IMAGINI

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IMAGINI JOÃO MENÉRES MYRA KANDAU



IMAGINI As imagens fogem inconscientes no sonho da madrugada. Deslizam céleres no frio da manhã. Repousam calmas no estio do poente. Percorrem os caminhos sinuosos da serra. Passam rápidas na autoestrada veloz. As imagens são verdes e amarelas, azuis e encarnadas. São pequenas e grandes. São flores e rios. Animais e árvores. São pessoas e casas. Monstros e pesadelos. São medo, delírio, amor e ódio. As imagens são tudo o que se quiser. Porque elas não existem. Somos nós que as criamos. Há caçadores de luz. Deuses da cor. Mágicos da forma. Gente que sabe ver. Gente que transforma a escuridão num caleidoscópio. Que faz do vazio um universo em explosão. Gente que aprisiona o olhar na esquadria de uma pintura. Que captura a luz na objectiva de uma fotografia. Quem sabe ver, vê para lá do olhar. Olha para além da vista. Cria sensações. Desperta emoções. Quadrados mágicos. Janelas para o infinito. Molduras abstractas. Eterniza pessoas. Fixa lugares. Desvenda sentidos. Antes era nada. Agora são cores e formas. Curvas e rectas. Quadrados e cubos. Êxtase e esplendor. As imagens são ilusões. Sempre diferentes. Sempre irrequietas. Alongam-se no sol oblíquo do entardecer. Caem opacas no prumo do meio-dia. Desfazem-se no nevoeiro do crepúsculo. São gordas e magras. Altas e baixas. Sombra e luz. Claro e escuro. Ilusões infinitas em mutação constante. Roubamos uma parte da realidade e a realidade passa a ser outra. As imagens ganham personalidade. Encontram a própria vida. Agora já não têm contexto. Não são daqui ou dali. São de todo o lado. Viajam pelos continentes. Não têm fronteiras. Alcançam tudo e todos. Exibem-se nos átrios dos museus da moda. Dão vida a revistas e jornais. Divertem-se em photoshops. Libertam-se em grafitis. Explodem nos outdoors. Podem impressionar. Alegrar. Seduzir. Matar e ser mortas.


A Imagem não se repete. Nunca se deixará captar de novo. Muda a cada passo e nós mudamos com ela. E cada um de nós vê coisas diferentes na mesma imagem. Porque as imagens são tudo o que quisermos. As imagens não existem. Nós é que as criamos. Myra Landau e João Menéres são dois construtores de imagens. A sua vida é uma demanda em busca da luz. Viajam pelo interior de si próprios. Avançam por terrenos inexplorados. Manipulam formas. Fazem explodir as cores. Durante a sua já longa carreira, ambos buscam a beleza. Ambos procuram a Imagem. Essa Imagem que foge e se esconde. Que raras vezes se deixa apanhar. Que precisamos inventar todos os dias e que todos os dias nos surpreende. João nasceu no Porto em 1934 e lá continua a residir. Myra nasceu na Roménia em 1926, passou pelo Brasil e estabeleceu-se no México. Agora mora em Jerusalém. João começou a fotografar em 1972. Myra começou a pintar em 1952. Ambos continuam activos e se as suas técnicas mudaram, a sua excelência não. Eles descobrem agora imagens que lhes fugiram toda a vida. Criam novas sensações. Não desistem de nos impressionar. Mantêm o mesmo entusiasmo. O mesmo afã. Continuam os velhos meninos de outrora que se alucinam na descoberta do mundo e que continuam a querer imaginar imagens. João e Myra encontraram-se na blogoesfera em Abril de 2009. Não se conhecem pessoalmente. Os encontros na Web são estranhos. Vamos de link em link, um comentário aqui, outro ali. Respondemos a uns, a outros não…, sabe-se lá porquê. Geram-se empatias. Simpatias. Dependências. Descobrimos que por trás da virtualidade há pessoas, pessoas com passado, com mérito, com talento. Descobrimos que muitos de nós somos artistas. Descobrimos que a Net é uma forma de nos confortarmos e de nos incentivarmos. Um desafio permanente à nossa criação. Um estímulo à nossa sobrevivência. Foi em Março de 2014 que o desafio foi lançado. Este livro é um encontro de imagens. Um diálogo de sentidos. A uma fotografia responde uma pintura. A uma pintura responde uma fotografia. E as páginas brancas falam connosco como se escrevessem poemas abstractos.

