PARQUE DAS ESTAÇÕES
2015
Autorizo a reprodução e divulgação total desse trabalho por qualquer meio impresso ou eletrônico, para fins de estudo ou pesquisa, desde que citado a fonte. SANTOS, Raphael Albuquerque. Parque das Estações: Diretrizes Projetuais de Reabilitação Urbana do Trecho da Estação Nova a Estação Velha de Campina Grande - PB.
Parque das Estações: Diretrizes Projetuais de Reabilitação Urbana do Trecho da Estação Nova a Estação Velha de Campina Grande - PB. Raphael Albuquerque dos Santos Orientação: Daniel Celegatti Trabalho Final de Graduação Arquitetura e Urbanismo FACISA Dezembro de 2015
Dedico esse trabalho a todas as comunidades que moram na orla ferroviรกria de Campina Grande.
AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, arquiteto de todas as coisas e único merecedor de toda honra e glória. A minha mãe Juraci, como exemplo de luta e perseverança na busca dos seus sonhos, como também pelas oportunidades que me concede diariamente. Ao meu pai e amigo Moisés, pelo companheirismo, dedicação, e amor sempre presente. A minha tia Maria José, pela dedicação e exemplo de humildade que me passa. Ao meu irmão Rodrigo, e minha cunhada Larissa, por sempre estarem presentes nas etapas da minha vida, e por terem me presenteado com duas fontes de alegrias, meus sobrinhos Miguel e Luisa. Agradeço também a minha namorada Nathalia, pelo conforto e carinho diário. Agradeço postumamente aos meus avós Venceslau e Laura Dias, pela batalha e dedicação na formação de nossa família. Por fim, enfatizo um agradecimento especial a meu orientador e amigo Daniel Celegatti, pelos conselhos e dedicação nessa caminhada que se finda. Assim agradeço também às arquitetas e amigas Yana Jerônimo e Rayssa Lira, pelas oportunidades e ensinamentos.
SUMÁRIO Referêncial Teórico 8 A Imagem da Cidade 09 Os Espaços Intra-Urbanos 9 Diretrizes de Implantação 11 Barreiras 12 Decadência da Ferrovia 12 Campina Grande 13 Estação Velha 15 Estação Nova 15 Atual Situação da Ferrovia 17 Estudo Preliminar 26 Mapas 27 Estudo de Observação 36 Estação Velha 39 Estação Nova 43 Análise das Edificações 45 Legislação 49 Memorial Descritivo 54 Diretrizes 55 Parque das Estações 63 Estação Velha 65 Ramal de Ligação 81 Estação Nova 86 Considerações Finais 98
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Referencial Te贸rico
8
A Imagem das Cidades ‘’A dialética de uma cidade como valor de uso é constituída pelo evoluir histórico em meio aos conflitos sociais que lhe são inerentes na produção, apropriação e consumo das estruturas urbanas e dos tecidos urbanos com elas coerentes’’ (MALTA, 2003, p.88). A evolução das cidades causou alguns aspectos positivos, porém, os negativos se tornam mais evidentes. Segundo Lynch (2006), as cidades não são apenas objetos percebidos por milhões de pessoas de classes sociais e características diversas, mas também é um produto de muitos construtores que sempre modificam sua estrutura, beneficiando ou excluindo a população cada vez mais. Agitação, falta de segurança, espaços degradados, todos os tipos de poluições (sonora, visual, etc), vem tornando a vida no meio urbano mais complicada, devido a um planejamento voltado para o individual (CORBOUSIER, 1946, pg.33). ‘’Os modernistas rejeitaram a cidade e o espaço da cidade, mudando seu foco para construções individuais. Essa ideologia tornou-se dominante por volta de 1960, e seus princípios continuam a afetar o planejamento de muitas áreas urbanas novas’’ (CORBUSIER, 1946, p 33).
Os Espaços Intra-Urbanos De acordo com Villaça (2001 apud HARVEY, 1982), o espaço é um atributo material de todos os valores de uso. Sendo assim, o uso que a sociedade faz da sua região, cidade, ou bairro, é o que definirá esses espaços, e todo o seu comportamento e relações com a comunidade. O autor ainda defende que existe uma tendência generalizada a se acreditar numa inter-relação profunda entre espaço e a formação social, que as transformações das estruturas sociais provocam transformações nos espaços. Também é ressaltado que os produtos específicos resultantes da produção do espaço intra-urbano não são objetos urbanos em sí; as praças, ruas ou edifício, mas acima de tudo, suas localizações.
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[Imagem 1] Estação Abandonada em São Paulo Estadão, 2014
[Imagem 2] Estação Abandonada em São Paulo Estadão, 2014
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Diretrizes de Implantação de Parques O bom planejamento do parque é essencial, segundo Jacobs (2001), uma diversidade de usos verdadeiros, que atraia naturalmente uma sucessão de frequentadores diferentes, deve ser introduzida deliberadamente dentro do parque. A autora ainda defende que o primeiro passo no planejamento da inclusão de novos usos potenciais é ter uma ideia real daquilo que essa iniciativa deve proporcionar para superar o problema do distrito. Assim, o simples fato de usar uma área para implantar um parque não significa que o espaço será utilizado pela população, mas a forma que o parque é implantado, suas características, tipos de uso, e o benefício para a área é o que definirá o parque. Com isso, algumas diretrizes devem ser levadas em consideração antes da elaboração projetual.
IMPLANTAÇÃO
RESTAURAÇÃO E REUTILIZAÇÃO
SEGURANÇA
DIVERSIDADE DE USOS
MOBILIÁRIO
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[Imagem 3] Ciclo da Implantação de Parques Acervo Pessoal, 2015
Barreiras Alguns espaços das cidades podem servir como barreiras, segregando comunidades, povos, culturas, podendo ser limites físicos ou sociais. Lynch (2001) considera como barreiras físicas: rios, viadutos, estradas, entre outros elementos que quebram a continuidade. O autor ainda defende que as barreiras são elementos lineares constituídos pelas bordas de duas regiões distintas, configurando quebras lineares na continuidade, onde os limites mais fortemente percebidos não apenas proeminentes visuais, mas também contínuos na sua forma, e sem permeabilidade à circulação.
Decadência das Ferrovias Segundo Jardim (2012), pode-se afirmar que as indústrias deram forma à várias cidades ao consumir vastas faixas de terras para acomodar toda sua infraestrutura e produção, além de todo o sistema de vias, trilhos e canais implantados, para que, através deles, suprimentos e mercadorias fossem escoados. Lang (2009) relata que as ferrovias em todo o pais, tiveram seu auge até metade do século passado, perdendo força a partir dos investimentos realizados pelo estado nas rodovias e nos carros. A autora afirma que as ferrovias tiveram um papel fundamental no crescimento econômico e populacional em diversas áreas do Brasil. De acordo com Barat (1974), a partir de 1940 assiste-se praticamente ao fim da era ferroviária:
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Campina Grande ’’Seu papel está associado à sua localização geográfica. Situada entre o Sertão e a Zona da Mata, a cidade servia de parada para quem percorria essa rota. A pecuária, como também a agricultura, fizeram-se presentes nesse processo, abastecendo tanto a cidade como as localidades em sua proximidade, configurando assim uma área de influência tanto urbana como rural ‘’(FERNANDES, 2006, p 04). Com o crescimento constante do comercio na região surgiu a feira próxima ao atual Açude Velho, sendo hoje uma das maiores feiras do Nordeste. Fernandes (2006) afirma que a cidade passou a crescer nos arredores da feira e do açude, onde com o passar do tempo o ciclo do algodão impulsionou ainda mais o crescimento populacional e econômico na cidade, de forma que atraia investimentos de diversos setores na região. Segundo Fernandes (2006), a chegada da via férrea em Campina Grande, no ano de 1907, permitiu uma concentração econômica oriunda da produção algodoeira, criando condições para a acumulação de capital na cidade. Assim, a cidade passou por um aumento no uso de capitais constante, com um comércio crescente e uma população em ascensão.
