorias. “O mais impactante foi o controle de utilização de materiais de modo geral, ou seja, material gráfico, descartável, de limpeza, etc., pois a partir do momento em que sua dispensação ficou evidente através dos relatórios de gestão de custos, observou-se a possibilidade de economia. Imediatamente as ações se iniciaram, com rápidos resultados”, comenta. Para Sandra, esse reconhecimento é parte do processo de disseminação da cultura de custos. A melhor forma de corrigir qualquer processo é compartilhar os fatos e as expectativas com todos os envolvidos, de forma que tenham responsabilidade e mérito diante do resultado alcançado. SOBRE O CBV O Centro Brasileiro da Visão foi fundado em 2004 com o objetivo de oferecer consultas, exames, tratamentos clínicos e cirurgias em um mesmo local. Hoje o hospital conta com 31 consultórios, todos voltados para o atendimento de oftalmologia, e, para garantir um atendimento de urgência, possui um pronto atendimento que opera 24 horas por dia. Seu eixo central é a busca da qualidade máxima, avaliada e aprovada pelas certificações ISO 9001:2015 e ONA Nível 3. A instituição investe constantemente em tecnologia e equipamentos de alta performance. Seu quadro de colaboradores é composto por 195 celetistas e 22 estagiários. Além disso, cumpre cotas de menores aprendizes e PCD’s (pessoas com deficiência) e possui uma equipe médica altamente capacitada.

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Humanização

Hospital Ana Costa adapta estrutura e reduz número de cesáreas Após dar início a um amplo programa de humanização do parto, em agosto de 2017, o Hospital Ana Costa, de Santos, SP, conseguiu reduzir em 11 pontos percentuais o número de cesarianas. Por mês, são realizados cerca de 110 partos de todos os tipos na instituição. Para alcançar o resultado, houve investimentos na readequação da estrutura da maternidade e do fluxo de atendimento materno-infantil, em ações que estimulam o vínculo entre os pais e seus bebês e no treinamento de colaboradores.

nutricionista, fisioterapeuta e fonoaudióloga. A programação inclui um tour para conhecer a unidade e sanar todas as dúvidas sobre os cuidados.

O processo, que levou à melhora dos índices, englobou a adaptação do 6º andar da unidade, que agora concentra todo o atendimento prestado antes, durante e depois do parto. No espaço, foi criado um quarto no qual a gestante é acompanhada por uma equipe de plantão desde a internação até a alta, realizando, inclusive, o parto nesse ambiente. No local, são feitos exercícios para aliviar a dor e facilitar a chegada do bebê, utilizando bolas e banquetas, além de outros processos que estimulam o parto normal. “A humanização é a nossa principal aposta para acolher melhor as mães e os bebês”, reforça Isabelle Tatsui, diretora do hospital.

O novo modelo de atendimento demandou também a contratação de uma enfermeira obstétrica especializada em atuação humanizada, que, por sua experiência com a Rede Cegonha – estratégia de atenção básica criada pelo Ministério da Saúde para estruturar a organizar o cuidado materno-infantil no país –, tornou-se referência para o treinamento das equipes que dão suporte às gestantes. “Nossa meta para 2018 é ingressar no programa Parto Adequado, da ANS – Agência Nacional de Saúde Suplementar, que visa identificar modelos inovadores adotados por hospitais para valorizar o parto normal”, ressalta a diretora.

Outra novidade foi a criação de uma sala de extração do leite materno, na qual as mães que acompanham os bebês internados na UTI neonatal podem retirar seu leite e alimentar os filhos. Com a medida, caiu em 50% o consumo do alimento artificial que é dado aos pequenos.

As mudanças na assistência materno-infantil do Hospital Ana Costa integram um amplo processo de investimentos em infraestrutura, qualidade e segurança do paciente, em andamento na instituição.

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Para estimular o vínculo entre pais e bebês no pósnascimento, a instituição adotou o método canguru, que permite que o bebê tenha contato com a pele dos genitores e, dessa forma, possa se desenvolver melhor. Em 2018, o cuidado humanizado também norteará o tradicional curso de gestantes, oferecido pelo hospital há mais de 25 anos. No curso, as futuras mamães e acompanhantes recebem orientações sobre como amamentar, dar banho no bebê e cuidados com o cordão umbilical, entre outras. As informações são fornecidas por uma equipe multidisciplinar, formada por enfermeira obstétrica, obstetra, pediatra,

COLOCANDO AS GRÁVIDAS PARA DANÇAR Um dos assuntos mais comentados neste começo de ano foi o nascimento das gêmeas da cantora Ivete Sangalo e sua preparação para seguir para a sala de parto: dançando. A dança vem sendo usada por diferentes hospitais para aliviar as dores e ajudar as mulheres no momento do nascimento do bebê. A prática é recomendada pelo Cofen –Conselho Federal de Enfermagem e por médicos especialistas. Em entrevista ao Fantástico, a conselheira Fátima Sampaio, da Comissão de Saúde da Mulher do Cofen, disse que o parto transcorre melhor quando a mulher se sente segura e acolhida. “A movimentação, inclusive a dança, se a mulher se sentir à vontade, também pode ajudar na evolução do trabalho de parto”, explicou. Em julho de 2017, a equipe do Centro Obstétrico do Hospital Conceição, de Porto Alegre, RS, criou um vídeo com uma paródia do hit “Despacito” para falar sobre gestação, do pré-natal ao parto. O objetivo foi mostrar que a evolução do parto é devagar, que é um processo demorado, ao mesmo tempo em que incentiva o parto natural. Há mais de oito anos, esta maternidade estimula a dança para as grávidas.

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Fornecedores em destaque

COMPROMISSO EM FAZER O MELHOR Foi com o propósito de criar soluções para que o profissional de saúde possa prestar o melhor atendimento e salvar mais vidas que surgiu, em 2010, a Clean Medical. A companhia entrega valor ao cliente através da locação de equipamentos e venda de acessórios médicos de última geração por diversos canais, prezando por um pós-venda impecável e relacionamento a longo prazo com o cliente. Empresa familiar, a Clean Medical começou pequena, com pouco mais de 50 equipamentos locados, dentro de uma estrutura de 60 m2. Aos poucos, superando as expectativas, foi conquistando cada vez mais espaço no mercado, mas sempre com o foco em levar a melhor solução ao cliente. Com o crescimento, passou a investir em novos equipamentos. Em 2015, atingiu cerca de 2.000 aparelhos locados e, logo em seguida, mudou-se para um novo local, com cerca de 1000 m2, no Jabaquara, bairro da zona sul de São Paulo. Em 2016, já na nova sede, conseguiu a exclusividade de grandes marcas, tanto nacionais quanto internacionais. Hoje, conta com equipamentos locados em todo o território nacional, sendo todos próprios, sempre investindo em um parque tecnológico de ponta. Seus principais parceiros são: DelfoSensor, Fanem, Magnamed, Max Emergências Médicas, Mediana, Medmax, Philips, Samtronic e seca. Entre os equipamentos locados estão: aparelho de anestesia, aspirador cirúrgico, berço aquecido, Bilitron, Bipap, bisturi eletrônico, bomba de infusão, bomba de seringa, cardiotocógrafo, cardioversor, carro de parada, DEA, eletrocardiógrafo, incubadora estacionária, incubadora de transporte, monitor multiparâmetros, módulo de pressão invasiva, módulo de capnografia, módulo de débito cardíaco, módulo de bateria, módulo BIS, módulo de gases, oxímetro de pulso, ventilador pulmonar, ventilador de transporte e monitoramento online e inteligente de ambientes. Os mais procurados são monitores multiparâmetro, ventiladores pulmonares, cardioversores e incubadoras. Atendendo hospitais, clínicas e unidades da rede pública e privada, a companhia loca aparelhos para pessoas jurídicas, mediante aprovação, com entrega imediata ou de acordo com a necessidade. Alguns dos clientes na área de locação de equipamentos médicos são: Hospital Pimentas Bom Sucesso, Hospital Santana Mogi, Hospital Beneficência Portuguesa, Hospital Samaritano, Santa Casa Mogi das Cruzes, Cruz Vermelha, Hospital Albert Einstein, Hospital Sírio Libanês e Rede D’Or. “Somos a empresa que mais cresce no segmento de locação, com a maior e a melhor linha de equipamentos e presença nas principais mídias do segmento”, ressalta o diretor, Julio Eduardo Meneguetti. Julio Eduardo Meneguetti, diretor

Além da locação, a Clean Medical comercializa acessórios médicos multimarcas para diversas especialidades, tais como oximetria, anestesia, oxigenoterapia, monitoração e ventilação. “Oferecemos produtos originais de marcas reconhecidas no mercado, a preço competitivo e com registro vigente na Anvisa. Atendemos redes hospitalares, órgãos públicos e revendas em todo o território nacional”, expõe Meneguetti.

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EQUIPE Meneguetti destaca que a empresa conta com uma equipe composta por pessoas que se superam diariamente. “Nosso ritmo é muito conectado ao nosso planejamento estratégico. Para isso, investimos em treinamentos regularmente e capacitamos nossos colaboradores para darem o melhor de si. Nada menos do que isso interessa. Cada solução que ofertamos precisa mostrar a qualidade que queremos para nossa própria família, afinal, quando tratamos de saúde, todos nós estamos sujeitos a precisar de soluções eficazes e boas experiências com tratamentos médicos”, salienta.

INOVAÇÃO: E-COMMERCE A Clean Medical está preparando para lançamento no segundo semestre de 2018 seu canal de e-commerce, que promete trazer inúmeras vantagens para clientes e parceiros. Ligia Zeppelini, gerente de marketing e e-commerce, explica que o maior benefício é o autoatendimento. “O cliente poderá alugar qualquer equipamento médico da nossa linha com a mesma facilidade e segurança com que aluga um carro pela internet, por exemplo.” “Resolvemos investir nesta evolução do nosso serviço para seguir o ritmo das necessidades da área médica e ganhar escala para alcançar hospitais e clínicas que ainda estão fora do raio de atuação dos nossos representantes e ainda não conseguem usufruir da economia que a locação de equipamentos médicos proporciona. Tenho mais de 10 anos de experiência em implementar operações de vendas pela internet, mas este, sem dúvida, é um grande desafio! Abraçar a causa da Clean Medical para criar o primeiro e-commerce de locação de equipamentos médicos do país pode, mesmo que de forma indireta, ajudar a salvar mais vidas, e é isso que move todos nós”, salienta Ligia. Ela adianta que as perspectivas são as melhores, mas, por se tratar de algo pioneiro, a cautela é sempre bem-vinda. “Acreditamos num crescimento gradativo e consistente.” Ligia Zeppelini, gerente de marketing e e-commerce

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O MERCADO E AS EXPECTATIVAS A expectativa da Clean Medical para 2018 é dobrar o faturamento em locações e aumentar a venda de alguns equipamentos e acessórios. “Partindo do pressuposto que no segundo semestre teremos o e-commerce em pleno funcionamento, acreditamos em um incremento de 50% ao nosso faturamento atual, que, somado à nossa expectativa de conquista de novos clientes, chegaremos a um faturamento 80% maior que no ano de 2017”, expõe Meneguetti. A respeito da crise, ele diz que o mercado de saúde não é tão afetado em virtude da economia, pois o setor não pode esperar por melhorias tendo um paciente necessitado. “Torna-se cada vez mais evidente e profissional que a instituição opte por locar equipamentos ao invés de comprá-los, pois o business de um hospital é prestar um serviço de excelência com boas equipes médicas e uma ótima hotelaria, fazendo com que os clientes se sintam em casa”, explica. A locação de equipamentos médicos torna-se uma aliada do hospital, pois permite que ele continue focando na sua atividade principal, que é cuidar das pessoas. “Por esse motivo acredito em um aumento de demanda significativa em novos negócios.”

LOCAÇÃO DE EQUIPAMENTOS: VANTAGENS Processos de manutenção e de atualização dos parques de equipamentos geralmente são demorados e caros, deixando leitos parados e atrasando o atendimento dos pacientes. No processo de locação não existe este problema, defende Meneguetti. “As atualizações tecnológicas são feitas de acordo com as necessidades do cliente. Os processos de calibração e de segurança elétrica que demandam tempo e recursos da unidade já são contemplados na locação”, destaca. Outras vantagens que a Clean Medical oferece são o dimensionamento correto de equipamentos, evitando desperdício com aquisição de aparelhos sobressalentes (backup); ganho de tempo na execução de projetos; rápida reposição de equipamentos em manutenção; e aumento no tempo de disponibilidade de aparelhos, diminuindo a incidência de leitos inoperantes. Quem explica as vantagens financeiras e contábeis é Anderson Silva, CEO & Founder da Our Job Contabilidade e Finanças. “Com a locação do equipamento, não há a necessidade de aquisição, evitando gastos com logística e manutenção. Além disso, evita-se a complexidade de controle contábil de bens no ativo imobilizado. Sem falar que o desembolso financeiro mensal é menor que o valor do investimento somado com o valor da manutenção”, explica.

E falando nas vantagens tributárias, Silva diz que é possível utilizar o custo da locação para redução do lucro, diminuindo a base para cálculo de apuração do IRPJ e do CSLL (Lucro Real). Além disso, a empresa pode se beneficiar do crédito do PIS e COFINS (1,65% e 7,60%) sobre o custo total da locação, gerando lucro para o exercício. Por exemplo: No caso de uma locação do equipamento no valor de R$ 10.000,00, obtém-se: Créditos Tributários Lucro Real PIS/COFINS 9,25% = R$ 925,00 IRPJ/CSLL 24% = R$ 2.400,00 TOTAL= R$ 3.325,00

Anderson Silva, CEO & Founder da Our Job Contabilidade e Finanças

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EVENTOS A Clean Medical participa como expositora da SAHE – South America Health Exhibition, feira de negócios em saúde que neste ano acontecerá de 13 a 15 de março, no Centro de Eventos Pro Magno, em São Paulo. Segundo Meneguetti, este evento, que está na sua segunda edição, atrai o perfil de público da marca, ou seja, os tomadores de decisão do mercado. “O retorno mais expressivo desta participação é o volume de conexões qualificadas que conseguimos realizar com quem de fato faz diferença em nosso setor. Manter uma rede composta por líderes inovadores nos possibilita participar das maiores transformações do mercado e trabalhar para buscar as melhores soluções para os nossos clientes, no que tange ao seu business”, conta o diretor da Clean Medical. SAHE 2017

PARCEIROS O relacionamento da Clean Medical com seus parceiros fornecedores de equipamentos e peças é o mais próximo possível. O objetivo é fazer com que se engajem nos projetos da marca. “Pensamos juntos, traçamos nossa estratégia de forma colaborativa, visitamos e cuidamos de nossos clientes em parceria, superando os desafios dia a dia, sempre com muito respeito e consideração. O resultado positivo que nosso cliente percebe ao contratar a Clean Medical é fruto da qualidade dos nossos relacionamentos”, ressalta Meneguetti.

