Mar de Palavras

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1 O brilho cintilante do sol a bater no mar ĂŠ alegria, felicidade! O azul profundo que vai escurecendo atĂŠ ao horizonte ĂŠ a



| Mar de Palavras | Partindo do cais de uma imagem evocativa do mar, os alunos – navegantes na escrita – zarparam em direção à crónica ou rumo ao país da Poesia. Cada tripulação – turmas A, B e C do 10.º ano – escolheu cinco objetos do quotidiano e cinco valores/ sentimentos imprescindíveis, recebendo cinco ações (verbos). Depois, cada navegador centrou-se na escolha de um conjunto de várias dessas palavras: afinal uma constelação de estrelas destinada a orientar a viagem e a ligar a tripulação. Após a viagem individual, eis-nos chegados porto de abrigo desta antologia de textos que surgiu âmbito do subprojeto “Ler + Mar”, integrado projeto do Agrupamento D. Filipa de Lencastre mar – património natural”.

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Ao leitor, deixo o desafio de descobrir as “estrelas”: as palavras escolhidas por cada turma. A todos os bravos navegadores neste “Mar de Palavras”, deixo o meu agradecimento! A professora de Português, Raquel Oliveira

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U TRIPULAÇÃO: 10.º A …………………………PÁGINAS 7 – 42 | Alexandra Sousa| Ana Jacinto | Catarina Fernandes | Beatriz Santos | Diogo Miguez | Diogo Balula | Guilherme Espanhol | João Medeiros | Joana Ferreira | Mafalda Batalha | Catarina Sequeira | Mariana Chang | Marta Alves | Marta Varandas | Rita Xue | João Frazão | Catarina Tavares |

U TRIPULAÇÃO: 10.º B …………………….………PÁGINAS 43 - 86 | André Ramos | Diana Simões | Filipa Cunha | Francisca Carreira | Francisco Silva | Gonçalo Carvalho | João Ferreira | João Calhau | Madalena Inácio | Mafalda Cardoso | Marcos Ribeiro | Margarida Perdigão | Maria Ana Pardal | Marta Brito | Miguel David | Pedro Calhau | Rafael Lopes | Raquel Antunes | Ricardo Lage | Soraia Carvalho | Cláudia Fernandes |

U TRIPULAÇÃO: 10.º C …………………………PÁGINAS 87 – 119 | André Ahmad | Artur Neto | Bárbara Pessoa | Iuri Sá | João Trindade | João Santos | Jorge Nascimento | Madalena Spínola | Margarida Nogueira | Miguel Fernandes | Nirali Cumar | Pedro Vaz | Pedro Brito | Renata Machado | Ricardo Pereira | Sebastião Ferreira |

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Guincho


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Sentada numa esplanada no culminar de uma falésia, olho em volta e vislumbro a serra e o mar. Com o telemóvel, preciosidade das novas eras, o papel, a caneta, a música altíssima aos meus ouvidos e o típico café pingado com leite frio. Há no ar um cheiro a maresia e sopra uma brisa refrescante. Uma bela manhã, céu azul e nuvens com formatos, relembrando as brincadeiras de infância. Sozinha, a refletir sobre o mundo, sobre a vida. Parece que tenho um quadro diante de mim em que os pescadores intervêm naturalmente, já fazem parte do quadro, da pintura. A água, elemento garantido, é o bem mais precioso que temos para a inspiração e a criatividade poderem voar. Já Camões falava nas famosas “águas de Hipocrene”, fonte de sua inspiração. O mar contém todas as emoções em simultâneo, é incrível! O brilho cintilante do sol a bater no mar é alegria, felicidade! O azul profundo que vai escurecendo até ao horizonte é a diferença, é alguma tristeza ao mesmo tempo. A noção de profundidade associo-a ao medo e o poder destas ondas do Guincho à violência, à aventura. O som do mar dá paz interior, as conchas, búzios e pedrinhas são nostalgia (da infância). A imensidão do mar é esperança e, acima de tudo, a mais plena sensação de liberdade e justiça. A justiça que há neste mundo, a justiça que há na Natureza, no mar, é extraordinária! Comparadas com ela, a justiça e a injustiça que construímos na sociedade são pouco mais que um mar de equívocos… Depois deste momento regenerador, carregado de prazer, pego no telemóvel, nas chaves e ponho-me a caminho da realidade, do nervoso miudinho da vida na cidade de Lisboa, cidade do mundo, capital da maresia!

Alexandra Sousa | (Texto e fotografia)

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Há coisas difíceis de definir na vida, entre as quais o amor. Há quem diga que aumenta com o cair da noite, com o aumento da temperatura, em locais mais românticos - como a ver o por do sol junto ao mar numa tarde de verão com aquela que pensamos ser a nossa cara metade. Para mim, as chaves para o sucesso de um amor são a liberdade, o dar o espaço necessário ao outro, e a justiça, ou seja, precavendo-nos contra a desconfiança, devemos estar sempre prontos a estar ao lado de quem gostamos Também não devemos andar sempre atrás dessa pessoa de forma obsessiva, nem lembrarmo-nos da sua existência apenas uma vez por ano. Não devemos julgar os outros, pois não temos esse direito, nem sabemos o que realmente se passou, mas, intervindo na vida dessa pessoa e tendo conhecimento de uma situação mais difícil, devemos ajudá-la, ouvindo-a e orientando-a no que possa ser o melhor caminho a seguir. Numa relação de amizade ou de amor devemos procurar o prazer da companhia e da presença do outro, principalmente se essa pessoa está longe. Devemos aproveitar ao máximo cada segundo que somos presenteados com a presença dessa pessoa, desse alguém, devemos rir e fazer rir, mas essencialmente não devemos deixar o outro no fundo do mar, mas sim puxá-lo para a costa, melhorando a sua qualidade de vida e também a nossa, pois se sente carinho, sentimos um aperto no coração quando o outro não está bem. Devemos prover-nos com a chave da nossa memória e dos nossos sentimentos para abrir o nosso coração e o dos outros, tentando entrever o que sentem. Não são só os humanos que transmitem amor, também a natureza é capaz de o transmitir. Na minha opinião, uma das coisas mais românticas que podemos encontrar é o mar. Desde a costa até ao fundo deste, onde quase não existe vida, há amor. É o caso dos golfinhos que são dos animais mais sociáveis e, por isso, interagem muito bem não só com humanos, mas com muitas outras espécies. Isto cativa muitos cientistas, levando-os a querer saber mais sobre estes animais. Vivem em grupo e usam aquilo que se pode chamar quase de comunicação via telemóvel, um brilhante sistema de eco localização, para comunicarem entre si e não se perderem do seu grupo, da sua família. Porém, os humanos prejudicam esta comunicação devido aos sons emitidos pelos barcos, que nadam geralmente próximo da costa, sempre em grupo. Uma das coisas mais românticas é ver estes incríveis e amorosos animais nadar junto à costa com a sua família numerosa, enquanto partilhamos esse momento com aqueles que mais gostamos, seja a nossa cara metade, amigos ou família, pois tal como tentamos entrever o coração das outras pessoas eles entreveem o nosso. Ana Jacinto |

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“Niña en la playa”- Joaquín Sorolla


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Lentamente a água flui até aos meus dedos e fico presa. A frescura, a liberdade e a vida percorrem-me como uma caneta cuja tinta penetra a minha alma. A água recua, mas desta vez não sou a mesma, sou diferente e quero mais. O mar tomou-me e estou cativa. Todos os dias me providencia o seu aroma madrugador, o seu amor, as suas ondas e mistérios que ecoam na minha mente como uma música serena e pura. O nosso vínculo, fruto do meu pai, é inquebrável. Ensinou-me que a liberdade exige respeito e que este é conseguido se eu me precaver. Como força da natureza que é, o mar, por vezes, demonstra a sua revolta naqueles que, ao contrário de mim, tiveram a ousadia de o desafiar. Algo que infelizmente ficará para sempre tatuado na minha memória. Contudo, agora, a contemplar o reflexo dourado do sol à superfície da água, sei que todas as experiências que vivi me poliram e foram a chave para aquilo que sou hoje. O prazer que sinto ao deslizar sobre as ondas é inigualável comparado com qualquer outra experiência que possa viver. “Todos provimos do mar, mas nem todos somos do mar. Aqueles que o são, nós, crianças das marés, devemos voltar uma e outra vez até ao dia em que não voltamos, deixando apenas o que foi tocado pelo nosso caminho.”

