Atualis 04 agosto 2013

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atuaLis - ano I - número 4 - agosto 2013 - mensal - Diretor: José Pedro Marques - distribuição gratuita

economia

Afinal o que são os SWAP

págs. 4-5

entrevista

João Semedo Co-coordenador do BE “Não sou candidato em Lisboa para depois ser candidato às Europeias ou à Presidência da República...” págs. 8-9

à conversa com

Paulo Aido Jornalista, entretanto vereador na Câmara de Odivelas, autor de livros de sucesso, como os dedicados aos dois últimos Papas, ou A Primeira Derrota de Salazar, pelo qual tem um especial carinho... págs. 10-11

opinião

Paulo Ferrero l Paula Carvalho

desporto pág. 2

Belém, Belém

Ruy de Carvalho pág. 12

A dança dos paradigmas pág. 15


atualis

editorial José Pedro Marques

Para lá dos requisitos elementares – abrigo, privacidade, conforto – a habitação sempre serviu como uma montra das diferenças sociais. As mais faustosas e ricas construções contrastam com aqueles espaços a que só com muito cinismo se pode atribuir a classificação de casa ou moradia; mas que, no entanto, subsistem nas sociedades ditas desenvolvidas. Os típicos azulejos decorativos, afixados em muitas habitações, com a mensagem “Lar Doce Lar”, escondem quase sempre tempos de amargura e aperto para que esse mesmo lar fosse possível. Falamos concretamente do custo, ou renda, desses espaços de básica necessidade para o comum dos mortais, mas que na verdade são tratados como verdadeiros “luxos”. Há mesmo quem despreze (por “de-

magógica”), ou se amofine, com a passagem da Constituição, que refere no seu artigo 65.º: “Todos têm direito, para si e para a sua família, a uma habitação de dimensão adequada, em condições de higiene e conforto e que preserve a intimidade pessoal e a privacidade familiar”. Mas não é a discussão sobre as normas constitucionais, e a sua (in) observância estatal, que aqui nos ocupa. Vamos assim directos ao nosso assunto: as rendas de casa, problemática emergida em força com a entrada em vigor da Lei n.º 31/2012, de 14 de Agosto. Lei que divide senhorios e inquilinos na sequela de queixas, nomeadamente dos últimos, vítimas agora da longa ausência de regulação das rendas antigas. O leitor conhece o essencial do diferendo

neste capítulo: o efeito perverso do congelamento das rendas no longo prazo; ou seja, inquilinos que terão vivido “à custa” dos senhorios pela insignificância da renda que paga(va) m. Assim foi em muitos casos. Mas como é habitual acontecer, entre nós, e como o povo diz, cai-se sempre no parâmetro do “ou oito ou oitenta”. O problema mergulha no congelamento das rendas, ditado por Salazar (1948), que, a par de outros condicionamentos, o utilizou para impor uma sociedade com o mínimo de motivos para a reivindicação social. Os magros salários seriam compensados, sobretudo nos centros urbanos, com as rendas baixas. A medida teve um efeito ao retardador, décadas depois, com a vertiginosa subida da inflacção, possibilitando que o grosso das famí-

opinião Os Loteamentos dos ex-Hospitais Civis de Lisboa Paulo Ferrero

Há muito que se adivinhava a intenção, mas desta à prática ainda demorou um punhado de anos e outro tanto de esperança de que tudo fosse mentira. Anos que mediaram o tempo presente e o Ministério da Saúde do XVII Governo Constitucional (2005/2008), que por protocolo (escrutinado?) noutro triunvirato que não o de agora acordou dar corpo à alteração profunda a médio prazo dos usos, volumetrias e utentes dos antigos Hospitais Civis de Lisboa, começando pela chamada ‘Colina da Saúde’ (São José, Desterro, São

Lázaro, Capuchos, Santa Marta e Miguel Bombarda). Na mira, evidentemente, de uns quantos negócios de construção civil e no rescaldo do tal novel Hospital de Todos-os-Santos; remédio providencial para todos os males dos hospitais hoje decrépitos (dizem) ou sob gestão caótica (idem), como se não soubéssemos da imensa falácia que tal argumento encerra do ponto de vista da qualidade do serviço prestado e a prestar (especialidades, número de camas, etc.), em termos de acessibilidades e, obviamente, para a Cidade. Foi

um ápice. Rapidamente, Estado (Governo), ESTAMO (empresa pública) e CML, i.e., Estado, formalizaram o ‘objectivo estratégico’ de desmantelamento dos hospitais da colina histórica, primeiro, Curry Cabral, Alfredo da Costa e Estefânia, depois. O Estado cedeu (por venda) à ESTAMO quase todos e quase todos passaram a pagar renda (‘compensação’) à ESTAMO, chama-se a isto: engenharia financeira. A partir daí o mote é deitar abaixo o mais que se possa para se construir o mais possível e vender

opinião A crise económica mundial Paula Carvalho

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A economia é um assunto frequentemente visto por muitos com confusão e tédio, por via dos entrelaçados termos financeiros e dos cálculos intimidantes que nos fazem afastar da sua complexidade. No entanto se olharmos com mais cuidado, com olhos de ver, para esta “anteface” que afirma ser a Dinâmica da sociedade, verificaremos que a economia é uma das estruturas mais estagnantes da vida moderna. Vivemos num mundo em que 1% da população global possui mais de 40% da riqueza do planeta. Não é isso arrepiante? Num mundo onde mais de 35 mil crianças morrem diariamente de pobreza, ou vítimas de doenças, muitas delas evitáveis apenas por um pequeno esforço solidário de boa vontade. Será assim tão difícil? Somos todos irmãos, mas no entanto vivemos num planeta onde mais de metade da população mundial sobrevive com menos de um euro e meio por dia. Algo está errado... muito errado! E quer queiramos, quer não, tudo isto acontece apenas, e só, por causa do dinheiro. Basta dar uma volta pelos bairros sociais que existem na nossa capital para termos alguns exemplos deste

1% por cento da população, para encontrarmos algumas dessas 35 mil crianças, e para nos sentirmos incapazes de ajudar gente a sobreviver com uns míseros euros. Quanta gente na nossa cidade já está sem água e luz há algum tempo? Quanta gente gostaria de viver, apenas e só, com algumas das regalias de alguns políticos e magistrados? A sociedade actual assenta os seus valores em muitas instituições. Desde as jurídicas às políticas, passando pelas sociais, das familiares até às profissionais, todas elas respondendo por muitas das influências que sentimos, dia a dia, na formatação dos comportamentos e de muitas das nossas aspirações. No entanto, nenhuma dessas instituições, que tanto nos condicionam – e no seio das quais todos nós nascemos -, é tão forte, tão mal conhecida, e tão vil como o sistema monetário. De todos os sistemas, o monetário foi o único que sendo do mais puro e duro materialismo, ascendeu a proporções quase religiosas, provocando uma das mais incontestadas formas de fé que existe actualmente. Vivemos no sonho de uma lotaria, de uma herança que nunca mais chega, de um aumento que

tarda, sonhamos com as férias que nunca teremos, o carro que jamais compraremos e com o poder ridículo que uns trocos a mais nos podem dar. Adoecemos pela falta de dinheiro e por ter dinheiro a mais, como se o ser-se rico fosse apenas uma questão de números. O sistema monetário blindou-se no hermetismo de uma linguagem técnica para não responder às perguntas simples. Para sobreviver à custa dos simples. Para simplesmente criar riqueza sobre algo que não existe, utilizando a balança da inflação, o crédito e os juros para gerar lucro de uma forma redundante, fazendo com que as nossas vidinhas sejam como são. Poucos sabem contudo como o dinheiro é criado, quais as políticas que o afectam, e de que forma é que ele verdadeiramente mexe com a sociedade como um todo, ao servir uma máquina que pouco ou nada tem a ver com a grande maioria da população mundial. Quanto mais dívida houver, mais dinheiro existe. E quanto mais dinheiro existir, mais dívida se provoca. O paradoxo está no facto de, se não houver dívida, deixa de haver dinheiro, o que torna o processo de endividamento, sustentável, por força do mecanismo in-


lias, que haviam arrendado as suas casas com muita dificuldade, viesse a experimentar algum desafogo económico sem o peso de rendas actualizadas face aos, frequentes, modestos salários ou pensões. Em 1981, instituiu-se a liberalização das novas rendas, permanecendo condicionados (não já congelados) os arrendamentos anteriores. Hoje o panorama é múltiplo e exemplificável num qualquer prédio antigo, por onde tenham já passado vários inquilinos, onde as rendas, não raro recebidas por um mesmo senhorio, para andares de espaço e qualidade similares, variam entre o “oito e o oitenta”. A presente lei, liberalizadora, vem ao encontro das reclamações de muitos senhorios prejudicados pelo cenário jurídico anterior e que querem agora

ainda mais. O PDM ajuda à festa e os loteamentos viram ‘apólice’. Que se danem as volumetrias baixas e razoáveis, os solos permeáveis, o património edificado e protegido por ‘letra morta’. Que se danem as centenas de anos de História Hospitalar e de Cuidados de Saúde que a transformação radical daqueles hospitais irá implicar, mais apelo menos apelo; calado este, silenciado aqueloutro. Que se dane se ali pulsava Cidade. Há casos escandalosos neste faz-de-conta geral, uns mais (Alfredo da Costa, Curry Cabral) do que outros

flacionário e dos juros que lhe estão subsequentes. É uma bola de neve cuidadosamente estudada e criteriosamente posta em prática para que cada euro, cada dólar ou Yen que exista, seja devido por alguém a outra pessoa, ou de preferência, a um banco. O dinheiro existe por causa dos empréstimos, pelo que se todos nós conseguíssemos pagar na totalidade as nossas dívidas, nós e os governos, o dinheiro deixava de existir. Foi dado o alarme! Mas para tal perigo já existe uma solução! Um dia, em breve, deixará de haver dinheiro. Tudo será substituído por números, e os bancos, juntamente com os governos determinarão os valores da inflação e dos juros. Há quem diga que esta é PUB

reaver em pouco tempo o pecúlio que lhes foi negado por via legal. Só que nem tudo encaixa neste desígnio. Aos inquilinos mais carenciados (também muitas lojas, colectividades, etc.) e antigos “privilegiados”, falta-lhes o salário, a pensão, ou outro rendimento que suporte o espírito justiceiro da nova lei. Para o problema destes será que só se prevê uma única lei: aquela, imperativa, a que todos iremos, um dia e sem excepções, obedecer? E face aos preços dos novos arrendamentos, sob o presente cenário tendencial de baixos rendimentos do “inquilinato”, será que a única resposta é a prescrita nos tempos do dito senhor: famílias partilhando partes da mesma casa, ou aqueles espaços que só eufemisticamente têm o nome de habitação?

