Parana Rural - 03

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Assis Gurgacz

O homem que acredita em ideias Ano 1 | Edição 3 | Novembro e Dezembro de 2012 R$ 9,90

EXPOVEL

Novidades e tecnologias para o agronegócio.

ECONOMIA MAPA espera recorde de empréstimos para produção sustentável.

E.U.A.

Estoques globais de milho diminuem com menor safra dos EUA.

PISCICULTURA

Descubra o peixe certo para o seu tanque.

ASSIS GURGACZ INVESTE EM PESQUISAS E NOVAS TECNOLOGIAS QUE PODEM MUDAR A REALIDADE DO CAMPO


Se você

precisa , a gente financia. A Fomento Paraná tem as menores taxas para o seu negócio e o Paraná crescerem. Acesse o site e faça uma simulação.


w w w. f o m e n t o . p r. g o v. b r


Editorial •

Informação é essencial em qualquer profi ssão Quando o assunto é investimento, os consumidores se pautam pela qualidade dos produtos ou serviços oferecidos. Sendo assim, a revista Paraná Rural, traz a combinação perfeita de informação juntamente com possibilidades de ótimos negócios para o agricultor e o pecuarista que visam o melhoramento na sua área de atuação. Visitamos os melhores eventos da região e registramos as dicas dos técnicos e profissionais com reconhecida competência. Assis Gurgaz o empresário dos transportes, da educação e comunicação conta como colocou suas ideias em prática. O médico oncologista Reno Paulo Kunz estimado, modesto, caridoso, acreditou em mudanças eficazes na medicina. Integrando lazer e negócios a 33º Expovel é um ponto de encontro de empresários rurais, indústria e comércio. É sempre um desafio reconhecer os lançamentos de mercado que vão de fato fazer a diferença na produtividade. Nossos entrevistados apresentam modelos de tecnologias que proporcionam satisfação ao produtor, à população e ao meio ambiente. Mostramos a produtividade e os resultados. A Paraná Rural leva até o leitor o que há de mais recente nas pesquisas em genética animal e vegetal aplicadas na região. Como a Fazenda Figueira que faz de tudo para que seu gado esteja bem tratado e nutrido, nós da Paraná Rural desejamos muito sal no cocho a todos! Boa leitura! Geraldo Ribeiro Neto . REVISTA PARANÁ RURAL CNPJ: 15.454.495/0001-04 Endereço: R. Carlos de Carvalho, 4078 - 1º andar Centro, Cascavel - PR, CEP 85810-080

DIREÇÃO

» Geraldo L. Ribeiro Neto (Ravena) » Mauro Silva

DIREÇÃO TÉCNICA

» Wilson Maejima CREA 10110 7ª Reg. PR (Consultoria e Acessoria Agronômica)

DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA

» Sérgio Fernando Salvador Sanderson

DIREÇÃO DE ARTE E PROJETO GRÁFICO

» Rafael Rizzato Ribeiro Acesse: rafaelrizzato.com

Tiragem desta edição: 30.000 exemplares

Capa Assis Gurgacz é um homem que acredita em ideias. Essa é a melhor definição que pode ser dada ao empresário, que chegou ao Oeste do Paraná em 1959 e construiu uma história invejável, de pioneirismo e empreendedorismo. Assis Gurgacz acredita em ideias porque ele mesmo é um idealizador. Fundou uma das maiores empresas de transporte rodoviário do país, abriu estradas e ajudou a colonizar um Estado inteiro – Rondônia. Hoje, investe na Educação e em pesquisas na agricultura, porque sabe que esse é o caminho para o desenvolvimento. Este é Assis Gurgacz.

Expediente

COLABORADORES » Carlos Mota/ MAPA » Dr. Gláucio Bressanim ‒ CRM/ PR 20725 » Agência Estadual de Notícias » Agricoma » APPA » Reuters » Valor Econômico » Carine Ferreira » Licinia de Campos

DEPARTAMENTO COMERCIAL

» Luiz Sonda » Lurdes Tirelli » Miguel da Rocha Cavalcanti » Paulo Edison » Professor Borba » Ramon Costa Alvarenga » Miguel Marques Gontijo » Soraia David M. R. da Silva » Wilson Maejima

» Mauro Silva Telefones: (45) 3039-0505 | 9909-9998 maurosilva@revistaparanarural.com.br

ASSESSORIA JURÍDICA

» Dr. Guilherme J. C. da Silva » Dr. Alexandre Ramos

ASSESSORIA CONTÁBIL

» Bonfim Contabilidade


Conteúdo 1º Caderno

7 | Assis Gurgacz

O homem que acredita em ideias

14 | Técnica In Vitro de produção de embriões 16 | Central separa resíduos que

retornam à Cooperativa

20 | Os Olhos e a Terceira Idade 22 | Sem investimentos Brasil poderá

desperdiçar oportunidade

24 | Mapa espera recorde de

empréstimos para produção sustentável

Expovel

32 | Expovel: Grandes atrações, novidades tecnológicas e alta produtividade Agricultura

46 | Eficiência em pesquisa na

agricultura

48 | Integração Lavoura-Pecuária-

Floresta

54 | A agricultura desde a antiguidade Pecuária

58 | Embrapa lança 1º Sumário de

Avaliação Genômica de touros

60 | 4º Leilão da Produção Rio da Paz

e Ponche Verde

62 | Papel do consumo da carne na

cognição humana

66 | Encontro reúne pecuaristas no

Show Rural Coopavel

68 | Por que devemos apostar em

carne de qualidade?

72 | Reunião discute rumos da pecuária paranaense

34 | Engenheiro agrônomo: o passado

e presente da “Profissão do Futuro”

Equinos

76 | Perfeita integração Homem-

36 | Estoques globais de milho

Cavalo

diminuem com menor safra dos EUA

Piscicultura

38 | Exportações de granéis crescem

82 | Descubra o peixe mais adequado

12% em Paranaguá

40 | Aumenta o uso de fertilizantes

em pastagens no país

42 | Novidades e tecnologias para o

ao seu tanque

Ecologia

84 | Desenvolver preservando para…

preservar o desenvolver

agronegócio

» Sugestões de Pauta: redacao@revistaparanarural.com.br


1º Caderno

Assis Gurgacz investe em pesquisas e novas tecnologias que podem mudar a realidade do campo •

Por Luiz Sonda Quem tem a oportunidade de conhecer pessoalmente o empresário Assis Gurgacz sai do encontro compartilhando das mesmas impressões sobre um homem simples, humilde, forte e, acima de tudo, um visionário. É essa a imagem que ele passa. É isso o que as pessoas veem nele. Aos 71 anos, seo * Assis, como costuma ser chamado, cada vez mais impressiona pela disposição que demonstra para os negócios e para a vida. É capaz de identificar com uma rapidez impressionante projetos que para muitos seriam inviáveis, mas para ele são o embrião de empreendimentos que trarão resultados positivos para o seu grupo e para a sociedade. Sim, para a sociedade. Seo Assis implantou uma característica em seus negócios: além de rentáveis, economicamente bem sucedidos, eles

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Foto Sergio Sanderson / Image Concept Rafael Rizzato

Assis Gurgacz O homem que acredita em ideias * Seo Assis: assim costuma ser chamado o “homem idealista” que tem na família (seus parentes e funcionários) a base de uma sólida história de empreendedorismo e sucesso

sempre contribuem com o desenvolvimento da região onde estão instalados. Foi assim no Oeste do Paraná, na década de 60, quando construiu estradas que ligaram municípios então isolados. Foi assim no Norte do país, quando ajudou os agricultores daqui a construírem Rondônia. Agora voltou a ser assim, novamente no Oeste do Paraná, com os investimentos na área da educação. A FAG ‒ Faculdade Assis Gurgacz ‒ é hoje um centro de pesquisa e difusão, uma usina que produz conhecimento, principalmente no setor do agronegócio.

“Estamos com projetos em andamento que no futuro vão representar o desenvolvimento de todo o setor produtivo da nossa região”, orgulha-se Assis Gurgacz. Energia renovável Essa afirmação não é exagerada. Dentro do campus da FAG está uma área de 150 hectares conhecida como Fazenda Escola. Nela professores e alunos do curso de Agronomia desenvolvem aulas práticas, com demonstrações sobre plantio e colheitas e também com o

uso de insumos, equipamentos e maquinários agrícolas, tudo em parceria com as grandes empresas do setor. E é na Fazenda Escola que o futuro está sendo planejado, mais precisamente no Cedetec ‒ Centro de Desenvolvimento e Tecnologia. Coordenado pelos agrônomos Helmuth Bleil Jr. e Cornélio Primieri, no centro é onde nascem as ideias. “Desde o início a FAG tem se identificado com pesquisas voltadas para novas tecnologias no setor de energias renováveis”, explica Helmuth. O agrônomo cita a AGBIO Eletric, criada no Cedetec e que

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Cultura do Crambe: “Essa planta tem um potencial muito grande para a produção de óleo”

produz óleo vegetal isolante, usado em transformadores de energia. “A FAG foi pioneira no desenvolvimento desse produto e, inclusive, detém a exclusividade na fabricação de óleos isolantes vegetais a partir de determinadas oleaginosas”, explica Cornélio Primieri. A Copel ‒ Companhia Paranaense de Energia Elétrica ‒ já utiliza o transformador com óleo produzido na FAG, que é biodegradável e não apresenta riscos de explosão ou contaminação do meio ambiente. As pesquisas com o óleo vegetal foram pioneiras e geraram outros projetos, como o Laboratório de Biodiesel, o primeiro do interior do Paraná, em parceria com a SET ‒ Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia. Em fase final de construção, o laboratório fará 23 tipos de análise do biodiesel, parâmetros fundamentais para o controle da qualidade do óleo, uma exigência da ANP ‒ Agência Nacional do Petróleo. “Esses projetos tem como

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característica envolver toda a cadeia produtiva, pois a pesquisa se estende também ao campo, o que pode representar opções de negócios para os agricultores”, acrescenta Cornélio Primiere, pesquisador do Cedetec. Crambe uma nova cultura Um dos experimentos realizados pela equipe do seo Assis tem despertado a atenção. É o plantio do crambe, uma cultura que é novidade em nossa região. “Essa planta tem um potencial muito grande para a produção de óleo”, explica Primiere. O crambe é mais comum no Centro-Oeste, onde é utilizado como adubação verde ou cobertura de solo. Aqui as pesquisas com a planta começaram há quatro anos, numa parceria entre a FAG e o Iapar ‒ Instituto Agronômico do Paraná. “Fizemos um ensaio com 19 espécies para encontrar aquela que melhor

se adaptava ao nosso solo e clima e que tivesse o maior potencial para a extração do óleo. A escolhida foi o crambe”, lembra o pesquisador. O plantio é feito na Fazenda Escola e os estudos acompanham desde o espaçamento, controle de doenças e pragas até a colheita. Em setembro deste ano, em 40 hectares, foram colhidas 74 toneladas de crambe, com produção de 1.850 kg/ha. “É possível extrair cerca de 25% de óleo”, diz Helmuth Bleil. O coordenador do Cedetec acrescenta que a grande vantagem do crambe é que ele não compete com a cadeia alimentar, ao contrário da soja e outros vegetais de onde também se pode extrair o óleo. “Além disso tem um custo de produção baixo e é uma cultura de inverno, uma opção para o agricultor”. Hoje o Cedetec da FAG mantém uma parceria com a Copel, através de um projeto de Pesquisa e Desenvolvimento (PeD) para os experimentos


Foto Sergio Sanderson

Em 40 hectares, foram colhidas 74 toneladas de crambe, com produção de 1.850 kg/ha. “É possível extrair cerca de 25% de óleo”

com o crambe. É um exemplo de como a agronomia pode ser o ponto de partida para projetos de energia. “Sempre buscamos essas parcerias com as grandes empresas do setor porque acreditamos que esse é o caminho, que só juntando os nossos conhecimentos com as necessidades dessas companhias é que chegaremos a resultados satisfatórios”, explica seo Assis. Torta do crambe, uma alternativa para a ração animal Além da extração do óleo, os pesquisadores da FAG descobriram que é possível obter um sub-produto de extrema importância: a torta do crambe. “A torta pode substituir o farelo de soja na alimentação dos animais, o que

representaria uma diminuição de custos muito significativa para os produtores da região”, comemora Helmuth Bleil. No projeto de implantação do Laboratório de Biodiesel já está prevista a área onde será instalada a prensa para a obtenção da torta do crambe, que chega a ter 34% de proteína e pode ser utilizada na alimentação do gado e de ovinos, por exemplo. Falta pouco para que os pesquisadores definam as características do produto. “Estamos fazendo a pesquisa com cinco tratamentos diferentes da torta, utilizando ovinos como cobaias. Os animais estão no Hospital Veterinário da FAG, isolados, sendo alimentados com o crambe e sendo acompanhados por uma equipe de pesquisa”, relata Bleil.

Opção de negócios para os agricultores Seo Assis, o homem que acredita em ideias, está otimista com o trabalho feito no Centro de Desenvolvimento e Tecnologia da FAG. Ele acha que toda essa pesquisa pode trazer resultados que vão melhorar a produtividade e a rentabilidade da agricultura regional. A produção de óleo vegetal e ração animal pode ser o estímulo para que os agricultores façam a opção pelo crambe, aumentando as oportunidades de negócios. “Veja você o que isso pode significar como alternativa para esses milhares de agricultores não só daqui da nossa região, mas de todo o Paraná e do Brasil. É isso o que nós buscamos, queremos produzir mais e

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melhor, queremos ver a nossa agricultura ser cada vez mais competitiva. Esse trabalho todo que estamos fazendo aqui pode mudar a realidade do homem do campo”, avalia Assis Gurgacz. O que for bom para a agricultura, eu faço! A carreira política de Assis Gurgacz começou em 1968, quando foi o vereador mais votado de Cascavel. Nos anos 70, foi convidado pelo amigo Jacy Scanagatta para ser candidato a vice, na disputa pela prefeitura. Dona Nair Gurgacz lembra que não gostou nada da ideia. “Mas já que ele decidiu ser, eu arregacei as mangas e fui fazer campanha pra ele”, diz com humor dona Nair. Seo Assis conta que também não queria seguir na política, mas aceitou o pedido do amigo Jacy Scanagatta. “Eu disse Jacy, eu infelizmente não tenho o dom político e não é esse o meu objetivo, eu preciso cuidar da minha empresa. Mas ele insistiu e acabamos vencendo as eleições”. Seo Assis foi nomeado Secretário

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de Obras de Cascavel. “O Jacy disse que precisava de mim para trabalhar no campo, para comandar o campo. Então ficamos seis anos abrindo estradas no interior”. No Senado Federal Mas, se a intenção era ficar longe da política, o destino não contribuiu. O filho Acir Gurgacz construiu uma sólida carreira no Partido Democrático Trabalhista (PDT), em Rondônia, onde foi prefeito de Ji-Paraná, candidato ao Governo do Estado e ao Senado, onde assumiu o cargo, tendo o pai como suplente. E assim o empresário Assis Gurgacz se tornou Senador da República, ocupando a vaga deixada pelo filho, que se licenciou por quatro meses. Seo Assis assumiu o cargo no dia 3 de julho deste ano. No Senado, continuou o trabalho do filho em temas de relevância na vida nacional. Acir Gurgacz é presidente da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária e representa os agricultores em Brasília, sempre atento às demandas do setor, como por exemplo

na elaboração do novo Código Florestal. Atendendo a uma das principais reivindicações dos agricultores de todo o Brasil, manifestadas em diversas audiências públicas promovidas pela Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado Federal, o Senador Assis Gurgacz apresentou Projeto de Lei para facilitar e ampliar o acesso dos produtores rurais aos serviços de assistência técnica e de extensão rural. “O agronegócio é que mantém o Brasil. Nosso país tem vocação para produzir alimentos. Por isso, o que for bom para a agricultura, eu faço”, diz com convicção o seo Assis. Entrevista » “Nós temos algumas ideias revolucionárias” Sonda: Seo Assis, conta pra gente, então... O senhor chegou aqui no começo de 60? Assis: Nós morávamos em Cruz Machado e éramos em 10 irmãos com 12 alqueires de terra. Eu comentei com meu pai, eu estava com 16 pra 17 anos, que, quando nós crescêssemos, o que seria de nós com aquele pedacinho de terra, se dava apenas um alqueire pra cada um. Eu falei do Oeste do Paraná. Aí o pai disse: “Então você vai pra lá e vê se lá é importante”. Vim e me engracei com Cascavel, achei que aqui como entroncamento seria um futuro mais promissor. Retornei a Cruz Machado e meu pai nem teve a curiosidade de conhecer Cascavel, vendeu a terrinha e


Foto Sergio Sanderson

“A FAG pra ter esse conceito de primeiro mundo, nós temos que exigir bastante do acadêmico e, pra exigir do acadêmico, nós temos que ter bons profissionais.”

nós viemos. Isso foi em 1959. Sonda: E como foi a chegada aqui? Assis: A chegada levou três dias porque era pura terra e atoleiro. Meu pai gostou e pôs uma bodeguinha. Com 18 anos eu já era motorista de caminhão, transportava cereais, porco. Em 1961 casei com a Nair e, dali pra frente, a vida mudou, a responsabilidade era maior. Em 64 eu alcancei meu grande objetivo que era ter um ônibus. Sonda: O senhor tinha esse sonho? Assis: Desde criança! Então foi uma das maiores alegrias da minha vida. Sonda: E começou outra luta, que era poder tornar viável aquele sonho de ter uma linha de transporte de passageiros? Assis: É, na verdade,

Cascavel a Santa Tereza, eu imaginava que aquilo era muito pouco pra mim. Mas, pra crescer, eu tinha que abrir novas fronteiras, mas não tinha estrada. Então construímos a estrada para Capitão, depois Boa Vista da Aparecida. Era uma época muito difícil. Os moradores ajudavam. Mas valeu a pena! Valeu a pena! E eu acho que foi uma coisa que, lógico, eu tinha interesse por causa da linha de ônibus, mas eu abri uma frente pra milhares de pessoas. Sonda: Como surgiu a ideia de abrir um novo caminho lá pro Norte do país? Assis: Na região Oeste do Paraná havia acabado a época do pinho e da madeira, aí o pessoal começou a mecanizar e os valores da terra subiram muito. Muita gente começou a ir pro Paraguai. Aí eu pensei:

“Poxa la vida, ir pro Paraguai, nós com tanta terra devoluta no Brasil. Será que o Norte do país, Rondônia, não pode ser um novo horizonte?” Fomos a Porto Velho, conversamos com o Governador do Território, ele gostou da ideia. Então em 1972 nós levamos a primeira leva de colonos pra Rondônia. Sonda: Quer dizer, aquilo foi uma alternativa econômica pras famílias aqui da região? Assis: Sem dúvida! A única opção na época era o Paraguai! Eu comecei fazer a cada 60 dias uma viagem, depois a cada 30, depois uma vez por semana e aí eu fazia diária. Sonda: De onde surgiu essa ideia de ampliar os negócios e investir na educação? Assis: Bom, a educação, veja você, nós, na época, foi em 1999, tínhamos aqui sete faculdades. E eu pensei:

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“Puxa, eu que moro em Cascavel, tenho amor por isso aqui, o ensino de terceiro grau precisa de mais investimento. Eu vou entrar nessa área justamente pra ver se nós melhoramos a educação de Cascavel”. Mas não imaginava que a população brasileira, apenas 7%, na época, tinha o curso de terceiro grau. Aí eu fui pesquisar: a Argentina com 25, o Chile com 29. Falei: “Esse é um campo que nós temos que entrar e justamente entrar pra fazer uma coisa séria e que faça com que as outras também melhorem”. No primeiro vestibular, para surpresa nossa, completamos dois cursos, eram 50 vagas cada um, e sobrou ainda acadêmico. Aí fizemos esse projeto que está aí hoje. A FAG hoje, pra mim, é a minha menina dos olhos. Sonda: Como é que o senhor vê a FAG formando essa nova geração que vai atuar na região Oeste? Assis: A FAG pra ter esse conceito de primeiro mundo, nós temos que exigir bastante do acadêmico e, pra exigir do acadêmico, nós temos que ter bons profissionais. Então, a FAG,

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hoje, é uma referência, não só na região aqui de Cascavel, no Oeste do Paraná, é uma referência no Brasil. Sonda: Seo Assis, explica pra gente como é essa relação do senhor com o Oeste do Paraná. Assis: Eu já procurei o Oeste do Paraná porque tinha certeza de que seria assim. Hoje, o agronegócio do Brasil é aqui. Sonda: E a família, seo Assis? Assis: Hoje, o maior capital que eu tenho é a minha família. Se todo mundo tivesse uma família como a minha, não teria problema no mundo. E, indiretamente, quando eu falo na minha família, eu falo da minha esposa, meus filhos, genro e noras, meus netos e bisnetos. Mas também dos 11 mil colaboradores que trabalham comigo, que também eu considero minha família. Sonda: E para o futuro? Assis: Eu sempre falo: “O futuro a Deus pertence”. Nós temos algumas ideias revolucionárias, mas só vamos comentar assim que acontecer.



