Museu do Povo Brasileiro

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MPB


copyright © 2017 Paulo Vitor Cordeiro Amuy

Título Museu do Povo Brasileiro Texto e projeto gráfico Paulo Vitor Cordeiro Amuy Orientador Ivan Manoel Rezende do Valle Membros da banca Carolina Pescatori C. da Silva Frederico Flósculo P. Barreto


PAULO AMUY

museu do povo brasileiro BRASÍLIA

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO BRASÍLIA | 2017



Sumário

Apresentação 06 Introdução 08 Justificativa 10 Contextualização Histórica 12 Estado da Arte 20 Referências Projetuais 38 Legislação e Condicionantes do Sítio 48 Programa de Necessidades 52 Diretrizes Projetuais 54 Implantação 56 Desenhos Técnicos 60 Museografia 62 Detalhamento 68 Referências Bibliográficas 70


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Este plano de trabalho é instrumento que aborda de maneira sistêmica o projeto final de graduação do autor que produzirá o projeto básico para o Museu do Povo Brasileiro e a sua urbanização imediata, onde se encontra o parque Nelson Mandela na Orla do Lago Paranoá de Brasília, seguindo os Princípios e Elementos do termo de referência do concurso internacional Orla Livre nº 1/2016. Para consolidar o arcabouço teórico necessário do Museu do Povo Brasileiro, recorreu-se a diversos repertórios de obras arquitetônicas com programas de necessidades variados. A partir de tal conjuntura e diante do entendimento do tema procurou-se estabelecer um apunhado de legislações e diretrizes para basilar a elaboração do projeto final de graduação.

Página anterior Operários é um quadro pintado por Tarsila do Amaral que representa a diversidade étnica de pessoas que vieram trabalhar na recém formada indústria brasileira. Página anterior Croqui do Museu do Povo Brasileiro.

Apresentação

Procedimentos metodológicos


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Trabalho Final de Amuy Graduação & Valle


Museu do Povo Brasileiro

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Página anterior Imagem do projeto final de graduação do museu do Povo Brasileiro. 1 Reportagem publicada no site do Ibram Instituto brasileiro de museus. 2 Notícia no site do ministério da cultura. 3 Notícia do portal EBC (empresa brasileira de comunicação). 4 Reportagem do jornal Metrópoles. 5 Reportagem no site do plano nacional de cultura. 6 Notícia publicada no site do governo do Brasil. 7 Notícia no site do ministério da cultura.

Introdução

A intenção de se propor um museu no terreno próximo as margens do lago Paranóa data do início da segunda década de 2000, pelo diplomata, historiador e memorialista Alberto da Costa e Silva. O projeto para o Museu Nacional da Memória Afrodescendente (MNMAfro) fora elaborado pelo então consultor máster e pelo grupo de trabalho interdisciplinar e transversal, sob a coordenação da presidência da Fundação da Casa de Rui Barbosa, da Fundação Cultural Palmares, IBRAM e IPHAN1 . Em 29 de agosto de 2013 o ministério da cultura, naquela época presidida pela ministra Marta Suplicy nomeada pela presidente Dilma Rousseff, articulou para que se desse um passo para elaboração do projeto arquitetônico do MNMAfro via concurso nacional. Um ano depois a ministra se reúne com o então governador do DF, Agnelo Queiroz, oficializando a escolha do terreno as beiras do Lago Paranoá de perto da ponte Juscelino Kubitschek.

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Reportagem informativa do Ministério da Cultura. Fonte: http://www.cultura.gov.br/noticias-destaques/-/asset_publisher/OiKX3xlR9iTn/content/museu-nacional-da-memoria-afrodescendente/10883

Contextualização Temática

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Com a sinalização positiva de que a cessão do local fora aprovada pela diretoria da Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal (Terracap), o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) pode começar a desenvolver um edital para concurso internacional do museu. Porém o desgaste do governo e a saída da ministra do ministério da cultura adiaram por tempo indeterminado a criação do edital do concurso internacional de arquitetura para o museu. Ainda que o edital não tenha previsão para ser lançado, a área destinada ao museu despertou atenção novamente em 2016 quando um equívoco da Secretaria de Gestão do Território e Habitação (Segeth) mostrou em um de seus mapas a destinação incorreta para o terreno, atribuindo-lhe outro tipo de ocupação2 . A Segeth se retratou e o mapa da Luos (Lei de Uso e oupação do solo) foi retificado, destinando o local para uso institucional.

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Reportagem do jornal Metrópoles. Fonte: http://www.metropoles.com/distrito-federal/ meio-ambiente/moradores-do-lago-sul-brigam-por-construcao-de-parque-nelson-mandela

No termo de referência para outro concurso internacional (Orla Livre3 ) nº01/2016, o terreno para o MNMAFro aparece no mesmo terreno idealizado anteriormente pela outra proposta. Até o ano de 2014, muito havia se especulado sobre o museu. Porém atualmente percebe-se o pouco envolvimento com os projetos relativos ao MNMAfro, dada a descontinuidade e as crises políticas do governo sobretudo na pasta da cultura que esteve com 5 diferentes ministros até o primeiro semestre de 2017. Assim, o desenvolvimento de projetos arquitetônicos para o museu continua uma especulação, sendo a única certeza a utilização do sítio no Lago Sul como espaço de uso institucional4.

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Concurso que destina a revitalização da orla do Lago Paranoá, desobstruindo as áreas de preservação permanente.

Segundo informações do seguinte site: http:// www.geoportal.segeth.df.gov.br/luos/


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1 "Mestiço" é uma obra de Cândido Portinari. A obra de 1934 é um retrato do trabalhador brasileiro na lavoura de café. 2 Figura representativa do povo brasileiro em sua pluralidade fenóptica. 3 "Café" obra do ano de 1935 também de Portinari, demonstra a relação do povo brasileiro com o trabalho diário nas lavouras de café. 4 O negro, o índio e o branco elevando uma grande coluna foi a maneira que Neuza Fernandes encontrou para representar os brasileiros. 5 "Criança Morta" retrata a problemática dos imigrantes do nordeste brasileiro a procura de melhores condições de vida, porém sem sucesso. 6 "Independência ou Morte" de Pedro Américo,1888 foi um quadro encomendado pela família imperial para ressaltar o poder monárquico do recém instaurado Império do Brasil.

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Justificativa

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Inicialmente cogitou-se trabalhar com o conceito do MNMAfro, porém optou-se por abandonar a temática da cultura afrodescendente e preservou-se a ideia de trabalhar com o programa de necessidade de museus. Não que a ideia do museu afrodescendente fosse ruim, mas escolheu-se trabalhar com uma temática mais abrangente, que pudesse proporcionar um belo trabalho acadêmico. Assim, apoio-me nas seguintes justificativas para a mudança da temática. Já há um museu que trata da cultura afrodescendente no Brasil. Portanto, haveria grande possibilidade do autor deste trabalho retrabalhar uma ideia já desenvolvida e que não seria tão profícua quanto tratar outro tema mais intrigante ou envolvente. Além disso, a única certeza que há quanto ao terreno é o seu uso institucional, ficando livre ao autor a escolha do tipo de instituição a ser trabalhada.

Portanto neste trabalho final de graduação decidiu-se aproveitar toda a pesquisa anterior a cerca da temática afrodescendente brasileira, e incorporou-se: os sertanejos do Nordeste, caboclos da Amazônia, os crioulos do litoral, os caipiras do Sudoeste e Centro do país, os gaúchos das campanhas sulinas, além de ítalo-brasileiras, teuto-brasileiras, nipo-brasileiras1 e todas as demais etnias que diversificaram e diversificarão o Brasil. De tal modo que se decidiu trabalhar com a ideia de um museu para o povo brasileiro, o Museu do povo brasileiro (MPB). Assim, a temática desperta vários questionamentos, sendo talvez o maior deles: Como representar as qualidades infinitas de um povo diversificado como o brasileiro num espaço finito?