(Estefânia, Santa Marta), mas o que querem fazer do antigo Hospital Miguel Bombarda, ignorando a memória e o local, raia a loucura: construírem-se 6 torres de 8-10 pisos acima do solo e mais 3 abaixo, dando como argumento que assim o morro de Rilhafoles será a San Gimignano alfacinha, um ‘miradouro habitado’ (arquitecto dixit) é de bradar aos céus e invocar a fúria divina e o internamento compulsivo e irrevogável no Panóptico. Não há ninguém que pare esta pouca vergonha?

a explicação, embora primária, para a actual crise económica mundial. Curiosamente são os mesmos que dizem que as dívidas não são para serem pagas, são para se irem pagando.

breves... Videovigilância Embora maioritariamente aceite, o sistema de videovigilância com 27 câmaras no Bairro Alto, tem motivado alguma desconfiança quanto às garantias de privacidade dos moradores. A Câmara Municipal de Lisboa, responsável pela instalação, admite que sejam captadas imagens do interior de propriedades privadas, embora sejam obrigatoriamente barradas. Por sua vez, as imagens devem ser conservadas pelo prazo de 30 dias e destruídas, caso não sirvam de prova em tribunal.

Publicação mensal n.º 4 - agosto de 2013 Proprietário:

José Pedro Marques Editor:

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Transportes Em declarações à agência Lusa, o presidente da Autoridade Metropolitana de Transportes de Lisboa (AMTL), Germano Martins, afirmou que esta entidade pretende “estender a toda a área metropolitana o Zapping como o principal título de transporte ocasional, em substituição dos títulos próprios de cada operador com a mesma função”. O mesmo responsável prevê que esta possibilidade, dependente do acordo entre todas os operadores da ATML, se materialize no decorrer de 2013.

espiralabstrata, Unip. Lda. Rua da Estação de Mafra, 28 2640-747 Alcainça Tel. 219 862 438 / 967 157 011 Publicidade:

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opinião do Leitor Calçada da Glória: arte e desmazelo Os ascensores da cidade de Lisboa são uma atracção que todos os turistas procuram conhecer, em especial o da Glória, pois é aquele que faz a ligação entre a Praça dos Restauradores e a zona designada como 7.ª colina, incluindo o Bairro Alto. Por isso mesmo, a Calçada da Glória deveria merecer por parte da Câmara Municipal de Lisboa (CML) uma atenção maior do que aquela que lhe vem dispensando, embora, recentemente, tenha substituído alguns troços de puídas pedras calcárias da calçada por outras anti-derrapantes, já que as mesmas colocavam em perigo a integridade física de quem ali passava, em especial no sentido descendente. Mas o aspecto geral é degradante: passeios escalavrados, paredes pinchadas com sinais de selvajaria, muros degradados ocupados com graffitis de qualidade que se esgota, salvo raras exceções, num simples olhar, Largo da Oliveirinha repugnante e abandonado, mas que merece visitas zelosas de pessoal da EMEL para arrecadar receitas, multando os que aproveitam o espaço para estacionar a sua viatura num local onde apenas circula, com periodicidade, o carro dos serviços de limpeza da CML que,

ignorando o sinal de sentido proibido colocado à esquina, desce a íngreme encosta até à Rua da Glória, sem que as entidades policiais reprimam esse procedimento. Quem sabe se, um dia, por falta de travões, não serão os bombeiros a tomar conta da ocorrência, mas aí já com vítimas graves a lamentar? Bem sabem os mais esclarecidos que esta foi a zona escolhida pelo actual presidente do município para instalar uma Galeria de Arte Urbana, tendo para o efeito sido montados meia dúzia de grandes painéis onde, periodicamente, são expostos trabalhos de alguns writers que exprimem o seu talento desta forma, numa tentativa de os dissuadir a apropriarem-se de outros locais da cidade. Este espaço de liberdade criativa dedicada ao graffiti e à street art foi uma atitude louvável, mas o tempo tirou-lhe vitalidade e dinâmica, não se compreendendo porque ainda não foram retirados os trabalhos ali expostos dedicados a Almada Negreiros, já que alguns deles estão barbaramente vandalizados, emprestando a todo o espaço uma ainda maior sensação de abandono e desleixo. Será que, estando assim, este espaço é digno e alguém acredita que o mesmo está incluído numa zona urbana classificada como Monumento Nacional do Ascensor da Glória? Vítor Rodrigues (Lisboa)

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Afinal o que são os SWAP? Um dos quatro espécimes

dos contratos onde se negoceia a troca do índice de

rentabilidade entre dois activos Uma das perguntas que a maioria dos portugueses mais faz nestas últimas semanas é: O que são os contratos Swap ou os Swaps? Convém referir que estamos perante uma espécie de produto financeiro tecnológico. Ou seja, enquanto a indústria tem uma faceta eminentemente criativa na procura de novos bens de consumo, mais ou menos inertes no âmbito dos produtos ou serviços que servem uma comunidade alargada, no sector financeiro procuram-se novas formas de ganhar dinheiro, aumentar lucros das instituições, satisfazer os investidores mais ou menos gananciosos, protegendo simultaneamente uma determinada franja de clientes. Ora com esse propósito, a JP Morgan Chase & Co., uma sociedade gestora de participações sociais, e líder mundial em serviços financeiros, foi a maior impulsionadora dos Swaps ou, melhor dizendo dos contratos derivativos. É que os Swaps são um dos quatro principais espécimes dos contratos derivativos. Portanto, para percebermos o que são os “Swaps” temos de conhecer, em primeiro lugar, o Derivativo que é um contrato onde se estabelecem pagamentos futuros, cujo montante é calculado com base: No valor assumido por uma variável, tal como o preço de um outro activo (uma ação ou commodity); na inflacção acumulada no período; na taxa de câmbio; na taxa básica de juros ou qualquer outra variável dotada de significado económico. Os contratos Derivativos recebem esta denominação porque o seu preço de compra e venda, deriva do preço de outro activo, denominado activo-objecto. No início do desenvolvimento dos mercados financeiros, os derivativos foram criados por uma boa causa: Como forma de proteger os agentes económicos (produtores, comerciantes e prestadores de serviços) contra os riscos decorrentes de flutuações de preços, durante períodos de escassez ou

superprodução dos produtos negociados. Presentemente, a ideia básica dos agentes económicos, ao operar com derivativos, é obter um ganho financeiro nas operações de forma a compensar perdas em outras actividades económicas. Desvalorização cambial e variações bruscas nas taxas de juros são exemplos de situações que já ocorreram na economia, onde os prejuízos foram reduzidos ou até se transformaram em ganhos, sobretudo para os operadores financeiros que protegeram os seus investimentos, realizando operações com derivativos. Entre os derivativos mais populares encontram-se os optativos ou opções e, sob estes, existem diversas versões teóricas de valorização. Entre elas, uma das mais difundidos é o modelo de Black & Scholes, publicado por Robert C. Merton, em honra a Fischer Black e Myron Scholes, que valeu o Nobel de Economia aos seus autores, Merton e Scholes (Black já tinha falecido quando o prémio foi dado). Os mercados “futuros e de opções” são extremamente importantes no mercado financeiro. São utilizados por hedgers - especuladores - e a sua formação de preços deriva de mercadorias e de activos financeiros. Os principais tipos de contrato derivativo são: Swaps (a Troca) são contratos que determinam um fluxo de pagamentos entre as partes contratantes, em diversas datas futuras previamente definidas. Negoceia-se a troca (em inglês, swap) do índice de rentabilidade entre dois activos. Por exemplo: a empresa exportadora A tem uma dívida cujo valor é corrigido pela inflação e prevê que terá moeda em caixa, como dólares ou euros. Portanto, ela pode preferir que a sua dívida seja actualizada pela cotação do dólar ou do euro. Já a empresa B, que só vende no mercado interno, tem um contrato reajustado em euros, e pode preferir usar outro indexador, tal como


