A OCULAR DA ANTROPOLOGIA GNÓSTICA
É
intrínseco ao Homem, diferentemente de todos os demais seres da Criação, a busca incessante pelo conhecimento. Tal como uma força, um princípio motriz, a busca pelo conhecimento atua, sobretudo, nos matizes humanos mais inquietos. Contudo, o capital de tal força tem se esgotado nas ciências convencionais, um solo inóspito para seus desígnios, fenômeno característico de nossos tempos. Atraída, por meio do império dos sentidos, às ciências convencionais, tal força motriz usualmente gravita no mundo em que andamos, das imponentes construções, dos maquinários engenhosos, das abstrações cósmicas, entre sofisticadas distrações, capazes de esgotá-la à totalidade, sem permitir-lhe nunca o encontro com o Real, objetivo último da Ciência. A Antropologia Gnóstica direciona a força motriz do conhecimento em um sentido oposto. Enquanto as ciências convencionais projetam-se sobre o Mundo, a Antropologia Gnóstica projeta-se sobre o Homem. Para isto, há que ir mais além do que perceber as manifestações de forma diferente. Há que percebê-las com sentidos de percepção diferentes. Aguçar a audição e a visão são para a besta e sua caça. Vital para o animal, o império dos sentidos é obsoleto e retardatário para o Homem que quer deixar de ser animal. Para este, o esforço se direciona no desenvolvimento de sentidos de percepção que lhe permitam adentrar através das portas do inato, oculto e intransmissível. Mergulhar em sua própria natureza, perceber as forças da criação, se encontrar com os mistérios genésicos e ígneos contidos no Homem e imortalizados nos mitos e na arte régia das Civilizações Serpentinas, esses são os objetivos da Antropologia Gnóstica. Direção da AGEACAC Realização:
Apoio Editorial: Editora Mória - Livros Gnósticos www.moria.org.br
Revista
Gnosis
EXPEDIENTE DIRETOR GERAL: Vinícius Pires Dias Teixeira DIRETOR ADMINISTRATIVO: Daniel de Queiroz Barbosa DIRETOR EDITOR: Demian Reinhart DIRETOR DE ARTE: Rafael Rizzato Ribeiro REVISÃO DE TEXTO: Silvana Aparecida de Freitas Demian Reinhart COLABORADORES: Alexandre do Amaral Ferreira Eduardo Garcia Ávila Lima Fabiano Valente Nunes Francisco Wélio Salazar Lucas de Souza Bach Vinícius Audino
Tiragem: 26.000 exemplares
Fale Conosco: Envie seu email com sugestões e críticas para: direcao@ageacac.org.br
Sumário
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Ano Sideral e as 12 Eras
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Os dois Mundos
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O Homem, a mais elevada Expressão da Criação
O Número Quatro, Símbolo do Poder e do Domínio
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Equilíbrio Biopsíquico
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Curso de Gnosis
Revista
ASTROLOGIA
Ano Sideral e as 12 Eras Cada Era é determinada pelo alinhamento do Sistema Solar com uma das Constelações, sendo marcada por suas características natas.
A
Ilustração do Sistema Solar de Ors
ssim como dia e noite ocorrem devido ao movimento de rotação da Terra, e as estações do ano por causa de seu movimento em torno do Sol, grandes sábios da antiguidade observaram um ciclo ainda maior, que trazia consigo eras de luz e eras de escuridão, marcadas pelo movimento dos astros, influenciando a ascensão e queda das civilizações. Esse ciclo conhecido como Grande Ano, ou Ano Sideral, é contado por meio do aparente movimento do Sol na abóbada celeste, em relação às 12 constelações zodiacais. A volta completa prolonga-se por 25.920 anos, e cada idade ou era é determinada pelo alinhamento do Sol (e conseqüentemente todo o sistema solar) com uma das Constelações, o que perdura cerca de 2.148 anos, sendo marcada por suas características natas.