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[Imagem 4] Campina Grande Retalhos Históricos, 2013
[Imagem 5] Rua Marciel Pinheiro - Campina Grande Retalhos Hist贸ricos, 2013
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[Imagem 6] A莽ude Velho Campina Grande Retalhos Hist贸ricos, 2013
Estação Velha Segundo Araújo e Sousa (2011) a primeira estação de Campina Grande foi inaugurada em 1907, pela companhia inglesa Great Western, por meio do prefeito da época Cristiano Lauritzen. A linha era interligada com os ramais de Recife e Natal, tendo uma importância no desenvolvimento econômico da cidade, principalmente por parte do algodão, já que muitos desses produtos antes eram transportados no lombo de jumentos. Os autores ressaltam que através de sua importância econômica com o algodão, a cidade, que na época da chegada da linha férrea tinha aproximadamente 1800 habitantes, teve um salto significativo populacional e demográfico nas décadas seguintes. ‘’Como todo importante ato histórico, a chegada do primeiro trem à estação de Campina Grande foi marcada por uma grande presença popular com a participação de autoridades que estruturavam o cenário político da época. Documentos da época mostram que uma banda de música animava o momento e fogos de artifícios convidavam a população’’ (RODRIGUES, 2009, p.3).
Estação Nova Conforme relata Araujo e Souza (2011), em 1957 quando se comemorava 50 anos da chegada do trem em Campina Grande, teve início a construção de uma nova estação ferroviária que buscava mais espaço para as manobras das máquinas, e consequentemente a expansão dos serviços ferroviários locais. Segundo os autores, assim como a Estação Velha, a nova estação de Campina Grande também teve uma importância histórica e social para a cidade, onde autoridades e moradores da época viam o trem como símbolo de desenvolvimento e prosperidade para a cidade. A figura a seguir retrata a locomotiva Asa Branca como atração para os moradores, onde o som do trem atraia a atenção da população. Muitos moradores tinham som da chegada do trem como um demarcador de tempo, devido a pontualidade e funcionalidade que eles exerciam para o entorno.
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[Imagem 7] Estação Velha Campina Grande Retalhos Históricos, 2013
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[Imagem 8] Estação Nova Campina Grande Retalhos Históricos, 2013
Atual Situação da Ferrovia de Campina Grande
[Imagem 9] Estação Velha Acervo Pessoal, 2015
[Imagem 10] Estação Velha Acervo Pessoal, 2015
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[Imagem 11] Estação Nova Acervo Pessoal, 2015
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[Imagem 12] Trecho Liberdade - Campina Grande Acervo Pessoal, 2015
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[Imagem 13] Estação Nova Acervo Pessoal, 2015
[Imagem 14] Trecho Centenário - Campina Grande Acervo Pessoal, 2015
A linha férrea de Campina Grande está completamente tomada pela vegetação rasteira. A presença de lixo é evidente na maior parte da área, e algumas edificações irregulares invadem a orla ferroviária. Os antigos galpões e estações estão deteriorados, mesmo sendo edificações tombadas pelo IPHAEP: ‘’A Estação Nova de Campina Grande possui algumas edificações com valor histórico, onde algumas são tombadas pelo IPHAEP: O número do seu patrimônio inscrito na antiga RFFSA é 1240148. A estação foi tombada pelo IPHAEP em 2001'’ ( 2009, p. 3). Frente ao exposto, fica evidente a necessidade de uma intervenção na área para um melhor uso, de forma que favoreça a população próxima, tornando um espaço de continuidade urbana que valorize os seus elementos históricos e de reestruturação para a cidade como um todo.
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[Imagem 15] Estação Nova Acervo Pessoal, 2015
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[Imagem 16] Galpão Leste Estação Nova Acervo Pessoal, 2015
A falta de investimentos tanto do setor público como privado é uma das causas da degradação da área, e essa falta de investimento é devido a impossibilidade da implantação de equipamentos e serviços que dão retorno financeiro para esses agentes. Assim, a linha férrea se torna uma barreira na cidade, criando um delimitador de bairros e comunidades.
Tanto os galpões como o antigo centro de comando e estação encontram-se subutilizadas, com as esquadrias e revestimentos danificados. As edificações tornaram-se moradia para algumas pessoas, as quais invadiram o local, delimitando suas casas no interior do prédio. Alguns galpões não possuem mais as cobertas nem as esquadrias, possuindo apenas paredes e divisórias que se encontram degradadas. As marcas do uso de drogas e prática de crimes são presentes no local, onde é possível encontrar sangue, seringas, cinzas de fogueiras, pichações, entre outros elementos.
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[Imagem 17] Maquete FĂsica Ilustrada Acervo Pessoal, 2015
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Estudo Preliminar
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LOCALIZAÇÃO JOÃO PESSOA
CAMPINA GRANDE 130 km
ESTAÇÃO NOVA ESTAÇÃO VELHA
[Imagem 18] Mapa Localização Acervo Pessoal, 2015
A área onde irá se elaborar uma proposta que sirva de diretriz também para outros pontos da linha férrea, fica no trecho entre a Estação Nova a Estação Velha de Campina Grande, cidade do interior da Paraíba. A área de estudo é um dos setores mais importantes da cidade, pois abrange populosos bairros, além de ficar próxima do centro, cortando importantes vias arteriais de circulação. A área possui um ramal de ligação entre a Estação Nova, no bairro do Quarenta, indo até o bairro da Estação Velha. O trecho possui ao norte os bairros do Centenário e São José, enquanto que ao sul os bairros do Santa Rosa, Quarenta e Liberdade. A linha férrea ainda corta o bairro da Estação Velha, que fica próximo do centro da cidade, e o bairro do Catolé. Frente ao exposto, podemos perceber a centralidade da área estudada, além de sua importância para o contexto municipal, tendo como grande objetivo interligar esses bairros, não deixando a linha férrea como barreira.
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Situação Atual 01
02
01
04 02 03
CASA
03
04
GRANDES ESPAÇOS OCIOSOS
ESTAÇÃO NOVA
INVASÕES / CASAS DE BAIXO PADRÃO CONSTRUTIVO
ESTAÇÃO VELHA
INDUSTRIAS / GALPÕES / COMÉRCIOS QUE FORMAM FACHADAS CEGAS
01
02
03
01
02
CASA
04
03
[Imagem 19] Situação Atual Acervo Pessoal, 2015
30
04
Uso e Ocupação Através do mapa de uso e ocupação do solo podemos perceber que o entorno, próximo da orla ferroviária, possui uma predominância de uso residencial unifamiliar, com casas de pequeno à médio porte, tendo uma verticalização mais presente próxima da Estação Velha. Alguns equipamentos e serviços públicos importantes se encontram próximo da área, como por exemplo; três hospitais, sendo dois públicos, um privado, e um posto de saúde; o batalhão da polícia militar e do corpo de bombeiros; o centro de comando do SAMU; a vila do artesão; o centro judiciário da cidade; uma faculdade particular; indústrias comerciais, além de um estádio de futebol de um importante time da cidade. O trecho também fica próximo de áreas que possuem uma importância social na cidade, como por exemplo o açude velho e o parque da criança. Além de possuir uma presença forte do comercio, principalmente nas proximidades das avenidas Floriano Peixoto, Almeida Barreto e Odom bezerra.
