TCC - Centro de Reabilitação para Dependentes Químicos Re_Nascer: A arquitetura que Trans Forma

Page 1



RE_NASCER - A ARQUITETURA QUE TRANS_FORMA Centro de Reabilitação para Dependentes Químicos

Centro Universitário SENAC Bacharelado Arquitetura e Urbanismo Trabalho de Conclusão de Curso Raphael dos Santos Gonçalves Nanni Orientador: Prof. Artur Forte Katchborian São Paulo Dezembro 2021


Era como se eu estivesse dentro de um carro com o acelerador grudado no chão, sem poder fazer nada além de seguir firme e fingir estar no controle da situação. Mas eu já havia perdido o controle há muito tempo. (SHEFF, 1983, p.351)


Dedico este trabalho aos adictos e ex adictos. Que todos consigam sair deste vício, para retornarem à sociedade e, consequentemente, às suas famílias.



AGRADECIMENTOS Gostaria de começar agradecendo Deus, que sempre me deu forças para continuar com os estudos ao longo do curso; meus familiares que desde o início do meu sonho de formação sempre me apoiaram em minhas escolhas; meus amigos que, além de me apoiarem, me ajudaram a desestressar quando eu mais precisava, e, meus professores da faculdade que deram o seu máximo para compxartilhar seus conhecimentos na área, formando ótimos profissionais da área. Um agradecimento especial ao Guilherme Payão, amigo próximo, ex-adicto, que além de compartilhar sua vivência em um centro de reabilitação, me auxiliou em vários pontos do projeto; além para o meu orientador Artur Katchborian onde tivemos a oportunidade de ganhar conhecimento juntos nesta área delicada da sociedade, além de toda paciência de ensino. Por fim, mas não menos importante, gostaria de agradecer quatro pessoas que são muito especiais na minha vida e me apoiam em cada passo que eu dou: Gennaro Nanni, Marli Bissolatti e Sandra Hemza; sem eles, nada disso estava acontecendo; a última pessoa que me refiro é a minha avó paterna, Marlene Nanni que me guia sempre lá de cima.


RESUMO O projeto arquitetônico apresentado refere-se a um centro de reabilitação, com três abordagens de tratamento, para dependentes químicos. Está inserido em Santana de Parnaíba – SP onde é um local de fácil acesso para diferentes regiões do estado de São Paulo. A construção do pensamento para a edificação tem como premissa compreender o ambiente onde o dependente químico está inserido e projetar um centro de reabilitação; onde a arquitetura seja um fator contribuinte para o tratamento e recuperação desses usuários, permitindo a reinserção na sociedade após o tratamento. Palavras-chave: Centro de reabilitação, drogas, ressocialização, arquitetura.


ABSTRACT The architectural project presented refers to a rehabilitation center, with three treatment approaches, for chemical dependents. It is located in Santana de Parnaíba - SP where it is easily accessible to different regions of the state of São Paulo. The construction of the thought for the building has as premise to understand the environment where the chemical dependent is inserted and design a rehabilitation center; where the architecture is a contributing factor to the treatment and recovery of these users, allowing the reinsertion in society after treatment. Keywords: Rehabilitation center, drugs, resocialization, architecture.



Lista de Ilustrações Imagem 1: Estudo do uso de drogas no mundo, ano de 2018.......................................................................................... 15 Imagem 2: Drogas e seu consumo no Brasil. .................................................................................................................... 25 Imagem 3: Rede Sarah - Rio de Janeiro | RJ. ...................................................................................................................... 29 Imagem 4: Rede Sarah - Brasília | DF. ................................................................................................................................ 29 Imagem 5: Centro de Reabilitação Psicossocial | Vista Externa...................................................................................... 31 Imagem 6: Centro de Reabilitação Psicossocial | Planta Baixa........................................................................................ 31 Imagem 9: Centro de tratamento de vícios Irmã Margaret Smith | Planta baixa......................................................... 33 Imagem 10: Vista Superior Externa | Hospital Psiquiátrico Helsingor............................................................................ 33 Imagem 11: Fachada do Prédio | Centro Psiquiátrico Friedrichshafen........................................................................... 35 Imagem 12: Centro Psiquiátrico Friedrichshafen | Patio interno.................................................................................... 35 Imagem 13: Centro Psiquiátrico Friedrichshafen | Conexão direta com o exterior...................................................... 36 Imagem 14: Complexo Terminal de Passageiros 3 Aeroporto de Guarulhos................................................................. 36 Imagem 15: Complexo Terminal de Passageiros 3 Aeroporto de Guarulhos................................................................. 37 Imagem 16: Casa de Campo | Daniel Libeskind................................................................................................................ 37 Imagem 17: Projeto incorporado por HHD_FUN............................................................................................................... 38 Imagem 18: Logo do projeto................................................................................................................................................ 41 Imagem 19: Imagens do terreno localizado em Osasco - SP............................................................................................ 45 Imagem 20: Imagens do terreno localizado no Guarapiranga - SP (1)............................................................................ 46 Imagem 21: Imagens do terreno localizado no Guarapiranga - SP (2)............................................................................ 47 Imagem 22: Imagens do terreno localizado em Santana de Parnaíba - SP.................................................................... 48 Imagem 23: Localização Regional...................................................................................................................................... 51 Imagem 24: Estradas importantes do entorno.................................................................................................................. 52 Imagem 25: Tempo de deslocamento | Transporte público............................................................................................. 52 Imagem 26: Infraestrutura de apoio do entorno | Santana de Parnaíba........................................................................ 53 Imagem 27: Área Permeável do Entorno | Santana de Parnaíba..................................................................................... 54 Imagem 28: Classificação viária......................................................................................................................................... 55 Imagem 29: Estudo do Uso do Solo.................................................................................................................................... 55 Imagem 30: Topografia | Santana de Parnaíba - SP........................................................................................................... 59 Imagem 31: Fase da internação. ........................................................................................................................................ 59 Imagem 32: Fluxoograma Geral. ........................................................................................................................................ 60 Imagem 33: Fluxoograma Detalhado. ............................................................................................................................... 61 Imagem 34: Estudo do Sol no terreno. .............................................................................................................................. 61



SUMÁRIO Introdução ............................................................................................................................................................................. 14 Fundação Teórica................................................................................................................................................................... 20 Referências Projetuais........................................................................................................................................................... 30 Escolha do nome do projeto.................................................................................................................................................. 40 Escolha do Terreno................................................................................................................................................................. 42 Terrenos Analisados............................................................................................................................................................... 44 Diagnóstico da Área de Implantação .................................................................................................................................. 50 Projeto..................................................................................................................................................................................... 56 Considerações finais.............................................................................................................................................................. 92 Bibliografia.............................................................................................................................................................................. 94


PARTE I Introdução


Introdução

O presente trabalho possui como intuito discutir o centro de reabilitação para dependentes químicos. Como sabemos o grande mal do(s) século(s) são as drogas e os efeitos que elas causam em seus usuários: o vício. São Paulo possui vários pontos estratégicos que acumulam estes dependentes e, muitos não possuem acesso para um completo tratamento ou simplesmente se recusam por falta de encorajamento (seja do governo ou da família); além daqueles usuários que passam despercebidos na sociedade. O papel da arquitetura está diretamente ligada com o sucesso de reabilitação do paciente. Florence Nightingale1 já pensava nisso enquanto cuidava dos enfermos na guerra da Crimeia, em 1853. Visando conceitos como ventilação, iluminação e higiene, a enfermeira pioneira estabeleceu um novo modelo de espaço de internação. Dessa forma, inspirando a divisão clínica dos hospitais; 1 Florence Nightingale foi uma reformadora social inglesa, estaticista e fundadora da enfermagem moderna. Nightingale defendia o ensino da enfermagem ligado à instituição hospitalar, e considerava o ideal da enfermagem uma vocação, que requeria dedicação exclusiva e árdua preparação.

a arquitetura hospitalar influencia diretamente na saúde e bem-estar de pacientes, familiares e colaboradores da instituição, ajudando na recuperação, qualidade de vida e promoção à saúde. Por esse motivo, é essencial que o ambiente siga estes conceitos com a finalidade de evitar agravos ao quadro do paciente e proporcionar uma boa recuperação.

Imagem 1: Estudo do uso de drogas no mundo, ano de 2018. World Drug Report 2020 (United Nations publication, Sales No. E.20.XI.6).

