centro de Fortaleza: mobilidade urbana e sistema de espaços livres raquel pessoa morano orientadora: profa. andrea agda universidade de fortaleza centro de ciências tecnológicas - arquitetura e urbanismo
Trabalho Final de Graduação Orientadora: Profa. Andrea Agda Universidade de Fortaleza Curso de Arquitetura e Urbanismo
CENTRO DE FORTALEZA Mobilidade Urbana; Acessibilidade; Sistema de Espaços Livres.
Raquel Pessoa Morano sob orientação da Profa. Andrea Agda
Raquell Pe R Pessoa Morano
CENTRO EN NTRO DE D FORTALEZA Mobili Mobilidade Urbana; Ac Acessibilidade; Sistema de Espaรงos Livres.
Banca Examinadora
Profa. Andrea Agda Universidade de Fortaleza
Prof. Euler Sobreira Muniz Universidade de Fortaleza
Profa. Doutora Maria ร gueda Pontes Caminha Muniz Universidade Federal do Cearรก
Fortaleza - CE 2013.2
Àqueles que usam a cidade, amam as pessoas, desfrutam o percurso e aproveitam encontro.
imagem 01: Fachada Estação João Fellipe. Fonte: Acervo Pessoal
Agradecimentos “...e, pela lei natural dos encontros, eu deixo e recebo um tanto” Ao meu doce encontro: meus pais, que sempre es veram comigo desde as primeiras decisões. Meus exemplos de força, trabalho, generosidade, compaixão e humildade. Me ensinaram o significado da palavra amor com gestos firmes e cheios de ternura, me ensiram valores que levarei para a vida inteira, e o principal, foi que “todo Morano cai em pé”. Meu espelho, minha energia, minha base, é por vocês que dou o melhor de mim. À minha mãe, obrigada pela compreensão de todos os dias, por sempre ter aquela pergun nha: “Está perto de acabar?” e, ser paciente toda vez que a resposta chorosa vinha: “Não, Mainha.” Obrigada pela voz serena que me aconselha e me acalma. Obrigada por ser essa guerreira que nos carrega e nos levanta todos os dias para lutar. Ao meu pai, exemplo de força, meu maior amor, obrigada pelos infinitos beijos e abraços, por me consolar com seu silêncio e me incen var com seu olhar. Obrigada por não desis r. Aos meus irmãos, obrigada pelo apoio, sorrisos, abraços e, principalmente, por toda confiança e respeito que sempre me deram. Nossos encontros são sinônimos de felicidade, afeto e carinho. À minha querida irmã, Têca, com sua generosidade infinita me ensina a amar o próximo e, também, os valores da vida. Ao meu irmão, David, meu xodó, obrigada por me ensinar a lutar, a levantar a cabeça e a encarar a vida de uma forma leve. Ao meu irmão, Giovanni, por sempre acreditar em mim e me amar. À minha querida Carol, que esteve do meu lado, do seu jeito, sempre me incen vando com seu jeito alegre e, me fazendo sorrir quando só exis a tensão. Obrigada pelas comidinhas, massagens, afeto e, por me fazer sair um pouco do universo da arquitetura e me mostrar a música como uma paixão que nem mesmo eu sabia que exis a em mim.
pela sensibilidade, conversas longas sobre arquitetura e conselhos valiosos. Aos meus mestres das quadras, àqueles que de uma forma tão rígida, porém, eficaz, me formaram uma pessoa com princípios. Obrigada, principalmente, ao mestre, amigo e técnico, Carlão, por me mostrar os valores que ultrapassam à tá cas de Voleibol. Àqueles que encontrei antes mesmo de me encontrar, que estão há tanto tempo em minha vida que já nem lembro da vida sem eles. Eles que trilharam caminhos parecidos, porém completamente diferentes do meu e, ainda assim, souberam compreender a minha ausência. Obrigada pela infância deliciosa e pelos longos anos de amizade e pelos anos de companheirismo que ainda virão, Juan, Isadora, Isabela, André e Rafael, vocês sempre serão. Às minhas amigas-irmãs do Vôlei, que sofreram comigo em busca de um obje vo, que lutaram e confiaram em mim quando eu mesma nem confiava mais. E, hoje, seguimos com obje vos diferentes, porém, sempre unidas como um me. Obrigada as que vieram me socorrer nos meus momentos de estresse, me acalmando, trazendo comidinhas e me fazendo rir, Luana, Sofia, Pollyana, Clara e Ta , e as que, mesmo não podendo estar perto fisicamente, Camila, Liana, Paulla, Andressa, Luana Rios e Índia, me madaram vibrações posi vas.
a gente entende nossos “assuntões”. Ao meu encontro delicioso com a música, graças à Carol, hoje tenho Borogodó. Obrigada à vocês que me fazem querer ser melhor. Alessandra, nosso coração. Ninivy, nossa marcação e firmeza. Hannah, nossa doçura. Carol, nossa alegria. Tenho em mim, um muito de cada uma de vocês. Obrigada pela compreensão nos momentos tensos, pelo incen vo e por acreditarem em mim.
Ao encontro de almas do grupo do “A Gente Transforma”, esses me mostraram uma arquitetura sensível, minuciosa, com tato e cuidado com as pessoas, me mostraram que não é apenas uma profissão, mas um meio de ajudar a comunidade e, quem sabe, mudar o mundo de uma pessoa. A vida é feita de encontros, e é o que deixamos e recebemos deles que define a pessoa que nos tornamos. Eu sou o reflexo da minha família e dos meus amigos, sou um pouquinho de cada pessoa que passou na minha vida até hoje. Espero também ter “deixado um tanto” em vocês! Muito obrigada por tudo!
“Arquitetura une pessoas.” imagem 02: Passeio Público. Fonte: Acervo Pessoal
Aos mestres que cruzaram o meu caminho nesses, intermináveis, dolorosos, maravilhosos e inesquecíveis cinco anos de curso. Que me fizeram ver a arquitetura com admiração e respeito, orgulhando-me de fazer parte desse grupo de apaixonados. À professora Andrea Agda, que me acolheu, aconselhou e me deu forças para seguir. Obrigada pelos ensinamentos. Ao professor Paulo Hermano, que acompanhou minha pesquisa e minha luta diária, obrigada pela paciência e por ser um grande mestre. À professora Tânia Vasconcelos, por despertar em mim a paixão pela arte e pela comunicação visual. À professora Camila Girão que me inspirou com sua competência e responsabilidade no exercício da profissão, e saiba que: o “bichinho do urbanismo” me picou. Ao professor Linheiro, por me apresentar à minha paixão: desenhar. Obrigada
Aos queridos ArqBeers, com nossos encontros malucos, porém, deliciosos e desestressantes. Meus pêssegos amados, sem vocês a faculdade teria sido muito pêssega, viu? Aos meus dois queridos, Fernando e Ivana, que me acompanharam durante quase toda a faculdade, nas nossas noites longas de projeto, música boa e milkshake.
Àqueles encontros que a vida nos traz de presente, assim, agradeço à minha amiga Luciana Otoch, que com toda sua sensibilidade, me ensinou apreciar e amar fotografia. À minha novinha Rhayra, obrigada por sempre entender minhas questões sobre o mundo. Só
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Índice
introdução | p.10 1.1. justificativa do tema | p.10 1.2. objetivos | p.10 1.2.1. objetivo geral | p.10 1.2.2. objetivos específicos | p.10
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metodologia | p.11
3
referencial teórico | p.12 3.1. Centros Urbanos | p.12 3.1.1. Os processos de Intervenção | p.13 3.1.1.1. Renovação Urbana | p.13 3.1.1.2. Preservação Urbana | p.14 3.1.1.3. Reinvenção Urbana | p.15 3.1.1.4. Considerações | p.15
3.2. Histórico da área central de Fortaleza | p.16 3.2.1. 3.2.2. 3.2.3. 3.2.4. 3.2.5. 3.2.6. 3.2.7. 3.2.8.
As origens do desenho urbano e as reformas urbanas | p.17 ADOLFO HERBSTER – 1875 | p.17 Das ações de embelezamento e remodelação aos planos urbanísticos. | p.18 PLANO NESTOR FIGUEIREDO – 1933 | p.18 PLANO SABOYA RIBEIRO – 1947 | p.19 PLANO HÉLIO MODESTO – 1963 | p.20 PLANO DE DESEN.INT. DA REGIÃO METROP. DE FORTALEZA (PLANDIRF) – 1971 | p.21 CONSIDERAÇÕES | p.23
3.3. A arte e a arquitetura como formas de intervenção urbana | p.24
4
estudos de caso | p.26 4.1. Cidade Abandonada - Cidade Recuperada | p.26 4.2. Barcelona: Marco Teórico e Referencial | p.26
5
4.2.1. Principais Intervenções em Barcelona | p.28 4.2.2. Considerações | p.29
4.3. Requalificação do Centro de São Paulo - Corredor Cultural | p.29 4.3.1. Características da Área de Intervenção | p.30 4.3.2. O Projeto Corredor Cultural | p.31 4.3.3. Considerações | p.31
4.4. O Dragão Do Mar e a Construção Da Imagem Contemporânea De Fortaleza | p.32 4.4.1. A Força Do Dragão: “Política Cultural, Turismo E Renovação Urbana”. | p.32 4.4.2. O Projeto Do Centro Dragão Do Mar | p.32 4.4.3. Considerações | p.33
Diagnóstico da Área Central de Fortaleza | p.36 5.1. Evolução Urbana | p. 37 5.2. Principais Acessos | p.38 5.3. Aspectos Macrolocacionais | p.39 5.4. Caracterização Viária | p.40 5.5. Uso do Solo | p.41 5.6. Síntese das Estruturas Ambientais e Urbanas | p.42 5.7. Estrutura Viária e Mobilidade Urbana | p.43 5.8. Pontos de Referência | p.44 5.9. Aspectos Operacionais | p.46 5.10. Aspectos Geométricos - Dimensionamento | p.48 5.11. Síntese Diag. Físico e Caracterização da Área | p.49 5.12. Análise de dinâmicas e leituras sociais | p.50 5.12.1. Dinâmicas Socioespaciais | p. 50
6
Conceituação do Projeto | p.54 6.1. 6.2. 6.3. 6.4. 6.5.
Mobilidade Urbana | p.56 Identidade | p. 57 Usos | p.58 Concepção do Projeto | p. 59 Projeto de Intervenção | p. 72
1. introdução
metodologia
referencial teórico
estudos de caso
diagnóstico da área
projeto de intervenção
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INTRODUÇÃO
1.1. JUSTIFICATIVA O Centro de Fortaleza foi o primeiro núcleo urbano da cidade e, atualmente, passa por um processo de desvalorização. Essa situação foi causada pela forma como a cidade se desenvolveu, criando uma espécie de especialização funcional do centro, que é quase predominantemente comercial. Na realidade, muitas pessoas ainda residem no bairro, mas como a maior parte da área é ocupada pelo comércio, que funciona somente no período diurno, ocorre um esvaziamento durante a noite, tornando a vizinhança perigosa para seus habitantes. Hoje, existem planos e incen vos para o retorno de moradores, jovens, turistas, estudantes, entre outros grupos, para que o centro ganhe vida e volte a fazer parte do co diano da cidade. No entanto tais planos não realizaram ações efe vas para mudar o quadro. A área, por mais abandonada que esteja, possui diversas potencialidades, tais como: infraestrutura – energia elétrica, saneamento básico, ruas asfaltadas; mobilidade - transportes modais, facilidades para pedestres, implantação do METROFOR; espaços públicos e edi cios históricos importan ssimos; comércio a vo que atrai milhares de pessoas para a área, entre outras. No entanto, existem alguns problemas encontrados no local, como: situação precária dos passeios; ausência de ciclovias; poucos locais para descanso – mobiliário escasso; poluição visual; edi cios deteriorados, abandonados, desconfigurados ou subu lizados; conges onamentos; estacionamento escasso; falta de baia de ônibus; ocupação irregular das calçadas; falta de ligação entre o Centro e a orla; arborização escassa; circulação de carros e pedestres conflituosas e, por fim, desconexão entre os diversos equipamentos culturais. O centro é um bairro peculiar, cuja essência histórica se encontra ainda enraizada nas praças e edi cios, que ainda nos revelam o an gamente. Atua como local de iden dade para os cidadãos e de referência para os turistas, na busca de conhecer a história, a memória, além do grande comércio que atrai essa clientela. Nas grandes capitais, o Centro da cidade ainda hoje, é visto com grande importância, ultrapassando os limites e influenciando de forma direta ou indireta na vida de seus habitantes. Não sendo, portanto, diferente, na cidade de Fortaleza. O interesse pelo tema – requalificação da área central de Fortaleza
– nasceu por meio das lembranças de vivências realizadas ainda na infância e, também, pelos estudos realizados em disciplinas anteriores. Diante do exposto, a proposta de uma requalificação urbana irá reunir uma porção de bene cios para a cidade como um todo, impactando posi vamente na qualidade de vida das pessoas que ainda u lizam o centro, atraindo novos grupos para frequentar a área, retomando, assim, as a vidades que trarão mais vida para esse lugar que tanto necessita e merece resgatar sua história.
1.2. OBJETIVOS
imagem 03: vista do passeio público. Fonte: Acervo Pessoal
1.2.1. OBJETIVO GERAL O projeto visa fortalecer o valor do centro a par r dos seus potenciais, a ngindo diversos grupos sociais e voltando ser um lugar de lazer e convívio.
1.2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS - Interligar - criando um sistema - as praças, equipamentos históricos e culturais através da arte e cultural, juntamente com outras temá cas; - U lizar o estoque de imóveis vazios e subu lizados para a inserção de novos usos; - Oferecer uma melhor mobilidade urbana, favorecendo a circulação de pedestres e ciclistas; - Fortalecar a iden dade do bairro
2.
METODOLOGIA introdução
Esta pesquisa será dividida em três partes: primeiramente, o referencial teórico – desenvolvido através de livros, ar gos e teses - expondo problemas enfrentados pelos centros urbanos, como surgiram e como são percebidos na atualidade. A par r disto, o conceito de centros urbanos surge como pilar de entendimento dos processos de intervenções em centros urbanos, além de ajudar na compreensão dos processos de planejamento urbano em Fortaleza e nas estratégias u lizadas com obje vo de ordenamento do traçado do centro. Na segunda, serão analisadas intervenções urbanís cas com a temá ca semelhante, servindo como projetos de referência. Essa análise é imprescindível para que sejam observadas as estratégias e soluções u lizadas em outros locais. Também serão estudados projetos que não ob veram resultado posi vo, de forma a entender os mo vos que levaram ao fracasso da intervenção. Finalmente, a terceira parte consiste num diagnós co da área escolhida, que consiste na pesquisa e levantamento de dados, como os condicionantes sicos, análise socioeconômica, evolução urbana, hierarquia viária, aspectos ambientais, uso e ocupação do solo, legislação urbana, pologias habitacionais, vazios urbanos, etc. A par r do material colhido através do diagnós co e pelos estudos de caso, será gerado o Plano de Intervenção: Parque Pajeú, Parque Iracema, Pockets Parks, Vias e Mobiliário Urbano.
metodologia
referencial teórico
estudos de caso
diagnóstico da área
projeto de intervenção
imagem 04: vista interna da ENCETUR. Fonte: Acervo Pessoal
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3. introdução
REFERENCIAL TEÓRICO
3.1. CENTROS URBANOS Os centros da cidade têm sido caracterizados como o lugar mais dinâmico da vida urbana, onde acontecem várias a vidades diferentes em um mesmo local, como: a vidades terciárias, fluxo de pessoas, veículos e mercadorias, comércio, lazer, etc. Além disso, é localizada uma grande quan dade de ins tuições públicas e religiosas, o que fortalece ainda mais sua centralidade.
metodologia
referencial teórico
No entanto, quando a intensidade das expansões urbanas territoriais aumenta, sendo elas planejadas ou não, começam a surgir os “subcentros”, esses irão concorrer com o centro principal – é nesse momento que a noção de centro começa a se dissolver. Esse processo acelerou a degradação e o esvaziamento dos centros urbanos, onde passaram a ser “objetos de preocupação”. No Brasil esse processo só vai começar a acontecer no início dos anos 80. Os centros urbanos podem ter várias definições, entre elas: centro histórico, centro de negócios, centro tradicional, centro de mercado, entre outros. Independente se seja de caráter histórico ou comercial, é um lugar com diversidade étnica, onde aconteceram processos históricos relevantes, e que merece ser cuidado e preservado.
estudos de caso
diagnóstico da área
projeto de intervenção
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A visão de centro urbano como o lugar onde os trajetos se encontram, onde acontecem as ações que facilitam o abastecimento, encontro e descanso, historicamente definido como o lugar das trocas comerciais, leva ao conceito de centro de mercado. Se incluirmos ao úl mo, espécies de a vidades urbanas como: religiosa; polí ca; de lazer; cultural; financeiras, pode-se usar facilmente o conceito de Centro de Negócios. A noção funcional do centro, juntamente com a hierarquia dos espaços das a vidades urbanas, é que dá origem aos outros conceitos de centros principais, regionais, locais e subcentros, definidos pela diversidade de a vidades ofertadas e pela sua influência. A definição de Centro, portanto, implica a presença de uma cidade de diversidade étnica, portadora de processos históricos conflituosos, com milhares de anos de existência em permanente contradição (Carrion, 1998). Não apenas os edi cios expressivos e monumentais merecem ser preservados, mas também as edificações de todas as classes sociais que fazem parte da história, sem que essa concepção, no entanto, signifique um congelamento da cidade. (Marcuse, 1998).