LEGENDA Clube Particular
Instituições Públicas
Comércio
Estádio de Futebol
Edificio Residêncial Residência Unifamiliar Templos Publico -Privado
Edificios Ferroviários Instituições Educacionais Instituições Juridicas Açude Velho Linha Férrea
Saúde Galpões Industrias
[Imagem 20] Mapa de Uso e Ocupação Acervo Pessoal, 2015
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29
População 19500
01
3300 (FONTE -IBGE) 02 01 03 01 07 01
05 01 04 01
08 01 06 01
0,1
0,5
1 km
01
CENTRO
02 01
SÃO JOSÉ
03 01
CENTENÁRIO
04 01
SANTA ROSA
05 01
QUARENTA
06 01
LIBERDADE
07 01
ESTAÇÃO VELHA
08 01
CATOLÉ
[Imagem 21] Mapa de População Acervo Pessoal, 2015
Conforme o Censo do IBGE (2010), a população de Campina Grande é composta por 182.205 homens e 203.008 mulheres, totalizando aproximadamente 400 mil habitantes, sendo considerada assim uma cidade de médio a grande porte. Podemos analisar o número médio de habitantes de cada bairro próximo do trecho em estudo, analisando onde a quantidade de possíveis usuários para o parque é maior ou menor, além de observar quais áreas possuem pouca densidade. Portanto, levando em consideração uma população média com no mínimo de 3300 habitantes, e máximo de 19500, percebemos que o setor sul da linha férrea possui um número de habitantes um pouco maior em relação ao setor norte, sendo os bairros da Liberdade e do Catolé os mais populosos da área, enquanto que o bairro do São José e Quarenta são os menos populosos.
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Renda O mapa de renda per-capita nos auxilia a perceber as condições que se encontram as famílias próximas da Estação Nova. O mapa mostra uma renda média mensal máxima de 1700 reais, e mínima de 320 reais. Através desse mapa podemos perceber que muitas das edificações que fazem limite com a orla ferroviária possui uma renda média baixa, o que resulta em casas de baixo padrão construtivo, como apresentado posteriormente. O centro da cidade e os bairros do São José e Catolé possuem uma renda mensal mais elevada em comparação com os outros bairros do trecho.
01
02 01 03 01 07 01
05 01 04 01
08 01 06 01
0,1 [Imagem 22] Mapa de Renda Acervo Pessoal, 2015
32
0,5
1 km
1a3 SALÁRIOS MÍNIMOS 3a6 SALÁRIOS MÍNIMOS (FONTE -IBGE)
OTO
Sistema Viário
O
IAN
AV.
BARRETO
RUA CO STA E S
ILVA
AV. ALME IDA
R FLO
X PEI
RUA COLETORA RUA ARTERIAL LINHA FÉRREA RUAS LOCAIS PARADA DE ÔNIBUS ORLA FERROVIÁRIA
0,1
0,5
1 km [Imagem 23] Mapa de Sistema Viário Acervo Pessoal, 2015
CONGESTIONAMENTO
A área da proposta encontra-se delimitada ao norte pela avenida Almeida Barreto, uma importante avenida comercial e arterial de mão dupla que dá acesso do centro da cidade aos bairros da zona oeste da cidade. Ao leste, o trecho é delimitado pela rua Bejamin Constant, que passa as margens do Açude Velho, enquanto que ao sul a orla ferroviária é delimitada por ruas coletoras dos bairros próximos. A linha férrea no trecho entre a Estação Nova a Estação Velha é cortada pela avenida Odom Bezerra, importante via arterial que liga os bairros da zona Sul da cidade com o centro.
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UBRIAND AV.ASSIS CHATEA
RRO SO ANT E BA AV. A LMIR
Com isso podemos perceber que o fluxo de automóveis é constante nas proximidades do trecho, com predominância de automóveis particulares, e de algumas das principais rotas de ônibus que ligam os bairros periféricos com o centro, os quais tem suas paradas próximas da área em estudo, principalmente na Odom Bezerra e Almeida Barreto. Na avenida Almeida Barreto, próximo da Estação Velha, existe um grande fluxo de caminhões que transportam produtos das industrias locais, ocasionando engarrafamentos nas horas de pico.
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Estudo de Fachadas
LEGENDA Área de Estudo Edificações
35
50 m
250 m
500 m
[Imagem 24] Estudo de Fachadas Acervo Pessoal, 2015
36
Estudo de Observação
[Imagem 25] Trecho de Transição Acervo Pessoal, 2015
37
38
Estação Velha
[Imagem 26] Mapa Observação Estação Velha Acervo Pessoal, 2015
0,1 39
0,5
1 km
A área da orla ferroviária da Estação Velha tem aproximadamente 59800m². No trecho podemos perceber grandes fachadas cegas geradas por indústrias e casas, ocasionando a problemática de insegurança na área, além de criar ambientes confinados, como podemos perceber na parte oeste da área. Um riacho canalizado e aberto corta o setor, tendo duas passarelas de madeira improvisadas que servem de passagem. Próximo ao córrego existem barracos que servem de apoio para algumas casas, utilizados para a criação de animais e depósitos de materiais. No local também podemos perceber o uso de algumas áreas para recreação, onde crianças usam o espaço para soltar pipa, jogar bola, entre outras brincadeiras. Existem também dois campos de futebol amador improvisados pelos moradores da área, sendo um próximo da Estação Velha, e outro próximo ao córrego. Apesar de ser uma área pública, parte dela foi cercada para a criação de animais, criando mais fachadas cegas, e tornando o ambiente mais inseguro.
40
Ramal de Ligação
0,1
0,5
1 km
[Imagem 27] Mapa Observação Trecho de Ligação Acervo Pessoal, 2015
41
O trecho de ligação da Estação Nova com a Estação Velha tem uma área de aproximadamente 13500 m², com uma grande problemática também em relação ás fachadas cegas criadas pelos galpões e residências, onde as edificações ao norte são voltadas para a avenida Almeida Barreto, ficando de costas para o setor. Com isso, a área torna-se insegura, onde as pessoas evitam transitar pelo trecho, tornando, inclusive, a própria avenida insegura em determinados pontos. A área possui pouca vegetação, sendo em sua maioria uma vegetação rasteira, podendo também perceber uma grande quantidade de lixo.
42
Estação Nova
0,1
0,5
[Imagem 28] Mapa Observação Estação Nova Acervo Pessoal, 2015
43
1 km
A Estação Nova possui uma área de aproximadamente 64200 m², onde podemos perceber o grande fluxo de pedestres que usam o trecho durante o dia para acesso, através da avenida Odom Bezerra, os bairros do Santa Rosa e Quarenta. Entretanto, de noite a área é evitada pelos próprios moradores, pois a falta de iluminação torna o lugar mais inseguro. O trecho, apesar de muito grande, possui pouca vegetação de médio ou grande porte, sendo um espaço completamente aberto com vegetação rasteira, tendo calçadas apenas nas áreas que se encontram as edificações ferroviárias. O trecho possui um grande número de edificações que eram utilizadas pela ferrovia, além dos trilhos que eram utilizados para as manobras dos trens.