Catarina Fernandes |

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Maré Negra

Todos nós sabemos Como vai acabar: O mar que conhecemos Já está a mudar. Trocou as suas roupas claras Por negras ondas de escuridão Onde antes reinava a liberdade Reina agora a poluição. Mãos humanas devastadoras Que a música ao mar roubam Sem dó nem piedade, Sem respeito nem justiça. Para o oceano parar de escurecer, As chaves do passado teremos que erguer E assim voltar aos dias de prazer Beatriz Santos |

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O amor que por vós sinto é de intervenção divina haverá música com mais requinte que o prazer de vos chamar minha? Sem roupa andais, livre me fazeis sentir. Nos vossos reflexos entrevejo a chave do meu devir. Sem vós não vivo, falta-me o ar. Suportais mil e um mistérios, serenas águas do mar.

Diogo Miguez |

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Meu Mar Tua existência a todos fascina, De teus segredos as chaves ninguém tem, Tais como as dos sonhos de alguém Que por alguma razão as mantém. Ao Amor comparar te podem querer Talvez devido à tua imensidão, Ou então porque pões o ser De modo a que todo o mal seja pura imaginação. As tuas ondas quando escureces Fantasmas aparentam ser, Nem mesmo depois de preces Apenas a música insiste em comparecer. Muitos olham para ti Como se de um monstro te tratasses. Eu olho para ti E a Liberdade me trazes. Apesar do prazer que trazes Escusado será dizer, Que não nos podemos esquecer De nos precavermos do que fazes. Através desta caneta Muitas ideias sobre ti consigo guardar, E todas elas juntas O Meu Mar me fazem lembrar. Diogo Balula |

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Só um dia de liberdade a pensar na (in)justiça. Num dia de folga, fui até à Costa da Caparica, uma linha costeira de praias da margem Sul do tejo, onde as praias são muito concorridas de Verão; no Inverno nem tanto... por isso estou praticamente sozinho. Por causa dos recentes avanços do mar, o comércio e a atividade pesqueira desta zona congelou. O desespero estampado na cara daqueles que vivem do mar é, no mínimo, agonizante. Este é um dos casos de pouca liberdade e justiça. Os pescadores tanto podem passar apenas uma noite no mar, como podem lá passar noites e dias a fio, arriscando as suas vidas e sem ver as suas famílias. Este é um caso quase extremo de falta de liberdade, os pescadores têm de trabalhar mais do que podem para sustentar as famílias, enquanto que um político tem um emprego fácil, intervindo na vida das pessoas, passa o dia sem fazer quase esforço físico nenhum e ao fim do dia tem mais dinheiro que um pescador tem num mês. Hoje a liberdade é uma coisa rara, já que até o teu android é um pequeno espião ao serviço da Google. Nós hoje trabalhamos sem saber porque trabalhamos, uns gastam tudo em roupas com o intuito de completar a falta de carácter e de educação que têm. Tal como a liberdade a justiça nos dias de hoje não são grandes, retomando o exemplo do pescador, a justiça acaba no momento em que antevemos que o pescador tem um trabalho e o político tem apenas um emprego. Sim, trabalho é diferente de emprego: num trabalho trabalha-se muito e recebe-se pouco; num emprego é precisamente o contrário, pelo menos a meu ver. Agora que se pensa desta forma não é tão injusto o pescador ganhar tão pouco e o político tanto só porque um tem sucesso e o outro não? Não é injusto ver uns que têm tanto e não merecem nada e outros que nada têm e merecem tudo? Um dia a pensar nisto e vemos logo que ou o mundo muda ou muda o Homem. Agora um pouco fora mas dentro do contexto, lembrei-me que o Homem não vive sem uma coisa: a música. A música move gerações, revoltas e tudo mais e no fundo pode até acontecer um músico abdicar da sua liberdade em prol de um grande sucesso que pode mudar o mundo. Guilherme Espanhol |

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O mar é vida, tem sentimentos e estados de espírito. Tanto pode estar calmo, como pode estar agitado, ou como as pessoas dizem " irritado ". Cresce um sentimento de liberdade a quem o observa. Por outro lado, há sempre uma insegurança: ninguém confia no mar. Muitos que lá entram, já não voltam, outros não chegam a entrar, talvez por medo... quem sabe... O mar nomeia quem fica e quem volta. O rasto das nossas pegadas pela areia até ao mar pode ser um caminho sem retorno. O mar é um livro aberto, cheio de histórias e de História. Para muitos é uma fonte de inspiração.

João Medeiros | (Texto e fotografia)

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Vi um mar de fogo; a sua música é tudo o que ouço. Livre e imprevisível, é uma força linda. Não sei o que é, não sei se é. Não sei se sente. Não sei se tem amor a tudo o que toca, se a nada. Imagino a sua existência como calma e serena, mesmo que tempestuosa, pois não vive para a infinita procura do prazer e sucesso que nos motiva na vida. Eterno, imagino-o sem preocupações, sem pressas, sem telemóvel e sem chaves para cuidar de se lembrar. Será estúpido ter inveja do mar? Aparentemente sem fim, a sua extensão maravilha-me. Toca todo o mundo, as suas águas veem polos e trópicos. Intervém em milhões de brincadeiras todos os dias. É tao imenso que tem Verão e Inverno, e a sua água, à medida que parte de si, ora escurece, ora é banhada em ouro, ora vê o sol romper o horizonte. Uma onda mais forte atraiu a minha atenção. É esta sua força, o som que faz ao atingir os limites que o homem lhe impôs, e a inevitável derrota de tudo o que o tenta parar, que me faz amá-lo. Como a chuva que inunda, como o vento que destrói, como o relâmpago que rasga o céu, a onda que erode é para mim incrivelmente bela, talvez porque admiro o seu poder, que era imenso há milhões de anos e que o será por milhões por vir. Nele a vida surgiu, nele cresceu, nele se multiplicou em todas as cores. Nele vivem monstros que nunca viram luz, e nele vivem seres de cor e luz. Dele toda a vida veio, dele toda a vida depende, mas vezes sem conta provou-me que nem a justiça o rege. Mata os que o amam, os que o acompanham. Se dá vida, também a leva. Se dá meios, também os tira. Salpicada pela violência de um mar de inverno, observei a bola de fogo que se afundava nele, fazendo-o arder mil em vermelhos diferentes. Sabia que em poucos minutos ouro e fogo desvaneceriam, substituídos por escuridão, toda a luz rapidamente abandonando céu e mar. Em constante mudança, o mar alterna entre calmo e violento, ardente e gelado, eternamente refletindo o resto do mundo. Espelho do céu, oásis de vida, imensidão de liberdade, quem o consegue não amar?

Joana Ferreira | (Texto e fotografia)

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O mar é transparente, Nele podemos focar a nossa mente Todos os seus seres vivem em liberdade Sem telemóveis e com a melhor música que há Lá todos dizem a verdade E tudo o que existe é pura bondade Todos o tentam estragar Mas sem qualquer sucesso, Pois quando o mundo estiver a escurecer É o mar que vai prevalecer Quando o Homem intervém no Oceano Não sabe com o que é que se está a meter A roupa que para o mar deita Mais cedo ou mais tarde nas suas costas irá aparecer O mar é espetacular, mais nada sobre há que falar O seu melhor poder é a justiça Que ele tem para oferecer

Mafalda Batalha | (Texto e fotografia)