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Descrição dos brasileiros segundo Darcy Ribeiro em seu livro “O povo brasileiro”


Uma possível resposta para tal pergunta surge a partir de uma das interpretações da obra Monumento as três raças2, situada na praça cívica de Goiânia que o autor Roberto Conduru analisa em seu livro Arte afro-brasileira. Assim a obra é descrita da seguinte maneira:

“o mito da pátria em construção pelo labor coletivo das três etnias é representado pela soma de esforços masculinos que erguem uma coluna.” Mesmo que haja outras interpretações a cerca da obra e o próprio Conduru desenvolva sua crítica às desigualdades e dominâncias aparentes neste monumento, procurou-se evidenciar o caráter celebratório da união das etnias para a criação do mito da pátria. E a partir de tal pensamento resolveu-se presentear o transeunte do MPB com um espaço onde pudesse se sentir acolhido, onde valorizasse o aprendizado da cultura e onde permitisse qualquer tipo de manifestação artística.

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2   Escultura concretizada em 1966 por Neuza Fernandes.

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Aspira-se um local expositivo e um centro de referência e pesquisa voltado na divulgação da diversidade cultural brasileira e, em especial, zelando o patrimônio material e imaterial do povo brasileiro. Além disso, o museu deverá cumprir com desenvolvimento do capital cultural3 da sociedade brasileira, sobretudo valorizando o estudo e o uso de novas tecnologias digitais que corporificam valor patrimonial coletivo. Enfim, servindo como instrumento às políticas de turismo e lazer da civitas. Estimulando à atividade econômica, aspecto previsto no termo de referência do concurso internacional Orla Livre. Nada mais digno para a capital de um país. Um espaço convidativo e representante da pluralidade étnica e cultural do Brasil. Assim, o MPB não é apenas um local para salvaguardar objetos. Este transcende a função de museu e ambiciona materializar-se como um monumento para todo o povo brasileiro.

3   Termo concebido pelo sociólogo francês Pierre Bourdieu.

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1 Capa do ensaio "Forma e o programa dos grandes museus internacionais", de Neiva e Perrone disponível na internet. 2-13 Plantas de diversos museus internacionais examinadas sob a ótica dos autores do ensaio.

Contextualização Histórica

Para contextualizar o museu como obra arquitetônica recorreu-se a análise de Simone Neiva e Rafael Perrone “A forma e o programa dos grandes museus internacionais”, que explana sinteticamente em capítulos a história dos museus. Perpassando pelo “museion ao museu do século 19”, e aos “paradigmáticos museus modernos e contemporâneos”, títulos atribuídos pelos autores do estudo. O artigo permitiu abordar de maneira mais sintética os caminhos que se trilharam até a chegada da instituição museu nos moldes atuais. O primeiro capítulo “do museion ao museu do século 19” explana o museu como um local onde se reuniam objetos em galerias ou loggias de arquiteturas existentes como: palácios, casas de campo ou castelos. Só no final do século XVIII é que há uma mudança na noção de coleção para patrimônio, fazendo com que os bens expostos agora pertencessem a uma instituição pública que se assemelha aos museus atuais como espaço que expõe objetos. O livro Alegoria do patrimônio de Françoise Choay aborda com riqueza a problemática do patrimônio material

e imaterial como um instrumento de atração do público mundial. Os museus paradigmáticos da modernidade e da contemporaneidade trouxeram questões específicas ao programa de necessidades dos museus. Se antes os museus anteriores ao século 19 se resumiam ao ordenamento de salas expositivas, galerias, pátios e talvez uma biblioteca, atualmente o museu se torna muito mais complexo tanto no aspecto de programas de necessidades, quanto ao aspecto formal. Os museus paradigmáticos modernos e contemporâneos surgem com formas e tamanhos infinitos sendo possíveis graças ao desenvolvimento de novas tecnologias construtivas e dos materiais. Seus programas de necessidades se alteram para

Breve contextualização sobre museus

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atender ao novo público frequentador dos mais variados tipos cultura. Assim, os museus modernos contemporâneos tornam-se uma instância de atração turística, lazer e fomento da atividade econômica. Além disso, os museus devem cumprir com o “papel de inclusão social fundamental para o aprimoramento da democracia, da construção da identidade e do conhecimento e também como instrumento de inclusão social1 ”.

1   Segundo a Política Nacional de Museus.


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1 O livro "O povo brasileiro" de Darcy é um modo de compreensão do povo brasileiro em toda sua pluralidade. 2 Darçy Ribeiro antropólogo, político e escritor brasileiro. 3 Dom Pedro II sob vestes gaúchas, representando o Brasil gaúcho. 4 Caipira picando o fumo, obra de 1893 do pintor Almeida Junior. A representação do caipira brasileiro. 5 Foto de Lampião, Maria Bonita e os cangaceiros de seu bando, representando parte do povo sertanejo. 6 Foto tirada de um caboclo no trecho de um igarapé. 7 Capa do livro "A civilização do açúcar". A figura que se destaca na capa, representa um brasileiro crioulo que apoia em seu ombro caules de cana de açúcar.

Contextualização Histórica

O que os brasileiros têm de singular em relação aos portugueses? Para Darcy Ribeiro as qualidades oriundas das matrizes indígenas e africanas proporcionaram uma proporção particular que hoje se chama Brasil. A unidade étnica básica não signifca uniformidade, apesar de unidos por uma língua o povo brasileiro é uma sociedade pluralista. Segundo o sociólogo atuaram três forças diversifcadoras que influenciaram a conjuntura dos brasileiros e das brasileiras. A ecológica que fez surgir paisagens humanas distintas onde as condições de meio ambiente obrigaram a adaptações regionais. A econômica criou meios diferenciados de produção, que culminaram a especializações funcionais e a seus correspondentes gêneros de vida. E a imigração, que introduziu, novos contingentes humanos, onde se destacam os europeus, os árabes e os japoneses. Assim a passagem do século XIX ao século XX, o brasileiro já é um povo com características únicas capaz de possuir identidade visível e ainda capaz de absorver imigrantes e abrasileirá-los.

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Abordagem dos universos étnicos dos povos formadores da cultura brasileira

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O povo brasileiro de Darcy Ribeiro escrito em 1995 sintetiza e classifca historicamente os diversos modos de ser brasileiro. O autor distingui através de vários estudos 6 grupos de brasileiros que foram moldados graças as 3 forças diversifcadoras. Os sertanejos do Nordeste, os caboclos da Amazônia, os crioulos do litoral, os caipiras do Sudoeste e Centro do país, os gaúchos das campanhas sulinas e grupo de estrangeiros que se defne por (ítalo-brasileiras, teuto-brasileiras, nipo-brasileiras etc). Todos eles muito mais marcados pelo que têm de comum como brasileiros, do que pelas diferenças.


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Projetos relacionados à Orla do Lago Paranoá existem desde a concepção da cidade, pelo urbanista Lucio Costa. De todos os projetos realizados, dois projetos merecem ser estudados com maior atenção. O primeiro projeto, Projeto Orla (1992 - 1998) começou na década de 90 com intenção de definir polos de atividades voltados para animação urbana, resgatando a área para a população. Assim, o Orla focou seus esforços na criação de 11 polos, dentre estes, os polos 2,5,7,8 e 10 foram implementados. Já o projeto Orla Livre (2016 vigente até hoje) começa no ano de 2016 e pretende trabalhar numa escala urbana muito maior que seu projeto antecessor. Sua meta é desocupar a Orla do Lago Paranoá e restituir o uso público, que até o início de 2016 estava tomado por várias residenciais particulares. Apesar de ambos os projetos trabalharem com ideais semelhantes, as metas são mais ambiciosas no atual

1 Do final da vila Amaury ao início da orla do Lago Paranóa. 2 Mapa monstrando os 11 polos de investimento do Projeto Orla da década de 90. 3 Mapa geral do Projeto Orla Livre, e as suas 19 áreas de intervenção.