A ação de intervir em centros urbanos, além de ter um caráter avalia vo de seus processos históricos, heranças e patrimônio, e de avaliar seu caráter funcional e sua posição em relação à estrutura urbana, tem como obje vo saber o porquê de se fazer a intervenção. Essa necessidade, nada mais é do que visualizar um processo de “degradação urbana”. Esse termo pode estar ligado à perda de suas funções ou rebaixamento do nível do valor das relações econômicas de um lugar. Além da parte sica, acontece a mesma coisa com os grupos sociais, onde a população é rebaixada a uma condição de empobrecimento e marginalização. Esse processo acontece devido ao crescimento e expansão do espaço urbano, vez que ao passo em que o centro cresce enquanto estrutura sica e econômica, outras a vidades urbanas também começam a florescer fora de seus limites, gerando uma concorrência entre esses espaços urbanos, pois a população procura por melhores locais para morar e viver. Com isso, ocorre um êxodo, uma movimentação de a vidades rentáveis, subs tuídas, geralmente, por outras menores, informais e muitas vezes ilegais. Esse “abandono” ocasiona uma queda na arrecadação de impostos, e consequentemente, uma redução na atuação dos serviços públicos.
imagem 05: centro de Fortaleza na década de 70. Fonte: h p://fortalezanobre.blogspot.com.br/2011/05/fortaleza-an ga-ii.html
imagem 06: centro de Fortaleza na década de 40. Fonte: h p://fortalezaemfotos.blogspot.com.br/2010/07/as-alegres-pensoes-do-centro.html
Atualmente, as ações de recuperação dos centros das metrópoles derivam da implantação de ações de captação de inves mentos e atração de moradores, usuários e turistas, movimentando assim a economia e contribuindo para uma melhor qualidade de vida. A literatura internacional, através de seus diversos estudos de caso, elenca inúmeras ações de retorno ao centro e auxilia no entendimento dos vários pos de processos de intervenção que ocorreram historicamente, mencionando os diferentes períodos de predominância de correntes doutrinárias em relação aos obje vos visados e as diversas estratégias u lizadas na sua consecução, de acordo com os dis ntos contextos históricos. A classificação desses períodos varia na literatura entre os diversos autores, no entanto, Heliana Comin Vargas e Ana Luisa Howard de Cas lho, em sua obra “Intervenções em Centros Urbanos”, à qual u lizei como uma das bases da minha pesquisa enumera esses processos na ordem abordada a seguir:
imagem 07: praça do Ferreira na década de 50. Fonte: h p://dacadeirinhadearruar.blogspot.com.br/2011_11_01_archive.html
imagem 08: Bonde e Estação João Fellipe Fonte: h p://blog.opovo.com.br/blogdoeliomar/fortaleza-an ga-la-vem-o-bonde/bondee/
3.1.1. OS PROCESSOS DE INTERVENÇÃO – 1950 2004
obje vando uma maior gama de possibilidades e consequentemente de atração de público diferenciado para o centro. (VARGAS; CASTILHO, 2009).
3.1.1.1. A Renovação Urbana – 1950-1970 Nesse período a forma de intervenção mais u lizada primava pela supremacia do “novo” e se pautava pela máxima “demolir para construir e renovar”. Essas ações coincidiram com o interesse dos idealizadores do movimento, essencialmente de elite, com a dos patrocinadores, que o materializaram.
imagem 09: Lincoln Center, Nova York Fonte: h p://www.rlorelli.com/ProjectList/NYS-Theater.htm
imagem 10: Ghirardelli Square: um paradigma da reu lização de edi cios industriais para uso comercial Fonte: h p://www.wrsol.com/usatravelguide/2009/03/thingstodoinsanfranciscoghirardellisquare/
Nos Estados Unidos a renovação surgiu como contraponto ao processo de suburbanização, ocasionado pela migração em massa da população para a periferia, em razão da maior segurança e do surgimento dos shoppings periféricos, incen vando grandes processos demolitórios no centro com obje vo de atrair novamente as pessoas que migraram de lá. Nos países Europeus, optou-se pela prá ca da reconstrução pós-guerra juntamente com o idealismo do movimento moderno, porém, diferentemente dos EUA, os centros Europeus eram dotados de grande valor histórico e sen mental para a população, razão pela qual o processo de demolição em larga escala não foi tão abrangente quanto na América. (VARGAS; CASTILHO, 2009). Na Europa os obje vos que mo varam essas intervenções foram, principalmente, problemas de conges onamento e reconstrução pósguerra e suas principais áreas de atuação foram os espaços públicos. O diferencial posi vo ocorreu através da des nação desses imóveis para uso público, o que se fez essencial para a consolidação do que restara do patrimônio urbano e, principalmente, que houvesse uma maior preocupação com sua preservação. Já nas cidades norte-americanas, o que aconteceu foi uma extensa demolição - ex nguindo grande parte de uma área urbana já consolidada - e sua posterior reconstrução. Esse processo foi denominado de “Renovação Urbana”, e nha como caracterís ca a renovação total do espaço, sem que nenhum prédio fosse preservado. Em uma conferência organizada e liderada pela Companhia de Seguro de Vida de Connec cut, que reuniu vários profissionais discu ndo sobre essas questões, chegou-se à conclusão de que as áreas centrais precisavam realizar melhoramentos no trânsito para reduzir os conges onamentos, como o alargamento de vias e a construção de estacionamentos. Debateu-se também sobre a questão da qualidade de vida, obtendo como proposta principal o resgate da natureza com a criação de espaços verdes no centro. Foi também ven lada no referido evento, a problemá ca da diversificação de ações, onde a sugestão seria a construção de diversos empreendimentos como hotéis, fábricas, armazéns, torres empresariais, entre outros,
No que tange à questão dos impostos – reduzidos após o êxodo – foram criadas várias associações e elaborados 700 planos para os centros. Ocorreu, também, o processo de “desfavelização”, onde milhares de casas foram derrubadas e reconstruídas, através do Programa Federal de Renovação Urbana, se coadunando com os interesses dos agentes imobiliários. Umas das principais estratégias para a recuperação dessas áreas foi a criação de vias de exclusividade para pedestres, diante da falsa assunção de que o problema do comércio estava diretamente relacionado com a dificuldade de se deslocar a pé. No entanto, essa foi uma estratégia que, só depois, descobriu-se ser falha, em razão da inviabilização do trânsito e da marginalidade que foi criada nas vias exclusivas, que acabaram servindo de abrigo para mendigos e impulsionaram sobremaneira a insegurança da população em relação ao centro. Ademais, as áreas demolidas receberam grandes torres empresariais e habitacionais para as classes de maior renda, com o intuito de arrecadar impostos. Contudo, essas torres foram construídas de forma isolada em jardins enormes, que não serviam de atra vo para as pessoas, vez que não se cons tuíam em locais próprios de convivência, seguindo o modelo de Urbanismo Moderno de Le Corbusier. (VARGAS; CASTILHO, 2009). Em consequência do insucesso do modelo e das crí cas geradas em torno dos edi cios isolados, monofuncionais e fechados para o público, e do sucesso dos shoppings periféricos, novos produtos foram pensados para atrair o público ao centro, com a discussão de uma nova possibilidade de u lização dos edi cios an gos. Outra crí ca relevante foi feita em relação ao esvaziamento das áreas centrais em detrimento do processo demolitório e de reconstrução, vez que um dos impactos dessa grande demolição foi a remoção das pessoas e suas residências no ato da intervenção, o que gerou grande segregação, pois foi realizado sem consulta sobre os interesses da comunidade, além de por termo aos empregos e aos pequenos negócios. Na Europa, juntamente com a reconstrução, foi iniciado um processo de recuperação e preservação emocional nas áreas mais an gas da cidade. “A diferença entre os países orientais e ocidentais, não está na metodologia nem nos critérios usados, mas na maneira como se apresenta a estruturação fundiária. Nos países orientais, com regimes socialistas, o patrimônio era cole vo; já nos ocidentais, o espaço público foi mesclado com o privado. (Ciardini e Falini, 1983).”. A par r daí, começou-se a se delinear as bases para uma nova forma
introdução
metodologia
referencial teórico
estudos de caso
diagnóstico da área
projeto de intervenção
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de intervir em espaços urbanos centrais, u lizando métodos menos agressivos.
as crí cas que foram feitas no período anterior, foram pensados vários projetos, tanto para interesse urbano, quanto para os negócios empresariais, juntamente com a integração da comunidade.
3.1.1.2. A Preservação Urbana – 1970-1990 introdução
metodologia
referencial teórico
estudos de caso
diagnóstico da área
projeto de intervenção
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Essa fase de transição de um método para o outro trouxe em seu bojo a ruptura com o movimento anterior: o modernismo. A nova teoria reforça a importância da preservação dos an gos prédios históricos – iniciada pelo es lo de intervenção Européia – conferindo-lhes novos usos, tais como: armazéns, lojas, museus, mercados, teatros, e introduzindo o comércio e serviços de varejo. Com isso, ocorreu um resgate da história dos velhos centros urbanos, empreendimentos patrimoniais e heranças nacionais, impulsionando uma onda de moda retrô e uma comercialização em massa da nostalgia, em virtude desses novos acontecimentos. Nos Estados Unidos, a comemoração do Bicentenário da Independência trouxe uma significa va mudança no modo de pensar a intervenção e um crescente interesse pela preservação do patrimônio nacional. Porém, muitos crí cos asseveravam que esse sen mento em relação ao patrimônio era uma espécie de pretexto à uma preocupação especialmente voltada à situação econômica e ao lucro. Nessa esteira, a proposta do modelo de preservação urbana buscou o agrupamento dos prédios históricos nos projetos de reestruturação das a vidades no centro, como: experiências clássicas de comércio e serviços existentes. Citar fontes nesse parágrafo. A preservação desses edi cios estava presente no discurso da maioria das classes sociais, que comungavam do mesmo interesse de resguardar suas conquistas, ambientes e objetos afe vos, tornando o ato de preservar edi cios em uma prá ca comum. Vale destacar a quan dade de norma zações e legislações surgidas nesse período com o fito de preservar os centros conhecidos como “históricos”, muitas vezes confundidos com os centros urbanos. Citar fontes nesse parágrafo. Apesar desse grande movimento e conscien zação - incen vados por grandes empresas e organizações (UNESCO) – sua atuação foi mais marcante em partes isoladas da cidade e comumente direcionadas às edificações, sem nenhuma atenção para o entorno. Esse modelo era fundamentado pela valorização da memória, pela organização da sociedade em torno do patrimônio histórico e pelo discurso de que os centros urbanos iam ser fundamentais para a vida urbana e provocariam uma sensação de iden dade e orgulho cívico. Com isso, os empreendedores, juntamente com os administradores da cidade, veram visões oportunistas em relação a esse movimento. Dessa forma a relação público/privado se fortaleceu e, para apagar
As estratégias desse novo método para atrair usuários para o centro foram: intervenção sica por meio de projetos arquitetônicos – acreditavam que esses eram catalisadores do processo de recuperação urbana - polí cas públicas e implementação de gestão compar lhada. Devido ao maior poder de decisão do Estado no tocante às intervenções urbanas, houve uma lógica predominância dessas intervenções na área de polí cas públicas, com inspiração no modelo Europeu e que depois viriam a servir de exemplo para diversos outros países. Houve intervenções nas áreas de comércio central, o que influenciou sobremaneira nas habitações de pessoas de baixa renda, nos sistemas de transporte público, no ambiente urbano e etc. Devido ao crescente processo de transformação e resgate de monumentos que se espalhou em todo o mundo, e a respec va atribuição de novos usos àqueles marcos históricos, pôde-se falar em uma ampliação relevante dos mo vos que ensejam as intervenções urbanas. Nesse sen do, algumas discussões fazem-se recorrentes quando se fala em intervenções nos centros urbanos, tais como: (as priva zação dos espaços públicos) as parcerias público-privadas – que costumam ser cri cadas nega vamente, pois são acreditadas por induzir o processo de priva zação da cidade; o comércio e serviços como estratégia de recuperação – essas são tratadas por alguns autores como catalisadoras das principais estratégias de recuperação de áreas centrais; criação de cenários – também denominada de “parque temá co”, pois criadora de um novo ambiente urbano, por meio da restauração de áreas históricas como objetos de consumo, criando um “espetáculo”, com o intuito de atrair residentes e turistas, alimentando a a vidade comercial; e o entendimento histórico. Citar fontes nesse parágrafo. Todos esses processos e instrumentos viabilizados para a recuperação das áreas urbanas, conduzidos ao desenvolvimento urbano local e mo vados pela preservação do patrimônio, atuaram como a semente de um novo momento nos processos de intervenção em áreas centrais.
imagem 11: O centro Pompidou, em Paris, apresenta indícios da importância da arquitetura na promoção da gestão urbana, por meio de elementos constru vos de apelo tecnológico e de impacto visual Fonte: h p://www.consueloblog.com/wp-content/uploads/2013/08/Pompidou_ 1342521503_org.jpg
imagem 12: Faneiul Hall Marketplace, Quincy Market, Boston (1976) - marca o início de um período de venda da história em um ambiente de compras Fonte: h p://opentravel.com/Faneuil-Hall-Marketplace-Boston-United-States
3.1.1.3. A Reinvenção Urbana – 1980-2000 O crescimento das tecnologias de comunicação (propaganda), aliado ao aumento da capacidade de difusão da informação, promoveu uma mudança na relação das a vidades econômicas com o território, tornando-as mais livres do espaço sico, ao passo em que ampliava sua visibilidade. Com essa habilidade de espalhar informações, o território se tornou um objeto de consumo – mercadoria dos inves dores, cidadãos de renda alta, e turistas -, e não apenas um local de produção. Nas sociedades an gas, a cidade era conhecida como lugar de encontro, troca e permanência, porém, com a globalização e com o planejamento urbano estratégico passa a ser lugar de movimento, transição e fluxos. O capital imobiliário e o poder público criaram uma parceria, onde o primeiro foi responsável pela geração de localizações exclusivas e mo vação da demanda por meio da oferta, e o segundo pela busca de uma imagem posi va da cidade, através da propaganda das localizações e da valorização da cidade frente aos capitais externos, a fim de melhorar a economia urbana. Esse é o marco inicial da u lização das técnicas de marke ng urbano, no processo de transformação da cidade em produto. Nesse período podemos iden ficar alguns obje vos principais das intervenções urbanas, tais como: criação ou recuperação das bases econômicas das cidades para geração de emprego e renda, a vação dos projetos arquitetônicos e urbanís cos como forma de ascensão dos par dos polí cos e a união do setor público e privado,
principalmente do setor imobiliário, a fim de intervir – reinventar ou reconstruir – a área construída. (VARGAS; CASTILHO, 2009).
para atrair turismo, movimentar a economia e trazer bene cios para a população moradora.
No que pese a permanência das estratégias u lizadas, houve grande mudança no volume dos projetos, foco de intervenção, forma de administrar e a proliferação desses feitos em decorrência de sua divulgação. Nas áreas centrais, as questões da preservação histórica se man veram, e nas demais áreas a busca pela novidade se mostrou uma área produ va para experiências. Nesse período, a cidade passou a ser vista como um empreendimento, devido ao aperfeiçoamento dos instrumentos de intervenção e da u lização dos princípios de planejamento estratégico - com o uso de seu instrumento mais eficiente: O city marke ng. Nesse encadeamento, o grande projeto urbanís co vai servir de elemento catalisador.
Atualmente, há um forte interesse dos governos por áreas centrais desvalorizadas, para realização de projetos de atração de consumidores aos espaços subu lizados. A priorização do Social, anteriormente em voga, foi superada pela valorização da imagem, da esté ca e da maquiagem. Porém, o obje vo de retorno das a vidades aos centros, foi alcançado.
As gestões urbanas hoje se baseiam na melhoria do espaço construído, na sinalização urbana, na acessibilidade e segurança, além de incen vos para o uso residencial, controle das áreas no período da noite, apoio aos visitantes e promoção do comércio local.