Anatomia de um swap

a qualquer momento, até a a taxa de juros. Aqui está um exemplo simplificado Os investidores recebem data de vencimento, enquanEntão, as empresas A e B, de como um swap pode ser utilizada de volta o investimento, Para replicar um investimento quer seja bom ou mau, to as opções do tipo europeu que estão interessadas em por um fundo para ter exposição de 1 milhão de dólares como se a reserva fosse só podem ser exercidas na no título de crédito, trocar os seus respectivos a um título de crédito que é difícil proprietária directa comprar directamente. o fundo entra num acordo data de vencimento do conriscos, poderiam fixar um daquele título swap por aquele montante de crédito. trato. Caso não exerça seu contrato de swap (directaespeculativo com o banco. direito, o comprador perde mente ou pela mediação de também o valor do prémio uma instituição financeira). O C BAN pago ao vendedor. No entanto, o swap impliFUN DO ca risco. Variações inesSe o título de crédito bancário aumenta de valor, o banco Quem é quem neste neperadas nos indexantes envia dinheiro ao manager gócio das dívidas podem evendo empréstimo e, em O JP Morgan é uma das tualmente prejudicar um última instância, ao fundo. empresas responsáveis pela dos subscritores, lesando criação dos derivativos de outros nas mesmas cir- O fundo deposita crédito. É a maior especialiscunstâncias. A operação de uma parte desse valor - por exemplo, 20% - como Se o valor do título de crédito cai, ta a negociar estes produtos. swap - tal como nas ope- garantia de empréstimo o banco é pago e o fundo investe O banco de investimento rações a termo, um outro bancário de uma terceira parte MANAGER mais colateral para reaver os 20%. associado a esta empresa espécime dos derivativos e segrega o restante como DO EMPRÉSTIMO dinheiro no seu portefólio. é um dos maiores negocia– tem de ser liquidada intedores destes produtos nos gralmente no vencimento. De opção são acordos que dão a venda de um activo a preço certo, mercados nova-iorquinos. A Termo é quando o comprador e compradores ou vendedores o dinum prazo estabelecido. O compraA JP Morgan Chase & Co., de Nova vendedor se comprometem a comreito - mas não a obrigação - de dor e vendedor comprometem-se a Iorque, é uma sociedade gestora de prar ou vender, em data próxima, comprar ou vender o activo relacomprar ou vender uma quantidade participações (associada sob a Lei certa quantidade de um bem (mercionado, num data futura (data determinada de um activo por um de Delaware de 1968) líder mundial cadoria ou activo financeiro), a um do vencimento da opção), por um preço previamente ajustado, a ocorem serviços financeiros e uma das preço fixado antecipadamente, na preço previamente estabelecido (o rer num prazo futuro. maiores instituições bancárias. própria data da celebração do conpreço de exercício da opção). Estes compromissos são assenA JP Morgan possui activos supetrato. Os contratos a termo somenTal como num contrato de seguro, tes diariamente de acordo com riores a 1,2 triliões de dólares norte são liquidados integralmente na o comprador deve pagar um préas expectativas do mercado e ao te-americanos, consequência de data do vencimento. Um risco efecmio ao vendedor. O detentor de preço futuro do bem, por meio do margens de lucro obtidas a partir tivo. Estes contratos podem ser neuma opção de compra (call option) ajuste diário (mecanismo que apudos investimentos dos accionistas gociados em bolsa e no designado ou de venda (put option) não é ra perdas e ganhos). e em contratos especulativos. mercado de balcão. obrigado a exercer o seu direito de Os contratos futuros são negoOs Contratos Futuros são aqueles compra ou venda. Opções do tipo ciados somente nos mercados José Maria Pignatelli em que se estabelece a compra e americano podem ser exercidas bolsistas. PUB


freguesias

carnide

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são domingos de benfica

Aí está a Feira da Luz!

A Feira da Luz realiza-se uma vez por ano, decorrendo a edição de 2013 entre 31 de Agosto e 29 de Setembro, no Largo da Luz, em Carnide. É uma das mais antigas feiras portuguesas, remontando ao século XVI. Tem associada uma forte componente religiosa, que culmina na procissão em honra da Nossa Senhora da Luz, no último domingo de Setembro, a qual tem associada a lenda de um soldado português que foi para a guerra em Ceuta e que, durante o conflito, terá sido salvo por uma luz com a imagem de Nossa Senhora. Como agradecimento, quando regressou a Portugal mandou construir uma ermida onde hoje se localiza o santuário. A feira é também conhecida pela oferta comercial ambulante, embora o

Consulta jurídica gratuita

em São Domingos de Benfica

correr dos tempos lhe tenha alterado os contornos de antanho, mas onde não se deixa de comprar roupa, olaria, cestaria, loiça, artesanato e mobiliário. Pode-se ainda encontrar restaurantes de petiscos, sobretudo grelhados, para além das guloseimas típicas, como farturas, algodão doce e pipocas. A Junta de Freguesia de Carnide irá realizar em simultâneo, e no mesmo espaço, uma Feira de Artesanato, inserida no plano de revitalização da Feira da Luz, em estreita ligação com a Câmara Municipal de Lisboa. Para além do artesanato, a Junta de Freguesia promoverá ainda diversos eventos, incluídos no programa Olhar Carnide, que têm por fim a animação do recinto e que culminará com um concerto de Simone de Oliveira.

A Junta de Freguesia de São Domingos de Benfica, tendo sempre em vista uma constante preocupação com as especiais condições de vulnerabilidade dos mais idosos e carenciados, procurou dar resposta a uma necessidade cada vez mais premente nos dias que correm: o acesso à consulta jurídica! Sabendo que o acesso ao direito e aos tribunais, na defesa dos direitos e interesses legalmente protegidos dos cidadãos, não pode vir a ser negado ou dificultado por razões de insuficiência de meios económicos e tendo principalmente em linha de conta as alterações legislativas que vieram mudar, de forma profunda e em alguns casos drástica, as regras do arrendamento urbano destinado a habitação, colocando em crise a manutenção de muitos arrendamentos e, em outros casos, permitindo aumentos de renda

de forma excessiva, decidiu proceder ao estabelecimento de um protocolo com a Ordem dos Advogados Portugueses, com vista à criação e a instalação de um Gabinete de Consulta Jurídica, a funcionar nas instalações da Junta de Freguesia. Assim, e após ter reunido com o Conselho Geral da Ordem dos Advogados Portugueses, está previsto que ainda durante o mês de Setembro de 2013, comece a funcionar o referido gabinete, com vista a assegurar a informação e consulta jurídicas, de forma gratuita, aos cidadãos carenciados economicamente, recenseados na área geográfica da Junta de Freguesia de São Domingos de Benfica, ou que aí exerçam uma actividade profissional de forma regular e contínua, que por insuficiência de meios económicos não tenham a possibilidade de custear os serviços prestados por advogado, considerando-se em situação de insuficiência económica o cidadão que tenha um rendimento mensal igual ou inferior ao ordenado mínimo nacional, sendo a prova dessa situação de insuficiência económica efectuada pela apresentação do recibo de vencimento e/ou declaração de IRS dos beneficiários.


ameixoeira

ameixoeira

Jardim de Santa Clara renovado

Há muito que era um espaço verde desumanizado, degradado e abandonado pela Câmara Municipal de Lisboa, apesar das muitas promessas que ao longo dos anos foram sendo feitas à Junta de Freguesia da Ameixoeira que, insistentemente, solicitava que o mesmo fosse intervencionado com urgência. Em estilo barroco, o espaço público há muito havia deixado de cumprir a sua função, tal era o estado em que se encontravam os caminhos interiores, os bancos e o lago, há alguns anos arranjado e com repuxos a funPUB

cionar, mas que pouco tempo assim esteve devido aos actos de destruição de que foi alvo. Finalmente, no dia 20 de Julho, o “novo” Jardim de Santa Clara foi inaugurado, numa cerimónia que contou com a presença do presidente da edilidade municipal, António Costa, dos vereadores José Sá Fernandes e Manuel Salgado, bem assim como da presidente da Junta de Freguesia da Ameixoeira, Albertina Ferreira. Nas alocuções que os dois primeiros proferiram, frisou-se, em especial, a

24.ª edição importância da reabertura deste jardim que, em conjunto com o da Quinta Nossa Senhora da Paz, no Lumiar, são essenciais para a concretização do parque periférico, já que estão no centro de vários caminhos que agora deverão ser concretizados. Mas, mais importante do que as palavras é o espaço que agora foi legado à freguesia: um jardim amplo, que respeita o estilo que possuía e incluiu uma alameda de tílias, uma zona central com lago, uma alameda de cedros, diversas zonas verdes de enquadramento e uma praça circular que poderá receber concertos e outros espectáculos. Na saída para a Rua Jorge de Sena foi instalado um parque infantil e um quiosque com esplanada de ambiente calmo e descontraído, que convida a desfrutar o cheiro da paz e da natureza, e onde pode, enquanto navega na internet sem fios, provar belas tostas em pão saloio ou saciar a sede com limonadas ou cocktails especiais. Espera-se agora que a vigilância seja constante e que a segurança não seja posta em causa, pois, como é fácil de perceber, trata-se de um espaço que veio contribuir de forma significativa para a melhoria da qualidade de vida de todos os que aqui vivem ou trabalham.

dos Jogos Florais É uma actividade que os sucessivos Executivos que têm dirigido os destinos da freguesia nunca deixaram de organizar. A entrega dos trabalhos tem como data limite o dia 4 de Setembro, sendo o tema deste ano “Os Coretos”, estruturas cobertas construídas em ferro ou betão, localizadas em jardins ou praças com o objectivo de acolher pequenos espectáculos musicais, como coros ou pequenas bandas filarmónicas locais. Os primeiros terão surgido em Inglaterra, em meados do século XVIII e em Portugal nos finais do mesmo, tendo-se espalhado por quase todo o mundo. Embora ainda hoje muitos se encontrem em estado de degradação, outros já foram recuperados e constituem o ex-libris de algumas localidades. É sobre isto que os concorrentes terão que trabalhar para que vejam o seu mérito reconhecido nas modalidades de fotografia, prosa ou verso.


capa

João Semedo

“Candidato-me porque considero que o Bloco de Esquerda tem um contributo que nenhuma outra força política pode dar”

João Semedo é o candidato do Bloco de Esquerda à Presidência da Câmara Municipal de Lisboa, nas eleições autárquicas de 29 de Setembro. A entrevista ao deputado e co-coordendor do BE, foi feita por correio electrónico em tempo de férias.