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Análise das Edificações
Galpão do Algodão
[Imagem 29] Galpão do Algodão Acervo Pessoal, 2015
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[Imagem 30] Galpão Leste Acervo Pessoal, 2015
Galpão de Armazenamento
Sindicato dos Ferroviários
[Imagem 31]Sindicato dos Ferroviários Acervo Pessoal, 2015
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[Imagem 32] Estação Nova Acervo Pessoal, 2015
Estação Nova
Galpão de Comércio
[Imagem 33]Galpão Oeste Acervo Pessoal, 2015
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Legislação Estatuto da Cidade O estatuto da cidade nos proporcionou diretrizes mais abrangente para a conceituação projetual. Através das suas leis, junto com o Plano Diretor do município, podemos especular e conceituar as propostas. Alguns imóveis da avenida Almeida Barreto estão abandonados, tendo um caráter especulativo por se encontrar em uma das principais vias circulatórias e comerciais da cidade, assim toma-se como base a retenção especulativa encontrada no artigo 2º do Estatuto da Cidade, e também o direito de preempção do imóvel por parte do poder público, sempre que ele necessitar da área para criação de espaço público ou proteção de área de interesse histórico, contemplado no artigo 26 do referido estatuto.
[Imagem 34] Macrozoneamento de Campina Grande Plano Diretor, 2015
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Plano Diretor De acordo com o macrozoneamento urbano de Campina Grande, segundo o seu Plano Diretor, a área de intervenção se encontra em duas zonas, majoritariamente em uma zona de recuperação urbana, enquanto que no trecho de transição da Estação Velha para a Estação Nova ela se encontra em uma zona de qualificação urbana. O estudo da macroescala para a microescala nos auxilia na conceituação de diretrizes para a área, sendo a comunidade próxima o alvo principal da intervenção, já que será a população que conviverá diariamente com a área. A zona de qualificação urbana tem como característica evitar a saturação do sistema viário, fomentar os usos múltiplos, ordenar o adensamento, além de ampliar a possibilidade de equipamentos públicos. A zona de recuperação urbana prevê uma área de uso residencial com carência de equipamentos públicos, e tem como objetivo a complementação da infraestrutura existente, implantando equipamentos públicos e promovendo a urbanização do local. Com isso, podemos perceber que tendo o espaço ocioso da orla ferroviária nessa área, o zoneamento da cidade, mais especificamente da área em estudo, incentiva uma melhor estruturação do local, inserindo equipamentos públicos, além de complementar a infraestrutura existente. Assim, através do macrozoneamento, vemos como válida a proposta de implantação de um parque linear para suprir as necessidades do local, de forma que o ordenamento e organização de cada setor seja respeitado. Os usos múltiplos, sendo uma das diretrizes projetuais do trabalho, encontrase embasado no Plano Diretor da cidade através da zona de qualificação urbana, assim como também a regulação do adensamento populacional da área.
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[Imagem 35] Microzoneamento de Campina Grande Plano Diretor, 2015
O autor Jardim (2012) defende que um mesmo processo de revitalização urbana pode incluir as ações de conservação de alguns bens, e demolição de outros, uma vez que as intervenções podem se restringir a pontos específicos dentro de uma estratégia mais geral que resulta de uma abordagem multidisciplinar. Assim, através do embasamento adquirido no Estatuto da Cidade e também no Plano Diretor de Campina Grande, vemos como necessária a relocação de alguns galpões da avenida Almeida Barreto, que se encontram ociosos, onde os mesmos podem ser adquiridos pelo direito de preempção. Com relação as duas industrias presentes na área, propomos a relocação delas para o novo polo industrial Aluísio Campos, de forma que elas respeitem o zoneamento da cidade, como também o artigo 11 do Plano Diretor, que visa a implementação de diretrizes de ordenamento da estrutura espacial do município, onde usos incompatíveis e inconveniente devem ser corrigidos, tais como os que afetam as condições de moradia, vendo que o setor possui uma predominância de uso residencial.
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A adequação e recuperação da área visa não só o espaço em desuso, mas também as edificações subutilizadas, com caráter especulativo que atrapalhariam a interação do parque com o seu entorno. Portanto, temos no Plano Diretor de Campina Grande uma ferramenta para fundamentar a relocação dessas edificações de forma que contribua para uma melhor abertura do parque e interação com seu entorno. Através do artigo 8 do Plano Diretor pretendemos controlar a ocupação da orla ferroviária, além da preservação do seu ambiente, mantendo o que for compatível e relocando o que poderá comprometer o novo projeto, sendo todas essas edificações pensadas e analisadas em relação a sua compatibilidade com o local. Através do Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV), o entorno pode ser analisado para estudo de algumas edificações existentes incompatíveis com a área, visto que o trecho possui um adensamento residencial. O EIV leva em consideração o entorno, adensamento populacional, uso e ocupação do solo, valorização imobiliária, sistema de circulação e transporte. A mobilidade tem apreciação no Plano Diretor da cidade para o atendimento das demandas da população e os termos de segurança. Com isso, o parque linear implantado visa a ligação dos modais de pedestres e ciclistas nos extremos do parque, rompendo a barreira formada pela linha férrea. Cada edificação, seja patrimonial ou não, será adequada para o uso de qualquer cidadão através de um desenho universal. Segundo o artigo 93 do Plano Diretor, são objetivos do sistema de mobilidade: atender as demandas da população em termos de equidade e segurança, enquanto que o artigo 94 do referido plano defende a adoção das calçadas como malha integrada e redução das barreiras físicas constituídas pelas ferrovias. No trecho da Estação Velha, encontra-se um córrego a céu aberto que fica próximo de algumas residências, com isso a preservação e adequação do córrego ao parque linear tem não só um caráter de atender a necessidade do parque, mas também de atender o Plano Diretor da cidade, que em seu artigo 26 remete ao poder público o controle do uso de áreas que margeiam riachos. O artigo 116 do plano diretor define como ações prioritárias nas margens das áreas pluviais, a definição de mecanismos compatíveis com as áreas de interesse para drenagem, como é o caso de parques lineares
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[Imagem 36] Avenida Odom Bezerra Acervo Pessoal, 2015
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Memorial JustiďŹ cativo
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Diretrizes [Imagem 38] Mapa Construções Informais Acervo Pessoal, 2015
-01- CONSTRUÇÕES INFORMAIS (SITUAÇÃO ATUAL) TO
XO
O IAN
PEI
OR
AV.ASSIS CHATEA
UBRIAND
FL AV.
CONSTRUÇÕES INFORMAIS
0,1
0,5
1 km
AÇUDE VELHO
-01- RELOCAÇÃO (PROPOSTA)
OTO
EIX
I
OR
UBRIAND AV.ASSIS CHATEA
FL AV.
P ANO
BLOCO HABITACIONAL AÇUDE VELHO [Imagem 39] Mapa Relocação Acervo Pessoal, 2015
55
0,1
OBS: INDUSTRIAS RELOCADAS PARA O NOVO POLO INDUSTRIAL ALUÍSIO CAMPOS
0,5
1 km
Conforme já exposto, através do Código de Obras e do Plano Diretor de Campina Grande, fica visível a necessidade de relocação. Algumas edificações industriais que se encontram no bairro da Estação Velha, não possuem mais a mesma relação com a área, a qual hoje possui uma predominância de uso residencial, entrando em conflito também com o sistema viário, através dos congestionamentos causados pelos caminhões e carretas que transportam os produtos. Assim, tendo como embasamento o Plano Diretor de Campina Grande através do seu macrozoneamento, e também do artigo 11 do referido plano, sugere-se a relocação desses equipamentos para o novo polo industrial Aluísio Campos. O polo Aluísio Campos é uma nova área industrial e residencial de Campina Grande, que está sendo implantada na zona de expansão da cidade. Portanto, a relocação dessas edificações industriais visa aplicar o macrozoneamento da cidade, de forma que a área central, e residencial sejam respeitadas. Os galpões ociosos que se encontram no setor de transição, da avenida Almeida Barreto, confinam ainda mais o trecho, criando fachadas cegas e formando um espaço pouco convidativo para ser utilizado. Com isso, essas edificações também serão relocadas para o novo polo Aluísio Campos, através do direito de preempção por parte do poder público para a compra dos lotes, de forma que eles possam ser abertos para criar uma maior interação do setor com a rua, como também diminuir o confinamento existente. As casas que ficam abaixo dos 15 m de distância da linha férrea, também sugere-se que sejam relocadas para um novo bloco habitacional implantado dentro do parque, de forma que essas famílias possam continuar em um espaço central na cidade, não sendo relocadas para a periferia.
