Residência Estudantil na Rua Augusta

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ResidĂŞncia Estudantil no Baixo Augusta Raphael Mitsueda 1


Residência Estudantil no Baixo Augusta

Raphael Mitsueda Orientador: Francisco Barros

Trabalho final de graduação FAAP – Junho de 2016

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DEDICATĂ“RIA Eu dedico este trabalho aos meus familiares, que me ajudaram e incentivaram em todo o processo de formação. Aos amigos que estiveram juntos em trabalhos e durante o trabalho final. E ao meu orientador Francisco Barros e ao professor Marcio Novaes, por aceitarem fazer parte deste trabalho.

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SUMÁRIO

Introdução……………………………………………………………………………...07 1. Escolha da Área …………………………………………………….........………..08 1.1. Corte Urbano……………………………………………………………...….....09 2. Histórico da Área de Intervenção………………………………………………...10 2.1. Fromação do Bairro da Consolação - Século XVIII ao XIX....…………….11 2.2. Fromação do Bairro da Consolação - Primeira Metade do Século XX….16 2.3. Mutações - Segunda Metade do Século XX………………………………..18 2.4. Configuração Atual do Bairro………………………………………………....22 2.5. Transformação Imobiliária ………………………………..…………………...24

3. Diagnóstico Atual da Área de Intervenção.....……………………………………………………………………….........26 3.1. O Centro ............................................................................................................………………………………….28 3.2. Transporte Público................................................…………………………………………………………………...30 3.3 Universidades.....................................................................................……………………………………………...31 3.4. Levantamento Cadastral.................................................…………………………………………………………....32 3.5. Cheios e Vazios.....................................……………………………………………………………………………….34 3.6. Mapa de Usos............................................................………………………………………………………............35 4. Legislação.........................................................................................…………………………………………………...36 4.1. Zoneamento e Usos do Solo...........................………………………………………………………………………..37 5. Explorações Urbanas...............................................................................................................................................39 5.1. Ruas e Calçadas................................................................................................................................................40 5.2. Praças................................................................................................................................................................42 5.3. Espaços Urbanos Públicos e Privados..............................................................................................................44 5.4. Quadra Aberta....................................................................................................................................................46

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07 08 09 10 1 6 18 22 24

6. Residência Estudantil....................................……………………………………………………………………….........48 6.1. Residência Estudantil no Brasil ..............................................................………………………………..........….48 6.1. Residência Estudantil em São Paulo......…………………………………………………......................................50 7. O Projeto.........................................................................................................………………………………………..52 7.1. Proposta.........................................................................…………………………………………………………....53 7.2. Referências Arquitetônicas...............………………………………………………………………………...........….54 7.3. Levantamento Fotográfico.........................................………………………………………………………............62 7.4. Terreno de Intervenção .................................………………………………………………………………………..64 7.5. Partido ..............................................................................................................................................................65 7.6. Desenvolvimento...............................................................................................................................................68 7.7. Conjunto............................................................................................................................................................70 7.8. Ficha Técnica....................................................................................................................................................72 7.9. Programa...........................................................................................................................................................76 7.10. Fluxos..............................................................................................................................................................78 7.11. Padaria e Restaurante.....................................................................................................................................88 7.12. Coworking.......................................................................................................................................................90 7.13. Residências.....................................................................................................................................................96 7.14. Cobertura......................................................................................................................................................104 Considerações Finais...............................................................................................................................................110 Bibliografia................................................................................................................................................................111

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IN TRO DU ÇÃO

Em São Paulo o projeto que atualmente simboliza a residência estudantil é o Conjunto Residencial para Estudantes da Universidade de São Paulo (CRUSP), situado na Cidade Universitária, porém o fato é que este projeto não supre a demanda por completo. Além disso, como o conjunto residencial universitário está muito isolado, não oferece oportunidade para o aluno vivenciar e conhecer mais a cidade. Foi a partir dessa análise que surgiu a motivação da escolha do tema para o trabalho final de graduação, que busca propor para a cidade um programa que visa suprir ambas necessidades. O centro da cidade é o cenário ideal para uma moradia estudantil. Pensar em um alojamento de estudantes integrado à cidade seria extremamente positivo para o universitário que sai de sua cidade natal, porém essa ainda é uma ideia muito incomum no Brasil e especialmente em São Paulo.

Instituições de ensino superior tem se instalado cada vez mais no centro da cidade, atraídas pela boa conexão com o transporte público, baixos aluguéis e a tendência à regeneração que o bairro apresenta. Inserir este programa no centro da cidade complementaria as discussões no âmbito habitacional e, com isso, se somaria às estratégias de revitalização do centro de São Paulo, que vem sofrendo um intenso esvaziamento populacional desde o início do século XX. Com isso temos como objetivo do trabalho propor um projeto de arquitetura de uso misto, como alternativa para estes espaços residuais localizados no centro da cidade, com foco na integração do espaç público com o espaço privado; o estímulo do convívio entre pessoas de diferentes tribos, idades e culturas; a articulação entre ruas, espaços e programas.

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1. ESCOLHA

DA ÁREA

Rafael Zanatta

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1.1 RECORTE

URBANO

A Rua Augusta é uma das ruas mais atraentes da cidade de São Paulo. Dentre seus pontos fortes podemos citar: estar localizada entre o centro da cidade e o bairro nobre dos Jardins, cruzar a Av. Paulista e estar repleta de vida 24 horas por dia. É uma rua com comércio intenso, infraestrutura completa e diversificada, segurança (devido à alta rotatividade de pessoas), transporte público de fácil acesso e com frequentadores das mais diversas tribos, que movimentam a região.

Além da existência de comércio diversificado nas Ruas Augusta e Frei Caneca, o que também garante a intensa movimentação é o fato da região ainda contar com grandes entidades institucionais como a FGV, FAAP, Mackenzie, Escola da Cidade, Cásper Libero e Trevisan e algumas entidades menores de cursos livres, como a renomada Escola São Paulo, que atraem o público estudantil. O morador de uma região como esta dificilmente terá que sair do seu perímetro para fazer qualquer programa de lazer, já que ali mesmo pode encontrar diversos teatros, cinemas, bares, padarias, casas noturnas, restaurantes, sebos e livrarias e, quando necessitar se deslocar, ele está a poucos metros da Av. Paulista, um dos mais eficientes núcleos de transporte público de São Paulo, com metrô e ônibus.

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2. HISTÓRICO DA ÁREA

DE INTERVENÇÃO

Rua Augusta, no bairro da Consolação (1958)

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2.1

FORMAÇÃO DO BAIRRO DA CONSOLAÇÃO

SÉC. XVIII AO XIX

A região conhecida hoje como bairro da Consolação começou a nascer como povoado por volta de 1779, quando devotos de Nossa Senhora da Consolação levantaram ali uma pequena capela dedicada à santa, atraindo novos habitantes para a região e maior atenção do governo para uma melhora nas ruas e aterros locais. Durante o decorrer do século XIX o bairro sofreu intensas mudanças, passou a ser denominado distrito e recebeu a construção do atual Cemitério da Consolação. A essa altura, grandes chácaras começaram a se instalar nos seus arredores, propriedades de famílias da elite da cidade. Sua freguesia englobava o eixo que vinha desde o Anhangabaú, a futura Avenida São João e o rio Tietê.