A Precessão dos Equinócios Esse mágico evento pode ser explicado através de um fenômeno chamado Precessão dos Equinócios, que é a oscilação da Terra ao redor de seu eixo, o que faz com que o norte aponte sucessivamente para diferentes estrelas no decorrer do tempo. Devido a este movimento, a cada 2.148 anos o Equinócio de Primavera se alinha com diferentes constelações. Para a maioria dos povos antigos, o Zodíaco era sagrado. A entrada em uma nova era sempre foi celebrada com festas. Sempre houve heróis, homens deuses, como 4
viva representação do Astro Rei, o Sol, e ao seu redor foram criados vários mitos e ritos para representar o reinado do Sol durante as eras zodiacais. Assim, reconstruíamse os templos, jardins, estátuas, para expressar as características das mesmas.
As Eras e suas Representações No Antigo Egito, por exemplo, houve dinastias que, durante a Era de Touro, adornaram seus templos com a figura do mesmo. Cultuava-se ao Touro Sagrado Ápis, à Deusa Hator, com cabeça de vaca, etc. Da mesma época, provêm os cultos hindus à Vaca Sagrada. Posteriormente, os templos egípcios passaram a ser adornados com a figura do carneiro, pois o planeta já estava sob a influência da constelação de Áries. A mitologia persa mostra essa transição, por meio da figura do Deus Mitra matando o Touro. Muito mais tarde, chega a Era de Peixes, e com ela o Cristianismo, onde o grande Mestre Jesus mostra a morte da Era de Áries pondo fim aos sacrifícios animais e imolando seu próprio corpo, sendo por isso chamado de “Cordeiro Imolado”. Seus profetas ou apóstolos eram tidos como "pescadores". Até hoje, um dos principais símbolos cristãos é o Peixe, que representa o reinado solar na Era de Peixes.
Gnosis Toda essa alegoria certamente ocorria porque tais povos, vivendo em harmonia com a natureza, compreendiam que a mesma, e conseqüentemente o ser humano, são tremendamente influenciados pelas forças siderais. Podemos evidenciar claramente como os astros influenciam uns aos outros tanto no sentido físico, magnético, gravitacional, como no sentido
metafísico ou psicológico. A Lua, por exemplo, influencia as marés, o plantio, as colheitas, a caça e a pesca, o período fértil das mulheres, o crescimento e também a psique humana. A Lua minguante nos traz melancolia; a cheia, euforia, etc. Assim também todos os outros planetas e estrelas provocam
sua influência na Terra. Alguns, por estarem mais distantes, não têm suas influências tão perceptíveis fisicamente, mas psicologicamente podemos captá-las.
A influência dos Astros O homem é uma máquina, movida por diversos impulsos interiores e exteriores, que em sua maioria desconhece. Creiamos ou não, queiramos ou não, estamos sendo influenciados a todo momento pelas forças siderais. Tais forças desencadeiam diversas reações psíquicas que influenciam nossa forma de pensar, sentir e atuar. Se analisarmos o comportamento humano no último milênio, no último século, nas últimas décadas, chegaremos à
conclusão de que o mesmo mudou radicalmente. Mas a que se devem tais mudanças? O homem mudou mais nos últimos 50 anos que em toda a história da humanidade conhecida. Isto se deve à aurora de Aquário, que já faz sentir sua presença de luz. A entrada na Era de Aquário foi marcada por um alinhamento do Sol e dos planetas de nosso sistema solar, que ocorreu no dia 4 de fevereiro de 1962, entre as 2h e 3h da tarde. Como queira que o levantar do Astro Rei seja precedido pela aurora que clareia o horizonte, também as influências luminosas de Aquário já vem sendo pressentidas algumas décadas antes ► de seu início.
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Revista
ASTROLOGIA: ANO SIDERAL E AS 12 ERAS
Aquário traz forças e características totalmente distintas e até opostas à anterior Era de Peixes. Tais forças são sempre neutras, e depende do estado interior do ser humano canalizá-las positiva ou negativamente. Peixes, por exemplo, trazia como característica o ocultismo, que infelizmente foi mal canalizado, o que originou uma era de obscurantismo, dogmatismo, ignorância e escravidão psicológica. A Idade Média ainda é chamada de “Idade das Trevas”, tamanhas foram as crueldades praticadas em nome de uma fé cega. Representação da Constelação de Aquário
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A Era de Aquário Aquário, ao contrário, é conhecida como a Era da Luz, pois tem como principal característica o despertar da consciência, da compreensão, da intuição. É também tida como a Era da Cooperação. Aquário é regido pelo elemento ar, o que lhe imprime movimento, revolução, velocidade. O ar rege a mente, os pensamentos, o intelecto. Quantas mudanças ocorreram em nossa cultura e em nossa sociedade desde a década de 50, 60? Em todos os aspectos: tecnológico, científico, na maneira de pensar, sentir e agir do ser humano? Hoje vemos mais pessoas em busca da “Verdade”. Os antigos dogmas estão caindo ante o veredicto solene da consciência pública. Estamos entendendo cada vez mais a necessidade da união e da cooperação.