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Identificou os grandes problemas de Lisboa e, como tal, as áreas de intervenção prioritária: habitação, transportes públicos, emergência social. No capítulo da habitação, o que se propõe fazer para desagravar este problema? Há duas mudanças fundamentais nas apostas que têm sido preponderantes na política de habitação: dinamizar o mercado de arrendamento em detrimento do mercado de venda e apostar na reablitação em detrimento da construção nova. Sobre estas matérias, o executivo de António Costa fez muitas declarações de intenções mas concretizou muito pouco. Em boa medida, porque esta mudança de paradigma implica enfrentar os interesses de quem ganha com a especulação imobiliária. Para conseguir estas duas transformações, a CML deve manter, reabilitar e, na medida das suas possibilidades, ampliar o seu parque habitacional, arrendando-o em vez de o vender. Por outro lado, deve ser introduzida uma taxa que corrija o escândalo fiscal da isenção de IMI para os fundos municipais. Essa taxa deve ser fortemente agravada nos casos das casas desocupadas, para pressionar para a sua colocação no mercado. Não é aceitável que os fundos, que são os maiores proprietários da cidade de Lisboa possam continuar a ter dezenas de milhares de casas vazias. Se as casas vazias em Lisboa forem colocadas no mercado de arrendamento, isso provocará uma redução significativa no valor das rendas em Lisboa. Com as receitas do arrendamento das suas casas e desta taxa, a CML deve criar um Fundo de Reabilitação Urbana que, em conjunção com uma empresa unificada de habitação, mobilize financiamento privado e progra-

mas europeus para financiar a reabilitação das casas degradadas de Lisboa, apoiando os proprietários que não tenham recursos próprios e realizando obras coercivas quando necessário. Faço a mesma pergunta relativamente à forma de gestão dos transportes públicos. A ideia avançada por António Costa de utilizar, para a municipalização dos transportes, as receitas de estacionamento cobrado pela EMEL, as receitas da publicidade exterior e uma parte do IMI, não é viável (ou suficiente)? Antes de mais, não percebo é porque é que esta proposta só surge agora, a poucos meses das eleições. António Costa é presidente da Câmara há seis anos, o Governo lançou um ataque ao serviço de transportes públicos que começou há dois anos atrás. Porquê só agora? É para valer ou é só para a campanha? É correcto assegurar receitas estáveis para a rede de transportes públicos na cidade de Lisboa. No entanto, esta proposta é insuficiente porque, pelas nossas contas, os montantes em causa não chegam para conseguir a reposição de tarifas e serviços que é necessária para reconquistar os utilizadores que deixaram de utilizar transportes colectivos desde 2011. Uma percentagem das receitas de estacionamento é importante, mas não é suficiente para suprir as necessidades de exploração dos transportes públicos. Na proposta do Bloco de Esquerda é também introduzida uma percentagem da colecta de ISP nos postos de combustíveis do Concelho de Lisboa. Com estas receitas, seria possível suprir o défice do operador num quadro de regresso aos preços e serviço de 2011. A proposta de utilização de uma percentagem do IMI é interessante, mas defende-

mos que esta deve ser uma forma de financiar o investimento e não a exploração. Essa é, aliás, a ideia daqueles que a têm defendido. O que deve, ou pode, fazer a Câmara Municipal no capítulo da emergência social? Bastante mais do que tem feito. Desde 2011 que o actual executivo prometeu e orçamentou verbas para a emergência social. Mas nesse mandato o montante efectivamente concretizado foi de… zero euros. E, mesmo em 2012, o montante executado ficou pouco acima de metade do prometido e do que seria necessário. Além disso, o meu receio é que, contados os votos, e se não houver muita força à esquerda no futuro executivo, a política social da Câmara volte a desaparecer. As carências sociais em Lisboa são muitas e muito diversificadas. Mas há algumas respostas que podem ser dadas com recursos relativamente modestos. Uma emergência particularmente grave é a que decorrerá da aplicação da lei das rendas. O Bloco tem-se batido pela revogação desse autêntico atentado ao direito à habitação, mas também já apresentou uma proposta para lidar com esse drama no plano municipal. Queremos que a CML faculte apoio jurídico para ajudar a proteger as famílias afectadas e, em situações de despejo, que a CML encontre soluções de alojamento recorrendo a imóveis próprios ou de fundos imobiliários que estejam desocupados.


distingue-se por assumir plenamente as suas responsabilidades

perante a catástrofe social ” Penso também que a Câmara deve melhorar e diversificar o apoio domiciliário, nomeadamente introduzindo equipas que realizem pequenas reparações ao domicílio que podem, de forma pouco dispendiosa, ter um enorme impacto na qualidade de vida e nos consumos das pessoas. Deve também articular com a rede de centros de saúde um sistema integrado de apoio de saúde domiciliário. Finalmente, penso que é fundamental pensar as novas funções das freguesias em relação com a política social. O nosso programa defende uma abordagem de proximidade à política social e isso deve passar pelo aproveitamento das actuais sedes de freguesia para alargar a rede de equipamentos sociais e serviços de apoio à população. É previsível que a situação económica e social do país se agrave e, como tal, em Lisboa. Isso implica, necessariamente, o incremento do discurso reivindicativo, por parte da autarquia, junto do poder central? Há várias áreas em que precisa-

mos de uma CML mais forte perante o poder central e as suas políticas. O exemplo dos transportes é um dos mais claros. Temos tido um executivo demasiado dócil perante um processo de destruição desenfreada da rede de transportes de Lisboa por parte do Governo. O mesmo acontece com os ataques a serviços públicos fundamentais na área da saúde e da educação, que, sendo da competência da Administração Central, têm consequências na qualidade de vida dos munícipes. A Câmara Municipal não pode ser procuradora de uma política desastrosa do ponto de vista económico e social. Perante um Governo que não tem hesitado em afrontar todas as outras esferas de poder democrático, a cidade precisa de um executivo forte, que se oponha sem tibiezas a todas as medidas que ponham em causa a qualidade de vida na cidade. A aplicação da Reforma Administrativa em Lisboa, com maiores freguesias, mais competência e meios para as juntas, não deveria de ser acompanhada

O turismo é vital para Lisboa (e para o país) e um dos poucos sectores económicos que pode ser encarado com boas expectativas. Que políticas devem ser adoptadas para evitar a instalação duma “monocultura” que acabará por ter custos gravosos tanto para a “Lisboa dos turistas” como para “Lisboa dos lisboetas”? Esta pergunta é metade de uma boa resposta. O que torna Lisboa tão atraente para quem a visita é a diversidade do seu património e da sua memória. Uma cidade de serviços, com um comércio de multinacionais, é uma cidade incaracterística por definição. Infelizmente, esse risco existe e é agravado por políticas que desvalorizam a necessidade de proteger e apoiar sectores de actividade económica que, além de criarem emprego e prestarem serviços diferenciados, enriquecem o nosso universo universo urbano. O caso das livrarias no centro, o desaparecimento de centenas de ofícios de artesãos, a desindustrialização são consequências não da prevalência de um suposto critério de eficiência económica, mas sim de uma política económica pouco informada e integrada, que ignora

as sinergias entre diferentes actividades, aspecto particularmente relevante no caso do turismo. A alternativa a essa política é um empenho pró-activo da CML na preservação de um comércio diversificado e diferenciado, com mercados locais, venda directa e pequeno comércio especializado, uma aposta na atracção de indústrias não-poluentes e na manutenção da actividade portuária, um compromisso com um modelo de actividade turística de excelência, com uma forte componente cultural e ambiental. Esse modelo de turismo enriquece a actividade em vez de a empobrecer. Dá-lhe vida e presente, em vez de a transformar num museu. Anunciou a intenção de manter as suas responsabilidades como coordenador e deputado do Bloco de Esquerda, caso seja eleito. Não teme que esta posição seja mal entendida pelos lisboetas? Ou seja, que não estará, ou estaria, “a cem por cento” na Câmara? Não penso que essa posição seja mal entendida pelos Lisboetas. Tenho a certeza de que os Lisboetas, quaisquer que sejam as convicções políticas me reconhecem um empenho total no exercício das minhas responsabilidades e, portanto, não têm dúvidas de que serei um vereador a 100%. Não sou candidato em Lisboa para depois ser candidato às Europeias ou à Presidência da República. Não sei se outros candidatos poderão dizer o mesmo… João Semedo, quer deixar algumas palavras aos leitores do atuaLis? Ao longo dos últimos seis anos, muitas das escolhas que eram fundamentais para a cidade, sobretudo as mais difíceis, ficaram por concretizar. Apesar das promessas e das intenções, a verdade é que se olharmos para a cidade há seis anos e hoje o que verificamos é que todos os problemas fundamentais na habitação, mobilidade, apoio social, isolamento, permanecem quase inalterados. Isso aconteceu porque nos momentos decisivos o actual executivo recuou perante interesses instalados que têm prejudicado a cidade. Numas eleições em que a Direita irá sofrer a maior derrota da sua história, particularmente aqui em Lisboa, importa saber que força terá a esquerda no próximo executivo. Que força terá uma esquerda que não recue perante os interesses para defender a cidade. Uma esquerda que escolha as pessoas em vez dos negócios. Uma esquerda que faça do interesse público o único critério de actuação. Candidato-me porque considero que o Bloco de Esquerda tem um contributo a dar que nenhuma outra força política pode dar. Quero contribuir com soluções, quero ser parte das soluções.

