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CENTRO DE CIDADANIA LGBT DANDARA DOS SANTOS EU BORDO, TU BORDAS, JAGUARÉ Orientando | Raphael Alvarenga de Oliveira Marcondes Orientadora | Ana Cecília Mattei de Arruda Campos Banca externa | Isabela Sollero Lemos Leandro Rodolfo Schenk Banca interna | Ana Paula Giardini Pedro Campinas, 2017
À todos que se fizeram presentes na minha trajetória acadêmica, incentivando e muitas vezes participando de todos os momentos dessa caminhada de seis anos. Aos docentes que com muito empenho transmitiram seus conhecimentos a mim, fazendo-me um bom arquiteto e mais que isso, um cidadão consciente que viza as prioridades da população, meio ao caos urbano em que vivemos. Em especial, a todas as pessoas LGBT que lutam por um mundo mais respeitoso, que gritam a palavra DIVERSIDADE e que a cada dia empenhamse para conseguir seu lugar no mundo e não menos importante, a todos que morreram devido ao ódio e intolerância ao próximo, que de alguma forma, elas possam se tornar espelhos para que essa severidade não derrame mais sangue.
AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço a minha orientadora Ana Cecília Mattei de Arruda Campos, que com tamanho empenho me auxiliou em todo o ano, sendo muito prestativa e dedicada, evidenciando seu profissionalismo ímpar e um ser humano que tem o coração do tamanho do mundo, que muitas vezes foi uma mãe, ouvindo nossas reclamações e entendo perfeitamente nossos medos frente a última etapa. Muito obrigado de coração, Ana. Aos meus familiares, que me apoiaram e me deram toda a confiança que eu precisei em todos os anos da faculdade, me incentivando a nunca desistir, mostrando que sempre haveram obstáculos no caminho, mas que no final, o presente é gratificante e são a eles que dedico toda minha felicidade por estar terminando mais um ciclo na minha vida. Àqueles que estiveram ao meu lado quase que 24h por dia, desde o primeiro ano da faculdade até o final, que viraram noites comigo e que também me fizeram sorrir quando a vontade era somente desistir, muito obrigado amigos! Em especial, gostaria de agradecer a Carolina Zotin e Leonardo Rosa que ao longo desses seis anos, se tornaram mais que amigos, mas sim irmãos, confidentes e pessoas que eu pude comaprtilhar muito mais que momentos acadêmicos. Sem dúvida alguma vocês fizeram a diferença! Às pessoas mais que especiais que tive a honra de conhecer no intercâmbio, que fizeram dessa etapa de um ano, um momento único e inesquecível, família Alicante, amo vocês. Por fim, gostaria de agradecer a Deus, por ter me ajudado a chegar ao fim de mais um capítulo de minha vida, sempre me ajudando a persistir no objetivo e não deixando que as pedras no caminho interfira na minha trajetória.
ÍNDICE 9 _____________________________________________________________________________ INTRODUÇÃO 11_______________________________________________________________________________ 1 | MEMÓRIA
12------------------------------------------------------------ O Nascer 15--------------------------------------------------------------- Brasil
19_____________________________________________________________ 2 | PESSOAS EM NÚMEROS 27____________________________________________________________________________ 3 | O CENTRO
28--------------------------------------------Centro de Cidadania LGBT 29---------------------------------------------------------- Conclusão
31___________________________ 4 | CENTRO DE CIDADANIA LGBT DANDARA DOS SANTOS
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INTRODUÇÃO
di*ver*si*da*de – subst. Fem. 1.Qualidade de diverso. 2. Varidade (em oposição a identidade); multiplicidade.