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Contextualização Histórica

O contexto histórico de projetos destinados a Orla do lago Paranoá

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plano de revitalização da orla. O nível de complexidade urbana e as escalas de intervenção são diferentes. Enquanto o projeto Orla visava intervir num total de área de aproximadamente 2.300.000m² o projeto Orla Livre visa aproximadamente 2.660.600m². Além das diferenças citadas, nota-se que o primeiro projeto intervém em polos, aproximando de uma reformulação urbanística pontual, enquanto o projeto Orla Livre visa a reformular grandes manchas urbanas que percorrem todo o perímetro do espelho d’água.


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1 Mapa ampliado das áreas de tipo 1 e 12. As áreas de tipo 1, segundo o termo de referência devem receber básico constituído dos "Princípios e Elementos", que são diretrizes gerais para o Plano de Uso e Ocupação da Orla do Lago Paranóa. 2 Fotografia de Joana França mostrando a escala bucólica, as áreas 1a e 1b e a relação da ponte JK com o lago. 3 Fotografia tirada da calçada da terceira ponte mostrando a área 1b. 4 Fotografia tirada do talude da ponte mostrando a área 1a. 5 Fotografia aérea do Freedom Park na África do Sul. 6 Um dos vários edifícios dentro do parque sul africano.

O museu MNMAfro e concurso Orla Livre começaram por articulações de diversas figuras do governo vinculadas a várias autarquias e órgãos públicos do Distrito Federal e da União. A correlação mais óbvia que partilham ambos os projetos é a modalidade de concurso internacional. Tal modalidade permite uma quantidade maior de proposições para o mesmo terreno, possibilitando que um júri avalie e selecione os melhores projetos, consequentemente aumentando a qualidade e nível dos projetos. Ainda que muitos possam questionar a validade dos concursos como método de seleção dos projetos, Edson Mahfuz1 defende que: “estes são o melhor modo de se escolher projetos e arquitetos para trabalhos originados do poder público, e também para muitos na área privada”.

1   Autor do texto Concursos de arquitetura:

exploração ou oportunidade de crescimento? Fonte: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/ arquitextos/04.039/659

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Contextualização Histórica

O museu MNMAfro e sua correlação com o concurso internacional Orla Livre


Ambos os concursos foram inspirados por outros exemplos espalhados pelo mundo. O MNMAfro foi inspirado em alguns ideais do concurso internacional do Freedom Park em Pretoria, pois conta com um programa de necessidades e uma filosofia de trabalho similar ao observado nas entrevistas concedidas as figuras políticas competentes aos assuntos relacionados ao MNMAfro. Outra ideia que reforça tal hipótese foi à presença do ex-presidente do Ibram Agnelo Oswaldo a África do Sul. Sua visita aos museus do Apartheid, o Slave Logde e o Freedom Park se deram com intuito de aprimorar a gestão museológica do museu. O projeto Orla Livre também se inspira em vários projetos de requalificação urbana. Quando se acessa a página oficial2 do projeto vê-se uma série de exemplos de revitalização urbana, dentre eles, o parque do rio Medellín na Colômbia também fruto da modalidade de concurso internacional em 2013.

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2   http://www.orlalivre.df.gov.br/

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Para tratar do estado da arte é necessário compreender minimamente a temática que o museu irá tratar assim para a concepção do MPB, visou-se o estudo sistêmico de alguns museus de temáticas complementares procurando entender a questão teórica e prática destes museus. De forma que se delimitou o estudo de oito museus que apesar de não abrangerem a completude da temática do povo brasileiro, servem de repertório para compreender as questões mais importantes do museu proposto. Diante de tal realidade, os museus serão analisados sobre diferentes óticas, sendo que alguns destes se procuraram elucidar o seu conceito e outros se buscaram o entendimento dos números, como por exemplo: o número das áreas de cada ambiente, o número de visitantes e etc. Dos oito exemplares selecionou-se: um museu pela afinidade pelo tema afrodescendente, um museu contemporâneo, um museu interativo com dispositivos virtuais e cinco outros museus que tratam especificamente do arcabouço teórico arquitetônico.

1 Foto do museu do Louvre. Talvez o museu mais conhecido do mundo por conta de sua história e do grande público. 2 Foto do museu Afrobrasil. Primeiro exemplar escolhido para o estudo deste capítulo. 3 Foto do museu nacional de Brasília. Segundo exemplo de museu. 4 Foto do Estação da Luz onde se encontra o museu da Língua Portuguesa. 5,6,7,8,9 Museus Paradigmáticos que constam no ensaio de Simone Neiva e Rafael Perrone.

Estado da Arte

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Assim analisa-se o museu Afrobrasil que possui um programa de necessidades semelhante ao Museu Nacional da Memória Afrodescente. Além de se caracterizar como o mais completo em questão de acervo ligado a cultura afrodescendente recebendo título de excelência no tema da cultura afro, complementando para a elaboração do projeto para o Museu do povo brasileiro. Para elucidar as questões sobre o significado do museu contemporâneo optou-se pelo Museu Nacional Honestino Guimarães, que servirá também como objeto de estudo mais tangível para estabelecer o quadro de áreas do museu MPB. Também para embasar a questão da tecnologia e da interatividade, recorreu-se ao Museu da Língua Portuguesa que se configurou como um dos mais visitados museus da América Latina. E por fim julgou-se necessária a investigação teórica dos museus paradigmáticos modernos e pós-modernos, desvelando como a forma e o programa de necessidades necessariamente resultam em diferentes estratégias de projeto.

Dentre eles o museu do crescimento ilimitado de Le Corbusier, o museu para cidade pequena de Mies Van der Rohe, o museu Guggenheim de Nova York de Frank Lloyd Wright, o centro Pompidou de Rogers e Piano e o museu Guggenheim de Bilbao de Frank Gehry.


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Originalmente o pavilhão Padre Manoel da Nóbrega concebido na década de 60 por Oscar Niemeyer foi muito utilizado para diversos eventos e exposições, mas apenas em 2004, depois de algumas reformas elaboradas pelo escritório Brasil Arquitetura o espaço passa a ser designado museu Afrobrasil. Localizado no Parque do Iberapuera o edifício é subordinado à esfera estadual e conta com 11.000 metros quadrados de área, parte destinada a exposições temporárias e fixas, áreas técnicas e administrativas, biblioteca e teatro. A planta do museu disponível em meios digitais no site do escritório Brasil Arquitetura que coordenou a reforma e também na busca de imagens do Google. Apesar da riqueza do material ressalta-se que há discrepâncias entre as plantas baixas quanto à existência de alguns ambientes. Porém, para métodos de estudo optou-se por consultar a planta

1 Implantação geral do Parque Iberapuera onde observa-se no canto inferior esquerdo o museu Afrobrasil. 2,3 Ilustrações do 1º pavimento do museu. 4 Piso inferior do museu, onde se encontra parte do seu acervo físico. 1

Estado da Arte

Museu Afrobrasil 3

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fornecida pelo escritório Brasil Arquitetura e partir dai conseguiu-se elaborar o quadro de áreas do museu Afrobrasil disponível na tabela ao lado. O acervo físico de 6000 obras, conta com gravuras, pinturas, esculturas, peças etnológicas produzidas num período que compreende do século XVIII até hoje e é dividido em seis exposições de longa duração1 que se encontram no primeiro andar do museu. As exposições efêmeras se encontram no térreo inferior e abordam temas contemporâneos. Além das exposições físicas o Afrobrasil também conta com um acervo digital que recebeu em 2015 um público de 371.955 visitantes virtuais. Já o número de pessoas que foi até o espaço físico foi de 58.324, sendo aproximadamente 77% desse grupo estudantes da rede de ensino.

1   África: Diversidade e Permanência, Trabalho e Escravidão, As Religiões Afro-Brasileiras, O Sagrado e o Profano, História e Memória e Artes Plásticas: a Mão Afro Brasileira.


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1 Implantação do Museu Nacional junto a Esplanada dos Ministérios e ao eixo monumental. 2 Uma exposição comum no museu. 3 Detalhe do mezanino que costuma apresentar exposições itinerantes. 4 Mezanino. 5 Perspectiva geral da cúpula. 6,7 Rampa de acesso ao mezanino.