56
Costura Urbana
[Imagem 40] Mapa Rupturas Acervo Pessoal, 2015
-02- RUPTURAS (SITUAÇÃO ATUAL) TO
XO
O IAN
PEI
UBRIAND AV.ASSIS CHATEA
OR
FL AV.
BARREIRAS 0,1
0,5
1 km
AÇUDE VELHO
-02- COSTURA URBANA (PROPOSTA)
OTO
EIX
I
OR
UBRIAND AV.ASSIS CHATEA
FL AV.
P ANO
NOVOS PERCURSOS AÇUDE VELHO [Imagem 41] Mapa Costura Urbana Acervo Pessoal, 2015
57
0,1
0,5
1 km
A linha férrea tem como característica ser um objeto de barreira na cidade, com isso, uma das principais estratégias projetuais é a articulação que o parque linear deve fornecer com os bairros, diminuindo a barreira e aumentando a conexão entre os pontos. O aumento dos acessos e percursos contribui para o crescimento do fluxo de pedestres e ciclistas, com isso, fomenta a probabilidade de encontro nesses novos espaços de transições oferecidos pelo parque. Portanto, para diminuir a barreira da linha férrea foram inseridos no parque algumas passarelas sobre os trilhos nos diferentes setores, contribuindo também para a acessibilidade. Essas passarelas visam ser elementos de comunicação visual, onde são caracterizadas por cores diferentes, indicando cada setor, além de possuir informações sobre a história do parque por meio de murais de artistas de Campina Grande, como por exemplo Paulo Nunes, que já possui um painel na Estação Nova. O córrego existente no bairro da Estação Velha também pode ser caracterizado como uma barreira, pois não existe nenhuma estrutura de ligação entre os extremos, e não possui nenhuma interação com as comunidades próximas, além de ser um elemento poluído que degrada a comunidade. O projeto visa manter o córrego, criando uma mata ciliar, além de inserir passarelas que respeitem a mata, de forma que também possa ser um elemento dinâmico e de ligação com a área, aumentando as alternativas de percursos. O projeto não insere novas ruas para automóveis, dando prioridade para pedestres e ciclistas, onde o trecho, mesmo estando próximo de ruas movimentadas, possa ser um percurso seguro e exclusivo para esses modais. A ideia de não seguir tendência modernistas, inserindo novas ruas para “desafogar” o trânsito em alguns setores, visa a melhoria do sistema viário através do próprio parque, onde a existência de novos modais possa reverter, ou minimizar, a lógica do uso exagerado de carros na cidade. Com isso, o parque procura estabelecer novas opções de percursos, inclusive para o trabalhador do centro da cidade, tendo acesso às periferias por meio do parque, como também pelo próprio metrô de superfície.
59
Bolsões Verdes
[Imagem 42] Mapa Área Verde Acervo Pessoal, 2015
-03- POUCA ÁREA VERDE (SITUAÇÃO ATUAL)
TO
XO
O IAN
PEI
OR
UB AV.ASSIS CHATEA
RIAND
FL AV.
ÁREA ARBORIZADA
0,1
0,5
1 km
AÇUDE VELHO
-03- BOLSÕES VERDES (PROPOSTA)
OTO
EIX
I
OR
UB AV.ASSIS CHATEA
RIAND
FL AV.
P ANO
ÁREA ARBORIZADA AÇUDE VELHO [Imagem 43] Mapa Bolsões Verdes Acervo Pessoal, 2015
58
0,1
0,5
1 km
O trecho da Estação Nova a Estação Velha tem a problemática de ser um espaço completamente aberto com pouca arborização, contribuindo por ser uma área de pouca sombra. Com isso, nos diferentes trechos, os poucos percursos feitos por pedestres não possuem sombras, sem nenhuma estrutura de apoio para um percurso seguro e confortável. Portanto, o projeto prevê uma maior arborização no local, reforçando a interação da cidade com a área, observando que a região próxima, inclusive o centro da cidade, é pouco arborizado. Os bolsões verdes pretendem ter uma relação com os equipamentos de contemplação e lazer, de forma que sejam espaços mais convidativos para o uso, devido a uma maior sombra e ao paisagismo proposto. Os bolsões verdes possuem concentrações em diferentes partes, de forma que espaços abertos para outros usos também possam ser elaborados. A mata ciliar do córrego também receberá uma arborização propícia para a fixação do solo no local. A mata ciliar visa a proteção do córrego, de forma que a vegetação implantada seja adaptada para o local, onde também possa ter uma interação com o paisagismo do parque. Uma variedade de espécies foram implantada no parque, de pequeno à grande porte, onde algumas possuem a característica de demarcar a hierarquia de alguns setores, como é o caso das palmeiras imperiais que demarcam a área esportiva da Estação Velha. Outras espécies de médio porte também foram implantadas, onde tem a finalidade de gerar sombra, como temos no parque de entrada, onde a sombra das arvores e a vegetação rasteira criam ambientes de convivência e lazer. Portanto, a arborização do parque tem a finalidade não só de contribuir para um melhor paisagismo e sombreamento da área, mas visa ser um elemento que tenha uma interação com os diversos setores do parque, contribuindo para sua melhor funcionalidade e conforto.
60
Diversidade de Usos
[Imagem 44] Mapa Uso das Edificações Acervo Pessoal, 2015
-04- USO ATUAL DAS EDIFICAÇÕES E DA FERROVIA (SITUAÇÃO ATUAL) TO
XO
O IAN
PEI
OR
UBRIAND AV.ASSIS CHATEA
FL AV.
SUBUTILIZADA 0,1
1 km
AÇUDE VELHO
EM USO
-04- DIVERSIDADE DE USOS (PROPOSTA)
TO
XO
NO RIA
0,5
PEI
O
UBRIAND AV.ASSIS CHATEA
FL AV.