A via que viria a se tornar a atual Rua Augusta fazia parte de duas importantes chácaras: sua maior parte concentrava-se dentro da Chácara do Capão, pertencente a Mariano Antônio Vieira, e uma porção menor (entre a Rua Antônia de Queiroz e Martinho do Prado) dentro da chácara de Martinho do Prado. Mariano Antônio Vieira, imigrante português, havia adquirido as propriedades da Chácara do Capão em 1880. A princípio, a intenção de sua compra foi traçar um bairro pelos padrões civilizados que vira noutras terras, portanto voltado à elite paulistana e, em virtude de sua topografia privilegiada e bela vegetação, denominaria o novo bairro de Bela Cintra.

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Os primeiros registros sobre a Rua Augusta datam de 1875, quando esta era apenas

‘’UMA TRILHA DE TERRA BATIDA QUE COMEÇAVA NA ENTRADA DA CHÁCARA DO CAPÃO E SEGUIA ATE O TOPO DO MORRO DO CAAGUAÇÚ, LOCAL ONDE HOJE SE DESENVOLVE A AV. PAULISTA’’ ARQUIVO HISTÓRICO DE SÃO PAULO. RUA AUGUSTA.DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.DICIONARIODERUAS.PREFEITURA.SP.GOV.BR/ PAGINASPUBLICAS/LISTALOGRADOURO.ASPX. ACESSO EM NOVEMBRO DE 2015

Após a proclamação da República, em 1889, quase todos os donos de chácaras antigas da região mandam abrir ruas, avenidas, alamedas e largos em suas terras. A suposta trilha teria surgido então como um acesso com declividade mais suave que unia a Rua da Consolação ao morro do Caaguaçú. Com isso, a partir do surgimento da Rua da Real Grandeza, em 1891, o distrito ganha maior importância na cidade e, considerando sua fronteira com o centro, a região valorizou-se muito devido a sua localização, o que garantiu o surgimento de bairros nobres como Higienópolis e Pacaembu. Mapa da chácara do capão em 1852.

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Avenida Real Grandeza como eixo


Com isso a região central da Rua Augusta passa a exercer a função de servir de acesso rápido e fácil da cidade e seus bairros à Rua da Real Grandeza, suportando pedestres e veículos provenientes da Rua da Consolação, de Higienópolis e do Bexiga, além do próprio bairro que ali se formava. O restante da extensão da Rua Augusta, pertencente à chácara de Martinho do Prado, estabelecia novos lotes e também recebia abertura de vias ao seu redor. O proprietário havia se casado com Dona Veridiana Prado e, após a separação do casal em 1877, Dona Veridiana passou a articular contatos e relações comerciais e econômicas. No inicio do século XX, incentivada pelo poder publico, Veridiana Prado passou a lotear e vender inúmeros terrenos de sua chácara na Consolação. A região então passa a receber novos estabelecimentos e infraestrutura de educação e esportes adequados a um estilo de vida moderno e cosmopolita, que se propagava na elite da cidade na época.

Mapa de São Paulo 1893.Registro da formação do bairro e da Rua Augusta na cidade.

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Mapa de São Paulo 1985. Desenvolvimento e formação das ruas do bairro da Consolação e adjacentes, contextualizando o terreno da família Uchoa e o terreno do Velódromo. central e, à esquerda, destacadas a Rua da Consolação paralela à Rua Augusta em formação.

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Rua Augusta anos 60.

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2.2

CONSOLIDAÇÃO

DO BAIRRO PRIMEIRA METADE DO SÉC. XX

Em consequência do grande crescimento demográfico dentro da cidade de São Paulo, proveniente do grande fluxo de imigrantes a partir da virada do século e do esforço da República Velha em modernizar sua estrutura urbana, observa-se uma proliferação de escolas estrangeiras de elite e, juntamente, a instalação de clubes e associações atléticas de alunos independentes. A chegada desses novos estabelecimentos passa a servir como fator de fortalecimento da rede de sociabilidade da elite paulistana, trazendo mais investimento imobiliário para a região como um todo e, principalmente, na Rua Augusta, já caracterizada como importante via de acesso dentro do bairro e entre outros bairros.

Esses investimentos, entretanto, apenas se tornaram viáveis a partir da garantia de investimentos em infraestrutura e transporte na rua. A exemplo disso, atrai grandes colégios como o Des Oiseaux, a escola alemã, o colégio São Luiz e outros colégios estrangeiros que procuravam a região em busca de localização privilegiada e grandes lotes vagos.

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Mapa de São Paulo 1907. Consolidação da malha viária após a divisão dos lotes pertencentes às antigas Chácaras.

Durante seus primeiros anos de existência a Rua Augusta apresentava um papel urbano fortemente marcado pela sua relação com a Avenida Paulista, sendo esse o fator principal de atração de obras de pavimentação e calçamento, mesmo que apenas em alguns trechos. Após reivindicações dos moradores e frequentadores da região, foram proporcionadas novas linhas de transporte publico coletivo, assim como uma melhor pavimentação para a circulação de automóveis, meio de transporte que se tornava cada vez mais comum aos cidadãos paulistanos. 17


2.3

MUTAÇÕES SEGUNDA METADE DO

´

SEC. XX

O período entre os anos 1940 e 1960 constituiu uma fase decisiva na ocupação e uso da Rua Augusta, momento determinante também na configuração espacial da metrópole paulistana como um todo, durante as duas décadas que se sucediam. A cidade se verticalizava nas áreas centrais e se espraiava nas zonas periféricas, reestruturando sua centralidade com o crescimento das atividades comerciais. Com a implantação do Plano de Avenidas de Prestes Maia a partir de 1938, na tentativa de disciplinar o grande crescimento da cidade através de um anel viário, foram executadas também construções de novas ruas e alargamento de vias centrais já existentes.

Dentro desse contexto, a Rua Augusta passa a absorver além das funções centrais, grande parte do trânsito de automóveis por toda sua extensão – que agora contava também com sua continuação como a Rua Colômbia, a Avenida Europa e Cidade Jardim, atingindo quase que em linha reta a Marginal Pinheiros e a Avenida do Jockey – cruzando múltiplos bairros e servindo de escoadouro de tráfego de fluxo contínuo de carros das ruas transversais. O crescimento da cultura juvenil se mantinha na Rua Augusta na década de 50, que abrigava boates e bares voltados para essa nova boemia metropolitana. A maior parte dos estabelecimentos oferecia uma diversidade de atrações ao vivo de diferentes estilos musicais, principalmente jazz e bossa nova, e performances feitas por artistas conhecidos. Os bares e boates da praça eram apontados como parte dos estabelecimentos de maior luxo e sofisticação da cidade, atraindo um público da alta elite paulistana.

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No entanto, o aumento de fluxo, o consequente trânsito e a falta de vagas de estacionamento, prejudicavam a dinâmica agradável do comércio, da vida noturna, do fluxo de pedestres e dos membros da elite que frequentavam as escolas da região. O governo seguiu insistindo em diversas tentativas de melhoria e solução para o problema do tráfego intenso e da falta de vagas de estacionamento, porém o claro insucesso dos investimentos da prefeitura, na intenção de manter a dinâmica elitista e boemia na Rua Augusta, começa a ter reflexos nos estabelecimentos ali existentes que começam a migrar para outros lugares, pelo fato da Rua Augusta ter se tornado pouco atraente, excessivamente central e distante dos novos bairros nobres da cidade. Para piorar a situação, nos anos 1970, a Rua Augusta começa a enfrentar problemas com inundações que corriam rua abaixo, resultado da falta de atenção do governo para obras de infraestrutura sanitária, que eram necessárias após a rua ter sido completamente asfaltada e suportar constante tráfego de veículos.