“Enquanto a imagem da cidade pode ser um elemento importante para atrair capital e pessoas, em um período de intensa compe ção urbana, lugares espetaculares e fes vais públicos servem, também, para ofuscar fortes conflitos sociais e desigualdade. A sociedade pósmoderna provê sua população, como os an gos imperadores romanos provinham, de panem et circensus, ou pão e circo, para sustentar a ordem capitalista”. (Harvey, 2001 apud VARGAS; CASTILHO, 2009).
3.1.1.4. Considerações Devido ao crescente ganho de visibilidade, os projetos urbanís cos passaram a adquirir maiores escalas e a fazer maior uso da propaganda, propositalmente por conta das novas interpretações de espaço, na época, que passaram a considerar a cidade como local de consumo. Juntamente com essa nova visão, foram geradas diversas melhorias urbanís cas para os consumidores, fossem na área de a vidade mista, residencial, comercial, infra-estrutural, de museus, etc. Essas melhorias cons tuíam uma forma de marke ng e, foram u lizadas imagem 13: Moll de La Fusta, Barcelona, Espanha, 1998. A importância da orla de rios e mares para complementar os espaços públicos urbanos de convívio, de encontro e de consumo. Fonte: h p://www.flickr.com/photos/vimets/164331083/
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Uma das conclusões que podemos destacar da análise desses três períodos é a importância de um diagnós co detalhado para a realização de intervenções urbanas, diante das variações que estas sofreram em diferentes períodos e contextos, em decorrência da dinâmica do local onde foram aplicadas. Podemos aferir do estudo dessas abordagens, a prá ca de equívocos e pontos de vista errôneos do que a cidade – área central – necessitava. O principal exemplo a ser citado é o da Renovação Urbana – que no ato de demolir e construir – desconsiderou os empregos, a população e os pequenos comércios já estabelecidos no local e os subs tuiu por edi cios construídos para a classe média e alta. Os novos edi cios, de caráter segregacionista, geravam espaços públicos desprovidos de uso, além de causar in midação e retração da população local. Enobrecer uma área da cidade, normalmente, é resultado de uma gestão compar lhada, o que se faz imprescindível para a execução de projetos de grande porte, que, no entanto, precisam ser pensados para todos, especialmente voltando-se aos interesses da população local. Outra estratégia que se mostrou ineficaz no período de Renovação Urbana foi o fechamento de ruas para des nação somente ao trânsito de pedestres. Várias cidades a u lizaram – até mesmo São Paulo – com obje vo de recuperar o comércio que havia sido prejudicado pelo surgimento dos Shoppings. No entanto, os resultados não foram posi vos, vez que essa ação ocasionou efeitos prá cos indesejados, a exemplo de: dificuldades de estacionamento, mendicância com
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consequente marginalidade e insegurança para a população, êxodo das chamadas lojas âncoras para os Shoppings periféricos, que ofereciam soluções imediatas a essas dificuldades. Nessa esteira, devemos rar como lição desse po de intervenção, que ela deve ser atrelada a outros modais e ao desenho urbano, agindo de forma coerente para beneficiar o pedestre sem prejudicar o fluxo de automóveis. Dessa feita, concluímos que a preservação e a valorização de edi cios históricos e a determinação de novos usos para aqueles que se encontram abandonados ou subu lizados, são a tudes que devem fazer parte das ações de requalificação. A u lização desses edi cios para fins culturais, aproveitando sua importância histórica e, a inserção de equipamentos modernos que facilitem a integração do lugar com a população são essenciais. Por fim, as propostas de intervenção e requalificação devem possuir caráter sistêmico e não pontual, buscando a integração da cidade em um conjunto harmônico entre espaço e população.
3.2. HISTÓRICO DA ÁREA CENTRAL DE FORTALEZA Inicialmente, é necessária uma compreensão de como aconteceu a história de Fortaleza, para isso serão considerados alguns dados rela vos à evolução urbana da cidade e à cons tuição de sua área central – através de levantamento de dados - no período que abrange os primeiros planos de reforma organizado por Adolfo Herbster no final do século XIX e as tenta vas de melhorias urbanas e de controle social que começaram na primeira república. Estas reformas alastram-se pelas primeiras décadas do século XX, quando a cidade já exibia expressivo desenvolvimento urbano e prognos cava a caracterização de um centro integrador, espaço de trocas comerciais e simbólicas, diferente das áreas tomadas somente pela função habitacional. Este levantamento realça - de forma resumida - as ações e intervenções no sen do da organização do espaço urbano no período, a fim de examinar os aspectos da inicia va da reestruturação espacial que a cidade estava para adotar. Depois, iremos ver como seu centro foi adequado as a vidades socioeconômicas e culturais que a população estava passando naquela época. Interessa-nos, neste estudo, que a análise destes planos permita destacar aquelas intervenções e proposições urbanís cas cujo objeto foi o centro da cidade, destacando projetos arquitetônicos e intervenções urbanís cas como alavanca para o processo de desenvolvimento urbano do local. Desse modo pretendemos ressaltar os modelos de centro que propunham estes planos.
imagem 14: Rua Guilherme Rocha. Fonte: Acervo Pessoal
3.2.1. As origens do desenho urbano e as reformas urbanas De acordo com Jucá (2000, p. 21), o processo de ocupação de Fortaleza surgiu no contexto da expansão holandesa. Entretanto, Fortaleza só evoluiu da condição de simples for ficação a povoado na segunda metade do século XVII. Embora não houvesse obje vo para fundar uma povoação, vila ou cidade, isso ocorreu de forma espontânea. Sua emancipação só ocorreu por meio da Carta Régia de 1726, onde o Capitão-Mor Manuel Francês defini vamente ba zou a Vila de Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção. Para o inglês Henry Koster que transitou por Fortaleza pela primeira vez em 1810, esta era um agrupamento de ruas sem calçamento e casas derrubadas. “Outras dificuldades da cidade eram a ausência de transporte e porto e o pesadelo das secas. Ressaltava que as residências só possuíam o pavimento térreo e as ruas e praças não eram calçadas. A vila de Fortaleza nha apenas 1.200 habitantes, quatro ruas centrais e um comércio restrito.” (KOSTER, 1942: 34-7, 165-7 e 179 apud JUCÁ, 2000, p.28). Na primeira metade do século XIX, novas perspec vas de desenvolvimento para a Vila do Forte serão visíveis logo quando a capitania se torna independente e porto exportador de algodão. As ações feitas pelos governadores da capitania na Vila do Forte foram basicamente na direção de seu desenvolvimento material e da manutenção da ordem. A par r dessas ações a Câmara Municipal foi incen vada a solucionar problemas rela vos aos aspectos sicos da Vila. Nesse contexto é que Silva Paulet – em 1812 – vai propor um plano de organização sica para o lugar. Resumindo, pode-se dizer que o plano de Paulet consis a na criação de ruas em quadrícula no planalto localizado a oeste do Riacho Pajeú, nas vizinhanças da Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção e da sua aproximação às áreas caracterizadas pela ocupação linear nas margens deste riacho. O plano tem como destaque, também, a abertura de uma rua a leste do riacho Pajeú, até então, obstáculo sico que impossibilitava o desenvolvimento da vila para o lado oriental. A par r do plano de Silva Paulet se concre zou o traçado xadrez que orientou as ações posteriores de correção e expansão do tecido urbano da cidade. Seguindo o caminho das primeiras ações de organização sica do espaço, a segunda metade do século XIX irá assis r ao primeiro indício da preocupação em estudar a malha urbana por meio de um plano urbanís co que buscou organizar a expansão da cidade através de um alinhamento de ruas e abertura de avenidas.
introdução
metodologia imagem 15: À esquerda, plante de Silva Paulet, de 1812, aprovada pelo Conselho Municipal em 1824, um ano depois da elevação de Fortaleza à categoria de cidade. O plano de Paulet ocupava uma área diminuta e plana na margem esquerda do Riacho Pajeú, na qual as ruas principais foram traçadas no sen do norte-sul, par ndo do mar e dirigindo-se para o sertão. Fonte: CASTROS (1994). imagem 16: À direita, a planta de Padre Manuel do Rêgo Medeiros, de 1856. Fonte: CASTROS (1994). Seguido do projeto de Paulet, em 1856, o Padre Manuel Rêgo fez o levantamento da “Planta da Cidade de Fortaleza”, porém, apresentou algumas falhas em relação à con nuidade dos quarteirões já abertos na zona central. A par r desse acontecimento, percebeuse a necessidade de u lizar um profissional para tal ação, e assim o engenheiro Adolfo Herbster foi contratado no período entre 1859 e 1888, tendo realizado quatro plantas da cidade.
3.2.2. Adolfo Herbster – 1875 O plano oficial de expansão viária e a consolidação de uma forma urbana previamente decidida, só foi se concre zar em 1875, ba zado de “Esquema Topográfico da Cidade de Fortaleza”. O traçado da cidade foi ampliado por Herbster com a construção de três “ruas largas”, introduzindo um contorno de avenidas, chamadas “bulevares”, que formam um quadrado aberto no lado que seria a face do mar. O perímetro demarcado por essas ruas largas denota uma muralha invisível que divide duas partes do tecido, que deverão se desenvolver em tempos e lógicas dis ntas. (DANTAS, 2002). Apesar deste caráter futurista, o plano de Herbster nha contradições, cujas principais foram: o predomínio de um método de divisão de terras caracterizado por lotes profundos e estreitos – a exemplo dos u lizados na época colonial portuguesa, que geravam uma pologia de habitação dita casa-corredor - afrontando o traçado afirmado como moderno; a não comunicação direta da parte urbanizada da cidade com o mar na zona de praia a oeste do Pajeú. Além disso, o plano ortogonal ex nguiu algumas radiais, e as que con nuaram não
possuíam ligação direta com a área central, causando uma dificuldade de acesso. A par r desse plano, começa a acontecer uma série de inicia vas de reparo urbano, a fim de atender carências que impediam a tenta va de alinhar as cidades brasileiras aos padrões de desenvolvimento e progresso difundidos pelas metrópoles europeias, dentre elas intervenções com estratégias de embelezamento e saneamento dos espaços urbanos e implantação de equipamentos que correspondessem às demandas do grupo de proprietários urbanos e comerciantes atuantes na vida urbana, com a intenção de promover o reajuste social das camadas populares, especialmente pelo controle da saúde e dos comportamentos no espaço público. O movimento de reconstrução urbana, em Fortaleza, teve como impulso o Mercado de Ferro (1897), o embelezamento das praças (1902-03) e a construção do Teatro José de Alencar (1910). A par r dessas ações modeladoras, a paisagem urbana foi se modificando e ganhando suas primeiras mansões com belas fachadas, prédios públicos imponentes, calçamento, rede de iluminação a gás carbônico, lojas e cafés com nomes franceses e estabelecimentos comerciais que ocuparam o entorno da Praça do Ferreira – deslocando as residências para as vias mais afastadas. Além do embelezamento da capital que ocorreu por meio da reformulação das principais praças, da arborização, da iluminação das vias centrais e da construção de um Passeio Público - onde se criou um espaço em que a orla é aproveitada como elemento paisagís co, disponibilizando para a cidade um lugar agradável que evidenciava claramente a divisão entre lazer e trabalho e de uma hierarquização social ni damente
referencial teórico
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definida. Essas ações tornaram o centro da cidade em um conjunto urbano rico de a vidades. (FERNANDES, 2004). Entre os anos de 1931 e 1932, na administração do Coronel Tibúrcio Cavalcan , foi elaborada a “Planta Cadastral da Cidade de Fortaleza”, na qual se verificou a implantação total do projeto de arruamento proposto por Herbster no seu plano de 1875. Porém, observavase a expansão espontânea e irregular para além desse traçado, especialmente ao longo das vias-eixos de penetração para o interior, destacando-se a ocupação das terras próximas às Avenidas: Bezerra de Menezes (Estrada de Soure), Capistrano de Abreu (Estrada da Parangaba) e Visconde do Rio Branco (Estrada de Messejana). A par r das melhorias no sistema rodoviário, o contato do interior do Estado com a Capital tornou-se mais frequente, acentuando o estabelecimento ao longo dessas vias. Tornou-se percep vel a introdução de um novo elemento à malha urbana, dando-lhe novo direcionamento, com a materialização de um sistema de vias radias para somar ao traçado em xadrez (FORTALEZA - CODEF/PMF, 1979). A expecta va de Herbster foi efe vada em relação à ocupação da área por ele projetada, e Fortaleza ganha um novo “Plano de Remodelação e Extensão” que iria considerar sua totalidade.
Imagem 17: Plantas de Fortaleza elaboradas por Adolfo Herbster na segunda metade do século XIX. À esquerda, a “Planta Exacta da Cidade”, de 1859, mostra os an gos caminhos de penetração espalhando-se na periferia da cidade. Imagem 18: Ao centro, o “Esquema Topográfico da Cidade de Fortaleza”, de 1875, na qual Herbster amplia o traçado em xadrez e estabelece a cintura de ruas largas (bulevares). Imagem 19: À direita, a planta de 1888. Fonte: CASTRO (1994).
3.2.3. Das ações de embelezamento e remodelação aos planos urbanís cos. estudos de caso
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A expansão urbana da cidade de Fortaleza teve como marco a década de 30. Comparando a ocupação desorganizada ao longo das vias de ligação com o interior – crescimento urbano desordenado – com a área de ocupação projetada por Herbster, podemos perceber com ni dez o grande avanço dos fluxos migratórios a par r de 1932 – ano de seca em todo o Estado. Dados censitários atestam o crescimento da população de Fortaleza entre os anos de 1920 e 1940 como sendo da ordem de 129,4% (SOUZA, 1978). O acréscimo populacional devido ao fluxo migratório iria repercu r espacialmente, provocando o rápido crescimento da cidade verificado pela ampliação constante do espaço urbano que, facilitada pela ausência de obstáculos sicos, veio a configurar uma população dispersa em baixas densidades urbanas (SOUZA, 1978). Este po de dispersão juntamente com o grande processo de migração de pessoas vindas do campo em condições precárias acabou servindo de substrato ao surgimento dos primeiros conjuntos chamados de “favelas”. Instaladas nas áreas periféricas e não urbanizadas da cidade, nham pouquíssimos recursos e serviços urbanos, além disso, o número de desamparados emergia e começava a fugir do controle das autoridades municipais. Junto com esta expansão não planejada,
Imagem 20: Quadras e lotes no traçado em xadrez da área central de Fortaleza. O comprimento dos quarteirões varia de 110m a 130m. A largura das avenidas é de 22m, e das ruas entre 13,20m e 15,40m. As calçadas, em geral, apresentam largura de 2,20m. A divisão fundiária caracteriza-se por lotes profundos e estreiros, gerando uma pologia de edificações estreitas e compridas, agregadas em casario con nuo, de pavimento térreo. Fonte: CASTRO (1994) e desenho de FILHO (2008).
observa-se o domínio espacial do comércio no núcleo central e o afastamento das habitações das classes médias que passam a ocupar os bairros Jacarecanga, Praia de Iracema e no Outeiro, reforçando a condição de segregação sócio-espacial entre ricos e pobres (PONTE, 1993). Esses fatores foram relevantes para incen var a elaboração de um novo plano urbanís co que considerasse a cidade de modo global, tendo o plano de Herbster como inspiração. Uma mudança na condução das intervenções no espaço urbano municipal aconteceu através da contratação do urbanista Nestor de
Figueiredo para a criação do seu “Plano de Remodelação e Extensão da Cidade de Fortaleza” em 1933, sob comando do prefeito Raimundo Girão.