EM USO
AÇUDE VELHO
0,1
BARES, RESTAURANTES, PUB´S
ESPORTE E LAZER
COMÉRCIO EFÊMERO
HABITAÇÃO
METRÔ DE SUPERFÍCIE PARQUE [Imagem 45] Mapa Diversidade de Usos Acervo Pessoal, 2015
61
CICLOVIA ÁREA DE CONTEMPLAÇÃO
0,5
1 km
Uma das problemáticas da área em estudo é a sua segurança, portanto procuramos através do parque, poder tornar a área mais segura e convidativa para a população. A diversidade de usos implantadas nos diferentes setores do parque favorecem para uma maior segurança, visto que quanto mais pessoas usarem o local em diferentes horas do dia, mais seguro o parque estará. Assim, vemos nos usuários o verdadeiro policiamento, como já exposto por diversos autores. Para se ter a presença de pessoas em diferentes horas do dia, propõe-se a implantação de novos usos que possam ser utilizados em diferentes horas, e que tenham uma interação com o setor implantado. Portanto, busca-se uma individualidade para cada setor, de forma que cada estrutura possa se relacionar com suas áreas adjacentes. Assim, na Estação Nova são propostos espaços com uma predominância de uso diurno, como é o caso do setor leste, que possui a biblioteca e a creche, enquanto que no setor oeste há uma predominância de uso noturno, através dos pub´s, restaurantes e bares. Na área de transição, propõe-se espaços mais abertos que possam ser utilizados pelo comércio efêmero, com predominância a noite, dando apoio ao comercio e a faculdade Cesrei na avenida Almeida Barreto. Por ser a área menos utilizada atualmente, devido ao confinamento exercido pelas fachadas cegas, procuramos tornar o ambiente mais agradável e seguro visualmente através das novas aberturas, e da vegetação implantada. Na Estação Velha o bloco habitacional e a escola exercem uma importância para a intensificação do uso da área, onde através de uma maior densidade, o espaço se torna mais seguro, com fachadas ativas tanto do comércio como do próprio bloco habitacional. A escola tem seu uso predominante durante o dia, tendo uma relação com o parque em geral, enquanto que os equipamentos esportivos e de lazer podem ser utilizados em qualquer hora do dia e da noite. A praça de entrada, a Feira do Artesanato e a Estação Velha terão um uso intenso no período do dia, não excluindo a possibilidade de uso noturno.
62
PARQUE DAS ESTAÇÕES
, BARES, PUB´S S E T RESTAURAN
ESTAÇÃO NOVA
CRECHE
BIBLIOTECA
TRADA
PRAÇA DE EN S LANCHONETE LOJAS
[Imagem 46] Implantação Parque das Estações Acervo Pessoal, 2015
63
ESPORTES RADICAIS
ÁREA ESPORTIVA
FEIRA DO ALGODÃO
PRAÇA IO COMÉRC
BLOCO HABITACIONAL
50 m 64
ESCOLA
250 m
MATA CILIAR
PARQUE DE ENTRADA
500 m
Estação Velha
0,1 [Imagem 47] Implantação Estação Nova Acervo Pessoal, 2015
65
0,5
1 km
Partindo do estudo de observação da área, e vendo suas carências e potencialidades, implantamos os equipamentos e infraestrutura necessária para minimizar a ociosidade do local, além de valorizar o setor da Estação Velha. Como visto anteriormente, o trecho está sendo subutilizado, com uso apenas para a prática de futebol amador, além de servir como espaço para depósito de lixo e criação de animais. Assim, o novo trecho proposto procura preservar as pré-existências, através de uma estruturação do local. Foram inseridos equipamentos de esporte e lazer, além de áreas de convivência e comércio que possam proporcionar um apoio para a comunidade. A grande problemática presente na área é o confinamento do espaço e as fachadas cegas oriundas das edificações industriais. Com a relocação delas, o parque teve uma nova abertura, possuindo uma melhor relação com os bairros próximos, além de uma ampliação da visibilidade da área. O projeto também procurou minimizar a barreira imposta pela ferrovia e pelo córrego, através de passarelas inseridas em trechos onde existem percursos por parte da população.
66
[Imagem 48] Feira do Algod達o Acervo Pessoal, 2015
67
Como já mencionado, a Estação Velha tem hoje seu prédio principal funcionando como o Museu do Algodão, apresentando bom estado de conservação, e tendo suas características arquitetônicas preservadas, além de um amplo espaço onde se encontra uma réplica de uma antiga Maria Fumaça usada na ferrovia. Com isso, seu uso atual será preservado assim como a edificação. O galpão próximo do prédio da Estação Velha encontra-se atualmente abandonado, apesar de várias tentativas de proporcionar novos usos para a área. Assim, o prédio e o pátio serão usados para um novo centro de artesanato, o qual foi relocado da avenida Almeida Barreto. Antes, os galpões eram usados para o comércio do algodão, com isso o espaço será reutilizado para um centro de artesanato algodoeiro, possuindo um valor histórico e também uma maior visibilidade e centralidade em relação a antiga feira de artesanato. O galpão possui um amplo estacionamento que será reestruturado para dar apoio não só a nova feira de artesanato, mas também ao parque como um todo, já que fica próximo de um dos portais de entrada.
68
Próximo da Estação Velha foi implantada uma passarela que também serve como portal de entrada para o parque. A passarela pretende criar uma hierarquia no local, mantendo uma comunicação visual com o entorno, e uma horizontalidade, de forma que não sirva como uma barreira no local, e não entre em conflito com as edificações ferroviárias próximas. [Imagem 49] Passarela de Entrada Acervo Pessoal, 2015
69
[Imagem 50] Parque de Entrada Acervo Pessoal, 2015
O parque possui na entrada da Estação Velha o início da ciclovia que é interligada com a ciclovia do açude velho. Essa interação com o açude velho pretende ampliar o uso das duas áreas, contribuindo para uma nova rota de percurso de pedestres e ciclistas, onde um trabalhador no centro da cidade pode acessar os bairros próximos de forma segura e rápida. No começo do parque encontra-se uma grande área verde com arvores e quiosques que proporcionam sombras em diferentes horas do dia, tornando-se um espaço de convivência e lazer. Esse setor procura reestruturar a comunidade da Estação Velha, se tornando um novo espaço de encontro para a comunidade, que possa suprir a falta de espaços públicos no setor.
70
[Imagem 52] Ligação Acervo Pessoal, 2015
Sobre o córrego passam duas pequenas passarelas de pedestres e ciclistas. Uma interliga o parque de entrada com a área esportiva, e a outra passarela passa a linha férrea, junto com a ciclovia e pista de caminhada anexa, proporcionando uma continuidade do percurso, e minimizando a barreira imposta pelo próprio córrego.
71
Playgrounds e um anfiteatro voltado para o poente, próximo do córrego, também compõem essa área, se tornando um espaço de contemplação com possibilidades de um uso intenso durante todo dia para diferentes atividades, sejam apresentações, aulas, convivência, etc. O anfiteatro pode também servir de mirante devido ao seu local estratégico, onde além da vista do por do sol, poderá contemplar a nova skyline do parque.
[Imagem 51] Anfiteatro Acervo Pessoal, 2015
72
O córrego que passa pelo bairro da Estação Velha exerce um papel reestruturador com seu novo uso para o parque. Para o córrego, que antes era canalizado com forte presença de lixo, foi proposto uma mata ciliar de 15 metros, conforme o Código de Obras de Campina Grande, onde é possível criar ambientes de contemplação que proporcione uma nova estrutura e interação com o bairro. A retirada dos barracos da borda do córrego, além de ampliar a área que antes era degradada, proporciona uma maior abertura visual para as casas próximas, contribuindo para uma maior valorização da comunidade.
[Imagem 53] Córrego Acervo Pessoal, 2015
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[Imagem 54] Área Esportiva Acervo Pessoal, 2015
Como observado através do estudo preliminar e do mapa de uso e ocupação do solo, a área aberta da orla ferroviária da Estação Velha possui dois campos de futebol amador, e usos para lazer por parte das crianças. Assim, vendo a predominância do uso da área, e levando em consideração o Plano Diretor da cidade que visa inserir equipamentos de esporte e lazer nas áreas de recuperação urbana, foi proposto na parte central do setor uma área de lazer e esportes, com um campo de futebol, três quadras, arquibancada, academia popular, além de todo um suporte de banheiros e lanchonetes próximas. Essa estruturação da área visa intensificar os usos já existentes por parte da comunidade.