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De olhos fechados… O que mais poderia eu desejar se te tenho a ti. Esse verde e azul inspiraram-me. Com papel e caneta escrevo o que sinto na espuma das tuas ondas. Se é magico...? É, mais que mágico. Só existe liberdade e justiça nessa tua infinita água salgada. Peixes e corais de várias formas e cores. Tantos seres marinhos e cada um com as suas particularidades. Todos nadam livremente pelas tuas correntes. Tu és o seu lar, repleto de lugares encantados, locais de prazer. O teu som encanta-me como a música inconfundível das sereias que encanta marinheiros e piratas. Quantas histórias contaram sobre ti. Monstros, criaturas, deuses e musas... Quantos barcos se afundaram, quantas vidas se perderam, tudo nas tuas águas repletas de serenidade e perigo. E mesmo assim todos precisamos de ti. Nuns dias a tua confiança nota-se à distância. Noutros, nem por isso. Apenas pequenas marés ao longe. É como te sentes, e nós respeitamos. Precisas de ser ouvido, tal como tu nos ouves. Precisas de amor, tal como nós precisamos. Tantos procuram o teu consolo e o conforto que não encontram no seu dia a dia. Vidas difíceis. Passados que têm de ser esquecidos. Dor que temos de sofrer, pessoas que temos de ignorar. Sentimo-nos bem quando fazemos o errado, sentimo-nos mal quando fazemos o certo. Só sei que um coração polido não é um coração. Todos cometemos erros, ninguém é perfeito. Mas tu compreendes. E nós o que fazemos para te retribuir? Nada, é a palavra-chave. Se fechar os olhos, consigo imaginar-te. Entrevejo os tons alaranjados dos raios de sol que, no horizonte, se refletem nas tuas águas cristalinas. Imagino gaivotas que te sobrevoam. Sinto a despedida do sol e a chegada da pequena lua. Escurece. Mas o céu está cheio de estrelas. Por que não viajar às estrelas? Por que não navegar até ao fundo do mar? Tanto para desvendar. Tanto para conhecer. Só agora me apercebi que estive a sonhar acordada. Mais uma vez, só tu me compreendes. O que mais poderia eu desejar se te tenho a ti. Catarina Sequeira |

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A minha fascinação por ele é uma imensidão. E pensar que provém apenas de ações naturais, nada mais. Quando olho para o mar, sentimentos de liberdade e prazer apoderam-se de mim. A liberdade de me situar à beira do início da infinidade de litros e litros de água, numerosos ecossistemas, onde se deu o começo de toda a vida, locais onde se passaram histórias contadas e histórias por contar. O prazer de ouvir a música das ondas, da sua rebentação a bater na areia húmida, a polir as rochas da beira-mar: a música que me acalma e me faz esquecer todas as horas e todos os minutos do quotidiano. Apenas eu e o mar. E o cheiro. O seu cheiro. O cheiro a maresia que me faz querer voltar vezes e vezes sem conta, a felicidade que me faz sentir e mal consigo explicar este efeito dele em mim. É a sua natureza. O propósito do mar é apaziguar quem chega ao pé de si, fazendo-os sentir sem preocupações: livres e capazes de fazer tudo. Os contrastes que ele esconde: a vida e a morte, as tempestades e as alturas em que é sereno, os numerosos naufrágios e as embarcações que navegam calmamente, ataques piratas e cruzeiros cheios de turistas de férias. De dia, uma extensão azul infinita. De noite, o reflexo das estrelas cobre-o, como uma peça de roupa que utiliza para esconder o seu verdadeiro aspeto. Os contos que lhe são associados, desde sereias e à Atlântida, até Poseidon, o deus do mar. Histórias fascinantes que conheço desde criança, que me ajudavam a sonhar e me fizeram acreditar na justiça e no amor. As lições de vida que me transmitiram, as aventuras com piratas e procura do tesouro, e a posse das chaves do baú. Histórias infantis que intervieram na minha infância, fazendo-me acreditar em valores e tornando-me a pessoa que sou. São estas, estas e muitas mais razões que me fizeram ser desde sempre apaixonada pelo mar, reconhecendo o seu efeito na vida, tanto humana como animal. Isto e muito mais é o que torna o mar fenomenal. Mariana Chang |

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Estava sentado sobre a areia fina da praia, observando quão maravilhosa era a combinação do pôr do sol com o som da rebentação das ondas. Era música para os meus ouvidos. Tinha sido um dia particularmente difícil e cansativo. Começou logo, pelo simples facto do despertador não ter tocado, o que levou inevitavelmente a uma discussão no trabalho. Já na hora de almoço, deparei-me com a “agressão” por parte do pai a uma criança, que não devia ter mais que 12 anos e tudo por causa de um telemóvel. Muitos chamariam àquilo violência e interviriam (mesmo que isso significasse meter-se no meio de uma discussão familiar), mas para mim, o pai está apenas a precaver o futuro, dando ao filho a correção certa, no momento certo. O restante dia não melhorou muito, foi simplesmente um dia para esquecer . Durante o meu devaneio de pensamentos, reparei que o céu tinha escurecido e o vento começava a aparecer. Era estranho como me sentia em liberdade junto ao mar, era um amor difícil de explicar. Apenas eu e o mar.

Marta Alves |

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Sempre gostei de escrever. À boa moda antiga, com lápis e caneta num pequeno caderno, a “teclar” rapidamente num computador ou no telemóvel, quando tenho medo de me esquecer de uma ideia ou de um compromisso. O que eu gosto mais de escrever são histórias recheadas de ação, romance e criaturas ou pessoas com poderes sobrenaturais. Lá, tudo acontece como eu quero, eu controlo tudo o que acontece, aconteceu e acontecerá. Os maus são castigados devido às suas ações (sou fã de justiça poética), o rapaz e rapariga principais acabam juntos devido ao grande amor que partilham e claro que a sua missão inicial é levada a cabo com enorme sucesso, sempre com a companhia dos seus amigos, que intervêm sempre na altura certa, prevendo o que vai acontecer de uma certa


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maneira (deliberadamente da minha parte, como é óbvio) e ajudam a encontrar a chave para resolver o problema que defrontam. Gosto de escrever porque tenho controlo absoluto sobre o que acontece. Sempre gostei de ter o máximo de controlo possível no que faço e muitas vezes saio prejudicada. Tenho um medo enorme de fazer asneira. Mas as coisas nem sempre correm bem. Escrever é como o mar: imprevisível; Ambos têm um certo encanto e mistério, são ilusórios. Toda a gente (ou quase) pensa que escrever é sentarmo-nos em frente ao computador ou à secretária, música de fundo (opcional, mas ajuda de um certo modo) e simplesmente escrever o que nos vem à cabeça. Não. Não é assim. Um dia estamos cheios de ideias, corre-nos tudo bem, a criatividade corre-nos nas veias e podemos chegar a escrever capítulos inteiros… Noutros corre-nos tudo mal, pensamos em tudo menos na história em branco à nossa frente e temos os chamados “bloqueios de escritor”. Nós não podemos escrever tudo o que nos apetece, como nos apetece. Tem de fazer sentido, tem de coexistir com os textos já escritos. O mar é livre de fazer o que quer, imprevisível e cheio de vida. Acho que a nossa criatividade também funciona assim… É para essas alturas que as rochas existem, transmitindo uma sensação de segurança para as pessoas que passam pelo mar num dia de Inverno. Como se o mar, não importa o quão furioso estivesse, não conseguisse ultrapassá-las. Haja o que houver, independentemente do facto de a história fluir da nossa mente e imaginação para o papel ou não, temos uma certa segurança de que um dia vamos acabá-la e mesmo que a história não seja grande coisa, sentimos uma espécie de orgulho por, ao menos, termos começado e acabado algo. É como se nós fossemos pais/mães e aquele conjunto de capítulos fosse o nosso filho. Mesmo que o dia escureça à nossa volta e a vida pareça uma noite sem fim, olhamos para aquelas palavras, frases, parágrafos, e sentimo-nos como que mais felizes. Infelizmente, às vezes a sensação de segurança transmitida pelas rochas, tanto no sentido literal como no figurado, é falsa. Pode haver vezes em que não estamos a gostar do rumo tomado pela nossa própria criação e que a recomecemos ou que fiquemos de tal maneira bloqueados que apaguemos a história sem a acabar… A vida dá muitas voltas. Todavia, mais tarde ou mais cedo arranjamos maneira de a “arranjar” e/ou de a acabar, não importa se tenhamos de a reescrever de uma ponta à outra e passar horas a escrever sem parar. Um pai faria tudo pelo seu filho, correto? Marta Varandas |

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O meu sentimento pelo mar… sinto-me mal por estar a escrever com esta simples caneta, pois até dá um ar desleixado. Foi a ele que recorri sempre que estava triste, fui à procura do meu prazer reconfortante que só o mar me consegue dar. Vocês nunca hão-de entender, mas deixem-me explicar o seguinte, não espero que entendam, mas sinto necessidade de expressar o meu sentimento pelo mar. Quando vejo o mar, ele expressa uma liberdade que me reconforta, cada onda que rebenta, uma atrás de outra, faz soar uma sinfonia - a música que me inspira. Faria ele um sucesso se não se escondesse no seu cantinho. As suas músicas trariam paz e calma para toda a gente que ouvisse, mas parece que ele só gosta de tocar para mim, como se só eu o entendesse. As ondas pulam a areia sempre que passam por ela, apagando todas as pegadas humanas que estão presentes, relembrando a todos os seres vivos que ele é livre e indomável. Ao por do sol, o laranja refletido no mar é como se fosse uma peça de roupa que o reveste antes do céu escurecido aparecer. O mar traz-me recordações de todos os tipos, e, sabendo que ele é único, dá-me forças para o proteger todos os dias dos perigos dos seres humanos e penso que até hoje, este é o único favor que consigo fazer por ele. Rita Xue |