Como consequência da falta de infraestrutura compatível ao caráter social da antiga Rua Augusta dos anos 50, começa-se a observar o abandono do comércio de luxo e o fechamento de alguns cinemas e lanchonetes que traziam a vida jovem e dinâmica para suas calçadas. Os poucos estabelecimentos restantes recebem cada vez menos visitantes, diminuindo assim a frequência diurna e noturna da rua. Nas décadas de 70 e 80, surgem novas centralidades comerciais como a Av. Paulista e a Av. Faria Lima e isso acentua ainda mais o processo de desvalorização da região da Rua Augusta. Seu lado central sofre um abandono ainda maior por parte das classes média e alta, a desigualdade social se evidência na contraposição de sofisticados hotéis para executivos da Av. Paulista e as atividades ilegais como a prostituição, habitação em cortiços e comércio informal. A dinâmica adquirida pela região tinha agora um novo caráter, completamente diferente do luxo boêmio do passado.

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Praça Roosevelt em 1954.Espaço vazio e árido com vista no sentido da Rua da Consolação.

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2.4

CONFIGURAÇÃO ATUAL DO BAIRRO SÉC. XXI

Até os anos 2000, o uso e frequência da parte central da Rua Augusta segue a configuração adquirida durante as décadas anteriores, porém a partir daí, com o crescimento da classe média urbana e, como consequência, dos processos de revitalização das áreas centrais de São Paulo, inicia-se mais uma mudança na forma de ocupação daquele espaço. Essas mudanças têm reflexos tanto na paisagem edificada quanto na transformação dos usos e público frequentador (a princípio ligados ainda aos resíduos da grande vitalidade cultural, social e boemia das décadas passadas). Somada a popularização e marginalização das novas atividades, chegam ali contingentes de jovens de classe média e alta em busca de música e cultura alternativas.

As novas dinâmicas de uso e a grande repercussão midiática por parte desse público juvenil e alternativo passam a configurar uma espécie de região moral da cidade intitulada ‘’baixo augusta’’, que logo traria uma revalorização imobiliária e sua consequente transformação espacial e social. A Rua Augusta passa a ser, nesse contexto, apropriada por diferentes grupos sociais e serve de espaço para estabelecimentos de lazer voltados para diferentes tribos urbanas. Com uma oferta diversificada de serviços e comércios, a rua passa a oferecer cada vez mais uma gama variada de atividades, atraindo e motivando seus frequentadores a permanecerem e circularem por mais tempo por suas calçadas. A perspectiva de mais áreas de lazer de qualidade ao ar livre também ajudaram a aumentar a sensação de valorização da região. Como exemplo disso temos a reforma da Praça Roosevelt, iniciada em 2006, e o debate em torno do terreno do Parque Augusta, que ganhou maior força em 2004, a partir da demolição da estrutura remanescente do Colégio Des Oiseaux, com o intuito de se construir um empreendimento imobiliário no lugar. 22


Até os anos 2000, o uso e frequência da parte central da Rua Augusta segue a configuração adquirida durante as décadas anteriores, porém a partir daí, com o crescimento da classe média urbana e, como consequência, dos processos de revitalização das áreas centrais de São Paulo, inicia-se mais uma mudança na forma de ocupação daquele espaço. Essas mudanças têm reflexos tanto na paisagem edificada quanto na transformação dos usos e público frequentador (a princípio ligados ainda aos resíduos da grande vitalidade cultural, social e boemia das décadas passadas). Somada a popularização e marginalização das novas atividades, chegam ali contingentes de jovens de classe média e alta em busca de música e cultura alternativas.

As novas dinâmicas de uso e a grande repercussão midiática por parte desse público juvenil e alternativo passam a configurar uma espécie de região moral da cidade intitulada ‘’baixo augusta’’, que logo traria uma revalorização imobiliária e sua consequente transformação espacial e social. A Rua Augusta passa a ser, nesse contexto, apropriada por diferentes grupos sociais e serve de espaço para estabelecimentos de lazer voltados para diferentes tribos urbanas. Com uma oferta diversificada de serviços e comércios, a rua passa a oferecer cada vez mais uma gama variada de atividades, atraindo e motivando seus frequentadores a permanecerem e circularem por mais tempo por suas calçadas. A perspectiva de mais áreas de lazer de qualidade ao ar livre também ajudaram a aumentar a sensação de valorização da região. Como exemplo disso temos a reforma da Praça Roosevelt, iniciada em 2006, e o debate em torno do terreno do Parque Augusta, que ganhou maior força em 2004, a partir da demolição da estrutura remanescente do Colégio Des Oiseaux, com o intuito de se construir um empreendimento imobiliário no lugar.

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2.5

TRANSFORMAÇÃO

IMOBILIÁRIA

O projeto de revitalização da Rua Augusta chamou a atenção dos investidores imobiliários em busca de oportunidades bastante lucrativas. Em um raio de apenas 1.500 metros da região do baixo Augusta, estão sendo construídos oito edifícios residenciais que devem levar à região cerca de 2.500 moradores nos próximos dois anos (450% a mais do que nos últimos sete anos). Formados a partir da junção de vários lotes, os novos edifícios criam calçadas extensas, vazias e indiferentes às pessoas que passam por lá. Alguns até negam a rua, fazendo edifícios virados de costas para a Rua Augusta, sem promover nenhum acesso.

Até mesmo onde existe um recuo da fachada e uma larga faixa de gramado, não há nenhuma instalação de equipamento que poderia qualificar o passeio público, pois esta faixa acaba sendo cercada por grades. Em sua grande maioria, os novos condomínios não oferecem comércio ou uso público no nível do pedestre e, com isso, esses empreendimentos de grandes proporções tendem a mudar as características tanto estruturais, quanto de apropriação do espaço urbano. Desta forma, o mesmo mercado que se aproveitou do aumento da vitalidade da Augusta para construir novos edifícios, a destrói: aumentam o valor da terra e assim expulsam os pequenos comércios, bares, moradores, etc, além de trocar antigos casarões e hotéis tradicionais por imensos paredões que bloqueiam a passagem e a vista.

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Lotes em obras localizados ao longo da Rua Augusta

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3. DIAGNÓSTICO ATUAL

DA ÁREA DE

INTERVENÇÃO Nelson Kon

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Diagrama da cidade de São Paulo – Zonas e subprefeituras por onde passa a Rua Augusta.

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3.1

O CENTRO

O centro da cidade de São Paulo foi escolhido para o desenvolvimento do estudo por apresentar características únicas de formação. A região tem em seu tecido a sobreposição de várias épocas, com edificações balizadas por diferentes legislações que permitiram a sua configuração morfológica atual. Apesar de ser uma região rica em infraestrutura e com grande variedade de comércios, serviços e equipamentos, o centro de São Paulo sofreu intensa desvalorização. Primeiramente sofreu esvaziamento por parte da população de alta renda desde meados dos anos de 1950 e a situação foi se agravando com as contínuas intervenções mal sucedidas, como o minhocão na década de 70.

Este cenário só começou a mudar na década de 90, com iniciativas como a Operação Urbana Centro, lei datada de 6 de junho de 1997, que buscava a requalificação urbana através do estimulo de investimento, porém só no censo de 2010 que foi registrado o primeiro aumento da população do Centro em relação ao censo anterior. Assim, a região central, mais especificamente o distrito da consolação, foi o recorte escolhido para a intervenção deste trabalho. A partir de uma série de levantamentos feitos sobre estes distritos, pôde-se ter uma leitura panorâmica da dinâmica do centro.