3.2.4. Plano Nestor Figueiredo – 1933 No que pese encontrar uma situação urbana já consolidada, Nestor propunha: a implantação de um sistema viário baseado no alargamento das vias radiais de penetração e na sua conexão
através de vias periféricas concêntricas; a demarcação de bairros residenciais com limites definidos em oposição aos bairros ou zonas comerciais e industriais; a determinação de reservas de áreas verdes para recreação; a criação de zona universitária e hospitalar, além da sugestão quanto à localização de edi cios públicos importantes em função do desenho urbano que privilegiava a criação de grandes perspec vas em espaços de desafogo como medida para a suavização da malha em xadrez que, certamente, se expandiria (SALES, 1996). Basicamente, o “Plano de Remodelação e Extensão de Fortaleza” abrangeu uma área de 1.800ha, e buscava redefinir o traçado xadrez por meio de intervenções como: alargamentos das vias radiais; abertura de vias periféricas; criação de um sistema rádio concêntrico de vias principais. Além disso, propôs a ex nção do ramal ferroviário e a criação de uma via perimetral externa com aspecto de via expressa, procurando formar uma ligação entre os bairros sem que passasse pela zona de comércio, estabelecendo um perímetro que abrangesse a ocupação urbana que os índices de crescimento populacional previam. Nestor planejou um espaço com dimensionamento maior do que a cidade apresentava, demonstrando uma preocupação em conduzir os des nos da expansão urbana e, principalmente, uma visão futura das transformações do modernismo capitalista para a cidade. O traçado proposto por Nestor de Figueiredo demonstra uma influência simultânea de Le Corbusier e de Alfred Agache. De Agache, ele tomaria as perspec vas e visuais, avenidas em “Y”, praças e conjuntos vinculados ao movimento acadêmico e à monumentalidade do es lo arquitetônico francês Beaux-Arts e do City Bea full – movimento de reforma e planejamento urbano norte-americano. De Le Corbusier, ele guardaria o zoneamento funcional e um sistema de circulação hierarquizado; um desenho com ênfase na engenharia urbana, em que tráfego e saneamento configuram a cidade eficiente. Esta dupla filiação caracterizaria um plano preocupado em responder aos múl plos aspectos do urbanismo através de duas dimensões principais: o planejamento urbano que se ocupa das grandes funções e a composição urbana que trata da estrutura formal. (FILHO, 2008) O Plano de Nestor não foi posto em prá ca, pois as possíveis desapropriações de lotes dentro do perímetro da cidade eram temidas pelos proprietários, evidenciando a divergência de interesses entre os setores municipais que exaltavam outros problemas mais urgentes do que o plano, que apesar de não ter sido concre zado, suas ideais con nuaram a influenciar nas ordens sicas e territoriais posteriormente elaboradas.
introdução
metodologia Imagem 21: À esquerda, “Plano de Remodelação e Extensão da Cidade de Fortaleza”, elaborado por Nestor de Figueiredo, em 1933. Fonte: Arquivo da Biblioteca DAU-UFC. Imagem 22: À direita, projeção do traçado de Nestor sobre a malha de Adolfo Herbster (1875). Fonte: FILHO (2008)
3.2.5. Plano Saboya Ribeiro – 1947 As principais diretrizes do plano de Saboya Ribeiro são: modo de vida urbana mais saudável e salubre; recuperação de componentes importantes da paisagem natural; manutenção da estrutura urbana existente e planejamento de bairros onde seus limites seriam um traçado de vias ortogonais, diagonais e radiais, hierarquizadas. No que diz respeito à área central, várias diretrizes foram traçadas a fim de uma reconstrução no centro, sendo elas ligadas a estrutura viária tendo em vista a melhoria das condições de acessibilidade e mobilidade – alargamento progressivo das an gas vias e aumento dos recuos –, estando diretamente associadas com o
aumento do potencial constru vo – ver calização moderada – e, consequentemente, induzindo a ampliação de fluxos em direção à zona e fluidez no tráfego – onde o crescente domínio dos vários pos de veículos nas ruas do centro prever uma saturação dos fluxos e dos intensos movimentos centrípetos que poderiam causar efeitos nega vos para o seu funcionamento. “À introdução dos circuitos de avenidas largas no centro urbano, somavam-se propostas complementares tais como: abertura de pá os para a ven lação e iluminação no interior das quadras, comunicandoos com as ruas, configurando espaços de caráter semipúblico; criação de amplas galerias cobertas com cerca de seis metros de largura ao longo dos passeios de ruas como Major Facundo e Barão do Rio
referencial teórico
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projeto de intervenção Imagem 23: À esquerda, “Plano de Remodelação e Extensão da Cidade de Fortaleza”, elaborado por Saboya Ribeiro, em 1947. Fonte. RIBEIRO (1955). Imagem 24: À direita, projeção do traçado de Saboya Ribeiro sobre a malha de Adolfo Herbster (1875), com destaque para o sistema de áreas verdes. Fonte: FILHO (2008).
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Branco, permi ndo, sobre elas, a construção de edi cios em altura, dentro do gabarito es pulado de 23,50 metros; conexão das Avenidas Bezerra de Menezes com Duque de Caxias; alargamento da Rua General Sampaio para 24 metros; criação de uma avenida paralela ao mar, à feição de Avenida Central, que cortava o centro na altura da Rua Liberato Barroso, cruzando todo o perímetro urbanizável de leste a oeste, estendendo para além do bairro da Aldeota; duplicação da Rua Rufino de Alencar, melhorando as condições de transbordo do centro em direção à Avenida Monsenhor Tabosa, também mais larga; alargamento das Avenidas Conde D’eu, Sena Madureira e Pinto Madeira, conectando-as à Avenida Canal do Pajeú proposta que se estendia até a atual Avenida Rui Barbosa e outras.” (FERNANDES, 2004, p.55). Dentre estas medidas, a que melhor confirma a importância que Saboya buscou atribuir ao centro foi a criação de uma Zona Administra va, nas marginais do Riacho Pajeú, onde seriam implantados edificações de uma importância para o poder municipal. Com isso, Saboya estava claramente reforçando a condição de espaço das a vidades urbanas e o simbolismo histórico do centro, já demonstrando uma
preocupação de preservação e recuperação do patrimônio natural, caso dos Riachos Jacarecanga e Pajeú. O Plano não foi posto em prá ca, por conta da recusa dos proprietários de imóveis, que não aceitavam a diminuição dos terrenos construídos a fim de alargar vias, aumentar os recuos e abrir pá os no interior das quadras. Soma-se a isso a ina vidade do poder público, que já naquela época era refém das forças econômicas representadas pelas elites comerciais e que nham como suas reservas de valor os terrenos no centro. Apesar disso, não se pode deixar de considerar o grande número de edificações de grande porte com importância histórica e de valor relevante para as condições econômicas, que iriam sofrer desapropriações e demolições com o alargamento das vias. Apesar de todos os elogios feitos ao plano, Saboya não obteve estudos aprofundados e realistas da situação e possibilidades econômicas da cidade, com soluções ousadas e avançadas, Fortaleza não teve condições de arcar com essa segunda tenta va de urbanização, que morreu por ter nascido inviável.
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Imagem 25: À esquerda, em destaque, a “Zona Administra va” proposta por Saboya Ribeiro. Este projeto urbano, que exigia o descor namento do Riacho Pajeú, não chegou a ser detalhado, mas veria a ser em parte realizado, como parque urbano. Imagem 26: À direita, durante a administração do Prefeito Lúcio Alcântara (1979-82). Fonte: Arquivo FAU/UFRJ e Arquivo da Prefeitura de Fortaleza.
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3.2.6. Plano Hélio Modesto – 1963 O plano de Hélio Modesto basicamente segue as mesmas diretrizes do projeto de Saboya Ribeiro, tais como: organização da área central; planejamento da ocupação dos bairros residenciais e a estruturação de um sistema viário rádio-concêntrico sobre o plano ortogonal, porém sua estratégia vai ser inovada, baseando-se em estudos econômicos e sociais aprofundados – com o intuito que o plano a ser elaborado vesse preocupações e diretrizes urbanís cas que diminuíssem a segregação social que estava acontecendo em Fortaleza - ganhando nova dimensão polí ca e simbólica. No que diz respeito ao centro da cidade, que ainda con nuava com o mesmo problema de especialização funcional em torno do comércio varejista, diminuição da malha viária por conta do traçado e saída das a vidades que diversificava o estrato social no centro, percebese que “ao invés da solução tabula rasa para a criação de um centro administra vo, Hélio Modesto adota instrumentos de controle, permuta e subs tuição. Ele reconhece a estagnação imobiliária, mas admite que a renovação urbana tenha como limite o tecido histórico e deve se conjugar com a mistura de usos. A solução se faz pela adoção de posturas municipais que regulamentem a sua remodelação através do instrumento ‘uso a tulo precário’, com o obje vo de se obter terrenos para novas construções e abertura de espaços públicos, através de permutas e convênios. Esta medida traria uma salutar mistura funcional, dando lugar a equipamentos culturais, religiosos e, sobretudo, a um conjunto de edi cios para a administração pública, conferindo à capital cearense o caráter de grande cidade governamental.”. (FILHO, 2008, p. 14). Além disso, Hélio deu origem a importantes diretrizes para seu plano, uma delas foi de recuperação juntamente com a ocupação das áreas próximas ao leito do Riacho Pajeú exaltando seu grande potencial paisagís co e propondo um parque urbano para a área, a fim de atrair inves dores e especuladores imobiliários. Outra medida foi a re rada de a vidades inadequadas promovendo a área para uso público e a criação de uma via paisagís ca que acompanhava o leito do Riacho demarcando seus limites de preservação. Além disso, o melhoramento do saneamento básico e drenagem garan ndo a necessária permeabilidade do solo. Medidas semelhantes a essas foram tomadas na área do Riacho Jacarecanga, a fim de trata-las com igualdade elevando seus potenciais. Em relação aos planos viários, Hélio propôs con nuar com as ruas exclusivas para pedestres, com tráfego fechado para veículos automotores desde 1956, interligando a Praça do Ferreira e a Praça José de Alencar - praças de maior movimento do centro – nivelando e pavimentando suas calçadas de forma adequada.
3.2.7. PLANO DE DESENVOLVIMENTO INTEGRADO DA REGIÃO METROPOLITANA DE FORTALEZA (PLANDIRF) – 1971
Imagem 27: À esquerda, “Plano Diretor de Fortaleza”, elaborado por Hélio Modesto, em 1962. Fonte. Arquivo da Biblioteca do DAUUFC. Imagem 28: À direita, projeção do traçado de Hélio Modesto sobre a malha de Adolfo Herbster (1875), com destaque para os centros de bairros. Fonte.
No início da década de 70, Fortaleza foi objeto de um novo plano de ordenamento sico-territorial. O Plano de Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana de Fortaleza fora elaborado para tornar-se o instrumento balizador do desenvolvimento urbano preconizado pela nova forma de organização territorial cuja base era a criação das Regiões Metropolitanas e que consis a num projeto geopolí co de integração do território nacional e do desenvolvimento industrial com base em uma sociedade dominantemente urbana (DAVIDOVICH, 2003 citado por FERNANDES, 2004). As possibilidades apresentadas no plano anterior - Hélio Modesto tornaram-se ainda mais restritas, pois a ênfase dada em relação a integração metropolitana que o plano apresentava, aparecia como contraponto à Renovação Urbana.
introdução
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Num diagnós co levantado pelo PLANDIRF são apontados diversos problemas e carências no que diz respeito à ordem sica e desempenho de suas funções, como: ver calização desordenada; desequilíbrio entre espaços livres e construídos; saturação de circulação e a evasão – por conta da dificuldade de acesso e falta de estacionamentos - de funções habitacionais e administra vas anteriormente presentes no centro.
Imagem 29: A estratégia de renovação da área central proposta por Hélio Modesto passa pelo instrumento “uso a tulo precário”, incidindo sobre equipamentos cuja localização era incompa vel com o uso. Seriam eles: a Santa Casa, a Penitenciária, o Cemitério, a Estação Ferroviária. Na orla, os terrenos ocupados pelo an go gasômetro e os depósitos remanescentes do an go porto deveriam servir para a construção de um centro de convenções. Fonte: Plano Diretor de Fortaleza, 1963. O plano não se efe vou no centro da cidade, repercu ndo em um adensamento ver cal nas imediações da Praça do Ferreira e Rua Sena Madureira por conta do aumento dos gabaritos e, também, pelo efeito polarizador que começava a surgir através do bairro Aldeota. Logo, o fluxo de pessoas e veículos cresce por conta do grande número de empregos ofertados - apesar de as pessoas de classes média e alta não residirem mais na região central, seus empregos
e fontes de renda estavam ali presentes.. “A se considerar o centro cívico e os centros de bairros como projeto social, pode-se admi r que Hélio Modesto, veladamente, concentra a sua crí ca sobre o poder de uma elite urbana que não consente, ou pelo menos dificulta, um desenvolvimento democrá co e espacialmente mais justo para Fortaleza.”. (FILHO, 2008, p.17).
As diretrizes de intervenção do PLANDIRF concentram-se num núcleo específico dentro da área central, denominado “Core”, cujos limites eram as Ruas João Moreira, 24 de Maio, Pedro Pereira e Governador Sampaio. (FORTALEZA - PMF/SUPLAM, 1971). Na área denominada “Core”, a intervenção urbana iria ocorrer em etapas e nha como obje vo condicionar o desempenho das a vidades peculiares ao centro, como: comerciais, recrea vas, administra vas e culturais. Além disso, foi sugerida uma hierarquização de vias no seu interior, ampliando as ruas de pedestre – não deveria haver cruzamento do tráfego, privilegiando o fluxo de pessoas - e determinando outras como sendo vias de estacionamento. Através dessas diretrizes, ocorreu uma expansão horizontal em direção a praia onde o saneamento e a reurbanização adequá-laia aos vários pos de uso como: recrea vo, turís co e comercial. Somando-se a isso, haveria a aplicação de medidas parecidas com as que Hélio Modesto propôs: incorporação das margens dos Riachos Jacarecanga e Pajeú; incen vo a ver calização e re rada de cor ços, favelas e equipamentos urbanos como Cemitério, Mercado Central, Estação Ferroviária, Cadeia e Santa Casa.
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metodologia
referencial teórico
“O plano entrevê, contudo, a conveniência de desconges onar o centro pela indução à instalação de determinadas a vidades terciárias nas vias radiais de ligação deste com as áreas periféricas, an gos caminhos de penetração vindos do interior. Nestas vias – denominadas corredores adensados – vir-se-ia intensificar um processo de ocupação espontânea já em andamento. Ao estabelecer para estes corredores o mesmo tratamento dado à área central, reforçando as localizações comerciais nas vias radiais, o plano aponta para a consolidação de centros lineares em direção aos bairros de maior concentração populacional e de renda.” (FERNANDES, 2004, p.73). Com a expansão comercial e metropolitana, o centro da cidade sofre algumas consequências como: especialização funcional em torno do comércio varejista; construções de conjuntos habitacionais na periferia oeste da cidade; fluxos crescentes de pessoas e mercadorias; intervenções pontuais de emergência em favor do aumento do transporte viário – fator de poluição ambiental e sonora; adensamento da população – diretamente relacionada a oferta concentrada de empregos; mudança das funções de praças e ruas – passaram a ser terminais de transporte cole vo, caso da Praça José de Alencar e Praça Castro Carreira. Imagem 30: PLANDIRF – 1971: Renovação do centro urbano – 1ª etapa. Implantação de circuito de pedestres nas Ruas Guilherme Rocha, Liberato Barroso, Major Facundo, Barão do Rio Branco e General Bezerril e de ruas para estacionamento de veículos nas proximidades do Pajeú. As Praças José de Alencar e Castro Carreira já haviam se tornado terminais de ônibus. Fonte: FORTALEZA - PMF/
Imagem 31: PLANDIRF – 1971, Renovação do centro urbano – 2ª etapa. Ampliação do circuito de pedestres, incluindo a Rua General Sampaio e a Praça José de Alencar, reconver da. Transferência do terminal nela situado para a quadra lindeira, entre a Rua 24 de Maio e a Avenida Tristão Gonçalves, incorporando, para este uso, a Praça da Lagoinha. Fonte: FORTALEZA - PMF/SUPLAM, 1971.