Paraná Rural Expovel

Técnica In Vitro de produção de embriões A técnica de Fertilização in vitro (FIV), consiste basicamente em realizar a fecundação, ou seja, a união do gameta masculino (espermatozóide) e o gameta feminino (óvulo ou ovócito), em um ambiente de laboratório, totalmente controlado e com o objetivo de produzir embriões em larga escala e mais baratos. Trata-se da reprodução, em escala industrial, de animais de alta linhagem genética. Pela técnica, uma vaca pode ter seus óvulos fecundados semanalmente. No ciclo normal, uma vaca ovula a cada 21 dias, ou seja, está pronta para ser fertilizada. A FIV, acelera o ciclo reprodutivo animal, fazendo a maturação do óvulo ou oócito “in vitro”. Com a fertilização “in vitro”, um produtor poderá formar um plantel de 500 animais em gestação, em 60 dias, a partir de 30 vacas de alta linhagem, geradoras de óvulos de elevada capacidade genética. As vantagens da fertilização “in vitro” é que pode ser feita em bezerras, a partir de cinco meses, até a idade senil; ou logo após a morte do animal, retirando-se o ovário da vaca, ou ainda com esta prenhe. Vacas com problemas

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reprodutivos adquiridos podem se sujeitar ao programa e apenas uma amostra de sêmen tem capacidade de fecundar até 10 animais, economizando-se na aplicação do material genético. A ciência mais uma vez consegue copiar a natureza, fornecendo artificialmente condições semelhantes ao meio uterino materno para a formação de um ser vivo. Aspiração folicular É a coleta dos óvulos diretamente dos ovários da fêmea, com a utilização de uma sonda guiada por ultrasom. Os óvulos imaturos são levados ao laboratório para produção de embriões. Produção In Vitro A Produção In Vitro tem inicio com a aspiração folicular (OPU) para a retirada de oócitos imaturos, após seguem se as etapas: » Maturação In Vitro (MIV): Maturação dos oócitos imaturos em estufa de cultivo por um período de 22 a 24 horas. » Fertilização In Vitro (FIV): Fertilização dos oócitos maturados com

espermatozóides viáveis e previamente processados advindos de sêmen congelado de diferentes touros, este processo é realizado por um período de 12 à 18 horas em estufa de cultivo. » Cultivo In Vitro (CIV): Cultivo dos possíveis zigotos em estufa de cultivo com meios especiais onde ocorrerá o desenvolvimento embrionário completo em um período de 7dias. Transferência de embriões As receptoras (barriga de aluguel), passam por protocolo de sincronização hormonal, com inicio 17 dias antes da Transferência Embrionária (inovulação), Onde se busca um ambiente uterino compatível com a idade do embrião produzido in vitro, para que ocorra a implantação. No dia da transferência embrionária, 8 dias após a aspiração folicular, são utilizadas as receptoras que responderam ao protocolo de sincronização, e que estiverem aptas a receber o embrião da doadora. Espera-se a taxa de prenhez de 40-50% para o sistema. A EVOLUÇÃO DO AGRONEGÓCIO


Paranรก Rural Caderno

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Paraná Rural 1º Caderno

Central separa resíduos que retornam à Cooperativa •

Por Paulo Edison A Coopavel recolhe em média 50to de resíduos recicláveis ao mês, o material é encaminhado para a central que processa e destina às empresas de recicláveis. Uma das principais preocupações da Coopavel é o meio ambiente e com ele vem às precauções em relação ao destino adequado dos resíduos gerados no parque industrial da cooperativa. Para isso, foi criado em fevereiro desse ano a Central de Resíduos Recicláveis (CRR), que instalou coletores nos principais pontos de trabalho da cooperativa. Após a jogada

do resíduo (lixo) reciclável, o material é encaminhado para a central, após o recolhimento é separado, prensado e em seguida destinado às indústrias que farão o processamento de reciclagem. Conforme o tipo de resíduo, o encaminhamento para as indústrias que processam a reciclagem é realizado semanalmente ou quinzenalmente. Segundo a Tecnóloga em Gestão Ambiental, Lucimar Novaes da Silva, são recolhidos em média 50 toneladas todos os meses. “São diversos tipos de resíduos, tais como: papéis, papelão, plásticos (transparente e

colorido), sacarias de ráfia e embalagens rígidas (Peti, Pead). Todo esse material terá seu destino correto”, explicou Lucimar, que também é a responsável ambiental da cooperativa. Os resíduos devem chegar separados à central. Logo após a equipe os encaminha para a prensagem acordo com cada tipo de material, onde são organizados adequadamente em fardos com pesos variáveis entre 150 e 250kg. Retorno: O papel usado na cooperativa, que é destinado à central e posteriormente reciclado, tem seu retorno através de compra pela própria cooperativa que embala seus produtos que chegam aos mercados. A Tecnóloga contou que é importante que os funcionários separem os resíduos previamente, antes do mesmo ser destinado para a central, facilitando a retirada e evitando transtorno para a equipe da prensagem. A intenção segundo ela, é que, futuramente todos os resíduos possíveis de reciclagem, gerados na Coopavel, sejam encaminhados para essa central. Estrutura “A Coopavel é a única cooperativa que possui uma

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estação de tratamento dos resíduos, gerando emprego e renda”. A equipe da central é formada hoje por três funcionários, além de uma técnica, todos trabalham diariamente. A CRR conta ainda, com máquinas que auxiliam na prensa de todo o material. Os equipamentos foram adquiridos em parceria com a empresa Bayer S/A de São Paulo, através do Projeto Integração da Bayer/Coopavel. Central de Resíduos Recicláveis A central foi criada em fevereiro de 2012, com o objetivo de receber o lixo que é gerado na cooperativa, embora nem todo esse material passe pelo processo de reciclagem, apenas os resíduos. Como a central foi criada recentemente, nesse primeiro momento apenas os resíduos gerados na área industrial estão sendo encaminhados à CRR. Com a criação da central, houve um aumento considerável no ganho financeiro em relação à forma de trabalho que se realizava antes, correspondente a 50%. Parceira de sempre A Bayer S/A é uma empresa parceira comercial da Coopavel, que patrocinou os equipamentos para a central, e está sempre presente

José Símaro Neto - Coordenador de relacionamento com Cooperativas na Bayer

nos eventos realizados pela cooperativa, além de participar de outros projetos paralelos. Segundo o Coordenador de Relacionamento com Cooperativas da Bayer, José Símaro Neto, a empresa atua constantemente focada em ações sociais, ambientais e econômicas, com atividades direcionadas para capacitações, como exemplo: MBA para armazenagem de grãos realizada na PUC de Toledo; atividades relacionadas ao meio ambiente com o tratamento de resíduos e ações sociais, como é o caso de cursos direcionados as

famílias dos cooperados, promovendo a inclusão de jovens e esposas na tomada de decisões nas propriedades. O coordenador revelou que são 21 ações que estão diretamente relacionadas às três áreas, as quais são disponibilizadas para as cooperativas conforme a necessidade e a realidade de cada uma. O objetivo do Projeto Integração, segundo Símaro, é construir um relacionamento com a cooperativa trazendo uma carga representativa de transparência e confiança sempre focando a sustentabilidade dos negócios.

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“Na medida em que isso se consolida, a empresa deseja que toda pirâmide da cooperativa desde a presidência até a base de cooperados, percebam que a Bayer é uma parceira de valor”, destacou o Coordenador. Símaro disse que, os recursos da Bayer não são verbas carimbadas e sim visam a atender e oferecer melhorias a todos, onde o importante, segundo ele, é o reconhecimento. “É importante essa boa relação entre empresa e cooperativa, valorizando sempre o produtor, que, de acordo com ele - a cooperativa está muito próxima dos cooperados e assim leva a eles o nome da empresa, trazendo benefícios para ambos”, contou. Para o coordenador, não há como se pensar em investir sem que haja retorno. “Esperamos com o Projeto Integração ocorra um reconhecimento que mostre que nós somos um parceiro da empresa. Na medida em que isso vai sendo percebido pela pirâmide da cooperativa, os reflexos dos negócios vão acontecendo automaticamente”, revelou. Investimentos A fim de melhorar ainda mais a parceria já existente entre Coopavel e Bayer, a empresa procura investir em projetos e apoio às cooperativas. Para a Central de Resíduos Recicláveis a Bayer adquiriu e entregou neste ano uma prensa para resíduos úmidos e sólidos, um triturador para triturar materiais rígidos, como os plásticos, um elevador e uma carreta agrícola. A pretensão da Bayer é que ainda para esse projeto sejam entregues mais dois equipamentos: Um laminador e uma estruzora. “Queremos auxiliar na solução das necessidades da cooperativa em todos os elos de negócios. Estamos dispostos a discutir outras ações e necessidades”, finalizou Símaro. Investimos em pessoas que irão nos auxiliar onde nossa empresa não consegue chegar. Isso traz um resultado muito grande para todos”, José Símaro Neto, Coordenador de Relacionamentos com Cooperativas.

A EVOLUÇÃO DO AGRONEGÓCIO 18


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Paraná Rural 1º Caderno

Os Olhos e a Terceira Idade

Dr. Gláucio Bressanim – CRM/PR 20725 Em todo o mundo vem ocorrendo um aumento da expectativa de vida e com isso vem se buscando simultaneamente uma melhora na qualidade de vida. A Organização Mundial de Saúde define a qualidade de vida na terceira idade como a manutenção da saúde em seu melhor nível possível, tanto físico, emocional, social e espiritual. E para isso, uma boa visão é fundamental, pois grande parte da interação das pessoas com o mundo ocorre através dos olhos. Entretanto, muitas são as doenças que podem acometer os olhos na terceira idade. Prevenção durante a vida e diagnóstico precoce são essenciais para uma boa saúde ocular. Como medidas preventivas, que devem ser adotadas desde ainda jovem, incluem-se não fumar, ou abandonar o tabagismo o quanto antes, controlar hipertensão arterial e diabetes, diminuir a ingestão de gorduras e aumentar o consumo de frutas, verduras, peixes, grãos integrais, nozes e castanhas. Além disso, uma consulta oftalmológica anual

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é recomendada a partir dos 40 anos como maneira de contribuir para um diagnóstico precoce e portanto com maiores chances de cura ou prevenção da visão. Dentre as doenças mais prevalentes na terceira idade, destacam-se a catarata, o glaucoma, a degeneração macular relacionada à idade (DMRI), as oclusões vasculares, a retinopatia diabética e a presbiopia. A catarata é considerada a principal causa de cegueira reversível e é uma opacificação de uma lente natural chamada cristalino. Pode afetar qualquer idade, mas é mais comum após os 50 anos. O glaucoma é uma doença do nervo óptico que cursa com a perda progressiva da visão periférica e o principal fator de risco é o aumento da pressão intra-ocular e pode causar cegueira irreversível. Até 50% dos portadores desconhecem o problema. A degeneração macular relacionada à idade (DMRI) afeta a visão central e possui 2 variações, a seca e a úmida. A seca representa 80% dos casos, porém a perda visual é mais grave e abrupta na úmida. Grandes avanços ocorreram no

tratamento nos últimos anos. Oclusões vasculares geralmente estão associadas ao descontrole da hipertensão arterial, bem como dislipidemias, como o aumento do colesterol e nada mais são que uma trombose ou infarto nos vasos da retina. A retinopatia diabética leva o paciente a ter 30 vezes m ais chances de cegueira do que um paciente sem diabetes e o diagnóstico e tratamento precoces são fundamentais. A presbiopia, popularmente conhecida como vista cansada, é a dificuldade progressiva para se enxergar de perto. Geralmente se inicia aos 40 anos de idade e sua correção ocorre com uso de óculos ou lentes de contato e até mesmo cirurgicamente. Em resumo, bons hábitos de vida, como não fumar, ter uma alimentação saudável e controlar fatores de risco (principalmente diabetes e hipertensão arterial) associados a consultas periódicas ao oftalmologista, é possível que a pessoa na terceira idade tenha uma boa visão e possa usufruir a melhor idade e os prazeres que a experiência de vida proporciona.


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Paraná Rural 1º Caderno

Sem investimentos o Brasil poderá desperdiçar oportunidade

Fonte: Valor Econômico O agronegócio brasileiro deve experimentar pelo menos mais uma década positiva. Em meio a um quadro de demanda crescente nos países emergentes, ganhos de produtividade no campo e perspectivas de que os preços das commodities permaneçam em patamares elevados, o Brasil pode ampliar sua participação no tabuleiro global da oferta de alimentos. O cenário otimista é conhecido e praticamente consensual. Mas a efetivação plena desse quadro não se dará sem que o país enfrente seus gargalos logísticos,

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institucionais e gerenciais, bem como temas ligados à sustentabilidade social e ambiental. Essas são algumas das conclusões do seminário “Agronegócio do Futuro”, realizado nesta quinta-feira (10) pelo Valor Econômico e pela Bayer CropScience, em São Paulo. “É a primeira vez que uma visão de fora para dentro estabelece uma meta de crescimento para o país”, afirmou o exministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, citando a importância dada ao Brasil por um estudo publicado no ano passado pela Organização para

Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Segundo a instituição, a produção global de alimentos deve crescer 20% até 2020 para fazer frente ao salto da demanda. Nesse quadro, a produção brasileira é a que mais deve avançar, em torno dos 40%. Para André Pessôa, sóciodiretor da Agroconsult, importantes obras de infraestrutura que podem, por exemplo, facilitar o escoamento de soja pela região Norte do país, como o terminal ferroviário de Itiquira (MT), caminham lentamente não mais por falta de recursos, mas pela demora para conseguir as licenças ambientais. Outra preocupação de Pessôa diz respeito à ausência de médios produtores na nova fronteira agrícola brasileira, a região conhecida como “Mapito”, confluência dos Estados de Maranhão, Piauí e Tocantins. ”O médio produtor é o responsável pela construção das boas cidades”, disse ele, citando o exemplo de municípios do Centro-Oeste, como Lucas do Rio Verde (MT), em que os agricultores ajudaram a dotar a cidade de infraestrutura, alcançando um dos melhores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do país. A EVOLUÇÃO DO AGRONEGÓCIO



Paraná Rural 1º Caderno

Mapa espera recorde de empréstimos para produção sustentável Financiamentos do Programa ABC alcançaram R$ 1,5 bilhão no período 2011/12, superando em 76,47% a meta •

Autor: Carlos Mota/MAPA O objetivo do segundo ano do Programa Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC) foi cumprido com folga: com meta de atingir R$ 850 milhões entre julho de 2011 e junho de 2012, os empréstimos chegaram a R$ 1,5 bilhão. Para a nova safra, o Governo Federal espera liberar R$ 2 bilhões para financiar as práticas sustentáveis previstas pela iniciativa. Os dois primeiros meses da nova safra já apresentam resultados expressivos. Do crédito rural destinado ao programa, foram liberados R$ 398,8 milhões em julho e agosto ‒ ou 11,7% dos R$ 3,4 bilhões disponibilizados pelo Plano Agrícola e Pecuário 2012/2013. O volume é 357% superior ao contratado nos mesmos meses de 2011 (R$ 87,3 milhões). Na safra 2011/12, foram firmados mais de cinco mil contratos em todo o País. São Paulo, que recebeu R$ 314,2 milhões, foi o estado com o maior valor liberado, seguido por Minas Gerais (R$ 256 milhões), Paraná (R$ 188,9 milhões), Goiás (R$ 172,9 milhões) e Rio Grande do Sul (R$ 168,2 milhões).

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O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) aguardam as informações sobre essas propriedades que obtiveram empréstimos para divulgar os primeiros dados ‒ exceto quanto à emissão de CO2 equivalente, pois o sistema de monitoramento está sendo finalizado pela Embrapa e deve ser implementado em 2013. “Quanto mais conhecido se torna o programa, maiores serão nossas intenções futuras. Queremos que toda a verba disponível seja utilizada, mas é necessário que o produtor seja orientado sobre como apresentar os projetos para as instituições financeiras”, afirmou o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho. Ele se refere ao maior problema para a aprovação de empréstimos pelos bancos, que é a falta de conhecimento técnico para a elaboração das propostas. Uma das estratégias do Mapa é incentivar as unidades da Federação a criarem grupos gestores. Além da elaboração dos planos estaduais de agricultura de

baixa emissão de carbono, esses grupos orientam, por meio de seminários e cursos, o acesso ao crédito a partir da elaboração dos projetos. O trabalho é feito em parceira com estados e municípios na capacitação dos técnicos para levar as informações ao produtor. Saiba mais Diminuir a emissão de gases de efeito estufa foi um compromisso voluntário do Governo brasileiro, firmado durante a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP15), realizada em 2009, em Copenhagen, na Dinamarca. A proposta envolve diversos ministérios, como o do Meio Ambiente (MMA) e do Desenvolvimento Agrário (MDA). Desde julho de 2011, as práticas financiadas são voltadas para a recuperação de pastagens degradadas, integração Lavoura-PecuáriaFloresta, sistema de plantio direto, fixação biológica de nitrogênio, plantio de florestas e tratamento de dejetos animais. Todas são reconhecidas pela comunidade científica internacional como eficazes para a mitigação de gases de efeito estufa.


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Expovel: Grandes atrações, novidades tecnológicas e alta produtividade A Expovel é uma vitrine de oportunidades para investidores em pecuária de corte, leite e agricultura.