CARDIO WEB/MEDIANA Uma das parceiras da Clean Medical é a Cardio Web, fabricante brasileira de equipamentos médico-hospitalares, especializada em diagnósticos por telemedicina. É distribuidora exclusiva no Brasil de duas empresas estrangeiras: a CNsystems, da Áustria, e a Mediana, da Coreia do Sul. Também é parceira na distribuição e marketing da Boston Scientific e da Nipro Medical Corporation. Rodrigo Padovez, diretor comercial da Cardio Web, conta que a Clean Medical é parceira comercial para a locação de equipamentos da Mediana. “Ela importa diretamente os produtos da marca para ter um preço mais competitivo e, com isso, conseguir alugá-los a um valor mais atraente para o cliente. Os principais produtos são um desfibrilador externo automático e um eletrocardiógrafo”, explica. Ele cita como ponto positivo do acordo entre as empresas a estrutura que a Clean Medical organizou para a locação de produtos médicos, com equipe de vendas, assistência técnica e logística. Sobre o lançamento do e-commerce pela Clean Medical, Padovez acredita que esta é uma realidade que todas as empresas deveriam implantar. “Nós também estamos investindo nisso, inclusive com um blog gerador de conteúdo rico e relevante, após a introdução do Marketing Inbound”, conta. Os benefícios da novidade, em sua opinião, são maior visibilidade e abrangência no território nacional. “Podemos atingir novos clientes e mercados e conseguir um crescimento substancial”, acrescenta.

Rodrigo Padovez, diretor comercial da Cardio Web

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MAGNAMED Com a Magnamed, fornecedora de ventiladores pulmonares para UTI e transporte, a Clean Medical tem parceria há dois anos para locação exclusiva dos produtos da marca em São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Além disso, também loca aparelhos para outros estados brasileiros, mas sem exclusividade. “Para a Magnamed, a Clean Medical é uma parceira que, além das compras, também ajuda na divulgação da nossa marca e de nossos produtos”, declara o COO – Chief Operating Officer, Carlos Staniger. Sobre o projeto de e-commerce da Clean Medical, Staniger acredita que será muito interessante para o crescimento da empresa. “Inicialmente, a Magnamed não venderá equipamentos no e-commerce por questões normativas da companhia. Porém, poderemos participar com a venda de alguns acessórios e através da locação, é claro”, expõe.

DELFOSENSOR Para a DelfoSensor, a Clean Medical funciona como um canal para apresentar ao mercado todo o portfólio da marca. “A DS vende seus produtos à CM, que os aloca em seus clientes”, explica o sócio-executivo, Fabio Andrade Lima Gabbay. A DelfoSensor tem como missão transformar os dados gerados por seus sensores em informações que agreguem valor ao negócio dos parceiros. Todo acesso aos dados é feito de forma online e o monitoramento das condições dos ambientes dos clientes é realizado no modelo 24x7. Para isso, a empresa tem como principais produtos sensores de temperatura, umidade, consumo de energia, pressão, luminosidade e de abertura e fechamento de porta. “Com a parceria, a Clean Medical incrementa seu portfólio, lançando mão de produtos que não tinha, e entra de cabeça de forma inovadora no mercado de tecnologia, via o conceito de IoT (Internet das coisas). Já a DelfoSensor adquire ganho de escala, explorando a base de carteira já ativa da CM, podendo se aproximar de forma mais rápida de clientes em um mercado que é chave para a companhia, o hospitalar”, expõe Gabbay. Ele conta que a Clean Medical foi indicada por um amigo e, logo de cara, foi possível perceber que a empresa é focada no relacionamento com seus clientes e no ambiente de alta performance em vendas. “Como buscamos grande volume de alocação de sensores, o parceiro parecia certo para avançarmos.” A respeito do e-commerce, Gabbay revela que a empresa ficou muito entusiasmada com a ideia. Com isso, a exposição da marca crescerá vertiginosamente, o que vai ao encontro da necessidade atual da DelfoSensor em se fazer conhecida, já que oferece um conceito muito inovador e ainda pouco explorado no mercado brasileiro. “As expectativas são altíssimas de retorno desse canal”, ressalta.

Fabio Andrade Lima Gabbay, sócio-executivo da DelfoSensor

FANEM “A Clean Medical é uma empresa tradicional na atividade de locação de equipamentos médicos, tendo conquistado experiência e respeito ao longo de vários anos de atividade junto aos seus clientes. Em seu portfólio, a Clean Medial disponibiliza equipamentos de fabricação da Fanem e assume o compromisso de mantê-los com suas características originais de fábrica, assim como, de observar os procedimentos de calibração atualizados a fim de proporcionar aos seus clientes a seriedade indispensável para utilização segura destes produtos.” Rubens Massaro – Superintendente Comercial Fanem Ltda. 24

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SECA A Clean Medical é distribuidora dos produtos da seca no estado de São Paulo. Dentre os principais itens comercializados estão as balanças de bioimpedância seca 515 e 525, porém está última é um modelo portátil e adequado para analisar o paciente que está acamado. “Como ponto positivo dessa parceria, contamos com a força de vendas da Clean Medical, que possui uma ótima reputação no meio hospitalar. Por sua vez, ela oferta aos seus clientes produtos de altíssima qualidade, afinal a seca é uma empresa alemã, fundada em 1840, líder mundial de mercado”, destaca Felipe Carvalho, General Branch Manager. A relação entre as empresas é muito amigável. “Sempre pensando juntos em como atender cada vez melhor e executar nossos planos com sucesso. Investimos muito em treinamento para a equipe e novas parcerias”, acrescenta.

Felipe Carvalho, General Branch Manager da seca

Carvalho ressalta que a seca é a marca líder mundial em medição e antropometria médica, operando no Brasil há cinco anos. “Globalmente, a empresa tem uma abrangente estratégia de e-commerce e, neste sentido, a iniciativa da CM de criar o próprio canal de e-commerce é vista com bons olhos e, seguramente, trará ótimos resultados para nosso parceiro”, opina. Segundo ele, o canal de compras online é muito requisitado por diversos profissionais e gera capilaridade e presença comercial, além de propiciar aos clientes velocidade na compra e facilidade de pagamento e entrega.

CLIENTE Entre os clientes da Clean Medical está o Hospital Santana, de Mogi das Cruzes, SP, que utiliza os serviços de locação de equipamentos e calibração da empresa. “Estamos satisfeitos com a parceira devido à qualidade dos produtos oferecidos e ao bom atendimento prestado”, ressalta Valter Domingos de Sousa, técnico em equipamentos biomédicos. O Hospital Santana tem a característica do pioneirismo, dos procedimentos de alta complexidade e da humanização do atendimento.

CLEAN MEDICAL EQUIPAMENTOS HOSPITALARES Rua Adelino da Fontoura, 543 Jardim Jabaquara 04383-050 – São Paulo/SP

(11) 5018-1044 www.cleanmedical.com.br comercial@cleanmedical.com.br

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Higienização

Assepsia em ambientes e equipamentos neonatais arredondados e desmontagem completa e simplificada, sem o uso de ferramentas.

As infecções hospitalares representam um risco substancial à segurança do paciente e consistem em um grave problema de saúde pública. Se não diagnosticadas, podem evoluir para uma infecção generalizada, também conhecida como sepse. Dados de 2016 do ILAS – Instituto Latino Americano de Sepse mostram que as infecções atingem um índice de mortalidade de até 70% em algumas regiões brasileiras e que 400 mil novos casos são diagnosticados por ano. O Ministério da Saúde estima que a taxa de infecção hospitalar no Brasil chega a 15%. Nos países da Europa e nos Estados Unidos, este índice é de 10%. No caso particular de recém-nascidos, as infecções hospitalares são mais frequentes e, geralmente, mais graves. Nesta fase de vida, o paciente apresenta várias características que o tornam mais suscetível a infecções. O elevado tempo de internação em UTIN – Unidades de Terapia Intensiva Neonatal, onde são submetidos a procedimentos invasivos e ao uso de antimicrobianos de largo espectro, contribui para o aumento da ocorrência de infecções, resultando em mais de seis milhões de mortes em casos neonatais e na primeira infância, também de acordo com o ILAS. Desta forma, a prevenção e o controle representam um desafio para todos os envolvidos nos cuidados hospitalares.

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Uma das principais causas das infecções no ambiente hospitalar está relacionada à deficiência no processo de assepsia, conjunto de procedimentos que visam prevenir, reduzir e controlar essas infecções por meio do cuidado com a limpeza e a higiene, que devem ser realizadas em diferentes superfícies, como pisos, paredes, janelas, mobiliários e, especialmente, nos equipamentos utilizados no tratamento dos pacientes. As ações visam minimizar a transmissão exógena e endógena de microrganismos patogênicos e aplicam-se à gestante, ao ambiente hospitalar, à equipe assistencial e ao próprio recém-nascido. Além disso, as medidas de antissepsia e desinfecção, utilizadas para inibir o crescimento de microrganismos, ou reduzi-los através de antissépticos e desinfetantes, também devem ser eficientes. Os equipamentos eletromédicos, usados diretamente na assistência aos recém-nascidos, requerem uma atenção especial. Falhas nos processos de limpeza e desinfecção podem colocar em risco a segurança e a saúde de todos. Assim, é importante que o design desses equipamentos leve em conta características que minimizem os riscos de contaminação, como cantos

Desta forma, sabemos que, na concepção e produção dos equipamentos eletromédicos, os fabricantes têm investido em pesquisa e aplicado tecnologias e soluções inovadoras, como matérias-primas diferenciadas, para que partes, peças e acessórios possam ser resistentes e facilmente higienizáveis e que seus produtos de assistência neonatal atendam aos requisitos fundamentais de assepsia e, também, contribuam para a redução dos casos de infecções hospitalares. Na indústria brasileira, por exemplo, uma inovadora unidade híbrida para cuidados intensivos neonatais provê assistência aos prematuros e recém-nascidos com características diferenciadas para evitar riscos de contaminação e infecção. Um de seus diferenciais é a transição ágil do modo incubadora para unidade de calor irradiante, reduzindo o contato direto com o paciente e, sobretudo, o risco de contaminação. São vários os aspectos que merecem a atenção na prevenção e transmissão de infecções na UTI neonatal, inclusive a responsabilidade das equipes e profissionais envolvidos na assistência ao recém-nascido de alto risco e das práticas específicas obrigatórias, como a higienização das mãos. Por conta disso, é fundamental a criação e a atuação de uma comissão de controle, ativa e participante no hospital, a fim de exercer papel fundamental na prevenção efetiva e na redução da infecção neonatal, bem como na manutenção de um ambiente seguro para todos.

Prof. Dra. Evanisa M. Arone

Doutora em ciências, mestre em administração hospitalar e enfermeira pela USP, atuou no Senac-SP como docente e coordenadora na diretoria do Coren-SP. Foi presidente e vice-presidente da Aben-SP e é membro do Gepag, grupo de pesquisa da Unifesp. Atualmente é consultora técnica e ministra os treinamentos da Fanem na modalidade equipamentos para neonatologia.

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Os caminhos para a conquista da certificação internacional HIMSS Por Carol Gonçalves É natural que, a cada ano que passa, mais e mais hospitais evoluam no grau de tecnologia aplicado em suas atividades para garantir rapidez no atendimento, eficiência operacional, qualidade assistencial e segurança do paciente. Para medir esse grau, a HIMSS – Health Information and Management Systems Society, maior associação de informática em saúde no mundo, desenvolveu, em 2005, o EMRAM – Electronic Medical Record Adoption Model, que avalia a maturidade de adoção da TI clínica através de oito etapas evolutivas (de 0 a 7). O nível zero significa que não há efetivamente um suporte informatizado, e o sete atesta o uso completo e intenso da TI nas práticas assistenciais (veja tabela ao lado).

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No Brasil, o nível 7 foi alcançado por apenas três hospitais: Unimed Recife III (PE), o pioneiro, em dezembro de 2016, Hospital Márcio Cunha, de Ipatinga (MG), e Unimed Volta Redonda (RJ), ambos em novembro de 2017. Atualmente, menos de 3% dos hospitais nos Estados Unidos e Europa possuem o nível 7 da certificação e cerca de 25% estão no nível 6. Segundo a auditora da HIMSS, Isabel de Jesus Simão, essa certificação é um diferencial de mercado, e atesta o comprometimento do hospital com a segurança do paciente. “No Brasil, ainda não há uma política do governo em beneficiar essas instituições certificadas, ao contrário de outros países; entretanto, essa iniciativa não deixa de ser um selo de qualidade para o paciente.”

Recentemente, algumas instituições de saúde conquistaram o estágio 6. Nesta matéria, as entrevistadas contam como chegaram a esse nível, quais as estratégias adotadas e os próximos passos rumo à etapa 7. Modelo de adoção do EMR (Registro Médico Eletrônico) Estágio

Capacidades Cumulativas

7

EMR completo, sistemas analíticos para melhorar a prestação de cuidados de saúde

6

Documentação médica (modelos), sistema de suporte à decisão clínica completo, circuito fechado de medicação completo

5

PACS de radiologia completo

4

Sistema de entrada de ordens médicas (CPOE), sistema de suporte à decisão clínica (protocolos)

3

Documentação clínica, sistema de suporte à decisão clínica (checagem de erros)

2

Repositório de dados clínicos (CDR), vocabulário médico controlado, suporte à decisão, interoperabilidade de informação (IHE)

1

Todos os sistemas de serviços de apoio instalados (laboratório, radiologia e farmácia)

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Sistemas de serviço de apoio não instalados

Fonte: Site HIMSS Brazil (www.himssbrazil.org)

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tecnológicas geram melhorias claras na qualidade assistencial e na segurança do paciente. O atendimento passa a ser mais rápido porque a busca é acelerada e os dados se tornam mais completos, facilitando o diagnóstico assertivo.”

Dra. Vilany Mendes Félix, diretora assistencial; Luci Emidio, superintendente; e Mário Aquino, diretor de TI, do Hospital Santa Marta

MUDANÇA CULTURAL E COMPORTAMENTAL O HSM – Hospital Santa Marta é primeiro do Distrito Federal a conquistar o estágio 6. “O Santa Marta acredita que a TI é uma importante aliada na promoção da segurança do paciente. Todos os esforços em tornar o HSM um hospital sem papel são com o objetivo de garantir um processo assistencial mais rastreável, controlado e eficaz. O reconhecimento público da certificação internacional HIMSS é uma consequência desse investimento”, declara Luci Emidio, superintendente. O diretor de TI, Mário Aquino, conta que para alcançar este nível a instituição implantou uma série de soluções: • PACS (Picture Archiving and Communication System) integrado em todos os setores do hospital, substituindo os filmes da radiologia (filmless); • Circuito fechado da administração de medicamentos, com checagem à beira-leito e farmácia clínica; • Documentação da enfermagem disponível em todos os setores do hospital; • Prontuário eletrônico do paciente (PEP) em todas as áreas do hospital – Repositório de dados clínicos (CDR) instalado e centralizado; • Os três sistemas integrados ao PEP (LIS – laboratório, RIS – radiologia e PHIS – farmácia) com alertas e informações disponíveis; • Sistema de apoio à decisão clínica (CDSS); e • Sistema de prescrição eletrônica e solicitação de exames.

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Alguns dos destaques são a checagem à beira-leito – tecnologia móvel que otimiza o processo de administração de medicamentos –, e a gestão automatizada de medicamentos, que garante rastreabilidade e controle das medicações. “A conquista do estágio 6 representa mais que o sucesso no uso da TI. Entendemos que a tecnologia contribui muito para uma comunicação efetiva, um dos valores do HSM. A informação não é um recorte, ela está conectada a um contexto que precisa ser considerado em todas as análises. Se a solução tecnológica faz com que esse contexto seja percebido rapidamente, facilita e agiliza a tomada de decisão”, declara o gerente de TI, Everton Bonadio.