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Há uns anos atrás, numa bela manhã de verão, acordei com o sol a bater-me na cara. Levantei-me, vesti-me, comi, peguei na prancha e sai de casa. Também trazia comigo as chaves de casa, telemóvel e o meu ipod (mp4). Pensei para mim que a única coisa que me tirava da cama a esta hora era o meu amor pelo surf. Cheguei à porta do prédio, onde me esperava o meu amigo Francisco e o resto da família Silva. Quando cheguei à praia tirei a prancha da capa e poli-a com a cera. Vesti o fato e entrei na água. Estava um dia perfeito para fazer surf, um daqueles dias em que toda a gente está bem-disposta e ninguém discutia com ninguém. Bem, à exceção de dois miúdos que estavam a discutir até eu ter intervindo. A melhor parte do surf é o momento em que te levantas, desces a onda e uma sensação de liberdade apodera-se do teu corpo, e sentes que a onda é toda tua e fazes o que queres sem ligares ao que está à tua volta. O resto do dia foi assim, onda após onda, até o céu ter escurecido. Voltei para casa, jantei e fui para a cama. No dia seguinte, acordei com o sol a bater-me na cara. Levantei-me... E foi assim o resto do meu verão. João Frazão |

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O dia nasce e consigo a sua cor O sol incide sobre ti e revela o teu amor A roupa mais pura em ti é lavada Sem grande esforço se torna sagrada A mais pura onda em ti soa E a tua música se expande Com liberdade em ti navega uma canoa Possuindo um prazer grande. Mar meu que irradia justiça Serenidade tua enfeitiça Caneta alguma descreve a tua imensidão E nem demonstra a tua fortidão Telemóvel algum capta, na tua brandura A tua vasta e imensa doçura. Paz pregas ao povo E enfeitiças a sua cultura. Revolto tu apareces Quando ninguém entende as tuas preces. Espuma advém da tua fervura E em ti um monstro se afigura. Após tantos estados de espirito Em ti fica escrito A grande história de um paraíso Que com pouco esforço se torna o favorito. De noite possuis tal fleuma Pouca é a celeuma Em cima de ti o céu escurece E toda a aflição desaparece. Catarina Tavares |

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O mar é um espelho para nós, portugueses, pois já foi nosso em tempos, e víamos nele o esforço e a coragem do nosso povo. Interviemos muito antigamente no mar, pois íamos sem medo enfrentá-lo e descobrimos meio mundo através dele. O mar era uma paixão para nós, portugueses, era sinónimo de liberdade pelas nossas novas conquistas e de saudade para os que ficavam em terra. Era uma chave que nos permitia abrir portas para novos mundos. Nós, portugueses, usávamos o mar como abastecimento para nos dar forças para novas descobertas, mas não tínhamos pressa, não tínhamos um relógio para ver o tempo. Isto era no antigamente, agora, na actualidade, estamos a ir por outros caminhos como o desporto, mas independentemente do que ganharmos nestas novas áreas, nada vai ser igual ao que conquistámos antigamente.

André Ramos |

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O mar guarda um segredo, Que nunca foi decifrado, Está preso por uma chave, Não será revelado. Se alguém o encontrar, Terá que se precaver, Estará preparado, Para o entender? Olhar para o mar, Tal como para um espelho, Reflete a tua personalidade, A luz do teu anseio. Para ti o relógio para, Relembrando-te memórias, Das quais provém saudade De reviver as tuas histórias. A forte paixão pela curiosidade Não deixa nada intervir, O teu caminho é a chave, E o que dela poderá surgir. Tens liberdade de escolha, E ninguém te irá julgar, Mas…não é melhor ignorar o segredo, E o seu mistério continuar?

Diana Simões |

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O Mar grita zangado, com ardor Com um tom entristecido, Também eu queria gritar fazendo-lhe coro… Mas ninguém me teria ouvido. Talvez se me debruçasse Só um pouco para lá Talvez te avistasse… Mas tu nunca lá estás. Para a tua alma não há céu Não há lugar para coisas perdidas Já não me resta nada teu A não ser memórias fracas e queridas Não te vou procurar mais Não vou gritar mais por ti Já foste e nunca mais voltarás E de ti me despeço assim Ver-te ei no dia em que tudo se tornará nada E o nada que restar se tornará tudo para mim E para ti.

Filipa Cunha |

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Mar de Todos

Este mar que nos rodeia A toda a volta como um relógio Providenciando saudade mútua, Mágoa de muitos, um contágio… Felicidade também há Para todos que o conhecem Como o espelho da liberdade A união da amizade Um mar contraditório Intervindo em sorrisos, lágrimas Mas, por entre ondas, ainda semelhante Ao que a caneta do mundo planeou

Francisca Carreira | (Texto e Fotografia)

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Estando no curso de Ciências e Tecnologias com Biologia Geologia, acho o mar um tema muito importante e interessante. Aparentemente inerte, mas exatamente o oposto, o Mar apresenta uma espécie de crescimento e de humor. Ora está calmo, ora está bravo; ora completo, ora despedaçado. O Mar: espelho do céu, relógio do tempo e chave do passado. Eu, pessoalmente, acho que o mar nos providencia uma série de respostas para acontecimentos passados, presentes e futuros, havendo assim uma grande amizade entre nós. Na minha opinião, sem o mar, sentiríamos uma grande falta e saudade, pois não nos iria polir a felicidade e transformá-la no que é hoje a Alegria. Fascinou os antigos e continuará a fascinar-nos pela existência de lendas, como por exemplo, Deuses misteriosos, monstros marinhos, criaturas míticas e até de civilizações perdidas. Embora tenha causado a morte a milhões, causou a felicidade a muitos mais. A chegada do Verão é um exemplo, a criação de barcos para o navegar é outra, mas principalmente a descoberta do desconhecido. Francisco Silva |

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Um dia gravado no meu pensamento Aquele dia ficará para sempre gravado na minha memória, o dia em que vi a maior onda alguma vez surfada. O dia em que, pela primeira vez, senti medo e felicidade ao mesmo tempo. Por um lado, pensava que aquele sujeito, para mim desconhecido, não iria conseguir, por outro, queria que conseguisse, queria que algo de extraordinário acontecesse. Foi no dia 1 de Novembro de 2011, uma data que será difícil apagar do meu pensamento. Para mim era um dia como todos os outros, uma terçafeira, tinha aulas da parte da manhã como sempre acontecia. As primeiras horas do dia tinham sido rotineiras, aulas e um pouco de conversa fiada no intervalo, o habitual entre os alunos da Escola da Nazaré. No final das aulas, por volta das duas, lembro-me de pensar para mim mesmo de como estava um agradável dia de sol em pleno Outono. Decidi então ir com os meus colegas passear à praia, ver o mar, ver as ondas de tamanho extraordinariamente grande. Lembro-me de ver um homem na água, procurando surfar ondas com mais de 15 ou 20 metros: um lunático pensámos nós. A luz do sol encadeava-nos a vista e mal conseguíamos observar aquele sujeito, nadando com a sua prancha em pleno mar. O tempo passava e mais pessoas se juntavam na esperança de ver algo fantástico acontecer. Olhei para o meu relógio e dei conta de que já ali estava há cerca de três horas e que também esperava algo quase que impossível. Com todo aquele apoio, todas aquelas pessoas na espectativa, o surfista até aquele momento desconhecido, começava a ficar mais entusiasmado, a ganhar mais confiança. A sua paixão pelo mar e por aquele desporto que é o surf era evidente; já ali estava desde a manhã - diziam os pescadores - e continuava a tentar, sem medo algum de ser engolido por aquele tenebroso conjunto de ondas. Muitos já se precaviam para a desgraça, outros, mais otimistas continuavam a apoiar e a acreditar, mas, o que é certo, é que este apaixonado surfista, que era o espelho de suor e trabalho, continuava naquela que parecia ser a sua casa. Foi então a meio da tarde que o grande feito sucedeu. Uma onda enorme, de cerca de 30 metros de altura, aproximava-se e, sem medo algum. o surfista surfou aquela que viria a ser a maior onda alguma vez surfada. Entre as pessoas havia uma sensação de euforia, mesmo os que não pensavam ser possível estavam felizes, todos torciam por Garrett McNamara, como viríamos a descobrir que assim se chamava. Ao chegar à praia, todos o felicitaram por tal acontecimento. Os colegas que se encontravam comigo intervieram dizendo que este homem já não era mais um lunático, era sim um herói.