O fato é que o Planeta já está sob a influência inovadora de Aquário. Mas infelizmente a maior parte da humanidade ainda conserva a antiquada e egoísta forma pisciana de pensar, sentir e atuar. Alguns se abriram ao novo e puderam captar as vibrações de Aquário. Mas infelizmente as canalizaram de forma negativa, por meio da degeneração sexual e intelectual. É necessário que aprendamos a canalizar de forma positiva e edificante as forças Aquarianas, despertando nossa consciência em relação ao novo, à compreensão, à cooperação, à intuição; voltando ao seio da Natureza e reconhecendo nela nossa Bendita Mãe, carregando-nos com sua harmonia, que nos permitirá novamente reconquistar a paz e a felicidade que tanto almejamos. • Eduardo Garcia Ávila Lima
Estrela do Polo Círculo de Precessão
23,5º
Eclíptico Linha do Equador
Gnosis
PSICOLOGIA
Os dois Mundos
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esde que nascemos somos participantes de uma peça sem limites. Ao mesmo tempo expectadores e atores do que chamamos de realidade e fantasia. Chamamos de realidade o que vemos e experimentamos, o mundo exterior; e fantasia frequentemente associamos ao nosso mundo interior. Mas o que são estes dois mundos, e qual é real? Existe algum que seja irreal? Para responder a isso podemos citar o Mito da Caverna, onde Platão, de maneira bastante racional, lógica e sistemática, demonstra que a realidade não é aquilo que aparentemente percebemos através de nossos cinco sentidos ordinários, por serem muito limitados para a obtenção da sabedoria, mas sim que através de percepções mais sensíveis, ela, a Verdade, se desvenda ante nossa realidade, tornando-se palpável e real.
Interior vs Exterior Então, dos dois mundos, só nos interessa o interior? Errado! Cada qual tem suas características e seus objetivos, por isso existem dois, e não apenas um. Andar de maneira equilibrada nos dois mundos é fundamental. O mundo exterior nos confere o conhecimento das coisas da matéria, por meio dos cinco sentidos. Isso nos ajuda a saber, compreender o que nos ro-
deia e seu devido objetivo no criado. Já o mundo interior é o mundo de nosso país psicológico, onde temos nossas experiências com a dor, com a alegria, com a tristeza, com as emoções e pensamentos. Tudo o que acontece no mundo exterior – uma ação – é um reflexo do mundo interior, ou seja, antes de ser uma ação concreta no mundo das formas, essa foi antes um pensamento e uma emoção, até se criar de fato por um impulso. Como diz a psicologia: “Somos o que pensamos, sentimos e fazemos”. Logo, estes dois mundos estão sempre intimamente interligados. Portanto, ao observar nossas ações, podemos evocar o que as provocou dentro de nosso mundo interior. Ao aprender a observar o mundo exterior e o mundo interior, vivendo de forma simultânea nos dois mundos, e tendo encontrando as suas devidas relações, ter-se-á uma matéria bastante ampla a respeito de nós mesmos, o suficiente para poder desvendar quem somos e para que vivemos, descobrindo nosso real objetivo nesta vida e acessando, assim, a sabedoria, tal como os grandes iluminados da humanidade que por si só desvendaram os mistérios. • Fabiano Valente Nunes 7
MEIO AMBIENTE E NATUREZA
Revista
O Homem, a mais elevada Expressão da Criação
Pintura na Capela Sistina: A Criação de Adão (Michelangelo)
O homem necessita eliminar seus desequilíbrios a fim de que suas virtudes possam se expressar através dele, assim como também necessita criar uma estrutura interior capaz de armazená-las e desenvolvê-las.