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Diagrama das principais viasrelacionadas com a rua augusta

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3.2

TRANSPORTE

PÚBLICO

Metrô Consolação (450 M)

Metrô República (2,3 km)

Metrô Anhangabaú (2,0 km)

Ponto de Ônibus

Estação Bike Sampa

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3.3

UNIVERSIDADES

Faculdade das Américas (210m) Quadra de intervenção Fundação Getúlio Vargas (1.3 km)

Faculdade Cásper Líbero (1.6 km) Mackenzie (1.3 km)

Figura 9 – Mapa das universidades da região

Escola da Cidade (2.0 km) FAAP (2.0 km)

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3.4 LEVANTAMENTO

CADASTRAL

1. Conjunto Nacional 2. Galeria Ponto Paulista 3. Colégio e Universidade São Luís 4. Galeria Augusta 5. Faculdade das Américas 6. Galeria Village 7. Espaço Itaú 8. Galeria Ouro Velho 9. Comedians 10. Comunidade GLS 11. Teatro Ausguta 12. Shopping Frei Caneca 13. Blocos de Casas Noturnas 14. Clube Atlético São Paulo 15. Pós-Graduação Mackenzie 16. Paque Augusta 17. PUC 18. Praça Roosevelt 19. Espaço Parlapatões 20. Teatro do Autor 21. SP Escola de Teatro 22. Universidade Makenzie 23. Teatro Commune

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3.5

CHEIOS E

VAZIOS

Área de intervenção

Terrenos Ocupados

Lotes Vazios

FONTE

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Figura 9 – Mapa das universidades da região


3.6

MAPA DE

USOS

Misto Residecial Institucional Comercial Serviรงos

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4. LEGISLAÇÃO

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Informações e mapas de zoneamento disponíveis na http://gestaourbanaprefeiturasp.gov.br/


4.1

ZONEAMENTO

E USO DO SOLO

Pelo levantamento do uso do solo da quadra e de seu entorno imediato, nota-se que na quadra predominam os edifícios de habitação com comércio e serviços nos primeiros pavimentos, balanceados com estabelecimentos comerciais em construções baixas. No zoneamento de 2004, a quadra estava localizada em uma Zona Central de Polaridade B e, no Zoneamento de 2015, está classificada como Zona Eixo de Estruturação da Transformação Urbana.

Segundo o novo Plano Diretor, territórios de transformação são áreas onde a Prefeitura quer induzir a transformação prioritária da cidade em torno dos eixos de oferta de transporte público coletivo. A Prefeitura transcreveu todos os eixos de estruturação urbana do Plano Diretor em um conjunto de zonas chamadas Zonas de Estruturação Urbana, que significam algo em torno de 18% de toda a área da cidade. São formados pelas zonas ZEU, ZEUP, ZEM e ZEMP. ‘’AS ZONAS DE CENTRALIDADE POLAR – ZCP SÃO AS PORÇÕES DO TERRITÓRIO DA ZONA MISTA DESTINADAS À LOCALIZAÇÃO DE ATIVIDADES TÍPICAS DE ÁREAS CENTRAIS OU DE SUBCENTROS REGIONAIS, CARACTERIZADAS PELA COEXISTÊNCIA ENTRE OS USOS NÃO RESIDENCIAIS E A HABITAÇÃO, PORÉM COM PREDOMINÂNCIA DE USOS NÃO RESIDENCIAIS.”

Subprefeitura da Sé

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5. EXPLORAÇÕES

URBANAS FONTE

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5.1

RUAS E

CALÇADAS

As ruas de uma cidade têm outros fins além do tráfego de veículos. Da mesma forma que as calçadas têm outros papéis além de acolher pedestres. As ruas e calçadas de uma cidade são seus órgãos vitais: se parecem interessantes, a cidade parecerá interessante; se as ruas são seguras, a cidade estará livre da violência e do medo. Uma calçada que funciona é uma barreira ao crime, precisa ser movimentada de noite e de dia por diferentes pessoas no caminho para o trabalho, casa ou lazer. Enquanto isso, os proprietários e vizinhos mantêm os olhos sobre as ruas. De acordo com Jacobs isso se denomina “sistema de vigilância cidadã” e só se torna possível se existir uma boa diversidade de usos nos edifícios que compõe determinada região.

A calçada por si só não é nada, a segurança urbana é função das ruas da cidade grande e suas calçadas. Se as ruas não são seguras serão evitadas, então pessoas prudentes e tolerantes demonstram bom senso de evitar ruas onde possam ser assaltadas. Um dos requisitos básicos para a vigilância cidadã é um número substancial de estabelecimentos e de outros locais públicos. Estabelecimentos comerciais variados como lojas, bares, confeitarias, padarias e restaurantes levam as pessoas a circularem onde eles estão localizados e a presença de pessoas atrai outras pessoas. Uma rua viva tem usuários e espectadores.

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Além da questão da segurança, as calçadas e outros lugares públicos são responsáveis por reunirem pessoas que não se conhecem socialmente de maneira íntima, privada e que, muitas vezes, não se interessam em conhecer-se de tal forma. Numa cidade grande não levamos todo mundo que conhecemos para casa, a privacidade é característica da metrópole, ao contrário das coletividades pequenas. A maioria da população considera a privacidade preciosa, mas, se os contatos entre os habitantes das cidades se limitassem à convivência na vida privada, a cidade não teria serventia. Estes contatos feitos nas ruas e nos demais espaços públicos são fundamentais, pois revelam uma compreensão da identidade pública das pessoas, uma rede de respeito e confiança mútuos. Os contatos nas ruas, apesar de aparentemente despretensiosos, despropositados e aleatórios, constituem a mudança a partir da qual pode florescer a vida pública exuberante da cidade, porém a vida na rua só surge quando existem oportunidades concretas, tangíveis. Estas oportunidades são as mesmas necessárias para cultivar a segurança, se elas não existirem os contatos públicos nas ruas também não existirão.

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5.2

PRAÇAS

Os parques de bairros são elementos que contribuem (ou não) para a vitalidade urbana, eles são considerados um presente dado à população carente da cidade. Estes parques precisam de vida, isto é, as pessoas devem querer estar neles, atribuindo-lhes utilidade, é isto que faz um parque bem sucedido. Eles podem se constituir em elementos maravilhosos do bairro ou em vazios urbanos desvitalizados, destruídos, decadentes, sem uso, desprezados e perigosos. Os parques vazios não implicam apenas em dinheiro mal gasto e oportunidades perdidas, eles também podem ter efeitos negativos nos bairros e nas cidades. Sofrem do mesmo problema das ruas cegas, suas ameaças se espalham pela vizinhança, fazendo com que a população evite também as ruas que margeiam estes parques.

Jacobs defende que os parques urbanos são diretamente afetados pela maneira como a vizinhança interfere neles. Podemos compreender melhor se observarmos a variedade dos usos dos edifícios à volta de um parque urbano. Estes edifícios e suas atividades devem proporcionar uma boa variedade de usuários que entram e saem em diferentes horários, dessa forma eles utilizarão o parque em horários variados, pois seus compromissos diários são diferentes. Isso dá ao parque uma sucessão complexa de usos e usuários. Por outro lado, qualquer uso específico e predominante, que impõe um horário limitado aos frequentadores, faz com que os parques sejam usados apenas em algumas horas do dia.