Gonçalo Carvalho |

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Mar de Palavras

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Saudade

É sentimento que não se sente que nos rodeia por todo o lado Uma liberdade dependente, como um fogo descontrolado.

Que nos rodeia como este mar puramente desbravado, que nos levou todos os sonhos e medos, como um fogo descontrolado.

Mar que em tempos foi nosso, que julgávamos estar domesticado revelou-se um espelho da nossa alma, revelou-se um fogo descontrolado.

João Ferreira |

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Mar de Palavras

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Junto ao mar eu descansava Fazendo um sesta, até alguém me acordar A dizer que de minha luz precisava Para o ir ajudar a pescar. Recusei o pedido Mas ele continuou a insistir Eu decidi que não iria ser mordido Não resisti mais e acabei por decidir Que se íamos pescar, Uma amizade teríamos de travar E se íamos mesmo para o mar Teríamos de nos precaver. Então começámos a reunir mantimentos Para uma semana lá passar Só não sabíamos era que uma tempestade nos ia atacar. Continuamos a remar Até ao melhor lugar. Aí ele decidiu começar a pescar Apanhamos uma lampreia Mas no final só nos restou areia.

João Calhau |

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Mar de Palavras

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Olhei a luz do pôr-do-sol E senti uma imensa saudade Dos tempos da minha infância Em que brincava em liberdade A beleza calma daquela praia O voo tranquilo das aves E o azul polido do mar Tudo me traz memórias.... Ao longe, o relógio dava as horas ao entardecer Aqui junto ao mar calmo e belo Esqueço tudo aquilo que me fez sofrer Para trás fica a paixão, a fúria, a raiva A loucura da vida e da idade Pois a luz difusa da tarde Provê minha alma de paz e serenidade Naquela praia e após tanto fingir Houve um momento sem igual Foi quando no espelho do mar Vi o meu reflexo alegre e a sorrir.

Madalena Inácio |

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aMar... Mar, história, descoberta, viagem. Mar, caminho, caminhos de volta. Mar, azul, prata, luar. Mar, espuma, bruma, desejo. Mar, coração, gaivota, liberdade. Mar, amar! Mar, tempo, relógio, saudade. Mar, paixão, amizade ,felicidade. Mar intervir, coração partir. Mar polir, areia cobrir. Mar espelhado, coração magoado. Mar, amar!

Mafalda Cardoso |

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O Amor Que O Mar Levou

A brisa do mar É tão relaxante, Foi esse mar que levou o meu amor Para um lugar muito distante. A onda rebentou Libertando uma grande dor Ofegante, Foi esse mar que o meu amor levou Para um lugar muito distante. Sem saber o que dizer, Sem saber o que citar, O único que me fez sofrer Foi esse terrível mar. Um sítio sem amar, Um sítio para não me mover, É para lá que vou descansar E por fim morrer, Porque foi esse mar que levou o meu amor Para um lugar muito distante... Marcos Ribeiro |

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Mar de Palavras

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A vida é uma maré Pode estar cheia ou vazia Mas mesmo tendo tudo Podemos não ter nada Mesmo com felicidade Podemos ter saudade.

O mar reflete a luz Que nos da vida, É neste espelho que há Toda a liberdade de que eu sinto saudade Nesta liberdade intervém A felicidade pela qual Tanto tenho esperado.

Muitas vezes precavi esse relógio que agora está parado Nas memórias que tenho relembrado. Margarida Perdigão |

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Saudade do meu Mar

Nasci na Ilha, rodeada de mar, e ao longo dos anos habituei-me ao seu som, ao seu bailar. Hoje os meus dias são tristes, sem a presença do mar, o espelho que reflete a minha alma e que é capaz de mostrar quem verdadeiramente sou. Somos livres e felizes, tenho, no entanto, sempre aquela saudade presente que me relembra das minhas origens. Ao sair da Ilha, deixei para trás parte da minha felicidade. Ainda assim, aqui encontrei as chaves para novos rumos, novas descobertas, novas conquistas. Não perdi a luz do meu olhar, apesar de ter ficado sem o meu mar. Não há ninguém que não goste daquela vastidão sem fim, daquela linha no horizonte, que em tempos foi conquista do nosso país e onde muitas vidas e sonhos se perderam, restando agora apenas memórias, lembranças e liberdade abandonadas. Nunca me esquecerei daquele mar, daquela saída para a felicidade cheia de incerteza que interveio na minha vida e da qual não me pude precaver. A minha vida é, agora, marcada pela esperança de um dia regressar ao meu mar.

Maria Ana Pardal |

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Mar de Palavras

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O que é o mar? Teoricamente é uma longa extensão de água salgada. Podemos interpretar esta palavra de diversas formas. Para muitas pessoas, é uma forma de se abstraírem do que as rodeia e de tudo o que as preocupa, apenas para poderem disfrutar de um momento de sossego e de contemplação. Para outros, é uma forma de diversão. O que mais me chama a atenção relativamente ao mar é a sua serenidade e a frescura, o movimento das ondas ao encontro das rochas (é um espetáculo único). Aqueles momentos em que o mar reflete a imagem do sol e reparamos no belíssimo reflexo da luz solar, exatamente como se o mar fosse um espelho. Se o observarmos ao luar, reparamos nos seus tons prateados. É dos cenários mais bonitos que já vi. O cheiro a maresia que me enche os pulmões, o brilho da areia nos meus pés. Por outro lado, impõe um certo respeito pela sua força e imensidão. Todas estas características fazem do mar um elemento único da Natureza e vital para a vida humana.

Marta Brito

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Mar de Palavras

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A Despedida

Foi naquele dia Que tudo aconteceu Aquela felicidade Que do nada se esvaneceu. A tua partida Acabou com a liberdade Aquela despedida Que me suscitou a saudade. Ver-te no barco A navegar no mar vermelho Fez-me sentir tรฃo sรณ Que da รกgua eu fiz um espelho. Peguei na caneta Pus-me a desenhar Aquele teu barco Cada vez mais a se afastar. A luz escasseava Deixei de te ver O sentimento de saudade Jรก comeรงava a aparecer. Miguel David |

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O mar é nosso! O peixe é nosso! Maré baixa ou Maré alta Iremos navegar Até nos enjoar Pois o mar É para navegar! Nem que vá Até às profundezas Só para lá ir Buscar umas riquezas. Pedro Calhau |

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Era Inverno Estava eu no mar Estava um frio de rachar Era inverno, era inverno Estava eu a observar o mar É tão lindo e belo Era inverno, era inverno Estava eu a passear à beira mar Que agradável respirar o ar Era inverno, era inverno Estava eu na cidade Como era feia e poluída Intoxicava a narina Era horrível, era inverno

Rafael Lopes|

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O mar é muito mais que uma extensão de água salgada que ocupa grande parte da superfície terrestre, o mar é algo misterioso, somente comparável com sentimentos, pois é impossível encontrar semelhanças entre o mar e algo físico. Penso que algo mais semelhante ao mar é a paixão. Quando nos encontramos à beira mar o nosso relógio biológico avaria, uma hora parece um segundo, ou vice-versa, tal como quando estamos submetidos à paixão. O mar espelhado reflete a luz, provocando uma imagem distorcida da realidade, tal como a cegueira causada pela paixão que impede a vítima deste mesmo sentimento de ver a realidade, sem qualquer distorção. O horizonte dá uma sensação de algo infinito, ilimitado não definido, mas tudo o que é físico é limitado, somente os sentimento e tudo o que tem origem no nosso cérebro é que pode ser ilimitado, como por exemplo a paixão; não há sentimento mais difícil de definir que a paixão… Tal como o mar (a água do mar) deixa marcas por onde passou, nas rochas e na areia, a paixão deixa marcas no coração. O mar não é simplesmente água, mas sim uma mistura de substâncias, de mistério, tal como a paixão não é só um sentimento, mas o complexo de sentimentos: desde a felicidade até à tristeza. Acresce ainda o facto de este “sentimento” prover o coração de uma saudade sem fim. Tal como o nível do mar apresenta oscilações, devido à atração exercida por outros astros (a estes movimentos oscilatórios dá- se o nome de maré), o sentimento de paixão, numa pessoa, também oscila de acordo com a “atração” exercida por algo. Tal como a paixão tem uma força que já levou muitos corações, o mar também possui uma força que já levou muitas vidas. Mas, acima de tudo, estes são bens que devem ser mantidos no mundo, por isso não polua o mar, nem “polua” o mundo de insensibilidade, pois a paixão é uma consequência da sensibilidade, e com sensibilidade é possível atingir-se, de forma prática, o conceito de preservação, neste caso do mar. Raquel Antunes |