Segundo o Relatório Mundial sobre Drogas 2020 divulgado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC) revela que cerca de 269 milhões de pessoas usaram narcóticos no mundo, em 2018 (aumento de 30% em comparação com 2009). Além disso, mais de 35 milhões de pessoas sofrem de transtornos associados ao uso de entorpecentes. Fatores que marcam o período

15


da história mundial ocasiona o aumento do uso de substâncias ilícitas; como o COVID-19 que se iniciou em meados de 2019 e, no ano de 2021 o mundo ainda luta contra este vírus.

sil seria um dos principais centros de usos destas substâncias, este fato sugere a abordagem de tratamentos, e a construção de métodos para acabar com a dependência química, devido a isso percebe-se a necessidade de um tratamento adequado e O relatório também analisa o impacto da CO- diferenciado para o adicto. VID-19 nos mercados de drogas, cotejando o aumento do desemprego e a redução de oportunidaAdicções são comportamentos des causados pela pandemia; que podem afetar classificados como enfermidades que afetam diretamente as desproporcionalmente as camadas mais pobres, emoções e criam no indivíduo a tornando-as mais vulneráveis ao uso, ao tráfico e condição de dependência. (. . . ) as adicções têm relação direta com ao cultivo de drogas para obterem sustento. O presente estudo refere-se ao projeto de um Centro de Reabilitação para dependentes químicos com a prioridade de recuperação do adicto e a reinserção social dele; devido à preocupação para com os usuários de drogas. Tais usuários têm sofrido grande destruição da saúde mental e corporal de quem fez o uso das drogas, além de ter um aumento significativo, da destruição, em cada ano que passa. Conforme o Escritório de Drogas e Crime das Nações Unidas (UNODC, 2011), o número de dependentes químicos está cada vez mais prevalente em nossas sociedades. Na América Latina, o Bra-

os traumas e que é importante focar o tratamento nos fatores causais. (LANG, 2019). A dependência a droga é um es-

tado mental e, muitas vezes, físicos, que resulta da interação entre um organismo vivo e uma droga psicoativa. A dependência sempre inclui uma compulsão de usar a droga para experimentar seu efeito psíquico ou evitar o desconforto provocado pela sua ausência (DALGALARRONDO, 2000)


1.1 Justificativa O uso de drogas tem se iniciado cada vez mais cedo entre as pessoas, preocupando não apenas os familiares assim como a sociedade de modo geral. Em 2006, a OMS – Organização Mundial da Saúde realizou estudos deste assunto, onde foi identificado que o consumo de álcool, cigarro e outras drogas estão dentre os vinte maiores problemas de saúde do mundo (o álcool é responsável por 3,2% e o tabaco 9%). (ORGANIZACÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2006) “A população de crianças e adolescentes corresponde aos segmentos da sociedade mais vulneráveis em face do uso indevido de drogas psicoativas, doenças sexualmente transmissíveis (DST) e síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS)” Cf. ROEHRS; MAFTUM; LENARDT, 2008/12. O consumo das drogas está se iniciando cada vez mais cedo, chegando entre 10 e 12 anos, por mera curiosidade onde tende a causar sequelas percebíveis na idade adulta e/ou causar outras categorias de vício.

Tendo em vista a possível dependência dos

usuários de droga, leva estes ao reconhecimento dos malefícios envolvidos em seus comportamentos, porém, os mesmos (em sua maioria) não mostram interesse em procurar um tratamento. Sem um tratamento adequado e eficaz, o quadro dos usuários tende a piorar com o tempo, já que o uso exacerbado de substâncias psicoativas as leva a autodestruição, afetando todos ao arredor. Segundo Pontes e Hubner, (2007) grande parte das clínicas já existentes localizam-se em casas adaptadas para exercer a função de reabilitação dos dependentes químicos, além de se encontrarem afastadas de um centro urbano, relacionando com um presídio; não oferecendo assim, um lugar adequado para o tratamento. Outro ponto questionável é a pressão da cultura que muitos sofrem em tratar a dependência como uma doença, onde necessita de cuidados específicos e investimentos em lugares agradáveis e preparados para atender estes dependentes químicos. Cf. PONTES; HÜBNER, 2007/07

17


1.2 Objetivos

• Propor espaços sem aspectos de confinamento, mas com controle de segurança; • Propor áreas de atividades recreativas | laborte1.2.1 Objetivo Geral rápicas, incentivando o convívio dos adictos e um Desenvolver um projeto arquitetônico de um preparo para o retorno na sociedade; Centro de Reabilitação, de modo que possa auxiliar • Promover espaços sustentáveis, reduzindo o custo no tratamento do adicto; promovendo o bem-estar mensal do projeto. do paciente, superando as dificuldades que encontrem durante o processo de desintoxicação e reabilitação, durante e após o tratamento. A arquitetura e o ambiente a ela inserida está diretamente ligada A escolha do tema possui caráter de arquitecom a recuperação do indivíduo; assim como uma boa infraestrutura hospitalar está ligada direta- tura hospitalar, focando em um centro de reabilitamente com a boa recuperação do paciente. ção para dependentes químicos; a região escolhida para inserção do projeto foi Santana de Parnaíba, 1.2.2 Objetivos Específicos interior de São Paulo. O projeto possui uma visão de recuperação ao indivíduo viciado em drogas, mas • Prever áreas de convivência em comunidade, preque tenha uma forma “livre” do tratamento; o inocupando-se com a reinserção ao retorno da societuito é fazer com que a estadia do paciente seja sudade; cedida de forma calma e natural. • Propor uma arquitetura que dê suporte para o tratamento especializado, notadamente em acompa O projeto destina-se a adictos de qualquer dronhamento psiquiátrico, psicoterapeuta, clínico, (rega, idade e gênero; aqueles que necessitam de um lação) médico | paciente, adicto | sociedade; tratamento em dependência química e, assim, vi• Propor espaços integrados com a natureza; ver em sociedade novamente.

1.3 Delimitação do Tema


O centro de tratamento irá atender diferentes categorias de pessoas (independente da raça, religião ou nível social); é necessário preparar o paciente para o mercado de trabalho, por esse motivo se faz necessário espaços que proporcionam aos internos aprenderem o manuseio para profissão.

palestras, oficinas, cursos profissionalizantes e realização de tarefas cotidianas como hortas, esportes e lazer entre outros; como o projeto possui três frentes de “tratamento”, é necessário pensar em ambientes que adequem estas internações.

O tempo de tratamento é determinado conforme o estado psíquico de cada paciente, onde tratará três frentes de atendimento: internação (24h), onde o adicto fica hospedado diariamente no local, acompanhando todos os recursos do projeto; internação (12h), onde o paciente vai ao local apenas para se hospedar, passando o dia na sociedade e fazendo suas obrigações (aula, trabalho etc.) e, por fim, internação (4h), onde o adicto permanece no local alguns dias da semana para uma roda de conversa (Alcóolicos Anônimos e Narcóticos Anônimos). A ideia é criar ambientes livres de substâncias geradoras de dependência, propondo espaços para terapias em grupo e individuais, lugares para

19


PARTE II Fundamentação Teórica


Fundamentação Teórica

mentais, visto a necessidade que a sociedade tem em aliviar o sofrimento de seus dependentes. O movimento abstencionista tinha como objetivo a O presente capítulo aborda a fundamentação suspensão do uso de substâncias, como o álcool, teórica para o desenvolvimento de uma proposta pois, ele passou ser visto como um atuante na dede projeto para um centro de reabilitação para degradação social. pendentes químicos que englobará os seguintes assuntos: Espaço de reabilitação humanizado: Cen A organização do movimento criou os primeitro de reabilitação psicossocial; Usuários de subsros centros de reabilitação nos Estados Unidos, em tância química: Usuário para com o tratamento; que os homens conviviam coletivamente, longe de Usuários e as drogas; Especificidades do atenditentações do mundo, as chamadas “casa da sobriemento psicossocial em centros de tratamento: O dade”. Após um século crescendo em termos de tratamento adequado. crença e membros, o movimento abstencionista ajudou a provar a Lei da Proibição, que proibia a venda, a posse ou o consumo de álcool nos EUA, em 1920. Após 13 anos, a lei imposta nos EUA foi revogada.

2.1 Centro de Reabilitação Pisicossocial | Espaços humanizados

Como os Estados Unidos não conseguiram co Desde o início do século XIX, no movimen- to da narco reforma1, nos Estados Unidos (EUA), locar em vigor a Lei da Proibição, foi necessário a criou-se a ideia de reabilitação de vícios comporta- criação de um abrigo dentro da sociedade, no qual pudessem se ver livres do desejo do álcool: a re1 Narcorreforma é uma proposta filosófica, psicológica e sociológica cuja abilitação; a responsabilidade do tratamento paspretensão é construir um novo estatuto para o adicto, garantindo cidadania (...) promovendo sua desintoxicalização das clínicas de reabilitação para dependen- sou a ser da medicina e não somente da sociedates químicos... (NARCORREFORMA 13, 2016)

21


de, passando a oferecer o tratamento em hospitais, alas psiquiátricas e sanatórios; nesta época foram criadas organizações fraternais, como o Alcóolicos Anônimos (AA).