Palavra simples que pode ser aplicada em diversos contextos, mas que neste trabalho será justaposto ao mundo LGBT, que há décadas atrás era hostilizado, não tinha respeito, eram espancados pelos próprios pais, que não tinham espaço para demonstrar seu amor a quem quer que fosse, que eram excluídos até mesmo de suas próprias famílias e por que não dizer, mortos. Anos se passaram e podemos ver que hoje o assunto é tratado com mais respeito, com mais seriedade. A mídia, grande contribuinte desse avanço ideológico, escancara a realidade que todos sabem, porém fecham seus olhos, envergonhados, por acharem que essa tal DIVERSIDADE pessoal é na realidade uma doença ou um distúrbio mental. Entretanto, não é possível afirmar que muita coisa mudou, pois segundo dados do GGB (Grupo Gay da Bahia que é uma associação de defesa dos direitos humanos dos homossexuais no Brasil, fundado em 1980) 347 LGBT morreram no Brasil, no ano de 2016 por conta de violência ou mesmo por suicídio. Número este que só vem se agravando ao longo dos anos. Não se pode deixar de ressaltar o papel da política no mundo LGBT, pois foram criadas leis a favor dos mesmos, para protegê-los e uma das maiores conquistas já realizadas, o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. Na cidade de São Paulo, por exemplo, existem os Centros da Cidadania LGBT nas regiões norte, sul, leste e central, que são espaços destinados a atendimento a vítimas de violência, preconceito e discriminação, prestam apoio jurídico, psicológico e de serviço social, com acompanhamento de boletins de ocorrência além
de darem cursos voltados a população LGBT que não tem espaço no mercado de trabalho; e este projeto de conclusão de curso vem criar a sede na região oeste com todos esses recursos, juntamente com uma casa de apoio a população LGBT que são expulsas de casa.
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1 | MEMÓRIA
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O NASCER
O primeiro marco de movimento homossexual nasceu ao final da década de 1940, quando um grupo de pessoas que editavam uma publicação mensal sobre homossexualidade, chamado Levensrecht (em português, “Direito de viver”), se juntaram para criar uma organização destinada a desconstruir uma imagem negativa da homossexualidade, chamado COC ( Center of Culture and Recreation), em Amsterdã na Holanda. O objetivo dessa organização era criar espaços para a sociabilidade e juntamente com autoridades locais, estimular a tolerância para com essa classe. Já na década de 50, nos Estados Unidos, nascia o Mattachine Society que era liderada por articuladores da esquerda socialista, entretanto, esse grupo era mais oculto, diferente do criado em Amsterdã e tinha como objetivo a realização de um espaço de sociabilidade com discussões acerca da homossexualidade, com palestras ministradas por psiquiatras e médicos e ligado a esse movimento, na mesma época, foi criado um movimento voltado diretamente às lésbicas, o Daughters of Biliti. Contudo, as décadas de 60 e 70 foi notoriamente marcado por esses movimentos crescentes que cada dia mais ganhava espaço na sociedade e trouxe a tona para toda a população as discussões que envolviam os homossexuais, fortalecendo o discurso de auto-afirmação e de liberdade. O grande marco internacional e que deu origem ao famoso “Dia do Orgulho Gay”, ocorreu no dia 28 de junho de 1969 em Nova Iorque, quando a polícia constantemente abordava as pessoas que frequentavam o bar Stonewall Inn. Historicamente conhecido como um bar frequentado por pessoas mais pobres e marginalizadas da comunidade gay, como drag queens, transgêneros, homens afeminados jovens, lésbicas masculinizadas,
prostitutos e até jovens sem-teto, ele era periodicamente invadido pela polícia, até que um dia perderam o controle da situação e culminou em uma série de revoltas nos dias seguintes ao ato mais importante e toda a população do bairro se juntaram com ativistas e criaram forças para bater de frente com a polícia de Nova Iorque. O ocorrido foi de tamanha repercussão que após alguns meses foram criadas organizações gays para sair pela cidade e dissipar as ideias, juntamente com alguns jornais que promoviam os direitos para gays e lésbicas. Logo no ano seguinte, em 1970 surgiram as primeiras marchas do orgulho gay, em Nova Iorque, Los Angeles, São Francisco e Chicago. Juntamente com esses movimentos gays, surgiram em meados da década de 70, com a vontade de libertação e rebeldia que já transitava pelos anos, os movimentos feministas, negos e estudantis, que mais pra frente iria conduzir a divisão entre a esfera política e pessoal.