Para se adequar às normas da acreditação, o HSM enfrentou alguns obstáculos, como o alto custo de equipamentos e softwares, além do grande desafio da mudança cultural e comportamental da organização. “Entretanto, com o apoio das áreas assistencial e administrativa, conseguimos superar os desafios. Foram realizadas reuniões de alinhamento com a participação de todos os stakeholders, sempre visando atingir os objetivos estratégicos da instituição com uma visão holística e atendendo às necessidades das partes interessadas”, explica Aquino. Os passos para a conquista do nível 7 são a implantação da farmácia clínica e da checagem à beira-leito em todos os setores do hospital, além da ampliação da assinatura digital, transformando o hospitalar em paperless (sem papel). DIVISOR DE ÁGUAS Com a conquista da certificação nível 6, o Hospital 9 de Julho (H9J), da capital de São Paulo, confirmou o seguimento dos padrões internacionais de qualidade. “Trabalhamos arduamente para implantar tecnologias inovadoras, visando sempre o bem-estar dos pacientes e colaboradores”, explica o diretor geral, Dr. Alfonso Migliore Neto. A HIMSS Analytics avaliou o sistema de prontuário eletrônico do H9J, onde são integradas, parcialmente, as informações dos pacientes que podem ser acessadas por médicos que realizam atendimento nas diversas áreas do hospital, como emergência e internação ou mesmo após a alta, no acompanhamento ambulatorial. Além disso, foram avaliadas a otimização e a integração das informações do Serviço de Apoio Diagnóstico Terapêutico (SADT), arquivos médicos, de auditoria e financeiros. Dr. Migliore ressalta a importância da certificação como um divisor de águas. “Conquistamos o nível 6, mas pretendemos chegar ao nível máximo, ao nos tornamos um hospital 100% digitalizado nos próximos anos”, explica. O médico reforça que há ainda muita novidade por vir. “Como estratégia para este ano, vamos investir mais ainda nos prontuários eletrônicos integrados, aumentar o número de cirurgias robóticas e colocar em funcionamento um sistema inteligente para evitar quedas de pacientes, para citar alguns exemplos.”

Dr. Alfonso Migliore Neto, diretor geral do Hospital 9 de Julho

Segundo Aquino, o resultado da acreditação confirma que a adoção de novas tecnologias, aliada às ações integradas, é o caminho certo a seguir. “Estamos muito orgulhosos e contentes com essa premiação, pois atesta que inovações

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IMPACTO EM TODO O CICLO Para conquistar o nível 6, a Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo – composta pelas unidades Pompeia, Santana e Ipiranga (todas na capital) – investiu na aquisição de dispositivos móveis para prover o controle e o registro dos cuidados ao paciente, realizados em tempo real, à beiraleito. Para isso, implantou redes sem fio segmentadas e de alta performance, firewall, estrutura de servidores de rede, aplicação e banco de dados redimensionada. O maior desafio, de acordo com Klaiton Ferretti, diretor de TI, foi ajustar os processos internos. “Há um grande impacto em todo o ciclo de cuidado, desde a prescrição médica, passando pelos processos de enfermagem (aprazamento e prescrição de cuidados), análise da farmácia clínica, ciclos de dispensação de medicamentos, recebimento dos postos de enfermagem, administração e checagem, até as devoluções”, conta. Para lidar com isso, foi criado um comitê, formado por representantes de todas as áreas envolvidas, para visualizar o fluxo como um todo, do início ao fim, definindo claramente os papéis e responsabilidades de cada tarefa. Para conquistar o nível 7, os próximos passos da São Camilo são: integrar equipamentos de engenharia clínica com o HIS (Hospital Information System), migrar 100% dos protocolos médicos para o workflow do sistema HIS, criar recursos mais avançados de suporte à decisão clínica e eliminar o uso do papel em setores nos quais ele ainda é utilizado como apoio operacional. “Vemos a TI como um importante aliado na busca pela melhoria contínua da qualidade assistencial. E a certificação da HIMSS é a consolidação das melhores práticas nesta direção”, ressalta.

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FORMULÁRIOS INTELIGENTES A certificação nível 6 do Hospital Santa Rosa, de Cuiabá, representa uma grande conquista na aplicação da TI em ambiente hospitalar em Mato Grosso, pois atesta que a instituição possui, por exemplo, um sistema completo de suporte à decisão clínica e um circuito fechado de gerenciamento das medicações – ou seja, que a segurança do paciente é aplicada de maneira rigorosa e eficaz com apoio da TI.

Essa conquista faz parte de uma série de ações que o hospital vem desenvolvendo dentro de sua estratégia de inovação. Apesar de ter iniciado o processo para certificação há cerca de um ano, o Santa Rosa instituiu um Plano Diretor em TI, com investimentos em sua infraestrutura, há três anos. Mas, além de suporte financeiro, a instituição conta com o desafio de engajar o corpo clínico e todas as gerências. “Esse novo olhar sobre os processos e serviços é algo que o Santa Rosa abraçou em busca de se tornar um hospital digital – como o futuro prevê. Nessa jornada, estamos em constante evolução. Tanto que a conquista é resultado do esforço conjunto de todos dentro do hospital, inclusive da diretoria”, ressalta Carrion. Em relação às ações, o hospital elaborou um planejamento de curto e também de longo prazo, estabeleceu uma comissão de implantação dos processos e promoveu o treinamento da equipe assistencial, que foi acompanhada durante todo o andamento. O gerente do núcleo de TI diz que o Santa Rosa conta com os esforços de todos na instituição para alcançar o nível máximo de excelência e a adoção completa do prontuário eletrônico. “A ideia, agora, é expandirmos os processos já estabelecidos para todos os setores do hospital e aumentarmos o engajamento de todo o corpo clínico, além de ampliarmos o investimento financeiro e tecnológico”, declara. DICAS PARA CHEGAR LÁ Para os hospitais que estão tentado alcançar a acreditação, os participantes da matéria dão algumas dicas. Mário Aquino, do HSM, diz que o primeiro passo é descobrir em qual nível o hospital se encontra, respondendo a A gestão automatizada de medicamentos foi uma das ações implantadas pelo Hospital Santa Rosa para conquistar a certificação Revele Projetos Fotográficos

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Klaiton Ferretti, diretor de TI da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo

checagem à beira-leito, por meio de uma tecnologia móvel que otimiza o processo de administração de medicamentos (via Palms); e a gestão automatizada de medicamentos, o que garante rastreabilidade e aumenta a segurança, prevenindo eventos adversos por meio da implementação de códigos de barras para identificação do paciente e dos medicamentos a serem administrados. “Também contamos com a inserção de formulários inteligentes de apoio à decisão clínica, com o sistema PEP, o que garante um alto nível de segurança”, explica.

Para alcançar tal conquista, André Carrion, gerente do núcleo de TI, conta que entre as tecnologias que foram implantadas estão: a introdução do processo de

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um questionário disponibilizado pela HIMSS, que coleta informações sobre a utilização das tecnologias preconizadas em cada estágio. A resposta do questionário aponta os gaps encontrados de forma a identificar todas as “não conformidades” do hospital em relação aos estágios EMRAM.

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“Atualmente os principais fornecedores de sistemas hospitalares possuem equipes qualificadas para auxiliar na implantação dos requisitos necessários para a validação dos estágios 6 e 7. A Folks, parceira da HIMSS Analytics no Brasil, realiza um Gap Analysis On Site do hospital, auxiliando na preparação e validação dos estágios”, explica. A dica principal de Klaiton Ferretti, da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, é ter em mente que o projeto não é da TI. “Esta iniciativa precisa ser encarada como uma demanda da área assistencial por recursos informatizados que tragam mais segurança ao paciente e, consequentemente, mais qualidade aos processos assistenciais. Sob esta ótica, a TI deve traduzir esta demanda em um projeto, com ações estruturadas para que se atinja este objetivo”, expõe. Outras dicas do profissional são: demandar muito tempo com planejamento e treinamento, contratar uma consultoria especializada no modelo EMRAM da HIMSS para avaliar os gaps, e não economizar com infraestrutura. André Carrion, do Hospital Santa Rosa, ressalta a importância das pessoas no processo. “Se é fato que já sabemos que o hospital do futuro será sustentado em muita tecnologia, também temos a certeza de que os novos processos não se encerram nela, até porque, sozinha, ela não gera transformação. São as pessoas que fazem tudo se tornar realidade. A colaboração de cada um é fundamental no processo rumo à transformação digital”, expõe. Ele diz que os hospitais precisam ter em mente que é preciso contar com total apoio de todos. “Neste viés, recomendamos a criação de uma comissão de implantação com no mínimo um representante de cada área. Também aconselhamos elegerem uma unidade como piloto e envolverem o corpo clínico”, finaliza. HIMSS@HOSPITALAR 2018 Acontece entre os dias 22 e 25 de maio, em São Paulo, um dos eventos mais importante do Brasil em eHealth, o HIMSS@Hospitalar – International Digital Healthcare Forum. Serão abordadas as principais questões da transformação digital na área da saúde em oito verticais temáticas, somando mais de 60 conferências com a participação de 35 painelistas internacionais. Entre os temas abordados, dois deles apresentarão as soluções digitais e as inovações que surgem para o dia a dia dos hospitais, integração dos sistemas de cuidado e gestão e os desafios da interoperabilidade. São eles: Innovation Solutions for Hospital Chain, que acontece no dia 22 de maio, das 9h20 às 10h, na sala 1, e eHealth Interoperability Challenges, em 23 de maio, no mesmo horário, na sala 2. Mais informações no site www.hospitalar.com

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Jurídico

O uso de aplicativos de mensagens na área médico-hospitalar algum conteúdo indesejado, ou mesmo ilegal, sem sequer perceber.

Houve um tempo em que o pediatra era selecionado pela família da criança por ter sido o médico que cuidou das gerações anteriores, por ter fama de bom profissional, ser pontual e atencioso ou por proporcionar um serviço com excelente custo-benefício. Embora esses ainda sejam, dentre outros tantos, motivos plausíveis ou relevantes para a seleção do médico de confiança, talvez não seja exagero dizer que, atualmente, o pediatra que não utiliza aplicativos como o WhatsApp para trocar mensagens com pais e mães de pacientes corre o risco de perder clientela para os profissionais mais “conectados”.

Em meio a tal emaranhado de possibilidades, quais são os limites já existente e os cuidados a serem adotados?

Aliar serviços médicos à tecnologia é uma tendência absoluta de mercado, e o uso de aplicativos de mensagem é uma forma fácil e de baixo custo para que os profissionais de saúde possam aderir ao movimento.

O vazamento e o compartilhamento de dados de paciente podem trazer implicações criminais e cíveis, além de representar infração ética, uma vez que o sigilo é obrigatório para médicos e enfermeiros.

Além disso, tais aplicativos são importantes meios de trocas de informações de interesse científico e acadêmico, possibilitando cooperação entre médicos e/ou instituições de saúde em tempo real, o que certamente é bastante positivo.

Em abril de 2017, após o episódio de divulgação de informações médicas da ex-primeira-dama, Marisa Leticia, por membro da equipe de um importante hospital de São Paulo, foi editado o Parecer 14/2017 do Conselho Federal de Medicina, no sentido de que é permitida a utilização do WhatsApp e de plataformas similares para comunicação entre médicos e seus pacientes e entre médicos e médicos, em caráter privativo, para o envio de dados e para dirimir dúvidas, ou no âmbito de grupos fechados de especialistas ou do corpo clínico de uma instituição ou cátedra, desde que as informações passadas sejam tratadas com sigilo e não extrapolem os limites do próprio grupo.

Se o uso de tecnologia no campo da saúde é um caminho irreversível, os aplicativos e softwares de troca de mensagens vieram para ficar (ao menos até que tecnologias mais revolucionárias os substituam), e deixaram de ser meros artifícios de lazer e interação recreacional para se transformarem em verdadeiros instrumentos de trabalho, porém, num cenário em que não necessariamente há um isolamento entre usos e finalidades.

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Assim, as hipóteses de incidentes desastrosos são as mais variadas: a foto do laudo enviado pelo paciente armazenada na galeria do celular, bem ao lado do registro do último almoço de família do médico, e que acaba encaminhada por ele ao destinatário errado; o conteúdo arquivado na memória do dispositivo, e que, uma vez hackeado, implica vazamento descontrolado de informações; ou a inserção de dado sigiloso destinado ao grupo de trabalho do hospital, que acaba inserido por engano em meio à conversa do grupo da turma da faculdade. Estes são alguns exemplos hipotéticos, porém, bastante factíveis.

Tal isolamento não é uma tarefa simples, uma vez que, em geral, os softwares de mensagens são utilizados a partir dos smartphones particulares dos usuários, as conversas e grupos particulares e profissionais são organizados mais recente, sem qualquer compartimentalização, e fotos e documentos são armazenados no dispositivo independentemente da origem, mais comumente em sequência temporal. Somese a isso a quantidade de grupos (dos mais variados tamanhos e com as mais diversas finalidades) aos quais cada usuário pode ser adicionado, sem controle de escopo ou conteúdo. Num dia mais atribulado, um indivíduo pode ser adicionado por um de seus contatos a um grupo de composição e finalidade desconhecidas e se dar conta somente horas depois de que recebeu inúmeras mensagens sem qualquer controle de origem e conteúdo. Mesmo que providencie a própria exclusão de tal grupo, poderá já ter armazenado em seu dispositivo

Alguns parâmetros são estabelecidos por tal Parecer, como a necessidade de que os grupos sejam compostos apenas por médicos devidamente registrados nos Conselhos de Medicina, a vedação à circulação de informações em grupos recreativos, ainda que formados exclusivamente por médicos, e a proibição da referência a casos clínicos identificáveis e da exibição de pacientes ou suas fotos em anúncios ou na divulgação de temas médicos, mesmo com autorização do paciente (o que já estava regulado anteriormente, em especial no Código de Ética Médica e na Resolução 1974/2011 do mesmo conselho profissional). A responsabilidade dos médicos participantes dos grupos pelo conteúdo e opiniões que disponibilizem é classificada no termos do Parecer 14/2017 como pessoal, o que não impede que as instituições às quais pertençam (hospitais, clínicas, laboratórios, universidades), também sejam instadas a responder, por exemplo, por danos morais, danos à imagem, defeito na prestação de

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Os aplicativos são importantes meios de trocas de informações de interesse científico e acadêmico, possibilitando cooperação entre médicos e/ou instituições de saúde em tempo real”

serviços com base no Código Civil e no Código de Defesa do Consumidor, quando as informações divulgadas sejam relativas a pacientes de tais instituições e tenham sido obtidas pelos médicos no âmbito e em razão da relação entre tais pacientes e as mencionadas instituições. Na mesma linha, foi publicada em 31 de julho de 2017 a Resolução 554/2017 do Conselho Federal de Enfermagem, que “estabelece os critérios norteadores das práticas de uso e de comportamento dos profissionais de enfermagem, em meio de comunicação de massa: na mídia impressa, em peças publicitárias, de mobiliário urbano e nas mídias sociais”. Referida Resolução contém uma lista de práticas vedadas aos profissionais de enfermagem, dentre elas, expor imagens de pacientes em redes sociais e grupos sociais como o WhatsApp. A despeito das normas que, aos poucos, vão sendo criadas para acomodar o turbilhão de inovações tecnológicas e as novas práticas sociais que delas derivam, os cuidados a serem adotados por profissionais e instituições de saúde se multiplicam e são muitas as perguntas a serem respondidas, como se pode exemplificar: se é vedado ao médico acobertar conduta antiética de outro médico, conforme o que disciplina o Código de Ética Médica, é obrigatório ao médico denunciar a veiculação irregular por um colega de informações sigilosas de pacientes via WhatsApp? A veiculação isolada ou esporádica de conteúdo recreativo em um grupo de WhatsApp formado por médicos com finalidade profissional ou acadêmica descaracteriza sua natureza? Existe um número de participantes máximo aplicável ao grupo de WhatsApp para que mantenha seu caráter privativo? Em tal cenário, ainda um tanto instável, uma boa estratégia é a criação de regramentos próprios relacionados ao uso de aplicativos como o WhatsApp por consultórios, hospitais, clínicas, laboratórios e instituições de saúde de qualquer porte, aliadas a parâmetros rígidos de confidencialidade, especialmente tendo em vista eventuais diferenças entre as normas baixadas por cada conselho profissional (medicina, enfermagem, farmácia, nutrição, etc.), bem como a existência em seus quadros de colaboradores de profissionais que, embora não exerçam atividade regulada, têm acesso a informações sigilosas (secretárias, recepcionistas, profissionais da segurança e limpeza, etc.), visando a garantir não somente o cumprimento da legislação e a qualidade na prestação de serviços, mas a mitigar riscos e danos, inclusive de natureza reputacional. Rochelle Ricci

Advogada sócia das áreas de contratos, imobiliário e compliance de Machado Associados Advogados e Consultores.

