ARTE À PRIMEIRA VISTA
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS CENTRO LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO FACULDADE DE ARTES VISUAIS CURSO DE LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS
RAFAELA CAMARGO MICHELONI MARIA DE FÁTIMA ASSIS GOMES
ARTE À PRIMEIRA VISTA
Trabalho apresentado à Faculdade de Artes Visuais do Centro Linguagem e Comunicação da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, formulado sob a orientação da Prof.a Me. Andréia Cristina Dulianel, para a Conclusão do Curso de Licenciatura em Artes Visuais.
Campinas 2017
Ficha Catalográfica Elaborada pelo Sistema de Bibliotecas e Informação - SBI - PUC-Campinas
m709.04 Micheloni, Rafaela Camargo. M623a Arte à primeira vista / Rafaela Camargo Micheloni, Maria de Fátima Assis Gomes. – Campinas: PUC-Campinas, 2017. 84p. Orientadora: Andréia Cristina Dulianel. Monografia (conclusão de curso) - Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Centro de Linguagem e Comunicação, Faculdade de Artes Visuais. Inclui bibliografia. 1. Arte Contemporânea. 2. Arte na educação. 3. Ensino fundamental. 4. Artistas. I. Gomes, Maria de Fátima Assis. II. Dulianel, Andréia Cristina. III. Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Centro de Linguagem e Comunicação. Faculdade de Artes Visuais. IV. Título. 18.ed. CDD – m709.04
A todos aqueles que sonham e acreditam no poder transformador da Arte. À Camila Couto e à Joanna Micheloni. (in memorian)
AGRADECIMENTOS Gostaríamos de agradecer aos nossos familiares, amigos e professores que fizeram parte dessa jornada conosco, sempre, auxiliando-nos. Em especial à professora Andréia Cristina Dulianel e ao professor Paulo de Tarso Cheida Sans, pelos ensinamentos e por toda a dedicação à nossa formação.
"Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção." Paulo Freire
RESUMO O Trabalho de Conclusão de Curso de Licenciatura em Artes Visuais, intitulado “Arte à Primeira Vista” busca abordar Arte Contemporânea voltada às crianças do Ensino Fundamental I, trabalhando questões do espaço bidimensional e tridimensional através de diferentes meios artísticos, tais como: pintura, desenho, gravura, escultura e instalação/intervenção. Através da abordagem das linguagens e de artistas selecionados, são sugeridas aulas que trabalham com o sensível, o lúdico e a experimentação; fundamentais durante essa fase do desenvolvimento. A idealização deste trabalho foi resultado das aulas aplicadas durante o estágio em uma escola, trazendo experiências e propostas que partem do eixo principal: Arte Contemporânea no universo infantil.
PALAVRAS-CHAVE Arte Contemporânea Brasileira. Lúdico. Infância. Educação. Experimentação.
SUMÁRIO Introdução ................................................................................................... 9 Capítulo I A r t e n a E s co l a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A r t e C o n t e m p o râ n e a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . L e r, Fa z e r e C o n t e x t u a l i za r . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . O Lúdico e a Experimentação .....................................................................
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Capítulo II O bidimensional .......................................................................................... 2.1. Introdução: O que é bidimensional? ........................................... 2.2. Desenho ................................................................................... 2.2.1. Regina Silveira .................................................................. 2.2.2. Alê Abreu .......................................................................... 2.2.3. Sandra Cinto ..................................................................... 2.2.4. Aula 1: “Desenhando no Espaço” ..................................... 2.2.5. Aula 2: “Traços e Narrativa” .............................................. 2.3. Pintura ......................................................................................... 2.3.1. Gabriela Machado ............................................................. 2.3.2. Beatriz Milhazes ................................................................ 2.3.3. Chico da Silva ................................................................... 2.3.4. Aula 1: “Pintando com o Corpo” ........................................ 2.3.5. Aula 2: “Cores e Formas” .................................................. 2.4. Gravura ....................................................................................... 2.4.1. Tomie Ohtake ................................................................... 2.4.2. Paulo Cheida Sans ........................................................... 2.4.3. J. Borges ........................................................................... 2.4.4. Aula: “Introdução à Gravura” ............................................
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Capítulo III O tridimensional .......................................................................................... 3.1. Introdução: O que é o tridimensional? ........................................ 3.2. Escultura ..................................................................................... 3.2.1. Lygia Clark ........................................................................ 3.2.2. Jorge Barrão ..................................................................... 3.2.3. Mozart Guerra ................................................................... 3.2.4. Aula 1: “Criando Formas Geométricas” ............................ 3.2.5. Aula 2: “Seres Imaginários” .............................................. 3.3. Instalação/Intervenção ................................................................ 3.3.1. Nele Azevedo .................................................................... 3.3.2. Hélio Oiticica ..................................................................... 3.3.3. Ernesto Neto ..................................................................... 3.3.4. Aula: “Intervenção no Espaço Escolar” .............................
Capítulo IV Arte à Primeira 4.1. 4.2. 4.3.
Vista ................................................................................... A Ideia ......................................................................................... Os Resultados ............................................................................ Onde Encontrar mais Informações ............................................. 4.3.1. Capítulo I ........................................................................... 4.3.2. Capítulo II .......................................................................... 4.3.3. Capítulo III .........................................................................
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Considerações Finais ................................................................................. 76 Bibliografia .................................................................................................. 77 Links ............................................................................................................ 78
INTRODUÇÃO “Arte à Primeira Vista” é o resultado de uma pesquisa realizada durante os estágios de licenciatura em Artes Visuais em uma escola pública de ensino básico, abordando a Arte Contemporânea Ensino Fundamental I. O propósito deste trabalho é guiar e oferecer ao professor uma variedade de linguagens, trazendo artistas brasileiros contemporâneos e suas obras, divididos em dois eixos (capítulos): ''O Bidimensional'' e ''O Tridimensional'' dentro das Artes Visuais. No primeiro capítulo são discutidos assuntos importantes a serem desenvolvidos em sala de aula, trazendo uma breve introdução sobre Arte Contemporânea e os seus desafios na escola. Além disso, é sugerido, ao professor, desenvolver sua metodologia a partir das ideias da ''Abordagem Triangular'', da arte-educadora Ana Mae Barbosa, muito conhecida e difundida no ensino de arte. O lúdico, o sensível e a experimentação também estão presentes neste capítulo, pois são questões indispensáveis durante essa fase do desenvolvimento infantil, devendo ser tratados com a sua integral importância no processo de aprendizagem. Os resultados deste projeto desenvolvido no estágio são exibidos no capítulo final desta investigação, trazendo experiências, registros e reflexões sobre o que foi vivenciado na escola. A liberdade e o espaço para a criança criar são elementos essenciais nas nossas propostas, possibilitando, assim, um primeiro contato mais próximo com as Artes Visuais, relacionado às atividades do mundo da criança. Acreditamos que um ensino, eficaz de Arte é capaz de transformar vidas, de abrir caminhos para novas possibilidades, ideias, conhecimentos e experiências significativas. O poder de transformação está em nossas mãos, cabe a nós, professores de Arte, decidir se queremos fazer a diferença ou continuar nos antigos moldes de uma educação em ruínas. Desejamos que este material possa ser aproveitado e que o conteúdo seja efetivo nas experiências educativas em sala de aula.
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Capítulo I
ARTE NA ESCOLA 10
1.1 Arte Contemporânea A Arte Contemporânea é plural, ou seja, é definida por uma série de qualidades, como afirma Ana Mae Barbosa, entrevistada por Micheliny Verunchk em texto publicado na revista Continuun em “Afinal, o que é Arte Contemporânea?”, [...] podemos apreendê-la pela seguinte série de qualidades: - consciência da morte da autonomia da obra ou do campo de sentido da arte em prol da contextualização. - metalinguagem: reflexão sobre a própria arte. - incorporação de matrizes populares na arte erudita. - preocupação em instaurar um diálogo com o público e levá-lo a pensar. - tendência ao comentário social. - 'interritorialidade' das diversas linguagens. - tecnologias digitais substituindo a vanguarda. (BARBOSA apud VERUNCHK, 2009, p.1)
A arte contemporânea revela a atualidade da vida social, seja ela local ou mundial. As mudanças da sociedade podem ser representadas e percebidas nos diversos suportes usados, nas temáticas abordadas e em toda a rica experimentação da arte realizada nos dias atuais. Podemos definir como “a arte do agora, a arte que se manifesta no mesmo momento e no próprio momento em que o público a percebe” (CAUQUELIN, 1987, p.13). Mesclando-se na dinâmica da vida cotidiana e se apropriando de referências banais, a Arte Contemporânea causa certo estranhamento nas pessoas que estavam acostumadas a vivenciar apenas o que “entendiam”. Atualmente, devido a comunicação, as tecnologias e a inexistência de vanguardas, o artista tem sua produção individualizada, podendo trabalhar em diálogo com outras áreas do conhecimento na produção de uma obra. Na maioria das vezes, ele expõe sua história de vivências em sua poética, buscando compreender a sua própria identidade.
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Durante a década de 60, Marcel Duchamp e alguns artistas fizeram parte do que podemos chamar de Arte Conceitual. As inquietações do cenário da época foram abordadas no universo das Artes Visuais, pois “a arte fora de um contexto histórico é arte sem memória” (LUCIE-SMITH, in BARBOSA, 2005, p. 25), rompendo com os padrões tradicionais e dando início a Era Contemporânea. Como resultado dessas inquietações, novas linguagens foram surgindo, tais como, as instalações, as intervenções, o objeto-arte e os happenings. Os suportes também se modificaram, assim como as linguagens utilizadas. Quaisquer materiais e ideias poderiam ser, potencialmente, artísticos criando a possibilidade de serem transformados em obra(s). A arte deixa de pertencer apenas aos espaços dos museus e das galerias, e torna-se parte do cotidiano das pessoas, ocupando espaços externos através de intervenções e ações performáticas, quebrando, assim, as barreiras entre a arte e o espectador. Essa aproximação gera uma participação mais ativa com a obra, provocando o espectador a não ser apenas apreciador da arte, mas integrante dela. É essa relação que desenvolve uma nova forma do sujeito se reconhecer como indivíduo capaz de modificar e agir no espaço, aprimorando a crítica nas suas atitudes e no seu olhar.