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BRASIL No Brasil, os movimentos também surgiram, de forma mais implícita, no final da década de 60 e início da 70 devido ao fortalecimento da ditadura militar que ocorria no país. Nesta época os movimentos estudantis também vinham surgindo para combater a ditadura, mas que em pouco tempo foi massacrado pelos militares. Já em meados de 70, o feminismo também veio a tona e mais pra segunda metade da década, surgem os movimentos negro e homossexual, em São Paulo. Apesar da forte pressão e fortificação militar da época, os movimentos homossexuais mantinham uma imagem “não-politizada”, não tendo problemas políticso, ao contrário dos movimentos do “gueto” e isso ocorria pois eles eram vistos como movimentos de sociabilidade. As primeiras associações homossexuais surgiram com incentivo de pequenos jornais que eram distribuídos em bares, fãclubes de artistas e bailes de carnaval, onde os homossexuais frequentavam. O surgimento desses movimentos homossexuais desempenharam um papel fundamental no modo de perceber a sexualidade no Brasil: o modo tradicional, em que os parceiros numa relação são organizados e relacionados a papeis sociais e sexuais relativos aos dois sexos biológicos, por exemplo bicha e bofe ou fancha e lady; o moderno, em que o casal é visto a aprtir de uma coerência igualitária e a orientação do desejo se torna mais importante para nomeá-los dos que seus papeis sociais relativos a noções de masculino ou feminino, como por exemplo ativo ou passivo. Apesar de muito a ser mudado, a visão do gay na sociedade brasileira foi claramente reformulada ao longos dos anos e até a sigla LGBT foi mudando ao passar dos anos. No começo era utilizado a sigla GLS, entretanto deixou de ser usual pois só abrangia as orientações sexuais homossexuais: gays, lésbicas
e simpatizantes, deixando de lado outras formas de sexualidade e identidade de gênero. Por isso, há alguns anos é utilizada a sigla LGBT para englobar bissexuais, travestis e transexuais, além de trazer o L, de lésbicas, no início para destacar a desigualdade de gênero que ainda existe atualmente entre homossexuais masculinos e femininos. A sigla LGBT é mais utilizada pelo movimento social brasileiro e por entidades governamentais, apesar da sigla LGBTTTIS designa mais explicitamente lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis, transgêneros, intersexuais e simpatizantes (em alguns casos é utilizado o A, de assexuado, mas que não é usualmente utilizado no país. Internacionalmente é utilizada a sigla LGBTI, que engloba as pessoa sintersex e órgãos como a ONU e Anistia Internacional elegeram esta denominação como padrão para designar esta aprcela da população. Em termos de movimentos sociais uma denominação quem vem ganhando espaço é LGBTQ e LGBTQI, que além de incluir orientação sexual, engloba também a diversidade de gênero.
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2 | PESSOAS EM NÚMEROS
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Dados sobre legislação e violência relacionados a comunidade LGBT, mostram que apesar do Dia Internacional Contra a Homofobia ser comemorado por muitos paíse, ainda há muito o que lutar. Há no mundo 72 países, estados independentes ou regiões que criminalizam a homossexualidade e oito deles aplicam pena de morte a homossexuais. Em geral, Américas e Europa concentram os países com mais direitos relacionados a homossexuais, como reconhecimento de união entre pessoas do mesmo sexo e adoção. África e Oriente Médio acumulam países em que a homossexualidade é condenada de forma mais dura, como prisão e chegando até a pena de morto. Entre eles estão Iraque e Síria, que possuem penas de dois e sete anos de prisão, respectivamente, mas que devido a alguns grupos radicais que não representam o estado, a pena de morte pode ser aplicada.