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Na busca da expansão do seu território o povo Português decidiu virar-se para o mar: essa fronteira existente a partir do qual tudo se torna desconhecido, tudo o que nós conhecemos - o pavimento onde nos sentimos seguros - transforma-se num mero espelho da luz solar, um corpo provido de uma instabilidade impar, um lugar onde apenas as leis da Natureza reinam, onde apenas os mais destemidos se atrevem a aventurar. O povo Português, o povo mais destemido dos destemidos, com a sua sede de descoberta de novas regiões, foi impelido para os braços da mais mortal barreira natural existente no mundo conhecido: o Mar. O destino mais certo para quem fosse sem rumo seria a morte. Conhecendo os riscos, os Portugueses decidiram investir numa nova ciência - a Navegação Marítima -, uma ciência que poderia ser a chave para novos territórios. Depois da independência que adquiriram de Castela, alcançaram uma liberdade de conquista e ocupação assegurada pelo tratado de Tordesilhas em 1494. As mortes eram inevitáveis, a saudade por parte das famílias era imensa, mas a paixão de outros pelo desconhecido anulava esse medo, nunca desistindo, nunca baixando os braços, sempre tentando levar a cultura portuguesa e a fé Cristã a outros mundo. O trabalho no mar era duro, o esforço despendido imenso, chegavam a ser mais os mortos que os vivos a chegar ao destino, mesmo assim, as naus e caravelas foram lançadas, precavendo-se em terra para ir para o mar. A comida era salgada, as condições precárias, a água potável escassa, mas, apesar dessas contrariedades, havia sempre um sentimento mais forte, o único que importava, o de descoberta de novas riquezas, a expansão de um povo que apenas nascera há 300 anos e que estava agora a caminho do fim do mundo, um povo sem igual, os Portugueses.

Ricardo Lage |

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Mar nulo

Para mim, o mar inspira alegria quando nas suas ondas vejo emoção. Emoção no sentido de me fazer despertar do sonho mais obscuro, negro e trágico. Quando estou em casa, sem nada para fazer, pego numa caneta e numa folha branca, branca como o vazio, começo a desenhar. No início, procuro inspiração e paixão, mas depois acabo sempre por desenhar o mesmo: o Mar. Às vezes, nos meus desenhos, intervêm cores, como o branco e o azul e até o verde. Mas, por alguma razão, o azul torna-se escuro, e por mais que aplique o branco, o meu Mar continua negro, escuro, triste, assustado e aprisionado. Muitas vezes me questiono, porque será que o meu Mar não poderá exprimir amizade, alegria, tranquilidade, fantasia, e paixão, como todos os outos Mares? Há situações em que me encontro à frente do espelho a observar o reflexo do meu desenho. Talvez o faça porque espero encontrar “a beleza que não encontro quando o vejo ao natural”, mas nem assim o meu desenho parece belo, contínuo obscuro e bravo. Até que um dia decidi ir ao Mar. Ao mar real, não àquele mar que costumo desenhar e quanto mais desenho mais mil questões me vão surgindo. Nesse dia, pensei que talvez o Mar não seja como os meus desenhos, talvez não seja negro e branco, mas sim branco e tranquilo

Soraia Carvalho |

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O mar sempre foi a casa de uns, a angústia e o calvário de outros, a fonte de inspiração que enaltece os homens de valor. Foi o ponto de partida para a promoção da criação das mais gloriosas civilizações.

É impossível não invocar a eloquente época dos Descobrimentos… Com

paixão,

os

portugueses

aventuraram-se

pelo

desconhecido,

enfrentaram a saudade, o medo, a doença e a morte. Chegaram a portos distantes, intervieram junto de

diferentes povos, edificando novas

culturas. Rasgando o mar imenso, proveram-se da grandeza de suas almas e precaveram-se com a valentia de seus nobres corações. Durante longos anos fizeram do mar a sua casa, as chaves da sua liberdade.

O mar ainda existe, é grandioso e criador de vida, continua a ser o espelho da luz e das trevas; nunca houve outra tão maravilhosa pedra preciosa que nos trouxesse tantas gloriosas aventuras.

Cláudia Fernandes | Texto e pintura (baseada num quadro de Raoul Dufy)

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Praia de S達o Torpes, em Porto Covo


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Mar de Palavras

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Eu nunca dei muita importância ao mar, nem ao seu significado; não sei bem porquê, talvez por não o perceber ou se calhar por terem aparecido estas novas tecnologias como o computador e o telemóvel que entretêm mais as pessoas da atualidade. Claro que gosto, quando estou de férias, levantar-me da cama e olhá-lo logo, é uma sensação de felicidade inexplicável. Olhar o mar como quem não sabe nada sobre ele e tentar que ele tire um pouco da minha liberdade ou até criar laços de uma amizade intensa. Não acho que este seja um perigo, como algumas pessoas o caracterizam, penso que é apenas necessário conhecê-lo, embora compreenda aqueles que para se precaverem não se aproximam dele. Uma atividade relacionada com o mar: a pesca. Gostava de um dia experimentar esta atividade, apesar de ter que haver muita paciência em todos os pescadores. Eles são apaixonados pelo mar, fazem tudo por ele e, na minha opinião, o mar ainda intervirá a favor deles.

André Ahmad |

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Mar de Palavras

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Mar, para mim, dá-me felicidade, Intervém em mim e sinto sempre a liberdade. É como a minha cama ou o meu computador. É haver, entre nós, um grande amor. Entrever o quadro da escola, E olhar uma gigante bola, Chamada Sol, Passeando na praia lentamente como um caracol.

Artur Neto |

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Mar de Palavras

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Acordo. Saio da cama e a primeira coisa que vejo é o mar. Esta visão traz-me felicidade, um sentimento que não compreendo, tendo em conta que o mar é só água. Depois lembro-me de todos os momentos que passei na praia com amigos e família, das amizades que lá formei e apercebo-me do porquê da felicidade. Olho para o relógio, vejo que são onze horas e penso que devem ser seis horas em Nova Iorque. De repente o sentimento que me invade é a saudade. Lembro-me do meu irmão, do mar todo que nos separa, e entrevejo o que ele estará a fazer. Ligo o computador e envio-lhe um email para precaver que ele se esqueça do aniversário da mãe. É só para a semana, mas quero ter a certeza de que ele já marcou o voo. Honestamente, também o quero ver. Sinto falta de chatear alguém! Eu sempre intervim na organização da sua vida, mas ele continuou a fazer o que mais lhe convinha.

Bárbara Pessoa|

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Mar de Palavras

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Acordei um certo dia, levantei-me da cama e quando olhei, reparei que estava na praia. Olhei para o meu relógio de pulso, vi que era tarde e decidi ir dar um mergulho no mar. Depois fui ao café mais próximo para me prover. O telemóvel tocou e reparei que estava debaixo da cama, disseramme para ir ao computador ver um vídeo, mas não podia porque estava na praia. Vi uns policias a virem na minha direção. Para me precaver comecei a fugir apesar de entrever que me iam apanhar. Pouco depois, vi um quadro que um pintor estava a vender e parei. Aquele quadro transmitiu-me vários sentimentos, tais como, o amor a felicidade e a amizade. Fui apanhado e levaram-me para a esquadra para falarem comigo. Naquela esquadra havia muita honestidade e amizade entre os polícias. Após uma longa conversa deixaram-me ir embora e senti que estava finalmente em liberdade.