“D
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utilizar a razão e perceber o espaço eus criou o homem a sua imagem infinito por meio do cérebro e semelhança” intelectual. é uma afirmaO homem necessita enO ser humano também ção que nos leva à reflexão. tender que possui uma recebeu da natureza e do Como poderia Deus criar o grande responsabili- Criador o poder da palavra, homem a sua imagem se dade para com todos os já que podemos, por meio ele não tem forma, se é uma reinos e criaturas deste de nosso verbo, fazer criaforça, uma inteligência? ções. Uma palavra doce e Podemos entender que planeta. suave apazigua a ira, e uma esta máxima nos mostra palavra grosseira ou mal colocada provoca deque o homem como criatura é o ápice, a mais sarmonia e desequilíbrio. elevada expressão da Criação. É, sem sombra de dúvida, na máquina huO ser humano possui três cérebros que lhe mana que a consciência tem as formas mais permitem ter movimentos (motor), sentir a elevadas de expressão: a língua, a arte, a literasi mesmo e a tudo que o cerca (emocional) e
Gnosis tura, a música, a sabedoria. Estão depositadas em nossa consciência todas as infinitas possibilidades que nos levam a tomar conhecimento profundo de nós mesmos e de toda a criação, permitindo que no homem se ex-
A integração com a natureza é conquistada quando o ser humano volta a ter uma vida mais simples e natural e quando compreende que é parte integrante de um corpo planetário que depende completamente de sua ação para que tenha harmonia e equilíbrio. • Vinícius Audino
presse a sabedoria do Criador e de sua criação.
A Criação do Homem Na antropologia encontramos que o homem foi criado no sétimo dia para ser o rei da natureza. Na mitologia grega encontramos o amor de Prometeu para com a humanidade, desafiando ao próprio Zeus para trazer o fogo aos homens. Desta forma, o homem, como o clímax evolutivo da Terra, necessita entender que possui uma grande responsabilidade para com todos os reinos e criaturas deste belo e maravilhoso planeta. Se o homem, como cabeça dos reinos, se desequilibra e se desorienta, todo o planeta padece. Vemos então que o homem necessita voltar ao seio da natureza para que todo o planeta volte ao equilíbrio perene e perfeito que sempre teve.
Há sete níveis de homens: 1. O homem instintivo. 2. O homem emocional. 3. O homem intelectual. 4. O homem equilibrado. 5, 6 e 7. Aqueles que já fabricaram o corpo astral, mental e causal. Os homens 1, 2 e 3 constituem o círculo da confusão de línguas, a Torre de Babel. Essas três classes de homens são as que mantêm o mundo em desgraça. Esses três níveis de homens não se entendem entre si. Os outros quatro níveis são de tipo superior.
ANTROPOLOGIA
Revista
Os Alquimistas Medievais Devido à Idade Negra em que se encontravam, os Alquimistas foram obrigados a velar seus conhecimentos para se protegerem das perseguições.
Representação de um Laboratório Alquimista
O
conhecimento alquímico é de origem indefinida. São encontradas referências e práticas relacionadas à Alquimia na Pérsia, Egito, Caldéia, China, Índia, entre outras das mais antigas civilizações e culturas de nossos tempos. Entre as possíveis origens do nome Alquimia, estão as palavras árabes ‘Al Khen’, “o país negro”, nome dado ao Egito, a terra ensolarada de Khen, em tempos antigos. Toda a sabedoria egípcia estaria assim ligada ao conhecimento alquímico. A arte de embalsamar, o conhecimento do mundo dos mortos, as ciências atribuídas ao Íbis de Thot, são alguns dos exemplos de sua abrangência. A ciência védica reconhece a relação entre a imortalidade e o ouro, o que levou Alexandre, o Grande, em uma busca frenética durante a invasão da Índia, em tempos do Império Macedônico, pela Fonte da Juventude. Elementos da Alquimia são presentes ainda no Taoísmo, no mundo islâmico, entre outras culturas e sabedorias. Todavia, foi com as obras medievais que o conhecimento alquímico tomou a forma que chega até nossos dias. Paracelso, Nicolas Flamel e Fulcanelli são alguns dos nomes responsáveis por despertar inquietudes no povo europeu durante a negra Idade Média.