Por Geraldo Ribeiro Neto A Exposição-Feira Agropecuária, Comercial e Industrial de Cascavel (EXPOVEL) em sua 33º edição, é um ponto de encontro onde empresários rurais, indústria e comercio se reúnem em 10 dias de feira para mostrar o potencial das inovações. Integrando lazer e negócios o parque recebe centenas de milhares de visitantes durante a feira que dispõe de gastronomia diversificada, estandes do comércio, shows artísticos, parques de diversões, leilões, rodeios e competições, como o Campeonato Paranaense do Cavalo de Trabalho. O agropecuarista da região Oeste Paranaense por meio das novas tecnologias e conhecimentos colocou cidade de Cascavel no mapa da economia nacional pelos seu desempenho em produtividade. A cidade é um

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polo geoeconômico, situada no Oeste do Paraná, onde se concentra rebanhos suínos e pecuários de corte das mais avançadas do mundo, além da produção de leite, com animais de reconhecida qualidade. O presidente da Sociedade Rural,Erwin Soliva, fala sobre a importância do evento. “Quando se fala em Expovel, você está levando o nome da cidade, então, visamos fazer com que as feiras sejam melhores em todos os sentidos, fortalecendo a pecuária, a avicultura, a suinocultura, a equinocultura, ovino e caprinocultura, e o leite. A genética é muito importante para a região, além de trazer lucros, traz rapidez, hoje você tem que engordar um boi em dois anos e melhorar a qualidade da carne, melhorar a qualidade do leite. A genética faz parte do desenvolvimento da pecuária, e entendemos que essa é parte mais importante

da Sociedade Rural.” Diversão para a família inteira Mais do que um evento em tecnologias e genética animal, o presidente fala da preocupação em tornar a festa sempre em o mais popular possível, porque é uma festa do município, então os shows são diversificados. “Pensamos em trazer atrações para a família, por exemplo, para esta edição, vamos trazer um show no aniversário da cidade gratuito que é o Patati-Patatá para as crianças. Algo inédito, pois nós nunca trouxemos um show para crianças em época de exposição. Temos o sertanejo universitário, porque a cidade hoje é uma cidade universitária. Temos também um show de pagode, que é um show que também agrada a outro tipo de ouvinte. Estamos trazendo o rodeio Top Team


outros leilões como o gado de leite, de ovelhas e cavalos e etc.”. Genética de primeira linha

Erwin Soliva atual presidente da SRO Cup, que é o rodeio que faz Barretos, um dos melhores rodeios hoje do Brasil, com os melhores peões, com as melhores montarias que tem de boi, então acreditamos que com essas atrações, vamos conseguir trazer o publico, e sabendo que o ingresso de cinco reais é um ingresso acessível, e facilita para a família inteira estar presente conosco”. De acordo como presidente haverá leilões todos os dias. “Aqui tem diversas raças, o esforço nosso é muito grande para trazer diversas raças. E não é só trazer raças, é trazer o que há de melhor dessas raças. Então, quem vier aqui na expovel, vai encontrar aqui um animal de altíssima genética e animais de grandes possibilidades de negócios, por exemplo, uma novilhada para engorda ou para recria, uma garrotada para engorda, bem dizer assim, e diversas

Quando a agricultura e a pecuária vão bem a situação financeira das cidades também prosperam. O presidente lembra que toda propriedade hoje tem que ser autossuficiente. “Ela deixou de ser uma fazenda de lazer, pois tem um capital grande investido. O fazendeiro tem que diversificar sua propriedade com aves, ovos, frutas, hortas, ou qualquer outro desses segmentos rurais, sabemos que tem épocas que um está em ascensão e outros não. Então, quando você acompanha a evolução você pode errar menos e ter uma segurança maior e fixar os filhos desses proprietários no meio rural, evita o êxodo do pessoal, eles podem morar lá e virem para cá, eles podem ter maior facilidade de trazer os seus produtos, pode baratear até o custo disso, então, a gente entende que é uma região agrícola, ela tem que ter um bom escoamento, e boa genética para que o progresso cada vez mais esteja presente dentro dessas propriedades. E a Expovel tem essa função social apresentar o que há de melhor.”

em Gararapes. Ele lembra que seu pai......, comprou uma propriedade na região de Cascavel e denominou-a de Fazenda Jangada. Era a Gleba Jangada, destinada a loteamentos pequenos para atender às pessoas que comprariam estes sítios. O pai de Erwing faleceu aos 43 anos, quando Erwin estava ainda com nove anos. Em 1984, formado em zootecnista, veio para a região casado com a paulista Telma Regina Rapini Soliva, já com dois filhos, um menino de dois anos e uma menina de seis meses, a terceira filha do casal nasceu em Cascavel. “Os meus filhos se formaram aqui. Então me sinto orgulhoso de morar nessa cidade que ofereceu a condição de meus filhos terem as suas profissões, por isso sinto prazer em estar contribuindo com essa cidade que também me proporcionou coisas boas. Meu filho, Erwin Soliva Júnior, é um cardiologista. Minha filha Taís, Soliva, é dentista, ambos graduados na Unioeste. A caçula Bruna Soliva, cascavelense, é psicóloga, formada na Unipar.

Bases sólidas na região Todos os presidentes que passaram pela Expovel deixaram sua contribuição. O atual presidente é paulista, da cidade de Pirajuí, nascido

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Agricultura Engenheiro agrônomo: o passado e o presente da “Profissão do Futuro” Um breve histórico dos profissionais que aliam produção agrícola à preservação dos recursos naturais A história da Agronomia brasileira começou junto do surgimento da Agricultura no nosso país. Ao lado dos grandes fazendeiros, desde o início da colonização ao estabelecimento da República, a ciência agrária se mostrou uma importante personagem na evolução da economia agrícola. Durante o Império, o sistema sucroalcooleiro nordestino entrou em decadência devido ao fim da escravidão e ao deslocamento do núcleo econômico para o Sudeste cafeeiro. Com isso, a aristocracia agrícola nordestina buscava uma solução para voltar a ser uma grande potência. Visando uma mão-de-obra mais qualificada e conhecimento de comércio, criaram, em 1859, o Imperial Instituto Baiano de Agricultura. Dezesseis anos depois, em São Bento das Lages, foi fundada a primeira escola de Agronomia no Brasil, que hoje integra a Universidade Federal da Bahia. Neste mesmo período, o Rio Grande do Sul também passava por uma

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crise econômica no meio rural. Com os mesmos objetivos dos nordestinos em melhorar a ciência econômica e agrária na região, foi criada em 1883, em Pelotas, a Imperial Escola de Medicina Veterinária e de Agricultura Practica, segunda escola do país. O saber agrícola sempre fez parte do cotidiano do homem do campo. Mas agora, com os investimentos externos, foi aos poucos sendo transportado para os meios intelectuais e incorporado na tecnologia, aprofundando a divisão entre a concepção e a execução do processo produtivo. Assim, para o homem do campo restava apenas o trabalho braçal. No século seguinte, o ensino de Agronomia era criado e regulamentado oficialmente. Segundo o Decreto nº 8.319, de 20 de outubro de 1910, “o ensino agronômico instituído no Ministério da Agricultura, Industria e Comércio, (...), tem por fim a instrução técnica profissional relativa á agricultura e ás industrias correlativas, e compreende o

ensino agricola, de medicina veterinária, zootecnia e industrias rurais”. O reconhecimento do trabalho do Engenheiro Agrônomo, entretanto, só veio acontecer em 12 de outubro de 1933, com o Decreto nº 23.196, que regulamentou o exercício da profissão. Esta data, de grande importância à classe, acabou sendo adotada como comemorativa ao Dia do Engenheiro Agrônomo. A profissão do presente Da sua regulamentação aos dias de hoje, quase um século se passou. Neste tempo, o saber agrícola cresceu junto da população, das tecnologias e


da preocupação com o meio ambiente. Para o doutor em agronomia, José Ubirajara Garcia Fontoura, essa foi uma das profissões que mais evoluiu nas ultimas décadas. Ela passou de “Profissão do Futuro” para “Profissão do Presente”, e continua com demandas crescentes. Um exemplo é o plantio direto, que revolucionou a agropecuária brasileira, deu origem a outros sistemas como a agricultura de precisão, integração LavouraPecuária-Floresta (iLPF), entre outras, que estão em constante desenvolvimento. Para Fontoura, essas evoluções continuam exigindo cada vez mais a presença dos

agrônomos mais globais e menos específicos, que tenham conhecimento de sustentabilidade econômica, ambiental, tecnológica, social e política. “Já foi o tempo de especialização monocultural”, afirma. Para Carlos Dellavalle Filho, engenheiro agrônomo e professor da Universidade de Passo Fundo, o importante é que hoje estamos na Era do Agro conhecimento. “Acompanhando a evolução das tecnologias, a agricultura é o segundo setor que mais se investe em P&D no mundo (Financial Times), só perde para a farmacêutica, o que demonstra a sua devida importância no contexto”,

explica. Diante deste cenário de inovações tecnológicas, Dellavalle aponta avanços como ferramentas que identificam e diagnosticam doenças no campo, sem precisar ir a um laboratório, o que melhora a eficiência no combate a fungos e pragas. “Essas tecnologias beneficiam o setor agrícola, onde diversas empresas ligadas ao agronegócio estão se voltando para criação de produtos ou serviços que auxiliam no processo de aumento da produtividade”, explica

São atribuições do engenheiro agrônomo: planejamento, coordenação e execução de atividades nas áreas: Agrícola, Pecuária e Silvicultura. 35


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Estoques globais de milho diminuem com menor safra dos EUA “O centro da questão é que estamos ficando com ofertas apertadas e isso deve estimular os usuários finais a acelerarem o ritmo de compras de suas necessidades para o primeiro trimestre.”

Fonte: Reuters Os estoques dos Estados Unidos e globais de milho serão mais apertados que o esperado em 2013 e, além disso, a seca reduziu a safra de trigo na Austrália, grande exportador, segundo estimativas do governo norte-americanos divulgadas nesta quinta-feira (11), estimulando aumentos nos preços futuros. Foi a segunda vez em duas semanas que o Departamento de Agricultura norte-americano (USDA) surpreendeu os mercados com projeções de estoques mais baixas que o esperado. Desta vez, o USDA disse que a forte demanda levaria os estoques de soja e milho dos Estados Unidos aos menores níveis em 17 anos para o milho e em oito anos para a soja. Os futuros do milho na bolsa de Chicago subiam quase 4,8 por cento após o relatório do USDA. A soja ganhava 2,18 por cento e o trigo subia mais de 2,7 por cento, por volta das 11h45

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(horário de Brasília). “Os números de estoques finais são tudo o que importa”, disse Mike Zuzolo, da Global Commodity Analytics. “O centro da questão é que estamos ficando com ofertas apertadas e isso deve estimular os usuários finais a acelerarem o ritmo de compras de suas necessidades para o primeiro trimestre.” As estimativas do USDA para as safras de milho e soja dos Estados Unidos foram pouco acima do que traders haviam projetado, mas as estimativas de estoques finais 2012/13 foram menores que o previsto. Os estoques finais de milho, previstos em 619 milhões de bushels, devem ser suficientes para o abastecimento de três semanas. Isso seria uma relação de 5,5 por cento entre estoques e uso, quase esvaziando os canais de abastecimento. A maior exportação dos EUA e o esmagamento doméstico devem impulsionar o uso de soja em 9 por cento ante a estimativa de setembro do USDA e limitar os estoques

finais a 130 milhões de bushels, superando o impacto de maiores produtividades. Os estoques globais de milho devem cair em 11 por cento ante o nível de 2011/12, para o menor total em seis anos, principalmente devido à seca que afetou a safra norteamericana. O USDA também reduziu sua estimativa para a safra da União Europeia em 2,6 por cento. A seca vai reduzir a safra de trigo da Austrália para 23 milhões de toneladas, 12 por cento abaixo do projetado no mês passado, disse o USDA. O clima adverso, incluindo secas de verão e geadas, reduziram mais 3 por cento da safra de trigo na Rússia, disse o órgão. Com as exportações australianas em queda de 3 milhões de toneladas, o consumo de trigo vai cair no Vietnã e na Tailândia, disse o USDA. Enquanto os estoques de soja dos Estados Unidos vão encolher, os estoques globais vão aumentar, impulsionados pelas grandes safras no Brasil e na Argentina.


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Exportações de granéis crescem 12% em Paranaguá •

Fonte: APPA As exportações de granéis sólidos pelo Corredor de Exportação do Porto de Paranaguá registram alta de 12% até o mês de setembro, no comparativo com o mesmo período do ano passado. Foram exportadas 12,8 milhões de toneladas de soja, farelo de soja, trigo e milho. Em 2011, o volume das exportações registrado no período foi de 11,4 milhões de toneladas. O destaque entre os granéis foi o milho, que apresentou alta de 41% nas exportações, fechando o mês de setembro com 2 milhões de toneladas movimentadas. “Este ano pudemos perceber mais claramente que a eficiência no campo tem diminuído as demarcações de safra que antes sentíamos. A movimentação de granéis foi alta durante todo o ano e estamos trabalhando conforme a determinação do governador Beto Richa, de oferecer a melhor estrutura para que o homem do campo possa escoar a sua produção”, afirmou o superintendente dos portos de Paranaguá e Antonina, Luiz Henrique Dividino. As exportações de soja registraram um aumento de 10% em comparação com 2011, totalizando 6,3 milhões de toneladas exportadas. O farelo de soja também apresentou alta. O volume

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O milho foi o produto que apresentou maior alta no período, fechando setembro com 41% de aumento nas exportações exportado, até setembro, foi 15% maior, somando 4 milhões de toneladas movimentadas. Já as exportações de trigo apresentaram baixa no período, totalizando pouco mais de 400 mil toneladas, 22% inferior ao registrado em 2012. Corredor de exportação ‒ O Porto de Paranaguá dispõe de um sistema diferenciado para as exportações de granéis. O corredor de exportação, construído na década de 70 e único no Brasil, é composto por um conglomerado de silos verticais e horizontais, públicos e privados interligados a um sistema de correias transportadoras de uso comum, que abastecem os navios em três berços distintos de atracação. Atualmente, a Appa trabalha no processo licitatório para a realização da primeira etapa do repotenciamento do corredor de exportação do Porto, que vai permitir um ganho de 30% na produtividade dos embarques. Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina A EVOLUÇÃO DO AGRONEGÓCIO

Foto: Cesar Machado/Agrostock



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Aumenta o uso de fertilizantes em pastagens no país •

Por Carine Ferreira Incentivada pela necessidade de renovação de pastagens e maior produtividade na pecuária, aumentou o uso de fertilizantes nessas áreas nos últimos anos, de acordo com representantes do mercado. Mas como está intimamente ligada à situação econômica da atividade em função do alto custo para aumentar a adubação nos pastos, a demanda pode diminuir se os preços pagos pela arroba continuarem a recuar. Segundo dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), as pastagens representaram 405 mil de um total de 28,3 milhões de toneladas de fertilizantes entregues pelas misturadoras às revendas em 2011, ou 1,4% do total. A fatia recuou em relação a 2010 (1,5%) e 2009 (1,6%), mas o volume aumentou: foram 357 mil toneladas em 2010 e 344 mil em 2009. Soja, milho, cana e algodão representaram 78,6% da demanda no ano passado. A Heringer, uma das três maiores empresas do segmento no país, registrou aumento de 40% nas vendas anuais de fertilizantes para pastagens nos últimos três anos. A companhia investe no desenvolvimento de tecnologias para esse tipo de adubação e estima que haverá

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“Existe a demanda para manutenção e também para a conversão de pastos em cultivo de soja...” mais crescimento em função dos bons resultados obtidos pelos pecuaristas. Daniel Latorraca, gestor do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), diz que esse movimento pode ser observado nos últimos três anos, quando o pecuarista enxergou a possibilidade de fazer investimentos para aumentar a produtividade. O Imea acredita que a seca severa em 2011 em Mato Grosso, que tem 25 milhões de hectares de pastagens no total, também contribuiu para a renovação dos pastos. Além disso, existe a demanda para manutenção e também para a conversão de pastos em cultivo de soja, processo que exige altas doses de adubo para uma boa fertilização do solo - em torno de 6 toneladas de calcário por hectare, ante 2 toneladas a cada quatro anos numa área em produção, segundo Latorraca. O Imea estima que, em 2012/13, 300 mil hectares de pastos serão incorporados ao plantio de soja em Mato Grosso. Em 2011/12, o grão ocupou 7 milhões de hectares no Estado.

Foto: Agrostock


A área com intensa adubação ainda é pequena e quase sem impacto no consumo global de fertilizantes, de acordo com o pesquisador da Embrapa Solos, José Carlos Polidoro. Ele observa que existe também uma grande área de pasto com resíduos de fertilizantes usados nas culturas de grãos no processo de integração lavoura e pecuária. O maior uso de adubos pode elevar a produtividade da pecuária de uma média de um animal (um boi de 15 arrobas de peso vivo) por hectare ao ano para entre 2,5 e 3 animais, sem a necessidade de uso das chamadas “forragens conservadas”, como silagem, cana ou feno. Patrícia Anchão, pesquisadora da Embrapa Pecuária Sudeste, estima que a intensificação da adubação, principalmente com maior cobertura de nitrogênio, pode trazer médias maiores - até 12 animais por hectare nas estações chuvosas de regiões como Sudeste e Centro-Oeste. A Embrapa disponibiliza a técnicos e produtores um sistema de computador que calcula a necessidade adequada de aplicação de adubos a partir do tipo de solo e quantidade de animais. Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina Outro ponto favorável à adubação dos pastos diz respeito à sustentabilidade. Na avaliação de André Locateli, gerente-executivo da Associação de Criadores de Nelore do Brasil (ACNB), o uso correto de fertilizantes não representa nenhuma restrição ao conceito de boi “verde” ou “natural”, que só se alimenta de capim, uma das bandeiras do Brasil no mercado externo para oferecer um produto saudável e sustentável. Mas a demanda dos pastos por adubos, pondera o gestor do Imea, está intimamente ligada ao ciclo de preços mais favoráveis da pecuária. Assim, em períodos de “vacas magras” a procura por fertilizantes é reduzida, o que, segundo Latorraca, pode acontecer este ano caso o preço da arroba continue a recuar. O pecuarista pode perder a capacidade de fazer esse investimento - em média, de R$ 1,5 mil por hectare, incluindo preparo do solo, fertilizantes, maquinário, mão de obra etc. “Você só consegue isso em cenários de preços bons”. Em média, a arroba do boi gordo em Mato Grosso caiu 2,27% em junho sobre o mesmo mês de 2011, e os custos subiram.

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Novidades e tecnologias para o agronegócio

A 25ª edição do Show Rural Coopavel acontecerá de 04 a 08 de fevereiro de 2013

Por Carine Ferreira Incentivada pela Em uma área de pouco mais de 70 hectares está a maior concentração de informações sobre o agronegócio brasileiro. Trata-se do Show Rural Coopavel, um evento de caráter tecnológico, que tem como principal objetivo orientar o agricultor para uma produção com mais qualidade e maior produtividade. Para a próxima edição já estão confirmados mais de 400 expositores de empresas nacionais e multinacionais, com expectativa de público de cerca de 180 mil visitantes de

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todo o Brasil e do exterior. Para promover o conhecimento, 4,8 mil parcelas experimentais e demonstrativas foram preparadas para ser demonstradas durante a semana do evento. Estas serão apresentadas por 3,7 mil profissionais e pesquisadores, que estarão à disposição do público alvo. “São representantes de todos os centros de pesquisa da agropecuária brasileira, das empresas de insumos e de máquinas e equipamentos agrícolas”, afirma o engenheiro agrônomo e coordenador geral Rogério Rizzardi.