Iuri Sá |

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O Mar Ontem, Hoje e Amanhã Passaram mais de quinhentos anos dos Descobrimentos e, se olharmos para trás, pasmamo-nos perante aquilo que que em tempos conseguimos fazer através e graças ao mar e lamentamos que tão pouco se consiga hoje em dia. Em pleno séc. XV, com muitos recursos, mas com muita coragem e ousadia, os portugueses aventuraram-se por mares nunca dantes navegados e mostraram novos mundos ao mundo, fazendo dele o seu meio de comunicação, numa altura em que não havia telemóveis ou computadores. O mar era o centro de todos os povos e Portugal foi dos primeiros a aperceber-se disso e a explorá-lo. Alcançou-se um Império que entretanto se desfez e Portugal mergulhou progressivamente numa crise de onde parece impossível sair. Em pleno séc. XXI, com muito mais recursos somos incapazes de rentabilizar a nossa proximidade ao mar, usando-a tal como fizemos no passado com proveito e vivemos de costas viradas para o nosso principal recurso. O que no passado já foi fonte de riqueza, hoje em dia anda pelas ruas da amargura e não há ninguém que intervenha. Com praias, como as nossas, que fazem os turistas saltar da cama e vir para Portugal, porque não aproveitar e tentar alargar este nosso sector que tem um grande potencial e igual a outros países que com muito menos recursos conseguem muitos mais? Se nos voltarmos novamente para o mar e aproveitarmos tudo o que ele tem para nos oferecer, acredito que seria uma hipótese para sairmos da crise, em que nos encontramos, e uma maneira de precaver o futuro, voltando a ser o honesto e grande povo que em tempos viveu numa época feliz da nossa nação e que se libertou do continente para explorar o desconhecido mar.

João Trindade|

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Há um mar de coisas a acontecer no mar. Desde peixes de todas as cores a nadarem livremente de um lado para o outro, passando pela pesca - que pouco a pouco vai diminuindo a população marinha - , até à caixa negra de um avião que, mesmo após um mês no fundo do mar, continua a enviar-nos sinais. Os peixes fazem do mar a sua cama, é nele que para além de descansar, fazem outras como comer, nadar, etc. Os peixes mais pequenos e as anémonas, estabelecem ao longo das suas vidas relações de amizade, pois estas funcionam como um alarme de telemóvel quando algum predador se aproxima. É uma forma de precaverem que os peixes sirvam de alimento para os tubarões ou outros peixes de maior porte. A vida no mar é muito diferente do que pensamos ver. Normalmente aparenta ser bastante tranquila e livre como é representada em quadros ou imagens de computador. A maioria dos peixes são muito pequenos e bastante vulneráveis aos ataques dos maiores e mais fortes, por isso os mais fracos não podem sequer dormir, pois a qualquer momento pode aparecer um predador para os comer. Esse aspeto foi agravado devido à intervenção do homem nos ecossistemas aquáticos. Com o excesso de pesca o número de peixes pequenos baixou, aumentando assim a procura de alimento por parte de peixes maiores, tubarões e baleias. João Santos |

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O mar. Afinal de contas, o que é o mar? Várias pessoas têm ideias diferentes do mar, uns desprezam-no, outros admiram-no. O mar é algo que podemos associar à liberdade, é vasto e ninguém tem poder sobre ele. Contrariamente nunca o ligaríamos a algo como a honestidade, pois esconde muito nas suas profundezas, o fundo é um espaço solitário e consumido por sombras, uma vez preso nele é realmente difícil de se sair, tal como acontece com o amor. Apesar disso, não seríamos parvos se víssemos o mar como arte, como um quadro, algo incerto e com sentido variável, provido de admirações e olhares espantados. Para aqueles que se perdem nele pode ser um relógio em contagem decrescente, onde se mergulha em mil perigos. Embora sempre tenha gostado do mar nunca ignorei o facto de ser perigoso, houve sempre algo que gostei no mar e era o brilhante reflexo do sol que nele incidia, no Verão. Na minha perspetiva, o mar é mais amigável a meio do ano, pois no Inverno, é violento e tenebroso. É nessa altura que ficamos em casa, alguns em frente do computador a falar com os amigos, esperando que o Verão regresse. Jorge Nascimento |

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O mar que é meu Houve uma vez alguém que me disse :"Com o sol na cabeça e os pés no mar, vivo bem", concordei de imediato com a frase. Sentir na pele um calor reconfortante, uma invasão de luz desejável. Muitas pessoas temem o mar. Eu não tenho medo. Eu respeito o mar. Foi uma coisa que aprendi com o meu avô. Desde pequena que gostei da sensação de um mundo sem fim, uma liberdade incondicional, de um mundo sem relógios a controlar-me constantemente, sem o tempo como centro do meu stress diário, um mundo longe das tecnologias, computadores, telemóveis. Um sítio simples e honesto, sem mentiras e preocupações. Pode parecer uma coisa sem sentido ou talvez haja pessoas que até concordem comigo, mas toda a minha felicidade e toda a minha tristeza foram partilhadas com este sítio transparente e calmo que me consola incondicionalmente. A primeira vez que estive perto do mar tinha apenas alguns meses de vida. A primeira vez que toquei num leme tinha seis anos. Posso dizer que o mar, a água é algo que faz parte de mim, que intervém na minha vida, provendo-me “alimento”. Gosto de ver o meu reflexo nele, de me sentar à sua beira, de entrever a sua força e ouvir o som da água a embater nas rochas, do brilho do sol refletido, da brisa aquecida, de sentir os salpicos do mar a refrescarem-me a pele e de seguida transformando-se em pequenos cristais de sal. É nesse momento que volto à realidade. Não posso fugir para sempre, não posso isolar-me do mundo exterior, não posso viver na minha imaginação, como a água não pode apanhar sol e continuar líquida. Por mais que eu o deseje. Tenho que devolver o meu corpo à realidade e deixar a minha alma junto de tudo o que abandonei e manter -me agarrada às lembranças remotas que permanecem para sempre. À memória de um dia de praia. A minha pele a ceder ao sol deixando-o infiltrar-se de forma sedosa. O meu cabelo a voar com a brisa quente que passa. O despertar dos meus sentidos com o cheiro a maresia impossível de esquecer e o sal a queimar os meus lábios. Os grãos de areia a massajar e a adormecer os meus pés ásperos. O arrepio sedutor que me percorre ao entrar na água gelada. O infinito espelhado nos meus olhos. Os meus ouvidos a encherem-se de água fazendo uma barreira e não deixando passar nenhum som sem ser o bater do meu coração e a minha respiração. É nestes momentos em que me sinto verdadeiramente em paz e é com estes momentos que me levanto todos os dias e sorrio.

Madalena Spínola| (Texto e fotografia)

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A Recordação Lembro-me desse dia. Uma frecha de luz escondida atrás dos cortinados aquecia-me a cara e lentamente, como numa brincadeira inocente, intervinha no meu sono. Não me conseguiu acordar, o despertador fê-lo mas não me incomodou, uma raridade nestes últimos anos. Nada estava planeado, ansiado ou esperado, muito menos destinado. O destino não existe. Existe sim, um percurso traçado por cada um de nós inevitavelmente, dia a dia, com várias direções, umas menos nítidas, outras com desvios, há recuos, há passadas mais largas. Acho que é isso que é liberdade. O Mar é livre. Mais livre do que qualquer um de nós, nada o detém, nada é capaz de entrever a sua força incomensurável nem as suas pisadas. Apenas com um objectivo, segue o seu caminho firme e seguro, sem nunca pensar duas vezes antes de agir, sem obrigações, sem compromissos. Temos que admitir que a imprevisibilidade é o seu forte, já matou povos, arrasou comunidades, atropelando tudo o que encontrou pela frente, mas no fundo ele é só um rebelde apaixonado, como o meu avô me costumava dizer, trazendo mistérios nas suas ondas enfurecidas, quase violentas. Há dias em que tudo parece mais exigente, aquele, sem dúvida, não era um deles. O relógio não me contava os passos, não me roubava os pensamentos com o seu tic tac estalado, o telemóvel não me obrigava a responder-lhe e estava sentada na areia à beira mar. Observava a sua transparência, o cantar da sua rebentação, a brisa que desassossegava as palmeiras e foi aí que me apercebi. Mais do que um quadro perfeito, era uma visão para além do imaginável da natureza, mas eu tinha-a esquecido por um instante. Tinha acontecido. Trazia-me todos os dias algo de novo. Um sentimento refrescante, parecido com felicidade, deixado pelo momento e levado pela desilusão e expetativa. No último dia, eu decidi ficar com o mar, só com ele e invejar a sua honestidade, a sua transparência. Hoje, tornou-se uma recordação. Agora percebem a diferença. Eu enganei-vos, ou vocês enganaramse a meu respeito. Nós criamos expetativas, vocês criaram acerca do que eu vos ia contar e muito provavelmente esta crónica, com um objectivo claro, tentativa ou não falhada, é um jogo de palavras arduamente encaixadas, que só serviu para vos mostrar isso. Os que saem vencedores são os que melhor o conseguem manobrar. O mar não é assim, inocentemente refresca-nos os pés com as suas ondas e traz-nos a sua maresia suave todos os dias. Sem exceção. Margarida Nogueira |