Arte Contemporânea
No ensino de Arte é importante destacar as manifestações artísticas contemporâneas e seus resultados na educação cultural dos alunos, ou seja, não deve ser tratada com superficialidade por parte do educador. Na escola, há um grande desafio em inserir esse tipo de arte, afinal percebe-se certa negligência na forma como é ensinada e nos conteúdos trabalhados dentro da disciplina de Arte. O problema da afirmação da Arte na escola se deve, também, pela dificuldade de assimilação das linguagens artísticas contemporâneas, mas o que causa isso? Os professores estão preparados para o desafio da busca por novos conhecimentos e formação da sua prática d o ce n t e , e m u m m u n d o r e p l e t o d e transformações e desafios no ensino da Arte? É preciso repensar um trabalho escolar, consciente e duradouro, dando espaço para o aluno se desenvolver por meio de vivências e através do contato com o meio artístico e estético. Os objetivos, conteúdos e métodos devem ser definidos na educação escolar, para que a Arte passe a ser considerada uma disciplina e não apenas uma atividade. Quando trabalhamos com a Arte Contemporânea, geramos discussões sobre a própria vida. Saímos da mesmice e mudamos conceitos já pré-estabelecidos, mudamos a postura do professor e do aluno. Essa relação entre arte e vida traz contribuições para a construção de uma sociedade mais plural e multicultural. Para Ana Mae Barbosa, por meio da arte é possível desenvolver a percepção e a imaginação, aprender a realidade do meio ambiente, desenvolver a capacidade crítica, permitindo, ao indivíduo, analisar a realidade percebida, desenvolvendo a criatividade e a cognição, dando subsídios para que possa mudar a realidade que foi analisada. Segundo a autora “atualmente, a abordagem mais
contemporânea de Arte/Educação, na qual estamos mergulhados no Brasil, é associada ao desenvolvimento cognitivo” (BARBOSA, 2005, p. 17). Para a abordagem da temática, torna-se necessária uma reflexão mais aberta, através de leituras paralelas e da interdisciplinaridade com outras áreas do conhecimento, motivos pelos quais, muitas vezes, é omitida e afastada na sala de aula. A importância em se abordar a Arte Contemporânea na escola está na diversidade de experiências que ela possibilita, relacionando-se com outras áreas, aproximando-se de questionamentos do ser humano atual, revelando todas as mudanças ocorridas no nosso contexto. É um interessante meio para produzir sentidos e conhecimentos, afinal, como argumenta Miriam Celeste Martins (1998, p. 128), “só aprendemos aquilo que, na nossa experiência, se torna significativo para nós”.
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1.2 Ler, Fazer e Contextualizar É pensando na reflexão, na crítica, na compreensão histórica, social e cultural da Arte nas sociedades, que a Arte/Educação Contemporânea tem repensado o seu ensino. As metodologias são construídas pelo professor a partir do conhecimento dos fundamentos ou princípios de métodos, propostas ou abordagens que são divulgadas. Dessa forma, cada educador cria a sua metodologia de acordo com as suas propostas de trabalho, buscando, sempre, atuar de forma dinâmica e enriquecedora, a fim de desenvolver suas aulas e seu papel enquanto “docente-artista”. A partir dessa busca por metodologias significativas, Ana Mae Barbosa sistematiza durante a década de 1980, uma proposta nomeada como Abordagem Triangular. Partindo dos seus três eixos – ler, fazer e contextualizar, a abordagem é um referencial para o arte-educador promover a ampliação das fronteiras culturais e interdisciplinares, desenvolvendo o pensamento artístico, contextualizando e motivando a curiosidade dos alunos, bem como a investigação neles a Proposta Triangular deriva de uma dupla triangulação. A primeira é de natureza epistemológica, ao designar os componentes do ensino-aprendizagem por três ações mentalmente e sensorialmente básicas, quais sejam: criação (fazer artístico), leitura de obra de arte e contextualização. (BARBOSA, 1998, p.33). [...] esta metodologia do ensino de arte corresponde às quatro mais importantes coisas que as pessoas fazem com arte. Elas a produzem, elas a veem, elas procuram entender seu lugar na cultura através do tempo, elas fazem julgamento acerca de sua qualidade. (BARBOSA, 1991, p. 36-37)
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A fruição, o ler imagens, propicia outras compreensões do objeto, tais como um contato que desenvolve a percepção, o olhar, a competência de leitura e desfrute de imagens produzidas por artistas e outros indivíduos. Quando o aluno aprecia a imagem de forma aprofundada, aprende-se conceitos, procedimentos, valores e atitudes, além de expandir a sua sensibilidade. O fazer artístico possibilita a construção de habilidades e competências, tornando a relação mais íntima e crítica com o processo, através do uso de materiais e experiências adquiridas durante as aulas. Para Barbosa (1998, p.39), "o erro mais grave é o de restringir o fazer artístico, parte integrante da triangulação, à realização de obras", referindo-se a ideia da aplicação da arte baseada em cópia como atributo desejável, provocando uma superficialidade na expressão do indivíduo. Com a contextualização, a interdisciplinaridade tem o seu espaço. Além do estabelecimento de relações, essa parte da abordagem triangular gera discussões acerca dos elementos que a rodeiam, concebendo e concretizando o objeto artístico, relacionando-os com a contemporaneidade, não apoio o "deixar fazer'' que caracterizou o modernismo da arte-educação, mas busco uma abordagem que torne a arte não só um instrumento do desenvolvimento das crianças, mas principalmente um componente de sua herança cultural. Para isso, precisamos da apreciação, da história e do fazer artístico associados desde os primeiros anos do ensino fundamental. (BARBOSA, 1991, p. 3)
Ler, fazer e contextualizar Para Ana Mae Barbosa, o papel dos arte-educadores é de influir, positivamente, no desenvolvimento cultural dos alunos, através do conhecimento que inclua o pensamento crítico e a produção. A investigação de múltiplas possibilidades de abordagem do processo artístico é uma das formas de se construir conhecimento em arte. Partindo dessa ideia, outras propostas oferecidas por pesquisadores e estudiosos da área, contribuem para as metodologias de demais profissionais, por exemplo, segundo Lucia Gouvêa Pimentel (2003, p. 114) ''não podemos nos esquecer que, para que possamos pensar artisticamente, é necessário que tenhamos pensamento crítico, isto é, que saibamos analisar o que nos é apresentado e nos posicionar frente a isso". É importante ressaltar que a Abordagem Triangular não se limita a ela mesma. Deve-se dialogar, sempre, com as ideias e concepções dos professores, assim como as teorias de outros autores, para que se construa novas formas de pensamentos, abordagens e de ações para o ensino de arte.
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1.3 O lúdico e a experimentação Porque o fazer artístico não se restringe a pintar um quadro, compor uma música, encenar uma peça de teatro e assim por diante. O fazer artístico é também se deter numa pintura/desenho/colagem; é ouvir ou dançar uma música; é assistir uma encenação teatral e assim por diante. Toda essa relação de fruição é também fazer arte. É também exercício de criação. De produção de conhecimento (ALBANO, 2004, p. 4).
O trecho acima de Ana Angélica Albano, também reflete sobre a importância da fruição de obras no processo de ensino-aprendizagem em arte, assim como defende Ana Mae Barbosa, autora abordada no capítulo anterior. Para Albano a fruição é também produção do conhecimento, sendo um dos pilares mais importantes. Acreditamos que o ensino de arte para crianças deva levar em consideração o lúdico, pois além das questões relacionadas à criação e uso de imagens em sala, observamos que as metodologias adotadas no trabalho com os alunos devem se ater ao brincar. O direito do brincar e do experimentar novos materiais, possibilita a construção de um conhecimento livre e a exteriorização nas suas variadas formas. Quando o lúdico e a expressão se unem, temos como resultado a expressão lúdica que acompanha o fazer criativo. É através dessa função que o conhecimento e o sonho são unificados, no processo de intensificação da vida e da motivação da criação. Entretanto, sua manifestação só é possível se houver liberdade e sinceridade no processo. Segundo Paulo de T. Cheida Sans (2005, p. 77), "o sentido de liberdade está intimamente ligado ao ato de criar, é condição fundamental para isso, seja na realização de uma obra plástica ou na vida cotidiana." Esse sentido de liberdade no brincar/criar da criança, é observado por Ana Angélica Albano através da argumentação de que
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a convivência com o desenho infantil, fora do ambiente escolar, me possibilitou observar como o desenho interage com os jogos de casinha, com os carrinhos, com a bicicleta e a boneca. Às vezes aparecendo em intervalos entre jogos mais movimentados, ou dentro da própria brincadeira: nos desenhos feitos com os brinquedos no chão, ou nos brinquedos desenhados no papel. As histórias desenhadas foram me contando sobre suas histórias. A procura de um papel grande, quando precisavam de muito espaço e os pedacinhos de papel desenhados dos dias em que estavam mais encolhidos; foram me mostrando que para o desenho não existem medidas, nem padrões. Até mesmo eu tinha a certeza de que as crianças pequenas precisavam de papéis grandes e papéis minúsculos, que possam conter o coração que explode e que se encolhe, o grito e o gemido (ALBANO, 2002, p. 100).
No ensino, o lúdico proporciona um meio de aprendizagem mais significativo e possibilita, aos professores, uma maior compreensão sobre o desenvolvimento dos alunos, dando espaço às novas aprendizagens nos domínios cognitivo e afetivo. Rubem Alves, educador, comenta que o lúdico privilegia a criatividade e a imaginação, por sua própria ligação com os fundamentos do prazer. Não comporta regras preestabelecidas, nem velhos caminhos já trilhados, abre novos caminhos, vislumbrando outros possíveis. (ALVES, 1987, p. 89).
O lúdico e a experimentação
Cada criança é um criador dotado de sensibilidade. Para ela, o lúdico é parte do seu mundo, pois faz apenas aquilo que lhe proporcionam prazer e satisfação. O brincar e o desenhar tornam-se uma coisa só, encontrando no lúdico um meio de expressão importante, simbolizando seus desejos e experiências, assim como no processo de um artista. Entretanto, essa expressão lúdica é, por vezes, desestimulada no ambiente escolar e na sociedade em geral, para dar lugar ao aprendizado de interesse dos adultos, deixando de lado vivências importantes para abrir espaço para valores que não fazem parte das necessidades básicas das crianças. É importante que o adulto perceba que a ludicidade faz parte da condição de ser e de viver da criança, mas que sua perda pode acarretar em bloqueios da espontaneidade e envelhecimento antecipado. Essa importância é intensificada na fala da arte educadora Anne Marie Holm, quando afirma que “se dermos às crianças a mesma liberdade para o processo artístico que lhes damos para suas brincadeiras, as crianças chegarão à excelência no aprimoramento do processo criativo” (HOLM, 2005, p. 9).