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Gestão de facilities: como escolher o melhor parceiro e otimizar recursos Por Carol Gonçalves Para se dedicar a áreas que consideram mais estratégicas, os hospitais podem terceirizar diversos serviços, contratando empresas especializadas que ficam totalmente responsáveis pelo bom andamento do setor. Esses serviços são chamados de facilities (facilidades) e exigem alta capacidade de gestão. Segundo a IFMA – Associação Internacional de Gestão de Facilidades, a gestão de facilities é uma profissão de múltiplas funções, que assegura a funcionalidade do ambiente construído por meio da integração de pessoas, locais, processos e tecnologia. Dentro da área de infraestrutura (bata-cinza), podem ser terceirizados os serviços de manutenção predial, elétrica, hidráulica, ar condicionado e refrigeração, utilidades, gestão de energia (cogeração/mercado livre), engenharia clínica, gestão de gases medicinais, higienização, lavanderia, recepção, portaria, jardinagem e paisagismo, estacionamento, segurança e controle de acesso, alimentação, nutrição e lanchonete, como explica Valéria Salvador, gerente comercial nacional – Saúde da Vivante, que oferece manutenção multitécnica – hidráulica e elétrica, limpeza, ar condicionado, gestão de outros terceiros e engenharia clínica. Ela acrescenta que também é possível contratar empresas para executar as atividades assistenciais (bata branca): especialidades médicas, enfermaria, UTIs e análises clínicas, por exemplo. “Com a flexibilização das leis trabalhistas, ampliam-se as oportunidades para o avanço da terceirização.” Segundo João Paulo R. Câmara, gerente comercial da Morhena – que promove higienização e desinfecção hospitalar, coleta e destinação de resíduos de saúde (RSS), serviço de camareira e controle de acesso em clínicas e hospitais –, esse processo é recente nos hospitais e algumas experiências anteriores foram traumáticas para os gestores da área. “De modo geral, observamos uma falta de conhecimento nos processos dos hospitais pelos compradores, levando um certo desconforto e dúvidas no fechamento de contrato”, explica.

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João Paulo R. Câmara, da Morhena

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Para Sandra Passos, CEO do segmento Saúde da Sodexo On-site Brasil – que oferece gastronomia, recepção, telefonia, gestão de altas e higienização hospitalar, entre outros serviços – o maior receio dos hospitais quando se fala no assunto é de que o prestador de serviço não consiga transmitir a cultura da instituição aos pacientes. “A reputação de um hospital é um de seus mais importantes ativos, por isso, é fundamental escolher um parceiro que, além de incorporar os processos internos na rotina de trabalho, tenha comprometimento, boas ferramentas e expertise, pois o paciente é diretamente afetado pelos serviços do hospital.” Também é o que considera Valéria, da Vivante. “Os hospitais atuam no limiar da vida humana, com atividades extremamente críticas. Devido aos riscos inerentes envolvidos em sua atividade core, há uma certa tensão em confiar em empresas terceiras”, afirma. No entanto, ela salienta que existem empresas sérias no Brasil, que passaram por uma curva de aprendizagem das especificidades do ambiente de saúde e hoje se encontram em um patamar elevado de maturidade técnica. ESCOLHA Se é fundamental escolher bem, nossos entrevistados dão a dica para não errar. Segundo Sandra, da Sodexo, é importante que o hospital avalie a experiência e a reputação do prestador de serviço no segmento de atuação, bem como a saúde financeira da empresa e a estrutura técnica (funcional e de operações). “O parceiro deve ter processos muito bem estabelecidos para garantir a segurança do paciente, além de inovações tecnológicas e soluções completas de serviços e ofertas”, adiciona. O que também deve ser avaliado, em sua opinião, são as certificações voltadas para a área da saúde, como a JCI – Joint Commission International, que é a principal no âmbito global sobre a segurança e a qualidade dos serviços no setor. “Por fim, a confiança na marca e nas pessoas que farão o atendimento ao hospital e que estarão no dia a dia da operação também é imprescindível”, conta Sandra.

A terceirização dos serviços proporciona facilidades nos processos e otimização da execução, além de contribuir para o aprimoramento do sistema hospitalar”

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É fundamental escolher um parceiro que, além de incorporar os processos internos na rotina de trabalho, tenha comprometimento, boas ferramentas e expertise”

Valéria, da Vivante, orienta optar por empresas profissionalizadas, que possuem experiência e knowhow em ambientes críticos de saúde, bem como aquelas que apresentem processos estruturados de gestão, definição e monitoramento de SLA’s (Acordo de Nível de Serviços), diferenciais como auditorias com foco nas áreas e documentação técnica, sistema da qualidade, inovação tecnológica e eficiência energética. Outro ponto essencial, segundo ela, é que o hospital avalie criteriosamente as empresas que se propõem a terceirizar serviços nas instituições de saúde. “Por exemplo, verificar a existência de equipes comerciais, operacionais e de qualidade que são especializadas e com histórico em cuidar deste segmento, já que ele possui características e especificidades singulares.” Câmara, da Morhena, aponta que a atuação de empresas de facilities na área hospitalar é uma tendência no mercado, mas nem todas conseguem atingir o ápice em seus resultados de entrega. “Sendo assim, os compradores começaram a ser mais exigentes nos processos de seleção das empresas, considerando os diferenciais apresentados, o projeto exclusivo e como solucionam os problemas. Enfim, escolhem aquelas que agregam tecnologia, ciência, conforto, segurança na execução, qualidade e certificação”, expõe. VANTAGENS Para Câmara, da Morhena, a terceirização desses serviços proporciona facilidades nos processos e otimização da execução, além de contribuir para o aprimoramento do sistema hospitalar.

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Por sua vez, Sandra, da Sodexo, diz que uma das importantes vantagens é o know-how da empresa contratada com relação aos serviços de facilities, que poderá agregar novas tecnologias e processos para aumentar a qualidade e a eficiência do serviço prestado. “As empresas de renome já possuem um programa de qualidade certificado – processos, produtos, equipamentos e documentos –, o que auxilia os hospitais nas negociações com planos de saúde e SUS”, declara.

Sandra Passos, da Sodexo

Outro ponto que Sandra destaca é que os hospitais não precisam se preocupar com a gestão dos colaboradores, uma vez que a empresa terceirizada é responsável por contratação, substituição, treinamento e reciclagens. Ela ressalta que as empresas com experiência no segmento buscarão sempre se integrar com os outros setores dos hospitais, alavancando a performance do hospital em relação a liberações de leitos, controles de enxoval e dos resíduos, por exemplo. E com um SLA, os hospitais podem acompanhar a evolução do serviço prestado. “A parceira pode ajudar a otimizar os recursos, eliminar processos ineficientes, oferecer treinamentos especializados e gerar KPI’s que avaliem a performance, por exemplo”, acrescenta Sandra. As principais vantagens, na opinião de Valéria, da Vivante, são: aplicação de tecnologia constante (sistema de gestão de serviços, central de inteligência e monitoramento operacional), recursos humanos (controle de absenteísmo, baixo turn over e treinamentos técnicos), HSE (Saúde, Segurança e Meio Ambiente), capacidade técnica e operacional (excelência operacional, gestão da qualidade, diminuição dos riscos legais e foco em conforto do usuário), meio ambiente (certificações e acreditações, utilização de produtos verdes e desenvolvimento sustentável), um único interlocutor para todas as necessidades e serviços, além da previsibilidade de custos (por serem valores firmados previamente com o hospital). DESAFIOS O maior desafio para o hospital, de acordo com Sandra, da Sodexo, é encontrar um parceiro que ofereça uma solução de serviços integrados, a fim de que facilite a gestão interna, e que acompanhe o serviço corretamente. “Entendemos que o hospital tem uma grande dificuldade em qualificar uma equipe multidisciplinar, padronizar cada escopo de serviço, investir em tecnologia para aumento de produtividade, buscar competitividade em insumos e equipamentos e, principalmente, obter inovação em diferentes serviços”, expõe. Valéria, da Vivante, também aponta que os hospitais, muitas vezes, têm dificuldade em monitorar os prestadores de serviços pautados em critérios claros e objetivos por equívocos no processo de definição do escopo das rotinas de atividades, por exemplo. Observa-se, ainda, uma dificuldade na preparação de contratos bem elaborados, com cláusulas claras e exequíveis para ambas as partes.

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Já a Sodexo conta a experiência de um cliente do interior de São Paulo que migrou da mão de obra interna para a terceirização. “Conseguimos desenhar um escopo de serviços personalizados, realizando a junção de boas práticas e tecnologias, conseguindo uma redução de 7% do seu budget. A terceirização permite a redução de custo em longo prazo, se considerarmos os custos indiretos utilizados para a gestão do serviço”, expõe Sandra. O Hospital das Clínicas e o Hospital São Lucas, ambos de São Paulo, estão entre os clientes da Morhena. Com a parceria, segundo Jaciara Silva, coordenadora operacional, estas instituições obtiveram diversas melhorias. “Elas conquistaram a tranquilidade de receber integralmente o serviço, independentemente do que ocorre com o quadro funcional, como faltas, afastamentos e férias. Também oferecemos treinamento e acompanhamento dos serviços prestados, através de fiscalização contínua. E, ainda, conservamos o patrimônio e controlamos os materiais”, adiciona.

Câmara, da Morhena, acrescenta que os hospitais enfrentam empresas despreparadas, sem processos de execução, com mão de obra desqualificada, falta de recursos materiais e equipamentos sem normas técnicas necessárias para a execução das ações.

“No pavilhão, o visitante poderá conferir uma simulação de internação hospitalar para demonstrar as boas práticas de rotinas como alimentação, limpeza, entre outros”, revela a gerente de contas da Hospitalar Facilities, Juliana Bellangero. Além do conteúdo na área de exposição, a grande novidade para a edição deste ano é o Facilities Congress, que acontecerá no dia 24 de maio, das 9 às 13h, no auditório 10 – 2º mezanino. O evento tem como coordenador científico Marcelo Boeger, que possui

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EXPERIÊNCIA A Vivante atua na estruturação de escopos de PPP de hospitais (BA, MG, SP e CE), com ganhos financeiros e de qualidade na ordem de 15%-20% (conforme a sinergia). A empresa opera em um grupo de hospitais de São Paulo que totaliza mais de 1.500 leitos. “Tivemos elevados níveis de satisfação, garantia na performance e disponibilidade de instalações, além de redução de infecções hospitalares em centros cirúrgicos através do correto projeto de refrigeração e manutenção preventiva do sistema, conforme PMOC – Plano de Manutenção Operação e Controle”, salienta Valéria.

Para a edição de 2018, com o objetivo de agregar força ao setor, a feira traz a participação da AFS – Associação de Fornecedores da Saúde, que terá uma ilha no pavilhão com 18 empresas do segmento. Já a ABDEH – Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar terá um ‘Hub’, um ponto de encontro para discutir inovação para o desenvolvimento hospitalar.

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“Outro ponto importante é que o hospital deve ter conhecimento dos custos diretos e indiretos do segmento que está sendo avaliado, pois sem esses parâmetros não existe a possibilidade de comparar as vantagens ou desvantagens que esta mudança pode proporcionar”, declara.

PARA SABER MAIS Reconhecida como o evento líder da saúde nas Américas, a Hospitalar conta com um espaço especial chamado Hospitalar Facilities, com soluções completas, do projeto até o pleno funcionamento de um hospital, clínica ou laboratório. Na edição de 2017, 50% do público presente revelou interesse no setor de facilities, sendo que 26% eram gestores administrativos, de suprimentos e Recursos Humanos.

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Evento

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Empresas brasileiras comemoram bons resultados na Arab Health Mais uma vez, o pavilhão brasileiro durante a Arab Health, reconhecida como a segunda maior feira do mundo para exposição de produtos médicos, foi um sucesso. O evento, realizado em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, de 29 de janeiro a 1 de fevereiro de 2018, contou com a participação de 29 empresas brasileiras que participam do Brazilian Health Devices, projeto setorial com foco na internacionalização da indústria executado pela ABIMO com apoio da Apex-Brasil. “Nosso espaço foi muito movimentado, com a realização de várias reuniões estratégicas. A marca do Brasil está cada vez mais consolidada. Essa consolidação é justamente o que tem contribuído para que o pavilhão brasileiro receba cada vez mais visitantes. A nossa parede de cartões também fez bastante sucesso”, conta Larissa Gomes, coordenadora de promoção comercial da ABIMO.

graduação em Hotelaria pelo Centro Universitário Senac, mestrado em Hospitalidade pela Universidade Anhembi Morumbi e, atualmente, é sócio e consultor técnico da Hospitallidade – Consultoria para Meios de Hospedagem e prestador de serviço do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein, atuando principalmente nos seguintes temas: hotelaria hospitalar, gestão hospitalar, hotelaria, administração de hotel e gestão de qualidade e excelência no atendimento ao cliente. Entre os assuntos que serão abordados no Congresso estão: • Higiene hospitalar: desafios na definição de produtos e o impacto nos processos; • Locação, roupa própria ou descartáveis; • Estudo de Caso: implantação do lean na alimentação hospitalar do paciente bariátrico e seu impacto na humanização e no tempo de permanência; • Higiene terminal: limpeza com peróxido, cloro ou quaternário? Desafios na definição de produtos e o impacto nos processos. Validação de higiene e apresentação de novas tecnologias; • Enxoval: reduzindo custos, controle de evasão, apresentação de novo produto, locação de roupa; • Resíduos sólidos: coleta de resíduos. Apresentação de novos serviços. “Selecionamos assuntos envolvendo tomadas de decisão em três grandes áreas de hotelaria: lavanderia e roupas de hospitais, alimentação e o uso correto de produtos e equipamentos. O intuito é mostrar cases e como uma decisão errada pode causar danos para a instituição. Vamos discutir na prática os processos, falar de números, técnicas e resultados”, adianta Boeger.

