Zine 13

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Já aconteceu de você estar em uma roda de amigos, discutindo sobre acontecimentos cotidianos e de repente, quando alguém fala alguma coisa, outra pessoa dá três batidas na mesa de madeira? Ou de encontrar um vasinho com um pimenteiro dentro na entrada de algum estabelecimento? E se perguntou o porquê da repulsa por gatos pretos que algumas pessoas têm, mesmo que eles sejam tão adoráveis quanto os outros da sua espécie? Todas essas coisas são superstições e é comum no nosso dia a dia ver as pessoas sendo influenciadas por essas crenças. Mas por quê? Nós seguimos superstições sem nem ao menos questionar o porquê delas ou saber as suas origens; nós simplesmente acreditamos. O zine 13 tem a missão de explicar algumas das crendices recorrentes no cotidiano do brasileiro para curiosos, crentes ou céticos, afinal, nossa intenção é informar e não questionar a sua veracidade. Então preparem as suas ferraduras, encontrem os seus trevos de quatro folhas, coloquem seus colares de pimenta e venham conhecer o que está por trás de todo misticismo em torno desses elementos!


Ex-votos são pinturas e estatuetas oferecidas a uma divindade para pedir por uma graça ou gratificar um pedido atendido. É uma prática presente em diversas culturas e épocas, e foi disseminada nas Américas com a colonização e as missões católicas romanas. Os ex-votos mais conhecidos são réplicas de partes do corpo (geralmente de cera ou madeira) que estãos adoecidas e são oferecidas a um deus pedindo sua cura. Apesar de ser uma prática comum da religião católica, não é bem reconhecida pela mesma. No final do século XIX, líderes da igreja queimaram e se desfizeram de ex-votos, por considerarem uma prática supersticiosa.


su.pers.ti.ção sf (lat superstitione) 1. Crença que não é baseada na razão humana ou conhecimento científico, 2. conjunto de crenças paranormais utilizadas ou para trazer sorte ou para evitar o azar.


Uma das origens percursoras da superstição dos “sete anos de azar ao quebrar o espelho”, foi inicialmente em um mito na antiga Grécia, onde Narciso se apaixonou por sua imagem refletida no lago, e morreu por inanição ao passar o resto da vida tentando acariciá-la. Outro percursor importante da história da Grécia antiga, era de usar a imagem refletida da pessoa (utilizando copos mais rasos e tigelas com água) para

consultar sua sorte. Se durante essa consultas o recipiente usado para refletir a imagem fosse quebrado, significaria que a morte estava próxima ou que os dias seguintes seriam catastróficos. Usando esse mesmo costume de adivinhação, os romanos, acreditavam que a má sorte se estenderia por sete anos, que para eles, era o tempo que se levava para iniciar um novo ciclo de vida para o ser humano.




Passar embaixo da escada representa o renuncio à progressão, já que a escada representa a subida, o acesso social, a elevação. Na Idade Média, para atacar um castelo cercado de muros, alguém precisava segurar a escada para que os invasores pudessem subir. Enquanto isso, quem estava lá em cima tentava se defender, jogando óleo quente sobre os inimigos.


A superstição teve origem na Idade média. Os gatos, por terem hábitos noturnos, eram associados com o demônio. Entretanto, os gatos de cor preta que levavam a pior. Da mesma forma como uma vassoura voadora era associada a uma bruxa, o gato preto tinha a mesma relação. Na época da Inquisição, o papa Inocêncio VIII (1432-1492), colocou os gatos pretos na listas de perseguidos pela Inquisição. Em alguma religiões pagãs, como a Egípcia, o gato possuía uma imagem divina e de boa sorte. Na Pérsia Antiga,

maltratar um gato preto era o mesmo que maltratar um espírito amigo Mas como a Europa passava por uma época de combate ao paganismo, os gatos realmente ficaram com a fama de bruxas disfarçadas, criatura do demônio. A imagem de coisa ruim continuou com o gato preto através da história. Na era da revolução industrial, o gato preto tinha a imagem de Anarquismo e Sabotagem. Era comum fazer um gato preto passar na frente do patrão, para que este tenha má sorte e sofra uma sabotagem em sua produção.