capa

“ Uma Câmara de esquerda

de uma transferência de competências e meios transferidos do Estado para os municípios? A grande prioridade é transferir recursos compatíveis com as responsabilidades que os municípios já têm. Um dos problemas dos municípios (que é um problema do país) é a dificuldade em implementar políticas de investimento local que possam fazer frente a problemas locais e, ao mesmo tempo, dinamizar a economia. Uma das estratégias mais cobardes da política da austeridade tem sido a de reduzir os recursos (aumentando as responsabilidades) aos municípios, deixando às autarquias o odioso de implementar uma política que está a destruir o país. Por outro lado, a aplicação da reforma administrativa em Lisboa deve significar maior autonomia das novas freguesias na identificação dos problemas, na decisão das soluções e na sua execução, o que exige mais recursos financeiros técnicos e humanos. Há, no entanto, uma área em que pensamos que, quer os municípios, quer as freguesias, terão de se empenhar muito mais a fundo. Essa área é a área das políticas sociais. As autarquias beneficiam de uma maior proximidade com os grupos sociais que atravessam as maiores dificuldades e dos activistas que trabalham com esses cidadãos. Num contexto de crise, e com um Governo que pratica uma brutalidade permanente com os sectores mais carenciados da população, uma Câmara de esquerda distingue-se por assumir plenamente as suas responsabilidades perante a catástrofe social.


entrevista

Paulo Aido, jornalista há mais de 20 anos, entretanto Vereador independente na Câmara de Odivelas, tem revelado grande interesse pela temática religiosa. Na sua biografia de autor contam-se vários títulos desde o primeiro livro, Em Nome do Pai, um conjunto de trabalhos publicados no jornal Voz da Verdade, do Patriarcado de Lisboa, passando por A Mensagem da Irmã Lúcia (2007), As Mais Belas Orações (2009), A Mentira de Saramago (2009), Tributo a João Paulo II – O Peregrino de Fátima (2011), O segredo da Irmã Lúcia (2012) e Francisco – O Papa dos Pobres (2013). Para além dessa temática escreveu também A Confidente de Sá Carneiro (2010) e A Primeira Derrota de Salazar (2011), sobre o fim do domínio colonial português em Goa, eleito pelo site Bibliohistória, como “o melhor romance histórico publicado em Portugal em 2011”.

Paulo Aido “Um bom político deve ser aquele que imita o voluntário: oferece-se e não quer nada em retorno” De todos os livros que escreveu, qual destacaria na sua autoavaliação (se é que “privilegia” algum). Porquê? Todos os livros são especiais, únicos. Todos eles têm a nossa impressão digital. Escolher um em detrimento de outro é difícil, mesmo impossível. De qualquer forma, tenho um carinho especial pelo romance histórico A Primeira Derrota de Salazar. Foi um livro em que procurei homenagear os portugueses que, em Goa, Damão e Diu, sozinhos e impotentes, enfrentaram uma batalha impossível, foram presos, estiveram em campos de concentração e foram ignorados PUB

praticamente pelo nosso país. Foram injustiçados. Espero que o livro tenha ajudado a que os portugueses conhecessem este episódio terrível da nossa história e assim, conhecendo-o, possam ter orgulho neles. Se consegui isso, valeu a pena. Escreveu sobre dois dos últimos papas: João Paulo II e Francisco; considerando o anterior, Bento XVI, temos três personalidades bem diferentes… Francisco é o Papa certo para o mundo actual? Este Papa está a ser uma benesse para o mundo e a Igreja em particular. Ele interpela-nos

nas nossas certezas, incomoda-nos com as suas palavras, obriga-nos a sair do conforto de ideias feitas e a sair para as ruas, para as “periferias”, como ele tem dito ao longo da vida. Não posso ser cristão, dizer-me cristão, saber que há pessoas como eu que passam fome, que não têm emprego, que não conseguem uma vida digna, que são, por exemplo, sem-abrigo, e ficar descansado, fechado nas minhas orações, confortável com as minhas certezas. Tenho de ir – temos de ir – para as periferias. E não precisamos de sair do prédio, da rua, do bairro onde moramos. Só temos mes-

mo é de estar atentos ao outro. Há tanto para fazer! Este papa, graças a Deus, tem-nos desinstalado. E essa é a maior vitamina que podemos receber. O mundo precisa de respostas e soluções para os grandes problemas que atravessa. Que papel pensa que a Igreja pode, ou deve, ter nesse domínio? A Igreja é, pela sua presença junto daqueles que sofrem, pela sua palavra de atenção e crítica junto dos poderes, mas também pela sua generosidade na expressão de amor gratuito, talvez o maior referencial na nossa


Afirmou há algum tempo: “Não sou político. Estou a exercer a política. Sou jornalista (…) Mas tenho a maior honra em estar na política porque sou representante da população”. Qual é para si o lado pior dos políticos? O que deve ser um “bom político”? O pior político é o demagogo. O que fala e articula bem o discurso, mas mente. O pior político é o que não se importa de comprometer a vida da comunidade no futuro apenas para ganhar uns votos, vencer umas eleições, aparecer nos jornais. O pior político é o que sendo lobo tem pele de cordeiro. O pior político é o que finge, que engana, que mente. Mesmo sorrindo. E não precisamos de ir muito longe para nos lembrarmos de políticos que sorriem enquanto mentem, que comprometem o futuro apenas para ganharem eleições, aqueles que são lobos apesar de se fazerem de vítimas, de se vestirem com pele de cordeiro. Um bom político, pergunta-me, deve ser aquele que imita o voluntário: oferece-se e não quer nada em retorno. Dá o melhor de si pelos outros e não pela carreira, pelo lugar, pelo ordenado, pela vaidade. Que balanço faz da sua experiência de vereador na Câmara Municipal de Odivelas? Às vezes, fico com a sensação de que ficou muito por fazer. Ser vereador, sem pelouro, é ingrato. Facilmente podem acusar-nos de não termos feito nada, de todo um mandato ficar reduzido a palavras. Mas, no meio dessa impotência, fico com a consciência de ter sido uma espécie de Provedor do Muníci-

pe, a voz dos sem voz. E isso, não tem preço. Tive, ao longo do mandato, algumas vitórias. A maior das quais será, seguramente, a de ter demonstrado, em todas as reuniões em que participei, que Odivelas poderia ser uma terra bem governada, gerida de forma competente, em que as pessoas fossem ajudadas genuinamente e não fossem, isso sim, apenas palavras em discursos. A minha passagem pela Câmara, durante este mandato, provará isso mesmo: há outro caminho, mais verdadeiro, com mais competência. Melhor. Qual o maior problema, ou problemas, que identifica em Odivelas? São tantos que não é possível falar no maior problema. Começa, claro, no desemprego, na insuficiência económica das famílias que atravessam dificuldades como não há memória, e acaba na incapacidade de a Câmara Municipal de Odivelas – esta Câmara, entenda-se – resolver este problema. A isto, soma-se a situação terrível de termos um município endividado – nomeadamente por causa do Pavilhão Multiusos, que vai onerar Odivelas durante décadas e que foi entregue, de mão beijada ao Sporting Clube de Portugal, um clube que nem sequer é do concelho. Hipotecados, manietados, sobra-nos olhar para as próximas eleições e perceber que é preciso mudar. Ou é preciso dizer os nomes dos que têm governado Odivelas durante os últimos mandatos e a que partidos pertencem? Integra a coligação “Odivelas Merece Mais”, que irá concorrer às próximas eleições autárquicas em Odivelas. Quais são as prioridades imediatas de intervenção no município de Odivelas? Lançar um Plano SOS para ajudar as pessoas que estão em apuros com a situação económica terrível em que o país se encontra. Ajudar as instituições que dão de comer todos os dias aos odivelenses, aumentar a

eficácia desse trabalho, colocar todos os meios da câmara, os seus funcionários, os seus veículos, tudo, ao serviço dos que mais sofrem. E isso não é para amanhã, é para agora. Não há tempo a esperar. Depois, temos de revitalizar o tecido económico do concelho. A câmara tem de ajudar os que querem criar empregos, tem de estar do mesmo lado da barricada dos empresários, tem de fazer diplomacia económica, tem de transformar o maior património do concelho, a memória de El-Rei Dom Dinis, num factor diferenciador a nível regional e a nível nacional. Numa palavra, tem de fazer com verdade, espírito de militância, saber e acreditar. Num jornal dedicado essencialmente a Lisboa, não deixamos a oportunidade de lhe pedir uma opinião sobre a cidade vizinha: Da sua experiência relativamente a Lisboa, que problemas lhe saltam mais à vista na capital? Lisboa é hoje uma cidade suja, com demasiados prédios, demasiado património em ruína, e que precisa, julgo eu, de ter um caminho, de encontrar uma voz, de liderar. Olho para Lisboa e vejo uma contabilidade partidária, como se os Paços do Concelho fossem um reduto para a conquista de partidos ou de palácios. Sejam no Rato ou em Belém. Quando olho para o passado recente de Lisboa, fico com a sensação de que, por circunstâncias muito particulares, a capital desencontrou-se com um dos seus melhores presidentes da sua história: Pedro Santana Lopes. Em poucos meses deixou mais memória do que outros em mandatos completos. Hoje, olho para os mercados de Lisboa e, onde devia ver cor, alegria, vida, vejo degradação, tristeza, fracasso. Vamos a Espanha, e que diferença! Se nem os mercados conseguimos reabilitar… Pode fazer uma avaliação da actuação de António Costa, como presidente da CML? Poderá ser injusto afirmar que a