Eu chorei! Jamais pensei que isso fosse
“
acontecer comigo. Eu não arrumei briga com ninguém. Eu não ofendi ninguém, eu apanhei porque sou gay. Me senti o lixo do lixo do lixo!” Yuri Rezende, 19 anos estudante
Sempre soube que meu filho não era
“
uma menininha. Mas escondi isso de mim mesma o quanto pude” Norma Coeli, investigadora de polícia
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Os dados são ainda mais alarmantes quando vemos gráficos relacionados aos transsexuais, tanto no Brasil quanto no mundo. Essa parcela da população LGBT que é ainda mais desvalorizada e vista como um objeto de sexo, sofre mais preconceito e isso parte tanto das pessos quanto do poder público, que dificulta e inviabiliza o direito de mudar seu nome e ser aceito perante a todos pelo o que ela realmente é e não pelo sexo, masculino ou feminino, como nasceu. O gráfico abaixo demonstra claramente a situação dos transsexuais em todo mundo e ressalta o Brasil, como o país que mais mata essa parcela da população LGBT em todo o mundo. ww Um fator a ser levantado e que nos faz questionar sobre esses números preocupantes, é a dificuldade em obter informações confiáveis, pois quando há boletins de ocorrência ou mesmo notícias falando sobre o ocorrido, eles são relatados que
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as pessoas que sofreram a violência são “homens com roupa de mulher” e segundo monitoramentos, casos em que as pessoas morrem por defender transsexuais, como o ocorrido na estação de metrô de São Paulo no Natal, um senhor de 54 anos, não entram na contagem. O Brasil também é recordista em homícidios de travestis e a ocorrência mais emblemática já visto no país, foi o caso da travesti Dandara dos Santos, covardemente torturada e morta em Fortaleza, Ceará. O ocorrido ganhou repercussão nacional após a publicação de um vídeo em que aparecem os agressores batendo na travesti. Além de chutes e golpes de pau, Dandara foi morta a tiros.
Nunca antes no Brasil registraram-se tantas mortes, como no ano de 2016, desde que o Grupo Gay da Bahia coleta e divulga essas informações, há 37 anos. A cada 25 horas, um LGBT é cruelmente morto devido ao preconceito, ódio e intolerância, o que faz do país o campeão de crimes contra as minorias sexuais, matando mais do que nos países da África e Oriente Médio, onde homossexualidade é crime com pena de morte. Tais mortes crescem a cada ano, chegando nós a nos perguntarmos se realmente todas as políticas anti preconceito e a divulgação da mídia estão de fato surtindo efeito.
Responsável pelo site ‘Quem a homofobia matou hoje’, o antropólogo Luis Mott, “tais números alarmantes são apenas a ponta de um iceberg de violência e sangue, pois não havendo estatísticas governamentais sobre crimes de ódio, tais números são sempre subnotificados já que nosso banco de dados se baseia em notícias publicadas na mídia, internet e informações pessoais. A falta de estatísticas oficiais, diferentemente do que ocorre nos Estados Unidos, é prova da incompetência e homofobia governamental, já que a Presidenta Dilma prometeu aprovar, mas mandou arquivar o projeto de lei de criminalização e equiparação da homofobia ao racismo.”
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A impunidade corre solta quando observamos dados que dizem que apenas 17% dos homicídios o crimoso foi identificado, ou seja, das 343 mortes em 2016, apenas 60 delas o agressor foi descoberto e incríveis 10% das ocorrências acabaram em processos ou punições aos assassinos. Deste 60 criminosos, metade mantinha contato próximo a pessoa, sejam elas, ex parceiros, companheiro atual ou memso de familiares. O estado de São Paulo detém o primeiro lugar, segundo dados de 2012 a 2016, em homícidios no país, o que se contrapõem com o fato da cidade ser multicultural e ter alcançado a marca da maior Parada Gay do mundo em 2017, chegando a 3 milhões de pessoas gritando por igualdade e diversidade em uma das avenidas mais conhecidas e frequentadas da cidade, a Avenida Paulista, superando a de São Francisco que chegou a um milhão e Toronto, com 850 mil.