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acesso do público é facilitado, contando com entrada gratuita, estacionamento gratuito com mais de sete mil vagas, restaurante próprio, com quatro mil lugares; água gelada em todo o parque, várias praças de descanso, capela para reflexão e ruas cobertas, que permitem a locomoção entre os estandes mesmo sob o sol escaldante ou a chuva. Produção e rentabilidade ‒ Entre os inúmeros avanços que serão apresentados, focando uma agricultura mais produtiva e rentável, estão 200 variedades de Soja, 220


híbridos de milho, 45 híbridos de sorgo, 55 variedades de feijão e, 110 variedades de sementes de outras culturas. Rizzardi informa que os agricultores que estão em busca de informações para as suas lavouras podem agregar conhecimento nas áreas de plantio direto, tecnologias de cultivo e manejo do solo, tipos de adubação, tecnologias de produção e ainda sobre administração rural, que engloba planejamento, investimentos e controle de custos. “Essas orientações estão embasadas na pesquisa agropecuária moderna, que tem um papel muito importante para o setor produtivo atual”, afirmou, ao enfatizar que o Show Rural conta com a presença de todas as empresas de pesquisa nacional. E não são poucas. Prá se ter uma ideia, o Brasil está à frente de muitos países quando se trata de pesquisa agropecuária. Das que fazem parte do evento, temos a Embrapa, que conta com 31 Unidades de Pesquisas, o IAPAR, que possui 15 programas de pesquisas, a Coodetec que dispõe de 8 laboratórios, a Emater, com suas 12 áreas de Extensão Rural e a Fundacep/ RS que atua em 9 linhas de pesquisas. Durante o evento também estão presentes cerca de 45 laboratórios de pesquisas das empresas expositoras privadas. “É por isso que enfatizamos sempre, que o ponto alto do Show Rural Coopavel é a difusão de novos conhecimentos aos agricultores, promovida pelas empresas de pesquisas públicas privadas, nacionais e

multinacionais”, diz Rizzardi, ao salientar que esta é uma oportunidade ímpar para o contato direto entre o produtor e o pesquisador. De acordo com o diretor presidente da Coopavel e coordenador geral do evento, Dilvo Grolli, é difícil o produtor rural acreditar naquilo que não visualiza, por isso o Show Rural Coopavel apresenta as novas tecnologias de forma prática, dinâmica e organizada. “Para o Brasil atingir a alta produtividade que prospecta, precisa buscar novas tecnologias, e estas estão disponíveis aqui”, enfatiza. Devido ao momento ser bastante oportuno para o agronegócio brasileiro, Dilvo acredita que o Show Rural Coopavel/2012 será um dos maiores eventos do país, com expectativa de superar todos os já realizados até o momento. Alternativas de produção ‒ Em diversos estandes, será possível informações que ajudam na escolha de novas alternativas para diversificação da propriedade e na ampliação da renda da família e das empresas agrícolas. Entre os principais assuntos estão sugestões sobre o que produzir e como produzir, com cálculo dos custos de produção, oportunidades de comercialização, perspectivas de mercado e ainda possibilidades de retorno econômico. As sugestões são as mais variadas: avicultura familiar, avicultura comercial, fruticultura, hortaliças em estufa hidropônica, sistemas de irrigação, apicultura, bicho de seda, ervas medicinais e

indústria caseira, entre outras. Nessa área também será apresentado um modelo de produção ecologicamente correto, desenvolvido na estação da agroecologia. Trata-se de um sistema de cultivo que pode ser adotado por qualquer propriedade, independente do seu tamanho, e tem foco em três aspectos fundamentais: a saúde humana, a sustentabilidade da propriedade e a preservação ambiental. “O estande mostra roteiro previamente planejado, que indica o caminho para quem pretende ingressar no cultivo agroecológico”, destaca Jorge Luiz Knebell, gerente do parque. Segundo ele, a intenção é mostrar que é possível vencer o desafio de produzir em harmonia com a natureza, preservando o meio ambiente. Para que haja segurança na adoção desses três pilares, o produtor rural precisa adequar-se em técnicas de aplicações de defensivos, de uso correto e seguro de EPIs, na destinação do lixo tóxico, no reaproveitamento de materiais orgânicos, na utilização dos recursos hídricos sem desperdícios e, na preservação da água e do solo. “São projetos ambientais com foco na agricultura sustentável e na vida do planeta”, destaca Knebell. A pecuária ‒ Para que atua ou pretende ingressar no ramo de produção animal, a eficiência produtiva está no uso de tecnologias corretas em alimentação dos animais, manejo e sanidade de rebanhos, genética, instalações adequadas e gestão

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da propriedade. No evento essas informações estão direcionadas para o gado de leite, gado de corte, avicultura, suinocultura e outros animais, como abelhas, peixes, ovinos e caprinos. Ainda nesse setor participam empresas de insumos, inseminação artificial, produtos veterinários e equipamentos. Numa parceria estabelecida entre a Coopavel e o Iapar, foi destinada uma área para pesquisa permanente sobre integração da lavoura com a pecuária. Ali são feitos sobre como transformar solos ociosos no inverno em carne e leite. E, durante o Show Rural Coopavel serão mostrados trabalhos que já estão mudando a vida de muitos produtores rurais da região. A estação também abrange a recuperação de solos degradados, o sistema agrosilvopastoril e a formação de pastagens. Espetáculo à parte ‒ Somente no setor de máquinas são 280 expositores, de todas as marcas, cada vez mais versáteis e aperfeiçoadas, que impulsionam o trabalho, com elevado desempenho e maior comodidade. “Todas elas apresentam detalhes que agregam valor às lavouras, do plantio à colheita e até o transporte das safras” afirma Rizzardi. Segundo ele, em 2012 estarão á mostra no evento 53 modelos de colheitadeiras, 195 modelos de tratores, 232 modelos de plantadeiras, 116 modelos de pulverizadores, 945 modelos de implementos agrícolas e muitos outros acessórios para todos os modelos e marcas de máquinas. Os expositores oferecem oportunidades de negócios com condições especiais.

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Foto: Wilson Maejima

Paraná Rural

Agricultura

Eficiência em pesquisa na agricultura

A Coodetec - Cooperativa Central de Pesquisa Agrícola – desenvolve produtos que facilitam a vida do agricultor, como a variedade de soja resistente à seca prolongada, por exemplo, trazendo resultados únicos na região.

Por Wilson Maejima A pesquisa é uma atividade de longo prazo que exige investimentos constantes para obter resultados positivos. O foco da COODETEC, desde a sua fundação em 1995, ficou definido na questão germo plasma (material genético). Os produtos pesquisados são o trigo, a soja e o milho, três produtos de grande importância para a região Sul do Brasil. Sendo que a soja e o milho fazem parte da cadeia produtiva de carnes e atingem basicamente os principais produtos de exportação e de consumo interno do país. Melhoramento genético Por meio de parcerias com

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empresas globais que dominam hoje a técnica da engenharia genética e o fornecimento de trendis transgênicos, como é ao caso da empresa MONSANTO, a DOW QUIMICA, SINGENTA, a BASF e outras, a Coodetec busca fazer um papel de gerador e facilitador da chegada de informações, técnicas e de campo, até o produtor da forma mais rápida, econômica e fluída possível. Institucionalmente a COODETEC representa 32 cooperativas no Brasil, a maioria delas do Paraná. A variação de ambientes no país favorece ao aparecimento e a proliferação de doenças nas plantas. De acordo com o presidente, Ivo Marcos Carraro, o melhoramento genético é

indiscutivelmente a forma mais econômica de mitigar o efeito, principalmente das doenças fúngicas, bacterianas e viróticas.“Os nematoides, são desafios, principalmente no Brasil Central. E o nematoide de cisto e de galha no Sul, também. O melhoramento genético são eficazes para lidar com situações como essas, pois são aditivos que trazem uma característica que com o melhoramento convencional não se consegue resolver”. Recentemente foram feitas mudanças no germo plasma de soja para o melhoramento na arquitetura da planta, introduzindo permanentemente materiais resistentes às doenças, como ferrugem. “Fala-se em germo


plasma nacional, mas o germo plasma não tem nacionalidade. Estamos constantemente introduzindo o germo plasma de outros países, de outras regiões, na tentativa de criar mais variabilidade”, esclarece. A atuação no agronegócio De acordo com o presidente, a COODETEC tem a missão de facilitar processos efetivos como orientar na venda e produção de sementes, licenciar empresas nacionais e criar tecnologia nova. A cadeia produtiva do agronegócio deve manter-se equilibrada e evitar o oligopólio, o monopólio, e coisas perniciosas ao bom mercado. A filosofia das cooperativas é a competição saudável com participação de todos. Estatísticas apontam que o Brasil será produtor de alimentos para todo o planeta. A mensagem do presidente sobre o tema é otimista. “Nunca devemos considerar que avançamos o suficiente, temos que ter sempre um pouco de respeito pelo futuro. Nosso solo é

um dos melhores do mundo. Aplicar tecnologia adequada, cumprir as leis, ter respeito com a propriedade intelectual, pagamento correto dos royalties, entre outros procedimentos, são atitudes de quem pensa no futuro, e dessa forma, conseguiremos recursos para ganharmos em novas ambientações. Temos produtos competitivos no mercado global, mas temos que ficar atentos para não perder essa competitividade. A mensagem é olhar para o futuro com olhos de quem quer melhorar sempre, conclui.

Cooperativa Central de Pesquisa Agrícola

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Paraná Rural Agricultura

Integração LavouraPecuária-Floresta Juntar estas três atividades numa só é a proposta do sistema de Integração Lavoura-PecuáriaFloresta (ILPF), •

Por: Ramon Costa Alvarenga e Miguel Marques Gontijo A busca por sistemas agropecuários que sejam, ao mesmo tempo, produtivos, econômicos, intensivos e sustentáveis tem aumentado nos últimos tempos frente aos constantes acréscimos que se verificam no custo de produção. Se até recentemente era possível produzir com rentabilidade apenas uma cultura mantendo o solo em pousio pelo restante do ano, hoje já se faz necessário intensificar o uso da terra com vistas ao aumento da produtividade para compensar a margem de lucro cada vez menor. O mesmo se verifica para o caso das pastagens que, via de regra, encontramse degradadas e com produtividade muito aquém do seu potencial, havendo escassez de forragem durante o período seco do ano. O produtor florestal enfrenta dificuldades para manutenção dos maciços florestais, visto que há um período de vários anos de investimentos sem retorno econômico até que estejam prontos para colheita. Juntar

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estas três atividades numa só é a proposta do sistema de Integração Lavoura-PecuáriaFloresta (ILPF), que agrega diversificação de atividades, intensificação no uso da terra e sustentabilidade, além de aumentar a biodiversidade. Na sucessão à lavoura, o período de pousio dá lugar à pastagem que permanece na gleba de terra até uma próxima safra de grãos ou forragem (silagem, feno), fibras etc., o que pode demorar um, dois, três ou mais anos, conforme o planejamento da propriedade rural. Certo é que o sinergismo entre lavouras e forrageiras (capins para pasto) modifica o ambiente físico, químico e biológico do solo com benefícios para ambas. Daí até o interesse em agregar o componente florestal, foi questão de muito pouco tempo. Hoje, sistemas ILPF têm ganhado importância dentro da propriedade agrícola, pois permitem a continuidade na produção de grãos e de pastagens num patamar maior de produtividade e o segmento florestal representa uma poupança para o


LP

Integração Lavoura-Pecuária-Floresta

O segmento animal é o que apresenta maior flexibilidade dentro do sistema, pois as pastagens se ajustam bem a diferentes arranjos das árvores

agropecuarista, pois os custos deste são menores em razão das outras atividades associadas, sejam lavouras ou pastagens. Dentre as várias vantagens que o sistema apresenta, uma merece destaque especial e diz respeito à redução na pressão pelo desmatamento, tanto na busca por novas áreas de cultivo quanto por madeira. Somente na região do Cerrado existem cerca de 50 milhões de hectares de terra sob pastagens degradadas passíveis de recuperação e inserção neste segmento produtivo. As possibilidades de combinação entre os componentes do sistema são enormes e os ajustes se fazem necessários, dependendo do interesse do produtor e dos aspectos edafoclimáticos e mercadológicos. Para energia (carvão), madeira para escoras, postes ou toras para serrarias, o número de árvores por unidade de área irá diminuindo, respectivamente, bem como aumentando os espaçamentos. Havendo maior interesse pela produção agrícola, é de se esperar maior espaçamento entre as linhas de árvores como forma de diminuir o sombreamento nas faixas de plantios das lavouras. O segmento animal é o que apresenta maior flexibilidade dentro do sistema, pois as pastagens se ajustam bem a

diferentes arranjos das árvores. Entretanto, estas diferentes possibilidades não modificam a essência das tecnologias, podendo apenas interferir no período de ocupação de cada segmento em particular dentro do conjunto das atividades agrossilvipastoris. A principal dificuldade em ILPF refere-se à complexidade do sistema, que exige planejamento e melhor gestão da propriedade rural para uma perfeita sincronização da produção e que minimize riscos. Com este objetivo, abaixo são apresentados aspectos relevantes para implantação destes sistemas ILPF. Planejando o sistema Tão logo o produtor rural decida pela implantação de um sistema ILPF, é importante procurar assistência técnica para planejamento de todas as etapas. Dentre estas, quais as condições das terras para receber o empreendimento, quais investimentos deverão ser realizados (correção química e física do solo, máquinas e equipamentos), escolha da(s) espécie(s) e clone(s) florestal(is) com adaptação regional, qual(is) lavoura(s) a implantar no primeiro ano e nos subsequentes, qual(is) pastagem(ns) e qual será o tipo de exploração pecuária,

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o produtor deve colocar em prática todas aquelas decisões comuns para implementação de um novo ano agrícola.

embora esta possa variar de ano a ano. Um perfeito conhecimento do mercado local ou regional é fundamental na comercialização dos produtos, especialmente quanto ao tipo de produto florestal a produzir. Nesta etapa, também são feitos os contratos de prestações de serviços e de fornecimento de mudas da(s) espécie(s) florestal(is) selecionada(s). Nunca é demais lembrar que deixar para comprar estas mudas por ocasião do plantio será uma tarefa árdua, pois os viveiros geralmente as produzem mediante contratos antecipados e dificilmente haverá disponibilidade para compras imediatas e, quando houver, o preço será alto. Além destas considerações, o produtor deve colocar em prática todas aquelas decisões comuns para implementação de um novo ano agrícola. Em resumo, o planejamento deve levar em conta tudo aquilo que o sistema irá demandar no intervalo de um ciclo completo das atividades, visto que pelo menos o componente florestal não poderá ser mudado após sua implantação e isso poderá

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demorar uma ou duas dezenas de anos. Implantando o sistema A adequação das condições químicas do solo deve ser feita tomando por base o segmento mais exigente, que são as lavouras. Nas condições das terras sob clima tropical, especialmente na região do Cerrado, os solos são pobres em nutrientes e há presença de alumínio tóxico às raízes das plantas, principalmente das lavouras. As condições são ainda piores naquelas áreas sob pastagens degradadas onde, além da escassez de nutrientes, a matéria orgânica do solo é muito baixa, a compactação e a erosão estão presentes em graus variados de severidade e existem plantas daninhas, muitas delas perenes. Na maioria das vezes, são terrenos nestas condições que estão disponíveis para este empreendimento. Embora existam alguns dados animadores quanto à correção química do solo em superfície, via de regra é necessário arar o solo para, além da incorporação

de corretivos a maiores profundidades, eliminar camadas compactadas, sulcos de erosão, trilheiros de gado e cupinzeiros. Como estas etapas estão dentro de um cronograma pré-estabelecido, é desejável adequá-las para que sejam cumpridas ao final do período das chuvas (março‒ maio). Assim, o risco de erosão é reduzido pela ausência de chuvas erosivas neste período e a umidade ainda possibilitará o estabelecimento de uma cultura de cobertura de solo para o plantio direto das lavouras em novembro. O que se observa na prática é essa mobilização do solo imediatamente antes da implantação das lavouras e das árvores. Nestas condições, há maior risco ambiental. Cada segmento agronômico/ florestal tem o seu manejo específico. Assim, adubações de base e de cobertura e os tratos culturais seguem as recomendações técnicas para cada cultura em particular. Também as máquinas e os equipamentos devem ser equipados com acessórios que impeçam interferência


em outro segmento, como por exemplo a deriva da aplicação de herbicidas. As árvores devem ser plantadas primeiro, pois as suas linhas vão orientar o plantio das lavouras intercalares. Se as condições topográficas permitirem terrenos planos, a orientação das linhas de árvores deve ser no sentido leste-oeste, sentido que possibilita maior entrada de luz solar nas faixas de terra ocupadas primeiramente pelas lavouras e depois pelas pastagens. Caso contrário, estas deverão seguir a orientação de curvas de nível do terreno dotado de sistema de terraceamento para conservação do solo e da água. Qual espaçamento entre as linhas de árvores deve ser adotado? Esta é a indagação mais frequente. Com certeza, o produtor visualiza um sistema com maior número possível de árvores visando a obtenção de maior renda com a comercialização destas, sem perder de vista a produção das lavouras e das pastagens. Na prática, esta decisão dependerá da finalidade de uso da produção florestal, observando alguns quesitos que irão favorecer a operacionalização das atividades como um todo. Assim, o espaçamento deve levar em consideração a largura de operação dos equipamentos disponíveis, por exemplo a largura da barra de pulverização. É necessário contabilizar um espaço de 1 m de cada lado da linha de árvores, que deve ser mantida limpa para não haver competição. Árvores novas de eucalipto são bastante sensíveis

à competição. Espaçamentos de 6 m, 15 m ou mais entre as linhas são possíveis, sendo bastante comuns aqueles entre 10 m e 12 m. Em casos em que pretende-se produzir lavouras por mais de dois anos, o espaçamento também é ampliado. Existem, ainda, clones de árvores com menor fuste (copa) que interceptam menos luz e, portanto, são mais apropriados a menores espaçamentos para uma mesma finalidade. Não deve ser ignorado o fato de que as plantas de eucalipto possuem um sistema radicular bastante desenvolvido lateralmente, especialmente os clones, o que permite à planta absorver nutrientes numa faixa maior e, assim, crescer mais rapidamente em sistemas agroflorestais. No caso do eucalipto, normalmente o povoamento fica com 200 e 300 árvores por hectare quando a finalidade é a produção de toras para serrarias ou postes. No caso de postes, o corte se dá entre 10 e 12 anos de idade, podendo chegar a até 20 anos no caso de produção de toras para serrarias. Por exemplo, num espaçamento de 10 m entre linhas e 4 m entre árvores na linha, 40 m² por árvore, o povoamento é de 250 árvores/ ha. Muitas vezes, adota-se um espaçamento menor na linha, por exemplo 2 m, e no terceiro ou no quarto ano retirase a árvore intermediária para uso menos nobre com o objetivo de obtenção de renda intermediária. Quando o objetivo é a produção de carvão, de mourões de cerca ou de escoras, adota-se um

espaçamento menor dentro da linha e um espaçamento suficiente para cultivos intercalares. Os espaçamentos 9 x 1 m ou 6 x 1,5 m são apropriados, pois mantêm 1.111 plantas/ha, que é considerado adequado a esta finalidade. Para a produção de carvão, ainda são dados três cortes nas árvores aos 7, aos 12 e aos 17 anos, havendo a possibilidade de um cultivo de cereal após cada corte, oportunidade esta de entrada de nutrientes para a pastagem seguinte via adubação da lavoura. Então, é esperada menor queda da produção da forrageira em comparação aos sistemas em que os intervalos entre os cortes são maiores. Recentemente, está havendo intenção de manejo das florestas para carvão com apenas dois cortes antes da reforma do povoamento, aos seis anos após o plantio, e o segundo mais seis anos após o primeiro, com a mesma expectativa de produção somados os três cortes do sistema em uso. Esta alteração proporciona um ciclo a mais de lavouras depois da reforma, refletindo em maior produção de grãos e em mais nutrientes residuais para as pastagens subsequentes. Entretanto, em qualquer dos casos de produção florestal associado a lavouras ou a pastagens, há possibilidade de implantar linhas duplas ou triplas de árvores num espaçamento menor, deixando faixas entre estas com a finalidade de cultivos intercalares de grãos e, posteriormente, implantação do pasto para criação de