Considerando a importância dos centros de reabilitação, frente ao combate do uso de substâncias ilícitas e as boas experiências das reuniões em grupos (alcoólicos anônimos - AA | narcóticos anônimos - NA), é de extrema importância o projeto Um dependente de álcool em recuperação, de arquitetura fornecer espaços destinados à estes Charles Dederich, uniu suas experiências nos AA encontros. como conhecimentos práticos e psicológicos; foi por ele a abertura das reuniões em grupos a usuários abusivos de quaisquer substâncias, e o surgimento de comunidade residencial. Na década de 80 houve Segundo Pereira (2008), o processo de tratao aumento na quantidade de clínicas de tratamento mento da dependência química é desenvolvido para residencial. Devido a acrescente situação de consu- os usuários, que desenvolvem desde tarefas básicas mo de drogas, a demanda por tratamento de reabi- até mesmos outras mais complexas. O adicto passa litação aumentou. (FILHO, 2010) pela fase da abstinência, onde, não usa drogas, o

2.2 A visão do usuário diante do tratamento

Muitas são as instituições junto à sociedade civil que têm se proposto a desenvolver um trabalho de assistência e tratamento a dependentes químicos: grupos anônimos, clínicas ou casas de recuperação, hospitais, etc. Esse número cresce à medida que a demanda aumenta, levando grupos, comunidades, associações, clubes de serviços e igrejas a organizarem trabalhos de atendimentos a esse segmento. As propostas de formas de atendimento a essa população específica varia de acordo com a visão de mundo e perspectiva política, ideológica e religiosa dos diferentes grupos. (LOPES, 1998, p.03)

que causa muita dor; a dor é causada pela necessidade física da substância, mas a dor maior é em relação a perda da ilusão de lidar com a vida, pois ele passa a ficar sóbrio e precisa aprender a enfrentar seus medos e dificuldades. A próxima fase é a de recuperação, onde o ex-adicto não usa mais drogas, recomeçando a gostar de si mesmo e recuperar os membros do seu ciclo de


relacionamentos; valorizando a vida e construindo sua autoestima com dignidade e autoconfiança. A recuperação deve ser feita por etapas, com a ajuda de profissionais, para que o tratamento possa ter sucesso. Contribuir com a criação do conceito e localização dos edifícios do terreno. O processo de tratamento varia de acordo com a necessidade de cada usuário, o qual passa por fases como a desintoxicação, que é onde o paciente encontra-se por um tempo até a eliminação das substâncias tóxicas do organismo. Passa pela reabilitação psíquica, onde acontece a conscientização do mal que o uso de drogas faz; é nesta fase que precisa mudar suas atitudes para que o tratamento tenha sucesso. Na fase da reintegração social é onde o ex-dependente químico já passou por um tratamento adequado para se livrar do vício, passando então a sentir dificuldades a ser reinserido na sociedade. Nesta fase é essencial a busca por grupos de apoio para ter uma ajuda diante dos obstáculos que terá pela frente. Por fim, a fase ambulatorial, onde faz

necessário ajuda dos familiares para que procurem grupos de apoio para ajudar com as cobranças e os compromissos da vida sem as drogas, tendo sucesso no processo de reintegração social. Em virtude dos fatos mencionados, a reação de cada adicto, perante sua desconexão com a droga é parecido entre si, porém há a necessidade de estudar caso a caso de cada paciente. A arquitetura necessita oferecer ambientes diretamente relacionados com estes casos, como áreas de socialização | aprendizagem; em contrapartida, ambientes mais isolados, onde o paciente possa ter seu momento de reflexão ao se desconectar da droga. “Apenas uma coisa pode curar o vício humano e expulsar a idolatria: o amor genuíno. Os seres humanos só ficam satisfeitos quando experimentam o que é autêntico, ou seja, verdadeiro.” “Tudo é possível, mas é preciso paciência e perseverança que muitas vezes faltam, porque frequentemente desconfia-se de sua capacidade de transformação em si mesmo”. (A DEPENDÊNCIA, 2018)

23


2.3 Usuários e a droga Filho (2010) comenta que a relação do usuário com a droga é construída com o passar o tempo, independente da raça, sexo, classe social e personalidade. Uma vez que se associa o uso de drogas com necessidades satisfeitas, o usuário acredita que usando droga tudo conseguirá e passa a ter acesso garantindo a substância todos os dias, fazendo com que ela esteja presente na sua rotina. A droga garante ao sujeito que ele não será confrontado com seu desamparo, mas, ao mesmo tempo, impede-o de se implicar na procura de sua satisfação. De forma mais ampla, ela evita as carências

que a sociedade fique vítima da violência imposta por esse uso indevido. Segundo Machado (2011), de acordo com o tempo de uso da maconha, percebe-se consequências prejudiciais e indesejadas, o que causa a dependência e a intoxicação, produzindo sintomas psíquicos onde a maconha atinge a mente, deixando o usuário trêmulo, suado, angustiado, com o medo de perder o controle da sua mente além da perda da memória e a atenção. Há perdas físicas, como diminuição da coordenação motora, hipotensão postural e taquicardíaca.

do ser, mas, paradoxalmente, o que se produz é um profundo isolamento social e afetivo. Se o universo da droga tem características

Considerada por muitos inofensiva, a maconha causa problemas como depressão, psicose, pâninão é com o outro, mas sim com a substância. co, paranoia, dependência, ansiedade e problemas (BRASILIANO, 2003) respiratórios, deixando comprometido o trabalho e Entre as drogas mais conhecidas estão espeos estudos de quem à usa; o uso dessa substância cialmente a maconha e a cocaína, drogas conhecitambém pode levar a consumir-se de drogas como das desde a existência da humanidade. O uso descocaína, heroína e o crack (MACHADO, 2011). controlado dessas substâncias causa danos à saúde mental e física de seus usuários e a degradação de A cocaína, substância mais utilizada no Brasil toda a sociedade, devido a criminalidade imposta (assim como a maconha), é uma substância natural pela produção e comercialização ilegal delas, faz de forte pertença, é preciso lembrar que o vínculo insubstituível


conhecida como cola ou epadu. A intenção do usuá- informação. rio de cocaína é sempre aumentar a dose na ilusão de experimentar resultados mais fortes, causando irritabilidade, tremores, comportamento violento, paranoia, alucinações, delírios e agressividade, como comenta Braun (2007). A cocaína leva o usuário a sentir sensações intensas de alegria e poder, seguida da sensação desagradável de cansaço e depressão, proporciona também um estado de prazer, hiperatividade, excitação, insônia, anorexia, convulsão, hipertermia e parada cardíaca. O uso também provoca dilatação das pupilas, taquicardia, hipertensão arterial, necrose do septo nasal e a degeneração dos músculos do corpo.

2.4 Categorias de dependência química No Brasil, assim como no mundo inteiro, o número de pessoas com dependências químicas aumenta ao passar dos anos; os jovens são os mais afetados. A “porta de entrada” para o uso | dependência de droga se inicia pelo álcool, droga lícita em vários lugares do mundo, a seguir, tabela com essa

Imagem 2: Drogas e seu consumo no Brasil. Malciel, Max (maxmacieldf). “bora fechar todos os bares do país? Vai querer proibir o álcool? Porque, mesmo você não gostando e acreditando em dados, queria te mostrar a droga mais consumida no país. Seria então o álcool a porta para outras drogas? Fonte: movimento”. 02/06/2019, 09:29. Tweet.

25


• O álcool, devido ao seu alto grau de aceitação sovas no sistema límbico, de maneira semelhantes cial, é a droga cuja dependência é mais comum. A as outras drogas de abuso, explicitando fenômefacilidade de acesso, a falta de rigor nas políticas nos de craving1 associados a abstinência. públicas de controle à venda de bebidas a meno- • Cocaína possui um dos principais efeitos da inres de idade e sua presença comum em ambientoxicação aguda é a sensação de prazer descrita tes familiares colaboram a favor dela. Segundo muitas vezes como euforia. O seu uso crônico (ou o relatório Word Health Statistics 2017, realizado mesmo após uma orgia de consumo), costuma pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a poocorrer sintomas depressivos, motivação, sonopulação mundial consumiu, em 2016, 6.4 litros lência, paranoia e irritabilidade. A cocaína pode de álcool por pessoa com 15 ou mais. (Word Heinduzir ataques de pânico e, inclusive, desencaalth Organizations, 2017). A utilização abusiva é dear a Síndrome do Pânico, que persiste mesmo decorrente da necessidade de aceitação, pressão após a interrupção do uso da droga. social, problemas estruturais na família e em • Crack é uma forma cristalizada da cocaína; seu grupos de convívio, por curiosidade ou prazer. nome veio através do som estralando ou queHá o desenvolvimento de transtornos como anobrando, quando aquecido antes de ser fumado. rexia alcoólica. Possui um efeito (logo no primeiro uso) de extre• Maconha, nome popular da Cannabis Sativa, é ma alerta, euforia e grande poder, possui pouca uma planta que produz mais de 40 substâncias duração do efeito, o que leva o usuário a utilizá-la químicas, entre elas, o THC. A ação desta droga por várias vezes ao dia. O uso excessivo, geralse assemelha aos opioides e benzodiazepínicos, mente por vários dias, leva à exaustão e a uma que atuam em receptores específicos do cérebro necessidade de dormir. (diferentemente do álcool, que perturba a ativicuja definição mais comum é o desejo intenso po uma substância. Renata dade de diversos neurotransmissores). O uso fre- 1 quente pode produzir mudanças neuro adaptati- Brasil Araujo e tal; 2017.