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Foi
“ tanta emoção, tantas expressões de gratidão apenas por estarmos ali. Mas quem mais se emocionava era eu, pensando o quanto Deus amava todas aquelas pessoas. Para fechar o dia, vi que uma Drag Queen toda ‘paramentada’ me olhava com olhos lacrimejantes, visivelmente emocionada com o meu cartaz, e fiz um sinal para ela se aproximar. Ela abraçou a minha esposa e depois me abraçou com força, agradecendo por estarmos ali e falando o quanto ela sabia que era amada por Deus. Nunca fiz tão pouco e recebi tanta gratidão” Clauber Rocha, 45 anos Cristão na Parada Gay de São Paulo
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3 | O CENTRO
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CENTRO DE CIDADANIA LGBT Os Centros de Cidadania LGBT fazem parte das ações do Programa de Metas da Gestão de 2013/2016 da Prefeitura de São Paulo, previsto na Meta 61: desenvolver ações permanentes de combate à homofobia e respeito à diversidade sexual. Eles são iniciativas da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, por meio da Coordenação de Políticas para LGBT, realizada em parceria com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. O primeiro Centro foi inaugurado em 2015, na região central, do Arouche e em 2016 os da região sul, leste e norte. Eles atuam a aprtir de dois principais eixos: - O primeiro diz respeito a defesa dos direitos humanos, oferecendo atendimento a vítimas de violência, preconceito e discriminação; prestação de apoio jurídico, psicológico e de serviço
social, com acompanhamento para realização de boletins de ocorrência e demais orientações. - O outro é da promoção da cidadania LGBT, dando suporte e apoio aos serviços públicos municipais da região central, por meio de mediação de conflitos, palestras e sensibilização de servidores; realização de debates, palestras e seminários. Além dessas sedes fixas, há também quatro Unidades Móveis de Cidadania LGBT que percorrem São Paulo levando estes outros serviços para as regiões, tornando as políticas públicas da prefeitura ainda mais acessíveis ao público LGBT. A única região que não possui um Centro, é a oeste, pois além da falta de verba, a prefeitura considera que essa região está mais próxima do centtro de São Paulo, tendo a facilidade de locomoção até o Centro da região central e também pelo fato da população desta região ser menor comparado as outras. Entretanto, em conversa com um dos diretores do Centro da região central, ele frisa que o local necessita de um Centro, pois a maioria das denúncias vindas de transsexuais e travestis, vem da região de Morumbi, onde essa parcela da população LGBT se prostitui e além de algumas serem agredidas, há aquelas que recebem ameaças de morte. 1 - Centro de Cidadania LGBT Luiz Carlos Ruas Rua Visconde de Ouro Preto, 118 - Consolação 2 - Centro de Cidadania LGBT Luana Barbosa dos Reis (Zona Norte) Rua Plínio Pasqui, 186, Parada Inglesa 3 - Centro de Cidadania LGBT Laura Vermont (Zona Leste) Avenida Nordestina, 496 – São Miguel Paulista 4 - Centro de Cidadania LGBT Sul Rua São Benedito, 408 – Santo Amaro – São Paulo-SP
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CONCLUSÃO É indiscutível a forma como a população LGBT ganhou mais respeito e espaço ao longo de tantos anos de história e lutas para conseguir seu lugar no mundo e cada um poder soltar o grito de liberdade. Liberdade essa que não é só pelo fato de conquistar seus direitos, mas sim liberdade social, para ser quem realmente é e não por correr em busca da aceitação, mas de respeito! De revistas por políciais em bares à Parada do Orgulho Gay em São Paulo, alcançando marcas históricas, os cidadãos LGBT trouxeram a tona discussões a cerca de não somente seus direitos, mas também da forma como as pessoas reagem à diversidade, que é encontrada em qualquer lugar do mundo, seja em países, cidades ou até mesmo em seus locais de trabalho. Hoje, a Parada é muito mais que uma comemoração, é discussão, é liberdade, é amor! Os Centros vieram para reforçar essas pautas e dar amparo às pessoas que ainda sofrem com a imprudência do desrespeito, além de criar oportunidades siginificativas, acolhendo e dando base para que elas não sejam exclúidas da sociedade apenas pelo fato de serem homossexuais. Vemos que muitas barreiras já foram ultrapassadas e de modo algum pode-se dizer que foi fácil, mas com o apoio cada vez mais ativo, não só da população LGBT, mas também dos simpatizantes, juntamente com o poder público, as mudanças podem e vão acontecer, talvez a passos lentos, mas é aos poucos que conquistamos nosso espaço, que não é só meu, é seu, é deles, é de TODOS NÓS!