SUPLAM, 1971.
estudos de caso
diagnóstico da área
projeto de intervenção
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Imagem 32: PLANDIRF – 1971, Renovação do centro urbano – 3ª etapa. Extensão do centro em direção à zona de praia. Ampliação do circuito de pedestres com a extensão do tratamento das Ruas General Bezerril, Major Facundo e Barão do Rio Branco até o Passeio Público e a região do Forte. Ao final pretendia-se conectar os três principais espaços públicos do centro da cidade: Praça José de Alencar, Praça do Ferreira e Passeio Público. Este circuito seria alimentado pelos terminais localizados na Praça Castro Carreira e ao longo da Rua Sena Madureira. Fonte: FORTALEZA -PMF/SUPLAM, 1971.
imagem 33: Piso do Teatro José de Alencar. Fonte: Acervo Pessoal
Algumas diretrizes do PLANDIRF, revisadas após a elaboração do Plano Diretor Físico em 1975 e consolidadas na Lei de Uso e Ocupação do Solo de 1979 irão dar prioridade aos instrumentos capitalistas de produção do espaço, tendo como proteção o inves mento estatal consorciado às forças econômicas ligadas ao capital privado, invertendo assim, os conteúdos ideológicos que direcionavam as ações governamentais “criando-se o campo propício para o predomínio das relações entre proprietários privados e inves dores imobiliários na condução da expansão urbana, na determinação das transformações nos usos de frações do espaço e na produção da segregação espacial, decorrência da valorização de determinadas áreas da cidade em detrimento de outras.”. (FERNANDES, 2004, p.74)
3.2.8. CONSIDERAÇÕES
imagem 34: Piso da Galeria Antônio Bandeira. Fonte: Acervo Pessoal
O estudo desses planos modernos para Fortaleza mostra que, embora solicitados a obje vos puramente funcionais, quan ta vos e esvaziados de conteúdo polí co – a principal finalidade era reestruturar o traçado xadrez em razão das novas exigências de circulação –, eles foram catalisadores de projetos sociais, colaborando para a transmissão de ideias sobre o desenho urbano e o avanço da prá ca do urbanismo em Fortaleza. Suas intenções formais, mesmo esquecidas ou parcialmente realizadas, repercu ram fortemente na lembrança urbanís ca da cidade. As caracterís cas essenciais de um plano decorrem em grande parte das possibilidades de conexões com o plano antecessor. Trata-se de
uma “lógica alusiva”, até porque o percebido não se dá nunca em si mesmo, mas em um contexto relacionado a outro. Assim, os planos urbanís cos deste período demonstram pontos de con nuidade, convergências e, principalmente, avanço em relação às proposições anteriores. Os planos fazem parte de um mesmo ciclo, de uma mesma lógica e intenção adiada e incompleta, revelando uma pedagogia da forma urbana. A história desses planos conduz a ideia de que a autonomia da forma urbana não é absoluta e não exclui as determinações econômicas e culturais - que influenciam na produção da cidade e da arquitetura -, nem o peso das prá cas sociais. Porém, não se pode considerar que os experimentos de reformulação da forma urbana cons tuam apenas um capricho renovado, pois ações como estas contribuem para definir limites, concre zando hábitos e interesses. Sendo assim, podemos salientar as diretrizes e medidas que serviram como alavanca durante esses planos, como: a u lização de equipamentos arquitetônicos como catalisadores do espaço urbano - Teatro José de Alencar, Passeio Público e Mercado de Ferro; a exclusividade de vias para pedestre dando origem as ações de saneamento e reurbanização nas marginais do Rio Pajeú; Padronização das vias de pedestre e a interligação desses fluxos entre as principais praças e, principalmente, buscar, através dos planos de intervenção, soluções para diminuir a segregação socio-espacial e diversificação das funções e usos do centro de Fortaleza. A par r desses planos, Fortaleza assis u a um processo de expansão
introdução
metodologia
referencial teórico
estudos de caso
imagem 35: Piso da Galeria Antônio Bandeira. Fonte: Acervo Pessoal
diagnóstico da área
projeto de intervenção
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introdução
metodologia
referencial teórico
estudos de caso
diagnóstico da área
projeto de intervenção
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urbana – desordenada e dispersa, na qual poderia ter sido evitada se vessem congregados com os instrumentos oficiais e adequados para com a situação dos processos urbanos - incen vado pelo interesse em outras áreas da cidade, que se deu pelo surgimento dos shoppings, interesse mobiliário e pela facilidade de locomoção advinda do automóvel. É uma cidade na qual as gestões historicamente negam propostas e diretrizes apresentadas por planos diretores, dando origem a uma cidade desar culada e desestruturada, com carência de planejamento, saneamento e unidade.
“Este ensaio busca estabelecer as bases de um novo quadro referencial no qual o projeto da paisagem se refere não apenas ao objeto ou a natureza, mas ao lugar como território mental, construído pelo desenho no sen do formal, simbólico e ideológico. Busca refle r sobre os aspectos morfológicos da cidade moderna, dirigidos especialmente aos ideais que regem a construção de seus espaços sociais, públicos ou privados. Desta construção, ao mesmo tempo sica e mental, surgem ‘paisagens’ que contêm sempre uma dimensão poé ca e esté ca que varia com a própria história.”. (FROTA e CAIXETA, 2006, p. 66).
3.3. A arte e a Arquitetura Como formas de Intervenções Urbanas
A par r disso, os arquitetos vêm buscando uma a tude “plás ca” em seus projetos, acrescentando dinamismo e expressividade ao lugar, tornando-o próximo as áreas que têm por base a experiência visual – compar lhando com paisagistas, ar stas plás cos e usuários, novas experiências esté cas que, muitas vezes, reúnem conceitos das vanguardas ar s cas às novas teorias da arquitetura pós-moderna -, determinando o lugar como espaço cria vo e não mais como um problema funcional.
Historicamente há diversas formas de intervir através da arte e da arquitetura na natureza ou na paisagem, seja ela urbana ou rural. Por definição, o conceito de natureza parte de sua espontânea presen ficação ambiental, sem um planejamento prévio. Já a paisagem admite uma lógica espacial, pensada de forma organizada a fim de gerar um lugar idealizado. “Projetar uma paisagem não é apenas projetar uma super cie, mas conceber uma integração entre topografia, clima, infraestruturas, exigências sociais e econômicas, estabelecendo elos entre a dinâmica de um lugar e seu tempo.” (Español, 2002. p. 142). O lugar pensado como base e a intenção da intervenção, implica no pensar na cidade e todo o seu contexto polifacé co e dinâmico, levando em conta: sua complexidade; história; geografia sica, socioespacial e humana, estando em harmonia com os elementos e princípios conceituais para a elaboração de um projeto arquitetônico e ar s co de intervenção urbana, assim, pressupõe projetos que se movam entre escalas dis ntas, interligando objetos, lugares e con ngências sociais que costumam atuar de forma intera va, interligando territórios, construindo paisagens e demarcando limites.
De fato, é de suma importância entender a cidade, seus atores e equipamentos públicos como meio de suporte flexível e, também, como um lugar des nado ao modelo de intervenção que intenta impactar sobre uma determinada população, a fim de causar reações diretas ou indiretas. Intervir é interagir, isso torna uma obra inter-reacional com o meio devendo, sempre, considerar o contexto histórico, sociopolí co e cultural. Diante do conceito de espaço par cipa vo – visto como receptor a vo de uma manifestação ar s ca pública, assim entendida por Joseph Beuys, um dos antecessores dessa linguagem – dispõe de uma arte acessível e menos ‘museável’. O lugar escolhido pode estar localizado em um movimentado centro urbano ou num deserto, o que importa é a adaptação do espaço idealizado e a natureza da intervenção.
imagem 36: Muro da Galeria Antônio Bandeira. Fonte: Acervo Pessoal
“Hélio Oi cica disse: ‘O museu é a rua’. Nessa citação há o sinal de um largo espaço de deslocamento do olhar voltado para um po de situação do objeto ar s co libertado dos muros museológicos, que o afastam da possibilidade de uma assimilação direta do público. Intervenções podem ser ações efêmeras, eventos par cipa vos em espaços abertos, trabalhos que convidam à interação com o público; inserções na paisagem; ocupações de edi cios ou áreas livres, envolvendo oficinas e debates; performances; instalações; vídeos; trabalhos que se valem de estratégias do campo das artes cênicas para criar uma determinada cena, situação ou relação entre as pessoas, ou da comunicação e da publicidade, como panfletos, cartazes, adesivos (s ckers), lambe-lambes; interferências em placas de sinalização de trânsito ou materiais publicitários, diretamente, ou apropriação desses códigos para criação de outra linguagem; manifestações de arte de rua, como o graffi .”. (ITAÚ, 2012) Essa tendência em ‘desmusealizar’ a obra de arte vem criando uma intera vidade com expressões culturais de outra linguagem ou natureza, ocupando espaços públicos e abertos, e exigindo do ar sta uma postura pública de compromisso, além de estratégias e sensibilidade aguçada para atrair a população para as ruas, oferecendo dinamismo e integração entre edi cios arquitetônicos e a arte para com a cidade. Segundo Melendi, na intervenção, o trabalho do ar sta busca uma “religação afe va com os espaços abandonados da cidade, com o que foi expulso ou esquecido na afirmação dos novos centros”. Para a autora, “esses ar stas pretendem abrir na paisagem pequenas trilhas que permitem escoar e dissolver o insuportável peso de um presente cada vez mais opaco e complexo”. Edi cios com caráter cultural, educacional e social, tem um grande poder de atração de diferentes públicos, diversificando e revitalizando
locais abandonados e deteriorados. A u lização desses edi cios para fins culturais, aproveitando sua importância histórica e, a inserção de equipamentos modernos que facilitem a integração do lugar com a população é essencial. Assim como as intervenções ar s cas, as intervenções feitas através de edi cios arquitetônicos, também precisam de um estudo social e da história da cidade, além de ser imprescindível levantar um diagnós co da área onde será colocado o edi cio. Acreditam que intervenções por meio de projetos arquitetônicos têm efeito catalisador no processo recuperação urbana. Como dito anteriormente, as propostas de intervenção e requalificação devem possuir caráter sistêmico e não pontual, buscando a integração da cidade em um conjunto harmônico entre espaço e população.
introdução
metodologia
referencial teórico
estudos de caso
diagnóstico da área
projeto de intervenção
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4. introdução
metodologia
referencial teórico
estudos de caso
diagnóstico da área
projeto de intervenção
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ESTUDO DE CASOS
4.1. Cidade Recuperada
Abandonada
-
Cidade
O grande crescimento urbano no século XIX modificou o espaço público, onde o mesmo foi perdendo sua natureza de lugar polifuncional. As mudanças que aconteceram na sociedade industrial ocasionaram soluções com uma tendência cada vez mais funcionalista, tendo como exemplo as ruas e bulevares que foram criadas, fundamentalmente, para melhorar o trânsito das grandes metrópoles. No final do século XX, o espaço e a vida pública começaram a ser tratados como pontos significa vos na discussão e prá ca da arquitetura, findando na criação de novos e renovados espaços públicos, inspirados, em parte, na ideia da cidade como um lugar de interação humana, promovendo o desenvolvimento da arquitetura e do espaço público, à luz das mais dis ntas estratégias de projeto. O lugar funcionalista começa a agrupar novos significados e leituras, novas visões com teor lúdico que associam arquiteto, ar sta e usuário a uma a tude que resgata, de certa forma, o caráter de animação peculiar da cidade tradicional. “Podemos dizer que, ao longo das décadas de 1960 e 1970, houve um significa vo movimento no sen do da socialização do espaço público. Uma grande quan dade de ruas de pedestres e praças tranquilas foi construída nas cidades europeias. Calçadas foram ampliadas e realçadas com mobiliário urbano, flores e árvores. Durante este período, os conceitos u lizados para projetar novos espaços públicos foram ampliados, passando a apresentar um foco muito mais vasto, criando condições razoáveis para passeio e garan ndo oportunidade de desenvolvimento para a vidades sociais e recrea vas.”. (FROTA e CAIXETA, 2006). A socialização do espaço público começa a progredir, tendo seu primeiro momento marcado pela introdução de zonas exclusivas para pedestres nas áreas centrais, favorecendo a população e dando novas interpretações de uso e representação dos lugares que já exis am e que estavam em processo de renovação. A caracterís ca “forma/ função” da arquitetura moderna começou a perder sua credibilidade, permi ndo o aparecimento de novas formas e funções aos espaços e, consequentemente, aumentando o número de áreas públicas nas metrópoles. Novas diretrizes começam a ser traçadas com finalidade de melhorar a qualidade de vida nas cidades, surge então, a necessidade tanto
de áreas verdes quanto de espaços polifuncionais aliados ao lazer. O desenho dos novos lugares teve como referência as teorias que surgiram do movimento moderno e, também, do movimento pósmoderno, deixando de reproduzir apenas preocupação de fundo funcional e se preocupando mais com as interpretações lúdicas na construção do lugar e da ¬¬cidade. “Assim, uma gama maior de tendências ar s cas, a exemplo da arte conceitual, irão par cipar das estratégias de desenho/projeto, que contarão com novas interpretações do estruturalismo e da semiologia, ao mesmo tempo em que se aprofunda em inves gações mais sistemá cas e crí cas da abstração, elemento-chave na cultura moderna. As intervenções inseridas nestes contextos passam a fazer releituras nas quais mecanismos normalmente ligados às artes plás cas são revisitados (...) introduzindo no espaço aberto objetos (re)elaborados a par r de mudanças de escala, de contexto ou de significado, explorando o valor do choque que provocam fora de sua situação convencional.”. (FROTA e CAIXETA, 2006, p.68) Na década de 1970 começam a aparecer às primeiras propostas a fim de revisar a forma de construir do lugar moderno, procurando caminhos alterna vos que fujam do modelo funcionalista dos anos anteriores. Surgiram diversas propostas de atuação, onde vários arquitetos europeus e norte-americanos destacaram-se por seus Imagem 37: Panorâmica Parque Guell - Barcelona Fonte: h
projetos de intervenções quase performá cos e por tratarem o lugar como objeto urbano, atuando com uma visão expressiva, provocadora e menos funcionalista. A seguir serão analisadas três intervenções urbanas que irão orientar o projeto de intervenção na área de estudo (requalificação da área central pautada no viés histórico, cultural e ar s co), a fim de compreender melhor as estratégias u lizadas e os resultados alcançados.
4.2. Barcelona – Marco Teórico e Referencial Apesar das primeiras tenta vas de melhorar as condições do tráfego no centro e deixar o espaço em melhores condições para os pedestres tenham acontecido nas cidades da Alemanha e Escandinávia, foi Barcelona que implantou uma polí ca coordenada para o espaço público opera vo e eficiente, nascendo o conceito de “cidade recuperada” que passou a exercer o principal papel nos projetos desenvolvidos posteriormente. Com a globalização, as cidades buscam estabelecer uma iden dade própria, criando marcos – espaços públicos - no intuito de aumentar as relações urbanas, sociais e econômicas, gerando mudanças
p://www.conocerbarcelona.com/fotos/parque-guell-entrada.jpg
significa vas na requalificação da paisagem.
construindo, junto às outras áreas da cultura, um modo de viver e expressar-se que é próprio.” (CAIXETA E FROTA, 2010).
Um dos maiores exemplos deste novo modo de tratar da paisagem urbana foi em Barcelona através do Oriol Bohigas juntamente com os outros arquitetos do Laboratório de Urbanismo da Escota Técnica Superior de Arquitetura de Barcelona (ETSAB), esses pra cam o “an urbanismo” que tem como fundamento a “intenção de entender a forma da cidade, não desde o funcionalismo das atribuições de uso, mas desde o desenho dos elementos urbanos, como uma verdadeira arquitetura”. (SOLÀ-MORALES, 1990, p.13.).
A metodologia de atuação proposta por Bohigas é denominado de “modo metás co”. As metástases seriam ações prolixas que agiriam como pontos de radiação a fim de potencializar a reordenação e recuperação do entorno. São pontos distribuídos em um tecido – considerado de certa maneira homogêneo – com a intenção de reabilitá-lo. Estas ações reabilitadoras provocam um grande potencial de renovação que passa a ser assumido pelo entorno.
A paisagem urbana de Barcelona começa, então, a sofrer modificações apoiadas pelo novo modelo de planejamento global que ofereceu à escolha de um vasto catálogo de ações pontuais, em escalas dis ntas, recebendo uma análise minuciosa e bem definida da cidade e sua estrutura, e também, por conta do abandono do modelo de planejamento quan ta vo, que se caracterizava pela funcionalidade dos espaços deixando sempre em segundo plano o desenho e os aspectos morfológicos da cidade.
Dentro deste contexto, a clássica diferença entre centro e periferia passou a ser pouco expressiva para a Barcelona dos úl mos anos. Em ambos, a escassez de equipamentos e de espaços públicos que caracterizavam e davam personalidade própria para a área urbana - rando-a do anonimato - era percep vel. Diante disso, Bohigas criou o slogan: “monumentalizar a periferia”, buscando estabelecer iden dade e memória através de intervenções urbanas sobre o espaço público.