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animais. Manejando o sistema Para o caso do eucalipto, que é uma árvore de crescimento rápido, geralmente nos dois primeiros anos são cultivadas lavouras intercalares às árvores, estabelecendo um sistema lavoura-floresta (agroflorestal). No segundo ano, o pasto já pode ser implantado consorciado com a lavoura. Neste caso, a lavoura deve ser de milho ou de sorgo, que suportam bem este consórcio. Aí, o Sistema Santa Fé deve ser preferido para esta finalidade. Em casos de lavoura de soja, ainda não é possível estabelecer o adequado plantio consorciado com espécies forrageiras sem que haja perdas de produtividade da oleaginosa, bem como transtornos na colheita; então, neste caso a pastagem deve ser implantada em sobressemeio ou posteriormente à colheita, se ainda houver umidade suficiente para o seu estabelecimento ou, então, deve-se esperar pela próxima estação chuvosa. A utilização do pasto implantado juntamente com lavoura no segundo ano deve ter início após a recuperação do mesmo, depois da colheita do cereal. Como as árvores ainda não estão suficientemente desenvolvidas, até o segundo ano após o plantio é recomendável usar animais mais leves, especialmente no caso de bovinos para pastejo, pois animais maiores podem ocasionar quebra de árvores. É necessário fazer a desrama (eliminação dos ramos laterais)

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das árvores quando o objetivo é produzir postes ou toras. Em espaçamentos maiores, há tendência de maior emissão de ramos laterais, que são persistentes devido a maior incidência de luz e que vão originar nós que desvalorizam o produto. A desrama é feita em algumas etapas e deve chegar a até 6 m de altura nas árvores adultas por ser esta a parte mais nobre. Nunca retirar os galhos do terço superior das árvores, pois isto vai prejudicar o crescimento das mesmas. Normalmente, as pastagens não sofrem adubações de manutenção. Então, é esperado que a produtividade delas caia à medida em que são utilizadas. Para evitar degradação da mesma, é necessário acompanhar a sua produção e ajustar a carga animal e/ou realizar adubações de manutenção destas pastagens, ressaltando que estas adubações beneficiarão, também, as árvores e a cultura a ser implantada no ciclo seguinte. O povoamento florestal cria um microclima favorável para a produção, propiciando maior conforto térmico aos animais e manutenção do pasto verde por mais tempo no período seco do ano. Para facilitar o manejo animal, ainda é possível fazer a subdivisão das glebas em piquetes usando cercas elétricas com fixação dos isoladores nas próprias árvores do povoamento florestal (Eucacerca, segundo denominação dada pela Votorantim Metais, de VazanteMG), o que faz baratear a construção. No caso de espécies de árvores que rebrotam,

depois que estas são cortadas é possível fazer um ciclo de lavoura anual consorciada com capim para voltar com a pastagem na sequência. Como as árvores já possuem um sistema radicular desenvolvido, nesta situação o crescimento é muito rápido, dificultando o desenvolvimento de lavouras no segundo ano após o corte, porém possibilitando a entrada dos animais no segundo ano. Considerações finais Sistemas de Integração L avou ra-Pecuá r ia-Floresta permitem o uso intensivo e sustentável do solo, com rentabilidade, desde o ano de sua implantação. As produções intermediárias de grãos, fibras, carne, leite etc. possibilitam renda e o custeio do povoamento florestal, de tal maneira que a colheita do produto florestal se transforma em verdadeira caderneta de poupança para o produtor. A diversificação das atividades também permite a fixação do homem no campo devido ao melhor aproveitamento da mão-de-obra durante todo o ano. A produção de madeira reduz a pressão de desmatamento, sobretudo no Cerrado e na Floresta Amazônica, contribuindo para melhorar a imagem do Brasil frente à opinião pública internacional. Para que todos estes benefícios sejam potencializados, é necessário seguir à risca o cronograma das atividades planejadas. Improvisações sempre contribuem para baixar a qualidade dos resultados.



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A agricultura desde a antiguidade

Agricultura antiga No Império Romano nasce a organização rural, base do campesinato posteriormente conhecido na Idade Média. A força despendida era, essencialmente, humana. Progressivamente a domesticação de animais permitiu a utilização de bois e cavalos para o trabalho.

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»»Maias A antiga civilização Maia (que viveu nos séculos 4 a 9 a.C., nas atuais Guatemala e Honduras) praticava notável agricultura, baseada no milho, no feijão e na batata. »»Astecas Mais tarde, o povo Asteca (séculos 14 a 16, México) implantou sistemas de irrigação desenvolvidos,

cultivando milho, tomate e cacau.

pimenta,

»»Incas Os Incas viveram na Cordilheira dos Andes (séculos 13 a 16, Peru, Bolívia) e se destacaram pelos terraços degraus irrigados cultivados nas montanhas. O milho era o alimento sagrado desse povo. Eles domesticaram a lhama, a


vicunha e a alpaca, que também lhes forneciam lã, carne e leite. Subsistência A agricultura antiga se caracterizava como atividade de subsistência, ou seja, produzia-se a comida da própria família ou da tribo. Não existia troca ou venda de produtos. Agricultura Moderna A agricultura inicial dependia somente da fertilidade natural do solo, sempre maior nos terrenos sedimentares das várzeas. Nos locais secos, a derrubada da floresta contava com a matéria orgânica decomposta no solo. Por isso, era fundamental realizar o “descanso” da terra. » Humus O acúmulo de matéria orgânica confere vida microbiana ao solo. Nadecomposição são liberados os nutrientes necessários às plantas, absorvidos pelas raízes. Por isso sempre se utilizou a adubação orgânica, principalmente esterco bovino. Pela presença de húmus, os solos orgânicos são sempre mais escuros. » Início da Agronomia O químico alemão Justus von Liebig (1803-1873) é chamado de pai da agricultura moderna. Ele demonstrou que o crescimento das plantas depende dos elementos químicos do solo, e não, conforme se supunha na época, do fato de a planta “comer” terra. Assim começou, no final

do século XIX, a era dos fertilizantes sintéticos. » NPK A fórmula de aplicação de fertilizantes químicos recomenda o uso de nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K), os chamados macroelementosnecessários ao crescimento vegetal. Complementarmente, a adubação química fornece às plantasmicroelementos, tais como zinco, ferro e boro. Entre os fertilizantes químicos, uréia e sulfato de amônio são os principais fertilizantes nitrogenados; super-fosfato (simples e triplo) e cloreto depotássio lideram os demais grupos de adubos. » Fertilizantes O mercado de fertilizantes no mundo movimenta sessenta bilhões de dólares anuais. China (30%), Índia (13%) e Estados Unidos (12%) lideramo ranking do consumo de fertilizantes no mundo. No Brasil (6%), o mercado consome 24,6 milhões de toneladas. » Calcário Rocha moída com elevado teor de cálcio, capaz de elevar o PH (poder doHidrogênio) do solo, combatendo sua acidez. solos ácidos prejudicam a absorção dos fertilizantes pelas raízes das plantas. a escala PH vai de 0 (zero = máxima acidez) a 14 (máxima alcalinidade). A utilização de calcário também combate a toxidez causada pelo alumíniosolúvel no solo, problema que afeta 63% da área agricultável do Brasil.

A aplicação de fertilizantes varia conforme a região do mundo. Na Ásia oriental, utilizase uma média de 194 kg/ hectare, contra 117 kg/hectare dos países industrializados. Já os agricultores da África subsaarianaaplicam somente 5 kg/hectare. » Defensivos Cinzas de madeira estão entre os primeiros defensivos agrícolas utilizados no combate às pragas. No fim do século XIX, os inseticidas passaram a ter o arsênico como base química. Muito tóxico, logo foi abandonado. » Agrotóxicos Em 1939, o médico Paul Muller descobriu a ação inseticida do DDT(diclorodife niltricloroetano), que passou a ser utilizado na saúde pública para combater insetos transmissores de tifo, malária e febre amarela. Logo depois da Segunda Guerra Mundial, o produto foi introduzido na agricultura. O uso de inseticidas, fungicidas e herbicidas também caracteriza, a partir dos anos 1960, a moderna produção rural. Pragas e doenças aparecem em decorrência do aumento na escala dos plantios, que reduzem a diversidade do ecossistema natural. Enxofre e estanho também serviram de base para a elaboração de fórmulas com poder fungicida. Representaram a “primeira geração” dos fungicidas químicos. Depois vieram os produtos baseados em moléculas sintéticas, com fórmulas

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desenvolvidas em laboratório. » BHC Muito utilizado inicialmente, no Brasil, para combater o besouro causador do mal de Chagas, o BHC (hexacloreto de benzeno) dominou o combate às pragas agrícolas na década de 1960, incluindo formigas saúva. Ambos, o DDT e o BHC, constituem-se em inseticidas à base de cloro, produto tóxico e altamente persistente no meio ambiente, nãobiodegradável. Os inseticidas clorados foram progressivamente banidos em todo o mundo. No Brasil, isso ocorreu em 1985. Cancerígenos e teratogênicos, os fungicidas mercuriais também foram proibidos em todo o mundo. No Brasil, a proibição chegou em 1975. » Fungicidas Fungos, bactérias ou vírus causam doenças nas plantações. O primeiro fungicida utilizado na agricultura era a calda bordalesa, uma mistura decal virgem com sulfato de cobre, descoberta na França em 1882. Na Alemanha, em 1914, apareceram fungicidas à base de mercúrio,terrivelmente tóxicos. » Praga x doença Praga é sempre um inseto. Doença pode advir de um fungo, bactéria ou vírus. Ervas invasoras se tornam daninhas às lavouras. O mato era semprecarpido manualmente, com enxadas trabalho lento e desgastante - até surgirem os herbicidas agrícolas.

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Muitos herbicidas são seletivos conforme o tipo de folha das plantas. Asgramíneas (monocotiledôneas) sempre apresentam folhas finas, de forma que os herbicidas que as atacam não afetam os vegetais de folhas largas (dicotiledôneas) e vice-versa. Existem herbicidas que são destruidores da capacidade fotossintética dos vegetais. Nesse caso, todas as plantas pulverizadas morrem em poucos dias. É o caso do glifosato. Os herbicidas de préemergência são aplicados antes do plantio da cultura. Nesse caso, afetam as sementes presentes no solo, impedindoas de germinar. Existem também os herbicidas de pós-emergência, pulverizados depois que o mato nasceu. » Revolução industrial Em 1785, o inglês James Watt inventou, com base nas ideias de ThomasNewcomen, a máquina a vapor. O descaroçador de algodão surgiu em 1793. Demorou um século para que Benjamin Holt e Daniel Best, trabalhando separadamente, anunciassem o protótipo inicial do trator a vapor. Em 1904 surgiu o trator de Holt. » Trator Nos Estados Unidos, John Froelich inventou, em 1892, o primeiro trator a gasolina. Mas a produção comercial de tratores começou com o famoso modelo Fordson, desenvolvido por Henry Ford e anunciado em 1917.

» Ração A produção mundial de ração para animais atingiu 626 milhões de toneladas em 2005. A maior demanda surge da avicultura (40%), seguida da suinocultura (32%), pecuária de leite (16%) e da pecuária de corte (6%). » Campo x cidade Estima-se que até 2030 o crescimento das áreas urbanas vai subtrair cem milhões de hectares da agricultura. Somente na China, desde 1995, a área rural perdeu dois milhões de hectares para as cidades. A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) estima que ainda existam 2,8 bilhões de hectares aptos ao cultivo em todo o mundo. Boa parte desse potencial, porém, ainda está coberto com florestas (45%) e em áreas protegidas (12%). » Mercados emergentes O consumo de alimentos na Ásia anima os grandes produtores mundiais, como o Brasil. Além da China, outras nações tendem a crescer seus mercados, atingindo em 2015, na Índia US$ 260 bilhões, na Indonésia, US$ 100 bilhões; na Tailândia e no Vietnã espera-se crescimento de 50 a 65% em 5 anos, graças à urbanização e ao aumento da renda familiar. www.revistaparanarural.com.br

A EVOLUÇÃO DO AGRONEGÓCIO



Pecuária Embrapa lança 1º Sumário de Avaliação Genômica de touros

“O melhoramento é acelerado com a genômica, mas vale ressaltar que o seu uso deve ser correto, pois caso a ferramenta seja utilizada erroneamente, o erro também pode ser ampliado” A Embrapa Pecuária Sul, em parceria com o Gensys e a Conexão Delta G, lançaram em agosto deste ano o 1º Sumário Genômico de Touros das raças Hereford e Braford. O documento, que é inédito no Brasil, foi realizado com as informações de produção e genealogia em associação com informações moleculares amplas, considerando milhares de marcadores distribuídos pelo genoma destas duas raças. Com o lançamento do Sumário Genômico, as DEPG (diferenças esperadas na progênie em escala genômica) se tornam a mais nova ferramenta de seleção em melhoramento genético e é um marco para a bovinocultura de corte no

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Brasil. Para Fernando Flores Cardoso, um dos pesquisadores da Embrapa Pecuária Sul responsável pelo projeto de pesquisa que culminou no 1º Sumário de Avaliação Genômica, o objetivo desta publicação é atualizar o mercado com a mais nova forma avaliação de qualidade do material genético oferecido pelos criadores participantes da pesquisa. Assim, o produtor interessado em melhorar seu rebanho poderá realizar a escolha deste material genético por meio de tourinhos reprodutores colocados à venda, ou na forma de sêmen disponível. O projeto contemplou avaliações

para identificar animais mais resistentes ao carrapato bovino e outras características de importância econômica, como por exemplo, Peso ao nascer e Perímetro escrotal. Este trabalho foi concretizado graças aos avanços tecnológicos recentes na biologia molecular e na genética quantitativa que associam métodos quantitativos tradicionais a informações moleculares de alta densidade, que inserem marcadores moleculares muito próximos uns dos outros, distribuídos por todo o genoma do reprodutor. Diferentemente da já conhecida DEP (diferença esperada na progênie), a DEP Genômica pode utilizar


até centenas de milhares de marcadores moleculares, denominados SNP (Single Nucleotide Polymorphirm). Os SNPs ‒ Lê-se “Snips” ‒ são mutações no cromossoma, que recebem a marcação molecular, que possibilita sua genotipagem e reconhecimento por meio de painéis (chips) de alta densidade. A utilização desses chips permite investigar todo o genoma em busca de variações (SNPs) que estão associadas a diferenças de desempenho dos animais, estimando valores genéticos em escala genômica, o que proporciona maior acurácia na análise dos genes que influenciam as características de importância econômica. Dessa forma, torna-se mais precisa a predição dos valores genéticos dos animais considerados superiores, antes mesmo da coleta dos dados fenotípicos. Isso pode acelerar a tomada de decisões e diminuir custos para o produtor. Para a confecção do Sumário de Avaliação Genômica foram genotipados, desde 2010, mais de 2 mil touros das raças Hereford e Braford, unificando informações dos SNPs, dos fenótipos e dos pedigrees. O resultado é a apresentação de valores genéticos genômicos, em forma de DEPG para resistência ao carrapato. A seleção de reprodutores mais resistentes ao carrapato tem o intuito de selecionar animais adaptados e produtivos, que viabilizem a redução no uso de carrapaticidas químicos na pecuária de corte. Além disso, a publicação traz as DEPG para características tradicionalmente avaliadas, utilizando-se, além do genótipo dos touros e de seus filhos, das informações fenotípicas e de pedigree históricas existentes, como peso ao nascer (PN), peso ao desmame (PD), peso ao sobreano (OS) e perímetro escrotal ao sobreano (PE), além da DEPG materna para a característica PD, denominada de maternal. De acordo com o pesquisador da Embrapa Pecuária Sul Marcos Yokoo, essa ferramenta só vem acrescentar ao Melhoramento Genético, pois comparada à avaliação genética tradicional, melhora a estimação dos valores genéticos dos animais. “O melhoramento é acelerado com a genômica, mas vale ressaltar que o seu uso deve ser correto, pois caso a ferramenta seja utilizada erroneamente, o erro também pode ser ampliado” enfatiza Yokoo

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4º Leilão da Produção Rio da Paz e Ponche Verde

Animais de alto padrão e genética diferenciada garantem resultados satisfatórios

Por Wilson Maejima Os organizadores do 4º Leilão da Produção Rio da Paz e Ponche Verde tem muito a comemorar. No dia 22 de setembro de 2012 conseguiram assegurar mais um resultado econômico excelente aos criadores. E isso comprova que o mercado está realmente mudando para melhor. Este Leilão é fruto de incansáveis investimentos em genética e a preocupação é oferecer mais animais (Touros e matrizes ANGUS) para a produção de carne bovina de qualidade. O evento é uma maneira de

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apresentar o melhor da safra de touros reservados para o leilão, afirma Cristophfer Filippon: “Temos um desafio de todo ano trazer animais melhores, para satisfação dos nossos clientes e temos cumprido esse compromisso, já é um evento consagrado de sucesso nas edições anteriores, e buscamos sempre produzir o melhor da raça Angus. Vem clientes de diversas regiões do Paraná e Mato Grosso do Sul, além de outros estados, Minas Gerais, São Paulo, até para o Rio Grande do Sul comercializamos animais no

ano passado”. De acordo com Renato L. Zancanaro, produzir animais de genética demanda uma dedicação diária. E um evento como este é fruto muitas vezes não apenas de um ano de trabalho, muitas vezes são necessários cerca de três anos para ter animais no ponto em que estão os oferecidos no leilão. “Primeiro é necessário conhecer a fundo o rebanho, é necessário selecionar, acasalar, avaliar os animais, descartar, multiplicar o que a gente deseja, então, é um trabalho do dia a dia e um evento como esse é o fruto de um ano de


fotos: Geraldo Ravena

trabalho, ou três anos de trabalho para chegarmos com esses animais aqui no ponto em que estão”, afirma. De acordo com os organizadores, o preço na verdade funciona com o principio básico da oferta e da procura. “Basicamente, não impomos um valor prédeterminado, é o mercado, é o pregão, é uma licitação, leilão é como uma licitação. Para nós o interessante é valorizar os animais, mas é o mercado do dia, nesse momento que vai definir o preço real do animal daquele dia e a esse preço nós vamos vendê-lo”. A

expectativa é muito grande. O trabalho que se faz em cima do leilão também é intenso. “Diariamente estamos correndo atrás,organizando, ligando, entrando em contato, visitando propriedades, mostrando resultados, é um trabalho de meses para que o leilão ocorra com sucesso.” De acordo com os organizadores, a pecuária hoje tem que ser tratada em cima da tecnologia, tem que trabalhar a genética para obter números, animais melhorados, que tragam realmente o resultado de ganho de peso, habilidade materna,

animais com acabamento precoce, animais com conversão alimentar, então, em cima da tecnologia. “Os cliente que vem num leilão aqui lógico que ele também quer o melhor e ele esta buscando resultados, e quando ele vem num evento nosso é questão que ele está confiando na gente, então por isso aumenta nossa responsabilidade de atender bem o nosso cliente.”