2.5 Especificidades do atendimento Psicossocial em centros de tratamentos 2.5.1 O tratamento adequado

ciando-se na maneira de internar e de tratar (FILHO, 2010). A maneira do tratamento nestes centros é em tempo integral e torna-se diferente em alguns aspectos comparados ao tratamento hospitalar. A principal diferença entre eles é que nos hospitais, o profissional “faz pelo paciente”, e nos centros de reabilitações, “faz com o paciente”.

Os estudos de Pereira (2008) mostram que o tratamento é a melhor escolha que o dependente faz, beneficiando não somente ele, mas também a sua família; esta alternativa faz com que o usuário aceite viver longe de substâncias ilícitas, propiciando maior motivação para ele. Os adictos logo que aceitam o tratamento não estão certos de que estão viciados, o motivo que aceitam o tratamento é devido ao prejuízo que passam a ter no dia a dia, tais como problemas profissionais, familiares, médicos e financeiros.

A principal tarefa de um centro de reabilitação para dependentes químicos é o tratamento psicossocial, preparando o adicto a viver na sociedade sem o uso de drogas; oferecendo, assim, um espaço livre de substâncias que possam gerar dependências, oferecendo serviços de saúde que seguem orientações médicas, preparando os internos para participação de diversas atividades diárias. O uso de medicamentos faz-se necessário pois possibilita o controle de dores (...). Assim, o ambiente de tratamento passa a ser de suma importância para a sociedade e para o O tratamento em centros de reabilitações pode dependente químico, pois percebe-se que vínculos ser confundido com tratamento manicomial ou psi- familiares se encontram fragilizados. (FILHO, 2010). quiátrico, porém estes centros de reabilitação têm como objetivo trabalhar com seriedade, frisando trabalhar com ética e responsabilidade, diferen-

27


2.5.2 Reinserção e prevensão, a im- 2.6 A linguagem da arquitetura portância da sociedade hospitalar de João Fiqueiras Lima A família tem papel essencial no que diz respeito a volta do ex-adicto para casa e se faz fundamental na reinserção social. A maneira como o adicto é recebido de volta a sociedade é de extrema importância para que ele possa manter-se seguro de se tratamento e “limpo” de drogas. É importante que o ex-usuário faça parte de um grupo social, podendo produzir e ser fértil. Esta pessoa não pode ser negada pela sociedade. A demanda por soluções imediatas diante do consumo de drogas causa grande preocupação, sendo necessário que a sociedade repense seu papel, buscando o controle e o combate ao uso de drogas. Estimulante da criminalidade, tráfico e corrupção, o uso de drogas ilegais vem tomando dimensões maiores e, a melhor maneira de lidar com este problema, é o debate sem preconceito e a informação correta. (PEREIRA, 2008)

(Rede SARAH) Composta por dez unidades em diversas regiões do país, a Rede SARAH de Hospitais de Reabilitação, reconhecida nacional e internacionalmente, atua no atendimento de alta qualidade a todos os níveis da população e em diferentes programas de reabilitação, os quais são definidos em cada unidade conforme os indicadores epidemiológicos de cada região em que cada unidade está localizada. As unidades que compõem a Rede Sarah são projetos de autoria de Lelé (com exceção da unidade de Belo Horizonte, onde foi realizado o projeto de reforma pelo arquiteto), que buscou no desenvolvimento dos projetos uma caracterização na integração de sua concepção arquitetônica bastante singular e marcante aos diferentes programas de reabilitação propostos para cada unidade. Assim, o trabalho proposto tem por objetivo realizar um breve estudo sobre a questão da humanização dos espaços nos projetos da Rede SARAH de Hospitais


de Reabilitação. A Rede SARAH de Hospitais de Reabilitação constitui-se em uma das evidências de que edifícios hospitalares, práticas médicas, ambientes humanizados, arquitetura e tecnologia podem, de fato, se atrelar, sendo executadas com excelência e desempenhando papel relevante na assistência médica, ensino, pesquisas e projetos de prevenção relacionados à reabilitação dos indivíduos. A inserção dos diversos atributos utilizados no processo de idealização dos projetos da Rede SARAH que foram abordados no presente trabalho possibilitam a integração da humanização e o enriquecimento dos espaços com a funcionalidade necessária nos hospitais, ou seja, trata-se de um exemplo positivo entre um edifício hospitalar e as práticas médicas que nele se realizam com uma arquitetura pensada para o usuário, tornando um ambiente prazeroso.

Imagem 3: Rede Sarah - Rio de Janeiro | RJ. sarah.br

Imagem 4: Rede Sarah - Brasília | DF. sarah.br

29


PARTE III Referências Projetuais


que não necessitam ser hospitalizadas; e o centro de reabilitação de integração social para pessoas com transtornos mentais graves. A circulação do projeto (destacado em vermelho) se da pelo núcleo da planta, sendo suas extremidades, implantado as necessidades do programa.

Imagem 5: Centro de Reabilitação Psicossocial | Vista Externa. archdaily.com.br

Arquitetos: Otxotorena Localização: Espanha - ES Data do projeto: 2014 O Centro de Reabilitação Psicossocial está localizado no terreno do complexo Centro Dr. Esquerdo, em Alicante na Espanha. Projetado pelo grupo Otxotorena Arquitectos, foi inaugurado em 2014 e possui uma área de 16 657 m² que atende às necessidades de duas entidades complementares: a residência para pessoas com transtornos mentais

Imagem 6: Centro de Reabilitação Psicossocial | Planta Baixa. archdaily.com.br | Compilação do autor.

O projeto desenvolve todos os espaços e necessidades funcionais, onde são agrupados em um único edifício de acordo com a resposta arquitetônica para as peculiaridades do terreno e a otimização do espaço. A escala do lugar e o entorno – grande e periférico – levaram à concepção de um edifício de um único pavimento, com um semi-subsolo ocupada por vagas de automóveis e áreas de serviço. Conta com um amplo espaço translúcido que se volta para um grande jardim posterior.

31


A escala do edifício público é destacada pela considerável extensão da fachada, onde um sistema de painéis verticais faz o controle da insolação. A diferença de nível entre o edifício e o jardim reforça a privacidade e faz dessa área verde um agradável oásis para aqueles que estão internados. O projeto traz uma sensação de calmaria com suas linhas verticais e horizontais, sem muitas informações visuais; o projeto possui um controle de entrada | saída sem trazer uma percepção de aprisionamento: a comunicação com o exterior é indireta. Imagem 8: Centro de tratamento de vícios Irmã Margaret Smith. archdaily.com.br

Arquitetos: Kuch Stephenson Gibson Malo Architects and Engineer + Montgomery Sisam Architects Localização: Canada - EUA Data do projeto: 2009

Imagem 7: Centro de Reabilitação Psicossocial | e sua relação com o exterior. archdaily.com.br

Desenvolvido por Montgomery Sisam, em 2009, o Centro fornece serviços de tratamento de vícios, incluindo drogas e álcool, de maneira residencial e não residencial. Possui 1 000 m², dois pátios jardinados organizam a edificação, sendo um deles para clientes residenciais e outro para clientes não resi-


denciais cujo principal objetivo é proporcionar um de cura. ambiente seguro e ser parte integrante do trata- mento. No que diz respeito a tratamento, a abordagem é holística baseada nas necessidades do paciente. Sua prioridade é a formação pessoal e a inclusão num programa de planificação. Há uma rede flexível de serviços sociais e de saúde com auxílio de médicos, psiquiatras e enfermeiros; além de uma equipe multidisciplinar com especialistas em gerenciamento do ‘stress’, conselheiro espiritual, uma parte lúdica, terapêutica e especialista em trauma.

Imagem 9: Centro de tratamento de vícios Irmã Margaret Smith | Planta baixa archdaily.com.br

Além disso, possui escritórios, salas de aula, centro de pesquisa, unidades residenciais e um espaço religioso. Visando apoiar os valores do grupo administrados do centro, St. Joseph’sCareGroup, que são dignidade e respeito, fé, cuidado, inclusão, veracidade e confiança; o projeto cria uma sequência clara de espaços aliada às variedades de relações com o ambiente externo, além disso, luz natural é bastante utilizada como auxiliar no processo

Imagem 10: Vista Superior Externa | Hospital Psiquiátrico Helsingor archdaily.com.br

33


Arquitetos: BIG – Bjarke Ingels Group + JDS Architects Localização: Helsingor - DK Data do projeto: 2005 Inaugurado em 2005, o hospital é organizado para dar melhorias e fornecer secções individuais com um máximo de dependência e espaços íntimos, onde os pacientes podem se sentir em casa. As seções (dia) e noite são abertos, ambos oferecendo uma visão geral para os indivíduos e cuidados para eles não se sentirem observados; oferecendo quartos para socialização e encontros entre as pessoas e, ao mesmo tempo, aproveitar o isolamento e contemplação. O programa de tratamento tem como estrutura um cristal de floco de neve em todas as direções em comprimentos variados. De acordo com o tamanho das unidades individuais, todas as partes do edifício são fundi-

dos em um único ponto. Acima do centro de trevo de galerias, uma das galerias interrompe-se com uma ponte para o hospital existente e torna-se uma estrutura flexível para expansão devida ao desenvolvimento. A disposição do programa residencial auxilia o dormitório de cada residente para sua parte da paisagem, dois grupos de quartos de frente para o lago e um grupo de quartos com vistas para a colina. O programa de vida íntima foi duplicado na paisagem, obtém um novo ambiente coletivo que é envolvido por escritórios e salas de tratamento, contendo pequenos pátios. Já o tratamento público é colocado sobre o mesmo nível do hospital existente, é organizado com 5 pavilhões individuais. As seções diárias, ambulatório e departamento de psiquiatria reúne-se em torno do saguão.