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Gnosis
A busca da fórmula para transformar o chumbo em ouro, convincente e interessante aos governantes, manteve os Alquimistas à salvo das Inquisições durante toda a Idade Média. Os Textos Alquímicos Da árvore de raízes profundas de nome Alquimia derivaram-se inúmeras ramas da ciência e ainda outras foram grandemente aprimoradas. A Química, a Metalurgia, a Medicina, a Astrologia, a Psicologia e a Botânica têm uma grande dívida para com os textos alquímicos, dos quais apenas uma parte muito reduzida pode ser utilizada de uma forma prática. Fato este que se deve à carência de profundidade nas interpretações de tais textos. Traduções sensacionalistas, valendo-se de analogias simplistas, envoltas em textos rebuscados e sem substância, abundam como resultado do fracasso na tentativa de compreender esta misteriosa linguagem. Páginas inteiras escritas com símbolos de planetas; figuras de reis e rainhas durante a cópula, acompanhadas por figuras geométricas; desenhos de bodes, galos e dragões, combinadas com símbolos religiosos; poesias incompreensíveis dispostas em paisagens enigmáticas, são algumas das formas de transmissão de um conhecimento diante do qual a linguagem verbal e escrita torna-se ineficaz e obsoleta. Para penetrar o conhecimento velado pela peculiar linguagem alquímica, faz-se necessária uma didática diferente das convencionais metodologias de estudo científico, da lógica ► 11
Revista
ANTROPOLOGIA: OS ALQUIMISTAS MEDIEVAIS
Representação de um Alquimista e sua Retorta
formal e comparativa. Exige-se do indivíduo a observação profunda, serena e imparcial. Somente assim é possível apreender os elementos primordiais que fundamentam o conhecimento alquímico. Entenda por elementos primordiais os princípios radicais que têm sua expressão ora no mineral, ora no vegetal, ora no animal. As culturas serpentinas encontram em tais princípios as forças conscientivas que governam a criação, reconhecendo-as sob a roupagem de distintas divindades. A combinação dos elementos primordiais origina as criações no homem, na natureza e no cosmos. O “solv et coagula” é a fórmula fundamental para a transmutação dos metais inferiores em metais superiores e para fabricar o Elixir da Longa Vida. O “solv et coagula” exige o domínio e o manejo dos elementos primordiais pela vontade consciente do homem, este é o sal da Alquimia. De sua combinação com o mercúrio e o enxofre obtêm-se o cimento da Grande Obra. O elemento primordial, na figura do metal líquido e volátil de difícil apreensão, do qual os gregos atribuíram seu princípio radical
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ao deus Mercúrio, tem que ser compreendido em um âmbito mais profundo.
O deus Mercúrio O deus Mercúrio do panteão grego personifica elementos antropológicos intimamente ligados à sabedoria, ao dinamismo, à inteligência e à fluidez. O planeta mais rápido do sistema solar foi consagrado ao seu nome. Ele é o mensageiro do Olimpo, que em Roma era chamado de Hermes Trismegisto, cuja substância os romanos associaram sabiamente ao Íbis de Thot egípcio, esposo de Maat, deus das ciências. A sabedoria de Mercúrio é a sabedoria de Hermes, que no passado apenas poderia ser transmitida de lábios a ouvidos, sob o juramento do silêncio, em fiança da própria vida, motivo pelo qual as escolas herméticas tornaram-se sinônimo de sistemas fechados, cuja herança linguística chega-nos sob a forma do adjetivo “hermético” para definir sistemas muito bem fechados. Há que mergulhar na sabedoria hermética para encon-
trar o princípio radical do mercúrio dentro do homem e desvendar os grandes mistérios da Alquimia. Os mistérios de Hermes-Mercúrio estão sintetizados no caduceu, formado por duas esferas unidas por um bastão, no qual se enroscam as duas serpentes e nas quais se vê o santo oito. Na altura da união superior das serpentes abrem-se as asas de uma águia. Trata-se de um verdadeiro mapa de anatomia oculta do homem, que correlaciona o cérebro com o sexo e indica a ascensão dos fogos genésicos na figura ígnea serpentina, desde a base da coluna, enlaçando o coração até chegar ao cérebro. O elemento primordial que dá existência mineral ao metal mercúrio é o mesmo que na natureza do homem origina sua semente, cimento da Grande Obra alquímica. Seu princípio radical foi sabiamente sintetizado pelos gregos no símbolo do caduceu.