Além do viés comercial, as ações da associação no exterior também servem para aproximar a entidade de instituições congêneres ao redor do mundo. Durante a feira foi combinada a assinatura de um termo de cooperação com a espanhola Fenin – Federación Española de Empresas de Tecnología Sanitaria. Outra associação internacional que fez contato com a ABIMO foi a Medlink, do Reino Unido. A Arab Health recebe visitantes do mundo todo, porém, dois países demonstraram um aumento considerável de interesse pelos produtos nacionais: Arábia Saudita e Índia. “Os principais players desses países, potenciais distribuidores, aumentaram consideravelmente seu número de visitantes”, explica Larissa. O número médio de reuniões por empresa foi de 80, durante todos os dias de evento. Isso significa mais de 2.300 encontros. “Já no primeiro dia, as companhias brasileiras realizaram 578 reuniões com real potencial de negócios”, ressalta. A Hospitalar também esteve presente, divulgando a edição de 25 anos da feira, que acontece de 22 a 25 de maio de 2018, no Expo Center Norte, em São Paulo, e apresentando aos estrangeiros o catálogo oficial do Programa Hospitalar Exporter, feito em parceria com a Publimed Editora, com apoio da ABIMO e da Apex-Brasil. As expositoras brasileiras que participaram da Arab Health foram: Baumer, Biomecanica, Biotecno, Carci, Casex, CBEMED, DrillerMed, Fanem, GMReis, Grow Plus, HpBio, Ibramed, Instramed, K e D Tec., Loktal, Macom, Magnamed, Medicone, Olidef, Ortho Pauher, Osteomed, Phoenix, Samtronic, Scitech, SDECT, Sismatec, Spine, Timpel e Traumec. Em 2019, a feira acontecerá entre os dias 28 e 31 de janeiro.

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A 25ª Hospitalar acontece de 22 a 25 de maio no Expo Center Norte, em São Paulo. Saiba mais no site www.hospitalar.com

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Fehoesp realiza pesquisa para discutir testamento vital Para conhecer a opinião da sociedade sobre as diretivas antecipadas da vontade do paciente, a Fehoesp – Federação dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo realizou uma pesquisa aberta ao público por meio da plataforma digital fehoesp360. A partir das conclusões do estudo e o debate com outras representações da sociedade, a Fehoesp irá propor ao Congresso Nacional um anteprojeto de lei que discipline a questão do direito do paciente e garanta segurança jurídica a profissionais e serviços de saúde. Segundo o presidente da entidade, o médico Yussif Ali Mere Jr, existe uma lacuna na legislação brasileira quando se trata de definir até onde vai o direito do paciente quando ele precisa definir cuidados, tratamentos e procedimentos que deseja ou não se submeter quando estiver com uma doença ameaçadora da vida. No entanto, esclarece Ali Mere Jr, que não se trata de eutanásia, que é a abreviação da vida e considerada crime do Brasil. “Estamos discutindo o direito do paciente em estado terminal de optar por uma morte digna, uma morte natural e a recusa de procedimentos invasivos. Muitos pacientes nesta condição preferem ficar em casa no aconchego da família ou receber cuidados paliativos em hospitais especializados.”

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O presidente da federação alerta para o fato de que, atualmente, médicos, hospitais e profissionais de saúde não possuem respaldo legal para atender ao desejo do paciente, pois correm risco de processos judiciais, por exemplo, por parte da família nos casos em que ela não concorde com a vontade do paciente.

Mesmo diante de uma doença fora de possibilidades terapêuticas, 57,4% dos entrevistados disseram que o paciente pode recusar todos os tratamentos e cuidados, incluindo respiração, hidratação e nutrição artificiais, internação em UTI, antibióticos, reanimação cardiopulmonar, entre outros. A imensa maioria (85,4%) acredita que o testamento vital deve ter validade em todas as situações, ou seja, em estados vegetativos persistentes e doenças degenerativas incuráveis e terminais. Quase a totalidade dos entrevistados (96,4%) defende que a vontade manifestada em testamento vital prevaleça sobre a vontade dos familiares. E 86,1% também defende que essa vontade prevaleça sobre a dos médicos. Para conhecer como a vontade manifestada pelo paciente em testamento vital aconteceria na prática, a pesquisa explicou o conceito de mandato duradouro (veja box na próxima página). Segundo o levantamento, 92% acham que familiares poderão ser nomeados procuradores para cuidados de saúde. Entre os graus de parentesco mais citados aparecem companheiros/cônjuges (49,8%), filhos maiores (47,8%), pais (44%) e irmãos (31,4%). Do total de entrevistados, 48,2% também acham que todo e qualquer parente pode ser nomeado procurador para cuidados de saúde, e 72,1% defendem a necessidade da nomeação de mais de um. Porém, metade (36,1%) acredita que esse segundo procurador deve decidir apenas na ausência do outro. Já 36% defendem que os procuradores decidam de forma conjunta e 54,3% consideram que o médico de confiança do paciente não pode ser nomeado procurador. A imensa maioria (85,7%) defende que a lei que discipline a matéria permita a possibilidade de, no mesmo documento, a pessoa fazer um testamento vital e um mandato duradouro. Da mesma forma, 91,6% acha interessante a criação de um

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DADOS Dos 716 participantes da pesquisa, 70,1% atuam na área da saúde. São médicos (23,3%), enfermeiros (9,7%), outros profissionais da saúde (29%), diretores de serviços de saúde (3,8%) e empresários (4,3%).

Mais de 60% acha necessário o registro do testamento vital em cartório; 52,8% acredita que o documento não precisa de testemunhas, mas 32,8% diz que dispensaria testemunhas se houvesse registro em cartório. A imensa maioria (73,2%) é contrária à possibilidade de pessoas demenciadas elaborarem esse documento. Já quando questionados se adolescentes entre 16 e 18 anos podem fazer o testamento vital, 58,3% se mostra favorável.

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banco de dados que centralize todos os testamentos vitais no Brasil e esteja à disposição dos hospitais e das equipes de saúde mediante acesso restrito. “Ainda temos dificuldades com dados no Brasil, mas podemos chegar lá muito rápido, pois a velocidade da entrada da tecnologia é alta. O Ministério da Saúde tem atuado de forma veemente na informatização e promete que até o final de 2018 todas as unidades de saúde do Brasil estarão conectadas”, diz Ali Mere Jr. Para ele, a informação única será muito importante tanto para as diretivas quanto para toda as demais questões de saúde durante toda a vida do paciente.

Brasil, tem-se buscado pontualmente soluções, tanto que o CFM – Conselho Federal de Medicina editou, em 2012, a Resolução 1.995/12, que permite ao paciente registrar seu testamento vital na ficha médica ou no prontuário. Esta resolução representa um grande avanço no Brasil, pois garante que o médico siga a vontade do paciente. Inclusive, o Poder Judiciário reconheceu a constitucionalidade dessa resolução. Isso trouxe um aumento de 700% no número de testamentos vitais lavrados em cartórios no Brasil, segundo o Colégio Notarial do Brasil – Seção São Paulo, instituição que representa os tabeliães de notas do estado.

Segundo Luciana Dadalto, doutora em direito de saúde pela Faculdade Mogiana do Estado de São Paulo (FMG), o Direito não obriga o registro do desejo do paciente, mas garante a possibilidade de escolha. E isso vem acontecendo de maneia informal. Diretrizes existem desde a década de 1960 nos EUA, e toda Europa já legalizou essa demanda. No

“Ainda assim, temos tido problemas práticos em relação a quem pode fazer, o formato que deve ser feito o pedido e como pode ser utilizado. Por isso, sabemos da necessidade de parâmetros objetivos e claros de conteúdo e formalidades. A importância da lei é regulamentar uma realidade que já cresce no Brasil”, finaliza Luciana.

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PARA SABER MAIS Além de advogada, Luciana Dadalto é fundadora do Portal Testamento Vital (testamentovital.com.br), desenvolvido com o propósito de centralizar informações sobre o tema. Ela também criou o RENTEV (rentev.com.br), primeiro registro nacional de testamentos vitais. De acordo com o site, as diretivas antecipadas de vontade são um gênero de documentos de manifestação de vontade para cuidados e tratamentos médicos criado na década de 60 nos Estados Unidos. Esse gênero possui duas espécies: testamento vital e mandato duradouro que, quando previstos em um único documento, são chamados de diretivas antecipadas de vontade. O testamento vital é um documento, redigido por uma pessoa no pleno gozo de suas faculdades mentais, com o objetivo de dispor acerca dos cuidados, tratamentos e procedimentos que deseja ou não ser submetida quando estiver com uma doença ameaçadora da vida, fora de possibilidades terapêuticas e impossibilitada de manifestar livremente sua vontade. É importante que este documento seja redigido com a ajuda de um médico de confiança do paciente, contudo, o médico terá o papel apenas de orientar a pessoa quanto aos termos técnicos, não deve impor sua vontade ou seus interesses pessoais, pois a vontade que está sendo manifestada é exclusivamente do paciente. É ainda importante o auxílio de um advogado a fim de evitar que haja disposições contra o ordenamento jurídico brasileiro. O mandato duradouro é a nomeação de uma pessoa de confiança do outorgante que deverá ser consultado pelos médicos, quando for necessário tomar alguma decisão sobre os cuidados médicos ou esclarecer alguma dúvida sobre o testamento vital e o outorgante não puder mais manifestar sua vontade. O procurador de saúde decidirá tendo como base a vontade do paciente. No site é ressaltando, ainda, que é possível fazer um testamento vital sem nomear um procurador de saúde, contudo, é desejável a nomeação. Para saber como fazer um testamento vital, acesse o endereço testamentovital.com.br/informacoes/.

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Produtos

Oxigel destaca diferenciais do novo guia de intubação Bougie Há 40 anos, a Oxigel desenvolve, fabrica e comercializa produtos para anestesia, inaloterapia, oxigenoterapia e unidade de terapia intensiva além de uma ampla gama de acessórios. Seu mais recente lançamento é o guia de intubação Bougie, disponível nos modelos infantil, adulto, infantil ventilado, adulto ventilado e adulto iluminado, nos tamanhos de 1,67 x 470 a 5,00 x 800. O produto foi projetado para uso em procedimentos de intubação com o objetivo de auxiliar na introdução da sonda. Uma vez introduzido no tubo endotraqueal, lhe confere formato e resistência adequados para facilitar a intubação. “O Bougie foi totalmente desenvolvido no Brasil, utilizando matéria-prima e maquinário nacionais, com qualidade igual ou superior ao já oferecido no mercado”, explica Antonio Roberto Franco de Lima, presidente da empresa. Comparado com o guia tipo Mandril, o Bougie tem inúmeras vantagens. Sua conformação distal com ponta arredondada facilita a inserção e torna o procedimento menos traumático. A ponta distal angulada (com cerca de 35o) auxilia a passagem do guia através das estruturas glóticas. As marcas indicativas do ponto de curvatura são nítidas, o produto possui marcação com ponto “0” na deflexão. As referências de posição são bem demarcadas a cada 50 mm e a superfície lisa facilita o deslizar do tubo endotraqueal. O guia é indicado para situações de rotina quando há dificuldade para exposição adequada da laringe por laringoscopia (via aérea difícil) e em emergências de via

Bougie adulto e infantil

Bougie adulto e infantil com ventilação

Antonio Roberto Franco de Lima, presidente, e Adriano Lima, gerente de operações

aérea. É utilizado em todos os setores do hospital onde é realizada intubação traqueal, como centro cirúrgico, prontosocorro, UTI e ambiente de ressonância magnética. Também é usado em atendimento pré-hospitalar, como acidentes, serviços de resgate e ambulâncias. “Nossas expectativas são conservadoras para um ano com tantos eventos, mas estamos buscando todos os dias superar os objetivos desenvolvendo novos produtos”, finaliza Lima.

OUTROS DESTAQUES O portfólio da empresa é composto por diversos produtos, como o aparelho de anestesia 1722, destinado à administração de gases e/ou vapores anestésicos, por meio de respiração espontânea ou controlada, manual ou mecânica. É constituído de seção de fluxo contínuo, sistema respiratório, ventilador e alarmes eletrônicos para monitoramento da pressão endotraqueal, rede de O2, fluxo de O2 e nível de carga da bateria. Já as lâminas articuladas convencionais e fibra ótica nº 3, 4 e 5 são indicadas para procedimentos nos quais é difícil a intubação endotraqueal, como em pacientes obesos, com pequena abertura de boca, dentes ressaltados e tamanho maior de língua. A ponta articulada da lâmina proporciona maior facilidade na elevação da epiglote e na exposição da laringe, diminuindo a força aplicada no paciente. Entre os destaques estão os laringoscópios convencionais, inox e fibra ótica, fabricados em latão cromado ou aço inox, que proporcionam conforto e segurança para uma perfeita intubação com ótima visão da laringe. O cabo está disponível nos tamanhos adulto ou infantil, convencional ou fibra ótica. Possuem lâminas curvas do 0 ao 5 e retas do 0 ao 4. Principais características: material inoxidável e resistente, cabo trabalhado para um melhor manuseio e funcionamento a pilhas comuns ou alcalinas. www.oxigel.com.br l (11) 5567-1766

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Bougie adulto iluminado

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Diagnóstico

Aparelhos de raios X da CDK conquistam clientes pelo Brasil afora Fundada em 2002, a CDK é especialista em equipamentos de raios X e conta com uma equipe de trabalho que, de forma contínua, atua na melhoria de seus processos para poder prestar excelência no atendimento das necessidades de seus clientes, disponibilizando equipamentos de qualidade e assistência técnica em todo o Brasil. Seu diretor, Mauro Barroso Sassoni, faz questão de acompanhar todas as entregas de aparelhos comercializados pela empresa. Recentemente, a Secretaria de Saúde de Fernando de Noronha, PE, adquiriu o Diafix HF de 500mA / 125kV. Segundo a secretária de saúde, Rebeca Duarte Dias, a escolha do aparelho foi muito criteriosa, pois o arquipélogo é isolado e tem algumas dificuldades de logística que dificultam o rápido acesso em qualquer necessidade, o que exige um produto sofisticado e de alta qualidade, que demanda baixa manutenção. “O equipamento era desejado não apenas pela Secretaria, mas por toda a comunidade, pois vai oferecer mais agilidade no diagnóstico”, destaca. Outra entrega recente foi feita no Hospital Militar de Porto Alegre, RS, também de um Diafix HF, mas com mesa elevatória. Para o Coronel Pinho, chefe do setor, realmente trata-se de um aparelho que surpreende. “Por ser nacional, ele é muito diferenciado e promete impressionar ainda mais no dia a dia das nossas atividades. Estamos extremamente satisfeitos com a aquisição”, conta. Já a Clínica Probono’ss, de Nova Serrana, MG, escolheu o Mascote Dynamic DT, totalmente digital. Representantes da empresa conheceram a CDK e o aparelho em uma feira de saúde e ficaram impressionados com seu desempenho. Segundo eles, não há nada com essa qualidade na região. “Estamos muito felizes com a máquina”, disseram na entrega do equipamento.