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Na verdade os parques urbanos precisam de quatro elementos em seu projeto para que sejam potenciais lugares de vida urbana coletiva: a complexidade, a centralidade, a insolação e a delimitação espacial. A complexidade diz respeito à diversidade de usos e, consequentemente, aos motivos que as pessoas têm para frequentar os parques em horários diferentes. Os bons parques tem um lugar reconhecido por todos como um centro, as pessoas se esforçam para criar um centro, um local de destaque nos parques. Os centros mais agradáveis servem de palco para as pessoas. Da mesma forma, o sol faz parte do cenário para as pessoas, é claro que deve também haver uma sombra para os dias quentes de verão. Um edifício que corta a passagem da luz de um parque pode comprometê-lo seriamente. Entretanto, a existência de construções à volta de um parque urbano cria uma forma definida de espaço, de modo que ele se destaca como elemento importante do cenário. Os frequentadores não procuram um parque feito para os edifícios e sim para eles mesmos. Se fossem projetadas com largas calçadas, esquinas abertas e acessíveis, contando com programações publicas de eventos, os locais seriam o berço da interação e integração sociais. Para Alex Sun, autor do livro Projeto da Praça: convívio e exclusão do espaço público (2008), os espaços públicos são adaptáveis e seus atributos são aqueles que possuem relação com a vida pública como o lugar da sociabilidade e do exercício da convivência e que devem ser vistos como um conjunto indissociável das formas assumidas pelas práticas sociais. Ele também acredita que os principais fatores que determinam o sucesso de um espaço são o acesso e as opções para sentar-se e chama a atenção para um equívoco nos projetos de praças a respeito dos limites tênues do seu caráter público e funcional em relação a parques e jardins, estes últimos ligados historicamente ao entretenimento e a contemplação. 43


5.3 ESPAÇO URBANO PÚBLICO E PRIVADO

A falta de planejamento e cuidado com o espaço urbano faz com que ele fique esquecido pelo público, que prefere participar de outros programas nos momentos destinados ao lazer. Na maioria das vezes, os limites do espaço público e do espaço privado estão firmemente definidos e é esse valor urbano que qualifica as frentes e transforma as fachadas da cidade. Os fatos cotidianos, individuais e coletivos, entre outros elementos quem compõe a paisagem e a vida urbana, afetam definitivamente a cidade e as percepções que as pessoas têm dos usos de seus espaços. Essas percepções variam de acordo com a história, cultura e classe social, assim como a subjetividade e referências individuais, ainda que existam várias necessidades e usos similares do espaço, enquanto coletividade.

A cidade e, principalmente seus usuários, precisam de espaços com programação pública de apresentações e eventos culturais que promovam a interação e integração sociais. Talvez a solução fosse, então, reconstruir os espaços públicos e coletivos, ampliar pontos de encontro e de embarque, praças e parques, requalificar espaços existentes, munindo-os de acesso facilitado, iluminação de qualidade, multiplicar as feiras e estimular a abertura de novos espaços culturais, cinemas, entre outros. Desta forma, o urbanismo contemporâneo necessita apresentar uma lógica de diversidade de usos, além de uma proposta de revitalização do miolo das quadras subutilizadas e de espaços públicos subutilizados, visando melhorias urbanas e um apropriado aproveitamento do espaço coletivo.

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Centro Comercial, acesso rua Ribeiro de Lima, Bom Retiro, São Paulo. Arquiteto Lucjan Korngold [KORNGOLD, Lucjan. Centro comercial do Bom Retiro. Acrópole, São Paulo, n. 253, nov. 1959]

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5.4 QUADRA ABERTA

Nas cidades brasileiras, a exploração e o incentivo da quadra aberta nos projetos pode se tornar uma saída contra a carência de espaços livres públicos de qualidade, que hoje são conjugados às deficiências e às limitações das legislações urbanísticas que são, em geral, incapazes de estimular práticas que colaborem para a qualidade espacial urbana, no que se refere à microescala da cidade. A exploração do uso multifuncional nos edifícios, principalmente no pavimento térreo, permite que a permeabilidade espacial proporcionada pelo recurso da quadra aberta esteja atrelada a uma variedade de usos e públicos que pode conferir ao espaço urbano maior vitalidade ao proporcionar maior circulação e principalmente maior permanência de pessoas no espaço público.

O incentivo à diversidade de funções colabora inclusive para a formação de uma maior variedade da paisagem urbana ao nível dos olhos, estimulando a conformação das características elencadas por Ghel, que conferem suavidade e variedade aos espaços de transição entre edifício e o espaço público: variações de ritmo, texturas e detalhe; transparência; ativação dos sentidos do corpo humano através dos cheiros, sons, temperatura e movimento. Outro ponto de vista sobre o assunto é o do arquiteto francês Christian de Portzamparc, que diz que a quadra aberta seria a conciliação entre as cidades da primeira e segunda era, abrindo as portas para uma terceira era. Uma união entre as qualidades da rua, corredor da cidade tradicional e dos edifícios

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Les Hautes Formes, Paris. Arquiteto Christian de Portzamparc, 1975 [PORTZAMPARC, Christian de. A terceira era da cidade]

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6

RESIDÊNCIA ESTUDANTIL

6.1

A RESIDÊNCIA

ESTUDANTIL

NO BRASIL

A partir do primeiro governo do presidente Getúlio Vargas (1930/1945), as residências universitárias começaram a se espalhar pelo país. Na época foram criadas as chamadas “cidades universitárias”, com alojamentos próprios para a fixação de docentes e discentes que ingressavam nas recém-nascidas universidades brasileiras.

No país, de acordo com o Ministério da Educação, todas as 55 universidades federais dispõem de residências estudantis. As residências são gratuitas e o aluno que consegue uma vaga não tem custos com aluguel, condomínio, água, energia elétrica e gás, porém segundo a UNE (União Nacional dos Estudantes), as residências das universidades federais do país têm sérios problemas de infraestrutura, pois o governo não repassa verbas suficientes para a manutenção, apesar disso, como são gratuitas, ainda possuem grande procura pelos estudantes e seu número de vagas é insuficiente para atender à demanda. Ainda hoje, a residência estudantil no Brasil é pensada para atender universidades públicas, geralmente em campus universitário afastados do centro da cidade. O problema é que essa iniciativa acaba criando bairros monofuncionais e introvertidos e, por mais que possam contribuir para diminuir o déficit de habitações estudantis, contribuem pouco ou em nada com a cidade.

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Configuram um investimento pontual e sem retorno à sociedade, pois não exploram potencialidades indiretas, como a reestruturação de um bairro, a readequação de um edifício subutilizado ou abandonado, ou como elemento de integração entre as diversas faculdades e universidades instaladas na região. Atualmente não há uma política pública que englobe a habitação estudantil no panorama da habitação em São Paulo. No que diz respeito à região central da cidade, as discussões correntes cercam a HIS (Habitação de Interesse Social) e HMP (Habitação de Mercado Popular), pertinentemente. Ainda assim, muitas das questões envolvidas nas HIS e HMP são comuns à habitação estudantil, colocando-a na qualidade de complementares. A provisão de infraestrutura adequada, acessível e de qualidade, a proximidade das atividades básicas como emprego, formação e lazer são pressupostos básicos para qualquer projeto habitacional que se instale na região em questão.