“A maior parte das intervenções se caracterizou como ações homogêneas na área central e na periferia da cidade. Estas, porém, estavam ar culadas – muitas vezes simbolicamente – a ações de grande escala visando ao cole vo, ações de cidadania. Fazem parte, portanto, de uma estratégia cole va de valorização e recuperação da iden dade de uma comunidade através de um projeto cultural cujo obje vo tem sido integrar folclore, literatura, música, artes plás cas e cenográficas à revitalização do lugar urbano. Neste contexto, a introdução de uma nova visão de arquitetura do espaço público e privado possui importante papel, atuando como ar culadora de um cenário que é ao mesmo tempo de renovação e recuperação, e
É a par r desse segmento de atuação que nascem mais de cem projetos urbanos, dentre eles: praças, ruas, parques e monumentos, compondo um vasto repertório de projetos realizados com sucesso e estabelecendo um novo processo de conceber o planejamento urbano. Nesse processo, vários arquitetos locais e equipes de jovens arquitetos veram a oportunidade de apresentar seus projetos em diferentes escalas – o contrário aconteceu em Berlim, onde incen varam uma renovação urbana fundamentada em arquitetura de grife e nas “macrointervenções” geradas a par r da inclusão de novos programas que passaram a desconsiderar e descaracterizar a cidade, o tecido urbano e sua história.
introdução
metodologia
referencial teórico
estudos de caso
imagem 39: Vista aérea de Barcelona. Fonte: h p://pop-picture.blogspot.com/2013/09/la-peculiar-arquitectura-y-disenode.html
diagnóstico da área
projeto de intervenção
imagem 38: Parque Guell. Fonte: h p://0.tqn.com/d/cruises/1/0/w/K/5/Barcelona_Parc_Guell_07.JPG
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4.2.1. Principais Intervenções Em Barcelona
imagem 41: Parc de l’Estació del Nord Fonte: h p://www.yannarthusbertrand2.org/index.php?op on=com_datsogallery&Itemid=27&func=detail&ca d=36&id=3266&l=1366
introdução
metodologia
referencial teórico
Barcelona foi palco de importan ssimas intervenções urbanas, que mudaram o modo de vida da população integrando a cidade e seus pontos de encontro, além de trazer iden dade para o território. Foi uma das primeiras cidades a incen var a parceria entre arquitetos e ar stas na concepção do lugar como fonte de experiência esté ca pública. Acreditavam que “a presença da obra de arte nesses espaços é vista como ação esté ca que envolve um novo po de apropriação por meio do usuário; nas palavras dos situacionistas, um ‘modo lúdico-constru vo’ que recria e dá novo sen do ao lugar. O objeto ar s co é proposto como objeto intera vo que ajuda na ar culação espacial dos lugares projetados.” (BOHIGAS, 1991. p. 187). Temos como intervenção exemplar, a Plaça dels Països Catalans (1983), idealizada pelos arquitetos Hélio Piñon e Albert Viaplana, a fim de recuperar a tradição europeia da praça limpa, assim, oferecem equipamentos urbanos usuais que determinam a composição do espaço através de uma linguagem minimalista, potencializando-o plas camente a par r de novos e provocantes desenhos. (Figura 31). imagem 40: Plaça dels Paisos Catalans Fonte: h p://www.artonfile.com/detail.aspx?id=BP-13-09-03
estudos de caso
O projeto do Parc del Clot (1988) de Dani Freixes e Vicenç Miranda – também atuou em uma área periférica degradada próxima a uma estação ferroviária e nos depósitos velhos e oficinas das linhas metropolitanas. (Figura 33). “Ele busca estabelecer novas diretrizes na determinação espacial do lugar, entendido como uma composição plás ca global que submete os aspectos funcionais a determinações estruturais mais lúdicas e expressivas.” (FROTA e CAIXETA, 2006, p. 71). As tá cas de desenho u lizadas no projeto mesclam elementos do passado com a plas cidade dos itens atuais, resultando em uma intervenção que é ao mesmo tempo expressiva e escultórica. Conta com a colaboração ar s ca de B. Hunt, que cria uma série de pór cos, buscando reforçar os caminhos, dando ênfase a ideia de hierarquização espacial con da no projeto.
Estratégia parecida, porém em escala menor, foi usava na Plaça del General Moragues (1988) da arquiteta Olga Tarrasó, com a par cipação da ar sta Elsworth Kelly, é um exemplo de uma construção espacial de um espaço público pequeno e irregular, que a par r da intervenção consegue ordenar o contexto no qual está inserido através da ar culação geométrica do lugar. Nele estão presentes: elementos funcionais que adotam a forma da super cie, linha e volume, compostos pelo piso; vegetação e equipamentos urbanos. (Figura 34).
imagem 42: Parc del Clot
imagem 43: Plaça del General Moragues
Fonte: h p://www.panoramio.com/photo/62061193
Fonte: h p://www.artonfile.com/detail.aspx?id=BP-16-05-02
diagnóstico da área
projeto de intervenção
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Outro exemplo é a requalificação urbana de um an go terminal ferroviário, projetada pelos arquitetos Andreu Arriola, Carme Fiol e Enric Pericas, o Parc de l’Estació del Nord (1985-7), age tanto como apoio à nova estação rodoviária quanto como parque urbano. A requalificação da área tem como proposta uma intervenção paisagís ca que propõe a mudança na topografia, originalmente plana, estabelecendo novos marcos visuais exploratórios e classificando o lugar como lúdico. Dentro deste contexto, em que a escala e dimensão sofrem mudanças por conta da variação topográfica, são inseridas grandes esculturas cerâmicas da ar sta plás ca Beverly Pepper, criando uma iden dade para a praça. (Figuras 32).
O projeto da Rambla de Mar (1995), dos arquitetos Helio Piñon e Albert Viaplana, é muito reconhecido pela sua plas cidade e pela iden dade que deu ao lugar. A intervenção viabiliza a ligação do mar Mediterrâneo com as Ramblas, permi ndo a con nuidade sica e visual com uma estrutura que contém elementos funcionais e lúdicos. O percurso é demarcado pelo grande “deck” náu co que contém esculturas que recordam ondas, e também, possui elementos pontuais – bancos, luminárias e quebra-ventos - a fim de estabelecer ritmo variado. (Figura 35 e 36).
Mostra que as intervenções são feitas em escalas diferentes e que o órgão responsável por essas intervenções dá oportunidade para os arquitetos locais, sabendo que esses possuem maior saber sobre a população e seus gostos, projetando lugares que par ciparão da ro na da cidade. Encontram-se caracterís cas marcantes que servirão de inspiração para a execução do projeto como: passeios conservados; arborização densa; equipamentos urbanos exclusivos para cada lugar; valorização de edi cios culturais e históricos; criação de iden dade local; incen vo à permanência no centro e na periferia provocado pelos novos equipamentos; u lização da arte; vias exclusivas para pedestres; intera vidade entre cidade e população e ações pontuais que tem capacidade de irradiar seus bene cios para seu entorno.
introdução
metodologia
4.2.2. Considerações
imagem 44: Ramblas del Mar Fonte: h p://www.rentals-barcelona.com/barcelona/history-of-barcelona/barcino-barcelona.htm
O plano de intervenção de Barcelona é de grande importância para esse estudo. Podemos vários aspectos posi vos, como: valorização da arte e dos ar stas plás cos; valorização de arquitetos de Barcelona; trabalho de cunho social realizado ao longo das intervenções; deu iden dade para os lugares que foram intervidos; atração de público; equipamentos urbanos; arborização e etc. Apesar de suas intervenções terem sido de caráter pontual, o percurso de uma para outra recebeu tratamento tanto sico – melhoramento dos passeios, arborização e equipamentos urbanos – quanto social – as pessoas começaram a modificar o uso do lugar e se apropriar dele. Nesse caso, as intervenções pontuais veram resultados posi vos por conta das intervenções não terem sido só sicas. A u lização da arte, arborização, estudo de impactos sociais e equipamentos urbanos são pontos fortes nesse projeto e serão levados como fonte inspiradora para a execução do projeto de Intervenção na área Central de Fortaleza.
imagem 45: Ramblas del Mar h p://qofis.ccaba.upc.edu/html/gala_dinner.htm
Esses são apenas alguns dos vários exemplos de intervenções - feitas ao longo de duas décadas – que conseguiram consolidar uma polí ca de desenho do espaço público buscando sempre exaltar os aspectos formais dos lugares. Esses projetos adotam uma nova postura com relação ao uso do lugar, pois deixam de ter caráter exclusivamente funcionalista e passam a u lizar estratégias de integração para com a cultura local, ajudando construir sua iden dade. “Neste sen do o exemplo de Barcelona é visto como marco teórico e referencial em termos metodológicos, pois desenvolve uma série de mecanismos e estratégias de projeto, que atuam dentro de uma visão cultural de cidade, concebida como uma rede de lugares com iden dades próprias.”. (FROTA e CAIXETA, 2006, p. 72). A importância da análise desse projeto se dá pela ênfase que é dada na queda do teor funcionalista nos projetos de intervenção urbana, dando oportunidade para os arquitetos e ar stas plás cos criarem, juntos, lugares que interagem com a população, criando iden dade e uso.
referencial teórico
estudos de caso
diagnóstico da área
4.3. Requalificação Do Centro De São Paulo – Corredor Cultural Influenciado por uma tendência mundial de revalorização de centros históricos, o Centro de São Paulo vem recebendo muita atenção da administração pública, dos setores privados – sejam eles para associar sua imagem à recuperação do centro ou para defender o patrimônio imobiliário com perspec va de valorização - e da sociedade civil que exige organização espacial para um melhor deslocamento e solicita equipamentos urbanos. (PALMA, 2010)
projeto de intervenção
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introdução
metodologia
“Esse esforço teve como precedentes, em período anterior correspondente à década de 1990, tenta vas de reordenamento dos elementos cons tu vos da paisagem urbana, como no Projeto Corredor Sá-Arouche, e intervenções pontuais que pretenderam contribuir para uma reversão da tendência de esvaziamento das funções do Centro, iden ficando uma nova vocação ligada a equipamentos, a vidades e referências no campo da cultura.”. (VARGAS e CASTILHO, 2009, p.109). Nessa direção, o governo estadual ar culou intervenções pontuais nos distritos de Santa Cecília e Bom Re ro, sendo elas: a revitalização da Estação Júlio Prestes – da an ga estrada de Ferro Sorocaba dando origem a Sala São Paulo em cuja sede funciona a Orquestra Sinfônica (Figura 37); reforma da Pinacoteca do Estado (Figura 38), incorporando à sua estrutura metal e vidro a fim de modernizar sua arquitetura; transformação do an go prédio do Departamento de Ordem e Polí ca Social (DOPS) em equipamento de cultura; e a recuperação da Estação da Luz – abrigará a Estação da Nossa Língua. (Figura 39).
Com a mesma intenção, surgem algumas inicia vas recentes, como: recuperação de um edi cio comercial desa vado da Rua 24 de Maio – localizado no Centro Novo, distrito República – para abrigar uma nova unidade de cultura e lazer do Serviço Social de Comércio (SESC); u lização de uma an ga agência bancária – localizada no Centro Novo, distrito Sé – para a instalação do Centro Cultural Banco do Brasil; e a criação de uma filial do Museu de Arte de São Paulo (MASP), na Galeria Prestes Maia, que faz ligação da Praça do Patriarca (Figura 40), junto ao Viaduto do Chá ao Vale do Anhangabaú. (Figura 41). (Viva o Centro, 2000).
presentes vários equipamentos culturais e edi cios com grande valor histórico, dentre eles: Biblioteca Municipal Mário de Andrade; Praça Ramos de Azevedo; Viaduto do Chá; Praça do Patriarca e Centro Cultural do Banco do Brasil. (OLIVEIRA, 2011)
4.3.1. Caracterís ca da Área De Intervenção
imagem 49: Praça do Patriarca
O Centro de São Paulo, por ser núcleo do sistema viário radial, dispõe de uma rica e completa rede de transportes públicos – ônibus, metrô, táxis – além de contar com uma acessibilidade diversificada. Porém, é carente de estacionamentos para automóveis, uma vez que grande parte dos prédios não possui estacionamento próprio. (Viva o Centro, 2000).
Fonte: h p://www.pedrokok.com.br/2010/08/praca-do-patriarca-sao-paulo-brasil /s tch-5531-533px/
O Projeto corresponde a uma área pequena do Centro de São Paulo e tem como principal proposta a requalificação do sistema de espaços públicos – ruas, passeios e praças – segundo um conceito de projeto integral, conformado ao longo de um percurso onde estão
referencial teórico
estudos de caso imagem 46: Sala São Paulo Fonte: h p://www.rduarte.com.br/?page_id=2504/
imagem 47: Pinacoteca Fonte: h p://diariodospapais.com.br/wp-content/uploads/2013/01/Pinacoteca-SP.jpg
diagnóstico da área
projeto de intervenção
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imagem 48: Estação da Luz Fonte: h p://marcuscabaleiro.blogspot.com.br/2013/01/estacao-da-luz-sp.html
imagem 50: Viaduto do Chá Fonte: h p://forum.brfoto.com.br/index.php?showtopic=17346
A região central, simbolicamente, tem como as principais portas de entrada a Rua Xavier de Toledo – a oeste – e o Viaduto do Chá – sobre o vale do Anhangabaú - um dos mais tradicionais cartões postais de São Paulo. As praças Dom José Gaspar e Ramos de Azevedo, no Centro Novo, e a Praça do Patriarca, no Centro Velho, são ingressadas por uma quan dade considerável de vias de pedestre – os Calçadões – que vão de encontro com as vias que compõem o Corredor Cultura. Antes da implantação do projeto, a Rua Xavier de Toledo e a Praça do Patriarca abrigavam vários pontos de ônibus. Diante dessas peculiaridades, percebe-se que o centro possui grande fluxo de pedestres, o que acabou atraindo o comércio informal.
Imagem 51: Projeto Corredor Cultural Fonte: h
p://qofis.ccaba.upc.edu/html/gala_dinner.htm
introdução
“Portanto, o território em que se insere o Corredor Cultural compõe um conjunto urbano caracterizado, de um lado, por uma forte referência histórica para os paulistanos – fruto de seu patrimônio construído e da função de ligação entre “dois lados” do Centro – e, de outro, pelos intensos fluxos de pedestres, automóveis e ônibus que diariamente dele se u lizam”. (VARGAS e CASTILHO, 2009, p.113).
4.3.2. O Projeto Corredor Cultural Para realizar intervenções de requalificações em centros históricos, são necessários grandes inves mentos capazes de modificar infraestruturas, restaurar edificações históricas, acrescentar funções urbanas e atrair novos usuários. Juntamente com esses recursos, as intervenções precisam estar associadas com atores públicos, privados e sociedade civil, geralmente, unidos a fim de viabilizar essas ações. (Viva o Centro, 2000). As premissas do projeto par ram de diretrizes que procuravam uma maior qualidade para o desenho urbano, aproveitando as chances oferecidas pelas dinâmicas existentes no lugar e reunindo ações pontuais a fim de criar um contexto sistêmico em um determinado perímetro através do espaço público redesenhado agindo como elemento integrador. Apesar da escala da intervenção ser rela vamente pequena, seriam u lizados conceitos urbanís cos que serviriam de referência para intervenções seguintes, em escalas maiores. “O projeto propunha-se a interligar e potencializar pólos isolados de a vidades relevantes – Centro Cultural Banco do Brasil, Museu de Arte de São Paulo (sede Patriarca), Othon Hotel, Shopping Light, Loja Departamentos Extra-Mappin, Teatro Municipal, Biblioteca Mário de Andrade – por meio de uma reestruturação do espaço público inters cial, de maneira que se produzisse sinergir entre esses pólos, e destes com a rua, ar culando um conjunto urbano de transformação.” (VARGAS e CASTILHO, 2009, p.119). (Figura 42).
metodologia
Uma das principais inicia vas desse projeto foi proporcionar ao pedestre um espaço de qualidade, par ndo do princípio que o “caminhar é a forma fundamental de configuração dos fluxos de vitalidade internos a um dado conjunto urbano que se pretende requalificar” (VARGAS e CASTILHO, 2009, p.121). Além da preocupação em privilegiar o pedestre, foi pensada na questão do acesso através dos automóveis e transporte públicos, que sempre é um grande desafio para o desenho urbano. Apesar disso, aconteceram conflitos entre o desenho urbano e a engenharia de tráfego quanto a algumas questões como a eliminação de vagas de estacionamento e também com relação à redução da faixa de rolamento em detrimento do aumento da calçada. “Desse confronto entre as duas culturas técnicas surge um projeto final a meio termo, que avançava em relação à reconquista do espaço do autên co passeio público, mas o fazia ainda com algumas limitações e lacunas. A experiência demonstrou que tal confronto tem caráter permanente, pois, mesmo durante a execução da obra, as pressões da engenharia de tráfego produziram uma sequência de novas alterações no desenho das vias, mu lando partes do projeto original.” (VARGAS e CASTILHO, 2009, p.109). O Projeto Corredor Cultural – pela sua pequena dimensão – não conseguiu evitar o surgimento de alguns problemas, assim como também não conseguiu solucionar todos os que já exis am. Aqui podemos citar: a atração do comércio informal de ambulantes que se instalaram nos novos calçadões e também a falta de vitalidade fora do horário comercial que não foi plenamente solucionada – esse aspecto possui uma resolução um pouco mais complexa, pois está ligada a função habitacional e as a vidades atreladas a ela. (CAMPOS, 2004)
4.3.3. Considerações No Brasil, percebemos um discurso comum quando se trata de intervenção em centros históricos, o de se “retomar” e “repovoar” o lugar e torná-lo atra vo para as diversas classes sociais que transitam por ele. Essas palavras desconsideram, muitas vezes, a vitalidade que tais regiões possuem e sua população, que em muitos casos aparece como coadjuvante diante de um intenso comércio diurno. “O desafio dessas propostas de intervenções é assegurar que a população que ali reside não seja expulsa pelos muros invisíveis que são construídos pela especulação imobiliária e pelo enobrecimento que certas partes da cidade sofrem”. (Rubino, 2009, p. 37). Apesar de ser uma intervenção pontual, o estudo desse projeto é de grande valia, visto que engloba a questão cultural e a valorização do caminhar. A intervenção apresentou alguns pontos fracos, um deles foi a atração do comércio informal para as calçadas que foram alargadas, diagnos cando a falta de um trabalho social ao longo da intervenção. Apesar disso, temos um grande número de pontos posi vos, a começar pela estrutura sica, como: passeios conservados, arborização densa, mobiliário urbano, valorização e restauro dos edi cios culturais e históricos e o incen vo à permanência no centro. Diante disso, podemos constatar que é imprescindível que a polí ca de revitalização do centro da cidade seja pensada não como um conjunto de ações pontuais e isoladas, mas dentro da lógica de um projeto urbano para a cidade – caráter sistêmico -, garan ndo o convívio de diferentes classes e grupos que usam e fazem do espaço urbano o ambiente do seu co diano.