Mauro Barroso Sassoni, diretor

PRODUTOS A série Diafix HF é ideal para hospitais e clínicas na criação de imagens radiográficas de alta resolução para diagnósticos do esqueleto, crânio, tórax, abdômen, entre outros, possibilitando variedade de movimentos e configurações. As imagens podem ser obtidas com o paciente em posição vertical, horizontal ou em cadeira de rodas. A Radiologia Digital (DR) diminui o tempo de espera, aumentando a produtividade. O Diafix HF DR permite otimizar o fluxo de trabalho em até 60% frente aos sistemas convencionais, uma vez que sua imagem é obtida em até três segundos. Por sua vez, o Mascote Dynamic DT Digital – DR é um sistema totalmente integrado, com moderna tecnologia de geradores de alta frequência, oferecendo excelente flexibilidade para uso em centros cirúrgicos, leitos, berçários, UTIs, unidades móveis e home care. O aparelho conta com opções de comando por tela touch screen com 256 técnicas pré-programadas de fábrica totalmente editáveis ou painel soft touch com técnicas radiográficas livres. É concebido em duralumínio, mesma tecnologia aplicada na construção de aviões, que confere ao equipamento maior resistência mecânica e leveza em seu manuseio. Em versão digital, o MAG Dynamic BT incorpora um detector digital Toshiba, com opção Wi-Fi ou com cabo, e novo software DROC. Com alta potência e excelente qualidade de imagem, este equipamento é mais que um sistema móvel. Motorizado e movido a baterias, permite a realização de exames em pacientes impossibilitados de se deslocar até a sala de raios X. www.cdk.com.br l (11) 4055-1011 MAG Dynamic BT

Diafix HF

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EQUIPAMENTOS DE RAIOS-X

Mascote Dynamic DT

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Tratamento

Medicina Integrativa: terapias complementares ajudam a tratar o câncer O câncer começa e termina nas pessoas, disse, certa vez, a cientista britânica June Goodfield. Para ela, em meio às abstrações científicas, essa verdade fundamental pode acabar sendo esquecida. “Médicos tratam doenças e também pessoas e esta precondição de existência profissional, por vezes, a empurra em duas direções ao mesmo tempo”. Goodfield está certa, assim como estavam chineses, indianos e tantos outros há séculos: é preciso olhar o todo. Ainda hoje o tratamento contra o câncer é muitas vezes difícil e, não obstante, é preciso tratar a doença e também as pessoas de uma forma global, fortalecendo-as física, mental e, por que não, espiritualmente, para que estejam prontas para encarar a doença. Não é por acaso que, cada vez mais, em centros oncológicos existem áreas reservadas para tratamentos como reike, acupuntura, musicoterapia, yoga, suporte emocional, psicologia e tantos outros tratamentos bem ao lado das salas com equipamentos de alta-precisão. Isso porque cuidar do paciente com câncer é mais que um tratamento multifuncional, ele deve ser integrativo. “A medicina integrativa não é uma especialidade médica, é uma forma de exercer a medicina. Um olhar que entende que a pessoa que está doente tem um conjunto de sintomas físicos e emocionais. Tem também o contexto familiar em que ela vive, a casa, o trabalho. E para que a gente tenha sucesso no tratamento é preciso abordar o paciente como um todo”, diz Regina Chamon, hematologista e médica especializada em medicina integrativa do Centro Paulista de Oncologia (CPO).

Chamadas antes de alternativas, as terapias complementares são cada vez mais estudadas na oncologia e na medicina em geral. Tanto que hoje sabe-se que é de extrema importância que o paciente se sinta mais ativo, mesmo durante o tratamento. Com os grupos, eles percebem que mesmo com a doença, eles podem encontrar momentos de saúde e tomar as rédeas do tratamento. A lógica é que quando se estimula uma resposta de relaxamento, imediatamente há queda de adrenalina. Quando isso acontece há aumento de imunidade, fazendo com que a incidência da infecção seja menor, melhorando a alimentação, o sono e o humor. Maria Lúcia Martins Batista, oncologista do NOB, em Salvador, conta sobre a área para o cultivo de um jardim existente na clínica. Lá pacientes podem conviver, trocar experiências e refletir enquanto fazem o tratamento. “Sou oncologista há mais de 30 anos e percebi que é preciso tratar o paciente como um todo. Focar na doença e em seus efeitos colaterais é algo sistemático demais. É preciso focar em como o paciente poderá se fortalecer para enfrentar a doença, pois eu acredito que a doença e a cura estão dentro das pessoas. E quem pode alavancar isso? O médico. Mas para isso é preciso uma troca, uma convivência para conhecer a força e a fraqueza de cada paciente”, diz a Dra. Maria Lúcia. Ela explica que a grande maioria dos estudos sobre medicina integrativa mostra uma resposta muito boa no controle da ansiedade, estresse, modulação da dor, distúrbios do humor e do sono. São ferramentas que permitem que a pessoa olhe para si, passo importante para a qualidade de vida, principalmente durante um tratamento. Isso porque, muitos pacientes subestimam quão dramaticamente o câncer pode afetá-los, seja do ponto físico ou emocional. Vale lembrar que o cuidado integrativo tem duas camadas. Em primeiro lugar, os tratamentos convencionais atacam a doença em si. Ao mesmo tempo, as terapias baseadas em provas científicas ajudam a combater os efeitos colaterais relacionados ao câncer. Os dois juntos devem ser oferecidos simultaneamente por uma equipe colaborativa de clínicos. “Uma abordagem não exclui a outra. A medicina vem para somar. Se eu não olhar o que está por trás da dor eu vou sempre tomar um remédio. A gente fala muito em sustentabilidade, precisamos falar também da sustentabilidade da saúde e é aí que entra a medicina integrativa, de se cuidar. A gente está sempre olhando para fora e são poucos os momentos que olhamos para dentro”, finaliza a Dra. Regina.

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As consultas de medicina integrativa duram em média uma hora e são abordados a história pessoal do paciente e como a doença está impactando a vida dele. “Além disso, trabalhamos alimentação, atividade física, fadiga, sono e também alteração do humor. Só depois de seguir esse caminho é que criamos um plano de autocuidado. Assim, conseguimos lançar mão das terapias complementares”, explica a Dra. Regina. Segundo ela, muitas dessas práticas estão associadas ao relaxamento, que é exatamente a outra

ponta da ansiedade muito comum durante um tratamento de câncer.

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Administração

Sistema de gestão e self storage permitem organizar documentação Hospitais têm muita documentação: de sustentabilidade, segurança, regularização e imobiliária, entre outras. Para favorecer o funcionamento das atividades administrativas, é importante que as instituições contem com um sistema de gestão documental eficiente. “O uso de ferramentas pessoais para lembretes acaba sendo falho e, quando há mudanças na equipe gestora, pode-se perder muitas informações fundamentais se não há um processo automatizado. O sistema de gestão ajuda a aumentar a produtividade e mitigar erros, pois organiza as informações e envia avisos, evitando a perda de prazos. Ele permite armazenar o histórico dos documentos mesmo com múltiplos usuários envolvidos”, explica Ingrid Polini, sócia-diretora de operações da SafetyDocs. O sistema possibilita ao hospital ter controle total da documentação e visão macro de tudo que está acontecendo em suas filiais/unidades de negócio. Segundo Ingrid, também ajuda a estabelecer metas e a controlar eventuais problemas, pois oferece visão estratégica dos riscos envolvidos. Esse gerenciamento é importante, primeiramente, pela diminuição de custos. “Além disso, um hospital tem muitas licenças, que podem gerar multas absurdas ou até lacração do imóvel se estiverem irregulares, bem como suspensão parcial ou total das atividades, no caso de irregularidades, afetando os pacientes”, explica. Com o sistema de gestão, a instituição pode visualizar quais riscos está tomando em cada operação/atividade desenvolvida, diminuindo risco de multas, de fiscalização, de lacração de imóvel e de perda de informação por troca de pessoal. Ingrid conta que um sistema eficiente também traz benefícios e maior segurança a todos os colaboradores. “Os prestadores de serviço de licenças e afins farão ‘upload’ de suas informações no sistema, assim todos os dados ficam integrados, e a equipe interna consegue ter controle do que está sendo feito”, descreve. A sócia-diretora de operações da SafetyDocs diz que quando implantado o sistema, mesmo que a gestão seja eficiente, alguns “gaps” acabam aparecendo no levantamento, o que

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Ingrid Polini, sóciadiretora de operações da SafetyDocs

permite minimizar eventuais erros humanos através da antecipação de possíveis problemas, inclusive de operação. Segundo ela, um sistema de documentação em nuvem tem vantagem em especial para hospitais, pois mitiga os custos com infraestrutura, pessoal na área de TI, manutenção de sistema e infraestrutura, bem como oferece acesso imediato às informações, inclusive a partir de dispositivos móveis, como tablets e smartphones. ARMAZENAGEM Quando se fala em documentos, também vem a pergunta: como armazená-los com segurança? Vinte anos é o tempo mínimo que a Resolução nº 1.821 do Conselho Federal de Medicina estipula para a preservação dos prontuários dos pacientes em papel que não foram arquivados eletronicamente. Os laudos médicos devem ser armazenados por cinco anos, de acordo com o Regulamento Técnico para funcionamento de Laboratórios Clínicos, emitido pela Anvisa, em 2005, na Resolução RDC/Anvisa nº 302. Buscando uma saída para a grande quantidade de documentos que precisam ser arquivados, o CTTB – Centro de Tratamento de Tumores Botafogo, no Rio de Janeiro, adotou o self storage, solução em que uma empresa oferece espaços seguros para pessoas físicas e outras companhias guardarem o que precisam. A assistente administrativa do CTTB, Marilene Oliveira, explica que a unidade teve uma sala desativada recentemente e precisou recorrer à solução. A Guarde Perto, de Botafogo, foi a escolhida. “Além da praticidade, a solução nos ajuda muito pela proximidade com o escritório”, afirma. Para o cirurgião vascular Paulo César de Araújo Leno, que já utiliza os boxes da Guarde Perto para armazenar itens pessoais há dois anos, a solução é ideal para médicos com uma média de 30 anos de profissão. “Esse perfil costuma ter um acúmulo enorme de fichas e dados dos pacientes, como exames, radiografias e lâminas (especialmente no caso de Ginecologia). Este volume de material, para um consultório pequeno, é bem complicado”, conta o profissional. Além de videomonitoramento 24 horas e seguro dos produtos guardados, a Guarde Perto oferece acesso através de leitura biométrica, o que amplia a segurança do local. Outro diferencial é o espaço de coworking, equipado com estrutura de escritório: sala para reuniões, acesso à internet, telefone, fotocópia, banheiro e cozinha, possibilitando apresentações e fechamento de negócios ou treinamento de equipes.

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Mobilidade

Estudo mostra aumento do uso de tecnologias móveis em hospitais A adoção de soluções de mobilidade em hospitais de terapia intensiva está em franco crescimento, como mostra o Futuro da Saúde: 2022 – Estudo Hospitalar, realizado pela Zebra Technologies. A pesquisa aponta o aumento do uso de dispositivos móveis em hospitais, como laptops, tablets, scanners de código de barras sem fio e impressoras portáteis. Para 72% dos entrevistados, esses equipamentos melhoram a qualidade dos serviços prestados ao proporcionar informações básicas no leito do paciente. Isso diminui a probabilidade de erros e também a burocracia, aumentando o tempo de contato entre o médico e as pessoas atendidas. Os benefícios das soluções móveis para os cuidados com a saúde impulsionam sua adoção em todos os níveis de atendimento. Quase todos os hospitais participantes do estudo planejam adotar dispositivos móveis perto dos pacientes, seja por enfermeiros (97%) ou por médicos (98%), até 2022. Além disso, mostraram interesse em, no futuro, estender o uso a outros profissionais da cadeia de cuidados, incluindo farmacêuticos, radiologistas, técnicos de laboratório e responsáveis pelo transporte de pacientes. Faz todo o sentido, já que, ainda segundo o estudo, oito entre dez dos pacientes entrevistados sentem-se mais seguros em relação ao tratamento graças a essas ferramentas. “Soluções móveis de saúde são uma tendência poderosa e altamente transformadora. Elas impactam de maneira significativa a qualidade do atendimento aos pacientes em todo o mundo”, afirma Chris Sullivan, líder da área de Global Healthcare da Zebra. O grande número de enfermeiros e gerentes de TI que responderam à nossa pesquisa para dizer o quanto seu trabalho tem melhorado com a mobilidade aponta uma tendência clara para a maior adoção de soluções móveis no setor de saúde. “O fato de que os próprios pacientes se sentem motivados e entusiasmados com a mobilidade mostra que, para eles, há uma relação forte entre a adoção dessas tecnologias e o nível de atendimento.” A empresa acredita que as soluções móveis para a saúde são essenciais para que a indústria seja mais eficiente e eficaz, ao mesmo tempo em que permitem aos profissionais ter os melhores meios para ajudar as pessoas. APLICATIVOS De acordo com a pesquisa, novos aplicativos de sistemas de localização em tempo real (RTLS) estão evoluindo rapidamente, oferecendo:

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• Rendimento Acompanhamento de pacientes – da admissão à alta. Para um hospital de 275 leitos, redução da duração da permanência em quatro horas é equivalente ao aumento de capacidade física em 10 leitos. • Segurança dos pacientes O monitoramento de etiquetas em pulseira de bebê ou na bata de um paciente geriátrico ajuda a garantir que apenas pacientes com alta tenham acesso à saída.

• Ativos O rastreamento de ativos como bombas de infusão, monitores cardíacos e cadeiras de rodas para que estejam prontamente disponíveis quando são necessários. • Localização da equipe A identificação da localização física de um membro da equipe quando ele é necessário fortalece a coordenação do atendimento ao paciente e aumenta a colaboração da equipe. CONCLUSÕES As principais conclusões originadas do estudo são: • As soluções de mobilidade no setor da saúde estão se tornando rapidamente um padrão global para o atendimento ao paciente. O Futuro da Saúde: 2022 - Estudo Hospitalar estima o aumento no uso de soluções móveis em todas as disciplinas de atendimento hospitalar nos próximos cinco anos. Esse crescimento inclui áreas nas quais a mobilidade já é amplamente utilizada (enfermeiras da cama aumentarão o seu uso de 65% para 95%), bem como outros atores da saúde, como farmacêuticos e técnicos (de 42% para 96%), técnicos de laboratório (de 52% para 96%) e enfermeiros de cuidados intensivos (de 38% para 93%). • O estudo destaca a redução de erros evitáveis como benefício fundamental. Os chefes de enfermagem entrevistados e os responsáveis pelas tomadas de decisão em TI esperam que soluções de mobilidade no setor diminuam erros na administração de medicamentos (61%) e rotulagem de amostras (52%). • As tecnologias de mobilidade permitem que a equipe da clínica passe mais tempo com o paciente. Em 2022, espera-se que 91% dos enfermeiros tenham acesso a registros médicos eletrônicos (EHR, por suas iniciais em inglês), bancos de dados de medicamentos (92%) e resultados de laboratório (88%) por meio de dispositivos móveis. Isso tende a reduzir burocracias e aumentar o tempo gasto por esses profissionais com pacientes. • Espera-se melhoria na comunicação devido ao aumento da adoção de tecnologia móvel para a saúde. Sete de cada dez chefes de enfermagem pesquisados acreditam que, com soluções de mobilidade, é possível melhorar a comunicação e a colaboração entre membros da equipe, bem como o atendimento ao paciente. Além disso, 64% dos tomadores de decisão na área de TI identificaram a comunicação entre o médico e os enfermeiros como um importante foco de melhoria. • As soluções de mobilidade serão aprimoradas com informações de localização em tempo real, agilizando os fluxos de trabalho. Essas tecnologias ajudarão

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• Os pacientes estão conscientes dos benefícios das soluções móveis para a saúde e participam ativamente da prestação de seus cuidados médicos. A maioria dos pacientes entrevistados (77%) expressa opinião positiva sobre o uso de tecnologias móveis para melhorar a qualidade do atendimento.