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O museu também projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer se encontra no coração da capital e só em 2006 teve seu uso inaugurado. Este é uma das peças chaves que compõem o Complexo Cultural da República. Com 14,5 mil m² o museu é formado por um grande espaço de exposições, que, ao contrário de um museu comum, se destaca como um espaço amplo e propício para grandes exposições Contemporâneas. Seu interior é dividido em quatro pavimentos: subsolo, piso térreo, piso superior para exposições e mezanino. No pavimento superior, com acesso independente por meio de duas rampas, está a grande área de exposições com um vão inteiramente livre de 3.203,19 m², exclusivamente destinado a realizações de mostras. Após uma extensa pesquisa e visitas ao local, constatou-se que o museu pode ter o seu programa de necessidades dividido em partes e analisado da seguinte maneira: Área externa – 1-caixa d’água cilindro monolítico, 2-estacionamento externo para funcionários do museu. 3- três espelhos d’água circulares

Anexo – Restaurante para coquetéis comemorativos, contém: 1-espaço coberto para as festividades, 2-cozinha ampla com monta cargas, coifa e instalações para gás, 3- quatro salas de funcionários, 4- banheiro funcionários 5-escada curva conectando o subsolo ao térreo. Subsolo – 1-Corredores com tubulações de água fria, combate ao incêndio e ar condicionado 2- acesso por trás do museu protegido por gradil que leva a mecanismos de ar condicionado, energia elétrica e etc. 3- corredor de distribuição para as salas técnicas. 4- cinco a dez salas técnicas com quadros de luz e instalações elétricas e hidráulicas. Cúpula (espaço livre de pilares) – 1-quatro acessos ao interior do museu que se dão por duas rampas e duas grandes portas. Térreo - 2-Espaço administrativo com recepção e (6 a 10 salas) da administração interna do museu. 3-Grande corredor que liga as salas administrativas a outras salas. 4- Sala de Restauro. 5- Sala Acervo. 6- Depósito. 7- Banheiros dos funcionários. 8- Recepção aos auditórios. 9- Auditório para 700 lugares. 10- Auditório para 80 lugares (Cine Kalunga). 11-

Museu Nacional Honestino Guimarães

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Banheiro para usuários das exposições e auditórios. 1ºpavimento 12- Recepção com guarda volumes. 13- Grande espaço expositivo com (cinco a doze) salas delimitadas pela conformação das paredes. 14- Rampa interna que liga ao mezanino. Mezanino 15- Mezanino com espaço expositivo fluxo contínuo. 16- Dois elevadores que conectam o mezanino ao 1ºpavimento. Diante do exposto concluiu-se que os 14,5mil m² de área englobam a cúpula, subsolo e anexo, sendo a grande área externa não computada. Após a aquisição de algumas plantas do museu, conseguiu-se detalhar o programa de necessidades do museu que se encontra na tabela ao lado. É importante perceber que toda a área computada da cúpula resume-se a aproximadamente 8000m², sendo o restante destinado as áreas técnicas de: ar condicionado, energia elétrica e instalações hidráulicas, além dos ambientes do anexo e dos caminhos subterrâneos que interligam todas as partes do museu.


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O museu da Língua Portuguesa se encontra no bairro da Luz em São Paulo e incorpora a antiga estação da luz que é uma construção que dada do século XIX. O edifício por si só tem muita história e seus ambientes já foram destinados a diversas finalidades ao longo dos anos. Anteriormente ocupado pelos escritórios da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) a estação foi modernizada pela equipe de Paulo Mendes da Rocha e Pedro Mendes da Rocha para abrigar o museu. Atualmente o espaço encontra-se em reforma graças a um incêndio no final de 2015. Dentre os desafios do projeto encontra-se a questão do tombamento do edifício em todas as esferas (nacional, regional e municipal). O restauro e adequação da gare para o novo programa de necessidades do museu teve vários desafios. Dentre eles os mais importantes são: a não interrupção do fluxo de transeuntes pelas passarelas sobre o trem e a restrição de mudar qualquer registro material da ala que ficou a salvo de um incêndio ocorrido nos anos 40. Em uma entrevista a revista AU, Paulo Mendes da Rocha afirma que a in-

1 Bairro da Luz e a velha Gare na cidade de São Paulo. 2 Estação da Luz e trens da CPTM. 3 Museu da Língua Portuguesa. 4 Plantas do museu. 5 Ambiente de exposição: Grande galeria. 6 Ambiente de exposição: Linha do tempo. 7 Ambiente de exposição: Praça da língua. 8 Ambiente de exposição: Mapa dos falares. 9 Ambiente de exposição: Lanterna das influências.

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Museu da Língua Portuguesa

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tenção era criar um museu informatizado, eletrônico e dinâmico.

Do arquiteto sobre a obra:

“A língua é tão viva que o único jeito de você falar sem colocar lá gente fazendo discurso é colocar imagens e som - fazer cinema, em outras palavras.” O percurso de visita começa nos elevadores com capacidade para 30 pessoas. Sobe-se até o terceiro andar e ao sair do elevador depara-se com um grande auditório onde o transeunte é informado da temática do museu. Após passar por este ambiente segue-se a “Praça da Língua”, onde um painel de 9m de comprimento exibe diversas projeções. Depois de perpassar essa sala os visitantes passeiam por um espaço que é possível ver as restaurações na estrutura do edifício. Descendo para o segundo andar fica uma galeria de 6x120 metros que tem paredes escuras e recebe a projeção de imagens. No primeiro andar, há uma sala de exposições temporárias e a parte administrativa do museu. E por fim, no nível térreo os acessos e a loja, a livraria e o café nos saguões laterais.


Pavimento Térreo

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A grande contribuição de Le Corbusier para com os museus contemporâneos encontra-se na ideia de expansão ilimitada. A ideia de criar elementos fabricados em série no esquema Dom-Ino constituídos de lajes planas, pilares e fundações de concreto, fez com que esse esquema, pensado inicialmente para escalas menores, fosse corporificado ao programa de museus. O conceito visualizado pelo arquiteto franco suíço se fomenta a partir da crescente demanda de acervo e da disponibilidade de recursos financeiros.

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1 Croqui do Museu do crescimento ilimitado. 2 Maquete física, monstrando o interior do museu. 3 Maquete física vista sob a perspectiva de planta. 4 Maquete física. 5 Plantas do museu.

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Estado da Arte O museu do crescimento ilimitado: a questão da expansão

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O percurso realizado pelo visitante seria feito por uma marquise coberta, em meio a esculturas ao ar livre, que então ligaria a um acesso principal no nível do solo. Daí sucederia seu percurso por uma galeria principal que culminaria em outras pequenas salas e finalmente ao jardim ou hall principal.


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Térreo

1º Pavimento

Implantação

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O museu para a cidade pequena idealizado por Mies Van der Rohe se resume a uma edificação de planta retangular de dimensões 13 metros x 7 metros. A linguagem sóbria de planos perpendiculares é a síntese máxima. Trata-se de uma caixa envidraçada com proporções mínimas, formando um único pavimento elevado à flexibilidade é a questão de maior importância. A premissa de “menos é mais” é aqui novamente explícita, de baixo da cobertura da singela caixa o arquiteto cria alguns volumes isolados. Um auditório, os escritórios administrativos, um depósito, um lavabo e um compartimento destinado às publicações, resumem o programa. Nota-se que não há um acervo no programa de necessidades fato justificado pelo arquiteto pela relação com seu contexto. Feito para uma pequena cidade o museu é um centro para se desfrutar da arte, não um lugar onde conservá-la. Subvertendo a lógica óbvia do museu.

1 Perspectiva feita sob técnica de colagem, Museu para cidade pequena. 2 Perspectiva interna da exposição feita a partir da técnica de colagem e desenho. 3 Planta baixa do museu.