Junho de 2014 Jorge Pinheiro




Ă‚NCORA vida presa amarrada solto sou livre tudo ou nada

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REDE apanhado quero ar morro sem respirar

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REFLEXO vertigem queda sem fim espelho de luz confronto de mim

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MĂ SCARA sou cara de coisa sou coisa de nada sou alma danada sou nada de nada

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GUARDA SOL chuva de sol brilho molhado caem as cores fazem-se amores

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TAPETE voa sobrevoa passa à toa mágica visão lenda de sedução

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MULHER eva que fora era eu sem ser seria ela sem eu saber?

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CORES brilha amarelo sobe no azul verde infinito encarnado total

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ร GUA desliza passa entra e sai รกgua molhada que vem e que vai

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FORMAS s達o gordas e magras movem-se e andam s達o bonitas e feias s達o elas que mandam

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BARCO correntes marĂŠs ondas baixios barcos soltos navegam vadios

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NĂšMERO roda a bola tira Ă sorte a hora da tua morte

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ESCURIDテグ preto negro saテュdo do escuro medo sinistro fantasma obscuro

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PEDRA – MÁRMORE frio muro puro duro pedra forte prenuncio de morte

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CATAVENTO gira o tempo contra o vento passa lento atĂŠ parar

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EXPLOSテグ tudo explode tudo se quebra perde-se a vida morre a esperanテァa

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JOÃO MENÉRES Sempre gostei de Fotografia mas só a partir da década de 70 me dediquei com mais empenho e através de revistas tomei conhecimento da obra dos grandes mestres da Fotografia mundial que passei a acompanhar com regularidade. Participei na “Volta ao Mundo com a PSA - Photography Society of America” e colaborei com as maiores agências de publicidade do Porto e de Lisboa. Realizei dezenas de exposições individuais, tanto em Portugal, como na América, África e Europa. Autor de vários livros com Fotografia e co-autor de muitos mais a que já perdi a conta, tenho o blogue Grifo Planante onde, por norma, edito uma imagem diariamente. A amizade com a Myra Landau e o Jorge Pinheiro, conhecimentos feitos através da blogoesfera, acaba por ser a razão deste livro IMAGINI. BLOG: http://grifoplanante.blogspot.pt

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MYRA LANDAU “Nasci em algum lugar do Velho Continente. Vivi no Brasil, no México, na Itália, e há dois anos, moro em Israel. Portanto, considero-me apátrida. Não acredito em fronteiras, não gosto de bandeiras, não tenho limites. Única pátria: amizade, amor e justiça para todos. Falo seis línguas, nenhuma perfeitamente. Características: cabelo jovem e branco. Currículo muito longo: ninguém iria ler. O resumo dele é muito difícil de fazer, porque não sei o que ressaltar. Para mim, tudo é importante. Cerca de 60 exposições individuais em museus, universidades, institutos culturais e galerias importantes em toda a América e Europa. Mais de 150 exposições também nas Américas e na Europa. Paul Westheim, José Augusto França, Marcel Janou, Quirino Campofiorito, Aracy Amaral, Mario Pedrosa, Jorge Olvera, Jorge Alberto Manrique, Rita Eder, Fernando Andrade Cancino e muitos outros, apreciaram e discutiram o meu trabalho. Newfoundland Franco (“Petite Galerie” - Rio de Janeiro) e Oswaldo Goeldi foram os primeiros a acreditar em meu talento. Dois grandes sonhos de hoje: continuar a pintar, desenhar — reciclar tudo o que puder para transformar em arte — e tornar-me uma escritora”. Mais em seu site: www.myralandau.com BLOG: www.myra-parole.blogspot.com. 77



JORGE PINHEIRO Nasci em Lisboa, a 17 de Setembro de 1951. A música foi a minha primeira paixão. Nos anos 70, fiz parte do grupo de rock-progressivo Ephedra. A escultura orgânica de materiais recicláveis acompanhou-me por mais de 30 anos. A fotografia tem vindo a estar cada vez mais presente na minha vida. A partir de 2005 comecei a escrever. Tenho 6 livros editados, para além de prefácios e artigos. Mantenho-me diariamente activo no blogue expressodalinha@blogspot.pt e no Facebook. Escrever vai ser a minha derradeira paixão. Depois não sei...

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FOTOGRAFIA João Menéres

PINTURA Myra Kandau

PREFÁCIO Jorge Pinheiro

DESIGN E PRODUÇÃO Qualquer Ideia

Nº de Exemplares 200





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