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O Mar, o que é? É o absoluto sintético de infinito, Pois fim não parece existir, E nele não devemos intervir. É o habitat de muitos seres vivos, Que sem ele não podem viver, E se este não existisse, Não os poderíamos entrever. É um refúgio aos nossos problemas, Sem telemóvel nem computador. Uma espécie de cama de ondas, Que nos dá felicidade e amor. E deve haver quem tenha inveja, Assim tanta como eu tenho, Por este poder ser livre, Sem mesmo nenhum empenho. Mas não há que esquecer, Que se este tem tamanha liberdade, É porque um dia destes já passados Nos mostrou tamanha fieldade. E é por isto que quando me sinto abalado, Gosto de o ter a meu lado, Pois só assim as minhas lágrimas protestantes, Em comparação com as suas, são insignificantes. Miguel Fernandes |

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O Mar da Memória Certo dia, solarengo, a brisa do vento invadia o quarto. Sentada sobre a minha cama observava o recente quadro que tinha colocado na parede. Este ilustrava o mar, porém as texturas que se encontravam neste davam-me uma certa liberdade só apenas de olhá-lo. Enquanto caminho sobre a areia, perto do mar, as pegadas formam um trilho, que passado algum tempo se esconde através das pequenas ondas. Perante esta caminhada sobre as pequenas ondinhas entrevejo o relógio do passado. Relembro momentos de quando, em pequena, a felicidade intervinha todos os dias, o amor me entrelaçava a mim e a minha pequena irmã, formando uma ponte sólida e inquebrável. O mar sempre foi, e sempre será, um meio de liberdade, de repensar acontecimentos

que

considerava

insignificantes

ou por vezes

tão

importantes que afinal não eram abstractos, nem tinham qualquer tipo de relevância como aparentavam. Relembrar momentos que por instantes quase se perdiam por entre a espuma das memórias e lembranças. Certas vezes, para não perder estas memórias da infância, relembrava-as com a minha pequena irmã. Estendidas sobre a areia, em frente ao mar (como na infância) trocamos as nossas memórias para estas prevalecerem mais fortes que as próprias ondas ferozes que observámos. Enquanto navegávamos sobre este mar de memórias e acontecimentos que construímos ao longo da nossa infância, constatamos que este é mais forte que o imenso mar azul que observamos à nossa frente. Nirali Cumar |

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Estava na praia a andar quando comecei a observar um tornado a vir. Comecei a sorrir Pânico era o que estava a sentir Portanto alguém teve de intervir. A pessoa que o fez Recuperou-me a lucidez Foi o meu pai Que gritando “ai” Fez-me perceber O que estava a haver Peguei no meu telemóvel Comecei a ligar Queria um automóvel Para me poder pirar Dei por mim, acordei na cama E olhei à minha volta. Que será esta trama Que me revolta? Fui para o computador Que liberdade Enrolei-me no cobertor Ainda bem que não era verdade. Pedro Vaz |

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Como um pescador se levanta todos os dias com um objectivo, também eu me levanto com um: superar todos os desafios que me são impostos. Acordo e olho para o relógio com medo de chegar atrasado. Tenho um compromisso para com os meus irmãos, irmãos de outras mães, guerreiros que partilham e enfrentam os mesmos medos e obstáculos que eu. Que vibram com o mesmo que eu, com o desporto que é o Rugby. Também um pescador acorda todos os dias, na sua cama de redes de pesca, com um objetivo: sobreviver. Entrar naquele barco, juntamente com os seus compatriotas e enfrentar o que muitos de nós tememos - o mar, vivendo cada dia como se fosse úultimo da sua vida, pois o dia de amanhã será sempre uma incógnita. É pura amizade e amor aos “remos”. Não é qualquer um que enfrenta assim a mãe Natureza numa embarcação de madeira velha sem tecnologia. Trabalhamos todos os dias para nos precavermos em relação ao pior; para nas piores situações conseguirmos agir e intervir da melhor forma, de modo a sermos sucedidos. O Rugby é uma escola para a vida. É através do trabalho de equipa e da lealdade que construímos os valores essenciais que nos vão ajudar a sermos alguém no futuro. O Rugby ensina-nos a ser honestos, pois é tudo mais fácil se confiarmos na pessoa que está ao nosso lado. Dentro de campo significa perder ou ganhar, no alto mar, pode ser a diferença entre a vida e a morte. Nunca nos devemos distrair da vida. Temos de aproveitar o máximo desta e tentar atingir sempre a felicidade, pois não há segundas oportunidades. Só vivemos uma vez. Pedro Brito |

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Mar de Palavras

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Preciso do mar… de o fotografar, de captar cada movimento, cada sopro, cada sentimento. Bem podia ficar horas a contemplá-lo, é como um quadro que transmite paz. Tem mais para mim que eu para ele. Todo aquele cheiro a maresia, as ondas a rebentar nas rochas e a levarem com elas a tristeza e a deixarem a leveza. Deito-me na areia como numa cama a entrever o som característico do mar, como o alívio do sufoco, do sufoco do tormento. Vou esquecer o relógio e não pensar no tempo, guiar-me pelo momento e ouvir o mar soberano. Correr pela areia e seguir as pegadas das gaivotas que na noite anterior ali pousaram, pegadas tão sensíveis, bem desenhadas e perfeitas que rapidamente serão destruídas. Passear à beira-mar a apanhar as pequenas conchas, cada uma diferente da outra e ouvir aquela melodia das pequenas elevações que vêm do horizonte e que me molham os pés. Pena dos que nunca viram o mar, o mar é um porto seguro, um amigo de braços abertos que nos acolhe sem julgar. Faz soltar um sorriso, um sorriso de felicidade. Mas…e o mar? O que ele pensa de nós? Como seria fotografar o outro lado do mar? Seremos nós tão bons para o mar como ele é para nós? Não seremos nós ingratos e egoístas para com ele? Temos que nos precaver: por vezes, nem sempre é sereno, nem tão transparente como outrora. Não vou intervir, mas amar a liberdade que me compete e de que preciso. Da companhia da aragem tão acolhedora e das gaivotas tão honestas… preciso do mar. Renata Machado |

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Mar de Palavras

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O MAR, AI O MAR… O mar, ai o mar Só de pensar É um sentimento de liberdade, de conforto, Uma sensação que mais nada me pode dar Estar sentado à beira-mar Há algo melhor? Sem relógio, sem telemóvel, sem computador Sozinhos ou com o nosso amor O mar, ai o mar A sua compreensão é quase impensável Quando o olhamos de frente parece nem ter fim A natureza é a provedora deste ser não inflamável O mar, ai o mar Honestidade não é o seu forte por certo Pois tanto nos dá vida e descontração Como nos tira tudo, e nos provoca um aperto Aperto esse que não podemos prevenir, Apanha-nos de surpresa… O que para nós é mais sagrado ele consegue destruir O mar tem duas caras, a verde que tanto adoramos, E a vermelha, aquela que procura sempre algo novo para ter na mesa Mas o mar, ai o mar Mesmo com a destruição que provoca Faz-nos sempre voltar Para dos problemas do dia a dia nos conseguirmos livrar

Ricardo Pereira |

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Mar de Palavras

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Uma cama a flutuar como um barco no mar, uma televisão no fundo dos oceanos do mundo, relógio achado esse por deus criado. A amizade do mar não é coisa certa por vezes engana a pessoa desperta. O mar é infinito como o amor só nos causa atrito quando causa dor. A Felicidade precisa de maturidade E o mar de formalidade. É preciso entrever para precaver o que possa acontecer. Para salvar o mar temos de intervir para limpar o que estrague o mar. Fiz este poema sobre o mar para vossos ouvidos encantar. Sebastião Ferreira |

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Mar de Palavras

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Coordenação, revisão e design gráfico: Raquel Oliveira

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Ano Letivo 2013 - 2014


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