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Estado da Arte

O museu para cidade pequena: a questão da flexibilidade

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Trabalho Final de Graduação


Museu do Povo Brasileiro

O museu encomendado por Hilla Von Rebay tinha uma intenção clara, uma obra que pudesse relacionar o espaço pictórico a obra arquitetônica. A solução adotada pelo arquiteto foi criar uma grande circulação interna que contrapõe a planta aberta e flexível miesiana. Nesse projeto é possível perceber a intenção do arquiteto de impor um percurso ao transeunte de modo que a circulação se dá a partir de um elevador. Após subir, o visitante desce o percurso por uma rampa onde observa as obras dispostas nas paredes externas, enquanto o interior é iluminado por um grande átrio. As curvas do museu e sua implantação no terreno buscam interagir de forma a criar uma antítese em relação ao contexto urbano da 54th Street de Nova York que é repleta de arranha-céus ortogonais. Apesar de ser designado para expor pinturas, o museu passou gradativamente por várias exposições de arte contemporânea de artista como: Mário Merz, Joseph Beuys, Georg Baselitz e Andreas Gursky e outros.

1 Foto antiga do museu na época de

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sua inauguração.

2 Grande clarabóia que proporciona iluminação geral para a todos andares. 3,4,5 Grandes corredores expositivos.

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Estado da Arte

Guggeheim Nova York: a circulação gera a forma

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Museu do Povo Brasileiro

O centro George Pompidou localizado no bairro de Beaubourg na cidade de Paris se encontra em um contexto de grande densidade urbana que recebe milhões de visitantes anualmente1. Fruto de um concurso internacional elaborado na década de 60-70 a equipe formada por Renzo Piano e Richard Rogers venceu com uma proposta inusitada. Segundo os autores do projeto a intenção não era criar um monumento, mas sim um “brinquedo urbano”. Assim, o centro Pompidou é o que Flávio Kiefer descreve no seu texto Arquitetura e museu na contemporaneidade2:

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1 Pompidou em perspectiva com as antigas habitações parisienses. 2 Fachada de acesso dos transeuntes ao interior do museu. 3 Exposição de esculturas ao ar livre sob a lâmina do espelho d'água. 4 Grande praça pública para eventos. 5 Exposição efêmera. 6 Exposição permanente.

“Nos países ricos, se sabe que além da significação cultural os museus movimentam engrenagens que propiciam grandes vantagens econômicas. (...) Junte-se a isso a tendência à shoppinização do mundo (nada que não contemple o consumo e alimentação sobreviverá...).”

1   Segundo a reportagem do G1 o número che-

gou a ser de 3,7 milhões de visitantes só em 2013. Dispoível em:http://g1.globo.com/turismo-e-viagem/ noticia/2014/07/museus-de-paris-receberam-731-milhoes-de-visitantes-em-2013.html

2   Disponível em: http://vitruvius.com.br/revistas/read/drops/03.005/1594

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Estado da Arte

Centro George Pompidou: espaço para as massas

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A grande estrutura dimensionada pela famosa firma Ove Arup + Partners permitiu criar grandes espaços de 75x50 metros com 14metros de pé direito máximo e 7metros de pé direito mínimo. O programa de necessidades pode ser resumido da seguinte maneira: o nível zero é um grande Fórum, onde informação, recepção, correio e livraria se encontram. Acima deste encontra-se o foyer, a bilheteria, os cinemas, a boutique, o café e parte da biblioteca. Já no segundo e terceiro níveis se encontram a biblioteca e outros ambientes que exercem atividades de apoio a biblioteca. Refeitório, salas de estudo, imprensa, áudio e vídeo e uma sala. para coleção geral. Finalmente, parte do último andar é destinado a exposições efêmeras e o restante abriga um restaurante e uma livraria. Enfim, como bem definiram Neiva e Perrone fica explícita a ideia de que este grande espaço flexível para as massas se destina a um público amplo, cumprindo a sua função de comunicador social para as massas.


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Museu do Povo Brasileiro

Assim como Piano e Rogers, Frank Gehry propôs algo inusitado para tipologia de museu. Contratado pela fundação Guggeheim o projeto iria se localizar na cidade de Bilbao que até então era uma área degradada da cidade. Depois de sua construção o museu passou a despertar grande atenção do público e se configurou num grande exemplo de “arquitetura espetacular”. A ideia do museu guarda similaridades com centro Pompidou, em sumula a criação de um edifício que pudesse atrair investimentos, revitalizasse a paisagem e atraísse a maior quantidade de pessoas para o local. Seu programa de necessidades se resume em três níveis de galerias se organizam ao longo de um grande átrio de 50 metros de altura, conectando-se por elevadores e escadas. Composto por vinte galerias, de diferentes formatos o espaço também conta com lojas, livraria, cafeteria e guarda- volumes. Logo abaixo se percebe a distribuição do programa de necessidades do nível inferior até o nível superior.

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1 Guggeheim e entorno da cidade de Bilbao. 2 Urbanização imediata do museu e a relação do edifício com o rio Nervión. 3 Entrada principal do museu. 4 Clarabóia do andar superior. 5 Grande átrio principal. 6,7,8 Tipologias das galerias.

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Guggeheim Bilbao: o impacto da forma

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A Exposição Universal de 2015 foi sediada na cidade de Milão na Itália. O evento ambiciona desvelar o que há de mais contemporâneo nos países parcipantes e assim criar uma propaganda do país para o mundo. Assim o pavilhão brasileiro projetado pelo Studio Arthur Casas em parceria com Atelier Marko Brajovic e comissionado pela APEX-BRASIL (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) deveria responder a seguinte temática: alimentando o mundo com soluções. Diante de tal desafio os arquitetos procuraram transmitir valores brasileiros e as novas tecnologias da agricultura nacional. Assim, o pavilhão projetado resolveu a problemática com um ambiente que brinca, interage e informa os visitantes.

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1 Maquete demonstrando a parte lúdica do pavilhão brasileiro. 2 Detalhe do percurso por meio da trama amorfa e das rampas da parede maior. 3 Maquete conceitual do pavilhão. 4 Volume da exposição em fase de obra. 5 Detalhe da rede do pavilhão. 6 Pavilhão frequentado pelos transeuntes. 7 Exposição interativa do edifício.

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Referências Projetuais

Expo Milão – Pavilhão Brasil

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O edifício aberto e convidativo é uma analogia a cultura brasileira retratando a pluralidade e espírito do brasileiro. Quando se analisa as pranchas da equipe vencedora fica evidente que a proposta foi criar um espaço lúdico que conduzisse o transeunte até o final do pavilhão onde este encontra o conteúdo da exposição. Perpassando as galerias expositivas vee-se assuntos como: Império das Cores, Fusão Criativa, Poder Humano e Sabedoria Natural. No mesmo bloco um auditório, uma loja, um café, bar, restaurante e outras salas, finalizam o percurso.


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1 Implantação do edifício frente ao Memorial Jk ainda na escala monumental. 2 Rampa de acesso ao Memorial dos Povos Indígenas. 3 Galeria única expositiva. 4 Outra configuração expositiva da galeria. 5 Espaço simbólico retratando ambiente das aldeira indígenas. 6 Ritual ocorrendo durante a noite.

Referências Projetuais

Dentro do gramado que se forma entre as duas vias do eixo monumental o memorial dos povos indígenas fica próximo ao memorial jk e a praça do cruzeiro. No sítio privilegiado o edifício foi projetado por Oscar Niemeyer que novamente se apropria da planta circular para definir o programa de Necessidades. Da mesma forma que Frank Lloyd Wright, o arquiteto cria a circulação a partir da forma. O percurso começa por uma rampa que ascende até chegar à marquise que delimita o espaço público do privado. Adentrando o espaço privado segue-se por uma exposição de inúmeros artefatos indígenas de diversas tribos. A rampa continua agora descendo para o interior do edifício revelando um grande

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Memorial dos Povos Indígenas

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pátio que se mostra através das esquadrias de vidro. Já no pátio, o visitante se surpreende com um espaço inusitado onde celebrações são realizadas debaixo de uma grande cúpula de concreto que reverbera sons com vigor. Além da parte expositiva, há uma loja, um café, uma administração e outras salas técnicas que completam o programa de necessidades do edifício. O espaço de aproximadamente 3000 m² salvaguarda várias peças da coleção Darcy-Berta-Galvão, mas a mais importante contribuição está no centro do memorial. Um espaço digno e democrático que permiti à manifestação dos povos indígenas de todo o país.