O amuleto deve ser carregado no bolso direito

ou esquerdo?

Alguns insistem que deve ser o pé direito carregado no bolso esquerdo ou o pé esquerdo no bolso direito.

Independendo de onde for carregado, o pé de coelho carrega uma das superstições de sorte mais antigas, e ainda assim ninguém sabe ao certo o que o tornou sinônimo de boa sorte. A superstição é tão antiga que suas origens se perdem no tempo. Embora não saibamos exatamente porque o pé peludo dá sorte, ele continua sendo um dos de amuletos mais comuns em todo o mundo. A origem mais provável é a associação da criatura com o feriado da Páscoa, que para os cristãos celebra a ressurreição de Jesus.

A tradição cristã se apossou dos símbolos de um coelho e dos ovos coloridos a partir de uma antiga tradição religiosa no norte da Europa, que retratou o coelho como a deusa da fertilidade Eastre (Páscoa). Como o cristianismo se espalhou pela Europa, a adaptação e incorporação dos ritos e símbolos de Eastre na celebração da ressurreição de Jesus pode ter sido transferido para o coelho, atribuindo- lhe boa fortuna.


A pimenta é um símbolo de energia, proteção, sorte e sexo. A pimenta é um tempero amado e odiado pelo homem devido à sua ardência. Por isso, as pessoas creem que a pimenta afasta o mal, deixando a pessoa invejosa com um gosto ruim na boca, ardor nas entranhas e ardência nos olhos. Esta ardência nos olhos também atingiria o terceiro olho, que é o olho responsável pelo mau-olhado que coroe, e assim a pessoa que carrega a pimenta ficaria livre. A cor viva da pimenta chama à atenção dos olhos e assim absorve a energia negativa. Quando uma pimenta secar é preciso arranca-la da planta. Esta pimenta absorveu toda a energia negativa para ela e murchou. Por seu grande poder, a pimenta também é usada na bruxaria, oferendas e rituais.

A borboleta é um animal dotado de significado desde o Egito Antigo. Já representou o espírito, a alma, o amor, presságios bons ou ruins, visita de um pessoa que gosta, já foi a morte e até mesmo bruxa. Hoje em dia, acredita-se que a cor da borboleta indica se ela lhe traz notícias boas ou ruins. Quando azul, boas notícias virão, agora se marrons, uma má notícia ou até mesmo uma perda com grande aborrecimento.


A simbologia em torno do trevo de quatro folhas foi popularizada pelos druidas, que exerciam o papel de intelectuais e conselheiros na civilização celta (povo que habitava parte da Europa há cerca de 3000 anos); para eles, a planta era um símbolo de boa fortuna. Acreditava-se que aqueles que a possuíssem passariam a ter a sorte dos deuses, os poderes da floresta e prosperidade. Para que se tenha sorte, deve-se ganhar um trevo e depois disso presentear mais três pessoas. Cada uma de suas folhas apresenta um significado: fé, esperança, amor e sorte.

Esse objeto já era considerado um amuleto da sorte para os gregos, pois, além de ser de ferro (elemento que eles acreditavam ser protetor de todo o mal), seu formato lembrava uma lua crescente, simbolizando a fertilidade e prosperidade. Para os cristãos europeus, a “sorte” na ferradura se dava por uma lenda de São Dunstan de Caterbury, um monge e arcebispo inglês, que teria colocado ferraduras no próprio demônio e só depois de o fazer prometer nunca mais chegar perto do objeto, ele o retirou. Em alguns lugares, acredita-se que colocar ferradura no alto da porta com as pontas viradas para cima faz com que a sorte não vá embora, e em outros, acredita-se que deve colocar a ferradura com as pontas viradas para baixo para espalhar a sorte por toda a casa.


O azar ao número 13, surge de uma lenda Nórdica, onde algumas tribos se convertem ao cristianismo e transformam Friga (nome que originou o friadagr e friday, “sexta-feira” em escandinavo e inglês) a Deusa do amor e da beleza, em uma bruxa, onde é exilada no alto da montanha. Para poder se vingar, Friga começa a se juntar todas as sextas feiras com mais 11 bruxas e o próprio Satanás (dando o total de 13 participantes) para rogar praga


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