sua ambição está em São Bento ou Belém, mas é difícil não pensar nisso mesmo quando garante a pés juntos que nada se atravessa no seu caminho por Lisboa. Não posso deixar de registar coisas positivas em Lisboa, como o corredor verde até Monsanto, por exemplo, mas basta-me andar atento pelas ruas da capital para perceber que há uma cidade que está a morrer todos os dias, que há uma cidade que se degrada, e não estou apenas a falar em prédios, em edifícios. Estou, essencialmente, a pensar em pessoas. Na multidão dos sem-abrigo, nas lojas que fecham portas, nos idosos que continuam enclausurados em casa, sabe Deus que casas…, sem conseguirem descer até à rua. Algo o fascina em particular em Lisboa? Em Lisboa, fascina-me tudo. Os bairros, os prédios, as pessoas. A cidade é encantadora e tem sobrevivido aos erros sucessivos que têm vindo a ser cometidos a nível da gestão autárquica. Esse é o lado mais encantador da cidade. É que ela sobrevive aos que a maltratam. Afirmou que gostaria um dia de poder viver exclusivamente da escrita. Tem algum projeto literário em mente e que queira confidenciar aos nossos leitores? Nenhum livro acontece sem trabalho. Mesmo um romance. A investigação é, talvez, o mais importante num livro. Só depois de termos reunido a “matéria-prima”, podemos avançar com o livro em si… Continuo a sonhar com essa possibilidade, de viver da escrita. Se não o conseguir, seguramente que será por incompetência minha, mas o sonho mantém-se. O próximo livro é sempre o mais importante. Neste momento estou na fase de investigação, a tal que é mais saborosa. Só espero que tenham tanto prazer em ler os meus livros como eu tenho em escrevê-los. E obrigado a todos. Tenho-os, todos, no meu coração!

entrevista

sociedade. O tempo da Igreja não é o tempo dos partidos. Por isso, as palavras da Igreja têm uma repercussão diferente. Falam mais fundo. São escutadas. Se a Igreja deixasse de desempenhar o seu trabalho no âmbito da solidariedade social, o nosso país colapsava. Por isso, nunca como agora a Igreja é essencial para que Portugal ultrapasse esta fase negra em que caiu.

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Belém, Belém

O (en) canto do clube da cruz de Cristo Não percebo muito de futebol, mas não é uma “coisa” que renegue, embora as histórias (ou factos) que se ouvem ou publicam nos órgãos de comunicação deixem muito a desejar em termos de reputação e seriedade de algumas figuras ditas colunáveis. Isso, todavia, não é motivo para que não gaste algum tempo com o assunto, tanto mais que, periodicamente, gosto de ir ao baú das minhas memórias de jovem e desfiá-las como livros escondidos no pó. Num dia em que Lisboa sofria com o calor, com um bafo quente do demónio mais próprio do Alentejo, dei comigo à sombra de uma árvore, no interregno de uma marchinha anti-stress, a olhar para o belo estádio do Restelo, tendo como vizinhos dois anciãos que, em amena cavaqueira, lembravam os velhos tempos do seu clube. “Já não era sem tempo”, dizia um deles, alegremente, ao que o outro ripostou “com o avanço que tínhamos, só se fossemos coxos”. Deduzi que estavam a falar do seu “Belém”, que na época de 2012/2013 se sagrou campeão nacional da 2.ª Liga de futebol, e fiquei a pensar sobre a dor que devem sentir aqueles que sofrem com as derrotas do seu clube do coração. Aqueles sorriam. Ainda bem. Passado algum tempo, essa conversa veio-me à memória quando um amigo me perguntou se queria ir ao Matateu comer umas tapas e beber um copo. Para quem não saiba, o Matateu é uma petisqueira propriedade de um famoso locutor/apresentador da nossa praça, aberto recentemente no tal estádio. E foi assim que nasceram estas linhas, não para falar de futebol ou petiscos, mas para trazer as

recordações que tenho daquilo que li, vi ou outros me contaram sobre alguns nomes grandes de

futebolistas que honraram a camisola do clube da Cruz de Cristo. Quanto ao primeiro de que quero falar começo pelo fim. Em 23 de Outubro de 1931, deu entrada no Hospital de Marinha um jovem torneiro de metais, de fato de ganga e boina, queixando-se de violentas dores na barriga. Viria a falecer no dia seguinte. Tinha 23 anos e chamava-se José Manuel Soares, aquele que o mundo do futebol conheceu como Pepe. Nascido no seio de uma família pobre, em que o pai vendia hortaliça e a mãe tinha uma banca de fruta, Pepe foi um prodígio, a mais cintilante estrela do clube, titular indiscutível da selecção. A sua estreia pela equipa principal aconteceu no dia 28 de Fevereiro de 1926, num jogo contra o Benfica, tinha ele apenas 18 anos. Vinha dos infantis, o Belenenses chegou a estar a perder 1-4, mas a um minuto do fim, com o resultado em 4-4, o árbitro assinalou penalty. Ninguém da equipa da casa queria ser responsável pela marcação, já que a vitória podia abrir o caminho para a conquista

do primeiro campeonato de Lisboa. Por indicação do capitão de equipa, Pepe foi chamado a batê-lo (como se diz agora, salvo erro) e

marcou o golo que derrotou o Benfica por 5-4 e levou o Belenenses à conquista do campeonato. A partir daí, a sua carreira foi acumulando sucessos, tanto a nível de clube como ao serviço da selecção nacional, até ao dia da sua morte. Ainda no campo das Salésias (nome do campo do clube nessa data) foi construído um busto para lhe perpetuar a memória, que mais tarde foi transferido para o actual estádio e onde o Futebol Clube do Porto (FCP), sempre que lá joga, coloca uma coroa de flores em sua honra. Se Pepe é um ídolo que, podemos dizer sem grande margem de erro, apenas os mais idosos recordam com algum sentimento, já os nomes de Matateu e Vicente – talvez por serem de vivência mais recente – ainda andam na boca de muitos, alguns mesmo com o carinho que só de dedica aos da família. Oriundos de Moçambique, eram

irmãos de verdade, mas muito diferentes, tanto ao nível físico como da forma de jogar. Primeiro chegou Matateu, nome porque ficou conhecido Sebastião Lucas da Fonseca, corria o ano de 1952, numa altura em que o Sporting Clube de Portugal dominava, com uma equipa onde se juntavam cinco violinos, denominação porque ficaram conhecidos os seus avançados. Esteve prestes a ser campeão nacional por duas vezes, mas em ambas, o destino – que já nessa época tinha um nome diferente – não deixou que tal acontecesse: em 1955, o árbitro só considerou dois dos quatro golos que marcou ao Sporting, apesar de num dos não considerados a bola tivesse estado mais de 20 centimetros dentro da baliza; na época 1958/59, quando o Belenenses disputava o título com FCP e o Sport Lisboa e Benfica, num jogo contra esta equipa e quando aos 90 minutos o resultado ainda estava em 0-0, Matateu apontou um canto, a bola entrou na baliza, mas o árbitro anulou-o alegando que a bola fizera uma curva e tinha saído de campo antes de entrar na baliza, por acção do vento que se fazia sentir. Lembro-me bem de um cartoon no jornal A Bola no qual o esférico passava por detrás do Cristo Rei, voltava ao campo e entrava na baliza. O seu estilo forte e vigoroso ficou para sempre ilustrado numa fotografia publicada no mesmo jornal, em que, todo no ar, executava aquilo a que, quatro décadas depois, se veio a chamar “pontapé de moinho”. Quanto ao seu irmão Vicente Lucas, a elegância e a eficiência eram a marca do seu futebol, adequado, aliás, ao seu aspecto franzino. Os seus maiores momentos vi-


veu-os ao serviço da selecção nacional, como sucedeu em 21 de Abril de 1963, num jogo em que Portugal venceu pela primeira vez a selecção do Brasil, então bi-campeã mundial, tendo o médio belenense efectuado uma exibição de grande nível, “secando” o rei Pelé, levando a que o jornal A Bola escrevesse: “Sessenta mil pessoas viram, com os seus próprios olhos, como Vicente conseguiu transformar um rei num plebeu, converter um fenómeno num jogador vulgar. Pelé não lhe ganhou uma única jogada”.

Outros momentos de sonho viveu-os em 1966, durante o Mundial de Inglaterra, onde efectuou grandes exibições, embora nos dois últimos jogos, contra a Inglaterra e a União Soviética, tenha jogado com uma fratura na mão direita, sofrida no memorável jogo com a Coreia do Norte. Em resultado da sua prestação, Vicente viria a ser condecorado pelo Presidente da República com a Medalha de Mérito Desportivo, tendo recebido da Federação Portuguesa de Futebol a Medalha de Ouro e cartão perpétuo.