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6.2 A RESIDÊNCIA

ESTUDANTIL

EM SÃO PAULO

O Conjunto Residencial para Estudantes da Universidade de São Paulo – CRUSP está localizado na Cidade Universitária, no Butantã. Foi projetado pelos arquitetos Eduardo Kneese de Mello, Joel Ramalho Jr. E Sidney de Oliveira em 1961 e construído no ano de 1963. Atualmente funcionam sete blocos com apartamentos de dois ou três quartos e um banheiro, a cozinha é coletiva a todos os apartamentos do bloco.

foto

Existem 1144 vagas para alunos de graduação e pós-graduação, as vagas são ocupadas através de seleção socioeconômica pelo Serviço Social/ Atuação Comunitária.

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CONJUNTO RESIDENCIAL DA USP (CRUSP)

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7.

O PROJETO

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7.1 PROPOSTA

A proposta é criar uma residência estudantil privada, financiada por investidores imobiliários e administrada por uma organização de apoio social, financeiro e cultural, tendo como exemplo o que existe em muitos países da Europa. Essa organização se encarregará da construção e administração dos complexos como descrito acima. O objetivo e diferencial é que a residência não seja voltada exclusivamente para uma única instituição, mas sim para mais de uma, garantindo o convívio entre alunos de diversas faculdades. Para o estudante se candidatar à vaga, ele apenas deve estar matriculado em alguma universidade conveniada. A princípio, propõe-se que as habitações estudantis sejam destinadas àqueles que não possuem residência em São Paulo e estudantes de intercâmbio. Todavia, com a criação de novos complexos deste tipo, pode-se estender a oferta à estudantes cujas famílias residem em São Paulo. É interessante tentar assegurar um custo subsidiado das habitações. Para tal, os espaços comerciais não devem ser vendidos, ficando todo o complexo disponibilizado para a locação. O capital apurado deve ter uma parte destinada à manutenção do conjunto.

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7.2.1 7.2 REFERÊNCIAS ARQUITETÔNICAS

EDIFÍCIO COPAN

OSCAR NIEMEYER

1962

O Edifício Copan é um dos principais ícones da paisagem urbana de São Paulo. A partir do programa solicitado e da localização central do terreno, e sob os preceitos da arquitetura moderna, Oscar Niemeyer parece ter projetado o Copan para ser o próprio edifício-cidade. A lâmina esbelta em forma de “S” que abriga 1.160 unidades habitacionais é feita da justaposição de seis blocos que funcionam como edifícios autônomos (embora, do ponto de vista estrutural, configurem-se somente quatro corpos).

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Nelson Kon


Sob ela, o embasamento ocupa toda a projeção do lote de geometria irregular e abriga uma galeria que funciona como extensão da rua, com funções de comércio e serviço. Enquanto a lâmina é leve e transparente, os pavimentos da base (dois subsolos, térreo, sobreloja, foyer e terraço) escondem-se em um volume maciço. No térreo, o piso inclinado da galeria acompanha o perfil natural do terreno. A laje do teto é paralela ao piso, o que atenua a percepção do desnível. Os pavimentos superiores é que vão, aos poucos, dissolver essa inclinação e configurar a laje horizontal do andar-tipo, que é repetido 32 vezes. A estrutura dos brises das fachadas maiores é independente e liga-se à estrutura principal apenas pontualmente. Já no interior dos apartamentos, os pilares acabaram sendo posicionados à revelia da recomendação de Niemeyer, de que houvesse independência entre vedação e estrutura. Com isso, acabou-se formando um paliteiro, com vãos variáveis e relativamente pequenos. Para que essa distribuição compartimentada não chegasse ao térreo, inviabilizando a galeria, foi pensado um pavimento de transição, apoiado na cobertura da base. Visto pelo lado de fora, ele constitui um trapézio extrudado horizontalmente sob toda a extensão da lâmina. O interior do volume possui pé-direito transitável e é ocupado por vigas no sentido transversal, com altura de piso a teto. Com a arquitetura livre do limite feito de espaço, Oscar Niemeyer conectou-se à realidade que pretendeu transformar. O Edifício Copan parece sugerir a dissolução do lote, no Centro da cidade consolidada sob os princípios do loteamento. A principal referência utilizada deste projeto é a relação bem sucedida de uso misto no edifício residencial e comercial, que busca articular o público e o privado. O térreo é voltado para o uso público, composto por cerca de 70 lojas, além dos halls de acesso dos seis blocos do edifício e espaços de circulação, o que confere uma grande permeabilidade nesse espaço, onde circulam em média, 1200 pessoas nas imediações do Copan e fazem com que o local ganhe ambiência e seja marcante para a cidade. 55


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Nelson Kon

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7.2.2

CONJUNTO NACIONAL

DAVID LIBESKIND

1957

O Conjunto Nacional foi projetado por David Libeskind quando ele tinha 26 anos, no final de 1954. O edifício adquiriu dimensão urbana, por sua escala e qualidades, e nos faz pensar sobre a legislação urbanística que impediu outras experiências como essa. Com aproximadamente 150.000m² de área construída, o programa está distribuído em dois grandes volumes: um horizontal, que ocupa todo o terreno – uma gleba de 14.600m² – e outro vertical, que se desenvolve sobre pilotis, sobre o terraço – jardim do bloco horizontal.

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Nelson Kon


O volume horizontal corresponde ao conjunto comercial, com galerias de lojas, restaurantes, livraria, bancos e cinemas, distribuídos em três pavimentos, além do terraço-jardim – concebido como uma grande praça pública, decisão de projeto que confere a esse pavimento características urbanas. Na grande lâmina vertical, três torres contíguas com acessos independentes permitem a convivência de usos distintos como escritórios, consultórios e residências. O edifício propõe uma abordagem de uso e ocupação do solo da cidade para firmar-se como ponto de inflexão no raciocínio do enfrentamento da implantação ou da estratégia de ocupação do lote. Nesse sentido, a transição quase imperceptível que se estabelece entre o espaço público do passeio – a cota da cidade – e o térreo do edifício, promove relações ímpares nesse novo lugar criado pelo diálogo estabelecido com o espaço coletivo. A cidade em expansão acolhe o edifício, que por sua vez abriga as novas funções e necessidades programáticas que passam a figurar na jovem metrópole, espécie de simbiose urbana. Os conceitos utilizados como referência deste projeto foram tanto a relação que o edifício tem com a cidade no nível do solo, estendendo a rua pra dentro do edifício e conectando ruas opostas entre si, como também a mistura de usos que o edifício oferece em cotas diferentes que, além de ligar o subsolo ao jardim no quinto piso, atrai uma diversidade de pessoas em diferentes horários, o que garante uma ocupação do edifício o dia inteiro.

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7.2.3

EDIFÍCIO PARA ESTUDANTES

NA PRAÇA DA REPÚBLICA ALFONSO SIMELIO

2010

Este projeto é de uma residência estudantil que venceu o concurso Opera Prima de 2010. O terreno está localizado na borda noroeste da Praça da República, no centro de São Paulo. Tem aproximadamente 4.000 m² e duas frentes opostas: uma na Rua Aurora e outra na rua que rodeia a Praça da República.

Acervo FAUSP

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O programa do conjunto está dividido em duas partes, sendo uma delas pertencente ao alojamento estudantil e outra que foi adicionada como decorrência das características do terreno e do entorno do projeto. No setor do alojamento foram adicionados espaços abertos de convivência e os quartos dos estudantes são distribuídos em pequenos núcleos de forma que os banheiros, chuveiros, cozinhas e áreas de estar são de uso compartilhado. Os ambientes de uso geral do alojamento como a cantina, o auditório, a sala de leitura e a sala de jogos foram colocados no primeiro pavimento, que funciona como “segundo térreo” do alojamento. Duas grandes salas de estudo foram colocadas no sétimo e décimo-primeiro pavimento, mais próximas dos quartos dos estudantes e perto das áreas externas. A segunda parte do programa contém três pavimentos de escritórios, restaurantes, lojas, uma galeria de exposições, duas salas de cinema, um estacionamento e uma generosa circulação que articula todo o programa com o acesso ao metrô. Além de enriquecer o entendimento sobre o programa de necessidade de uma habitação estudantil, o estudo deste projeto ajudou a compreender a inserção deste programa no centro de São Paulo, de como podemos relacionar o público e o privado, a relação com o entorno e a necessidade de abrir o térreo para a cidade.