• Espera-se um fluxo de dados melhorado, integrado através da tecnologia móvel, e também que se otimize a detecção e a notificação de condições que ameaçam a vida. Em 2022, segundo 98% dos tomadores de decisão em TI entrevistados, haverá ferramentas avançadas de análises preditivas e notificações de condições potencialmente mortais, como septicemia ou infecção adquirida por hospitalização. Eles acreditam que esses dados sensíveis serão enviados aos dispositivos móveis dos médicos.

METODOLOGIA A Zebra realizou três estudos globais para compreender melhor o papel da tecnologia em hospitais de terapia intensiva. As pesquisas, feitas em 2017 juntamente com os parceiros Research Now e Lucid, ouviram enfermeiros-chefe, tomadores de decisão de TI e pacientes recentemente hospitalizados. O estudo resume os comentários de mais de 1.500 entrevistados nos Estados Unidos, Brasil, China, Reino Unido, Arábia Saudita, Kuwait, Qatar e Emirados Árabes Unidos.

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profissionais a localizar facilmente equipamentos, suprimentos e produtos farmacêuticos, além de pacientes e outros membros da equipe. Essa visibilidade permitirá que a administração aumente a disponibilidade de camas, otimize os fluxos de pessoal e melhore a segurança.

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Humanização em nova maternidade

O Hospital da Luz, de São Paulo (SP), inaugura sua nova maternidade, o que permitirá duplicar o número de nascimentos e atender o crescente aumento da demanda por partos humanizados. Hoje, a instituição realiza 250 partos por mês e observou um crescimento de 77% no número de nascimentos pelo método natural desde 2015, quando passou a integrar o programa Parto Adequado. Com mais de 2.000 m², a área oferecerá assistência materno-infantil para gestantes e bebês em qualquer condição clínica, incluindo alta complexidade. O espaço passa a funcionar em um prédio anexo e possui quatro salas de parto, sendo duas para nascimento humanizado; três salas de pronto-socorro obstétrico; três consultórios; um lactário; e 24 leitos de UTI neonatal. Outras novidades são um jardim de inverno para caminhadas durante o trabalho de parto e uma sala para ioga, além de recursos como banheira, aromaterapia e cromoterapia nos apartamentos individuais. Já os familiares terão à disposição o Cine Baby, com transmissão do parto, ao vivo.

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Congresso de Desenvolvimento Profissional em Enfermagem

Em 3 e 4 de abril, no Transamerica Expo Center, em São Paulo (SP), o CONDEPE 2018 passará a limpo a prática da enfermagem, visando qualificar a assistência, melhorar a performance/resultados de instituições de saúde, além de gerar negócios importantes para as empresas participantes. Dirigido especialmente a enfermeiros, técnicos e auxiliares, apresentará conhecimento científico e também lidará de forma prática com áreas diversas, como atendimento básico ao paciente neonatal, assistência domiciliar, cuidado aos doentes críticos e em grave estado, urgência e emergência, terapia nutricional e intensiva, feridas e estomas, traumas, estética, saúde e enfermagem forense. Informações: www.condepe2018.com.br.

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Pacientes participam de bloquinho no Carnaval

Para levar um pouco de alegria às crianças internadas na ala de pediatria do Hospital Universitário de Jundiaí (SP), colaboradores se reuniram para realizar um bloquinho carnavalesco. O grupo percorreu corredores e leitos, entregando adereços e interagindo com os pacientes. “É animado, leva alegria para as pessoas que muitas vezes estão para baixo”, diz Maria Amélia Nascimento, avó de Isabela, de dois anos, que aguardava atendimento. “A gente não pode deixar a tristeza tomar conta, são ações como esta que fazem a gente rir um pouco e viver mais”, conta. Os colaboradores também decoraram a brinquedoteca. Assim, apesar de internados, os pacientes puderam se distrair com máscaras, chapéus, colares e outros acessórios.

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Investimento em cuidados pediátricos

Referência em pediatria, prestando atendimento de urgência e emergência a crianças e adolescentes de 0 a 14 anos, o Hospital Maria Alice Fernandes, em Natal (RN), acaba de inaugurar uma enfermaria neonatal com oito leitos, além de prever reformas no lactário, enfermarias e almoxarifado, e um novo espaço para o Classe Hospitalar, projeto de apoio educacional às crianças internadas. O Governo do Rio Grande do Norte, através da Secretaria de Estado da Saúde Pública, está investindo cerca de R$ 700 mil na modernização da unidade, que disponibiliza serviços de cirurgia pediátrica, atendimento de pronto-socorro e cuidados prolongados, além de atuar na área de ensino com resolutividade, ética e humanização. A Unidade de Dependentes de Ventilação Mecânica, que antes possuía sete leitos, passou a ser Unidade de Cuidados Prolongados, com 10 leitos, recebendo pacientes de longa permanência. O hospital conta com uma equipe multidisciplinar de 595 profissionais nas clínicas pediátricas e cirúrgicas, com mais de mil atendimentos por mês. Possui 39 leitos clínicos, 19 cirúrgicos, 10 UCP, dois leitos de estabilização e 11 de observação, além de duas salas no Centro Cirúrgico para cirurgias eletivas e de urgência.

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A Philips e a American Well™, fornecedora americana de telemedicina que conecta consumidores a profissionais através de consultas por vídeo, anunciam uma parceria estratégica para fornecer soluções de cuidados virtuais ao redor do mundo. As empresas trabalharão em conjunto para incorporar serviços de telemedicina da American Well a uma gama de soluções da Philips para consumidores saudáveis e pacientes com necessidades médicas, abrangendo programas clínicos, de bem-estar e saúde pessoal e gestão de saúde populacional. Um primeiro exemplo é o aplicativo de controle parental uGrow da Philips que, em breve, incluirá serviços de telemedicina oferecidos pela American Well. Feito para ajudar os pais a monitorar o desenvolvimento do seu bebê, o uGrow se conecta sem fio a um ecossistema de dispositivos. Um recurso importante é o compartilhamento de dados entre pais e profissionais da saúde, bem como o envio de orientações personalizadas. Ao conectar os consumidores diretamente aos médicos, a American Well oferece uma conexão de vídeo segura, sob demanda e em tempo real com um profissional da saúde on-line ou pelo celular, 24 horas por dia, sete dias por semana.

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Parceria global em Telemedicina

Aplicativo mede batimentos cardíacos

O Heart Care mede de forma rápida, prática e segura a frequência cardíaca e traz entre suas funcionalidades agendamento de medicamentos, horário e local de exames, mapa com hospitais e farmácias próximas, além de oferecer uma seção com conteúdos sobre saúde, alimentação e bem-estar. Para medir os batimentos cardíacos em segundos, basta cobrir com o dedo a câmera traseira e a luz do flash do celular. Os resultados são armazenados e guardados em um histórico, que mostra de forma simples, como em uma linha do tempo, todas as medições passadas. Após realizar a medição é possível informar como está se sentindo e o que estava fazendo de forma intuitiva. Na página inicial também é possível solicitar ambulância e ter acesso a informações de primeiros socorros. O Heart Care utiliza o poder da computação cognitiva, trazendo inteligência através de sua parceria global com IBM Watson, e também recebeu incentivo do Ministério da Saúde, ABIIS e do Grupo Angiocardio. Já disponível para dispositivos iOS, o aplicativo também deverá poder ser baixado em Android ainda este ano. Informações: heartcare.life/app/pr.

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Pronto Atendimento Pediátrico

O Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo (SP), abre para o público seu novo Pronto Atendimento Pediátrico e, com isso, dobrará a capacidade de atendimento de crianças de 0 a 14 anos e 11 meses. A ampliação permitirá atender até 2.700 pacientes por mês. Com a expansão, o espaço passa dos atuais 150 m² para 600 m², dobrando a quantidade de boxes e consultórios de atendimento. Com investimentos de R$ 6 milhões, o novo Pronto Atendimento Pediátrico funciona 24 horas por dia, sete dias por semana, e conta com um corpo clínico formado por 25 pediatras, com equipes de retaguarda em diversas áreas de especialidades, como alergiaimunologia, pneumologia e onco-hematologia, entre outras, além de dispor de toda a estrutura do Hospital Sírio-Libanês para atender desde casos simples até de alta complexidade.

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Programa de cirurgia robótica

O BP Mirante, unidade hospitalar da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo, acaba de adquirir o robô da Vinci Xi® Surgical System, última geração do equipamento destinado à realização de intervenções cirúrgicas minimamente invasivas. Além do robô completo com todos os acessórios, como recursos de fluorescência, seladores de vasos e grampeadores, a sala de robótica contará com mesa cirúrgica móvel, equipamento de ultrassonografia 3D com probe para cirurgia robótica e sistema de armazenamento e roteamento OR1™, que permite o compartilhamento de imagens em tempo real para análise e suporte de outros especialistas. Além disso, a instituição implantará um programa inovador em cirurgia robótica. “O programa prevê a participação de dois profissionais que se complementam. O cirurgião principal que realizará o procedimento e outro que, por dominar o potencial tecnológico do robô, atuará como suporte para que seja tomada a melhor decisão na hora de executar um movimento ou uma técnica específica”, explica o coordenador Ricardo Zugaib Abdalla. Inicialmente disponível para procedimentos ginecológicos, de aparelho digestivo e urológicos com ênfase no tratamento de câncer de próstata, já há um planejamento para ampliar a oferta para outras especialidades.

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Pequenas doses

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Futuro da liderança e gestão na saúde

A 2ª edição da SAHE South America Health Exhibition acontece de 13 a 15 de março, no Centro de Eventos Pro Magno, em São Paulo (SP), trazendo os principais nomes da gestão na atualidade, discutindo o futuro da liderança na saúde, e apresentando conceitos, cases, ferramentas e soluções para os mais variados cenários e desafios. A SAHE realiza paralelamente à feira diversos congressos especializados, formados por comitês científicos presididos por importantes nomes do setor. Já o congresso “Hospital Conectado” traz debates e palestras sobre os avanços nacionais e mundiais da tecnologia na saúde. Entre os assuntos abordados estão questões relacionadas à integração, padronização, experiência do usuário, IoT, Big Data, segurança, mobile Health e telemedicina. Informações: www.sahe.com.br.

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Atenção Primária em Ipatinga

Ampliando a assistência e a prestação de serviços para os beneficiários da região do Vale do Aço, a Fundação São Francisco Xavier e a operadora Usisaúde inauguram mais um local para atendimento do programa Usifamília. Localizada na av. Selim José de Sales 1084, bairro Canaã, em Ipatinga (MG), a nova unidade oferta consultas clínicas, ginecológicas e acompanhamento de pré-natal, além de procedimentos como citologia oncótica, colposcopia e lavagem otológica. Com capacidade para atender mensalmente até 30 mil vidas e realizar 7.700 consultas, possui área construída de 614,9 m², com 15 consultórios - dois deles pediátricos - e uma sala de medicações. Conta também com auditório onde serão realizados encontros dos grupos da promoção da saúde e duas salas administrativas. Foram investidos no projeto R$ 920 mil em equipamentos e adequação da infraestrutura, que agora emprega 67 profissionais. Integram a equipe médicos generalistas, pediatras, ginecologistas/obstetras, além de profissionais multidisciplinares como farmacêuticos, nutricionistas, enfermeiros e técnicos de enfermagem.

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Renova Saúde no Piauí: investimentos para modernização

O programa Renova Saúde, da Secretaria de Estado da Saúde, chega a Parnaíba (PI) com mais de R$ 1,6 milhões em investimentos para a modernização do Hospital Estadual Dirceu Arcoverde (HEDA), com a entrega de 86 equipamentos. O programa tem como objetivo modernizar o parque tecnológico da rede hospitalar estadual, além de garantir melhorias na qualificação da assistência e ampliação de acesso aos serviços de saúde para a população. Os recursos são oriundos do Tesouro Estadual. Com mais de R$ 12 milhões investidos em sua primeira etapa, a ação vai equipar os hospitais públicos do interior do estado com instrumentos de ponta, facilitando o acesso a cirurgias mais modernas.

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Bolsa leva exames, sonhos e realizações

A estilista Isabela Capeto desenhou estampa exclusiva para uma bolsa dada durante os meses de fevereiro e março a quem realiza exames de imagem no Hospital Fundação do Câncer, no Rio de Janeiro (RJ). A ação é um desdobramento da campanha para o Dia Mundial do Câncer, em 4 de fevereiro. “A ideia da parceria surgiu pela própria experiência que a maioria das mulheres já teve ao receber um laudo médico. O medo, a ansiedade e algumas vezes um resultado que implica em tratamento oncológico nos deixa, muitas vezes, sem condições de acreditar na possibilidade de cura”, explica Suely Guimarães, gerente de Comunicação e Marketing. A estampa da bolsa é supercolorida, com elementos florais que remetem à esperança. Em primeiro momento usada para levar os exames, a bolsa também pode ser útil ir à praia ou à ginástica.

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Ambulatórios de especialidades clínicas

O Hospital Dona Helena, de Joinville (SC), inaugura oficialmente os ambulatórios de especialidades clínicas do Centro Clínico Dona Helena. Distribuídas no sétimo e no décimo andar, são 12 novas especialidades atendidas: nefrologia, dermatologia, pneumologia, pediatria, clínica médica, endocrinologia, cardiologia, cirurgia bucomaxilo facial, cirurgia geral, angiologia e cirurgia vascular, cirurgia pediátrica e cuidados paliativos. O objetivo é prestar atendimento integrado aos pacientes, além de proporcionar agilidade e conforto, já que a instituição também realiza todos os exames complementares em um só lugar.

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Caso clínico

Nutrologia auxilia na assistência ao paciente com câncer O acompanhamento do estado nutricional do paciente e a compreensão da fisiopatologia das doenças diretamente relacionadas aos nutrientes permitem ao nutrólogo atuar no diagnóstico, prevenção e tratamento. De acordo com a Dra. Mariana Hollanda, nutróloga e coordenadora da Equipe Multidisciplinar de Terapia Nutricional (EMTN) do IBCC – Instituto Brasileiro de Controle do Câncer, em São Paulo/SP, seu trabalho tem como objetivo oferecer a melhora da qualidade de vida do paciente que, muitas vezes, requer um enfoque individualizado. “Durante o período de tratamento, orientamos e fazemos intervenções em conjunto com a EMTN para que o paciente mantenha o melhor estado nutricional possível, a partir da adequação da dieta e do controle de sintomas”, afirma. Em relação a pacientes com câncer, segundo a médica nutróloga Dra. Letícia Fontes, que também atende no IBCC em conjunto com a equipe multidisciplinar, a atuação do nutrólogo na oncologia é extremamente importante, pois esses pacientes têm uma demanda metabólica aumentada, porém, geralmente têm redução do apetite. “Ou ainda, alteração do paladar, além de efeitos colaterais ao tratamento, como náuseas e vômitos, que contribuem para uma perda de peso acentuada”, explica. Em casos complexos e para os pacientes de UTI que não apresentam condições para uma dieta por via oral completa, a nutrição é realizada por meio de sondas (enteral) ou via endovenosa (parenteral). “Esse cuidado viabiliza um estado nutricional satisfatório, contribuindo para a realização de tratamentos cirúrgicos, quimioterapia e radioterapia”, salienta a Dra. Mariana. Na PráTICa O paciente M., 20 anos, sem histórico prévio de doenças, foi diagnosticado com leucemia e não teve boa resposta ao tratamento de quimioterapia ambulatorial, então precisou ser internado para realizar um transplante de medula óssea. até então era uma pessoa ativa, estudava e nunca teve dificuldade em se alimentar. Já na primeira semana após o transplante, evoluiu com quadro de mucosite grave, sentia dor ao deglutir e não conseguia ingerir alimentos, líquidos, nem sequer a própria saliva. Sentia-se fraco e assustado por não conseguir se alimentar. Devido ao risco nutricional, ele estava sendo acompanhado pela Nutrologia, o que permitiu traçar uma conduta rapidamente e iniciar a nutrição parenteral, uma vez que a alimentação por boca ou até mesmo por sondas era inviável. a evolução foi positiva, o transplante foi um sucesso e, com a melhora do quadro de mucosite, foi possível reintroduzir a alimentação oral para que o paciente pudesse ter alta hospitalar se alimentando normalmente.