Anatomia Oculta O caduceu encontra-se evidente nas descrições dos alquimistas referentes aos equipamentos necessários no laboratório para a obtenção da Pedra Filosofal. De uma forma muito sintética dizemos que o balão volumétrico onde se deposita o mercúrio e que se aquece com o fogo do enxofre é a esfera inferior do caduceu, o sexo no homem. A coluna do destilador, por onde sobem os vapores mercuriais, é o bastão
central do caduceu, a coluna espinhal do homem com suas 33 vértebras. O condensador que transforma os vapores em ouro líquido é a esfera superior do caduceu, o cérebro, cálice onde se deposita o vinho sagrado. Porém, para que o mercúrio converta-se em ouro juntamente com o sal, é necessário um terceiro elemento, o enxofre. O fogo do enxofre, associado às bruxas na Idade Média, bem como os rios de enxofre e fogo presentes nos cenários infernais dantescos, fazem desta substância a fiel herdeira e depositária do fogo, do calor sexual e do diabo. Aqui está o homem, a mulher e a libido. Os mistérios alquímicos, ainda que enigmáticos, estão muito próximos do entendimento. Porém, para que tal sabedoria transformativa e poderosa se mantivesse imaculada através dos séculos, está escrita com caracteres de fogo, apenas perceptíveis para quem conhece a si mesmo, os seus impulsos íntimos, o que move cada palavra, ação, desejo ou pensamento. Submergindo pelas portas das percepções internas nos elementos primordiais, princípios radicais que formam e dão vida e movimento ao homem, conheceremos inevitavelmente o que forma, dá vida e movimento a toda a criação. • Vinícius Pires Dias Teixeira
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Caduceu de Mercúrio
Gnosis
MITOLOGIA E FILOSOFIA
Revista
O Número Quatro, Símbolo do Poder e do Domínio A luta pelo domínio da natureza interior esteve estampado nas diversas formas de arte e mitologias de todas as grandes civilizações.
Esfínge Egípcia
O
valor do símbolo está naquilo que ele expressa. Onde a lógica não alcança, a arte ousa. Um instante é mais que suficiente para atingir onde mil páginas não chegam. Como transmitir o intransmissível? O êxtase da tentativa de fazê-lo é o veredicto do fracasso. O símbolo, sem dúvida, é a roupagem mais adequada para o intransmissível. O poder tem seu fundamento na substância. O poder vem da terra, das bases sólidas, das formas tangíveis. Na sabedoria Pitagórica, as formas surgiam a partir de quatro vértices, quatro pontos. Em três pontos temos uma área. É necessário o quarto ponto para que surja a primeira figura tridimensional na forma de uma pirâmide.
Uma Antiga Representação Assombra o entendimento evidenciar o número quatro como símbolo de poder e domínio em culturas separadas no tempo e es14
paço. Os quatro elementos da Esfinge egípcia, o Arcano 4 do Tarot e da Kabala, a Cruz Cristã e Asteca, a Suástica Tibetana, a grafia do símbolo consagrado a Zeus-Júpter, só podem ser expli-
Gnosis cados por meio da Antropologia, ou seja, do encontro do homem com as forças geratrizes da natureza em si mesmo. Leste, oeste, norte e sul. Fogo, água, terra e ar. O homem, que é escravo de si mesmo, de suas paixões e instintos, a natureza submete-o, levando-o a explosões de ira; tempestades e inundações de luxúria; espantosa gula e inércia; e vendavais e furacões de obsessão, alucinações, medos e temores, destruindo, degenerando a si mesmo e a tudo ao seu redor.
A Natureza Interior Bem sabiam os antigos o que torna um homem débil, o que leva o indivíduo ao fracasso, e a necessidade do domínio da natureza interior.