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[Imagem 55] Ă rea Social Acervo Pessoal, 2015
75
[Imagem 56] Área Esportiva Acervo Pessoal, 2015
No terreno que antes era ocupado pela indústria da Vitamilho, foi proposto uma área aberta sem nenhum obstáculo visual, proporcionando uma melhor visibilidade para dentro do parque. Na área é proposta um espaço para a prática de esportes radicais, como skate, patins, entre outros, dando suporte ao parque do povo, onde hoje muitas pessoas também utilizam para a prática dessas modalidades. Portanto, a área possui um piso propício para a prática, além de halfs e rampas, se tornando um espaço amplo e aberto. A área não só proporciona uma melhor visibilidade para o entorno, mas também visa atrair a prática do comércio efêmero, o qual tem uma vida noturna ativa no local devido a uma faculdade próxima.
76
O desenho de implantação do bloco habitacional criou um empraçamento na sua área central. Essa área do bloco foi proposta para a implantação de hortas comunitárias para o cultivo por parte dos moradores do próprio bloco habitacional, onde eles possam comercializar os produtos no local, além de poder utiliza-los para consumo próprio.
[Imagem 57] Horta Comunitária Acervo Pessoal, 2015
77
[Imagem 58] Bloco Habitacional Acervo Pessoal, 2015
O terreno onde se encontrava a indústria Rio do Peixe, o mesmo da antiga indústria Sambra, foi utilizado para inserir o novo bloco habitacional de interesse social, voltado para as famílias relocadas do parque, tanto do trecho de ligação, como também da Estação Nova. O bloco visa atender famílias de comunidades próximas, como é o caso dos moradores da favela do papelão, contribuindo para a diminuição do deficit habitacional na cidade, que chega a 13 mil moradias segundo dados do IBGE (2010). O local tem potencialidade para os moradores, por se tratar de uma área central que facilita o acesso de muitos que vivem da coleta de materiais reciclados. O bloco foi inserido de forma que tenha uma interação com a área através do uso do térreo para comércio, aproveitando a potencialidade comercial da avenida Assis Chateaubriand, além de aumentar a densidade e melhorar a segurança do local por meio das fachadas ativas.
78
Ainda na área da indústria Rio do Peixe, foi implantado uma Escola Municipal que atenda a área dos bairros próximos, como também dando suporte aos moradores do novo bloco habitacional. Por trás da escola encontra-se um local de recreação aberta, com playgrounds e uma vasto espaço arborizado. Próximo da faculdade e do complexo jurídico da cidade já existentes no local, existe uma chaminé industrial da antiga indústria Sambra, que foi preservada devido à importância histórica e industrial do local. Com isso, foi proposta uma praça na área, que dá suporte ao complexo jurídico e a faculdade anexa, se tornando um lugar de convivência e contemplação para os funcionários e estudantes das instituições próximas. A chaminé foi preservada para manter a história industrial, como também para estabelecer uma relação com o Parque da Criança, que também possui uma chaminé industrial, onde observando a skyline de Campina Grande é possível ver as duas chaminés mantendo uma relação entre as duas áreas.
[Imagem 59] Praça do Mirante Acervo Pessoal, 2015
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[Imagem 58] Bloco Habitacional Acervo Pessoal, 2015
O terreno onde se encontrava a indústria Rio do Peixe, o mesmo da antiga indústria Sambra, foi utilizado para inserir o novo bloco habitacional de interesse social, voltado para as famílias relocadas do parque, tanto do trecho de ligação, como também da Estação Nova. O bloco visa atender famílias de comunidades próximas, como é o caso dos moradores da favela do papelão, contribuindo para a diminuição do deficit habitacional na cidade, que chega a 13 mil moradias segundo dados do IBGE (2010). O local tem potencialidade para os moradores, por se tratar de uma área central que facilita o acesso de muitos que vivem da coleta de materiais reciclados. O bloco foi inserido de forma que tenha uma interação com a área através do uso do térreo para comércio, aproveitando a potencialidade comercial da avenida Assis Chateaubriand, além de aumentar a densidade e melhorar a segurança do local por meio das fachadas ativas.
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Trecho de Ligação [Imagem 60] Implantação Trecho de Ligação Acervo Pessoal, 2015
0,1
Área Permeável 81
0,5
1 km
ร rea Permeรกvel 82
No setor de transição entre a Estação Velha e a Estação Nova foram relocadas algumas edificações ociosas como já mencionado. Essa relocação proporcionou uma maior abertura, e melhor transição para o parque, evitando as fachadas cegas e o confinamento entre as edificações. Ao lado da linha férrea, a ciclovia e a calçada acompanham seu trajeto, sendo objetos contínuos que se interligam com a Estação Nova. Praças foram criadas nas aberturas dos lotes para a prática do comércio efêmero, que é tão presente nesse trecho da rua Almeida Barreto. Uma passarela que liga o setor residencial da liberdade à outra extremidade da rua foi inserida próxima da nova praça aberta, criando um novo setor de transição. O espaço além de ter uma potencialidade comercial, visa ser uma área de convivência, onde estruturas cobertas foram implantadas para se tornarem áreas de encontro.
[Imagem 61] Praça do Comércio Acervo Pessoal, 2015
83
[Imagem 62] Praça do Comércio Acervo Pessoal, 2015
Na antiga Feira do Artesanato, foi inserido outra praça que proporciona uma maior abertura visual, onde também se torna um ambiente de convivência e de comércio. O espaço, apesar de não estar inserido na orla ferroviária, também faz parte do parque, mantendo uma relação tanto no seu desenho e estrutura, como também na sua potencialidade de criar novas dinâmicas para o setor.
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No cruzamento da avenida Almeida Barreto com a Odom Bezerra, optou-se por usar a vegetação para marcar a paisagem, como também para proporcionar uma maior dinâmica com a rua. O espaço antes era completamente degradado, e essa nova paisagem visa a valorização do local e das residências próximas, além de contribuir com a permeabilidade do solo, já que esse trecho é propicio para um grande acumulo de água decorrente das grandes chuvas.
[Imagem 63] Setor Permeável Acervo Pessoal, 2015
85
86
Estação Nova [Imagem 64] Implantação Estação Nova Acervo Pessoal, 2015
0,1
87
0,5
1 km
88
A Estação Nova, apesar de ter uma menor área em relação a Estação Velha, possui uma grande importância devido as edificações ferroviárias nela existentes. O projeto de um parque linear na área visou a preservação e reutilização dessas edificações, de forma que eles exerçam seu papel histórico com a nova dinâmica funcional do parque. Vendo a área como um espaço de transição, e a falta de equipamentos educacionais na cidade em geral, procurou-se inserir nas edificações ferroviárias, usos que possuam uma demanda setorial de forma que atraiam novos usuários, contribuindo para uma melhor vitalidade do espaço.
[Imagem 65] Entrada Estação Nova Acervo Pessoal, 2015
89
O acesso do parque pela avenida Odom Bezerra se dá por uma rua compartilhada, como também pela pista de caminhada e ciclovia anexa a linha férrea. Com a relocação das residências dessa área para os blocos habitacionais, o espaço ganhou uma maior abertura visual, criando uma nova dinâmica com a rua, de forma que o parque seja atrativo para quem passa por essa avenida. Além disso, a área também é propicia a inundações quando ocorre chuvas fortes, por isso, foi proposta uma grande área verde no setor para uma maior permeabilidade do solo, contribuindo para a absorção dessas águas.