ção e o hospital existente, sendo uma forma importante para o centro. O edifício segue uma inclinação natural do morro em direção ao lago, se fechando a um grande pátio verde aproveitando o contorno da ladeira; possui de 1 a 3 andares montados em declive que leva a estrutura ortogonal do hospital. O centro pode ser facilmente percebido na paisagem e, ao mesmo tempo, permite belas vistas desde o seu interior. Imagem 11: Fachada do Prédio | Centro Psiquiátrico Friedrichshafen archdaily.com.br

Arquitetos: Huber Staudt Architekten Localização: Alemanha - UE Data do projeto: 2011 Inaugurado em 2011, o novo centro psiquiátrico está situado no ‘campus’ do hospital Friedrichshafen que foi construído em 1960. A proposta dessa inauguração foi destacar um espaço agradável oferecendo entradas em dois níveis diferentes que convide os visitantes, pacientes e os funcionários a relaxar; tendo esses espaços entre a nova constru-

Imagem 12: Centro Psiquiátrico Friedrichshafen | Patio interno archdaily.com.br

35


O projeto possui grandes salas de terapia e quartos que através do estilo e das cores das cadeiras aumentam a qualidade, com acesso direto ao jardim dos pacientes; são dispostos no piso térreo, para aproveitar a iluminação natural. A luz, o ar fresco e o ambiente acolhedor integram o conceito terapêutico, segundo o arquiteto Joachim Staudt, não quer que o edifício tenha uma aparência de hospital, mas sim marcar a diferença; criando um ambiente acolhedor que lembre mais como um hotel ou casa, priorizando o bem-estar dos pacientes.

Imagem 13: Centro Psiquiátrico Friedrichshafen | Conexão direta com o exterior archdaily.com.br

Foi utilizado espaços com cores suaves, muita luz natural, além de prevalecer o uso respeitoso dos materiais como concreto e madeira, que dominam o centro interno e externo. O concreto é usado de maneira sofisticada e o revestimento vertical composto por perfis de madeira, trazendo uma aparência aberta e arejada.

Imagem 14: Complexo Terminal de Passageiros 3 Aeroporto de Guarulhos archdaily.com.br


Arquitetos: Biselli + Katchborian Arquitetos Localização: São Paulo - SP Data do projeto: 2010 O conjunto de edificações que compõem o Complexo Terminal de Passageiros 3 inserem-se no contexto do Plano de Desenvolvimento do Aeroporto – PDA elaborado para este sítio, respeitando integralmente as diretrizes de seu zoneamento funcional e potencializando, do ponto de vista do uso racional de seus espaços, a escassa área remanescente do sítio aeroportuário.

ção precípua da edificação. Essa deformação da superfície horizontal se reflete diretamente em três grandes arcos ligeiramente abatidos, legíveis na escala do aeroporto, que fixam, a partir disso, as regras para a definição do sistema estrutural primário do plano da cobertura; serviu de grande inspiração para o projeto apresentado, fazendo que tenha o marco de entrada do edifício.

Imagem 15: Complexo Terminal de Passageiros 3 Aeroporto de Guarulhos archdaily.com.br

A cobertura, elemento morfológico único, reflete essa horizontalidade e sugere uma espécie de “nova topografia”, alterada para abrigar a fun-

Imagem 16: Casa de Campo | Daniel Libeskind projetosrzp.com.br

37


Arquitetos: Daniel Libeskind Localização: Connecticut - EUA Data do projeto: 2016

de lapidar a forma do edifício, criando um visual totalmente diferente e orgânico. Este projeto serviu de inspiração por instigar a pessoa ao olhar para fachada; além da sua forma totalmente única.

O origami é uma arte milenar japonesa passada de geração em geração. Conhecida pelo mundo todo, essa técnica consiste em uma série de dobras combinadas de diversas maneiras para formar desenhos dos mais variados tipos. Todo esse universo geométrico do origami vem inspirando arquitetos e designers em seus projetos. A casa de campo projeto por Daniel Libeskind em Connecticut é um grande origami de aço inoxidável que foi batizado com esse nome por conta dos 18 planos espiralados com 36 pontos ligados por 54 linhas com que o imóvel é formado.

Imagem 17: Embedded Project. dezeen.com

Arquitetos: Estúdio HHD_FUN A fachada de aço inoxidável se renova cons- Localização: Xangai - CH tantemente, assumindo o tom lustroso do bronze Data do projeto: 2010 acentuado pela luz natural. O interior da casa reveO pavilhão, projetado pelo estúdio de Pequim la os cômodos entrecortados pelos ângulos de me- HHD_FUN para Xangai, possui uma superfície comtal que envolvem a construção. A arquitetura do origami tem uma premissa posta de triângulos, divididos e divididos novamente em um padrão fractal. Batizada de “Embedded


Project”, a estrutura foi construída em outubro de regiões projetivas. O público recebe perspectivas 2008 em colaboração com o artista Xu Wenkai. incomuns para ver o globo, nossa cidade, campos abertos; este sistema estabelece uma relação lógica A exposição abrigava uma instalação que pro- evidente, mas incerta entre o movimento das pessojetava edifícios imaginários e imagens do programa as, a experiência visual e as “mensagens urbanas”. de mapeamento Google Earth em resposta aos mo- O público pode observar o processo de mudança urvimentos dos visitantes. A seguir, a explicação dos bana dentro da projeção.” designers: Este projeto representa com clareza a “força” “Esta instalação temporária e interativa foi ba- de expressão que a arquitetura do origami possui: seada no conceito de ‘sistemas complexos’ que po- transforma uma forma simples em uma arquitetudem observar, perceber e pesquisar nosso mundo ra emblemática e curiosa por quem passa; instiga vivo, sociedade e biologia. A arquitetura virtual está qualquer pessoa, principalmente na questão visual embutida em várias cidades e regiões dentro do do ser humano. Google Earth projetada no chão, dentro do espaço interno da instalação. Os sensores de movimento Este tipo de arquitetura serviu de grande insrastreiam o movimento do público dentro do espa- piração para o projeto então apresentado, trazendo ço interno e os projetores respondem de acordo com volumes totalmente diferentes entre si, em uma reessas entradas. gião que possui uma arquitetura local, característico de uma região pequena, em desenvolvimento. O Ao usar essa tecnologia interativa, os membros centro de Reabilitação Re_Nascer traz consigo uma do público podem acionar e controlar a cena proje- arquitetura que Trans_Forma. tada, alterando o deslocamento de seu próprio corpo ou alterando a distância entre eles dentro das

39


PARTE IV Escolha do Nome do Projeto


Nada pode ser começado | finalizado se não tiver sua característica principal: o nome. É dele que se inicia tudo. RE_NASCER vem da palavra renovação1. O adicto renasce na vida ao possuir uma oportunidade de ser internado no projeto então apresentado e nasce um ex-adicto, totalmente outra pessoa capaz de viver novamente na sociedade. A seguir, o logo do nome; seu registro no mundo. 1

“ato ou efeito de renovar; renovamento.” Definições de Oxford Languages

O logo parte da premissa de conexão. Por se tratar de um centro de reabilitação para dependentes químicos, o partido inicial do projeto foi projetar algo totalmente diferente do encontrado em nosso país: um espaço que abriga doentes mentais, confinados em um espaço remetendo à uma prisão. A conexão dos espaços e seus usos é de extrema importância para dar uma sensação de livre arbítrio, mas, ao mesmo tempo, é necessário uma segurança do projeto para possíveis fugas. Com isso, o logo remete à um núcleo interligado e livre, dentro do seu próprio espaço.

Imagem 18: Logo do projeto. Compilação do autor.