referencial teórico
estudos de caso
diagnóstico da área
projeto de intervenção
31
4.4. O Centro Dragão Do Mar De Arte E Cultura E A Construção Da Imagem Contemporânea De Fortaleza introdução
metodologia
referencial teórico
estudos de caso
diagnóstico da área
32
lho (2009), p.
imagem 53: Projeto Dragão do Mar – Fonte: Vargas e Cas
lho (2009), anexo
B16.
de 30.000m² com um desnível de 10,50 metros na direção praiasertão. Esta ligação acontece por meio de uma passarela metálica que interliga os equipamentos culturais tanto no plano horizontal, como ver cal. (PAIVA, 2008) (Figura 45).
dessa arquitetura que contribuem para a formação de um padrão local e para condição de vida ao ar livre, dentre eles: os elementos de ordem mais formal, decora vos, que se assemelham ao popular; espaços de transição – não são abertos nem fechados – e a criação de um clima de varanda, ambiência pica das residências do sertão. Além disso, destacam-se outros elementos como: colunas e paredes altas, cujos tons brancos acentuam sua escala monumental; aberturas dos espaços para luz solar e para a brisa e jardins e áreas
4.4.1 – A Força Do Dragão: “Polí ca Cultural, Turismo E Renovação Urbana”. A fim de construir uma imagem moderna de Fortaleza – com a ideia de superar seu “atraso” polí co econômico e inseri-la na economia globalizada – referenciada no turismo como indutor do crescimento econômico e na legi mação do governo estadual, a intervenções urbanas passam a ter um papel importante nesse cenário. O Centro Dragão do Mar pode ser visto como um desses ícones, pois une turismo, polí ca cultural e renovação urbana. (GONDIM, 2001). A polí ca cultural, amarrada ao turismo, desempenharia o papel de “empreender uma produção cultural no Estado, pensada enquanto um dos veículos promotores dessas novas imagens, bem como enquanto a vidade econômica com potencialidades de expansão” (BENEVIDES, 1998. P. 30). Juntamente com a modalidade turís ca já consolidada de “sol e praia”, o Ceará teria a alterna va de uma polí ca ligada ao turismo cultural. A implantação do Dragão do Mar na Praia de Iracema, adjacente ao Centro de Fortaleza, surgiu da necessidade de “renovação urbana” da área em questão, além do interesse de criar um espaço memorável, capaz de colaborar na recuperação do espaço público. Segundo Sanchez (2003, p. 62) a “revitalização de áreas degradas, recuperação de frentes marí mas e zonas portuárias representam um dos importantes produtos no mercado de cidades”, tanto pelo seu aspecto simbólico, que remete à modernização sem esquecer seu caráter histórico, como pela atra vidade turís ca que exerce. (Figuras 43 e 46).
4.4.2. O Projeto Do Centro Dragão Do Mar O projeto do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC) foi selecionado através de concurso público entre cinco escritórios, sendo escolhido o projeto de autoria dos arquitetos Delberg Ponce de Leon e Fausto Nilo. (Figura 44).
projeto de intervenção
imagem 52: : Projeto Dragão do Mar – Fonte: Vargas e Cas 260.
O CDMAC foi inaugurado em abril de 1999 e abriga nos seus 13.000m² dois museus (Museu de Arte Contemporânea e Memorial da Cultura Cearense), um teatro, dois cinemas, um anfiteatro, um auditório e um planetário, espaços des nados a cafés, livrarias, restaurantes, além de espaços livres, praças e áreas de estacionamento. Os espaços culturais estão dispostos de forma fragmentada no terreno
Segundo os autores, o projeto busca resgatar a linguagem da arquitetura cearense, que originalmente baseia-se na simplicidade da arquitetura sertaneja. O edi cio possui elementos caracterís cos imagem 54: Perscpec va Dragão do Mar – Fonte: h dragaodomar.org.br/index_new.php?pg=apresentacao
p://www.
de convivência nos vários níveis presentes na edificação. (VARGAS e CASTILHO, 2009). As preocupações com o vocabulário arquitetônico local se estabelecem com o intuito de torná-lo supostamente regional. Um “regionalismo“ que “destaca aspectos do tradicional e os pifica. Essas formas pificadas são colocadas em novas situações, desfamiliarizadas, obtendo um novo significado” (BASTOS, 2003. P. 127). No entanto, estas a tudes perante o projeto não significam que a arquitetura produzida materializa a tradição arquitetônica local. A inserção deste suposto “sotaque arquitetônico” no discurso parece atender a necessidade de diferenciação e a criação do “lugar”. (PAIVA, 2008. P. 09). O projeto é visto com certa autonomia em relação ao entorno, onde se consegue perceber o contraste da singeleza dos edi cios históricos com sua proporção exagerada, denunciando uma escala incompa vel com as edificações circundantes. Um exemplo é a torre do café, posta no lugar de edificações demolidas, que além de quebrar a con nuidade da Rua Dragão do Mar – modelo tradicional da rua corredor, onde as edificações limitam os lotes – comprime os sobrados vizinhos. Por mais que a passarela tenha uma grande importância na ligação de espaços intralotes, ela induz a um percurso somente pelos novos espaços e, consequentemente, colocando os passeios e os espaços periféricos em segundo plano, pois não há uma integração sica e visual com a paisagem existente. (PAIVA, 2008) No que se diz respeito ao cenário turís co, o entorno do Dragão do Mar foi parcialmente instalado pelas intervenções superficiais nos galpões imediatamente periféricos através do “Projeto Cores da Cidade”. A seleção dos imóveis que deveriam par cipar do programa não considerou os principais edi cios de interesse histórico, como a Igreja e o Seminário da Prainha e o Teatro São José, que não foram integrados ao projeto. Essa a tude foi bastante cri cada, pois preferiu priorizar a construção e a manutenção de um equipamento com alto potencial centralizador, em detrimento do patrimônio existente. Através do incen vo de uso do entorno e recuperação do acervo construído, é percep vel que as intenções do projeto são voltadas para a necessidade de restauração do tecido urbano. Neste sen ndo, o Governo do Estado entrou com um processo de pré-tombamento de determinados imóveis do entorno do Dragão do Mar, porém, devido a protestos de alguns proprietários, o tombamento da área não foi concluído. (COSTA, 2003). O significado do Dragão do Mar na construção da imagem contemporânea de Fortaleza se presta na produção de um ícone de modernidade instantânea e visual, onde: edificada, a imagem urbana quase nunca emerge do seu entorno ou contexto porque com ele não
dialoga, ao contrário, surge isolada na auto-suficiência do edi cio onde a arquitetura fala por si mesma; é desse isolamento que ela se destaca e se consagra (FERRARA, 2000. P. 119). O Dragão do evidentemente arquitetura, foi as resistências
Mar, a despeito de todas as contradições, que transcendem o território do desenho urbano e da inserido à vida urbana de Fortaleza. Por outro lado, da realidade sócio-espacial da cidade evidenciam
a incapacidade da intervenção pontual e deslocada do contexto circundante em concre zar as intenções do poder estadual de requalificação da área, no entanto, o projeto de dotar Fortaleza de uma estrutura turís ca capaz de torná-la compe va, ancorada na requalificação do Centro, foi iniciado com o Dragão do Mar. (PAIVA, 2008).
introdução
4.4.3. Considerações imagem 55: Centro Dragão do Mar Fonte: h p://www.flickr.com/photos/cookiesforme/6063591896/
A construção do Dragão do Mar acarretou a requalificação da an ga área portuária de Fortaleza, além de criar condições para que o patrimônio histórico fosse recuperado. Surgiram alguns problemas resultantes dessa intervenção, tais como: poluição sonora e visual, conges onamento, insegurança e especulação imobiliária. Assim, muitos equipamentos como: teatro, ateliês de ar stas e restaurantes foram obrigados a fechar as portas. Por mais que tenha do impactos posi vos, esses bene cios não conseguiram transcender o equipamento cultural e seu entorno imediato, visto que a os moradores da favela “Poço da Draga”, localizada a poucos metros do Dragão do Mar, sofrem com a carência de saneamento básico e com os riscos de remoção. Assim, é constatada mais uma vez a ausência de um trabalho de cunho social no decorrer dos projetos, fazendo com que a população – talvez, moradora – não se adapte a mudanças tão bruscas que fogem do seu conhecimento e ro na. Atualmente, o complexo atrai grande volume de pessoas, sejam locais ou turistas, vez que proporciona bens de consumo cultural, tais como: shows, cinema de arte, peças teatrais, exposições sobre o Ceará, lançamentos literários e programação infan l. Além disso, o CDMAC preservou uma área considerada histórica do intenso processo de ver calização. No que tange à pesquisa, o projeto foi proveitoso, pois além de estar situado em Fortaleza – cidade objeto do presente trabalho -, ele foi bastante cri cado, tanto por sua arquitetura, quanto por sua inserção no espaço, o que possibilitou a criação de um parâmetro rela vo a aspectos nega vos que nortearão a realização de novas estratégias de intervenção. Percebemos a importância de um diagnós co sico e social aprofundado sobre a área, do estudo sobre a relação do edi cio com o entorno e da importância da criação de equipamentos com viés cultural, pois mesmo com todas as peculiaridades e aspectos – alguns nega vos – do Dragão do Mar, esse complexo con nua atraindo um público considerável, principalmente nos turnos da noite.
metodologia
referencial teórico
estudos de caso
diagnóstico da área
projeto de intervenção
33
imagem 56: PonteMetรกlica - Praia de Iracema Fonte: Autoria de Luciana Pessoa Otoch
imagem 57: Passarela Metรกlica - Centro Dragรฃo do Mar Fonte: h p://www.flickr.com/photos/omarjunior/6770211321/
5.
introdução
DIAGNÓTISCO DA ÁREA CENTRAL DE FORTALEZA Devido à especificidade do Centro, com sua vertente histórica observada em prédios e equipamentos públicos e sua vocação para o comércio em detrimento da função habitacional, houve a necessidade de um tratamento individualizado por parte do Poder Público, o que se concre zou com a criação da SERCEFOR – A Regional do Centro.
metodologia
referencial teórico
estudos de caso
Esse órgão municipal tornou-se responsável pela execução, gerenciamento e assessoria de polí cas públicas afetas à área central da cidade de Fortaleza. Através dessas ações, a SERCEFOR busca promover a revitalização do Centro, com especial foco na elaboração de projetos voltados à recuperação e manutenção do patrimônio histórico e às demais a vidades semelhantes determinadas pela PMF. (Site PMF). Nessa esteira, e levando-se em consideração as diversas potencialidades do Centro: como a existência de diversos imóveis desocupados e de ampla infra-estrutura; foi idealizado um plano habitacional, cujo escopo é a revitalização do espaço central através da conversão dos imóveis subu lizados em moradias de interesse social, cumprindo dessa forma a função social da cidade e da propriedade, como preconizadas no Estatuto das Cidades. (Fortaleza, 2009).
diagnóstico da área
projeto de intervenção
36
imagem 58: Estação João Fellipe Fonte: Acervo Pessoal
em 1975
em 1968
em 1932 N
introdução
N
metodologia
referencial teórico 05
10km 7
Centro de Fortaleza estudos de caso
em 1980
5.1. Evolução Urbana
01
5km 2km
Através desse mapa, podemos perceber que o Centro da Cidade durante muito anos foi o principal pólo urbano, onde todas as a vidades urbanas começaram a se desenvolver . Ao longo desses 50 anos (como mostra o mapa ao lado) podemos perceber que Fortaleza teve um grande crescimento urbano, porém, o centro não deixou de ter seu potencial e até hoje influencia diretamente na economia do município.
diagnóstico da área
projeto de intervenção
evolução urbana Fonte: IBGE Censo Demográfico 2000 - Editado pela Autora
37
5.2. Principais Acessos da Cidade introdução
Através do mapa “Relação com a Cidade”, podemos observar as principais vias e rodovias que compõem o sistema viário estrtururante e radial, essas fazem integração com a Região Metropolitana de Fortaleza. Essas rodovias foram surgindo a par r das boiadas que ligavam Fortaleza ao interior, surgindo ainda no século XVIII, as estradas da Parangaba, do Soure e de Messejana, respec vamente, as rodovias CE-065, BR-222 e BR-116, que vieram a se transformar em importantes corredores de circulação e de integração metropolitana. A construção da estrada de Ferro Fortaleza Baturité, em 1872, fortaleceu a expansão da ocupação
urbana e a polarização de Fortaleza sobre os demais municípios. Ao longo dos corredores, foram sendo implantadas a vidades de comércio, de serviços, indústrias e habitações, gerando os grandes carregamentos de veículos que atualmente prejudicam os fluxos á RMF. Foram analisados, também nesse mapa, os pontos relevantes no que diz respeito ao tráfego, economia, turismo e lazer, a fim de perceber a dinâmica desses equipamentos em relação ao centro. imagem 59: Mercado Central Fonte: h p://portaldosol.net/wp-content/uploads/2008/05/mercado-centralfortaleza.jpg
metodologia
N referencial teórico porto do mucuripe
estudos de caso mercado central
center um
north shopping
diagnóstico da área
BR 222
BR 020
rodoviária
parque do cocó
projeto de intervenção
iguatemi
centro de eventos
38
0km 5km relação com a cidade
aeroporto BR 116
Fonte: Google Earth - Editado pela Autora
10km
5.3. Aspectos Macrolocacionais A área Central de Fortaleza está localizada ao Norte da cidade de Fortaleza, faz fronteira com os bairros Praia de Iracema, Meireles, Aldeota, Joaquim Távora, José Bonifácio, Benfica, Farias Brito e Jacarecanga, e ainda possui uma faixa relacionada à costa marí ma. Além disso, possui vários equipamentos arquitetônicos e urbanís cos relevantes no seu entorno.
introdução
Nesse mapa, também, podemos perceber os acessos mais u lizados para chegar ao centro, consequentemente os que tem maior fluxo de tráfego. imagem 60: Ponte Metálica Fonte: Foto de Autoria de Luciana Pessoa Otoch
metodologia
N referencial teórico
centro
av . fra
nci
sco
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les
moura brasil
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oe s
alm. barroso
te
estudos de caso
jacarecanga
monsenhor tabosa
farias brito benfica j. bonifácio
San
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tos
Dum
diagnóstico da área
j. távora
ont
Vi a
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meireles
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sen. pomp eu / expe dic. B.A rat anh a / Luc .Ca r.
aldeota
Av .U Av ni . ve Ca rs ra ./ pi J. ni Pe ma ss oa
Bez.
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projeto de intervenção
p. iracema
0km
1km
vias de acesso
Fonte: Google Earth - Editado pela Autora
5km
39
5.4. Caracterização Viária introdução
metodologia
referencial teórico
No tocante aos aspectos funcionais da hierarquia viária, o mapa mostra uma predominância de vias locais, com a presença ocasional de vias estruturais de maior porte, des nadas à vazão do fluxo de transporte público, a exemplo dos corredores de ônibus da Av. Imperador e Tristão Gonçalves.