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O edifício que hoje abarca o Pavilhão das Culturas Brasileiras também localizado no parque do Iberapuera foi projetado por Oscar Niemeyer. Tombado pelos orgãos de patrimônio em todas as esferas o antigo Pavilhão dos Estados foi revitalizado pelo escritório de Pedro Mendes da Rocha e teve seu programa de necessidades readequado. O espaço já utilizado para sediar grandes eventos como a Bienal de Artes e outras exposições de menor porte, também foi sede do Prodram (Companhia de Processamento de Dados do Município) e apenas em 2008 recebeu adaptações para se tornar um museu. Desde o fim de sua obra o prédio recebeu mostras de diversos temas como: Design da periferia (fotografias, objetos e vídeos sobre a rua, casa, corpo e brincadeiras), Ibirá flora (sobre a flora do parque iberapuera), Artefatos indigenas (sobre produção indígena), Rio São Francisco (o rio navegado por Ronaldo Fraga, aborda a cultura popular, a moda e a história), Exposição Novas aquisições (obras adquiridas pela instituição da coleção de Rossini Tavares de Lima), Mônica Nador (trabalho da artistica plas-

1 Pavilhão das culturas brasileiras atualmente depois de passar por reforma. 2 Exposição no nível subsolo e no nível térreo. 3 Rampas de acesso ao nível superior. 4 Acervo físico da exposição. 5,6,7 Diversas exposições no edifício.

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Referências Projetuais

Pavilhão das Culturas Brasileiras

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tica e dos moradores da zona sul de São Paulo), Transfer (sobre arte urbana) e Puras Misturas (expos peças das coleções da Missão de Pesquisas Folclóricas e do Museu do Folclore, pertencentes à prefeitura de São Paulo). Os arquitetos optaram distribuir no piso superior uma biblioteca e videoteca, uma reserva técnica para acondicionar as obras, os escritórios administrativos, um ambiente para ações educativas, uma área expositiva de 3900 metros quadrados e uma área climatizada de 530 metros quadrados. E no piso térreo destinaram uma área expositiva de 2200 metros quadrados um auditório multiuso de 152 lugares, duas oficinas de 300 metros quadrados, uma cafeteria e uma pequena loja, conferindo uma solução programática ligeiramente diferente do museu Afrobrasil.


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1 Shows, piqueniques e cinema ao ar livre são algumas das atrações do parque. 2 Um dos 42 "folies" que estão distribuídos ao longo de todo terreno e cumprindo funções de acordo com a necessidade do parque. 3 Grande halle destinada a eventos de grande porte. 4 Filarmônica de Paris. 5 Passarela e marquise que liga diversos pontos do parque. 6 Museu da ciência e da indústria. 7 Pontos,superfícies e linhas. Conceito que Tschumi explora na criação dos espaços do parque de La Villette.

Referências Projetuais

O parque de La Villette também fruto de um concurso internacional foi idealizado com o plano de revitalizar terrenos que estavam abandonados, graças a migração dos comerciantes do grande abatedouro de la villette para os centros de criação de gado. Bernard Tschumi vencedor do concurso realizou o masterplan do parque, que incorpora obras de Adrien Fainsilber (Museu da Ciência e da Indústria), Jean Nouvel (Filarmônica de Paris) e outros arquitetos. O parque que abrange uma área de aproximadamente 1000x700 abriga diversos edífios além dos já citados. Projetado com três princípios de organização as camadas de: pontos, linhas e superfícies criam uma malha de trinta e

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Parque La Villette

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cinco edifícios pontuais. Essa malha de pontos surge como estratégia para causar o efeito unidade espacial e organizacional. As linhas que são os principais caminhos não seguem organização clara. Porém, a intersecção dessas em alguns pontos levam o transeunte a pontos de interesse. As superfícies são grandes espaços abertos que o usuário utiliza da forma como entender. Servindo de cinema aberto, espaço para piquenique e etc.


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Museu do Povo Brasileiro Projeto do escritório ELEMENTAL que utiliza a cerca como espaço recreativo O projeto conta com mais de 1800 m² de jogos infantis. Entre eles casas nas árvores, bosque de esferas d’água, uma cascata e 60 tobogãs. Além disso, um muro interativo de 310 metros lineares encontra-se elevado do plano da calçada, variando cerca de 0,5m a 2m de altura em relação ao solo. De forma a impedir que as crianças atravessem diretamente para a pista e proporcionando acesso controlado no perímetro do parque.

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1 O parque na encosta de uma das motanhas da cidade de Santiago. 2,3 Perspectivas do jogo de escorregadores no terreno de grande desnível. 4,5 Grande muro e playground interativo. 6 Crianças se divertindo nos balanços. 7 Esferas aspersoras de água. 1

Referências Projetuais

Parque Bicentenário da Infância

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Museu do Povo Brasileiro

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A legislação e normas vigentes se encontram sobretudo no documento técnico do termo de referência do concurso internacional nº 01/2016, capítulo 71. A NGB 011/2008 e as regras complementares do Código de Edificações do DF (lei nº 2015 de 1998) serão utilizadas também para a elaboração do projeto. Outras consultas deverão ser realizadas de acordo com as normas específicas de acessibilidade, corpo de bombeiros e etc. Sobre outras regulamentações específicas de profissionais ligadas a instituição museológica. A lei 11904 de 2009 institui o estatuto dos museus e dá outras providências, os itens que recebem destaque são:

1 No centro da imagem o lago Paranoá, a ponte JK e o sítio escolhido. 2 Situação do terreno e seu entorno imediato, onde se observam habitações. 3 Implantação e respectivas perspectivas do local. 4,5,6,7 Perspectivas do terreno desmarcadas na figura 3. 4 Limite do terreno. 1 5 Parade ônibus e acesso irregular. 6 Calçada e ciclofaixa. 7 Desembocadura de águas pluviais. 8 Sítio visto a partir do platô da ponte.

I-Do plano museológico II-Dos acervos dos Museus

Do Plano Museológico IV – detalhamento dos Programas: a) Institucional; b) de Gestão de Pessoas; c) de Acervos; d) de Exposições; e) Educativo e Cultural; f) de Pesquisa; g) Arquitetônico-urbanístico; h) de Segurança; Dos Acervos dos Museus Caso opte pelo uso da tecnologia digital e do acervo não tangível, ou seja, acervo não físico. Deverá se observar o decreto nº 3551 de 2000 que institui o registro de bens culturais de natureza imaterial que constituem patrimônio cultural brasileiro, cria o programa nacional do patrimônio imaterial e dá outras providências. A ESCOLHA DO SÍTIO

1   Prevê as legislações urbanísticas e ambientais nas esferas federais e distritais. Prevê também um conjunto de normas da ABNT.

Legislação e Condicionantes do Sítio

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A escolha do sítio foi definida com base no termo de referência do concurso internacional nº 01/2016 e a partir da LUOS (lei de ocupação e uso do solo).


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Museu do Povo Brasileiro

“Durante a estação chuvosa a predominância dos ventos é do quadrante Norte, com variação NW e NE, no período os ventos mais fortes vêm de NW. A partir do mês de março predominam os ventos de direção Leste. Durante o período de estiagem aumenta a incidência dos ventos de Sul e Sudeste. No mês de março ocorre o maior número de calmarias em relação ao ano. Direção dos ventos predominantes1“.

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Segundo termo de referência para o concurso do edifício sede do SEBRAE.

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1 Topografia do terreno com curvas de nível de metro em metro. 2,3,4 Estudo feito a partir de um prisma genérico com o sol nascente (6 h), sol a pino (12h) e sol vespertino (17h50). 5 Gráfico de frequência de ocorrência dos ventos em Brasília. 6 Gráfico de velocidades predominantes por direção dos ventos em Brasília.

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Legislação e Condicionantes do Sítio

Topografia, Carta Solar e Ventos


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1 Esquema organizacional de um museu segundo Neufert.