41


PARTE V Escolha do Terreno


A primeira etapa desta fase foi a execução de um BrainStorm, com o intuito de organizar melhor as palavras que mais se encaixam ao projeto. Através dos estudos preliminares, foram estipulados alguns pontos; categorizados como necessários e/ ou desejáveis, para a escolha do terreno, sempre focando na proximidade do “Centro Novo” de São Paulo (a preferência se da pelo enfoque do tratamento de usuários localizados, principalmente, na região metropolitana de São Paulo). A partir desses estudos, foram selecionados quatro terrenos. Fatores decisivos para escolha do terreno Necessário ∙∙ Próximo ao centro urbano da área escolhida;

∙∙ Próximo ao centro da cidade de São Paulo; ∙∙ Presença de transporte público próximo ao terreno (máximo 10 minutos andando até o local). ∙∙ Próximo ao hospital local; ∙∙ Entorno não muito verticalizado; ∙∙ Lei onde possibilita a inserção do projeto no terreno. Desejável ∙∙ Ausência ou poucas indústrias no entorno imediato; ∙∙ Presença de vegetação no entorno. Fator Secundário ∙∙ Facilidade em encontrar informações do terreno; ∙∙ Fácil acesso (pessoal) ao local; ∙∙ Delegacia próximo.

43


PARTE VI Terrenos Analisados


Localização: Avenida Dr. Altair Martins – Raposo Tavares, Osasco – SP. Área Estipulada: 15 000 m² Zoneamento: MCADS – Macrozona de Conservação Ambiental e Desenvolvimento Sustentável. Imagem 19: Imagens do terreno localizado em Osasco - SP. Compilação do autor.

conhecimento pelo FUNAI, além de ter forte liga Este primeiro terreno analisado está localiza- ção com a Macrozona de Preservação Ambiental; do na Zona Oeste da região Metropolitana de São logo descartado. Paulo, diretamente ligada na intersecção de duas estradas importantes: Raposo Tavares e Rodoanel Mario Covas. A área escolhida está dentro do pré-estabelecido para o projeto. O único fator que desclassificou este local foi sua legislação. Segundo dados encontrados no próprio site da prefeitura de Osasco, o terreno está localizado em uma fração do território que corresponde a 1,06% da área total do município que possui ausência de ocupação urbana; encontra-se sob processo de re-

45


Imagem 20: Imagens do terreno localizado no Guarapiranga - SP (1). Compilação do autor.

Este terreno analisado está localizado na Zona Sul do município de São Paulo. Está próximo à avenida Guarapiranga e possui pontos importantes para o projeto. O problema deste terreno foi sua característica de APP, possui grande (e única) parcela de vegetação significante para a cidade de São Paulo, com isso, foi desclassificada. Por se tratar de uma área Área de Preservação Permanente, ou seja, de uma porção da cidade destinada a preservação natural do espaço, foi decidido descartar esta área para o projeto.

Localização: Rua Martinho Jacob Kremer – Jardim São Francisco, São Paulo - SP. Área Estipulada: 9 000 m² Zoneamento: ZMA – Zonza Mista Ambiental


Localização: Avenida Guarapiranga – Guarapiranga, São Paulo - SP. Área Estipulada: 19 200 m² Zoneamento: ZEIS 1 – Zona Especial de Interesse Social Imagem 21: Imagens do terreno localizado no Guarapiranga - SP (2). Compilação do autor.

Já este terreno, também localizado na Zona Sul do município de São Paulo possui todos os itens necessários para o projeto, o único (e mais importante) que foi desclassificado, foi seu zoneamento; por estar inserido em uma região de ZEIS – 1, esta área está diretamente ligada à projetos focados em habitações de interesses sociais e suas vertentes.

47


Localização: Rua Maria Zendron Cardoso Jardim Frediani, Santana de Parnaíba, São Paulo - SP. Área Estipulada: 5 620 m² Zoneamento: ZUD 11 – Zona de Uso Diversificado tipo 11 Imagem 22: Imagens do terreno localizado em Santana de Parnaíba - SP. Compilação do autor.

Por fim, este terreno possui todos os aspectos possui fácil acesso à diferentes estradas da região, necessários e desejáveis para a escolha do terreno; além de estar situado no centro da cidade de Santaapesar de possuir uma metragem inferior que os na de Parnaíba. outros, adequa ao programa estabelecido inicialmente para o projeto. A legislação local permite a inserção de um projeto arquitetônico da vertente escolhida, ou seja, é permitido pela prefeitura um projeto de centro de reabilitação para dependentes químicos. Outro ponto importante, é a sua localização, apesar de estar localizado no interior de São Paulo,


49


PARTE VII Diagnóstico da Área de Implantação


Diagnóstico da Área de Implantação

Metropolitana de São Paulo, é o subtropical. Verão quente e chuvoso. Inverno relativamente frio e subseco. A média de temperatura anual gira em torno dos 20Cº, sendo o mês mais frio julho (média de 12°C) e o mais quente fevereiro (média de 23°C). O índice pluviométrico anual fica em torno de 1300 mm.

6.2 Contextualização Urbana A cidade possui características turísticas, onde Imagem 23: Localização Regional. o centro da cidade é história, com vários bens tomCompilação do autor. bados. A economia de Santana de Parnaíba é ligada ao setor de serviços e comércios, notadamente na região de Alphaville. O município conta com uma O município de Santana de Parnaíba está loca- política de preservação ambiental, onde proporciolizado no interior de São Paulo – SP, na zona oeste na a criação e a manutenção de áreas de valor ecoda região metropolitana de São Paulo. O município lógico e ambiental. se estende por 179,8 km². A população em 2010 é de 108 875 habitantes e a área é de 184 km², o que resulta numa densidade demográfica de 468,73 hab/ km² (dados do IBGE). Santana de Parnaíba nasceu A região de estudo possui infraestrutura próàs margens do rio Tietê. pria, como uma companhia telefônica local. Possui O clima da cidade, como em toda a Região grandes rodovias que faz ligação com grandes polos51

6.1 Contextualização Regional

6.3 Principais Acessos e pontos nodais do município


econômicos de outras regiões, como a Estrada dos Romeiros, Estrada Ecoturística do Suru, Rodovia Castelo Branco e o Rodoanel Mario Covas (todas as estradas citadas foram demarcadas em vinho; já a área de estudo, em salmão).

Conforme citado anteriormente, foi analisado o tempo de deslocamento do terreno escolhido até um ponto do “Centro Novo” da cidade de São Paulo. Neste caso, foi escolhido o MASP - Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand. Conforme pode ser analisado na imagem abaixo, retirada do (sítio) ‘web’ google maps, é possível fazer este circuito em cerca de 2 horas, de transporte público; em casos de transporte particular, este tempo pode ser reduzido pela metade (em ocasiões sem trânsito). Ponto importante, pois, é de fácil acesso para diferentes localidades de São Paulo e, para qualquer pessoa.

Imagem 24: Estradas importantes do entorno. Compilação do autor.

6.4 Análise do terreno e o seu entorno. 6.4.1 Tempo de deslocamento até o “Centro Novo” de São Paulo.

Imagem 25: Tempo de deslocamento | Transporte público. GoogleMaps.com


6.4.2 Terreno escolhido X Centro da cidade situada.

Parnaíba (área destacada em azul turquesa), onde está localizada a menos de 10 minutos andando, na rua do terreno possui pontos de ônibus, onde não Uma das primeiras ideias quando foi iniciado possui necessidade de andar. este trabalho foi a questão de quebrar o estereótipo de que as clínicas de reabilitação “precisam” ser afastadas do centro urbano, remetendo aos presídios (fator muito comum). Com isso, o projeto necessitava estar próximo do centro urbano da cidade inserida.

6.4.3 Infraestrutura de apoio do entorno | Santana de Parnaíba - SP. No entorno imediato do projeto possui grandes infraestruturas de apoio. Na frente do terreno encontra-se a delegacia da cidade (área demarcada em laranja) ; no final da mesma rua, nota-se o hospital municipal (traçado cor de salmão); próximo do projeto possui ONG “ASSOSIAÇÃO CRISTÃ CORRENTE DE LUZ” e a Igreja dos Mórmons (área verde neon) onde, há possibilidades de parceria com o centro de reabilitação; por fim, a rodoviária de Santana de

Imagem 26: Infraestrutura de apoio do entorno | Santana de Parnaíba. Compilação do autor.

53


6.4.4 Área permeável do entorno | Vegetação. Conforme-se nota na imagem a seguir, a área onde o terreno está localizado possui grandes parcelas de vegetação, tornando o local urbano, mas com uma sensação de rural. O contato da vegetação possui extrema importância para um tratamento de sucesso aos adictos, além de trazer benefícios para todos os seres humanos, como um ar com menos poluição.

Enquanto Marcus e Sachs (2014, p.1) certificam a importância da natureza para o bem-estar e suporte da saúde dos indivíduos: “Caminhar pela floresta, sentar em banco de parque, cuidar do seu jardim, até mesmo observar do interior as cores e movimento da natureza no exterior são maneiras passivas e ativas de conectar-se com o mundo natural. Eles despertam nossos sentidos, encorajam o movimento físico e o exercício, facilitam a conexão social, reduzem o estresse e a depressão e suscitam reação física e psicológica.” (INTRODUÇÃO, Quadro Atual pag. 20, 2019)

Imagem 27: Área Permeável do entorno imediato. | Santana de Parnaíba. Compilação do autor.