Para Holm (2005), as crianças são curiosas e pesquisadoras por natureza. Ela afirma que as crianças deveriam aprender a pesquisar, a ter confiança em si mesmas e a ter coragem de se pôr a trabalhar em coisas novas. As crianças não deveriam ser preparadas para um tipo determinado de vida; deveriam, sim, receber ilimitadas oportunidades de crescimento (HOLM, 2005, p. 9). Na experimentação em arte, o espaço livre e a liberdade são fundamentais para as descobertas. É preciso se abrir a novas possibilidades, ampliando a consciência através dos sentidos, dando espaço para a criança escolher os materiais que gostaria de trabalhar, selecionando aqueles que mais se adequem a ela, explorar cores, texturas, cheiros, barulhos, tamanhos, formas etc. A atividade artística e a brincadeira são partes do mesmo. Entremos a fundo nesse conceito. A arte está neste exato momento. As crianças são muito boas para isso. Ouça o que elas têm a dizer! Esqueça as formalidades e o desejo de sucesso. Remova as camadas superficiais da aparência. De que se trata a arte, no fundo? (HOLM, 2015, p. 8).
Albano também defende a importância do brincar para o desenvolvimento cognitivo da criança a brincadeira ocupa um lugar destacado tanto nos trabalhos que se preocupam com o desenvolvimento cognitivo como também nos trabalhos de origem psicanalítica. (...). Subir em árvores, empinar pipa, jogar amarelinha, pião, bolinha de gude, brincar de roda, de casinha ou de médico, favorecem o desenvolvimento afetivo e cognitivo ao mesmo tempo que ajudam a criança a conhecer e dominar seu corpo e conviver com as relações sociais. (ALBANO, 2002, p. 62)
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Capítulo II
O BIDI MEN SIO NAL 17
2.1 Introdução: O que é o bidimensional? Após uma breve introdução à linha metodológica que aplicamos em nossa pesquisa, levando em consideração a abordagem triangular e o lúdico no ensino de arte para crianças, abordaremos no segundo capítulo alguns conteúdos trabalhados em nossas atuações na escola com crianças do ensino fundamental I, a partir de dois eixos principais: o bidimensional e o tridimensional. O bidimensional pode ser definido como duas dimensões: altura e largura. Trata-se de uma noção abstrata, teórica, pois qualquer superfície palpável é formada por pelo menos três dimensões. Nas Artes Visuais, as linhas, por exemplo, são elementos visuais muito usados no plano bidimensional, podendo ser retilíneas ou curvilíneas, contínuas ou fragmentadas, e assim por diante. Neste capítulo, abordaremos linguagens artísticas bidimensionais, trazidas por artistas contemporâneas que produzem obras bidimensionais. Para tanto, pretendemos abordar o desenho, a pintura e a gravura, apresentando propostas de aulas que envolvam a Arte Contemporânea e suas reflexões.
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D E S E N H O
REGINA SILVEIRA 19
2.2 Desenho O que é desenhar? A palavra desenhar deriva do latim designo, que significa marcar, traçar, designar, desenhar, dispor, ordenar, notar, indicar. As formas de determinar o ato de desenhar foram mudando ao longo dos anos e possibilitam repensar as informações na relação entre o ser e o mundo, estabelecendo conversas consigo e com o outro, através da linguagem visual. Observamos esse processo desde a Pré-História, sendo o desenho utilizado como meio de comunicação (Fig. 1). A maneira de concepção do desenho é variável de acordo com a época, sendo consequência do contexto histórico ou da sociedade. O campo é repleto de possibilidades, fugindo da tradicional ideia do traço sobre o papel. No Brasil, por exemplo, há alguns povos indígenas que utilizam o desenho em pinturas corporais e nas superfícies das peças (Fig. 2), sendo resultado da forma dos objetos.
1. Pinturas rupestres no Parque Nacional da Serra da Capivara, Brasil.
2. Cerâmica etnia Waurá - Xingu, Mato Grosso, Brasil.
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Desenho No oriente, observa-se o ato de desenhar na escrita dos ideogramas (Fig. 4), que traduzem uma ideia ou um objeto. Também podemos notar, na época do Egito antigo, os hieróglifos (Fig. 5), cuja função era de transmitir conceitos, assim como na Idade Média com as iluminuras, nos livros e documentos, (Fig. 3) voltadas para questões espirituais.
3. Iluminura sobre pergaminho, cerca de 1200. Biblioteca da Catedral, Esztergom, Hungria.
4. Ideograma japonês, representando a palavra ''amor''.
5. Secção do Livro dos Mortos no Papiro de Nani c. 1040 a.C.–945 a.C.
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Desenho A partir do século XIV, com as mudanças ocorridas na Europa, a valorização do humanismo e das novas perspectivas de pensar, o desenho tornou-se uma ferramenta de investigação científica do mundo. Leonardo da Vinci (1452 – 1519), artista do Renascimento italiano, utilizou dessa linguagem em seus estudos (Fig. 6), através do desenho de observação para suas invenções e criações que iam além de seu tempo.
6. Estudos de embriões (1510–1513) nos quais retrata imagens impossíveis de se ver na época, mas completamente atuais.
No campo das Artes Visuais, o desenho assume diversos propósitos, podendo criar a obra final ou ser um meio de produzir outra obra de arte, como a pintura, servindo de uma visualização prévia (projeto, esboço) do que pretende ser desenvolvido. No espaço do desenho, temos alguns elementos gráficos específicos: o ponto, a forma, a linha e a cor. As características dos desenhos infantis se repetem em manifestações gráficas diferentes - em diversas partes do mundo. Apesar das interferências culturais na vida do indivíduo, podemos observar que esses elementos sempre estarão presentes nos desenhos. Para a criança, o ato de desenhar possibilita o desenvolvimento da capacidade de produzir análises dos elementos e das formas do mundo,
explorando-os graficamente. Através dos símbolos gráficos, são criadas composições espaciais organizadas e reorganizadas, que desenvolvem noções inseridas no brincar e em outras atividades cotidianas; brincar e desenhar com espontaneidade faz parte da natureza da criança. É necessário que o adulto a auxilie a não perder essa imaginação fértil que se manifesta principalmente por intermédio de sua ação lúdica. O adulto é reflexo de sua infância, e só por isso já bastaria para que essas atividades merecessem respeito (SANS, 2005, p. 40).
É importante enfatizar durante o Ensino Fundamental que o lúdico e o desenho são inseparáveis, desestruturando a ideia sedimentada de que o desenho infantil precisa alcançar um resultado estético específico.
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Desenho
2.2.1 Regina Silveira Nascida em Porto Alegre–RS, em 1939, atualmente vive e trabalha em São Paulo. Conhecida internacionalmente pelos seus trabalhos, Silveira utiliza o desenho como forma de projeto, também faz uso de técnicas relacionadas à gravura, como a fotocópia, offset, microfilme, serigrafia e novas tecnologias. O desenho arquitetônico em grande escala, entre projeções e distorções está, sempre, presente em suas obras de instalações e gravura em campo expandido. Em uma entrevista para o SESC de São Paulo, publicada em setembro de 2004, a artista afirma que: "[...] o desafio maior para a arte é habitar os espaços não protegidos, os lugares abertos, a rua, aqueles que servem para manifestações que procuram novos públicos.'' (SILVEIRA, 2004, p. 85)
7. Regina Silveira projetando em seu ateliê.
8. Desenhos preparatórios de Regina Silveira para intervenção na torre do Belenzinho, em São Paulo, Brasil.
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Desenho
9. ''Orbis'', Regina Silveira, painel de azulejos pintados sobre o tema da história da aviação no aeroporto de Porto Alegre-RS, Brasil.
10. ''Mundo admirabilis'', Regina Silveira, 2011, Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre-RS, Brasil.
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Desenho
Outros artistas 2.2.2 Alê Abreu Nascido em São Paulo, no ano de 1971, Abreu é ilustrador, animador e diretor de cinema brasileiro. Produziu o filme ''O Menino e o Mundo''; vencedor de 46 prêmios e indicado ao Oscar de animação. Em suas produções, o artista utiliza o desenho e diversos materiais como lápis, carvão e giz, a fim de criar uma animação rica em detalhes artísticos e sua poética própria.
11. Alê Abreu.
12. Cena do filme ''O Menino e o Mundo''.
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Desenho
2.2.3 Sandra Cinto Nascida em Santo André-SP, em 1968, ela é escultora, desenhista, pintora, gravadora e professora. Já realizou exposições no Centro Cultural de São Paulo (CCSP) e na Galeria Espaço Alternativo, no Rio de Janeiro. Suas obras estão expostas em coleções no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP), Fundação Arco na Espanha, entre outros. Através de uma função arquitetônica, seus desenhos convidam o público a imergir na paisagem, que remetem ao sublime e, causando sensações de vertigem e medo. Utiliza caneta permanente prateada sobre as pinturas feitas em uma sala circular, transformando, assim, ambientes intrincados e hipnotizantes com mares turbulentos, violentas tormentas e céus celestiais – que, frequentemente, envolvem-se com a arquitetura circundante para causar um efeito desorientador, criando a ilusão de um universo sem peso e em formato espiral. Cinto evoca histórias de dificuldades humanas e de redenções; essas paisagens fantásticas servem como uma metáfora para a odisseia humana, ao mesmo tempo em que empurram os limites e as possibilidades do desenho.
13. Sandra Cinto.
14. Obra sem título, de Sandra Cinto, que faz parte da exposição "Imitação da Água", no Instituto Tomie Ohtake, 2010. Caneta permanente e acrílica sobre MDF, 320 cm x 250 cm x 4 cm.
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2.2.4 Aula 1: Desenhando no espaço Proposta: Promover experiências entre espaço, corpo e desenho, através da poética das artistas Regina Silveira e Sandra Cinto, analisando e refletindo sobre os processos realizados. Objetivo: Buscar a compreensão do desenho em outros meios (espaços), a partir das obras apresentadas e de experiências obtidas durante a produção. Duração: 02 aulas Execução: O desenho é uma das linguagens mais utilizadas desde o surgimento do homem. Através dele é possível perceber as linhas, as cores e as formas, criando signos e significados, relacionandose com o corpo e o espaço. Podem fazer uma introdução sobre o seu surgimento e levantar as seguintes questões: Onde encontramos o desenho? É possível observar os seus elementos no nosso espaço? Em seguida, apresentar as obras ''Mundo admirabilis'' e ''Orbis'' de Regina Silveira e "Imitação da Água" de Sandra Cinto, fazendo uma leitura de imagem e, propor um desenho coletivo com a turma no espaço da escola, utilizando giz de lousa sobre o chão. Após a produção, discuta com os alunos sobre suas experiências e compreensões. Materiais: Imagens impressas e giz de lousa.