A EVOLUÇÃO DO AGRONEGÓCIO

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Papel do consumo da carne na cognição humana

Por: Licinia de Campos Os ancestrais humanos habitantes das savanas secas e abertas da África, há cerca de 2 milhões de anos atrás, começaram a incluir rotineiramente a carne em suas dietas para compensar o sério declínio da qualidade dos alimentos vegetais, de acordo com o antropólogo físico da Universidade da Califórnia, Berkeley. Foi esta nova dieta com carnes, plena de nutrientes densos, que providenciou a catálise da evolução humana, particularmente o desenvolvimento do cérebro. Sem carne, é improvável que os proto-humanos teriam assegurado energia e nutrição suficiente com o consumo de vegetais disponíveis em seu meio-ambiente africano nesta

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época para evoluir às criaturas ativas, sociáveis, inteligentes que se tornaram. Diversos professores e cientistas da Universidade de Berkeley afirmam que as primeiras espécies humanas caçavam e consumiam carne desde 2,5 milhões de anos atrás. Em muitas partes do globo, onde as pessoas têm pouco acesso à carne, ocorre o risco de má nutrição. Isto acontece por exemplo, no sul da Ásia, onde se baseiam pesadamente em alimentos vegetais somente, arroz polido, e desenvolvem a doença nutricional, o beribéri. No próprio EUA, na região sul, onde muitas pessoas dependem em grande escala do milho, é comum o desenvolvimento de outra doença nutricional, a pelagra.

A carne supriu os primeiros humanos não somente com todos os aminoácidos essenciais, mas também com muitas vitaminas, minerais e outros nutrientes necessários, permitindo que fizessem uso marginalmente dos vegetais de baixa qualidade, como raízes, alimentos com poucos nutrientes, mas com muitas calorias. Estas proteínas, em conjunto com os carboidratos energéticos, complementaram a expansão do cérebro humano e, além disso, permitiram que os nossos ancestrais aumentassem de tamanho corporal, permanecendo ativos e sociais. O cérebro é um cruel consumidor de calorias. Necessita de glicose 24h/ dia. A proteína animal não fornece todas estas


calorias, daí a necessidade da complementação com carboidratos. Protegidos da deficiência nutricional pela carne, os ancestrais humanos puderam também intensificar seu uso de alimentos de origem vegetal com compostos tóxicos como os glicosídeos cianogênicos, alimentos que os outros primatas evitaram. Estes compostos podem produzir cianeto, veneno mortal, para o organismo, mas foram neutralizados pela metionina e cistina, aminoácidos ricos em enxofre presentes na carne. É difícil encontrar metionina suficiente em plantas. A maioria dos grãos domesticados ‒ trigo, arroz, milho, cevada, centeio e triguilho ‒ contém este composto cianogênico assim como muitos tipos de feijões e raízes amplamente consumidas, como taro e mandioca. Como os alimentos vegetais disponíveis aos primeiros humanos no meio-ambiente, ressequido e deflorestado, se tornaram menos nutritivos, a carne foi crítica para crianças desmamadas. Sem a carne, esses pequenos infantes não poderiam ter obtido material substancial suficiente para compor os nutrientes necessários para crescimento e energia do desenvolvimento cerebral. Os cientistas discordam das teses que afirmam que carne possa ter sido somente um alimento marginal para os primeiros humanos. A incorporação da matéria animal na dieta exerceu papel absolutamente essencial na evolução humana.

Nutrição e o cérebro humano A ingestão alimentar pode afetar o humor, comportamento e função cerebral. Uma pessoa com fome se sente irritada e cansada, ao passo que uma pessoa ao terminar de consumir uma refeição se sente calma e satisfeita. Uma pessoa sonolenta pode sentir-se mais produtiva após uma xícara de café e um pequeno petisco. Consumir um bife antes da prova na Escola, permite que o cérebro fique mais alerta. Um indivíduo com consumo menor de alimentos ou energia do que o necessário, por um longo período, pode ficar apático e temperamental. O cérebro humano possui altas necessidades em energia e nutrientes. As mudanças em ingestão energética ou nutricional podem alterar a química cerebral e o funcionamento dos nervos do cérebro. A composição da ingestão em energia e vários nutrientes diferentes afeta os níveis dos elementos químicos no cérebro chamados de neurotransmissores. Os neurotransmissores transmitem impulsos nervosos de uma célula nervosa para outra, e influenciam o humor, padrão em sono e pensamentos. As deficiências ou excessos de certos tipos de vitaminas ou minerais podem danificar os nervos cerebrais, causando mudanças na memória, limitando a capacidade de resolver problemas e desequilibrando a função cerebral. Vários fatores nutricionais podem influenciar a saúde

mental, incluindo: ingestão total energética, ingestão de nutrientes básicos (proteínas, carboidratos e gorduras), ingestão de álcool, e ingestão de vitaminas e minerais. Com frequência as deficiências em múltiplos nutrientes são responsáveis pelas mudanças no funcionamento do cérebro, mais do que um nutriente isolado. Pobreza, ignorância e dietas absurdas contribuem para deficiências nutricionais. Proteínas e saúde mental As proteínas são constituídas por aminoácidos ligados juntos em várias sequências e quantidades. O corpo humano pode produzir alguns dos aminoácidos, mas 8 aminoácidos essenciais devem ser supridos pela dieta. Uma proteína completa ou de alto valor biológico contém todos os 8 aminoácidos essenciais em quantidades necessárias ao organismo. Alimentos ricos em proteína de alto valor biológico incluem as carnes, leite e derivados, e ovos. Feijões secos, ervilhas, grãos, oleaginosas (nozes) e sementes também contém proteínas, embora as proteínas destes alimentos de origem vegetal sejam pobres em um ou mais aminoácidos essenciais, ou seja, incompletas. A ingestão proteica e a ingestão de aminoácidos individuais podem afetar o funcionamento do cérebro e da saúde mental. Muitos dos neurotransmissores do cérebro são produzidos a partir dos aminoácidos. O neurotransmissor dopamina é produzido a partir do aminoácido tirosina. O neurotransmissor serotonina

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é produzido a partir do aminoácido triptofano. Se o aminoácido necessário não estiver disponível, os níveis de cada neurotransmissor em particular diminuem e o funcionamento do cérebro e o temperamento podem ser afetados. Por exemplo, se houver falta de triptofano no organismo, não será produzida serotonina suficiente, e os níveis cerebrais baixos em serotonina estão associados com depressão e mesmo agressão em alguns indivíduos. Da mesma forma, algumas doenças podem causar um acúmulo de certos aminoácidos no sangue, levando ao dano cerebral e problemas mentais. Por exemplo, o acúmulo do aminoácido fenilalanina em indivíduos com uma doença chamada de fenilcetonúria pode causar dano cerebral e retardo mental. Cognição e nutrientes da carne Cognição ou a habilidade em percepção, pensamentos e lembranças, é influenciada por muitos fatores, um dos quais é a nutrição. A má nutrição protéico-energética, síndrome da múltipla deficiência em nutrientes, está associada com várias deficiências cognitivas e comportamentais. Entre as crianças, a má nutrição protéico-energética impacta negativamente no desenvolvimento mental e a cognição. Reduz também a interação da criança com o meio-ambiente, e que por sua vez leva a problemas com atenção, percepção, motivação, controle motor, atividade física

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e responsabilidade. Cada um destes comportamentos pode comprometer a capacidade da criança em aprender e sua atuação na escola. Entre os idosos, a má nutrição leva a deficiências cognitivas e reduz sua capacidade em independência. Mesmo deprivações nutricionais a curto-tempo, fome, ou o pular refeições podem afetar negativamente o desenvolvimento e atuação cognitiva. Deficiências de nutrientes específicos, em particular ferro e zinco, podem estar envolvidas em muitos dos mesmo efeitos atribuídos à má nutrição protéico-energética. A função cognitiva desequilibrada é um dos eventos potenciais severos associados com as deficiências em ferro, zinco e algumas vitaminas do complexo B. Como carne bovina é uma boa ou excelente fonte de muitos nutrientes (exemplo: ferro prontamente disponível, zinco, várias vitaminas do complexo B, etc.) envoltos no desenvolvimento cognitivo, é de particular interesse verificar até quanto a falta do seu consumo está afetando a cognição. Assim, considerando os benefícios potenciais do ferro, zinco e outros nutrientes na cognição, a necessidade do cumprimento destes nutrientes é importante para todas as idades. A biodisponibilidade de zinco difere entre os alimentos. Em geral, o zinco é mais disponível nos alimentos de origem animal que de origem vegetal. É sabido que o fitato presente em cereais e legumes limita a biodisponibilidade de

zinco. As pessoas podem ter risco de ter deficiência suave de zinco como resultado de más escolhas de alimentos, incluindo a baixa ingestão de produtos de origem animal, como carnes vermelhas, detentoras de alta quantidade de zinco prontamente disponível. Poucos estudos avaliaram o efeito do status de zinco na função cognitiva de adultos. Entretanto, dois estudos pilotos feitos com humanos mostraram que a deficiência suave de zinco prejudica a performance neuropsicológica de tarefas como memória visual de curto prazo. Com base em dados experimentais animais, a deficiência materna suave e moderada de zinco podem afetar de forma adversa tanto a função cognitiva da mãe humana como o desenvolvimento de seu bebê. Portanto, isto é particularmente verdadeiro durante os anos iniciais, quando o cérebro está se desenvolvendo, e por consequência suas funções subsequentes, e mesmo durante os anos finais, para ajudar a manter a cognição. A carne bovina é importante fonte de ferro e zinco biodisponível da dieta. Considerando o papel potencialmente benéfico desses nutrientes no desenvolvimento e na função cognitiva, a ingestão de carnes vermelhas, como carne bovina, pode melhorar a cognição, particularmente em pessoas com deficiência ou em risco dela.

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Encontro reúne pecuaristas no Show Rural Coopavel

Produtores de gado de leite e de corte receberam novas informações técnicas para produzir mais reduzindo os custos

A área técnica da Coopavel realizou mais um encontro tecnológico para produtores de leite e corte. O evento aconteceu nos dias 4 e 5 de Setembro, no Show Rural Coopavel e foi realizado em parceria com o Iapar ‒ Instituto Agronômico do Paraná. Cerca de 150 pecuaristas participaram do primeiro dia, quando foram abordados os temas sobre leite, sendo que a primeira palestra, com o médico veterinário Luiz Folgate ‒ da Alltech, enfatizou as oportunidades para baixar custos mantendo e melhorando a produção; e, a segunda palestra, com Rodrigo ‒ da Tortuga, informou sobre o desafio do período de transição

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em vacas leiteiras. No segundo dia o evento foi direcionado há aproximadamente 100 produtores de gado de corte, os quais receberam informações sobre tecnologia para a redução de custos no confinamento, com Luiz Kepler ‒ da Alltech, e projeto integração lavoura e pecuária, Coopavel e Iapar, com Dr. Elir de Oliveira, que também apresentou o tema aos pecuaristas de leite. As palestras foram proferidas no auditório, com complementação prática no campo, na área de pesquisa do Iapar/Coopavel, onde estão em demonstração várias tecnologias de integração da lavoura com a pecuária, as

quais são pesquisadas pelo Instituto Agronômico do Paraná, sob a coordenação do Dr. Elir de Oliveira e do departamento técnico agronômico e veterinário da cooperativa.

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Por que devemos apostar em carne de qualidade?

Por: Miguel da Rocha Cavalcanti No final de agosto, fiz uma palestra no tradicional seminário da associação de Angus durante a Expointer 2012. O evento trouxe uma série de estudos de caso sobre marcas de carne com produto Angus. Eu fiz uma das palestras da abertura do evento, com enfoque no mercado atual, perspectivas e principalmente nos motivos porque acredito que apostar em qualidade e em marcas será muito lucrativo daqui em diante. Eu acompanho, estudo e me interesso por marketing de carne bovina há mais de 10 anos. Tenho um grande arquivo de materiais sobre marketing de carne de todo o mundo e tenho participado ativamente de eventos nos últimos anos. Eu acredito muito que a pecuária precisa pensar mais em marketing, inclusive de uma forma mais ampla. Precisamos contar nossa história. Precisamos relembrar nossos clientes que carne é saúde e que faz parte de uma

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dieta saudável. Precisamos trabalhar em inovação e na criação de novos produtos. O primeiro motivo do porque devemos apostar em carne de qualidade é a concorrência. Carne bovina é mais cara. Isso já é verdade há bastante tempo e vai continuar assim. É provável que fique proporcionalmente mais cara daqui em diante. O frango se especializou em transformar milho e soja em proteína animal de baixo custo. A indústria de aquacultura está rapidamente se profissionalizando e crescendo. Para cada 2 quilos de carne bovina, ovina, suína e de frango consumidos no mundo, há um quilo de peixe sendo consumido. Ou seja, 33% de toda carne consumida no mundo é peixe, e temos nos esquecido desse importante concorrente. Temos muito volume de carne mais barata que o boi. E temos novidades tecnológicas que virão nos próximos anos. Já temos pesquisadores e investidores trabalhando para criar uma

impressora 3D de carne bovina. Parece uma completa loucura, mas em 10 anos é muito provável que se torne realidade. Mas será que o sabor vai ser o mesmo? Será que o prazer será o mesmo? Eu acho improvável. A briga da carne barata já perdemos. Mas a briga do sabor e da experiência de consumo estamos ganhando há décadas e podemos ganhar ainda mais. Eu mostro uma foto de um belíssimo steak, e todo mundo fica com água na boca. Ninguém no mundo deixa uma carne de alta qualidade de lado e escolhe um prato com frango. Enquanto frango significa preço baixo, boi representa o sabor. Produzir boi é caro, difícil e demorado. Falamos pouco nisso no Brasil, pois somos muito bons em produzir gado de corte. Muitos outros países estão diminuindo sua produção de bovinos de corte por não ter os mesmos recursos e a mesma eficiência que o Brasil. Outros países já descobriram que custa muito dinheiro, tempo e


Foto: Cesar Machado/Agrostock

“Como podemos ganhar dinheiro produzindo algo caro? A resposta está em vender qualidade, sabor e experiência. O consumidor prefere carne. Quando pode escolher, quando tem dinheiro no bolso, quando quer comemorar, a escolha é sempre carne bovina.”

esforço produzir carne bovina. Como podemos ganhar dinheiro produzindo algo caro? A resposta está em vender qualidade, sabor e experiência. O consumidor prefere carne. Quando pode escolher, quando tem dinheiro no bolso, quando quer comemorar, a escolha é sempre carne bovina. Outro ponto positivo para o Brasil é que o preço alto se origina da escassez. Quanto mais os outros países acharem difícil produzir boi, melhor para nós. Países como China e Rússia tentam ser autosuficientes em produção de carnes. É provável que vão conseguir com frango e suíno. Apesar de não ser impossível, vai ser muito, mas muito difícil se tornarem auto-suficientes em carne bovina. Não faz sentido em relação a recursos necessários como área e água. A primeira pergunta que aparece quando se mostra essa tendência é: tem mercado para isso? A resposta é sim. E melhor do que isso, um mercado crescente. O aumento de renda dos países emergentes não

aumenta apenas a classe média. Aumenta também as classes A e B. Na China, o mercado de luxo será de US$ 27 bilhões em 2015. No Brasil, espera-se que o mercado de luxo cresça 25% esse ano. Em 2005, havia 26 milhões de brasileiros nas classes A e B. Em 2010, eram mais de 42 milhões de pessoas. Ou seja, tem muito mais gente consumindo mais e melhor. A classe A e B consome mais, e principalmente consome melhor. Quer qualidade, quer sabor, quer experiência de consumo. Além disso, donos de lojas de carnes especiais contam que vendem carne por R$30-40/kg para consumidores da classe C. Em ocasiões especiais, todo mundo quer comer uma carne realmente especial. Outros produtos já descobriram esse mercado que preza pela qualidade e sabor. Sou um apreciador de melão, e acho muito frustrante provar um melão sem gosto, sem doce, parecido com um isopor. Um produtor resolvou tratar esse mercado de forma diferente. Criou uma embalagem

diferente (e simples), uma redinha. Colocou um nome, uma marca. E colou um adesivo garantindo que o melão era doce e saboroso. Esse melão é bem mais caro que um melão “comum”, pelo menos R$1 a mais por quilo, num produto que custa menos de R$5/kg. Ou seja, um sobre-preço de 20% ou mais. O mais incrível é que esse melão é vendido nos mais diversos locais. No varejo de luxo da cidade de São Paulo, que está acostumado a encontrar produtos especiais. Também pode ser encontrado num pequeno supermercado na cidade de São Miguel do Araguaia, no norte de Goiás, onde minha família tem propriedade. Ou seja, mesmo em cidades pequenas no interior do país tem mercado para qualidade, para produtos premium. Outro ponto interessante é que muita gente considera essa ideia nova. Mas já é bem antiga. Em 1978, há 34 anos atrás, a associação de criadores de Angus dos EUA criou uma marca de carne, a Certified Angus Beef. É a principal

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“Podemos criar marcas e produtos de luxo do campo que entreguem sabor, confiança e orgulho de ser do agro, de ser do campo.” marca de carne bovina daquele país, um exemplo de sucesso e uma inspiração para inúmeros outros projetos de marcas de carne bovina de outras raças e de outros produtores. É importante lembrar que a qualidade vai sair cada vez mais de dentro da fazenda. O frigorífico pode manter a qualidade. Mas é impossível (ou quase) fazer uma carne boa com um boi ruim. O contrário (boi bom virar carne ruim) é possível. Ou seja, se você tem vergonha do que faz dentro da sua fazenda, isso vai ser cada vez mais um problema. Se você tem orgulho, isso cada vez mais será uma oportunidade para ganhar mais, além da eficiência produtiva. Existem inúmeras marcas de luxo. Na grande maioria são luxos da cidade. Precisamos desenvolver os luxos do campo. Há um enorme mercado para isso. Mas será preciso vontade, coragem e pró-atividade. Ninguém virá pedir ou garantir alguma coisa. Será preciso arriscar. Podemos criar marcas e produtos de luxo do campo que entreguem sabor, confiança e orgulho de ser do agro, de ser do campo. Esse ano, o BeefPoint fez algumas viagens internacionais de estudo, como faz desde 2002. Fomos a congressos nos EUA e na Europa. Além disso, fizemos nossa primeira viagem técnica, para a Austrália, com 26 pessoas. Em todas essas oportunidades, fica muito claro que há muita, muita coisa boa acontecendo no Brasil, que pode ser mostrado com orgulho para o mundo. E fica claro também que podemos mais, que podemos avançar muito mais. O Brasil, em pecuária, é o grande destaque mundial, que mais pode avançar, em todos os segmentos. Para finalizar, gostaria de deixar como reflexão, uma frase do grande pensador da administração Peter Drucker: “Para ter um negócio de sucesso, alguém, algum dia, teve que tomar uma atitude de coragem”.