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3 | CENTRO DE CIDADANIA LGBT DANDARA DOS SANTOS
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CENTRO DE CIDADANIA LGBT DANDARA DOS SANTOS O Centro de Cidadania LGBT Dandara dos Santos vem para complementar os outros centros já existentas nas outras regiões de São Paulo. Este da região oeste leva o nome de Dandara dos Santos em memória dessa travesti que foi espancada a pauladas e morta com cinco tiros no Ceará. Além de contar com as funcionalidades que o modelo dos centros já traz, este conta também com uma casa de apoio às pessoas LGBT que são expulsas de casa. Nesta casa, a pessoa para por uma avaliação, para saber quais são as causas dela estar procurando aquele serviço, perpassando por atendimento psicológico e em caso de agressões, atendimento jurídico e também de assistência social. A duração máximo que o indivíduo pode permanecer na casa é de 3 meses, para que ele possa ter um todo o apoio possível desde a ocorrência até a sua inserção à sociedade. A casa atende um número máximo de 78 pessoas, divididas em três quartos, conforme os meses em que estão na casa. Locais como este, que acolhe as pessoas LGBT em caso de expulsão, existem em outros países também, mas não é uma iniciativa do poder público, normalmente é uma ONG ou mesmo alguém que começou com a ideia e busca incentivos privados para manter esses locais, que é o caso da Casa 1, também em São Paulo e foi uma iniciativa do jornalista e militante dos direitos humanos, Iran Giustini em parceria com Otavio Salles. Tudo começou quando Iran percebeu que conhecia muitas pessoas que havian sido expulsas de casa pelos pais após comunicarem sua orientação sexual, foi então que ele publicou em uma rede social que havia um sofá em sua casa que poderia acolher. A repercussão foi tão grande que ele recebeu dezenas de mensagens a
procura do seu sofá, um deles foi Otávio Salles. Foi quando ambos começaram a organizar o projeto e através de uma plataforma que arrecada dinheiro, conseguiu uma contribuição de 112 mil reais, que é o que paga o aluguel e a manutenção casa que alugaram.
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“ financiamento aconteceu porque a gente não ia dar conta de fazer sozinho, é um projeto muito grande. E meio que queríamos testar também como a gente estava com a questão da militância. Uma coisa que quebrou muito a minha cabeça foi que mulheres héteros e lésbicas fizeram grande parte do trabalho. Elas foram puxando as amigas, elas foram conversando entre si, elas fizeram muita coisa” Otávio Salles
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O projeto se localiza na região oeste de São Paulo, no bairro do Jaguaré, entre as avenidas Da Diversidade, Alexandre Mackenzie, Dracena e a rua Marcos Boldarini, de frente com o parque elaborado no projeto urbano e Rio Pinheiros. Com uma estação de tram localizada em frente ao projeto, trazendo fluxo para o local, além de contar com uma transposição do Rio Pinheiros totalmente pedonal, que serve também de porto de passageiros, ou seja, o projeto se torna uma porta principal para o bairro, trazendo vida e movimento a área. Com isso, o Centro de Cidadania LGBT Dandara dos Santos conta com duas vertentes: - Centro de Cidadania: * administração * 1 sala de atendimento psicológico * 1 sala de atendimento jurídico * 1 sala de atendimento de serviço social * 1 sala de reunião * 1 copa * 1 enfermaria * 2 salas multiuso - Casa * 3 quartos, cada um com 26 leitos * 1 banheiro unisex * 1 cozinha * 1 lavanderia * 1 área comum * 1 área externa (terraço) Além dessas áreas, o projeto comtempla também uma praça rebaixada, que serve como ponto de encontro para manifestações e que contém um memorial à população LGBT morta, servindo como espaço de contemplação. A praça também conta com um grande banco em toda sua extensão. Na mesma superfície em que se encontra o banco, há um rasgo onde se localiza um espaço para ser utilizado como uma biblioteca
coletiva, onde as pessoas podem pegar pegar um livro e deixar outro, de forma a promover o saber a todos e quando necessário, ele é fechado. A praça rebaixada possui uma entrada por rampa e outra por escada, mas ambas voltadas para o parque, dando ênfase ao fluxo gerado pela parada do tram e a transposição pedonal. Nessa mesma face encontra-se uma arquibancada voltada à praça, onde as pessoas podem apreciar o memorial. Existe uma circulação vertical que liga o térreo (721,00), a área administrativa (723,00) e a casa (724,00) e esta possui uma entrada direta da rua pela cota 724,00, facilitando assim a entrada dos moradores, para não terem que acessar a casa pela praça, que também é uma possibilidade. O sistema estrutural utilizado foi de laje nervurada com uma malha de pilares de 8x10m, resultando em uma laje de 45cm de espessura. Isso ocorre em todo o projeto, exceto no bloco administrativo que está suspenso por tirantes e feito com estrutura metálica com malha de 8x7m e fechamento de drywall.