O museu pode ter seu esquema organizacional representado da seguinte maneira segundo Neufert. Uma breve análise do programa de necessidades dos museus do século XIX e antecessores permitiu observar a ruptura que houve quanto ao modo de projetar museus. Os paradigmáticos museus modernos e contemporâneos assumem nova complexidade ao programa, agregando mais funções que as descritas no esquema acima. Para compreender tal complexidade, decidiu-se quantificar o quadro de áreas de alguns museus com intuito de entender as proporções utilizadas na quantidade de ambientes: galerias, arquivos, administração, etc. Além destes outros métodos recorreu-se a visitas guiadas a diversos museus com intuito de explorar possíveis facetas ocultas pelo simples fato de não se explorar a obra arquitetônica. A capacidade de se compreender a obra arquitetônica é variável pelo tempo. Espaço e tempo são as únicas maneiras de compreender genuinamente a arquitetura. Ideia que Bruno Zevi explora em Saber ver a Arquitetura.

Assim, o meio usualmente considerado mais adequado para apreender um edifício é o caminhar em seu interior e exterior, entrar em seus ambientes estabelecendo relações entre eles pelo contato direto.

“Temos que ir, temos que estar incluídos e temos que chegar a ser e sentirmos parte do organismo arquitetônico. Todo o resto é didaticamente útil, praticamente necessário, intelectualmente frutífero; porém não é mais que uma mera alusão e função preparatória daquela hora em que todo o espiritual e especialmente todo o humano que há em nós nos faz viver os espaços com adesão integral e orgânica. E esta será a hora da arquitetura” Após análise do quadro de áreas dos museus e as idas a diversos museus. Conclui-se que o programa de necessidades para o MPB, deverá ter uma área de 12-15mil metro quadrados , área anteriormente estipulada para o MNMAfro. Além disso, o dimensionamento do macrozoneamento se dará a partir das áreas obtidas nos exemplos de museus

Programa de Necessidades Museu do Povo Brasileiro

já citadas no capítulo 5. E por último, os menores ambientes pertencentes ao macrozoneamento seguirão a mesma lógica. Diz-se macrozoneamento: -Recepção -Restauro -Arquivo -Arrecadação -Sala de Trabalho -Administração -Sala de Conferências -Galeria -Sala Técnica -Biblioteca -Atracadouro -Etc (Segurança, atracadouro, píer ...) Diz-se menores ambientes: -Recepção (Guarda-volumes) -Restauro (Sala para pintura, marcenaria, escultura...) -Arquivo (Sala de arquivos deslizantes, recepção ...) -Arrecadação (Sala de recebimento das obras, arrecadação de fundos...) -Sala de Trabalho (Sala dos funcionários,

Recepção

Restauro

Arquivo

Arrecadações

Sala de Trabalho

Administração

Sala de Conferências

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recepção...) -Administração (Sala do curador, copa...) -Sala de Conferências (Auditório, sala de reunião...) -Galeria (Exposição, espaço lúdico...) -Sala Técnica (Sala dos quadros elétricos, sala de ar condicionado, sala de servidores...) -Biblioteca (Sala de leitura, recepção, obras raras, videoteca...) -Atracadouro (Local onde os barcos atracam, garagem de barcos...) A fim de pontuar e assegurar um norte para a elaboração do trabalho fundamentou-se a exposição museográfica a partir do livro “O povo brasileiro” de Darcy Ribeiro , onde o autor descreve nos capítulos finais as principais características dos diversos personagens que compuseram o Brasil do início do século XVI até a última década do século passado. Os caipiras, os índios, os caboclos, os ribeirinhos e os gaúchos formam a essência do povo brasileiro e também servem de inspiração para trabalhar o imaginário das galerias do MPB. Por fim, o programa de necessidades do museu do povo brasileiro se encontra ao na tabela ao lado.

Galeria

Controle e entrada


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Trabalho Final de Graduação


Museu do Povo Brasileiro

Optou-se pelo estabelecimento de 5 diretrizes gerais estipuladas a partir dos textos colhidos em reportagens presentes nos sites do Ibram, Fundação Casa Palmares, etc.., assim estas deverão nortear aspectos gerais do projeto. I- Valorizar a relação com o lago Paranoá. II- Edificação se integra à arquitetura da cidade capital. III- Microclima controlado. IV- Utilização da flora do cerrado, observando a escala bucólica1. V- Uso de interatividade e tecnologia de ponta.

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1 O lago e o terreno ao fundo. 2 A escala bucólica e a relação da ponte JK com a cidade capital. 3-4 O MDV-SmartGlass é um vidro dinâmico que pode ser escurecido instantaneamente, precisamente e uniformemente, ao receber um determinado impulso elétrico. Essa tecnologia possibilita melhor controle e acondicionamento das obras. Além de controlar com precisão a quantidade de luz que permeia o ambiente, o vidro também permiti o controle do calor e do brilho. 5 Lista de árvores do bioma Cerrado tombadas pelo Decreto 14.783.

Além das cinco diretrizes escolhidas acima, se optou por seguir os princípios e elementos do termo de referência do concurso internacional nº01/2016. Dessa forma os princípios e elementos ajudam a garantir um plano de uso e ocupação da orla mais correto, conferindo unidade e sensatez ao projeto. Enfim são princípios e elementos:

1   Escala idealizada por Lúcio Costa na concepção de Brasília.

Diretrizes Projetuais

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I- Integração de toda a orla dos Lagos Sul e Norte (SHIS, SHIN e SML) a partir de trilhas para pedestres e ciclistas, com 4m de largura, articulada à rede geral do DF (cicloviária e de calçadas) e por meio de deques ou passarelas sobre a lâmina d’água, quando o terreno não permitir a continuidade da trilha por terra, respeitadas as áreas úmidas, os Planos de Manejo das Unidades de Conservação e os lotes escriturados, localizados ao longo da orla; II- Assegurar o uso pela comunidade com a implantação de, no mínimo, mobiliário urbano (lixeiras, sanitários, bancos), estações de bicicletas de aluguel e iluminação pública da trilha; III- Qualificação paisagística através de revegetação da orla com espécies nativas do Cerrado, pautada na estética da paisagem e na recuperação ambiental – APP ou ZPVS; ZCVS e ZOC –, valorizando a vocação do espelho d’água como atrativo da vida urbana, explorando a beleza e a amenidade do ambiente; IV- Garantir que os espaços públicos permitam e reforcem o convívio social, através da criação de conexões com o tecido urbano consolidado;

V- Dotar os espaços públicos do caráter de praças ou parques; VI- Assegurar, além da APP de 30m, faixa de 20m livre de construção a partir do limite dos lotes registrados junto à orla do Lago Sul e do Lago Norte (SHIS e SHIN), onde for possível2.

2   Os princípios e elementos citados fazem parte de um documento que atualmente encontra-se sujeito a alterações e que portanto, nesse trabalho acadêmico, se utilizou a sua última versão.


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Trabalho Final de Graduação


Museu do Povo Brasileiro

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1 Primeira proposição: o museu que se conecta a orla do lago Paranoá. 2 Estudo da volumetria do mus 3 Corte transversal de um dos estudos preliminares. 4 Corte longitudinal da primeira proposta. 5 Corte longitudinal da proposta após observações dos membros da banca intermediária na primeira etapa da diplomação. 6 Croqui do pórtico estrutural desenvolvido na segunda etapa do trabalho. 7 Mapa de implantação.

Implantação

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Após um série de considerações sobre o programa de necessidades, topografia do terreno, coeficiente de aproveitamento, caminhos já existentes no perímetro que permite área edificante, grande estacionamento exigido pelo código de obras do DF, arcabouço teórico, áreas de preservação ambiental da região e as aspirações e ambições do projeto Orla Livre, desenhou-se diversos partidos e se chegou a seguinte conclusão: segmentando o programa de necessidades em vários prédios o espaço de parque seria muito grande e resultaria em vários espaços ociosos, além disso as partes edificantes não teriam coesão, dificultando distinguir fluxos de visitantes do museu e funcionários do museu. Dessa forma o projeto resultou num edifício que comporta todo o programa num único espaço. O partido adotado visa criar uma conexão com o lago Paranoá, desta forma um volume retangular de 30x225m se extende do nível da rua ao nível do lago, assim o grande museu linear propiciou a criação de 2 porções no terreno.