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Gente que faz

FLORENTINO CARDOSO

Dedicação ao próximo reconhecida mundialmente Por Carol Gonçalves Cirurgião geral e oncológico, Dr. Florentino Cardoso é figura marcante no setor. Formado pela Universidade Federal do Ceará, tem residência médica em cirurgias geral e oncológica. Concluiu mestrado em cirurgia pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará, é especialista em Economia da Saúde pela Universidade Estadual do Ceará e em Capacitação Gerencial de Dirigentes Hospitalares pelo Instituto de Administração Hospitalar e Ciências da Saúde, do Rio Grande do Sul. Foi superintendente dos Hospitais Universitários da Universidade Federal do Ceará e cirurgião do Hospital Geral de Fortaleza, instituição da qual foi diretor geral de 2003 a 2006. Destacou-se como presidente da AMB – Associação Médica Brasileira, cargo que exerceu de 2011 a 2017. É presidente da Confemel – Confederação Médica LatinaÍbero-Americana e do Caribe e vice-presidente do Setor II do Colégio Brasileiro de Cirurgiões. Recentemente, pela sua contribuição na cirurgia oncológica, recebeu a honraria da Gusi Peace Prize Foundation, em Manila, Filipinas, que é a principal instituição humanitária, de caridade e respeito pela vida e dignidade humana da Ásia. Nesta entrevista exclusiva, entre outros assuntos, Dr. Florentino analisa o setor da saúde no Brasil, comenta seus planos para o futuro e envia uma mensagem aos novos médicos. Fale sobre o recebimento do Gusi Peace Prize e a que você credita essa conquista. O Gusi Peace Prize, que tem grande prestígio mundial, especialmente na Ásia, reconhece personalidades mundo afora, que se destacam em diferentes áreas, como a Medicina. Ele reconhece o trabalho médico focado no coletivo, observando evidências científicas, sem desviar-se da qualidade e da segurança do paciente, sempre atento aos resultados, desfechos e outcomes. Para mim foi uma grande honra e um enorme orgulho ser agraciado com o prêmio em 2017. Credito essa conquista ao reconhecimento do trabalho realizado pelo nosso grupo à frente da AMB, que deu à entidade mais prestígio, visibilidade e fortaleza.

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Em sua opinião, como a humanização vem sido trabalhada nos hospitais brasileiros? Ações de humanização ocorrem sempre, embora precisemos falar disso continuamente, para que os profissionais de saúde entendam sua importância e não a deixem naufragar na correria, na tecnologia e na ignorância. O médico deve sempre ter em mente que o paciente é o mais importante, pois em prol de fazer o melhor devemos nos dedicar com afinco na busca de conhecimentos, termos disponibilidade e gostar muito do que fazemos. Como a tecnologia melhorou ou piorou as ações de humanização nos hospitais? A tecnologia ajuda na humanização, quando bem utilizada, para que ofereçamos o que tem de melhor aos nossos queridos pacientes. Algumas premissas são importantes: nem tudo que é novo é bom; existem pesquisas boas, ruins e que atrapalham; devemos sempre avaliar riscobenefício; a nova tecnologia é efetiva (funciona?), é eficaz (o quão bem?), é eficiente (a que custo?), tem equidade

(para quantos?). Somos chamados a conhecer, estudar, incorporar novas tecnologias o tempo todo e devemos ser criteriosos no que fazemos, inclusive incorporar novas tecnologias. Notadamente na Medicina, novas tecnologias significam altos custos. Isso num setor que já tem gastos crescentes e existem enormes dificuldades para seu adequado financiamento. Por que podemos dizer que o Brasil tem protagonismo mundial quando se fala em saúde e Medicina? O Brasil tem excelente Medicina, com reconhecimento internacional em várias especialidades médicas e áreas de atuação há muitos anos. O país possui faculdades de medicina de reconhecimento internacional, hospitais, médicos e muitos outros profissionais de saúde. Entretanto, temos medo do que vem acontecendo há alguns anos, com a indiscriminada e irresponsável abertura de novas faculdades de Medicina, sem o devido zelo para formar bons médicos. O país do “mais”, mas sem qualidade. Há escolas médicas demais – já são mais de trezentas –, formando cada vez pior. Os exemplos estão no mercado, comprovados através de diferentes avaliações. Se analisarmos o setor como um todo atualmente, podemos dizer que a saúde pública está caótica, com raras exceções. E que a saúde suplementar também vive crises, pois no seu tripé de sustentação – pacientes (usuários), prestadores (incluindo médicos) e operadoras de saúde – todos estão insatisfeitos. Repensar este sistema é urgente e necessário para termos sustentabilidade, focando na qualidade assistencial e na segurança dos nossos pacientes. Que ações urgentes são necessárias para melhorar a situação da saúde no país? A saúde no Brasil precisa urgentemente de melhorias na gestão e no financiamento. A gestão é amadora na maioria dos locais, sobressaindo-se em pioras no setor público, onde a maioria dos gestores é escolhida pelo critério politiqueiro, eleitoreiro, do compadrio, da amizade, sem preponderar o técnico, o mérito. Isso não pode dar certo. O privado também precisa melhorar com maior profissionalização. Como você avalia sua atuação de seis anos à frente da AMB? Nos últimos seis anos (2011-2017), nosso grupo esteve sempre unido, buscando fazer o melhor e olhando para ganhos coletivos. Acabou a época de trabalhar para o grupo, a patota, a corriola. Tivemos sorte de ter um time de pessoas bem-intencionadas, com experiências exitosas e pensando em fazer o melhor para todos, sempre. Deixamos a AMB melhor e mais forte do que encontramos e esperamos que nossos sucessores também procedam assim, porque precisamos de instituições fortes, que não se

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Quais atividades você vem desempenhando como presidente da Confemel? A Confemel congrega atualmente representações médicas de 21 países, incluindo o Brasil, que tem a AMB e o CFM – Conselho Federal de Medicina como fundadores. A entidade tem pautado temas relacionados à formação médica, incluindo graduação, pós-graduação, condições de trabalho do médico, autonomia do médico e respeito à dignidade dos pacientes, discutindo também assuntos como aborto, terminalidade da vida, vida do idoso, relações entre os países do grupo, regimes de governo, etc. A Confemel tem muito a contribuir com todos. Como é sua rotina atualmente? Minha rotina tem sido trabalhar sempre, estudar, aprender, ensinar (o pouco que sei) e buscar sentido para minha vida, fazendo o que é bom e aquilo que tem alcance e sentido, podendo beneficiar muitos. Peço sempre a Deus que me dê saúde, pois o restante ele já me dá demais. Deus tem sido muito generoso comigo, um filho de caboclo do sertão de Crateús, Ceará, casado e pai de três filhos, sendo uma médica de 23 anos, um estudante do quarto ano de medicina com 21 anos e uma linda adolescente de 16 anos, que diz que também fará Medicina.

ABIMO

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ANER

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Banho Fácil

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CDK

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Clean Medical

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Colortel

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CONDEPE 2018

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Dorja

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Ecco Brasil

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EFE

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Exxomed

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Fanem

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O que gosta de fazer nos seus momentos de lazer? Meu lazer tem sido procurar ficar cada vez mais perto da minha família, aproveitar nosso belo litoral cearense, olhando o mar de águas mornas na varanda de um apartamento, lendo Medicina e outros temas, buscando inspiração para a vida e, quem sabe, um dia escrever memórias. Tenho aprendido muito na vida, nas minhas andanças, nas inúmeras viagens, na conversa com os amigos, nas cirurgias, nas visitas aos pacientes e nas trocas de experiência com internos, residentes e colegas.

Health Móveis

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HIMSS@Hospitalar 2018

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Hospitalar 2018

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Hospitalar Facilities 2018

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Como sua vida profissional se relaciona com a pessoal? Tanto minha vida pessoal quanto a profissional estão bem unidas, pois tenho suporte e compreensão da minha família, embora reconheça que a sacrifico com minhas ausências. Talvez conforte-os saber que corro em busca de um futuro melhor para gerações vindouras.

JG Moriya

IBCC – Inst. Bras. de Controle do Câncer 7 Kolplast

2ª capa, 3 39, 51

Konex

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Quais seus planos para o futuro? Planejo trabalhar mais, aprender mais e buscar ajudar quem tanto precisa, especialmente pessoas mais pobres e carentes. Continuo médico na assistência, no ensino, na gestão e um curioso em relação a enxergar a pesquisa clínica. Que eu consiga ler mais e mais, e no futuro escrever um livro sobre o que vivi no mundo médico associativo.

Lafer

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Cite uma passagem marcante de sua trajetória profissional. Tenho inúmeras passagens marcantes na vida profissional, notadamente no reconhecimento pelos meus milhares de pacientes, muitos médicos e amigos. O futuro nos dirá mais, pois “a verdade é filha do tempo, não da autoridade”.

Promopress

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Protec

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Romed

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Samtronic

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Similar & Compatível

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Subamedic

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Transmai

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Traumec

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Que mensagem gostaria de deixar aos jovens médicos de hoje? Estudem muito, não tenham preguiça e gostem de gente, procurando colocar o paciente no centro da busca do fazer mais e melhor, acreditando no Brasil e lutando para que ocorram as transformações que precisamos, como no campo política, por exemplo. Envolvamo-nos nas lutas de ganhos coletivos, sem medo, com força e vontade. Podendo, participem das nossas entidades médicas, fortalecendo-as.

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curvem a interesses de poucos, nem a questões partidárias, eleitorais.

Anunciantes

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MD Connect Oxigel PegMais (Gets Café)

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Opinião

Conforto nos hospitais deve contemplar também o corpo clínico

Em 1974, Freudenberger deu o nome de burnout para a síndrome que atingia profissionais de forma física e emocional no ambiente de trabalho. Em sua pesquisa, percebeu que afetava principalmente aqueles que exerciam funções nas quais o contato com outras pessoas era intenso, com um nível de entrega muito grande. De lá para cá, muito se estudou sobre este tema em diversas perspectivas. Sabe-se que algumas profissões são mais vulneráveis a este fenômeno. Por exemplo, professores, agentes penitenciários, policiais, enfermeiros e médicos podem ser duramente acometidos pelo estresse e pelo burnout. São profissões normalmente caracterizadas por uma maior dedicação emocional e abnegação, que exigem atuação no limite do conforto físico e emocional. No caso dos médicos, muitos hospitais vêm atuando no sentido de prover maior conforto e hospitalidade àqueles que passam horas dentro de prontos-socorros, centros cirúrgicos ou em atendimento. E como oferecer isso a estes profissionais que muito se dedicam ao paciente e tanto afetam a marca e o branding do hospital em que atuam?

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No mundo corporativo já é comum encontrarmos empresas que oferecem espaços agradáveis, com uma decoração diferenciada, onde as pessoas podem fazer uma pausa e retomar o fôlego. Com isso, se objetiva gerar aumento de produtividade e até reduzir conflitos entre profissionais. Hoje já não é incomum encontrar, até em escritórios, as famosas salas de descompressão. Neste espaço, é possível passar um tempo e relaxar para retornar ao trabalho revigorado. Frutas, jogos e internet fazem parte do menu destas salas.

Quando o conforto médico surgiu em hospitais, o local se resumia a uma sala com sofá, televisão, micro-ondas e frigobar com sanduíches. Ainda hoje temos hospitais em que quase nada foi feito neste sentido. Neles, as reclamações dos médicos são sempre em relação ao tamanho do espaço físico do local, entendendo que ele é insuficiente para o número de frequentadores. Outra reclamação recorrente é sobre a qualidade da comida, pois muitas vezes ela acaba chegando “amassada”, morna ou quase fria. Em hospitais que não se apropriaram de modelos mais arrojados, não é raro encontrar médicos que são obrigados a colocar a bandeja no colo para comerem sentados em um sofá, gerando um enorme desconforto. Já nos hospitais que repensaram estes serviços, podemos encontrar padrões de hotelaria exclusivos para este espaço, com restaurantes com cardápios especiais, serviços de massagem rápida, áreas de descanso reservadas e lanchonetes – muitas vezes atuando 24 horas. Algumas instituições possuem parceria com empresas que podem facilitar o dia a dia do corpo clínico, oferecendo serviços de lavanderia e motoboy, além de facilidades como correios, xerox, floriculturas, farmácias, despachante e, em alguns, até academias e espaço de manicure e pedicure. Os serviços não devem ser apenas oferecidos para os profissionais do centro cirúrgico e devem contemplar a equipe de atendimento clínico, que também passa por alto nível de pressão. Muitos disponibilizam profissionais do departamento de hotelaria para apoiar e facilitar a visualização de informações para temas como agendamento cirúrgico, liberação de guias, apoio com informações para preenchimento de prontuários, etc. Naturalmente, o bom ambiente e a existência destes serviços não são os únicos pontos para eliminar o estresse no trabalho, mas podem apoiar e ajudar os profissionais, além de fidelizá-los à instituição pelo alto nível de serviços prestados.

Nos grandes hospitais, há dentro do “conforto médico” espaços semelhantes, visando ajudar a equipe a encontrar não somente um espaço para relaxar, mas também serviços de alimentação, massagem e descanso, entre outros.

Por tudo isso, deve obrigatoriamente estar no radar do gestor de hotelaria e facilities dos hospitais a importância de contemplar o conforto médico em suas ações – oferecendo serviços de qualidade, desde a alimentação adequada, passando por promover o conforto da roupa privativa disponibilizada para uso em cirurgias até a gestão das instalações em que a equipe permanece durante o tempo em que atua nos hospitais.

A pesquisa “Conforto para Médicos atuantes em Centro Cirúrgico”, que tive o prazer de orientar na especialização em hotelaria, há alguns anos, realizada em hospitais privados brasileiros, revelou que, em média, 29% dos cirurgiões ficam até uma hora no hospital, 49% até três horas, 10% entre três e oito horas e 12% por mais de oito horas por dia. Segundo o estudo, eles dividem seu tempo diário entre atendimento em consultórios (muitas vezes dentro do prédio hospitalar), cirurgias e consultas préanestésicas (no caso de anestesiologistas) e até no próprio pronto-socorro.

Administrador de empresas, coordenador e professor do curso de especialização em Hotelaria Hospitalar do IIEPAE – Hospital Albert Einstein, Mestre em Planejamento em Gestão Ambiental pela Unibero, Mestre em Hospitalidade pela Universidade Anhembi Morumbi, sócio e consultor da Hospitallidade Consultoria. Autor de diversos livros, entre eles: “Liderança em 5 Atos” (co-autor), “Manual de Especialização em Hotelaria Hospitalar do Hospital Albert Einstein” (organizador) e “Hotelaria Hospitalar, Gestão em Hospitalidade e Humanização”.

Marcelo Boeger

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