2.2.5 Aula 2: Traços e narrativas Proposta: Trabalhar com o desenho através da experimentação de materiais, propondo ao aluno uma ligação entre o seu universo e o fazer artístico. Apresentar como referência o trabalho e a poética do artista Alê Abreu. Objetivo: Desenvolver o olhar sensível sobre os trabalhos realizados e observados, através da leitura de imagens, experimentando materiais diferentes em uma mesma produção. Duração: 01 aula Execução: Com o desenho, podemos expressar nossas lembranças e criar narrativas de histórias que podem ou não ser reais. O artista Alê Abreu retrata histórias que partem de memórias, utiliza-se, em seus desenhos, de diversos materiais que, juntos, transmitem sensações e mensagens em seu trabalho. Que tal propor aos alunos a produção de um desenho sobre uma história do seu próprio universo? Para isso, ofereça diversos materiais como giz de cera, lápis de cor, caneta hidrográfica, giz pastel seco e oleoso e carvão sobre o papel, deixando que as crianças utilizem como preferir. Após o término do desenho, faça uma leitura de imagem da cena retirada do filme "O Menino e o Mundo" de Alê Abreu, mostrando como o artista reproduziu sua narrativa. Proponha uma observação sobre os trabalhos realizados na turma, deixando que cada aluno fale sobre o que produziu e como lidou com o uso de materiais diferentes. Materiais: Imagem impressa, papel sulfite, giz de cera, giz pastel seco, giz pastel oleoso, lápis de cor, caneta hidrográfica e carvão.
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P I N T U R A
GABRIELA MACHADO 28
2.3 Pintura A pintura é uma forma de manifestação artística que existe a muito tempo na história da humanidade. É uma representação gráfica feita a partir da utilização de pigmentos e de outros materiais. Surgiu na Pré-História quando os homens das cavernas faziam as pinturas rupestres (Fig. 15) - nome dado as mais antigas representações pictóricas. Os homens pré-históricos já pintavam e demonstravam seu desejo de expressão através da arte.
15, Bisão Ferido, Altamira, Espanha, 15.000-10.000 a.C.
Foi uma das principais formas de representação dos povos medievais do renascimento até o século XX. Foi a partir do século XIX, graças a Revolução Industrial, que essa técnica teve um grande desenvolvimento. A pintura pode ser considerada uma técnica, na qual se aplica uma determinada substância sobre uma superfície e se tem como resultado diferentes tons e texturas. É uma arte que se diferencia do desenho, pois exige a utilização de materiais diferentes, assim como construções por relações cromáticas. A cor é o seu elemento fundamental. Há diversas técnicas de pintura e o surgimento de novos materiais contribui para que apareçam novidades na área. As técnicas de pintura mais utilizadas são: pintura a pastel, pintura a óleo, pintura acrílica, guache e aquarela.
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Pintura
Pintura a pastel (Fig. 16), é um meio de expressão de grande atrativo para muitos artistas; tanto pela luminosidade e intensidade das cores, como pela simplicidade e versatilidade na sua aplicação e manejo. Os pasteis são, basicamente, pigmentos em pó misturados com a quantidade de goma ou resina necessária e suficiente para aglutina-los. Por esta razão, as cores obtidas são limpas e intensas, o que permite, aos artistas, realizar obras de grande contraste e luminosidade. No início, o pastel foi considerado como um complemento para o desenho na técnica do retrato. Hoje em dia esta é uma técnica que não conhece barreiras temáticas, estilísticas nem conceituais.
16. Head of the Virgin in Three-Quarter View Facing Right, by Leonardo da Vincni, ca. 15081512, charcoal and black and red chalk, 8 x 6 1/8. Collection The Metropolitan Museum of Art, New York, New York.
Uma das técnicas muito utilizada durante os séculos XIV e XV foi a têmpera (Fig. 17), na qual os pigmentos ou corantes são misturados com aglutinante, sendo, na maioria das vezes, uma mistura de água e gema de ovo. Devido a sua limitação da graduação na tonalidade das cores, foi substituída pela pintura a óleo.
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Pintura
17. ‘'O Nascimento de Vênus'', Sandro Botticelli. Têmpera sobre tela, 1483, 1,72 m x 2, 78 m, Galeria dos Ofícios, Florença, Itália.
Pintura a óleo, é considerada a técnica mais tradicional de pintura (Fig. 18). É uma técnica artística que consiste no uso de tintas à base de óleo. Elas são aplicadas em superfícies de madeira ou tela de algodão cru, além de outros materiais, basicamente, utilizam-se pincéis ou espátulas para a aplicação. Sua principal característica diz respeito à mistura cromática e o brilho conferindo acabamento excepcional, além da flexibilidade em função da lenta secagem da tinta, permitindo ao artista alterar seu trabalho quando necessário.
18. "Paraíso dos Gatos'', Remedios Varo. Óleo sobre tela. 21 cm x 29 cm, 1955, coleção privada.
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Pintura Pintura acrílica (Fig. 19) caracteriza-se pela rapidez da secagem, pois pode ser diluída com água e também pode ser aplicada em diversos tipos de superfície. As acrílicas são, muitas vezes, utilizadas em substituição das aquarelas porque as cores, uma vez secas, aproximam-se muito às cores desejadas, talvez ligeiramente mais escuras, enquanto as aquarelas, quando secam, tornam-se mais claras que as cores pretendidas.
19. Sem Título, James Kudo. Acrílica sobre tela, 100 x 100 cm, 2014.
Guache (Fig. 20) é um tipo de pintura semelhante a aquarela, mas com uma consistência mais densa e opaca devido a adição do pigmento branco à mistura. O resultado, são cores mais fortes e menos transparentes, que as obtidas com as aquarelas. Os pigmentos do guache quando secam, aparecem, ligeiramente, mais claros do que quando molhados. Quando se aplica o material de forma densa, existe a tendência a rachar, no entanto esta tendência pode ser atenuada ou eliminada com a aplicação e mistura de certos médiuns, por exemplo o “aquapasto”.
20. "Plateia Rosa", Tatiana Blass. Guache sobre algodão, 80 cm x 100 cm, 2016.
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Pintura
A aquarela é uma técnica de pintura na qual os pigmentos são, geralmente, dissolvidos em água, ou utilizados suspensos sobre o suporte (Fig. 21). Estima-se que a técnica tenha surgido há cerca de 2000 anos, na China, simultânea ao surgimento do papel e dos pincéis de pelos de coelhos. Os principais suportes utilizados na aquarela são o papel com alta gramatura – densidade do papel – e a tela. A técnica passou por diversos momentos na história da arte, de glória e rejeição, mas possui grande influência nas artes plásticas e nas culturas ocidental e oriental.
21. ''Amor e Sacrifício'', Agnes Cecile. Aquarela sobre papel, 45 cm x 30 cm, 2014.
2.3.1 Gabriela Machado Nascida em Santa Catarina, no ano de 1960, é gravadora, desenhista e pintora. A partir do final da década de 1990, Machado produz gravuras e desenhos de naturezas mortas, inspiradas no cotidiano. Em 2002, começou a produzir obras abstratas, que exploram o gesto na pintura. Utiliza o movimento contínuo e intenso do pincel na tela. Seus trabalhos apresentam caráter corpóreo, entretanto, a artista não busca apenas a gestualidade em si, busca, também, uma intemporalidade da cor, trabalhando a relação entre o ser humano e a natureza. Podemos observar, em suas obras, a sutileza e a delicadeza do traço, havendo pequenas variações entre as composições, remetendo-nos a uma natureza-morta que age no espaço da tela. A pintora utiliza bastões de nanquim no papel molhado, sobre o chão, produzindo movimentos rápidos e sem retoques.
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Pintura
22. ''Alecrim'', Gabriela Machado. Poliptico, acrílica sobre linho. 276 cm x 294 cm, 2010.
23. "Histórias que eu quero contar'', Gabriela Machado. Óleo sobre linho. 30 cm x 30 cm, 2013.
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Pintura
Outros artistas 2.3.2 Beatriz Milhazes Nascida no Rio de Janeiro, em 1961, ela é uma artista brasileira bastante reconhecida, tendo destaque a partir da década de 1990, em mostras internacionais na Europa e nos Estados Unidos. Suas obras se caracterizam pelo ornamentalismo e pela representação. Machado utiliza formas circulares concentradas e expansivas. Além disso, faz uso de colagens e sobreposições, deixando que o olhar do espectador percorra a exuberância gráfica e cromática.
24. Beatriz Milhazes
25. "Mariposa", Beatriz Milhazes. Acrílica sobre tela, 98 cm x 98 cm, 2004
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Pintura
2.3.3 Chico da Silva Nascido no Acre, Chico da Silva (1910 – 1985) foi pintor e desenhista naïf ou instintiva artista sem formação acadêmica. Expôs seus trabalhos na Suíça e no Rio de Janeiro; recebeu menção honrosa na XXXIII Bienal de Veneza, em 1966. Em suas obras, Silva utiliza figuras procedentes da fabulação popular amazônica, valorizando a arte folclórica. O grafismo, a forma como é realizada a figura sobre o espaço, a variedade de cores e a riqueza de detalhes são características marcantes de seus trabalhos.
26. Chico da Silva.
27. "Dragão Fantástico'', Chico da Silva. Óleo sobre tela, 50 cm x 70 cm, 1971.
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2.3.4 Aula 1: Pintando com o corpo Proposta: Propor uma pintura coletiva através dos movimentos corporais, explorando a expressão do corpo bem como as formas orgânicas. Como referência para a atividade, apresentar a artista Gabriela Machado e suas obras que envolvem a gestualidade. Objetivo: Explorar os movimentos e as formas orgânicas através da pintura coletiva, utilizando o corpo como ferramenta para a criação do trabalho. Despertar o olhar sensível e lúdico para a importância do movimento corporal nas Artes Visuais. Duração: 01 aula Execução: Na Arte Contemporânea, o corpo se torna parte das obras, mostrando a importância dos gestos e dos movimentos naturais na criação de um trabalho. É através desse fato que propomos uma atividade de experimentação lúdica coletiva, que poderá realizar-se com uma música de fundo, caso o professor deseje. Começaremos com uma breve introdução sobre a questão do movimento do corpo na Arte Contemporânea, apresentando os trabalhos da artista Gabriela Machado e faremos a leitura de imagem de suas obras. Após isso, com o papel craft estendido sobre a parede ou chão, os alunos realizarão movimentos e gestos, com partes do corpo cobertas de tinta. Com a conclusão da pintura, os alunos observarão as formas que foram produzidas e discutirão sobre o processo. Materiais: Imagens impressas, papel craft e tinta guache.