Viu-se afastado da prática do futebol aos 31 anos, em resultado de um acidente de viação. Depois destas recordações, quem sabe se num qualquer ano futuro, ao passar pelo mesmo sítio, não ouvirei os mesmos (ou outros) adeptos do Belenenses dizer que o título desse ano é o 29.º, juntando-se a marcos históricos como o único campeonato nacional, conquistado em 1945/1946; as três Taças de Portugal (1941/1942, 1959/1960 e 1988/1989); ao título de campeão da 2.ª Divisão, em 1983/1984;

ao campeonato da 2.ª Liga, em 2012/2013; a três campeonatos de Portugal, seis campeonatos de Lisboa, doze Taças de Honra da Associação Futebol de Lisboa e um título de veteranos na mesma associação? Está de novo calor e sento-me à sombra da mesma árvore a sorver um gelado. Olho à volta. Não vejo vivalma. Apenas o eco de “Be-léém, Be-léém”. Machado dos Santos

Clube Futebol Benfica Hóquei em campo com excelente época, mas com o travo amargo da ausência de títulos

Depois do futebol, o hóquei em campo é a modalidade com maior projeção no Clube Futebol Benfica, embora esta seja uma das denominadas “modalidades pobres”, pois apesar de estar incluída nos Jogos Olímpicos, não tem representatividade entre os chamados clubes grandes do nosso país. Em jeito de rescaldo da época transata e quando se está prestes a iniciar-se a de 2013/2014, Sidónio Serpa, seccionista da modalidade do popular clube que todos conhecem por FóFó, faz um balanço positivo do desempenho das equipas, embora com ausência de títulos, salientando, no entanto, que “poderíamos ter sido campeões no escalão de sub-12, versão sala, caso os regulamentos tivessem sido cumpridos, mas, lamentavelmente, alguém na Federação Portuguesa de Hóquei entendeu-os

de uma forma diferente”. Na época que pode ser considerada a melhor dos últimos anos, o Clube Futebol Benfica participou nas diversas provas do calendário nacional, nos escalões de seniores masculinos, sub-12, sub-14, sub-16 e veteranos, envolvendo um total de 92 atletas, tendo alcançado a classificação de vice campeões, em Seniores; sub-12 (misto), sala e campo; sub14 (misto), sala; e sub -6 (feminino), sala. Para além disso, a equipa de seniores foi finalista derrotada da Taça de Portugal, onde já não marcava presença há 34 anos. Ao recordar o que foi o final de época da equipa principal, tem-se a consciência de que, com um pouco de sorte, a mesma poderia quebrar a hegemonia que a Associação Desportiva Lousada vem demonstrando nos últimos anos, principalmente depois de,

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na última jornada da fase regular, a mesma ter sido derrotada no Campo Francisco Lázaro, tendo com esse resultado a equipa terminado em 1.º lugar, o que permitia encarar o play off final com alguma vantagem, pois, caso fosse necessário terceiro jogo ele teria sempre lugar em casa. “E tudo caminhava nesse sentido quando, após três jogos, nos conseguimos classificar para a final, deixando pelo caminho o Sport Clube do Porto”, recorda Sidónio Serpa. Todavia, no dia 2 de Julho, o Clube Futebol Benfica perdeu o primeiro jogo da final com o Lousada por decisão nos livres directos, depois do 2-2 com que terminou o tempo regulamentar, embora o começo tivesse sido auspicioso, com Tiago Arnauth a marcar um golo nos momentos iniciais da partida. O segundo jogo, no campo do adversário, adivinhava-se, por isso, de dificuldade máxima, já que, por jogar em casa, o Lousada queria festejar o título de campeão nacional com os seus adeptos, tal como viria, infelizmente, a suceder, “embora nos minutos finais pudéssemos ter empatado o jogo, pois tivemos uma oportunidade flagrante, que não conseguimos concretizar”, lamenta-se o nosso interlocutor. Em relação à Taça de Portugal, de-

pois de terem sido afastados os diversos adversários, a equipa do Clube Futebol Benfica chegou à final, tendo o Lousada também como adversário. Pese embora todo o empenho dos jogadores, com uma “entrada de leão” que levou a que aos 21 minutos de jogo o Futebol Benfica já vencesse por 2-0, com golos de Ricardo Fernandes, a maior valia coletiva e a melhor forma física da equipa de Lousada veio ao de cima, ajudada pelo lance controverso que daria o golo do empate, com o árbitro a assinalar um canto curto por um toque com o pé, que não existiu, terminando o jogo com a vitória da equipa campeã nacional por 5-2. Segundo Sidónio Serpa, os desejos do clube é que todos aqueles que estiveram envolvidos nas competições, qualquer que seja a sua função, continuem ao seu serviço, com redobrado empenho, se tal for possível, embora se reconheça a dificuldade que alguns têm em participar, nomeadamente nos jogos em que a Federação altera as datas sem ouvir os clubes e sem ter em conta os problemas que esse tipo de atitude pode acarretar. Espera-se e deseja-se que a época 2013/2014 seja mais uma para mais tarde recordar.


cultura

Lisboa com Gosto

Os ingredientes da tradição Na crónica anterior deixámos em aberto uma reflexão sobre a “cozinha lisboeta”, ou seja, as particularidades culinárias da mesa dos alfacinhas. Lembramos o nosso ponto de partida, enunciado naquelas linhas, com uma definição da cozinha tradicional: “aquela decorrente duma continuidade no modo de preparação e de consumo dos alimentos, transmitido de geração em geração, associada, por sua vez, a um espaço geográfico específico”, exposta no precioso livro-guia, de João Pedro Ferro, Arqueologia dos hábitos alimentares (1996). Convém, entretanto, ter em atenção o que se poderá entender por “espaço geográfico específico”, a partir do qual se identificam as distintas cozinhas: cozinha portuguesa, francesa, italiana, etc. referentes aos espaços nacionais, ou, no que toca às cozinhas regionais ou locais (alentejana, transmontana, etc.). Raramente os limites culturais duma dada cozinha coincidem exactamente com os respectivos limites político-administrativos, nacionais ou regionais. Desde logo pela mutabilidade histórica desses limites. O caso das zonas de fronteira é exemplar pela vizinhança, e daí a partilha, de “tradições” culinárias distintas. Por sua vez, a plasticidade temporal dos fenómenos culturais, em termos de longa duração, remete-nos para uma visão das sociedades abertas a influências exteriores, sujeitas a turbulências sociológicas de vária ordem e à tensão entre continuidades e mutações, ou a modos de criatividade diversos. Dito de outro modo, devemos pensar a formação duma cozinha não com um processo autónomo e fechado, centrado na geografia e nas características edafo-climáticas locais, mas antes como o resultado de trocas e aquisições que o genius loci adapta, “apura” ou “tempera”, ao seu gosto, também este, por sua vez, objecto duma construção… cultural. Temos pois que observar a “cozinha lisboeta”, que aqui nos ocupa, à luz da

sua filiação histórica e ligação a outros espaços culturais mais vastos: seja a Estremadura, a cozinha portuguesa, ou o mundo mediterrânico com a remota herança romana e árabe. Voltando àquela definição, teremos também de aprimorar o entendimento do que seja a “continuidade no modo de preparação e de consumo dos alimentos, transmitido de geração em geração”,

asserção que lida à letra nos transmite a ideia duma certa imutabilidade nos hábitos e práticas alimentares numa dada região. Uma ideia que é contrariada pela realidade histórica ao observarmos as transformações dos costumes alimentares, sobretudo na época contemporânea, com o recuo dos modos de vida autárcicos mais dependentes da autossubsistência alimentar característica do mundo rural pré-industrial. É certo que os hábitos alimentares adquiridos desde a tenra infância são, por natureza, conservadores. Hábitos que, por sua vez, foram transmitidos à geração anterior, estabelecendo-se aí a ideia duma continuidade local. A demonstração prática desse apego às raízes do gosto alimentar é a maior ou menor incompatibilidade com hábitos alimentares estranhos ou a “saudade” da cozinha da terra natal, por parte de quem desta vive afastado há muito tempo. Quando falamos de uma cozinha tradicional, de um dado espaço geográfico, referimo-nos habi-

tualmente a um conjunto de particularidades que a distinguem de outas cozinhas. Particularidades que, para simplificar, correspondem aos chamados pratos típicos específicos duma localidade. Dir-se-ia que uma cozinha tradicional é um conjunto de determinados pratos típicos. Esta tipicidade, por assentar em pressupostos bem definidos, delimitados pela obediência à autenticidade receituária, fora da qual o tal prato típico passa a ser outra coisa, remete-nos ainda para outra distinção e talvez a mais importante: a diferença entre o que se compreende por alimentação, informal e pragmática relativamente aos imperativos da subsistência, e por gastronomia, que se sobreleva a esses imperativos ao situar-se noutras dimensões do acto alimentar, como sejam a comensalidade festiva, a experimentação de novidades, ou o sublinhar da identidade cultural… no prato e à mesa. Mas, perguntará o leitor destas linhas, mais paciente, como se formou ou forma a tal tipicidade culinária duma região, o que é ou não típico e porquê? Bem, essa resposta, se é que a conseguimos dar, ficará para a próxima ocasião. Entretanto e para abrir os apetites ficamo-nos pela apresentação dum velho cardápio, de há um século, da casa de comidas da então popular “Maria Botas”, estabelecida na desaparecida Feira de Alcântara, com o qual atraía e deliciava os fregueses e que nos servirá de mote para essas futuras colheradas… perdão, linhas: Sopa de feijão, sopa de camarão, canja de galinha, frango corado, pato com arroz, bifes, costeletas de porco, lombo assado, chispe com feijoada, coelho à caçador, coelho com arroz, paio com ervilhas, presunto com ovos, omelete de camarão, lulas de caldeirada, eiró de caldeirada, peixe-espada, pescadinhas, linguado, carapaus, sardinhas e amêijoas à espanhola… Bom apetite e bom proveito! Manuel Paquete

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acontece Jorge de Oliveira (1924-2012).