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Reunião discute rumos da pecuária paranaense

O representante da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) Ronei Volpi disse que a instituição está empenhada em convencer os pecuaristas paranaenses a trabalharem com a produção de carnes da mesma forma que trabalham com a produção de grãos •

Fonte: Agência Estadual de Notícias Lideranças da agropecuária paranaense e o Governo do Estado estão preocupados com a perda de espaço da pecuária de corte para as lavouras de soja, cana-deaçúcar e madeira. Sugestões para a reversão desse quadro foram debatidas na reunião do Conselho Estadual de Sanidade Agropecuária (Conesa). O secretário da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, defendeu a necessidade de trabalhar iniciativas de organização da cadeia da pecuária de corte. Ele adiantou que pretende ampliar a presença técnica do Estado e estimular missões técnicas para Mato Grosso, Rondônia e Goiás, líderes na bovinocultura de corte. Ortigara concordou com a proposta do Sindicarnes para criar uma câmara técnica permanente para discutir e propor ações para o setor. O

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diretor da Sociedade Rural do Paraná, Luigi Carrér Filho, disse que o Paraná já foi um grande exportador de material genético, mas perdeu espaço nesse setor. O reflexo desse cenário, segundo ele, é sentido na movimentação das feiras agropecuárias. Ele citou como exemplo a de Londrina, onde o resultado das vendas em leilão caiu da média de R$ 17 milhões, mantida desde 2003, para R$ 12 milhões neste ano. Para Ortigara, o Estado tem a oportunidade de fomentar uma pecuária com mais qualidade, desde que tenha envolvimento de todos os representantes da cadeia produtiva. Para o presidente do Sindicarnes, Péricles Salazar, o Paraná tem potencial para a atividade, mas os investimentos industriais em plantas modernas estão condicionadas a mais investimentos dos produtores. Salazar defendeu a necessidade de se estabelecer planos com

visão de longo prazo e não com a visão imediatista de lucros. O representante da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) Ronei Volpi disse que a instituição está empenhada em convencer os pecuaristas paranaenses a trabalharem com a produção de carnes da mesma forma que trabalham com a produção de grãos, pensando nos níveis médios de preço e não com base em picos de preço no mercado. Segundo Volpi, a cadeia produtiva deve se organizar para o mercado interno. “Antes, a gente tinha mercado que pagava melhor na Europa. Hoje, temos o mercado interno que paga melhor, mas também exige qualidade na produção”, justificou. Citricultura Outro assunto debatido no Conesa foi o alerta feito pela Agência de Defesa


Agropecuária (Adapar) para a ameaça de pragas quarentenárias que limitam o comércio interestadual de produtos cítricos. O engenheiro agrônomo Marcílio Martins Araújo, gerente de sanidade vegetal da Adapar, disse que há possibilidade da expansão da Doença de Greening (HLB), para regiões de citricultura com baixa tecnologia como o Sudoeste e o Vale do Ribeira. O Paraná se destaca na produção de citros, com 2,73% da produção nacional e apresenta potencial de crescimento com a implantação de pomares de alta tecnologia nas regiões Norte e Noroeste do Estado. Nessas regiões, a Doença de Greening vem causando grande impacto entre os citricultores que estão erradicando as plantas quando percebem a presença da doença, conforme determina a legislação fitossanitária nacional. “A preocupação é quando a doença se manifestar em regiões de baixa tecnologia, onde o impacto econômico será muito grande”, alertou Araújo. A Adapar orienta os produtores para que comprem apenas mudas de citros sadias e certificadas, fiscaliza o comércio de mudas, inibindo a venda por parte de vendedores ambulantes e monitora a aplicação de agrotóxicos que combatem o vetor da doença (psilidios). Segundo Araújo, a proposta da Adapar é intensificar a fiscalização com o estabelecimento de barreiras volantes para impedir o trânsito ilegal de mudas clandestinas. E também contar com a colaboração de responsáveis técnicos que são treinados pela agência para fazer a inspeção nos pomares para verificação da evolução da doença e para a emissão de certificados fitossanitários de origem, mantendo a doença sobre controle no Estado. Participaram da reunião do Conesa, o secretário da Agricultura, Norberto Ortigara, o diretor-presidente da Adapar, Luiz Inácio Kroetz, o presidente do Sindicarnes, Pericles Salazar, os representantes da Faep/Senar, Ronei Volpi e Antonio Poloni, o superintendente da Ocepar, Nelson Costa, o diretor presidente do Iapar, Florindo Dalberto, o diretor da Associação dos Engenheiros Agronômos do Paraná, Luiz Antonio Corrêa Lucchesi, entre outros membros.

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- Evento “Dia na varanda” Equipe Plantar

Agricultores e pecuaristas participantes

Dr. José Renato Silva Gonçalves

Trabalhos desenvolvidos com tecnologias e soluções para a pecuária de corte em todo o Brasil •

Por Wilson Maejima A Fazenda Figueira está localizada na região de Londrina, Norte do Paraná. Em 12 anos de atuação foram conduzidos 52 trabalhos de pesquisas, principalmente voltados para a bovinocultura, nutrição, reprodução, pastagem e melhoramento genético. Em evento promovido pela EMPRESA PLANTAR sobre sustentabilidade, a Fazenda Figueira mostrou o trabalho que foi desenvolvido para atingir a sua autossustentabilidade. A Fazenda foi doada para a ESALQ ( Escola Superior e Agronomia Luiz de Queiroz ), por um ex-aluno e, no testamento, uma das exigências era que a propriedade fosse um referencial de produção não somente para o Estado, mas para todo o País. O gerente da Fazenda, José Renato Silva Gonçalves, explica que 90% dos trabalhos geram teses que são publicadas em revistas cientificas ou

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compartilhadas em palestras e dias de campo. “O que observamos hoje é que as Universidades, e os Centros de Pesquisas, estão muito fechados ao redor deles mesmos. As informações acabam arquivadas em bibliotecas e não estão chegando ao produtor. É importante o trabalho de extensão.” Meio ambiente e desenvolvimento Uma das principais preocupações da Fazenda Figueira é estar 100% adequada às exigências legais de meio ambiente. O serviço da Engenharia Florestal fez um levantamento das ações e criou um projeto ambiental. “É importante atender a esse código, pois nos torna sustentáveis. Cuidar das nascentes, por exemplo, é uma maneira eficiente de garantir recursos para a profissão e

para o solo. O recurso hídrico na produção está diretamente ligado à disponibilidade de água para agricultura e para a pecuária também”, acrescenta. Antonio Carlos Sabadin, Gerente de Pastagens e um dos organizadores do evento, funcionário da EMPRESA PLANTAR há 19 anos, comenta sobre o enfoque que considera mais relevante nas palestras. “É importante trazer para o pecuarista as formas de melhor custo-benefício. E o professor Jose Roberto da Silva Gonçalves transmitiu para os pecuaristas a forma mais econômica de conduzir a pecuária. O pecuarista está passando hoje, por uma fase difícil, as margens de lucro diminuiram, então temos que criar alternativas para trazer um custo menor e retorno financeiro maior para o pecuarista.” Ele lembra que a Fazenda Figueira , era a princípio meio abandonada


e hoje é um exemplo de autossustentabilidade “Tive a oportunidade de conhecer essa fazenda. A topografia, o relevo, o solo argiloso, pedregoso. Todo o investimento ali foi com os recursos da própria fazenda. Hoje ela se tornou autoprodutiva, e tem estabilidade”, complementa. Em paz com a natureza Para Paulo Sergio Pinheiro, Técnico em Agropecuária, da EMPRESA PLANTAR, o importante é buscar resultados positivos na agricultura e pecuária buscando extrair o máximo possível sem degradar o meio ambiente. “A pecuária passou por períodos de vilã da história no desmatamento. E nós estamos fazendo com que a pecuária seja eficiente e produtiva minimizando esses efeitos contrários. Estamos conseguindo isso com tecnologia, com adubação, enfim, com todos esses recursos que hoje as instituições de pesquisas trazem para nós”. O palestrante do evento promovido pela Empresa PLANTAR, professor José Renato, foi trazido pela empresa D0W - AGROSCIENCES, que é parceira em eventos de grande importância para a região. Além de gerente, ele é também consultor e pesquisador dentro da Fazenda Figueira. As atividades vivenciadas ao longo do tempo na fazenda experimental são experiências de sucesso, pois, a área era uma fazenda improdutiva, e os seus idealizadores conseguiram deixá-la autossustentável Esses apontamentos que

fizeram a diferença foram relatados detalhadamente para o público de Cascavel, Guaraniaçu, Toledo, Ibema, Quedas do Iguaçu, e outras localidades que, apesar do clima do momento ser propício ao plantio, com previsões de chuvas para o final de semana, ainda assim o pessoal que se deslocou até o evento sentiu que vale a pena vir gastar esse tempo nesse aprendizado que com certeza vai ter um retorno lá na frente. Da teoria para a prática A Empresa Plantar busca cada vez mais a evolução. E realizou mais esse evento para trazer até o público presente novas informações, especialmente aos que acham difícil o deslocamento até a fazenda modelo. Dessa forma é possível ver o que os pecuaristas e equipe técnica estão fazendo por lá. Assim como em outros eventos, como a agricultura de precisão, a pecuária parte para a autossustentabilidade em diversas áreas de atuação, adubação, manejo, plantas, gramíneas diferentes, e tudo mais que seja eficiente para o pecuarista e para o agricultor. O Doutor Daniel Roberto Galafassi da empresa PLANTIPLAN, que trabalha com projetos globalizados e também prestigiou o evento, considera que o evento serve de orientação para todos que buscam conduzir sua propriedade da melhor forma possível em todas as questões relevantes, seja de economia, tecnologia ou ambiental. “Eles estão transferindo informações de dentro da academia para

a prática. Então, eles tem o conhecimento cientifico e mostram ao agricultor que é possível aplicar essas técnicas.” Tecnologia e sucesso Genésio Bortoli, gerente da empresa PLANTAR informa que entre outras atividades da empresa, tanto na agricultura como na pecuária, desenvolve, por exemplo, um trabalho de mais de 10 anos em pastagem sustentável. Então, é importante trazer profissionais com uma vasta experiência, doutor na área, para contribuir com os clientes e com a pecuária da região. “O objetivo é levar para o agricultor a alta tecnologia, mas nunca esquecendo que nós precisamos cuidar do meio ambiente”. De acordo com ele, podese trabalhar muito bem dessa forma e essas práticas são transmitidas durante a palestra do consultor, onde ele traz essas informações do que está sendo feito dentro de uma área, que é a abrangência da pesquisa. “É uma contribuição para aquelas pessoas que buscam um aprimoramento da sua atividade, de médio e longo prazo, porque a gente não consegue implantar e ter resultados no dia seguinte, mas todos aqueles que entendem esse processo gradual, e que buscam fazer um planejamento, com certeza vai ser beneficiado. Sem dúvida, e finalizando disse , “é plantando que nós temos a expectativa da colheita”.

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Equinos Perfeita integração Homem-Cavalo

Por: Professor Borba Atualmente, o cavalo não é mais domado no sen-tido lato da palavra. Isso quer dizer que ele não precisa negociar e experimentar novidades, como acontece com um cavalo que participa de um trabalho na pecuária ou de várias modalidades do esporte eqüestre. Ele tem procedimentos automáticos, pois é especializado para executar apenas uma modalidade. Acredito que o período mais importante da vida de um cavalo é a sua iniciação e os dois primeiros anos do programa de treinamento que chamamos de Escola Fundamental. Ocorre que, nem sempre temos na nossa cabeça o verdadeiro significado da base, pois perdemos a consciência do cavalo como um todo e, principalmente, a compreensão de que está muito longe de nós o modo

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como ele opera a própria vida. A primeira impressão que deixamos no potro, no início de cada nova fase do programa de treinamento é muito significativa. Daí a importância do domador, treinador ou cavaleiro ter como meta primordial do seu programa de treinamento o desenvolvimento do cavalo como um todo: físico, mental e emocional. Só assim, será capaz de evitar confusões, preparando o potro para que possa vir a ser um cavalo maduro e sólido no futuro. Não estou querendo dizer que vamos poder evitar toda e qualquer situação de confusão que traga experiências negativas. Quero, sim, apresentar os primeiros passos de cada nova fase, de maneira que tenha que lidar cada vez menos com situações confusas e todos os seus efeitos negativos que aparecerão mais tarde.

No entanto, as modalidades especializadas, assim como Apartação, Rédeas, Vaquejada, Tambor e Baliza, Salto e Adestramento estão crescendo muito por causa das enormes somas de dinheiro em premiações, e estão atraindo proprietários, treinadores, amadores e principiantes. Além disso, existem as pressões vindas dos custos de manutenção e hospedagem. “Não se pode perder muito tempo, é preciso mostrar o mais cedo possível se é capaz de fazer dinheiro.” Certamente, se o Potro do Futuro ou a prova de cavalos novos fosse um ano mais tarde, esses potros teriam muito mais chances de sucesso. Perfeita Integração Homem-Cavalo Motivação: O cavalo sabe tudo que a gente sabe. Mas também sabe tudo o que a


“Um cavalo que passa por períodos de intensas confusões no começo da sua carreira, com certeza acabará se tornando mais nervoso, medroso, angustiado, inseguro, frustrado ou ressentido” gente não sabe. O interesse dos cavalos está sempre nas suas necessidades imediatas, não planejam nem decidem como as pessoas; na maior parte das vezes, eles apenas reagem. Segurança física, mental e emocional são fatores primordiais na vida dos cavalos. Acredito que para eles, o instinto de auto preservação seja a sua motivação número um. Suas decisões são baseadas apenas em cuidar do presente. Vivem o “aqui e agora” no sentido lato desta expressão. Quando se sentem ameaçados, reagem da maneira que o instinto de auto-preservação lhes ditar. Se o mau tempo lhes castiga, um abrigo se faz necessário, a fome lhes motiva a satisfação das suas necessidades nutricionais básicas. Se por alguma razão acumularam excesso de energia, com certeza vão precisar gastá-la com exercícios. É o que basta para se sentirem felizes. Portanto, podemos dizer que é a pressão que cria a motivação. No entanto, é o alívio que realmente fixa o que queremos ensinar a eles. Porisso, no meu entender, a maior responsabilidade do cavaleiro é não deixar o cavalo

perceber a pressão como um ataque. É o equilíbrio (pressão e alívio) que vai determinar a atitude e as respostas do cavalo. Para que a pressão seja eficiente é preciso que a ênfase esteja no alívio, mas o alívio só vai ser eficiente se a pressão tiver significado para o cavalo. Quando um cavalo escapa para encontrar o alívio, é muito diferente de quando ele recebe uma pressão e procura pelo alívio. “Sensibilidade e timing” apurados são absolutamente imprescindíveis para que “pressão e alívio” tenham significado. Um cavalo que experimenta mais pressão do que alívio vai brigar e criar resistência, mostrando aquilo que não conseguir tolerar, porém, vai tolerar tudo aquilo que não conseguir evitar. Para que o cavalo possa não confundir a pressão com um ataque, é preciso proporcionar uma situação onde ele se surpreenda, percebendo que foi ele mesmo quem criou aquele desconforto. O cavaleiro que consegue engendrar esse tipo de situação, isto é, fazer com que o cavalo se perceba dentro de um desconforto, o qual ele mesmo criou, está falando a linguagem própria do cavalo. Fazendo um paralelo com

as experiências que ele vive no seu mundo, o resultado é que o cavalo passa a respeitar o cavaleiro e a responder a ele de uma maneira muito diferente. Essa é a diferença entre escapar para conseguir o alívio e de procurar pelo alívio. Qual é o seu trabalho. Precisa existir uma intenção, um significado acompanhando cada coisa que pedimos ao nosso cavalo. Para um potro que já aprendeu a nos carregar e já tem um pouco de controle, ficar no redondel ou na pista é, no mínimo, frustrante. Em muito pouco tempo, tudo é conhecido e já não existe mais nenhum motivo para que ele se movimente, a não ser o seu cavaleiro querendo ser obedecido. Quando um cavalo compreende que existe “um porquê” acompanhando tudo que lhe pedimos, ele se percebe útil, fazendo parte de uma atividade e, dessa maneira, tudo fica mais fácil e simples. Quando estamos num lugar aberto, a curiosidade do potro fica muito mais aguçada. Portanto, não é difícil oferecermos uma direção que ele possa se interessar e queira ir. Verificar cercas e

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bebedouros, levar sal para o pasto são atividades que dão ao cavalo o sentido de estar sendo útil, parceiro. Dessa maneira fica fácil para o cavaleiro estimulá-lo a ir de um lugar para outro. O cavalo não vai conseguir desenvolver a confiança no seu cavaleiro antes de estar confiante a respeito de si mesmo e do meio ambiente. É isso que mais tarde vai possibilitar que eu e o meu parceiro possamos ficar juntos. Sair do redondel e da pista levando o cavalo a negociar obstáculos naturais, assim como morros, barrancos, valetas, brejos e córregos também cria no potro um outro tipo de atenção, mostrando-lhe a vida real. Acordar o instinto da “preservação” e criar situações em que possa ajudá-lo a transformar medo em coragem, insegurança em segurança, frustração em satisfação, etc.... Dessa maneira estou criando uma oportunidade, onde ele possa me procurar por segurança. Quero que ele acredite e confie que estou ali para dar apoio e ajudar. Essa é uma das melhores oportunidades para construir uma relação honesta e, dessa maneira, ensiná-lo a não me confundir com aquilo que causa a insegurança, medo, angústia ou frustração. Repetindo, o foco precisa estar no desenvolvimento do cavalo como um todo: físico, mental e emocional. É muito mais fácil ensinar um cavalo a enfiar as patas por baixo da massa quando estou descendo um barranco ou algum declive do que motivá-lo

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a executar essa manobra na pista. E com certeza ele vai levar essa experiência para a pista quando estiver aprendendo a parar e a recuar. Repetindo: sensibilidade, timing e equilíbrio são fundamentais para que possamos ajudá-lo a compreender que quando estamos juntos temos uma tarefa a cumprir. Buscar as vacas de leite e apartar os bezerros são atividades extremamente produtivas; ele quer seguir aquela vaca (instinto de manada), isso dá a ele um sentido real para estar ali. Em todos esses exemplos existe um propósito: temos um serviço a ser feito. Uma sessão dessas equivale a dez sessões na arena ou pista, galopando círculos ou diagonais. Quando o cavalo galopa para a direita, ele movimenta as patas de uma maneira diferente daquela que usa para galopar para a esquerda. Popularmente chamamos essa movimentação de galopar na mão. Quando um cavalo galopa para a esquerda usando as patas como se estivesse para a direita, dizemos que ele está na mão errada. No entanto, muitos treinadores usam essa movimentação - chamada na Equitação Clássica de Galope Falso - como um exercício para ajudar o cavalo a equilibrar o lado direito com o esquerdo. Galopar na mão é uma movimentação que tem um grau de dificuldade grande, principalmente para os principiantes e amadores. A pergunta é a seguinte:


“Nos cursos de Iniciação de Potros, quando vamos galopar pela primeira vez e o cavaleiro coloca o peso para frente, muitos potros se sentem mal e corcoveiam, derrubando o cavaleiro”

Se você não sabe de nada disso, sai galopando e, por acaso, seu cavalo sai na mão esquerda e, quando chega no fim da pista você faz uma curva para a direita, o que acontece? A maioria das respostas está relacionada com a biomecânica, assim como: Ele se desequilibra e volta a trote. Alguns se arriscam a dizer que o desequilíbrio pode até fazer com que o cavalo caia, enquanto outros opinam, dizendo que ele trança as pernas. Porém, ninguém responde do ponto de vista do cavalo. O mais importante aqui é que ele sabe que o cavaleiro não sabe. Depois que as pessoas se dão conta disso, partir na mão certa continua um problema, pois elas precisam se inclinar para frente e olhar para baixo para se certificar em que mão o cavalo está partindo. Não sabem que dessa maneira estão sobrecarregando o anterior, criando um obstáculo que o cavalo precisa transpor. Nos cursos de Iniciação de Potros, quando vamos galopar pela primeira vez e o cavaleiro coloca o peso para frente, muitos potros se sentem mal e corcoveiam, derrubando o cavaleiro, que nessa posição está com o seu equilíbrio comprometido. Quando um cavalo faz uma curva para a direita, por exemplo, ele contrai o lado de dentro (direito) e alonga o lado de fora (esquerdo) para compensar o centro de gravidade. Essa é a razão que me faz concordar com a teoria de que se colocarmos mais peso num dos estribos, ele contrai o lado oposto do peso

e, conseqüentemente, alonga aquele que recebeu mais peso para resgatar o seu equilíbrio. Esse é também o motivo pelo qual, ao ensinar o meu cavalo a arquear o seu corpo para fazer uma curva, transfiro o meu peso para o estribo de fora, mudando o seu centro de gravidade, facilitando assim a sua compreensão daquilo que estou querendo. Quando vou ensiná-lo a recuar, gosto de aliviar o meu assento, ajudando-o a arquear a coluna verticalmente. Da mesma maneira nas paradas, quero poder ajudá-lo, sentando mais profundamente, girando o meu quadril para trás, levantando o púbis. Compensar o peso vai auxiliá-lo a manter o seu equilíbrio (centro de gravidade), encorajando a manobra ou propiciando que o movimento aconteça. Relembrando: Só o desenvolvimento e o refinamento da “sensibilidade, timing e equilíbrio” (feel, timing and balance) podem ajudar o cavaleiro a perceber como o seu corpo e a sua postura influenciam no comportamento do seu cavalo. Quanto mais desenvolvemos esse trinômio, mais o cavalo entende que sabemos a respeito das suas necessidades internas. Apenas dessa forma vamos conseguir desenvolver o que chamamos de parceria. O peso do cavaleiro para o lado de fora ajuda o cavalo compreender o que é esperado dele “O cavalo sabe tudo que a gente sabe, mas ele também sabe tudo que a gente não sabe”.