A parte anterior permiti a entrada do visitante ao foyer pela calçada pública ou este desce no ponto de ônibus e percorre uma praça até o interior do museu. Um grande estacionamento dá acesso aos visitantes e também aos funcionários do museu. Além disso o acesso a uma pequena via restrita permite a carga e descarga de obras e uma rótula dá acesso a entrada do museu destinada ao uso exclusivo de autoridades. Já a outra porção do terreno, decidiu-se deixar uma projeção para que o museu pudesse crescer futuramente, assim como é colocado na questão do museu do crescimento ilimitado de Le Corbusier. Além de tal justificativa teórica, a legislação do DF permiti um potencial maior de construção do que o imaginado no anteprojeto. Já o restante do terreno deve pentencer a escala bucólica concebida por Lúcio Costa para a cidade de Brasília, assim se confere a necessidade de preservar o caráter de cidade parque, almejando manter preservadas áreas verdes do terreno sendo possível sua utilização

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para fins culturais, de lazer e contemplação de forma que sugere-se a possibilidade de implantação de pequenos edificações efêmeras de caráter simbólico. Esses pequenos edifícios funcionariam de forma flexível atendendo a necessidades específicas do MPB (assim como os "folies" do parque de La Villette). Sugere-se que os três espaços (edifícios efêmeros) remetam a algum patrimônio histórico cultural do Brasil de âmbito nacional, regional ou local. Proposições: espaço da capoeira, espaço do boi-bumbá , jardim Francisco Ozanam (espécies do bioma cerrado). Entre as duas porções uma pequena biblioteca e uma grande praça de exposições efêmeras oferecem diversas atividades para os transeuntes do parque museu. No nível superior, acessado por rampa ou escada rolante se encontra uma loja e um café. E no nível inferior ao da praça um deque recebe transeuntes da ponte JK e da nascente JK. Um pequeno atracadouro conectado ao deque de baixo do balanço do museu recebe pequenas e médias embarcações.


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1 Fotografia do terreno vista do talude da ponte JK. 2 Perspectiva do museu vista do mesmo talude. 3 Perspectiva área do terreno e museu.

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Implantação

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Corte longitudinal Planta de corbetura Cortes transversais Planta térreo Planta nível -1 Planta nível -2

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foyer

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prelúdio

auditório

espaço singular

linha do tempo

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grande galeria

exposições efêmeras

deque

biblioteca pública

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administração

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loja/café/livraria

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Museu do Povo Brasileiro

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1 Primeiro estudo da conexão entre foyer e auditório. 2 Croqui do grande corredor de acontecimentos históricos. 3 Croqui da grande galeria vista a partir do prelúdio. 4 Estudo entre o espaço singular e a praça do povo. 5 Estudo da praça do povo. 6 Perspectiva do interior do foyer. 7 Visitante olhando para a tela do auditório. 8 Espaço dos acontecimentos históricos. 9 Pessoas observando a grande galeria e os cinco totens representantes do povo brasileiro.

Museografia

A questão museológica deu moldes aos ambientes do museu de tal forma que projeta-lo foi um exercício de imaginação do como aquele espaço poderia ser utilizado. Inspirado nas referências teóricas a ideia foi criar espaços como galerias clássicas, praças e espaços instrospectivos tudo num mesmo edifício. A exposição museográfica dá início na porção mais alta do terreno. No foyer o transeunte compra seu ingresso e dirige-se a um auditório onde recebe instruções e informações da cultura brasileira um pequeno curta-metragem de 5-10min introduz a temática deste museu. Saindo do auditório o transeunte percorre um grande corredor de 30m que pode ser observado num período de 5-15min o conteúdo deste espaço é um resumo histórico do que foi e é o Brasil. Quando finalizado esse momento, depara-se com o "prelúdio", espaço criado para que o transeunte contemple de 1-2 min a grande galeria sob uma outra perspectiva.

Uma rampa sinuosa com dois patamares conduz o visitante ao nível das galerias que contêm 5 totens cada uma remetendo aos cinco povos formadores da matriz brasileira, essas cinco galerias falam dos cabolocos, índios, caipiras, ribeirinhos e gaúchos, uma alusão ao trabalho do sociologo Darcy Ribeiro e sua obra "O povo Brasileiro". Depois de percorrer a grande galeria por cerca de 10-30 minutos, um grande espaço convidativo surge inesperadamente, uma alusão simbólica a permeabilidade da cultura e do povo brasileiro. A rede do "espaço singular" um estrutura tensionada, cria locais de descanso e lazer durante seu percurso. Também foi pensando uma rampa na fachada leste com 3m de largura para as pessoas com dificuldade de locomoção e pcd's. A interrupção das paredes brancas por um gradil cria uma atmosfera de incerteza quanto ao interior e o exterior do museu. O periodo máximo de permanência nesse ambiente é de 40min.

Perpassando o final deste ambiente o transeunte é convidado a entrar na "praça do povo", lá o transeunte volta para uma exposição de caráter introspectivo. Este é convidado a interagir com painéis no chão do piso. O conteúdo da exposição se resume a amostra de imagens e informações sobre notórias figuras brasileiras. Após o fim da amostra de 15min as luzes permeiam a praça pela despolarização do vidro inteligente e mostram a relação do museu com a orla do lago do outro lado do grande pano de vidro é visível a ponte JK. Na fachada oeste uma porta se abre e o transeunte desce uma rampa que conduz o ao nível inferior onde se encontra uma loja do museu, um café e uma livraria. O museu permite ao usuário o usufruto dos seguintes espaços para não pagantes: praça para eventos e exposições abertas, biblioteca, deque, café, livraria e loja. Todos esse espaços podem ser acessados pelo estacionamento, pelo deque e pelo caminho de pedestres do parque.

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Museu do Povo Brasileiro

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10 Uma possibilidade de representação de uma das galerias. 11 Transeuntes iniciando o espaço singular e contemplando uma réplica do Demoiselle avião de Santos Dumont. 12 Visitante dentro da praça do povo observando algumas figuras brasieliras. 13 Fim da seção na praça do povo e despolarização do smart glass possibilitando a visibilidade da orla. 14 Perspectiva da loja e café do museu do povo brasileiro. 15 Praça para exposições efêmeras com arquibancada e escadas rolantes ao fundo.

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Museologia

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laraboia de vidro - Smartglass

Museu do Povo Brasileiro

viga de cobertura montada in - loco perfil "I" 720x370mm

viga secundรกria - Gerdau perfil "I" 720x370mm

claraboia calha

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1 2 3 4

pilar de concreto armado acabamento polido

Detalhe em escala 1:50 Detalhe em escala 1:75 Detalhe em escala 1:10 Detalhe em escala 1:100

nervura

longarina

2

parede dupla da fachada oeste CCA Sical - Classe C25 viga secundรกria - Gerdau perfil "I" 720x370mm

Detalhamento viga secundรกria - Gerdau perfil "I" 720x370mm

vigota - Gerdau 370x370mm perfil enrijecedor Smartglass

fixador

estrutura metรกlica da claraboia

i=2%

1

3

apoio

extremidade da nervura


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Trabalho Final de Graduação


Museu do Povo Brasileiro

CHOAY, F. A alegoria do patrimônio. São Paulo: Editora Estação Liberdade Ltda, 2001 CONDURU, R. Arte Afro-Brasileira. Belo Horizonte: Editora Arte, 2012 JUNIOR & COLNAGO. Economia da Cultura. Brasília: MinC/Ibram, 2010 KIEFER, F. Arquitetura e museu na contemporaneidade. Quando a arquitetura brasileira fazia museus. Arquitextos Vitruvius, Porto Alegre, 2002.

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Referências Bibliográficas

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