Acervo FAUSP

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7.3

LEVANTAMENTO

FOTOGRÁFICO

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7.4

TERRENO DE INTERVENÇÃO

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7.5

PARTIDO

O partido adotado tem como principal conceito “flexibilizar” o uso do térreo, torná-lo permeável e, ao contrário dos novos edifícios propostos para a Rua Augusta, disponibilizar áreas privadas ao uso público. Além disso, visa criar novos percursos para o pedestre, conectando ruas em diferentes níveis e criando uma praça interna à quadra com arquibancada, incentivando assim a permanência do morador no espaço onde vive e integrando-o ao ambiente. Com isso pretende-se mudar sua forma de se relacionar com a moradia e a cidade.

A implantação da moradia estudantil nessa região tem como base a vida 24hrs que a rua oferece, já que os horários dos estudantes costumam ser bastante variados. A ocupação de outros equipamentos como galerias, livraria, restaurante, escritórios, padaria e serviços em horários distintos também auxiliam na manutenção vital da região. Outro partido adotado baseia-se na proposta de se beneficiar do transporte público, diminuindo assim as vagas necessárias para automóveis no projeto. Foram criados dois bicicletários, um no térreo para os visitantes e outro no subsolo para os moradores, incentivando o uso da bicicleta como meio de locomoção. Com isso, a proposta do projeto é criar um conjunto multifuncional aproximando todas as necessidades dos moradores do edifício e da região evitando grandes deslocamentos pela cidade. A IMPORTÂNCIA EM MESCLAR USOS E TRAZER VIDA PARA AS RUAS É ASSIM EXPLICADA POR JACOBS (2001 P. ):

“MEDO DA RUA DEPOIS DO ANOITECER, MESMO QUE A RUA TENHA COMÉRCIOS VARIADOS, CASO OS MESMOS SÓ FUNCIONEM DURANTE O DIA, AO ANOITECER, A RUA SE TORNA DESERTA, SEM MOVIMENTO, ILUMINAÇÃO E, COM SORTE, TORNA-SE APENAS VIA DE TRANSIÇÃO DE POUCOS PEDESTRES. É IMPORTANTE MESCLAR USOS QUE TRAGAM VIDA PARA AS RUAS DURANTE A NOITE TAMBÉM.” JACOBS, JANE.MORTE E VIDA NAS GRANDES CIDADES.SÃO PAULO, MARTINS FONTES,2001

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7.5.1 PARTIDO

ESTRUTURAL ADOTADO

A escolha da estrutura metálica como sistema estrutural do projeto foi tomada levando em consideração a praticidade, menor tempo de fabricação e monta gem, a maior leveza, possibilitada devido a maior resistência do aço que resulta em peças com menores dimensões e menor peso, facilitando assim o carregamento, o transporte e a manipulação. Além disso, a maior resistência do aço conduz à melhoria das condições para vencer grandes vãos, com menores dimensões das peças e menores pesos. No projeto foram adotados vigas e pilares em perfil soldado “I’’. Foi necessário utilizar pilares com dimensões de (450x450) e vigas de (200x 600). O sistema de lajes escolhido foi o steel deck, que se trata de um deck de aço em forma metálica, que suporta o concreto e trabalha como uma armadura laje. O desenho geométrico das chapas tem como forma um trapézio e permite o alcance de maiores vãos, sem apoios intermediários e maior capacidade de carga. No projeto, as chapas de steel deck utilizadas apresentam dimensões de 3m por 2,5m, vencendo assim os vãos necessários.

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7.6

DESENVOLVIMENTO

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7.7

CONJUNTO

A partir de estudos urbanísticos do local, a proposta constitui-se em dois blocos que se conectam nos primeiros pavimentos, que são destinados para o público no geral. Os apartamentos estão inseridos em uma lâmina vertical que cruza o terreno de ponta a ponta, ligando a Rua Augusta à Rua Frei Caneca, e podem ser acessados tanto por uma rua quanto pela outra através de circulações verticais controladas. Os apartamentos estão inseridos em uma lâmina vertical que cruza o terreno de ponta a ponta, ligando a Rua Augusta à Rua Frei Caneca, e podem ser acessados tanto por uma rua quanto pela outra através de circulações verticais controladas. Os apartamentos estão distribuídos em 12 andares e atenderão aproximadamente 286 estudantes que podem optar por quartos individuais ou duplos. Além de espaços com usos compartilhados no andar tipo como cozinha, sala de tv e espaços de convivência, os estudantes também possuem espaços compartilhados no quarto andar como salas de estudo e destinados ao lazer como piscina e uma praça descoberta.

Na cobertura estão localizadas a churrasqueira e o espaço para festas. O outro bloco horizontal com acesso livre ao público pela Rua Augusta ou pela Rua Frei Caneca, conta com espaços comerciais, quiosques, serviços, restaurante, padaria, banheiros, livraria, escritórios, academia e áreas de permanência, incluindo uma praça com arquibancada para abrigar possíveis eventos culturais. O projeto foi implantado de forma a aproveitar ao máximo a insolação adequada tanto nas residências quanto na galeria e, ao mesmo tempo em que ocupamos grande parte do terreno em vista de ser um terreno muito nobre, com localização privilegiada, buscamos criar espaços agradáveis com grandes vazios que permitem uma entrada proposital de luz e ventilação em todos os ambientes. 70


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7.8

FICHA

TÉCNICA

Área do terreno: 5083 m² Área demolida: 2680m² Área construída-projeto: 20942m² Coeficiente de aproveitamento: 4 Unidades comerciais: 21 lojas

Salas de Estudo: 2 Lavanderia : 2 Churrasqueira:2 Banheiros Publicos: 8 Vestiários: 4

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Capacidade de habitação: 288 estudantes Escritórios: 36 salas Estacionamento: 126 vagas Bicicletátio : 85 vagas Praças :2


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7.9

PROGRAMA

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7.10

FLUXOS

O comércio e serviço da região tornam a área bastante movimentada, porém as calçadas da Rua Augusta são muito estreitas para suportar a quantidade de pessoas que ali frequentam, que muitas vezes acabam invadindo a própria rua e, com os novos projetos imobiliários criando barreiras em sua fachada, a escala do pedestre é praticamente esquecida.

BARULHO NA AUGIUSTA - EDUARDO ANIZELLI

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O térreo do projeto foi proposto de forma a recuperar a escala humana e criar novos percursos para o pedestre, tornando o interior da quadra mais animado e movimentado durante todo o dia. Com diferentes usos, o espaço pode atender tanto aos moradores do edifício quanto as pessoas que ali circulam e busca preservar a permanência e o encontro de pessoas. Os ambientes de uso geral do alojamento como a cantina, o auditório, a sala de leitura e a sala de jogos foram colocados no primeiro pavimento, que funciona como “segundo térreo” do alojamento. Duas grandes salas de estudo foram colocadas no sétimo e décimo-primeiro pavimento, mais próximas dos quartos dos estudantes e perto das áreas externas.