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Por pura falta de conhecimento as pessoas fazem as coisas de maneira errada com os cavalos. Um cavalo bem domado precisa: 1- Saber o significado de ficar parado (estacionado). Isso facilita e aumenta a segurança do cavaleiro quando no chão, assim como para montá-lo e desmontá-lo; 2- Saber empurrar-se para frente usando a garupa; 3- Saber se puxar usando a garupa para parar e recuar. Porque só assim as paradas e o recuo poderão ser executados com leveza e suavidade, sem apresentar resistências; 4- Saber desengajar a garupa, isto é, aprender a neutralizar o movimento - nem para frente, nem para trás; 5- Saber apontar o focinho para a esquerda e fazer seu corpo segui-lo, arqueado e equilibrado, onde o posterior de dentro faça uma linha reta com o anterior de fora; 6-Deve ser capaz de fazer o mesmo para a direita, para que possa desenvolver o mesmo equilíbrio dos dois lados; 7- Saber fazer transições crescentes usando a garupa para se empurrar e decrescentes usando a garupa para se puxar. Dessa maneira, ele minimiza a possibilidade de perder o equilíbrio. Durante as

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transições, leveza e suavidade são fundamentais para que ele possa manter uma boa posição de cabeça; 8- Saber mudar de direção a galope com a mesma tranqüilidade, leveza e suavidade que o faz a passo e a trote; 9- Saber trabalhar com o seu corpo flexível, não apresentando resistência em nenhuma parte do corpo; e 10Saber trabalhar alinhado, isto é, cabeça, pescoço, paleta e garupa devem estar na mesma direção. Cursos & Clínicas Para que o trato com os animais possa melhorar é preciso influenciar a maneira de pensar das pessoas envolvidas com eles. Não é que as pessoas façam coisas erradas com os cavalos, elas as fazem da maneira errada, por pura falta de conhecimento. Quando um cavalo compreende o que precisa fazer com a sua caixa das costelas, pernas, patas, cabeça, e a mente, tudo fica macio e suave. Fomos nós que invadimos a sua vida, não foi

ele que chegou até nós e disse: “Vamos fazer alguma coisa juntos, acho que vai ser legal! Vamos lá!!!! Não, não foi assim. De alguma maneira, em algum lugar, nós invadimos a sua vida e o trouxemos para o nosso convívio. E agora temos a enorme responsabilidade de ensinar alguma coisa a ele, acreditemos ou não. Além disso, escolarizálo é a única forma de não sermos cruel com ele. Na verdade, é a maneira como iniciamos cada fase do Programa desse Potro é que vai determinar o seu sucesso ou o seu fracasso durante a sua vida útil. É evidente que um cavalo de qualquer modalidade - lazer, trabalho e principalmente esporte - que tiver uma base sólida, estará muito mais preparado para fazer sucesso naquilo que vai ser o seu trabalho no futuro. Lidamos com cavalos e gado como se estivéssemos no Japão. Comemos, bebemos, nos divertimos etc..., mas numa rodinha de japoneses, quanto por cento entendemos da conversação?


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Piscicultura Descubra o peixe mais adequado ao seu tanque

Espécies cultivadas Na criação de peixes, é comum que sejam criados os de boa origem, mais resistentes a diversos tipos de clima, que poderão dar retorno financeiro aos seus cultivadores. As espécies são as mais variadas, entre elas estão: a tilápia, a carpa comum, o tambaqui, o pacu, o tambacu, o pirarucu, o pintado, pintado amazônico, dourado, pirarara, a truta e o salmão, entre outras espécies. O salmão e a truta são as espécies de mais rápido crescimento, porém sua manutenção não é barata. » As Tilápias são as mais cultivadas na piscicultura. Elas são bem tolerantes a troca de temperaturas e são capazes de superar as concentrações de sal da água.

» A Carpa Comum, Carpa

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Espelho e Carpa Cabeça Grande, como é conhecida, é cultivada em criadouros cavados e pode ser consorciada com outras culturas, seja agrícola ou animal. Ela é utilizada também na ornamentação. Alimenta-se tanto de fonte animal quanto vegetal. Pode chegar até 100 kg, mas no cultivo para a venda no comércio, atinge cerca de dois a seis quilos. » O Tambaqui, de origem amazônica, é cultivado tanto em tanques-rede quanto em viveiros escavados. Eles se adaptam aos policultivos, salvo se for a espécie predominante, quando há criação de mais de uma espécie. Consomem ração balanceada e se alimentam de frutos e sementes. Chegam a 45 kg e, aproximadamente, um metro de comprimento. » O Pacu, Caranha ou Pirapitinga, se alimentam mais de frutas, sementes e não é comum que ele coma peixes, crustáceos e moluscos. Consomem ração balanceada e essa espécie pode ser cultivada em viveiro escavado ou tanques-rede. Há possibilidade de chegar a 20kg e medir 80 centímetros de comprimento.

» Os Tambacus são cultivados em tanques-rede ou criadouros escavados e podem chegar a 30 kg e medir 80 centímetros. » O Pirarucu é carnívoro pode alcançar um peso de mais de 200 kg e simultaneamente, seus três metros de comprimento. Esse animal pode ser cultivado em viveiro escavado. » O Pintado consome ração para peixes carnívoros, possui uma grande quantidade de carne, além do nobre sabor, não possui espinhas e pode ser cultivado em pequenos açudes, lagos e represas. »O Pintado Amazônico ou Jundiara é sensível às baixas temperaturas e climas temperados, consome ração para peixes carnívoros e a espécie também é cultivada em viveiros. » Os Dourados são peixes esportivos, todavia, podem ser comercializados, possuem qualidade no sabor da carne e podem ser cultivados em tanques cavados. É um peixe bom para povoar grandes açudes. » A Pirarara é usada em engordas comerciais, lagmos ornamentais e pode ser utilizado para o povoamento


de açudes. Consome ração para carnívoros. » As Trutas são peixes sensíveis e devem ser criados em temperaturas entre 10º e 20ºC, com teor de oxigênio dissolvido em nível de saturação. Elementos como o pH da água, devem estar entre 6,5 e 8,5, sendo 7,0 o valor ideal. Podem ser cultivadas em tanques, com água corrente e fria e de preferência em tanques de alvenaria.

» O Salmão é um peixe carnívoro e sua alimentação é à base de farelo de anchova, restos da industrialização de peixes, arenque, etc. Por não ser um peixe típico de clima tropical, deve receber um tratamento mais adequado, exercer a piscicultura intensiva. Despesca A despesca é tão somente retirar os peixes dos tanques, mas não é tarefa simples: é preciso seguir alguns procedimentos para realizar a prática. » Esvaziar o tanque até ficar com pouca água, mas não esvaziar por completo, muito menos deixar só a lama que fica embaixo da água. » Utilizar uma rede ou tarrafa no que sobrou de água para a despesca. Devem-se evitar possíveis feridas que são prejudiciais ao processo de conservação do pescado. Portanto, é essencial a pesca no período da noite, início ou fim do dia, como nos dias de chuva.

A EVOLUÇÃO DO AGRONEGÓCIO 83


Ecologia Desenvolver preservando para… preservar o desenvolver

Fonte: Agricoma O Código Florestal vem sendo discutido em muitas audiências há anos e foi finalmente aprovado pela sociedade, representada por seu Congresso. Muitos brasileiros e parte da imprensa aproveitaram o momento para contrapor a agricultura com o ambiente, gerando um grave dano à imagem da agricultura e promovendo a discórdia.O mais recente caso, estimulador deste texto, é o debate editado pelo respeitável jornal Valor Econômico (04/05/12), consolidado por três jornalistas. Explicando ao leitor que não teve acesso ao conteúdo, é feita uma chamada na capa com o título “empresários defendem veto a Código Florestal” e a matéria é um debate de respeitáveis executivos e cientistas com trabalhos na área econômica, social e ambiental, advindos de uma Fundação de preservação de matas, uma empresa de cosméticos, de embalagens cartonadas, uma produtora de papel e uma

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telefônica, além de um cientista da USP. Sintetizo minha análise em 4 blocos: as principais proposições vindas deste debate; os principais aprimoramentos necessários às visões; as contribuições à imprensa e as considerações finais. Entre as principais proposicões, temos interessantes ideias. Destacamse as oportunidades que se abrem ao Brasil de liderar uma nova pauta da economia verde, do menor carbono, de certificações e pagamentos por serviços ambientais. Levantam a ideia de que é necessário produzir mais com menos recursos, reduzir as perdas (estimadas em mais de 20% da produção) e acreditam que com gestão a produtividade pode aumentar. Temos que pensar 100 anos à frente. Também aparecem a importância de se recompor o orçamento da EMBRAPA e de outros órgãos de pesquisa, sair da clivagem “desenvolvimento x sustentabilidade” e “natureza x urbano”. Chamam a atenção para os gargalos de infraestrutura, para a necessidade de incentivos na correção do que foi feito de errado em desmatamento. Utilizar a Amazônia como uma fonte de riquezas da

biodiversidade lembrando do direito de pessoas que vivem nestas regiões terem atividades econômicas e desenvolvimento. Lembram também da necessidade de se votar medida provisória que dá acesso a patrimônio genético, a necessidade de se extrair mais renda da visitação das áreas preservadas, se recuperar mais as áreas degradadas e investir no turismo. Destacamse também as iniciativas de criação dos corredores de biodiversidade entre áreas de reserva legal e APPs. A segunda parte deste meu texto são os aprimoramentos de visão necessários, por aparecer, em alguns momentos, um desconhecimento do que é o agro brasileiro. Serão apresentadas aqui as frases colocadas no debate, em itálico, sendo algumas agrupadas, e as minhas observações logo após. “…O código deixou o Brasil na era medieval…”, “…o texto que foi votado é terrível…”. Esta visão é parcial. Existem melhorias reconhecidas por cientistas no documento e ele tem benefícios de eliminar uma grave insegurança jurídica que assola as propriedades. “…A expansão da área agrícola é única solução proposta e não se fala uma


palavra de produtividade…”; “…O Brasil vai perder o jogo da produtividade, da tecnologia e da inovação e aí vem a solução fácil: derruba mais um pouco de floresta e aumenta a área plantada…”; “…não precisa derrubar mais nada… tem muita área já derrubada…”. Estas colocações não estão bem feitas. Os cientistas e agricultores brasileiros vêm lutando ferozmente pelo aumento da produtividade. Enquanto no mundo cai a produtividade, no Brasil ela cresce quase 4% ao ano e 50 milhões de hectares foram poupados graças a este esforço. Também é um equivoco achar que precisamos derrubar mais árvores para expansão da produção. Existe parte dos 200 milhões de hectares de pastagens que podem ser usados para futuras áreas agrícolas. “…A questão dos alimentos não é de produção, é de escoamento…”. Sem dúvida há muita perda na logística, mas aqui também existe um desconhecimento do que acontece no mundo asiático e africano que cresce a mais de 6% ao ano. A FAO estima que teremos que dobrar a produção em 30 anos, graças ao aumento da população, urbanização (90 milhões de pessoas por ano vão para as cidades), distribuição de renda, biocombustíveis (nos EUA usam 130 milhões de toneladas de milho) e outros fatores. O Brasil é primordial para isto, dito pela UNCTAD e FAO (ONU). “…Vamos para a Rio + 20 com cara de vergonha…”. Como já escrevi em outros textos, a vergonha dos cientistas

e participantes brasileiros na Rio + 20 não será com o Código Florestal, mas sim em explicar ao mundo porque destruímos o combustível renovável mais respeitado, que é o etanol de cana, aqui dentro do Brasil. É a pergunta que me fazem cientistas internacionais. “…Estamos exportando commodities de baixíssimo valor agregado…”. Nesta colocação temos um grave equívoco, até uma ofensa aos produtores e industriais brasileiros. Existe enorme conteúdo tecnológico trazido pelos nossos cientistas dentro de um grão de soja, de café, de um litro de etanol, de suco de laranja, de celulose, de açúcar, de carne bovina. Fora isto, estamos cada vez mais exportando comidas prontas e embaladas. Os termos de troca são cada vez mais favoráveis às commodities. Vivemos a era das commodities, e chamar nossa pauta de baixo valor agregado chega a ser ingênuo. “…O projeto votado agora vai contra a maioria da população, que não quer hoje o desmatamento, não quer a redução da floresta nas margens dos rios…”; “…tem quatro brasileiros de cada cinco que estão a favor da Presidente para o veto…”. Eu desconheço estas pesquisas, e também não creio que foi aprovado um Código Florestal que estimula o desmatamento de novas áreas. É uma mensagem errada que está se passando a população. O agro para se desenvolver, não precisa desmatar. Na terceira parte deste meu texto tenho algumas

contribuições a apontar à imprensa. A primeira vai no sentido de, em debates, equilibrar as opiniões. Neste caso, chamar pessoas que acham que o Código Florestal, com todos os seus problemas, representou avanços ao Brasil. Poderiam ter sido convidados representantes da ABAG, do ICONE, da Cooxupé, da Coamo, da Cosan, da Bunge, da BRF, do Congresso (Deputados Aldo Rebello ou Paulo Piau), de Sindicatos de Produtores, de Trabalhadores. A segunda é que a manchete dada reflete uma generalização de algo que não é generalizável. Uma pessoa que apenas lê “empresários defendem veto a código florestal”, e boa parte do Brasil lê apenas manchetes, é levada a pensar que houve ampla pesquisa quantitativa e que o setor empresarial brasileiro é contra o Código, quando na verdade isto é fruto do debate de apenas 6 pessoas. Isto as vezes acontece na imprensa, um título (manchete) que tenta generalizar algo que não é generalizável. É preciso cuidado nisto. A ilustração principal da matéria é uma árvore sendo cortada com uma motosserra. Para sermos mais equilibrados, melhor contribuição seria se a matéria tivesse o título de “sugestões de aprimoramentos ao código” e a imagem fosse propositiva, com equilíbrio de produção e lindas matas, e são inúmeras as imagens no Brasil de propriedades agrícolas certificadas internacionalmente. Apresentar uma mortal imagem de árvore com motosserra foi danoso ao

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agro. É necessário parar com o “ruralistas x ambientalistas”, esta contraposição é danosa ao desenvolvimento equilibrado do Brasil e é estimulada pela própria imprensa. Como conclusões, por mais que este processo seja criticado, o código foi democraticamente aprovado pela sociedade brasileira e seus representantes, no Senado e na Câmara. Na minha singela opinião, pressionar a Presidente para vetar este Código é uma afronta à sua pessoa e à democracia. Dizer que é a principal decisão de seu Governo, ou frases do tipo “vou cair da cadeira se a presidente Dilma não vetar” ou “Dilma escreve o nome dela na história de uma maneira ou de outra: com tintas vermelhas ou tintas azuis” não contribuem. Este código deve ser aprovado e iniciarmos já os debates para uma próxima versão mais moderna e contemporânea, para ser novamente aprovada daqui 5 ou 10 anos. É preciso avançar sempre, debater sempre e respeitar sempre. Finalizo dizendo que tenho oportunidade de viajar uma vez por semana e fazer pesquisa com produtores e industriais do setor agro em todos os cantos do Brasil. É necessário sairmos dos nossos escritórios seguros e refrigerados dos grandes centros urbanos, ir ao campo e ouvir esta gente. É destas viagens e pesquisas que vêm nossos textos e livros propositivos. Conversar, principalmente escutar e sentir a luta do nosso produtor contra o arcaico sistema trabalhista, tributário, logístico, ambiental, sua luta contra a taxa de juros,

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a falta de crédito, o câmbio, as intempéries climáticas, sua luta contra as pragas e doenças e ouvir atentamente os casos de assaltos e violência aterrorizando as famílias do campo. Lembrar que o jornal Valor do mesmo dia coloca em seu editorial a preocupação com a rápida deterioração da balança comercial brasileira. Vale ressaltar que esta gente da agricultura vai exportar, em 2012, US$ 100 bilhões e importar US$ 20 bilhões, deixando um saldo de US$ 80 bilhões ao Brasil. Em 2000 exportávamos US$ 20 bilhões no agro. A exportação cresceu 5 vezes em 10 anos. Renomadas revistas mundiais com a Economist, a Time, Chicago Tribune, Le Monde deram enorme destaque e chamaram isto de silenciosa revolução do campo brasileiro. Quem viaja sabe que temos muito poucos setores admirados lá fora, e este é um setor que joga na primeira divisão mundial. Se o Brasil vai fechar 2012 com um saldo de apenas US$ 15 bilhões, uma conta simples mostra que sem esta gente do campo, a balança brasileira pularia do saldo de US$ 15 bilhões para um deficit de US$ 65 bilhões. Cairia por terra o Real, voltaria a inflação, cairia a arrecadação de impostos e desapareceriam milhares de postos de trabalho. E também precisaremos devolver nossos microcomputadores, tablets, carros, e todos os outros 25% dos produtos que consumimos, que são importados. Vai também faltar dinheiro para usar perfumes, telefones,

cadernos, livros e produtos com embalagens cartonadas. É preciso respeitar quem traz o caixa do Brasil, quem traz a renda do Brasil, que depois é distribuída fartamente em todos os cantos. É injusto associar esta gente a desmatamento, a motosserra, a destruição, com opiniões dadas sem maior fundamento. O Brasil terá nos próximos 20 anos a maior e melhor agricultura do mundo, trabalhando dia e noite para ser a mais sustentável nos pilares econômico, ambiental e social. O mundo implora ao Brasil para atender à explosão de demanda por alimentos e bioenergia. Podemos tranquilamente exportar US$ 200 bilhões em 2020 e US$ 300 a 400 bilhões em 2030. Vamos deixar esta gente do campo trabalhar e tentar ajudar. Temos que aumentar a produtividade, plantar em novas áreas de maneira sustentável, investir em pesquisa, ciência e inovação e caminhar para construir esta agricultura, este “agro-ambiental”, com ideias, nos desenvolvendo com preservação e, com isto, preservando nosso desenvolvimento. O verdadeiro e mais forte “código” será cada vez mais dado pelo mercado consumidor, fortalecido pelas novas mídias sociais e que caminha rapidamente para não aceitar produtos que não obedeçam certificações respeitadas internacionalmente. Gerar a discórdia e desrespeitar o agricultor, que é quem coloca a comida na mesa e enche o nosso bolso de dinheiro não deve ser um objetivo dos verdadeiros brasileiros.




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