90
O primeiro galpão, que fica na parte leste do setor, foi transformado em uma Biblioteca Pública Municipal, vendo a necessidade não só da área, por ter um número considerável de instituições educacionais, mas também vendo a necessidade de Campina Grande como um todo por não possuir uma Biblioteca Municipal. Sua estrutura e paredes foram preservadas, inserindo novas aberturas e esquadrias, além de modificar a planta interna para poder comportar o novo programa de necessidades. A edificação hoje, não possui mais sua coberta, assim foi inserida uma nova coberta com estrutura e tesouras de aço, fazendo um contraste do antigo com o moderno. As novas esquadrias inseridas cortam de cima a baixo as paredes laterais do galpão, proporcionando uma maior iluminação para as salas, como também para manter uma relação com o meio externo. A fachada do galpão voltada para a avenida Odom Bezerra recebeu um grafite, como forma de caracterizar o abandono sofrido pela edificação durante ano.
[Imagem 66] Biblioteca Acervo Pessoal, 2015
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[Imagem 67] Biblioteca Acervo Pessoal, 2015
Na rua compartilhada encontra-se um estacionamento dando suporte a biblioteca, como também ao parque em geral. Porém, o fluxo da rua é controlado para não entrar em conflito com os pedestres e com os equipamentos existentes. Próximo à biblioteca não foi inserido nenhum equipamento que possa comprometer a sonoridade do prédio, evitando prejudicar o uso das salas de estudo e leitura. No prédio onde antes funcionava o sindicato dos ferroviários, propõe-se uma Creche Pública voltado para a população próxima da área. A edificação teve sua estrutura preservada, sendo apenas inserida uma marquise que a interliga com a biblioteca, mantendo uma relação entre as duas edificações, além de criar um espaço de transição coberto. A Creche visa o apoio aos moradores próximos que passam o dia coletando materiais recicláveis, e que as vezes deixam seus filhos menores sozinhos ou soltos pelas ruas.
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A estação ferroviária da Estação Nova possui uma arquitetura Art Decó. Portanto, devido a sua importância arquitetônica e histórica, a edificação terá suas características preservadas, restaurando sua estrutura e vedações, além das esquadrias que foram degradadas. Nenhum elemento será inserido na edificação, de forma que ela se mantenha original, já que o seu uso também será o de uma estação, servindo como estação de passageiros do metrô de superfície e bondes turísticos que serão utilizados na linha férrea. Além de servir como estação, o prédio terá no seu hall principal exposições sobre a história do ramal da Borborema, como também sobre a história da Estação Nova.
[Imagem 68] Estação Nova Acervo Pessoal, 2015
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[Imagem 69] Pátio Estação Nova Acervo Pessoal, 2015
Toda calçada e escadaria próxima da estação foi restaurada, de forma que mantenha o seu aspecto original, preservando a relação que possuía com o prédio. No espaço entre o prédio da Estação Nova e a escadaria não será inserido nenhum objeto, de forma que possa ter uma maior visibilidade da edificação e do painel de Paulo Nunes, como também para servir como um espaço para a prática do comércio efêmero, devido à grande quantidade de passageiros que possam usar a Estação Nova. Assim, esse setor promove a valorização histórica da área, incluindo novas características que não excluem as pré-existências.
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[Imagem 70] Galpão Oeste Acervo Pessoal, 2015
O bloco oeste foi destinado para comércio, como também para usos noturnos, onde foi dividido em 7 espaços, os quais são destinados para bares, pubs e restaurantes. Assim, durante o dia o espaço se torna um ambiente comercial através dos restaurantes, e de noite se torna um ambiente mais agitado através dos bares e PUbs. A estrutura e características da edificação foi mantida, mudando apenas as plantas internas para a readequação do programa de necessidades, e criando novas aberturas com um destaque para as esquadrias, que se tornam elementos que relacionam o novo uso do galpão com a sua histórica, usando-se a chapa de aço pintada de azul.
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Uma calçada elevada foi proposta anexa ao bloco, de forma que cadeiras e mesas possam ser colocadas nas áreas externas dos bares e restaurantes, como também possa servir como uma área aberta para os pubs, não atrapalhando a rua compartilhada e o estacionamento anexo.
96
[Imagem 71] Pรกtio Vivo Acervo Pessoal, 2015
[Imagem 72] Pรกtio Vivo Acervo Pessoal, 2015
97
O galpão de manutenção das máquinas, junto com os trilhos de manobras também foram preservados de forma que sejam elementos históricos com uma nova relação com a área. O galpão foi usado e dividido para comercio, enquanto que sobre os trilhos de manobras de acesso, algumas réplicas de containers e rolagens usadas na ferrovia foram inseridas para serem usados como lanchonetes e espaços para apresentações, onde o espaço possa ser utilizado para lazer e convivência, procurando-se manter uma nova relação da história da ferrovia com os novos usos desses equipamentos.
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Considerações Finais O exercício projetual desenvolvido e apresentado, representa um conjunto de propostas que visam suprir as problemáticas encontradas no trecho entre as estações ferroviárias de Campina Grande. Não se trata portanto, da tentativa fechada de compreensão dos complexos sistemas que regem a vida urbana, nem mesmo da resolução total de seus entraves, mas sim de uma visão possível de urbanismo para a cidade. O projeto visa não só a área que foi estudada, mas também os demais trechos da orla ferroviária, já que possuem características e problemas semelhantes. Assim, tendo como objetivo principal elaborar diretrizes projetuais de reabilitação urbana do trecho da Estação Nova a Estação Velha de Campina Grande, podemos chegar à conclusão que o parque linear, por ter um caráter dinâmico e reabilitador nas cidades, é a opção mais viável para suprir as problemáticas da área em estudo. As diretrizes auxiliaram à implantação do parque, visando os aspectos sociais e físicos presentes na área e no seu entorno, de forma que o objeto pudesse ser implantado com uma contextualização. Assim, tomando como ponto de partida a caracterização da orla ferroviária de Campina Grande, pode-se observar as principais problemáticas dessa área, encontrando suas causas, de forma que auxiliem nas soluções, vendo a importância que a orla ferroviária exerce na cidade, não só histórica mas também como um objeto com potenciais de reestruturação. Portanto, vendo as problemáticas do lugar, como por exemplo; insegurança; falta de infraestrutura; subutilização; barreira imposta pela ferrovia; pouca arborização; entre outros, pudemos perceber a necessidade de uma reabilitação da área, tendo através de um parque linear a melhor forma de fomentar uma nova dinâmica para a localidade, tornando o lugar mais seguro, atrativo e fluido.
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A proposta do parque linear teve suas diretrizes voltadas para as problemáticas, procurando suprir cada aspecto negativo da área. Assim, as barreiras da ferrovia e do córrego tiveram como soluções novos percursos que interliguem as áreas. Novos bolsões verdes procuraram minimizar a pouca arborização do lugar, criando espaços mais sombreados, além de valorizar o paisagismo da área. A insegurança da orla ferroviária deixou claro a subutilização do local, onde o projeto procurou inserir novos usos, tanto nos prédios existentes como também em novas edificações, de forma que novas dinâmicas pudessem atrair mais pessoas para o local, tornando-o mais seguro. Além da regularização da área, através de relocações e de uma melhor estrutura de moradia com um bloco habitacional. Conclui-se que o ensaio projetual exposto é um conjunto de medidas e diretrizes que não insere um elemento aleatório, e sim um objeto dinâmico que valoriza as pre-existências, além de procurar intensificar novas preposições no seu entorno, e na cidade em geral.
100
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