2.3.5 Aula 2: Cores e formas Proposta: Explorar as cores e as formas através da pintura, apresentando o trabalho "Dragão Fantástico" de Chico da Silva e ''Mariposa'' de Beatriz Milhazes que utilizam a cor e as formas como elementos principais em suas obras. Objetivo: Entender o papel da cor e da forma na pintura, produzindo uma obra a partir da poética visual dos artistas. Duração: 02 aulas Execução: A cor e a forma estão sempre presentes nas pinturas, pois são elementos importantes da composição. A partir da poética dos artistas, será proposto, aos alunos, que produzam uma pintura utilizando a cor e a forma como elementos principais. Após a pintura, os alunos farão uma leitura dos trabalhos de Chico da Silva e de Beatriz Milhazes, observando os elementos que compõem os trabalhos. Os alunos irão expor as obras produzidas em um varal na sala de aula. Materiais: Imagens impressas, pincéis, papel sulfite e tinta guache.
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G R A V U R A
TOMIE OHTAKE 38
2.4 Gravura O que é gravura? A gravura é uma das linguagens mais antigas da história da humanidade, sua origem está relacionada com a Pré-História, isso porque, o homem pressionou as mãos sujas de terra ou sangue nas paredes das cavernas, deixando a sua marca individual registrada na superfície da pedra. Há dois conceitos básicos de gravura, são eles: Gravação e Impressão. A gravação é um processo de marcar uma superfície; a palavra gravar vem do Grego graphein que significa ação de escrever ou desenhar, em latim cavare significa escavar, aprofundar, abrir. Já impressão é a transferências das marcas criadas nessa superfície para um suporte (papel, tecido, plástico entre outros). O mais interessante da gravura é a possibilidade que ela oferece de ser multiplicada, ou seja, podemos obter cópias a partir de um único exemplar. Oswlado Goeldi (1895 – 1961), artista brasileiro, destacou o uso de uma técnica chamada xilogravura. É baseada no uso de matrizes em relevo executadas em madeira com o auxílio de instrumentos cortantes, formando uma matriz (Fig. 28). É uma técnica ancestral em que suas bases estão fixadas no extremo oriente séculos antes de Cristo. Essa técnica só chegou a Europa na Idade Média sendo muito utilizada para ilustração e impressão de carta de baralho. Foi no século XV que o Alemão Johann Gutenberg De Mainz teve a ideia de criar pequenas matrizes de madeira com letras e a partir delas formar palavras que, impressas, formavam textos.
28. "Gato e Peixe (Cat and Fish)", Oswaldo Goeldi. Xilogravura, 20,5 cm x 28,5 cm, 1955.
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Gravura
Aos poucos as técnicas de impressão foram se multiplicando, primeiramente, na Alemanha e depois na Europa, as técnicas de gravação e impressão ficaram cada vez mais elaboradas e, consequentemente, surgiram excelentes artistas que dominavam as práticas de gravação. Entre o final do século XVIII e início do século XIX surgiram as matrizes feitas em pedra, criando a litografia técnica que permitia a realização de muitas copias a partir de uma única matriz (Fig. 29). Essa técnica foi muito utilizada até o final do século XX, quando inventaram uma nova técnica chamada Offset, utilizada para impressão de livros, revistas e jornais.
29. "Kunstformen der Natur'', Ernst Haeckel. Litografia, tiragem nº 8, 1904.
Durante o século XVII, a água-forte (Fig. 30), mais conhecida, atualmente, como nítrico quando diluída em água, foi um termo utilizado para designar o ácido. Muito explorada nos processos de calcografia, em que a imagem obtida na impressão é fixada sobre uma chapa metálica após a corrosão dos traços do artista; pelo uso do ácido nítrico. Passou a definir a matriz usada para a impressão e a própria gravura. A ponta-seca é bastante utilizada durante o processo e é importante observar que a gravação da água-forte se difere de todos as outras, pois é realizada, apenas, pela presença e ação dos ácidos
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Gravura
30. "Yougoslavia I A Paisagem", Maria Bonomi. Água-forte, 43 cm x 71 cm, 1993.
Com o tempo, as técnicas mais tradicionais, como a xilogravura, deixaram seus métodos simples de reprodução de imagens e textos e ganharam novas técnicas de reprodução industrial, passando a ocupar um lugar de destaque entre as linguagens artísticas a xilogravura é uma arte de resistência, pois com a sua técnica milenar permanece a mesma, apesar das inovações tecnológicas que afetaram tão fortemente as outras técnicas da arte. E, no Brasil, a gravura é especialmente de resistência, pois era proibida por Portugal, quando do Brasil colônia, já que, através da gravura, poderiam ser feitos papéis de crédito. (KLINTOWITZ, 2000, p. 32)
A isogravura (Fig. 31), técnica que utiliza o isopor no lugar na madeira, é um exemplo de adaptação de materiais na escola. É muito usada com crianças como forma de introdução à xilogravura.
31. ''Rosas'', Rafaela Micheloni. Isogravura, 1/1, 2016.
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Gravura
2.4.1 Tomie Ohtake Nascida no Japão, Tomie Ohtake (1913 – 2015) mudou-se para o Brasil em 1936, e se naturalizou brasileira. Em seus trabalhos, Ohtake utilizou a arte figurativa e o abstracionismo, trabalhando com pinturas, esculturas e gravuras. Nas suas obras, notase a presença de formas orgânicas e sugestões de paisagens. Observamos, também, o uso da escala monocromática e de cores intensas, contrastantes entre si. Dedicou-se às esculturas em espaços públicos, recebendo em Brasília o Prêmio Nacional de Artes Plásticas do Ministério da Cultura, em 1995. No ano 2000, foi fundado o Instituto Tomie Ohtake, na cidade de São Paulo.
32. "Abstrata Geométrica", Tomie Ohtake. Serigrafia (5/20), 50 cm x 50 cm, 1972.
33. Sem título, Tomie Ohtake. Gravura em metal, 54 cm x 78 cm, 2008.
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Gravura
Outros artistas 2.4.2 Paulo Cheida Sans Nascido em Campinas, no ano de 1955, Sans é um artista reconhecido, principalmente, na área da gravura, participando de, aproximadamente, 400 mostras. Recebeu diversos prêmios em Salões de Artes no Brasil e no exterior, também é diretor e curador do Museu Olho Latino, localizado em Atibaia, interior de São Paulo. Entre as mostras mais significativas que participou no Brasil, estão a Mostra Rio Gravura no Palácio Gustavo Capanema, Rio de Janeiro em 1999 e a Panorama de Arte Atual no Museu de Arte Moderna de São Paulo, em 1980. Em suas obras observamos a sátira e a crítica sobre a sociedade atual. Em "A Borboleta e os Confetes'', Sans utiliza-se de figuras reais e imaginárias, criando uma narrativa que remete a situações do contexto político do país.
34. Paulo Cheida Sans
35. "A Borboleta e os Confetes'', Paulo Cheida Sans. Linogravura (7/90), 1996.
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Gravura
2.4.3 J Borges Nascido no Pernambuco em 1935, Borges é poeta, xilogravador e artista popular. Bastante conhecido pelo seu trabalho com literatura de cordel, começou a produzir gravuras como forma de ilustrar os folhetos. A partir da década de 70, seu trabalho com xilogravura passou a ser reconhecido, participando de diversas exposições, oficinas e workshops sobre gravura e cordel. Recebeu diversos prêmios, entre eles o prêmio de gravura Manoel Mendive, na 5ª Bienal Internacional Salvador Valero Trujillo, Venezuela, em 1995; medalha de honra ao mérito da Fundação Joaquim Nabuco, Recife, em 1990 medalha de honra ao mérito cultural, do Palácio do Planalto, Brasília, em 1999; e o Prêmio Unesco, em 2000. Em 2006 foi criado o Memorial J Borges em Bezerros, Pernambuco. Seus trabalhos são marcados por temas que remetem ao lugar em que nasceu, tais como o cotidiano do pobre, o cangaço, o folclore popular e a religiosidade, questões do universo cultural nordestino. A utilização da cor em suas gravuras é bastante observada, sendo uma característica importante em suas produções, como podemos observar abaixo.
36. J. Borges
37. "Iemanjá'', J. Borges. Xilogravura, 66 cm x 48 cm, 2015.
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2.4.4 Aula 1: Introdução à Gravura Proposta: Introduzir o aluno à gravura, apresentando alguns artistas e suas poéticas, assim, propor um trabalho através da técnica da isogravura. Objetivo: Expandir o repertório artístico do aluno, a partir da apresentação da gravura e de seus artistas. Duração: 02 aulas Execução: Fazer uma introdução sobre o universo da gravura e suas técnicas. Após isso, apresentar as obras dos artistas Tomie Ohtake, Paulo Cheida e J Borges, levantando questões durante a leitura de imagens, tais como: Quais elementos podemos observar na obra? Quais cores foram utilizadas? Quais sensações essas obras nos trazem? Elas se parecem com outra linguagem? Como elas foram produzidas? Após essa discussão, explicar um pouco sobre cada técnica presente nas obras. É interessante, se possível, mostrar aos alunos vídeos ou imagens sobre o processo. Em seguida, propor uma atividade de isogravura (gravura em isopor), deixando que produzam algo de seu universo pessoal. Sobre a bandeja de isopor com o lápis, devem traçar de forma a criar cortes para que depois, transponham o desenho sobre o papel, passando uma camada de tinta por cima do desenho e carimbando sobre a folha. Quando todas as gravuras estiverem prontas, peça aos alunos para observarem o seu trabalho e os trabalhos dos colegas, levantando questões da técnica e da poética. Materiais: Imagens impressas, isopor, lápis, tinta guache e papel sulfite.