“Um homem de vontade débil parece uma folha que cai da árvore, para onde o vento sopra ela vai”. O exercício da vontade consciente faz com que o indivíduo deixe de ser uma vítima das circunstâncias para ser o criador de circunstâncias favoráveis a sua vontade. Isto é o que ensinaram os grandes revolucionários com suas vidas. Recordemos que nas Sagradas Escrituras o homem está criado para ser rei da natureza e não escravo de sua natureza. O imperador tem seu império em si mesmo. Para a Esfinge de Édipo está o enigma do homem. Jamais um iracundo, um glutão, um libidinoso, alguém que não domine sua mente, poderá triunfar perante a natureza e dela obter o reinado. Aos débeis, a natureza fecha as suas portas. Há que crucificar a vontade egoísta e pessoal, eliminando todos os defeitos de tipo psicológico como ensinou o Cristo. “Todos os inimigos de Alá devem ser mortos”, lê-se no Alcorão. Esses são os mesmos demônios vermelhos de Seth que mataram a Horus, nossa essência interior. O poder é para o imperador que está sentado em seu trono sustentado por quatro pernas. • Francisco Wélio Salazar
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BEM ESTAR E SAÚDE
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Revista
Equilíbrio Biopsíquico
modelou seus ossos, músculos e psique, de ar, ainda que estejamos imersos em seu acordo com suas necessidades. “oceano”, ainda que respirando-o de instante a instante, despendeu muitos séculos para que permitisse ser descoberto e A Vida Moderna compreendido. Hoje sabemos sua massa, sua Em menos de um século, as circunstâncias constituição e como fizeram com que a utilizá-lo, fracioná-lo, de acordo com nossos Quando sabemos combinar os máquina humana interesses. Mas nem estados interiores com os even- se tornasse obsoleta frente à vida modersempre foi assim. Talvez os peixes tos exteriores obtemos harmonia. na. Para que tantas dentro de um oceano Há que recorrer às práticas capacidades de motampouco tenham milenares dos distintos tron- vimento se o teclado consciência de que exige apenas que os cos culturais, que permitiam ao dedos se movimenexiste a água. Até menos de homem o completo domínio de tem? Para que um um século atrás, sistema digestivo tão cerca de 90% da sua psique e de suas reações... robusto, capaz de população mundial prover tanta energia vivia em pleno campo e dele dependia a própria às células se a maior parte do tempo se passa sobrevivência. Despertavam com a aurora, sentado? Para que um pulmão tão volumocultivavam a terra, conheciam so se a necessidade de oxigênio é tão as fases da lua, as estrelas pequena? e os ventos. Os veredictos Já no tocante ao aparelho da natureza, temporais, psíquico, precisamos de mais alvendavais e secas, regiam a guns cérebros, nervos, encéfalos, abundância ou a destruição medulas, para suprir dos povos. Foi neste a demanda de um cenário natural aumento exponenque o Homem se cial de eventos e desenvolveu, e no qual a natureza circunstâncias. Esse nunca estará saudável frente a tantas exigências modernas, e sem uma medicina especial.
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Gnosis Cada evento da vida é composto de uma série de impressões que necessitam ser digeridas pelo nosso aparelho psíquico. As fortes impressões despendem dias ou até semanas para que nosso sistema psíquico se recupere: palavras impregnadas de violência, pressão social e familiar, compromissos... Depressão, angústias e irritação são alguns dos frutos de uma psique violentada pelo estilo moderno de vida. Ainda que, por nascer em tal contexto, o indivíduo não perceba claramente tais agressões, em seu íntimo sabe que algo está fora da ordem. Surge a necessidade de uma mudança radical, que deve ser devidamente canalizada. Uma mudança de fundo e não de forma. Torna-se urgente receber as impressões de cada cena não de uma forma diferente, mas com sentidos de percepção diferentes.