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IMPLANTAÇÃO sem escala
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TÉRREO
LAERTE
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PRIMEIRO PAV
LADY GAGA
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SEGUNDO PAV
RUPAUL
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CORTE A
ELKE MARAVILHA
CORTE B
FRED MERCURY
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ELEVAÇÃO 1
PABBLO VITTAR
ELEVAÇÃO 2
DAVID BOWIE
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ELEVAÇÃO 3
CAUBY PEIXOTO
ELEVAÇÃO 4
CHER
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DETALHAMENTO LAJE SEM ESCALA
DETALHAMENTO MEMORIAL SEM ESCALA
WEBGRAFIA https://homofobiamata.wordpress.com http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/direitos_humanos/lgbt/ http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/direitos_humanos/lgbt/cch/index. php?p=150960 http://www.crpsp.org.br/portal/comunicacao/cadernos_tematicos/11/frames/fr_historico.aspx http://desacato.info/lgbt-lgbti-lgbtq-ou-o-que/ http://blogs.oglobo.globo.com/na-base-dos-dados/post/mapa-de-direitos-lgbt-e-dados-sobre-violencia-mostram-divisoes-e-contradicoes.html http://g1.globo.com/rj/sul-do-rio-costa-verde/ noticia/2017/03/eu-apanhei-por-ser-gay-diz-jovem-agredido-em-barra-mansa-rj.html http://www.bbc.com/portuguese/brasil-37699574 https://www.terra.com.br/noticias/brasil/cidades/parada-gay-sp-2015-nunca-recebi-tanta-gratidao-diz-cristao,063b4a0aa896d36ad0ad0be608aa8633jph7RCRD.html http://www.siteladom.com.br/casa-1/
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“Gostaria de não ter renegado minha homossexualidade por 40 anos” LAERTE | “Eu decidi que essa não seria uma coisa pela qual eu viveria envergonhada o resto da minha vida.”
ELLEN DEGENERES
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“E, agora, estou apenas a tentar mudar o mundo, uma lantejoula de cada vez” LADY GAGA “ Sashay Away” RUPAUL | “Eu nasci assim! Quando morávamos na roça, quando éramos imigrantes, meu pai não tinha dinheiro. Nós tínhamos alimentos porque nascia da terra. Nós morávamos no meio de pessoas negras e quando as mulheres soltavam as tranças e surgia aquele cabelão enooooorme eu ficava encantada e dizia: ‘Eu queria tanto ter esse cabelo’. E, então, meu pai disse ‘dá um jeito, Elke!’ E eu dei! (risos)!” ELKE MARAVILHA | “Eu sou uma prostituta musical, querido.” FRED MERCURY | “Eu sou gay. E sempre fui” DAVID BOWIE | “Eu acho que preconceito é uma coisa que está sempre nítida na sociedade, em todo canto. Não vou ser hipócrita de falar que o preconceito está acabando. Mas a gente está lidando contra isso.” PABLLO VITTAR | “Chamei um rapaz de viado quando era criança e apanhei do meu irmão. Como toda a molecada, transava com ele.” CAUBY PEIXOTO | “Minha mãe me disse: ‘Sabe querida, um dia você vai sossegar e se casar com um homem rico. Eu disse: ‘Mãe, eu sou o homem rico.” CHER