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Capítulo III
O TRIDI MEN SIO NAL 46
3.1 Introdução: O que é o tridimensional? O tridimensional pode ser definido como três dimensões: altura, profundidade e largura. Possui relevo e volume, sendo utilizado nas Artes Visuais desde a era PréHistória. No capítulo três, trabalharemos com linguagens que fazem parte do plano tridimensional: escultura e instalação/intervenção. A seguir, selecionamos artistas da contemporaneidade e suas obras que abordam questões relacionadas à tridimensionalidade no espaço físico.
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LYGIA CLARK
E S C U L T U R A
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3.2 Escultura A escultura, é a arte de transformar matéria bruta (pedra, metal, madeira etc) em formas espaciais, com algum significado. Quando nos referimos às “formas espaciais” queremos dizer formas em terceira dimensão, isto é, com volume, altura e profundidade. As técnicas da escultura são: Modelagem: quando se agrega materiais plásticos até se conseguir o resultado desejado. Um dos materiais mais usados nessa técnica é a argila; cinzelamento: quando de um bloco de material, podendo ser pedra, madeira, gelo, entre outros, retira-se o que excede da figura, utilizando ferramentas, de corte, adequadas como o cinzel; de onde vem o nome da técnica; fundição: quando se verte metal derretido, quente, em um molde feito em outro material, geralmente, cera. A escultura teve seu surgimento na Pré-História (Fig. 38), através de objetos de arte e estátuas, em um período de tempo de 24.000 a.C. até 2.100 a.C. Inclui-se objetos que representavam animais e seres humanos. A forma de escultura, como é conhecida na atualidade, teve início no Oriente Médio (Fig. 39) e foi uma das últimas artes a ser desenvolvida durante a Idade Média, isso em consequência do seu apelo sensual.
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Escultura
38. ''Vênus de Willendorf'', calcário oolítico, 24.000 e 22.000 a. C., Áustria.
39. Busto de Amenhotep III, c 1387 a.C., Museu egípcio, Berlim.
A arte de esculpir se destacou na Grécia clássica, sendo os seus primeiros artefatos construídos em mármore ou bronze a partir do século X a.C.. Em seguida os romanos aderiram a cultura clássica e continuaram a produzir esculturas até o fim do império.
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Escultura
Foi no Renascimento que a escultura ganhou destaque. A primeira que se evidenciou foi a estátua de Davi, produzida por Michelangelo (Fig. 40). Entre o século XIX e XX destacaram-se artistas como Constantin Brancuse (1876 – 1957) e August Rodin (1840 – 1917) (Fig. 41), influenciando outros artistas posteriores.
40. "Davi", Michelangelo. Mármore, 517 m x 199 m. 1504, Academia de Belas Artes, Florença, Itália.
41. "O Pensador", Auguste Rodin. Bronze, 1,89 m x 98 cm x 1,4 m. 1904, Museu Rodin, Paris, França.
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Escultura
Atualmente, novas técnicas como dobra e solda de chapas metálicas, moldagens com resinas, concreto armado ou plásticos, ou mesmo com a utilização da luz para dar uma sensação de tridimensionalidade. Com o tempo algumas formas de esculturas formam mais utilizadas do que outras. Com o início da Era Moderna, a escultura ganhou novas formas de expressões, possibilitando a pesquisa de novos materiais e o emprego diferenciado das técnicas tradicionais. A possibilidade de se trabalhar com o concreto na escultura trouxe descobertas e abriu espaço para desenvolver outros processos artísticos. Após a Revolução Industrial, a escultura, em metal, teve uma evolução marcante, possibilitando ao artista utilizar diversos materiais que necessitam do uso de ferramentas industriais, tais como a soldagem, maçarico, brocas elétricas, etc. A partir da década de 20, materiais como o plástico e a celulose começaram a ser utilizados pelos Construtivistas, na criação de esculturas. Ainda nos dias atuais, alguns artistas utilizam materiais plásticos, acrílicos e sintéticos em suas obras, misturado a outros materiais ou, simplesmente, utilizando-os por conta de suas texturas e plasticidade.
42. "Garden of Pretty Things'', Christina Bothwell. Vidro fundido, argila, pinturas à óleo, 2014, 25'' x 18'' x 12'' polegadas.
43. Monumento idealizado por Tomie Ohtake em homenagem a Imigração Japonesa. Escultura em aço, pintada com tinta automotiva, 15 metros de altura e 60 toneladas. Santos - São Paulo, Brasil, 2008.
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Escultura
Na arte contemporânea é possível observar uma liberdade maior no processo de escolha de materiais e técnicas no trabalho do artista. A escultura, hoje, utiliza-se de diversos meios, tanto do ambiente em que se encontra, quanto de fenômenos naturais ou meios mecânicos. No ensino de Arte, a escultura possibilita a experimentação de materiais diferentes,
3.2.1 Lygia Clark Nascida em Minas Gerais, Lygia Clark (1920 – 1988) foi uma das principais artistas do início da arte contemporânea. Fez parte do grupo de fundadores do Neoconcreto, trocando aos poucos a pintura pela experiência com os objetos tridimensionais. Em suas obras, a artista propõe, ao espectador, uma aproximação maior, convidando-o a participar. Um de seus trabalhos muito conhecidos é a série ''Bichos'', de 1960, formado por construções metálicas geométricas que se articulam através de dobradiças, necessitando do contato do espectador com a obra; A poética de Lygia Clark caminha no sentido da não representação e da superação do suporte. Propõe a desmistificação da arte e do artista e a desalienação do espectador, que finalmente compartilha a criação da obra. Na medida em que amplia as possibilidades de percepção sensorial em seus trabalhos, integra o corpo à arte, de forma individual ou coletiva. Finalmente, dedica-se à prática terapêutica. Para Milliet, a artista destaca-se sobretudo por sua determinação em atravessar os territórios perigosos da arte e da terapia.
44. "Bicho Caranguejo'', Lygia Clark. Alumínio, 23 cm x 15 cm x 18 cm, 1984.
45. ''Trepante, versão 1'', Lygia Clark. 1965. Alumínio, dimensões variáveis (aproximadamente 263 x 146 cm)
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Escultura
Outros artistas 3.2.2 Jorge Barrão Nascido no Rio de Janeiro, em 1959, ele é desenhista, pintor, escultor e artista multimídia. Em suas obras, Barrão utiliza o reaproveitamento de restos e sucatas, atribuindo-lhes novos sentidos. Apesar dos objetos transformados trazerem a memória do passado, desligam-se do seu contexto e uso originais. O universo infantil e lúdico está presente no seu processo artístico, a partir da ''brincadeira'' de desmontar e construir, entretanto, também é possível perceber a crítica, implícita, à sociedade atual.
46. Barrão
47. ''Animais'', Jorge Barrão, 2007. Cerâmica e durepox.
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Escultura
3.2.3 Mozart Guerra Nascido em Recife, em 1962, radicou-se em Paris, na França há 20 anos. Em seus trabalhos, Guerra busca representar seres através do Realismo, mas cobertos por um tratamento pictórico imaginário e com um grafismo que se distancia da realidade. Utiliza materiais como poliestireno (isopor) e espuma de poliuretano para dar forma. Suas obras buscam retratar as intervenções do homem sobre a natureza.
48. Mozart Guerra.
49. "Carneiro 2", Mozart Guerra, 2009. Poliestireno e cordas, 55 x 60 x 45 cm.
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3.2.4 Aula 1: Criando formas geométricas no plano tridimensional Proposta: Produzir esculturas com formas geométricas feitas de papel, relacionando com o trabalho da artista Lygia Clark. Objetivo: Mostrar ao aluno a passagem do plano bidimensional para o plano tridimensional, através das formas geométricas feitas sobre o papel e organizadas no plano tridimensional, de forma a criar uma escultura. Através da apresentação das obras da artista Lygia Clark, busca-se que o aluno entenda a poética e a relacione com a sua produção. Duração: 01 aula Execução: Deve-se começar com uma introdução sobre o plano bidimensional e tridimensional. Em seguida, apresentar os trabalhos da artista, trazendo questões da sua poética visual e, a partir disso, propor a produção de esculturas com formas geométricas criando o desenho sobre o papel, recortando e transformando em escultura. Após a realização do trabalho, pedir ao aluno que observe a sua escultura e que aponte as diferenças do plano bidimensional para o plano tridimensional. Materiais: Imagens impressas, papel cartolina, papelão, E.V.A., tesoura e cola.
3.2.5 Aula 2: Seres imaginários Proposta: Criar seres imaginários, tomando como referência os artistas Jorge Barrão e Mozart Guerra. Objetivo: Trabalhar com a imaginação e a tridimensionalidade, relacionando à poética dos artistas. Outro objetivo é trazer referências diferentes de produção de escultura, além de incentivar a autonomia de criação. Duração: 02 aulas Execução: O professor pode começar a aula com uma introdução sobre a linguagem da escultura e a tridimensionalidade, mostrando algumas esculturas históricas. Após a contextualização, o educador apresentará a escultura na Era Contemporânea, trazendo os artistas Jorge Barrão e Mozart Guerra e suas esculturas, que trabalham com a questão da imaginação/fantasia. Em seguida, propor aos alunos a produção de esculturas, com argila, de seres imaginários, relacionando com a poética dos artistas. Com o término da atividade, cada aluno poderá falar um pouco sobre a sua criação como método avaliativo, também se pode pedir um desenho da própria escultura. Materiais: Imagens impressas, argila, cola, pincel e tinta guache.
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3.3 Instalação e intervenção O termo instalação teve sua origem durante a década de 60, quando o campo da arte estava em expansão. Sendo, inicialmente, chamado de assemblage ou ambiente, era realizado nos espaços dos museus e das galerias. Ainda nos dias atuais, há certa dificuldade em se definir os limites que permitem distinguir a instalação da arte ambiental do assemblage e do minimalismo. Apesar disso, cada modalidade tem suas particularidades. A instalação utiliza materiais variados, construindo um ambiente no qual há uma relação entre os objetos, construções, o ponto de vista e a pessoa que observa a obra, permitindo um contato mais próximo e participativo. Artistas como Kurt Schwitters (1887 – 1948), Piet Mondrian (1872 – 1944) e Marcel Duchamp (1887 – 1968) (Fig. 50), produziram algumas obras que deram início ao que viria a ser instalação, utilizando o espaço como parte de suas obras.