Em busca do Equilíbrio Há que recorrer às práticas milenares dos distintos troncos culturais, que permitiam ao homem o completo domínio de sua psique e de suas reações, fossem essas emocionais, instintivas, motoras, intelectuais ou sexuais. Tais técnicas milenares são objeto de estudo da ciência gnóstica. Algumas são destinadas aos momentos em que estamos interagindo nos eventos; outras são utilizadas para aqueles eventos que alteram nosso estado de ânimo e deixam resíduos em nossa psique; e outras ainda são aplicadas para aqueles
momentos em que nosso corpo dorme no leito. Para a vida eventual estão as técnicas que permitem manejar
voluntariamente os estados interiores e combiná-los com os eventos exteriores. Entenda-se estados interiores por este universo interior que se compõe de sentimentos, pensamentos e impulsos instintivos e sexuais. Entendase eventos exteriores pelo conjunto de fenômenos perceptíveis pelos cinco sentidos. Quando sabemos combinar os estados interiores com os eventos exteriores obtemos harmonia. Para tratar o resíduo passivo em nossa mente, há as técnicas de higiene psíquica, intimamente relacionadas à meditação, inspiração e contemplação. Se no passado essas técnicas se dirigiam a uma seleta elite destinada a experimentar o inóspito, hoje é vital para o equilíbrio do indivíduo, submetido a sistemas completamente desequilibrados e dissociados da natureza para a qual foi concebido. •
Alexandre Amaral 17
Revista
INSTITUCIONAL
Curso de Gnosis
Ciência e Cultura do Homem em Busca do Ser Basta uma rápida análise para percebermos que a humanidade, ainda que do ponto de vista tecnológico tenha avançado e apresente, a cada dia, alguma novidade, padece, em seu íntimo. Todos os dias, os mais variados veículos de comunicação oferecem-nos uma quantidade impressionante de notícias aterradoras, com inúmeras catástrofes naturais e acidentes de toda espécie, além da incrível abundância de crimes, que assolam nossa sociedade. Uma análise mais requintada e detalhada demonstra-nos que a causa causorum deste verdadeiro colapso social em que vivemos reside no próprio homem. O homem,
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como núcleo mais reduzido da sociedade, ao perder alguns valores e inverter a lógica natural de suas próprias prioridades, trouxe como conseqüência problemas naturais (em decorrência da falta de preocupação para com o meio em que vivemos) e inúmeros conflitos aos relacionamentos humanos. Porém, sem dúvida, o mais assombroso de tudo é constatar que a grande maioria das pessoas nasce, cresce, se desenvolve, até que chegue o final de seus dias, e sequer questiona-se se, de fato, há lógica nisso tudo. Vive-se buscando acumular riquezas e bens; vive-se em busca de estudos, títulos e reconhecimento público; e, tristemente, morre-se sem haver conhecido o real motivo da existência. Passamos dia após dia, fascinados com nossos afazeres. O chefe de família, o trabalhador, vive fascinado com suas funções no trabalho; a mãe vive fascinada com seus afazeres, relacionados aos seus filhos; o comerciante vive fascinado com seu comércio; o empresário, não enxerga outra coisa que não seja os seus negócios, e assim sucessivamente. Não negamos que exista a necessidade de cumprir com nossos deveres e responsabilidades, porém não podemos ocultar a necessidade imperativa de despertarmos, de retirarmos nossa consciência de seu sono profundo, de percebermos a realidade das coisas, ou, em outras palavras, de percebermos o real de nossas existências.
Gnosis A Gnosis é a cultura de tipo superior que, se aplicada às circunstâncias que conformam nossa vida, leva-nos ao despertar, leva-nos a aflorar a sabedoria do Ser, que reside em estado latente, dentro de cada um de nós. O Movimento Gnóstico, como escola, criado na década de 50 por Samael Aun Weor, tem em seu seio todas as chaves que necessitamos para resgatar os valores que outrora tinha a humanidade, mas que hoje, lamentavelmente, encontram-se em profunda letargia. Buscamos, por meio do auto-conhecimento, a plena integração com o Ser, a Auto-realização, o desenvolvimento harmonioso de todas as infinitas possibilidades que residem em nosso interior.
Curso de Gnosis Convidamos a todos para participar dos cursos de Gnosis, onde se ensinam as bases do conhecimento gnóstico e a cultura do auto-conhecimento. Nele são abordadas temáticas nas áreas da Psicologia, Metafísica, Alquimia, Sexologia e Sociologia, por meio de conferências como “Personalidade, Essência e Ego”, “Reencarnação, Retorno e Recorrência”, “A Balança da Justiça”, “O Mundo das Relações”, “Os Quatro Estados de Consciência”, dentre outras. Ali se encontram as possibilidades de desenvolvermos uma vida equilibrada e em plena integração com o Ser, com a Divindade, dentro de cada um de nós. • Lucas de Souza Bach
Conferências Públicas
Veja Algumas das Cidades onde a AGEACAC ministra conferências:
São Bernardo - SP
Salvador - BA
Cursos Gratuitos • Veja alguns temas:
A Máquina Humana e o Bem-estar integral ► Alquimia Desvelada ► O Despertar da Consciência ► Desdobramento Astral ►
Erechim - RS
Mistérios da Vida e da Morte Personalidade, Essência e Ego ► Meditação ► Os Mistérios das Civilizações Antigas ► ►