6.4.5 Classificação Viária.

6.4.5 Estudo do Uso do Solo.

O terreno está próximo da Estrada dos Romeiros, estrada de grande importância para a região, onde possui alto fluxo de automóveis durante o dia e noite. A rua do terreno é coletora, ou seja, os automóveis deságuam nesta rua para acessarem os bairros da cidade, com isso, há um grande fluxo de pessoas | automóveis em setores do terreno; levando em conta a necessidade de tranquilidade para com os adictos e os frequentadores da clínica, este estudo é de grande relevância para projetar.

O entorno mais imediato do terreno possui uma característica mista: de um lado encontram-se comércios e serviços, do outro, residências; expandida área de análise do local, a cidade possui fragmentos mistos, residenciais e/ou comerciais: isto é a cidade brasileira, isto é o centro. Ao realizar esta análise, nota-se um ponto “assertivo” ao terreno; onde ele se encontra no centro cívico de Santana de Parnaíba, mas, ao mesmo tempo, o projeto necessita de um certo recuamento para que tenha sucesso no tratamento do adicto.

Imagem 28: Classificação viária. Compilação do autor.

Imagem 29: Estudo do Uso do Solo. Compilação do autor.

55


PARTE VIII Projeto


7.1 Programa O programa foi elaborado através dos estudos realizados, apresentados na monografia. Grande parte das áreas foram estipuladas conforme a legislação ordena, “orientação para instalação e funcionamento das comunidades terapêuticas no estado de São Paulo”, de 2014. Este guia possui uma legislação mínima para cada ambiente.

Ala Médica Banheiros

Farmácia Internação Recepção | Triagem Sala Médica Sala Psicólogo Sala Psiquiátra A elaboração do programa foi baseado para 41 Vestiário Funcionários Ala Limpeza | Refeição internados de período integral | parcial; além dos internados de um curto período do tempo; median- Banheiros te às necessidades do tratamento contra o vício. Banheiro Funcionário Cozinha Administração Estoque não Perecível Banheiros 8,6 m² Estoque Perecível Copa 10,0 m² Lavanderia Coletiva Lobby 250,0 m² Lavanderia Privada Recepção 18,0 m² Passadeira Sala de Reunião 20,0 m² Salão Coberto (restaurante) Sala Administrativa (coletiva) 41,0 m² Salão Descoberto (restaurante) Sala Diretor 10,0 m² Sala de descarte do Lixo Segurança 6,7 m² Vestiário

11,4 m² 26,0 m² 49,5 m² 11,0 m² 49,5 m² 21,8 m² 22,8 m² 14,5 m²

7,9 m² 7,0 m² 81,6 m² 11,2 m² 11,2 m² 8,3 m² 12,1 m² 5,3 m² 72,5 m² 78,0 m² 9,6 m² 57 12,8 m²


Área de Aprendizado | Encontros | Lazer Academia Auditório (63 pessoas) Banheiros Esporte Banheiros Coletivo Banheiros Tipo (8 unid.) Biblioteca Camarim Depósito Lanchonete (20 pessoas + funcionários) Piscina Quarto (2 unid.) Quarto Duplo (4 unid.) Quarto Triplo (9 unid.) Quarto Quádruplo (1 unid.) Sala de Artes Sala Coletiva Sala Multifuncional Sala de Música Sala de Televisão

83,0 m² 100,0 m² 12,0 m² 13,4 m² 5,0 m² 72,0 m² 26,0 m² 12,0 m² 48,0 m² 110,0 m² 12,7 m² 13,0 m² 13,0 m² 26,2 m² 22,7 m² 51,1 m² 47,1 m² 22,7 m² 36,1 m²

Diferenciais Estacionamento (17 automóveis) Praça interna Leste Praça interna Norte Praça interna Oeste

242,3 m² 533 m² 758,5 m² 761,6 m²

7.2 Parâmetros Projetuais | Zoneamento Parâmetros Área Frente Recuo Frente Recuo Laterais Recuo Fundo Taxa de Ocupação

Zoneamento 1.000 m² 20,0 m² 5,0 m² 1,5 m² 5,0 m² 0,5

Projeto 6.317 m² 88,0 m² 8 m² 5,4 m² 5 m² 0,39


7.3 Topografia

7.4 Fluxograma

A área escolhida, na totalidade, possui uma topografia razoável; com poucas morros e fundos de vale, levando em conta que toda essa região tende a escoar para o Rio Tietê, localizado na região leste da imagem a seguir. O terreno é bem plano, estando na mesma linha topográfica.

7.4.1 Processo de internação do adicto.

Imagem 31: Fase da internação. Compilação do autor.

Imagem 30: Topografia | Santana de Parnaíba - SP. Compilação do autor.

A fase da internação do adicto se faz necessária para o entendimento do primeiro contato do internado com a clínica; é preciso saber suas etapas para que a arquitetura possa ser planejada de um modo o qual receba com êxito e faça o seu papel. O processo se inicia na recepção, onde o paciente faz um primeiro contato; já na segunda etapa, o adicto é levado para a ala do centro médico, onde faz uma triagem com análise médica (nesta etapa o médico responsável checa o estado de saúde da pessoa); em59


seguida (podendo ser no mesmo local), o paciente passa por uma avaliação clínica (nesta fase é levado em conta o diagnóstico anterior para que a pessoa posse ter os devidos cuidados dentro da clínica); por fim, o adicto é internado e passa a conviver com os outros pacientes.1

7.4.2 Fluxograma da Arquitetura.

de está relacionado com a área de alimentação e lavanderia; azul está relacionado com o espaço de convivência dos pacientes e a área de descanso; por fim, em vermelho, foi reservado para área de entretenimento e reuniões que possa acontecer. Todas as cores foram escolhidas de acordo com a psicologia das cores.

Foi realizado dois fluxogramas para auxiliar no entendimento dos espaços do centro de reabilitação, baseado no programa, os dois fluxogramas possuem alas segregadas através de cores. O primeiro fluxograma está mais enxuto, com as alas principais de cada setor do programa; já o segundo fluxograma, está detalhado, apresentando os espaços principais que constituem o projeto. Em amarelo se encontra a área de administração (predial e funcional); em laranja, a área de recepção; em roxo, se encontra o centro médico; ver-

1 Todas essas etapas só podem ser concluídas dependendo do estágio de vício | saúde do adicto. Há casos onde o mesmo necessita de um acompanhamento médico constante, podendo ficar internado na ala médica.

Imagem 32: Fluxoograma Geral. Compilação do autor.


foram baseado no pico de sol no verão, 22/12 e, o “pico” do inverno, 22/06.

Imagem 33: Fluxoograma Detalhado. Compilação do autor.

Imagem 34: Estudo do Sol no terreno. Google Earth | Compilação do autor.

7.5 Carta Solar. Foi realizado o estudo da carta solar no projeto, para maior entendimento da localização e, ao projetar, ter uma base da disposição dos prédios. Foi utilizado a carta solar de São Paulo, onde possui Latitude (24°) sul. As datas escolhidas para o estudo

61


IMPLANTAÇÃO

ESC. 1:500


PLANTA DO TÉRREO

ESC. 1:500

63


PLANTA BAIXA - ALA MÉDICA | RECEPÇÃO E ADMINISTRAÇÃO | REFEITÓRIO E LAVANDERIA


65


PLANTA BAIXA - ALA DORMITÓRIOS


PLANTA BAIXA - ALA DE ENTRETERIMENTO

67


PLANTA BAIXA - ALA ESPORTIVA


69


CORTES A

B

C

D

E

F

G

H

I

J

K

CORTE A-A

ESC. 1:250 A

B

C

D

CORTE B-B

ESC. 1:250 A

B

CORTE C-C

ESC. 1:250 A

CORTE D-D

B

C

D

E

F

G

H

I

ESC. 1:250


CORTES A

B

C

D

E

F

G

H

CORTE E-E

I

ESC. 1:250 A

B

C

D

CORTE F-F

ESC. 1:250 A

B

C

D

71

CORTE G-G

ESC. 1:250


ELEVAÇÕES

Elevação Norte

ESC. 1:250

Elevação Sul

ESC. 1:250


Elevação Leste

ESC. 1:250

73 Elevação Oeste

ESC. 1:250


Renderização | Imagens Internas e Externas

Vista praça interna.


Vista praça externa.

75


Vista praça oeste.


Relação restaurante e praça leste.

77


Renderização | Fachada

Relação estacionamento e fachada.

Relação entrada e fachada.

Fachada principal.

Relação da fachada com a cobertura


Entrada principal do projeto.

79


Renderização | Entrada

Entrada principal | Vista interna.

Recepção.

Praça interna coberta.

Relação da cafeteria e seu intorno.


Renderização | Piscina e Academia

Vista interna da Piscina

Relação interna da Piscina com a praça.

Relação academia com a piscina.

Vista interna da academia.

81


Renderização | Praça Leste

Praça leste e a relação com a cafeteria.