50. Instalação/Ambiência criada por Marcel Duchamp para a Exposição Internacional Surrealista de Paris (1938).
Com o minimalismo, abre-se um caminho para a instalação, pois as esculturas saem de suas bases e se apropriam do solo, podendo ocupar, ou não, todo o espaço do lugar onde se encontra. Os objetos constroem novas áreas espaciais, que deixam em evidência aspectos da arquitetura, como na obra de Carl Andre (1935), através das placas retangulares organizadas no chão da galeria Steel Magnesium Plain (Fig. 51).
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Instalação/Intervenção
51. Carl Andre, 1935, instalação.
A partir da década de 1980, a instalação passa a ser muito utilizada nas obras de arte, sendo impossível mapear produções recentes. Entre os novos artistas que utilizam esse processo, podemos destacar Jessica Stockholder (1959) com suas obras que envolvem a ideia de construção, utilizando canteiros de obras e ambientes de reformas (Fig. 52).
52. “Vortex in the Play of Theatre with Real P a s s i o n ,” J e s s i c a Stockholder, 2000.
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Instalação/Intervenção
No Brasil, alguns artistas de outros meios experimentaram o gênero a partir da década de 1960. Artistas como Lygia Pape (1927 – 2004), Hélio Oiticica (1937 – 1980), José Resende (1945), Tunga (1952) e Mira Schendel (1919 – 1988) (Fig. 53) utilizam a instalação em suas obras.
53. Ondas paradas de probabilidade (1969) de Mira Schendel na 30 × Bienal, 2013. Fundação Bienal de São Paulo.
Através da instalação, também podemos encontrar obras que buscam intervir no espaço e que promovem transformação ou reação, no plano sensorial, físico ou intelectual; que chamamos de intervenção. Sendo uma vertente da arte urbana, pública ou ambiental, a intervenção pode ocorrer em áreas externas ou internas, sendo um caminho muito utilizado por artistas para se aproximar do cotidiano, entrando em questões sociais. Permite, também, abrir espaço para a arte que não está em galerias ou museus, tornando-as mais acessíveis. A Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras, define, explica e exemplifica como
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Instalação/Intervenção as linguagens, técnicas e táticas empregadas nesses trabalhos são bastante heterogêneas. Intervenções podem ser ações efêmeras, eventos participativos em espaços abertos, trabalhos que convidam à interação com o público; inserções na paisagem; ocupações de edifícios ou áreas livres, envolvendo oficinas e debates; performances; instalações; vídeos; trabalhos que se valem de estratégias do campo das artes cênicas para criar uma determinada cena, situação ou relação entre as pessoas, ou da comunicação e da publicidade, como panfletos, cartazes, adesivos (stickers), lambelambes; interferências em placas de sinalização de trânsito ou materiais publicitários, diretamente, ou apropriação desses códigos para criação de uma outra linguagem; manifestações de arte de rua, como o graffiti. Diferentes trabalhos de arte podem ser qualificados como intervenção, não havendo, portanto, uma categorização única ou fronteiras rígidas que a separem da instalação, land art, site specific, performance, arte postal, arte xerox, mas sim uma confluência entre as tendências. Tomando o significado do vocábulo intervenção como ação sobre algo, que acarreta reações diretas ou indiretas; ato de se envolver em uma situação, para evitar ou incentivar que algo aconteça; alteração do estabelecido; interação, intermediação, interferência, incisão, contribuição - podemos destacar alguns aspectos que singularizam essa forma de arte: a relação entre a obra e o meio (espaço e público), a ação imediata sobre determinado tempo e lugar, o intuito de provocar reações e transformações no comportamento, concepções e percepções dos indivíduos, um componente de subversão ou questionamento das normas sociais, o engajamento com proposições políticas ou problemas sociais, a interrupção do curso normal das coisas através da surpresa, do humor, da ironia, da crítica, do estranhamento. A reversibilidade de sua implantação na paisagem, seu caráter efêmero, é outra característica das intervenções.
A intervenção no espaço é um meio muito interessante para trabalhar na escola, pois incentiva os alunos a encontrarem soluções dentro do seu contexto escolar e cria provocações que poderão ser vivenciadas por outras pessoas, buscando, assim, criar algo novo a partir do que já é conhecido.
3.3.1 Nele Azevedo Nascida em Minas Gerais, no ano de 1950, é artista plástica brasileira muito conhecida por suas instalações e intervenções urbanas. Movida pela inquietação, Azevedo criou a obra "Monumento Mínimo", na qual realizou esculturas feitas de gelo, no espaço urbano, com o tamanho reduzido a centímetros, representando cidadãos comuns. Chegou a criar cerca de 600 pequenas esculturas, expondo trabalhos na França, Itália, Portugal, Cuba, Alemanha e Japão. Sua poética está voltada para um fazer político, ecológico e social, trabalhando com o registro de memória, escala e temporalidade. Suas obras se constroem por quem observa a agrega as próprias emoções e significados a elas.
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Instalação/Intervenção
54. "Monumento Mínimo", Nele Azevedo, 2005, São Paulo, Brasil.
55. "Atravessar a dor em dias azuis", Nele Azevedo, 2012, Espaço Subsolo do Paço das Artes, instituição da Secretaria de Estado da Cultura.
Outros artistas 3.3.2 Hélio Oiticica Nascido no Rio de Janeiro, Hélio Oiticica (1937 – 1980) foi artista performático, pintor e escultor. Participou do Grupo Frente em 1955 e 1956 e, em 1959, passou a integrar o Grupo Neoconcreto. Durante esse período abandonou os trabalhos bidimensionais e criou relevos espaciais, bólides, capas, estandartes, tendas e penetráveis. A maior parte de suas obras é de caráter experimental e pressupõe uma participação ativa do público. Geralmente, suas obras são acompanhadas de textos e elaborações teóricas. A partir da década de 60, o artista começou a dedicarse à arte sensorial, seguindo até o final de sua vida.
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Instalação/Intervenção
56. Hélio Oiticica
62 57. ''Penetrável Magic Square nº 5'', Hélio Oiticica, Inhotim, Brumadinho - Minas Gerais, Brasil.
58. ''Penetrável Filtro'', Hélio Oiticica, 2012. Galerie Lelong, Paris, França.
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Instalação/Intervenção
3.3.3 Ernesto Neto Nascido no Rio de Janeiro, em 1964, Neto é um artista multimídia. Sua produção encontrase entre instalação e escultura, utilizando diversos materiais flexíveis e cotidianos, inspirando-se em trabalhos de artistas como Lygia Clark (1920 – 1988) e Hélio Oiticica (1937 – 1980). Em suas obras, há um convite ao espectador para experimentar a obra não apenas visualmente, mas através dos outros sentidos. O corpo é o eixo de sua proposta, utilizando formas que se encontram no espaço e estabelecendo a união física entre elas.
59. Ernesto Neto
60. "Dengo", Ernesto Neto. 2010, MAM-SP, Brasil.
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3.3.4 Aula 1: Intervenção no espaço escolar Proposta: Realizar uma instalação/intervenção no espaço da escola, através de linhas coloridas de barbantes, formando uma grande teia coletiva. Objetivo: Apresentar o conceito da instalação e da intervenção, relacionando aos trabalhos dos artistas Nele Azevedo, Ernesto Neto e Hélio Oiticica, além de incentivar o trabalho coletivo. Com esta proposta, o aluno observará a intervenção que acontece no espaço e como se relaciona com o meio. Duração: 02 aulas Execução: Partir dos seguintes questionamentos: O que é instalação? Como a instalação se relaciona com a intervenção? Essas são questões que podem ser feitas inicialmente aos alunos, introduzindo, assim, o conceito das linguagens e como elas interferem no espaço. Após isso, serão apresentados trabalhos dos artistas Nele Azevedo, Ernesto Neto e Hélio Oiticica pois trabalham com essa linguagem. Em seguida, será escolhido um espaço da escola, de bastante movimento, para a produção da teia coletiva. Com o término da atividade, os alunos poderão observar como as pessoas se relacionam com a instalação/intervenção e como essa teia age sobre o espaço. Materiais: Imagens impressas, barbantes coloridos, fita e tesoura.
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Capítulo IV
ARTE À PRIMEIRA VISTA 66
Arte à primeira vista
4.1 A ideia Inicialmente, a ideia deste trabalho foi resultado da realidade do ensino de Artes Visuais encontrada na escola, durante os estágios realizados. Apesar de vivermos na Era Contemporânea, o ensino aplicado nas escolas se mantêm muito antiquado, não acompanham as mudanças da nossa sociedade e nem busca a reflexão e o aprofundamento do olhar do aluno para questões importantes do seu meio. Muitos professores preferem incentivar a cópia ou o "laissez-faire" (deixar fazer) em suas aulas, continuando no comodismo dos antigos moldes da arte-educação. Como argumenta a arte-educadora Ana Mae Barbosa; nas artes visuais ainda domina na sala de aula o ensino de desenho geométrico, o laissez-faire, temas banais, as folhas para colorir, a variação de técnicas e o desenho de observação, os mesmos métodos, procedimentos e princípios ideológicos encontrados numa pesquisa feita em programas de ensino de artes de 1971 e 1973 (BARBOSA, 1975, p.86-7).
Durante o estágio realizado na escola E. E. Luiz Gonzaga Horta Lisboa, tivemos a oportunidade de analisar, o que era apenas teoria, em prática na sala de aula. O desejo de mudar esse cenário foi o que nos moveu para a criação deste trabalho. Com o apoio da professora, planejamos a aula para o primeiro ano do ensino fundamental I, trabalhando com a questão da apresentação da Arte Contemporânea aos alunos, abordando o bidimensional e o tridimensional na arte e seus elementos de composição. Esse primeiro contato com a Arte Contemporânea foi o que motivou a criação do nome "Arte à Primeira Vista'', pensando na criação de um trabalho que servisse de referência para o professor abordar o assunto em suas aulas, conforme a sua metodologia e poder observar que os resultados, do trabalho com o contemporâneo, são positivos, apenas é preciso propor o desafio.