A Invenção Contínua

A dança dos

Até 1 de Dezembro

paradigmas

Mostra que inclui no total 107 obras de Jorge de Oliveira, repartida entre a o Museu Nacional de Arte Contemporânea (núcleo central das mostra) e a Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva, com obras sobre papel da década de 1950, com “afinidades com as poéticas de Maria Helena Vieira da Silva, com quem o pintor conviveu” (Paulo Henriques, Diretor MNAC-MC). Uma oportunidade para conhecer de perto o trabalho do pintor Jorge de Oliveira (1924-2012), cultor de vários programas estéticos, entre os quais o Neo-realismo, entre 1945 e 1946, até 1992, ano em que deixou de pintar. Entre 1947 e 1952, a sua obra enquadrou-se no “automatismo psíquico”, pouco representativo na História da Pintura em Portugal. Entre 1958 e 1992, dedicou-se às sucessivas Sínteses, segundo a sua própria designação, mais perto dos domínios do Surrealismo e do expressionismo abstrato. MNAC - MUSEU DO CHIADO Piso 0 e 1 Rua Serpa Pinto, 4 - Lisboa Tel. 213 432 148 Terça-feira a domingo: 10.00-18.00h ÚLTIMA ENTRADA: 17.30

FUNDAÇÃO ARPAD SZENES-VIEIRA DA SILVA Galeria piso 0 Praça das Amoreiras, 56 Tel.:213 880 044/53 Quarta-feira a domingo: 10.00-18.00 Encerra às segundas, terças e feriados

LISBOA STORY CENTRE Situado na Praça do Comércio, o antigo Terreiro do Paço, o Lisboa Story Centre propõe aos visitantes uma viagem no tempo e a descoberta das memórias de Lisboa, desde a sua fundação até aos nossos dias. O centro interpretação da cidade, com base em recursos tecnológicos, permitindo a interatividade do público, está organizado em distintos núcleos que cobrem vertentes tão diversas quanto o “Rio, a Terra, o Mar, o Céu”, “Primórdios mitológicos”, “Colonizadores e conquistadores e as Muralhas da Cidade”. No núcleo dedicado a Lisboa: “Cidade Global”, que apresenta a cidade cosmopolita, “O Armazém do Mundo”, “Para Além do Horizonte”, “O Padre Voador”, “A Cidade Magnificente”, “Morte e Política e a Igreja”. Outra secção dedicada ao terramoto de 1 de Novembro de 1755, passando para o núcleo sobre a Visão de Pombal, onde é apresentado o Planeamento da Cidade Moderna no pós-terramoto e a Reconstrução da Cidade. Por fim, o núcleo dedicado ao Terreiro do Paço é abordado sob as vertentes da Política e do Lazer. LISBOA STORY CENTRE Terreiro do Paço Todos os dias da semana: das 10h00h às 20h00 Os visitantes que apresentam o Lisboa Card usufruem de um desconto de 20% sobre o preço de entrada. PUB

Peço desculpa, mas não resisto em contar-vos uma anedota que me chegou recentemente ao facebook. Imaginem um par de gémeos em amena cavaqueira antes de nascerem… Um deles, o mais espevitado, pergunta ao outro: - Eh pá, tu acreditas na vida depois do parto? - Claro que sim. Deve existir alguma coisa depois do parto. Talvez estejamos aqui porque precisamos de nos preparar para o que seremos mais tarde. - Tu não estás bem, meu irmão! Não há vida depois do parto. Como seria essa vida? - Não sei, mas de certeza que… deve haver mais luz do que aqui. Talvez caminhemos pelos nossos pés e nos alimentemos pela boca… - Isso é um absurdo completo! Tu não vês que é impossível caminhar. E, comer pela boca? Que coisa mais ridícula! O cordão umbilical é a única forma de nos alimentarmos. E digo-te mais: a vida depois do parto não existe… O cordão umbilical é demasiado curto para andarmos por aí na boa-vai-ela... - Seja como for, eu cá acredito que deve haver mais alguma coisa. Provavelmente um pouco diferente daquilo a que estamos agora habituados, mas que deve haver alguma coisa, disso não tenho dúvidas. - Olha lá. Já alguém voltou do além, do pós-parto? Não, pois não? O parto é o final da vida. E no fim de contas, a vida não é mais do que uma angustiosa existência na escuridão que não leva a nada. - Bom, eu não sei exactamente como será a coisa depois do parto, mas de certeza que veremos a nossa mamã e ela cuidará de nós. - Mamã? Tu acreditas em mamãs? Onde é que elas estão? Onde é que está a nossa? -Onde? À nossa volta. É nela e através dela que vivemos. Sem ela não existiríamos. - Pois, eu não acredito! Nunca viste a mamã… por isso, é lógico que ela não existe. - Mas, … às vezes, no silêncio, podemos ouvi-la a cantar ou senti-la quando acaricia o nosso mundo. Sabes…? Penso que deve haver uma vida real que está à nossa espera, e que agora estamos apenas a prepararmo-nos para ela… Como anedota, não terá muita graça, mas se virmos este diálogo enquanto alegoria, talvez encontremos aí algumas razões que consubstanciem a fé – num Deus invisível, mas omnipresente –, a esperança na dinâmica da vida que tudo acaba por equilibrar, ou, numa visão mais pragmática, a existência de um novo paradigma que, tal como os degraus de uma escada, nos leve a viver sob outros pressupostos, com novas expectativas, em condições diferentes e porventura com uma surpreendente falta de definição nos objectivos. A crise ao ser permanente é, por isso, gémea da condição humana, o que nos remete para o conforto da escuridão, para o não se querer mexer, e consequentemente para o medo de nos tornarmos indivíduos, o que nos leva a ver a vida como um somatório de paradigmas, para que não nos angustiemos tanto pela leitura dos jornais, pelo desaforo dos “opinion-makers”, ou pela insegurança onde assenta a sociedade moderna. Se aceitarmos este novo paradigma – que nos retira a capacidade de compra todos os dias, que nos limita a criatividade, que nos faz temer pelos filhos e pelos netos, que nos dá pouco e nos tira muito –, talvez só nos reste mesmo a hipótese da tal mãe que por vezes ouvimos cantar e que sentimos a acariciar o mundo, como se ela fosse o sol quando nasce todas as manhãs. Eu cá sempre disse ao meu irmão, que nunca se esquecesse que o sol quando nasce é para todos, muito embora, já depois de ambos nos termos tornado indivíduos, e perto da sua morte, ele insistisse em me explicar que isso dos paradigmas é como uma escada: há alturas em que se sobe, mas na maior parte das vezes... desce-se!

cultura

Ruy de Carvalho


entrevista cultura

MUSEU DA FARMÁCIA Inaugurado em 1 de Junho de 1996, o Museu da Farmácia nasceu da iniciativa do Dr. Salgueiro Basso que, em 1981, doou sua colecção particular à Associação Nacional das Farmácias (ANF), impulsionando a doação de peças, por parte de farmacêuticos e outros particulares, para o acervo do futuro museu.

O Museu da Farmácia documenta 5000 anos de história dos cuidados de Saúde e as peças apresentadas tem as mais variadas origens. Entre os inúmeros motivos de interesse, salientam-se as reconstituições de algumas farmácias antigas: a Farmácia Barbosa (c. 1790), a Farmácia Pacheco Pereira (c. 1880), a Farmácia Liberal (c.1910), com os seus laboratórios de fabrico de especialidades farmacêuticas e de análises químicas e a Farmácia Tai Neng Tong (c.1890), uma farmácia chinesa tradicional de Macau. Realça-se também a farmácia portátil do século XVIII e a farmácia portátil que serviu a bordo do Space Shuttle Endeavour (o célebre vaivém espacial), da NASA, na missão STS-9, em 30 de Novembro / 11 de Dezembro de 2000. MUSEU DA FARMÁCIA Rua Marechal Saldanha, 1 Tel. 213 400 600 Segunda a Sexta-feira: 10.00-18.00 PUB

MUSEU COLECÇÃO BERARDO O Consumo Feliz. Publicidade e Sociedade no Século XX Até 27 de outubro

A exposição “O Consumo Feliz. Publicidade e Sociedade no Século XX” reúne uma selecção de mais de 350 obras, do mais vasto acervo de 1500 exemplares, da Colecção Berardo de Arte Publicitária. Esta colecção teve origem no espólio da firma James Haworth & Company, uma das principais produtoras de publicidade do Reino Unido, no activo entre cerca de 1900 e 1980. Estes originais, destinados à reprodução em larga escala através de processos mecânicos, geralmente litográficos e rotográficos, cobrem os vários aspectos da vida quotidiana ocidental naquele período. A moda do automóvel, o turismo, as duas Guerras Mundiais e a Guerra Civil de Espanha, o lazer, a alimentação, a moda, os electrodomésticos, o impacto do jazz, o cinema (as imagens das “estrelas” de Hollywood), a higiene e a beleza, entre outras temáticas, traduzem a realidade das contingências políticas e sociais do século XX, bem como os inerentes índices de desenvolvimento económico e cultural. Do ponto de vista artístico, a Art Nouveau, a Art Déco, ou a Pop Art são alguns dos recursos estéticos sucessivamente utilizados nestas verdadeiras obras de arte.

H.C. Rooke, Sunbeam, 1965.

MUSEU COLECÇÃO BERARDO – ARTE MODERNA E CONTEMPORÂNEA Praça do Império Tel. 213 612 637 Terça a domingo: 10.00-19.00


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