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SUBSOLO

LEGENDA 1. Acesso para galeria 2. Acesso para a residência 3. Bicicletário 4. Doca 5. Escritório 6. Depósito 7. Vestiário 8. Área Técnica

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PLANTA TÉRREO

LEGENDA 1. Lojas 2. Livraria 3. Padaria 4. W.C 5. Cozinha 6. Administração 7. A cesso para residências

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PRIMEIRO PAVIMENTO

LEGENDA 1. Lojas 2. Café 3. Restaurante 4. W.C 5. Cozinha 6. Administração 7. Acesso para residências

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7.11

Localizada na parte inferior do edifício residencial, a padaria terá uma grande importância para o projeto, pois, além de servir de apoio para os estudantes, ela será aberta 24 horas atendendo também os moradores locais.

RESTAURANTE

No térreo (nível 0,00m) existirá uma área com mesas para lanches e refeições rápidas, balcão, mercado, frios, pães e uma cozinha de preparo.

PADARIA E

A principal parte de serviços estará localizada no subsolo (nível -4,00m) e contará com área de carga e descarga, doca, depósito, vestiário de funcionários e escritório. No segundo pavimento (nível 3,50), estará localizado o restaurante principal que oferecerá serviço de Buffet com duas refeições diárias. Este restaurante será aberto ao público e também oferecerá o sistema de vínculo com as residências, onde o estudante tem a facilidade de pagar junto com a mensalidade. Os três andares se conectam por uma circulação vertical interna com acesso exclusivo dos funcionários.

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7.12

COWORKING

Coworking é um conceito de trabalho que se baseia no compartilhamento de espaço e recursos de escritório, reunindo pessoas que trabalham não necessariamente para a mesma empresa ou na mesma área de atuação, podendo inclusive reunir entre os seus usuários profissionais liberais e usuários independentes. Os frequentadores dos escritórios de coworking são principalmente os profissionais autônomos, freelancers, recém-formados e pequenas empresas.

Todos são atraídos pelo baixo custo de investimento, já que os custos fixos são rateados, e a facilidade de possibilitar a entrada de jovens no mercado de trabalho que não teriam condições de montar o próprio negócio. Esse conceito anexado ao projeto tem como público alvo tanto os estudantes da residência quanto os moradores da Rua Augusta que, com a transformação imobiliária, conta cada vez mais com moradores jovens que, no geral, são os que mais procuram este conceito de escritório. A proposta é incentivar a interação dessas pessoas, que atuam em diferentes áreas, para concretizar um ambiente que estimule novos negócios, novas ideias, além do empreendedorismo e da criatividade. O espaço de trabalho fica no terceiro andar da galeria e contará com 35 salas sendo estas divididas em salas individuais, salas informais, áreas de trabalho, salas de reunião, sala de apresentação e um espaço de convivência com terraço e café. O acesso é feito por uma circulação vertical de escadas e elevadores que ligam tanto ao térreo quanto ao subsolo.

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SEGUNDO PAVIMENTO

LEGENDA 1. Recepção 2. Café 3. Escritórios 4. W.C 5. Academia 6. Área externa Academia 7. Lanchonete 8. Recepção Academia 9. Vestiários

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TERCEIRO PAVIMENTO

LEGENDA 1. Praรงa Interna 2. Piscina 3. Vestiรกrio 4. Sala de Leitura 5. Lavanderia 6. Sala de Estudos

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7.13

RESIDÊNCIAS

A residência poderá ser acessada pela portaria principal, com frente para a Rua Augusta (nível 0,00m), ou pela segunda portaria com acesso pela Rua Frei Caneca (nível 5,0m). O acesso para as circulações verticais que levarão às residências será feito através de um cartão magnético de identificação do morador, que liberará o seu acesso. Os andares tipo (que vão do nível 13,30m até o nível 46,90m) possuem módulos que podem ser configurados para uma ou duas pessoas.

LEGENDA 1. Copa 2. Sala de Estar 3. Terráço

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97 TERCEIRO PAVIMENTO


Os quartos possuem uma área mínima de 11m², com apenas o necessário para o estudante e, através do fechamento com portas do tipo camarão, os quartos podem ser totalmente integrados ao corredor. O corredor, por sua vez, abrigará espaços sociais de uso compartilhado entre os usuários como sala de estar, sala de televisão e copa. Distribuídos aleatoriamente esses espaços criarão vazios em lugares diferentes o que, além de tornar o corredor um lugar mais agradável, diferentemente daqueles corredores intermináveis, permitirá uma integração não apenas com os moradores do próprio andar, mas também com os moradores de outros andares.

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O fechamento exterior dos quartos foi projetado com o uso de brises metálicos pivotantes, que garantirão a proteção solar já que toda sua fachada esta voltada para o Norte. O estudante poderá configurar de acordo com sua preferência, controlando assim a intensidade de luz do seu quarto.

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COBERTURA

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O tecido urbano do centro de São Paulo é resultado da acumulação,agregação e coexistência de diversas épocas pautadas por leis diferentes e que, ainda assim, apresenta muitos vazios. O projeto realizado consistiu em modelar uma quadra parcialmente consolidada, com a premissa de romper a limitação dos lotes e da divisão polarizada entre espaço público e privado.

CONSIDERAÇÕES

FINAIS

O principal objetivo do trabalho foi propor um conceito diferenciado de moraria aos estudantes, os quais muitas vezes mudam-se para São Paulo e enfrentam dificuldades no período de integração à cidade. Todos os detalhes foram minuciosamente planejados pensando em oferecer um grande número de facilidades, para que o estudante não tenha grandes preocupações em seu período de estudos e também para que ele possa também engrandecer o seu lado profissional através da construção de networking no local. A proposta é oferecer um melhor custo x benefício ao estudante, integrando moradia ao convívio social, a necessidade à facilidade. O resultado foi muito enriquecedor e me permitiu pensar em questões de acessos, de escala e de como tornar uma área privada degradada em um lugar público, que promove a ocupação e a vivência diária do centro, estimulandoencontros e a relação entre as pessoas.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARTIGAS,Vilanova. Caminhos da Arquitetura. São Paulo, Cosac e Naify, 1999. no centro de São Paulo. Dissertação de mestrado, São Paulo, 2009 Fundo de construção-Setor Residencial do Estudante da USP (CRUSP)-Biblioteca FAU-USP. GEHL, Jan. Cidade para pessoas/ Jan Gehl; tradução Anita Di Marco. São Paulo:Editora Perspectiva, 2013. GUERRA, Abílio. Quadra Aberta. Uma tipologia urbana rara em São Paulo.2001. HERTZBERGER, Herman. Lições de Arquitetura. São Paulo: Martins Fontes, 1999. PISSARDO; Felipe Melo. A rua apropriada: um estudo sobre as transformações e usos urbanos na Rua Augusta. PORTZAMPARC, Christian. “ A terceira era da cidade”, In Revista ÓCULUM 9, FAU Puccamp, Campinas, 1992. FIGUEROA, Mário. Habitação coletiva e a evolução da quadra. 2006 JACOBS, Jane. Morte e vida nas grandes cidades. São Paulo, Martins Fontes, 2001. LOBATO, Maurílio Lima. Considerações sobre o espaço público e edifícios modernos de uso misto. ROSSI, Aldo. Arquitetura da cidade. São Paulo, Martins Fontes, 1998. 111


ResidĂŞncia Estudantil no Baixo Augusta Raphael Mitsueda 112


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