4.2 Os resultados Nas regências, aplicamos aulas para duas turmas do primeiro ano. Propusemos abordar os planos bidimensional e tridimensional na arte, seguindo o conteúdo de aula da professora, que estava abordando questões sobre linha no desenho. Desenvolvemos o seguinte plano de aula:
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Arte à primeira vista
"Linhas no espaço'' Objetivo: A aula tem como objetivo trabalhar noções de tridimensionalidade e o elemento da linguagem visual “linha”, explorando suas possibilidades no espaço, através do brincar e do fazer/experimentar arte. Objetivos específicos: Perceber como ocorre a passagem do bidimensional (linhas no desenho) para o tridimensional (linhas no espaço e instalação); aprofundar a questão das linhas curvas e retas, assim como do movimento e da direção, dando continuidade ao que vinha sendo trabalhado com a professora da sala; montar um varal coletivo de linhas, explorando seus movimentos e as diferentes formas de criação. Justificativa Esta aula é interessante, pois, além de trabalhar conteúdos específicos referentes à linguagem visual, como a passagem do bidimensional (linhas no desenho) para o tridimensional (linhas no espaço, instalação) e as diversas possibilidades de criação a partir da linha; desenvolver um olhar mais sensível do aluno para as diferenças, para a própria criação, assim como, para o trabalho coletivo. Conteúdo programático: Conversa sobre o que é o bidimensional e o que é o tridimensional (passagem do desenho no espaço bidimensional para a instalação); apresentação das obras de artistas e leitura de imagem: Lygia Clark, Edith Derdyk e Tomie Ohtake; produção de um varal coletivo de linhas no espaço; avaliação do processo: observação do trabalho realizado e conversa final de fechamento. Metodologia A aula iniciar-se-á com uma conversa sobre o que é o bidimensional e o tridimensional, focando na passagem de um espaço para o outro, trazendo questões da linha no desenho, seguindo de uma conversa sobre as linhas curvas e retas e como elas estão presentes no espaço; em seguida, será apresentado aos alunos obras tridimensionais de três artistas: Edith Derdyk, Tomie Ohtake e Lygia Clark para observarem e realizarem a leitura de imagem, apontando questões da linha, tais como: movimentos/sensações que ela traz e suas diferenças; depois da leitura de imagem, os alunos produzirão um varal de linhas com papel, explorando as diferentes formas de criar com as linhas no espaço da sala; para finalizar, haverá uma observação do que foi produzido e uma conversa sobre o que eles perceberam/entenderam da atividade como forma de avaliar o processo vivido. Recursos, materiais e estruturas necessárias: Imagens impressas; textos de apoio; barbante; cola; fita adesiva; papel crepom colorido; tesoura.
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Arte à primeira vista
Desenvolvimento Conforme a aula foi acontecendo, percebemos bastante interesse dos alunos pela Arte Contemporânea e seu contexto. Por meio da leitura de imagem, as crianças analisaram as obras do plano bidimensional (desenho) e do tridimensional (escultura, instalação), compreendendo como é a passagem de um para o outro, como são formados e a questão da linha presente em ambos. As imagens utilizadas para explicar o plano bidimensional foram alguns desenhos de Pablo Picasso (Fig. 61) com a linha contínua e para o plano tridimensional, usamos algumas obras de Tomie Ohtake (Fig. 43) e Lygia Clark (Fig. 45) que trabalham com formas e linhas no espaço.
61. Desenhos de Pablo Picasso.
Após a leitura de imagem, os alunos criaram um varal coletivo de linhas no espaço, trabalhando de modos diferentes e criando uma variedade de composições visuais.
62. Alunos produzindo o varal de linhas coletivo.
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Arte Ă primeira vista
63. Aluno amarrando as linhas no varal.
64. Varal coletivo de linhas finalizado.
65. Varal coletivo de linhas finalizado.
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Arte Ă primeira vista
Em seguida, pedimos aos alunos que transformassem as linhas do varal para o plano bidimensional, atravĂŠs do desenho, de modo que pudessem representar o varal inteiro ou linhas criadas, individualmente.
66. Aluno transformando as linhas do varal tridimensional para o bidimensional, atravĂŠs do desenho.
67. Aluna desenhando as linhas separadamente.
68. Desenho de aluna.
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Arte Ă primeira vista
69. Criança representando o processo.
70. Linhas.
71. Estampa do papel das linhas representadas pelo aluno.
72. Varal representado por aluna.
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Arte Ă primeira vista
73. Cores, estampas e movimento representados no desenho.
74. Movimento das linhas.
75. Aluno representando figura de cobras e dragĂŁo que lembram o movimento da linha.
76. Releitura da obra de Tomie Ohtake feita por aluna.
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Arte à primeira vista
Os resultados foram bastante satisfatórios, pudemos observar, através dos desenhos, diversos olhares sobre um mesmo trabalho; bem como o lúdico presente durante a criação do varal e nas representações, através da liberdade para produzir e trazer elementos do próprio universo da criança, como no desenho da figura 75. O espaço para o aluno experimentar novos materiais e criar trabalhos nos quais possa se expressar, individual e coletivamente, é importante, pois é através desse processo que o aluno se desenvolve e aprende de forma verdadeira. A Arte Contemporânea deve ser valorizada no ensino atual de Arte. É preciso permitir esse contato mais próximo do aluno com as obras da sua atualidade, para que eles ampliem suas percepções do olhar, além de desenvolver o pensamento crítico, desenvolver, também, a percepção de singularidade perante ao mundo, do seu próprio eu, da sociedade e as diferentes culturas.
4.3 Onde encontrar mais informações 4.3.1. Capítulo 1:
4.3.2. Capítulo 2:
· A importância do ensino de arte nas escolas – Ana Mae Barbosa https://goo.gl/G2pBW7
Desenho
· O uso da abordagem triangular nas salas de aula – Ana Mae Barbosa https://goo.gl/nlJVq7 · O que é Arte Contemporânea - Bienal de Arte de São Paulo 2014 https://goo.gl/cAadUQ
· Regina Silveira – site https://goo.gl/KoFP4Q · Regina Silveira – Entrevista (Espanhol) https://goo.gl/WW05BW · O desenho não tem fim – Sandra Cinto https://goo.gl/tEgisG · Alê Abreu – site https://goo.gl/G9Hahf
· Arte Contemporânea - Itaú Cultural https://goo.gl/ZVOEUn
· A voz da animação - Entrevista com Alê Abreu https://goo.gl/KnIMxb
· O lúdico na arte - Itaú Cultural https://goo.gl/fd64MR
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Arte à primeira vista
Pintura
4.3.3. Capítulo 3:
· Gabriela Machado – site https://goo.gl/Jtvpzi
Escultura · Lygia Clark – site https://goo.gl/0E5XYU
· Sobre o trabalho de Gabriela Machado https://goo.gl/dhfmab · ''Arquitetura da Cor'' - Beatriz Milhazes https://goo.gl/LGxymL · Chico da Silva – MAC USP https://goo.gl/iFq7Nz Gravura · Tomie Ohtake - Documentário TV Cultura https://goo.gl/QzHQ0Y · Instituto Tomie Ohtake https://goo.gl/N2iH4q · Gravatas e Bananas – Paulo Cheida Sans https://goo.gl/rXaAjX · J Borges - Documentário https://goo.gl/00vmJN
· Felipe Scovino – A Arte Participativa de Lygia Clark: uma retrospectiva (2012) Itaú Cultural https://goo.gl/4iRIi0 · Visita ao ateliê do artista plástico Barrão https://goo.gl/7tckhz · Mozart Guerra – site https://goo.gl/jaNQA8 Instalação/Intervenção · Nele Azevedo – site https://goo.gl/a7mAZT · "Monumento mínimo'' - Nele Azevedo https://goo.gl/r7MlFB · Hélio Oiticica – Vida e trabalhos https://goo.gl/rlmlTu · Hélio Oiticica – site https://goo.gl/XZoX2T · Museu Vivo: Ernesto Neto https://goo.gl/w5uVLa
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Considerações Finais Com este trabalho, buscamos provocar a curiosidade natural, jamais devendo ser um material de pesquisa que impõe o que é certo ou errado, mas busca servir como guia a novos caminhos de aprendizagem e formação aluno-professor. Acreditamos na Arte Contemporânea como meio de mudança para o ensino limitado de Arte que, ainda hoje, é aplicado, trazendo uma maior aproximação do aluno com questões reflexivas importantes para a sua formação. Com o estágio, pudemos concluir que é possível abordar Arte Contemporânea para o Ensino Fundamental I e trabalhar com poéticas de artistas, de modo a relacionar com o próprio olhar do aluno, levando, sempre, em consideração o seu modo de produzir e pensar sobre o que lhe é apresentado. É indispensável lembrar de que a liberdade de produção e um ensino que priorize a reflexão são elementos essenciais para uma boa educação em arte. Esperamos que, com esse trabalho, outros professores se desafiem a experimentar o que ainda não conhecem e saibam que há outros caminhos a serem trilhados, apenas é preciso permitir-se.
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Bibliografia BARBOSA, Ana Amália Tavares Bastos. Além do Corpo – uma experiência em Arte/Educação. Ed. 1, 2015. Editora Cortez. BARBOSA, Ana Mae. Teoria e prática da educação artística. 1975. São Paulo, Editora Cultrix. ________. ArteEducação no Brasil: realidade hoje e expectativas futuras. Ed,. 7, 1989. São Paulo. ________. Inquietações e Mudanças no Ensino da Arte. Ed. 2, 2002. Editora Cortez. ________. Som, Gesto, Forma e Cor – Dimensões da arte e seu ensino. Ed. 4, 2003. Editora C/Arte. _______. Arte/Educação Contemporânea – Consonâncias Internacionais.
77
Ed. 2, 2006. Editora Cortez. ________. A Imagem no Ensino da Arte – Anos oitenta e novos tempos. Ed. 8, 2010. Editora Perspectiva. ________. ArteEducação: leitura no subsolo. Ed. 9, 2013. Editora Cortez. ________. CUNHA, Fernanda Pereira da. Abordagem Triangular no Ensino das Artes e Culturas Visuais. Ed. 1, 2010. Editora Cortez. COX, Maureen. Desenho da Criança. Ed. 4, 2012. Editora Martins Fontes – WMF DERDYK, Edith. Formas de Pensar o Desenho Desenvolviment o do Grafismo Infantil. Ed. 4, 2010. Editora
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PIMENTEL, Lucia Gouvêa. Mediações Tecnológicas para o Ensino de Arte. 2007. MOREIRA, Ana Angélica Albano. O Espaço do Desenho – A Educação do Educador. Ed. 9, 2002. Editora Loyola. SANS, Paulo de Tarso Cheida. Fundamentos para o Ensino das Artes Plásticas. Ed. 1, 2005. Editora Alinea. SANS, Paulo de Tarso Cheida. Pedagogia do Desenho Infantil. Ed. 1, 2009. Editora Alinea. SESC São Paulo. Olhares Plásticos. Luzili Editora, 2005. SILVEIRA, Coleção E SESC SP: Olhares Plásticos, 2004, p. 85)
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