Renderização | Praça Oeste

Ala médica e a relação com a praça.

Vista da praça oeste.

Relação da ala médica | suítes modulares | praça interna.

Vista da praça oeste | outro ângulo.

83


Renderização | Praça Norte

Praça central | Norte.


Relação da academia com a praça interna.

Relação área de esporte com a praça norte.

Entrada da praça central.

Área central da praça norte.

85


Renderização | Suítes Suíte solteiro e estudo luminotécnico.

Através do estudo da Neuro iluminação1, o usuários. Assim como a arquitetura, a iluminação projeto luminotécnico das suítes tem como premis- possui um peso importante na recuperação e saúde sa o cuidado com o ciclo circadiano2 das pessoas, dos pacientes. fazendo com que a luz não atrapalhe o sono dos Os quartos possuem uma iluminação geral in1 Neurolighting é a neurociência aplicada à iluminação trazendo os preceitos das linhas de pesquisas e estudos sobre luz e saúde, como o HCL (Human direta, com uma temperatura de cor baixa, trazenCentric Lighting), que coloca o homem como o centro de tudo nos projetos. do um local de relaxamento; há uma luz de baliza2 Ciclo circadiano é o nome dado à variação nas funções biológicas de di- mento para guiar a pessoa a noite sem que tenha versos seres vivos, que se repete regularmente com período de aproximadamente a necessidade de incomodar as outras pessoas que 24 horas.


Suíte quadruplo e estudo luminotécnico.

estão no quarto. Por fim, há uma iluminação de circulação e de tarefa, na área do guarda-roupa. Todos os quartos possuem o mesmo conceito luminotécnico, trazendo uma linguagem única para os ambientes que, apesar de ter ocupações distintas, possui a mesma finalidade de uso do espaço.

87


Renderização | Cafeteria

Relação cafeteria | Biblioteca.


Cafeteria a noite.

Cafeteria | refeitório.

Cafeteria | Biblioteca.

Detalhes.

89


Renderização | Vista Aérea

Fachada Principal.


Fachada dos Fundos do Terreno.

91


Qr-Code | Informações extras do projeto

O qr-code acima redicionará para imagens renderizadas do projeto, para mais informações do projeto.


O qr-code acima redicionará para o Youtube, onde se encontra um vídeo realizado do projeto.

93


PARTE XXX Considerações finais


As drogas vêm atingindo a sociedade, sendo uma doença que não possui cura, mas, há a possibilidade de tratamento para reduzir seus sintomas de abstinência. Concluo este trabalho ressaltando a importância da influência que o projeto de arquitetura possui, para a recuperação do adicto com suas devidas abstinências. Apesar das tentativas de programas sociais do governo, a reabilitação de um dependente químico ainda é um assunto bastante complexo, levando a vulnerabilidade social e tornando os usuários marginalizados e excluídos da sociedade; reflexo de poucas unidades com uma arquitetura adequada de tratamento em vigor. A proposta de criar um centro de reabilitação para dependentes químicos parte da premissa de respeito, igualdade e valorização à todas as pessoas, auxiliando, indiretamente, aqueles que são excluídos de a sociedade tornarem parte da mesma através de acompanhamento de profissionais, educação, convivência e respeito; ajudando não “eles”, mas sim, “nós”; qualquer um corre o risco de se tornar adicto.

95


PARTE XXX Bibliografia


LANG, O. ’Vícios têm origem em traumas e não estamos atacando as causas do problema’. BBC World Service, BBC News, p. 1 – 1, Novembro 2019. Disponível em: https://www:bbc:com/portuguese/ internacional-50459101. Acesso em: 12/052021.

AGÊNCIA da ONU diz que número de usuários de drogas cresceu 30% em 10 anos. [S. l.], 25 jun. 2020. Disponível em: https://news.un.org/pt story/2020/06/1718112. Acesso em: 22 abr. 2021.

RELATÓRIO alerta para uso de substâncias psicoORGANIZACÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Neurociên- ativas entre jovens. [S. l.], 17 fev. 2020. Disponível cias: consumo e dependência de substâncias psi- em: https://news.un.org/pt/story/2020/02/1705441. coativas. Genebra: [s.n.], 2006. Site. Acesso em: 22 abr. 2021. PONTES, L. M. M.; HÜBNER, M. M. C. A reabilitação neuropsicológica sob a ótica da psicologia comportamental. Scielo, São Paulo, v. 1, p. 1 – 1, Maio 2007/07. Disponível em: https://www:scielo:br/scielo:php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832008000100002. Acesso em: 22/04/2021. ROEHRS, H.; MAFTUM, M. A.; LENARDT, M. H. PRÁTICAS CULTURAIS FAMILIARES EO USO DE DROGAS PSICOATIVAS PELOS ADOLESCENTES: REFLEXÃO TEÓRICA.Scielo, v. 1, p. 1 – 5, Junho 2008/12. Disponível em: https://www:scielo:br/pdf/ ean/v12n2/v12n2a24:pdf. Acesso em: 22/04/2021.

3,5 milhões de brasileiros usam drogas ilícitas. [S. l.], 16 mar. 2020. Disponível em: https://www.portalveneza.com.br/35-milhoes-de-brasileiros-usam-drogas-ilicitas/. Acesso em: 22 abr. 2021. O CONSUMO de drogas explode na quarentena: Trata-se de um reflexo do medo de adoecer, do desespero com a perda de renda e das incertezas sobre o futuro. [S. l.], 17 ago. 2020. Disponível em: https://veja.abril.com.br/saude/o-consumo-de-drogas-explode-na-quarentena/. Acesso em: 22 abr. 2021.

97


RELATÓRIO MUNDIAL SOBRE DROGAS 2020: BREVES CONSIDERAÇÕES DA COORDENAÇÃO DO COMITÊ DO MPPR DE ENFRENTAMENTO ÀS DROGAS. Curitiba, 10 jun. 2020. Disponível em: https://site.mppr.mp.br/arquivos/File/Relatorio_Mundial_Drogas.pdf. Acesso em: 22 abr. 2021.

LATORRACA, G. João Filgueiras Lima, Lelé. São Paulo: Blau, Intituto Lina Bo e P.M, 2000. 263 f. LIMA, J. F. L. CTRS – Centro de Tecnologia da Rede SARAH. Sarah Letras, 1999. 59 f. Centro de Reabilitação Psicossocial / Otxotorena Arquitectos” [Center for Psychosocial Rehabilitation / Otxotorena Arquitectos] 06 Ago 2014. ArchDaily Brasil. Acessado 4 Nov 2020. <https:// www.archdaily.com.br/br/625185/centro-de-reabilitacao-psicossocial-otxotorenaarquitectos> ISSN 0719-8906;

RELATÓRIO Mundial sobre Drogas 2020: consumo global de drogas aumenta, enquanto COVID19 impacta mercados, aponta relatório. [S. l.], 25 jun. 2020. Disponível em: https://www.unodc.org/lpo-brazil/pt/frontpage/2020/06/relatrio-mundial-sobre-drogas-2020_- consumo-global-de-drogas-aumenta--enquanto-covid-19-impacta-mercado. Sister Margaret Smith Addictions Treatment Cenhtml. Acesso em: 22 abr. 2021. tre / Kuch Stephenson Gibson Malo Architects and Engineer + Montgomery Sisam Architects” A REABILITAÇÃO neuropsicológica sob a ótica da 15 Feb 2011. ArchDaily. Accessed 4 Nov 2020. <htpsicologia comportamental. [S. l.], 7 maio 2007. tps://www.archdaily.com/109414/sister-margaretDisponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?s- -smith-addictions-treatment-centremontgomerycript=sci_arttext&pid=S0101- 60832008000100002. -sisam-architects> ISSN 0719-8884; Acesso em: 22 abr. 2021. MUNICÍPIO DE SANTANA DE PARNAÍBA. [S. l.], 8 NARCORREFORMA: Adicção. Joinville - SC: Clube abr. 2021. Disponível em: https://www.cidadebrade Autores, 2016. E-book. sil.com.br/municipio-santana-de-parnaiba.html.


Acesso em: 23 abr. 2021. CENTRO Psiquiátrico Friedrichshafen / Huber Staudt Architekten. [S. l.], 11 maio 2014. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/601552/centro-psiquiatrico-friedrichshafen-slash-huber-staudtarchitekten. Acesso em: 23 abr. 2021. INTRODUÇÃO: Quadro Atual. In: JARDIM de CURA: um recurso para os espaços abertos de instituição especializada na reabilitação de dependentes químicos. 2019. Trabalho de Conclusão de Curso (Arquitetura e Urbanismo) - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL, Porto Alegre, 2019. Disponível em: https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/194501/001093472.pdf?sequence=1. Acesso em: 24 abr. 2021. AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manualdiagnóstico e estatísticode transtornos mentais - 4º edição. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994, 845 p. CRISTAL na veia: Memórias de uma viagem sem limites ao inferno das drogas. [S. l.: s. n.], 2007.

99



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.