N
A classificação foi orientada de acordo com o Plano Diretor de Fortaleza, que elenca três pos de vias: Via de Ligação Regional, com capacidade de absorver elevado volume de tráfego e equipamentos de grande porte; Via Estrutural I, com capacidade para absorver níveis moderados de tráfego e equipamentos de médio porte; e Via Estrutural II, cuja capacidade para absorver tráfego é menor. Algumas vias tem um grande caráter simbólico, como a Castro e Silva que tem edi cios relevantes em suas extremidades, de um lado a Catedral e do outro cemitério São João Ba sta.
estudos de caso
diagnóstico da área Legenda via arterial I
projeto de intervenção
via arterial II 0m
40
via local
100m
300m
caracterização viária Fonte: Google Earth - Editado pela Autora
600m
5.5. Uso do Solo N
Como bem se observam no mapa, as caracterís cas da ocupação do solo são boas indicações do viés eminentemente ins tucional e comercial do Centro, vez que consagram suas expansões localizadas imediatamente a oeste e leste como essencialmente residenciais, em contraponto à sua estrutura nuclear, voltada ao comércio. Nesse diapasão, observam-se todas as problemá cas advindas dessa caracterís ca peculiar, como: o comércio informal, trânsito conflitante entre veículos e pedestres, poluição sonora e visual e a ocupação irregular do passeio, entre outras questões. Essas distorções são agravadas sobremaneira pelo processo de esvaziamento do comércio em algumas áreas específicas do núcleo mercan l do Centro, onde a ausência das empresas faz proliferar o comércio irregular, que não se vê desencorajado pela presença de diversos prédios de uso ins tucional. São também iden ficadas áreas Ins tucionais, de usos de serviço, praças e áreas verdes e uma pequena quan dade de terrenos vazios, em contraponto aos inúmeros imóveis subu lizados ou desocupados.
introdução
metodologia
referencial teórico
estudos de caso
Legenda edifícios institucionais culturais/ patrimônio histórico praças/parques edifícios institucionais administrativos
diagnóstico da área
edifícios institucionais religiosos hospitais imóveis vagos ou subutilizados lotes desocupados
0m
100m
300m
projeto de intervenção
600m
uso do solo Fonte: Google Earth - Editado pela Autora
41
5.6. Síntese das Ambientais e Urbanas
introdução
metodologia
referencial teórico
estudos de caso
diagnóstico da área
Estruturas
No que pese a existência de uma imensa gama de potencialidades e dinâmicas diferentes no Centro, o que realça a sua importância histórica para a cidade; é extensa também a lista de problemá cas, oriundas principalmente do abandono do Poder Público, que negligencia a manutenção e a fiscalização dos equipamentos urbanos. Some-se a isso, a existência de barreiras sicas e visuais que isolam o Centro até dentro dos seus próprios limites, bem como em relação aos demais bairros da capital. Esses entraves ocasionam sua segregação inclusive em relação à Orla, vez que equipamentos como o Marina Park Hotel, INACE e os trilhos da Estação João Felipe fisicamente impedem a ligação direta entre esses locais, que também se vê bastante comprome da devido ao intenso fluxo de veículos na Av. Leste Oeste, como se pode inferir no Mapa. Outra celeuma está relacionada à degradação das áreas verdes e praças, equipamentos razoavelmente abundantes no centro, mas que padecem com ocupações irregulares e com a má u lização das suas potencialidades paisagís cas. Ademais, a despeito da predominância de prédios baixos naquela área, notase grande ver calização no entorno do Riacho Pajeú, o que também prejudica deveras a sua inclusão como elemento paisagís co naquela área. Contudo, algumas estruturas históricas e outros novos equipamentos urbanos podem protagonizar uma mudança no cenário, viabilizando uma maior integração do Centro à Orla e a outros bairros; bem como alavancar o processo de sistema zação do patrimônio histórico, praças e edi cios relevantes culturalmente e comerciamente.
Legenda espaços barreiras
projeto de intervenção
42
conj. de interesse e preservação área de maior verticalização área de degradação ambiental espaços verdes/praças
possibilidade de conexão cota topo da talvegue do Pajeú
0m
100m
300m
i Fonte: Google Earth - Editado pela Autora
600m
5.7. Estrutura viária e mobilidade urbana Em termos de mobilidade urbana, infere-se do estudo do mapa que há grande oferta de transporte público na região do Centro, o que se coaduna com sua função comercial. No entanto, no que pese o papel desempenhado pelo transporte público – sobretudo através de ônibus – ser vital na diminuição da quan dade de automóveis e do conseqüente trânsito que eles provocam, ele não funciona de forma ideal, vez que ocasiona conflitos com os pedestres, desencorajando o caminhar e a contemplação. Contudo, existem aspectos posi vos a considerar, como a implantação no METROFOR, que diminuirá sobremaneira o fluxo de automóveis e ônibus no centro; além de reduzir a necessidade de estacionamentos, gerando novos espaços para u lização; de ser um transporte que não influencia na paisagem urbana, vez que é subterrâneo; e de não causar conflitos com pedestres, possibilitando uma maior integração das pessoas com a área.
introdução
metodologia
referencial teórico
Legenda terminal aberto estação de metrô
estudos de caso
estação ferroviária linha de metrô área com poucos estacionamentos
diagnóstico da área
vias de pedestre principais acessos ao centro
corredor de transp. público
projeto de intervenção 0m
100m
300m 300m6
600m 00m
Fonte: Google Earth - Editado pela Autora
43
5.8. Pontos de Referência
forte e 10ª reg. militar
biblioteca pública teatro s. josé praça do teatro
projeto de intervenção
A categoria das praças está fartamente representada no centro da cidade, com destaque para as praças do Ferreira, da Estação, dos Leões, Parque da Criança e Passeio Público. No que pese o razoável estado de conservação da maioria das praças, algumas questões surgem como entraves à sua função orientadora, a exemplo do comércio ambulante, do uso inadequado e da falta de segurança. Já o Passeio Público e a Praça do Ferreira podem ser citados como exemplo da adequada u lização do espaço público, diante do inves mento da prefeitura em a vidades culturais que resgataram o interesse da população nesses equipamentos, que voltaram a ser amplamente freqüentados.
passeio público
diagnóstico da área
praça da estação
Para facilitar o entendimento, esses pontos de referência foram escalonados em 3 categorias: praças, edi cios relevantes que possuem usos culturais e religiosos, edi cios históricos com usos diversos; que passaremos a explorar.
mercado central
catedral sobrado dr. josé lourenço
pr. capis. abreu
estudos de caso
santa casa
referencial teórico
No local da intervenção, há uma grande variedade de pontos referenciais, como praças, edi cios históricos e equipamentos. Ainda que alguns possuam grande relevância cultural, não se observa um bom aproveitamento de seus potenciais como referência ambiental, devido à ausência de um desenho urbano que viabilize a atuação desses equipamentos como marcos visual da paisagem.
ENCETUR
estação j. felipe
metodologia
praça verde
dragão do mar
introdução
Nesse mapa, nos deparamos com as questões ligadas à orientação espacial através das imagens ambientais e de como esse processo é importante para a locomoção humana de maneira fácil e rápida nos lugares onde existe um ambiente ordenado, em detrimento do sen mento de medo e desorientação que emerge nos locais onde essa “ilegibilidadade” do espaço provoca confusão nos indivíduos, dificultando a intensificação potencial da experiência humana. (LYNCH, 1997).
paço municipal
imaculada
galeria. a. bandeira praça dos leões
cine são luiz, savanah, etc.
i. pequeno grande
pr. filgueiras de melo
praça j. alencar praça do ferreira
teatro j. alencar
praça da polícia
Legenda parque pajeú edifícios relevantes - cultural/religioso
0m
praças e parques
44 edifícios relevantes - usos diversos
100m
300m
pontos de referência Fonte: Google Earth - Editado pela Autora
banco do nordeste praça general murilo borges
parque das crianças igreja s. c. jesus
600m
A segunda categoria elencada é a dos edi cios que possuem usos culturais e religiosos, como o Teatro José de Alencar, a Catedral Metropolitana de fortaleza, o Sobrado Dr. José Lourenço e a ENCETUR (também possui um caráter comercial), que se encontram bastante prejudicados na sua função orientadora devido à deterioração e à ausência de interligação entre si, do desenho urbano desfavorável e da péssima u lização do seu entorno.
introdução A categoria dos edi cios relevantes de usos diversos consagra grandes marcos da nossa cidade como: o Forte de Nossa Senhora da Assunção, o Paço Municipal, os Prédios do entorno da Praça do Ferreira, entre outros; que estão totalmente isolados dentro do seu contexto, especialmente pela falta de conexão nos desenhos urbanos e nos elementos do sistema viário, que dificultam sobremaneira a sua integração com a paisagem, a exemplo do viaduto da Leste Oeste, que funciona como uma barreira impedi va da conexão entre o prédio da SEFAZ e os outros edi cios do entorno. Dessa forma, podemos reiterar a importância da existência de pontos de referência no co diano das cidades, vez que estes desempenham uma função fundamental na orientação das pessoas e no sen do de pertencimento do espaço urbano, desde que sejam bem u lizados, realçando seus aspectos arquitetônicos, culturais e históricos.
imagem 61: Passeio Público Fonte: Acervo Pessoal
imagem 62: Passeio Público
metodologia
imagem 63: Teatro José de Alencar Fonte: Acervo Pessoal
referencial teórico
Fonte: Acervo Pessoal
estudos de caso
diagnóstico da área
projeto de intervenção
45
5.9. Aspectos Operacionais introdução
metodologia
referencial teórico
No mapa, nota-se uma enorme quan dade de semáforos nas ruas do centro, com presença em quase todos os cruzamentos, induzindo a len dão no tráfego local. No entanto, existe um contrasenso nessa questão, vez que a morosidade do trânsito não se traduz em segurança para os pedestres, que têm sua locomoção bastante prejudicada pelos veículos.
tabosa av. mons.
av. leste oeste
Nessa esteira, algumas medidas são apontadas para mi gar a situação de estresse causada pelo intenso trânsito no centro, notadamente a aplicação dos conceitos de traffic calming, que prevê a “u lização de engenharia de tráfego para controlar a velocidade e induzir os motoristas a um modo de dirigir mais apropriado à segurança”. (Site FAU-USP).
av. dom manuel
estudos de caso
Mesmo no entorno do Rio Pajeú, que consagra uma estrutura mais irregular na paisagem, quase todas as vias do Centro são organizadas no formato ortogonal e no sistema binário, onde as ruas paralelas têm sen do opostos. No entanto, há algumas exceções formadas por vias largas de mão dupla, a exemplo da Av. Dom Manoel, Av. Duque de Caxias e Av. Leste Oeste.
Legenda semáforos terminal aberto estação ferroviária
diagnóstico da área
sentido das vias norte - sul sentido das vias leste - oeste
projeto de intervenção
av. imperador
vias de pedestre
0m
46
100m
300m
aspectos operacionais Fonte: Google Earth - Editado pela Autora
av. duque de caxias
600m
imagem 64: Rua Barão do Rio Branco Fonte: Acervo Pessoal
No que tange aos terminais abertos de ônibus, o mapa indica a existência de 2 (dois), localizados em frente às Praças da Estação e José Júlio (Igreja Sagrado Coração de Jesus). Em relação à Praça da Estação, o terminal aberto cons tui uma enorme problemá ca, vez que o percurso traçado pelas linhas de ônibus passa por ruas que possuem diversos equipamentos históricos e culminam na chegada à praça, que possui também elevado valor histórico e cultural, o que faz com que essas potencialidades passem despercebidas ao público diante do enorme fluxo de trânsito e da falta de conexão entre os elementos.
introdução
Já o terminal da Praça José Júlio não causa tantos transtornos assim, vez que está localizado em uma zona mais periférica do centro. Ainda sim, há que se observar o intenso comércio informal, que dificulta sobremaneira o tráfego de pedestres nesse local. imagem 65: Vista aérea do Centro de Fortaleza - traçado ortogonal ni damente visível - Fonte: Acervo Pessoal
metodologia
referencial teórico imagem 66: Rua General Sampaio - Trânsito de pedestre Fonte: Acervo Pessoal
estudos de caso
diagnóstico da área
projeto de intervenção
47
5.10. Aspectos geométricos – Dimensionamento introdução
metodologia
Infere-se do estudo do mapa rela vo à área de intervenção, que a grande maioria das vias está estruturada no esquema de duas faixas, sem canteiro central. Contudo, há algumas exceções, que possuem quatro faixas e canteiro central, a exemplo das avenidas Imperador, Duque de Caxias e Dom Manoel; vias de pedestre, como a Guilherme Rocha e Liberato Barroso; e ainda duas faixas com canteiro central. No que pese a diversidade de dimensões, muitos são os problemas iden ficados, como a ausência de ciclofaixas, baias de ônibus e de embarque e desembarque, que dificultam sobremaneira a mobilidade urbana na área, a despeito da boa extensão dos passeios e dos leitos das ruas. r. general sampaio
referencial teórico
4m
recorte de área para perfil
av. imperador
O nível de conservação é razoável e podemos perceber que existe uma maior apreciação de passeio nas áreas cujo pavimento é o paralelepípedo, que induz a redução da velocidade nos veículos e viabiliza o tráfego mais seguro dos pedestres. Legenda
diagnóstico da área
0m
6m
No que diz respeito à pavimentação das vias, podese afirmar que é predominantemente asfál ca, com alguns trechos de calçamento – especialmente no entorno na Praça do Ferreira – e outros em piso cerâmico, a exemplo das ruas de pedestres Guilherme Rocha e Liberato Barroso.
0m
r. liberato barroso
4m
6m
av. dom manuel
estudos de caso
tabosa av. mons.
av. leste oeste
2 faixas com canteiro central vias de pedestre 4 faixas com canteiro central
projeto de intervenção
av. duque de caxias
0m
4m
6m
0m
48
100m
300m
dimensionamento Fonte: Google Earth - Editado pela Autora
av. duque de caxias
600m
5.11. Síntese do diagnós co caracterização da área
sico e
Essa síntese traz um apanhado de todos os aspectos analisados até agora, pontuando as principais caracterís cas posi vas e nega vas da área de intervenção, que serão aqui divididas para facilitar o entendimento. No rol das potencialidades podemos citar: a presença de equipamentos culturais e históricos relacionados ao surgimento da cidade e de potenciais ambientais, a implantação da linha do METROFOR, o grande estoque de imóveis vazios ou subu lizados com infra-estrutura completa. Entre as problemá cas, as mais relevantes são: a degradação e falta de conexão entre os equipamentos culturais e ambientais, o comércio informal e irregular, a predominância do uso comercial em detrimento do residencial, escassez de vegetação e mobiliário urbano e poluição visual.
introdução
metodologia
referencial teórico
Essas observações permitem que se trace um perfil da área de intervenção, com a iden ficação dos problemas e das potencialidades como ponto de par da para a elaboração do projeto de requalificação do Centro.
estudos de caso
diagnóstico da área
projeto de intervenção
imagem 67: Igreja do Rosário - Praça dos Leões Fonte: Acervo Pessoal
49
5.12. Análise de dinâmicas e leituras sociais. introdução
metodologia
Par ndo do pressuposto do diagnos co sico gerado, foi feito um cruzamento com aspectos sociais e comportamentais, viabilizando uma analise da área de intervenção a par r de aspectos qualita vos rela vos as dinâmicas existentes entre os edi cios simbólicos, as praças e o centro.
N
5.12.1. Dinâmicas Socioespaciais A análise das dinâmicas dos edi cios a par r do mapa tem como escopo iden ficar a área de abrangência virtual dos equipamentos urbanos, para determinar se estes são restritos a sua área sica ou se irradiam para além dos seus limites, conectando-se com outras estruturas e com a paisagem.
estudos de caso
j. moreira
As principais impressões a esse respeito trazem pontos posi vos, no sen do da existência de muitas potencialidades, mas preceitua que a maioria dos espaços públicos de relevância histórica possui abrangência restrita a sua área limítrofe, o que se configura na subu lização desses espaços tão ricos e importantes na história da cidade, como o passeio público e a Encetur. É relatada ainda a existência de alguns equipamentos que têm poder irradiador de sua influência, geralmente ligados ao comercio informal, a exemplo da praça da estação, do mercado central e do terminal aberto de ônibus.
50
Contudo, a predominância do uso comercial por si só, é incapaz de promover a integração dos equipamentos, vez que a função residencial encontrase significa vamente alijada naquela área. Por fim, observa-se que a mobilidade urbana é um fator chave na requalificação do centro, vez que o grande fluxo de ônibus e automóveis é incompa vel com o local, dificultando sobremaneira o tráfego de pedestres e a apreciação da paisagem urbana e segregando ainda mais os espaços públicos essências a vida cultural da cidade.
l. barroso
g. samapaio
projeto de intervenção
gui. rocha
24 de maio
diagnóstico da área
s. pompeu
referencial teórico
0m
100m
300m
600m
dinâmicas socioespaciais e acessibilidade dinâmicas socioespaciais Fonte: Google Earth - Editado pela Autora
Legenda edifícios simbólicos e praças degradadas ou subutilizadas
introdução
edifícios simbólicos e praças com dinâmicas que não irradiam edifícios simbólicos e praças com dinâmicas que irradiam fluxo intenso de pessoas fluxo intenso de carros
metodologia raio aproximado de alcance áreas com presença de barreiras - comércio informal dificultando a locomoção dos pedestres precariedade em relação ao acesso, estacionamento e veículos de serviço
A mobilidade urbana esta relacionada à acessibilidade de todos os grupos aos espaços públicos, que têm caráter essencialmente democrá co. No tocante a acessibilidade, a única percepção posi va citada é relacionada a largura das ruas e calçadas, que possuem dimensões bem generosas, facilitando o trânsito dos pedestres; Já os pontos nega vos são inúmeros, a começar pela obstrução dos passeios pelo comércio informal, dificultando a passagem de pedestres, passando pela obstrução das vias com carros estacionados em locais impróprios, dificultando o trânsito de veículos. Ademais, a faixa de pedestres raramente é respeitada, vez que os carros trafegam em alta velocidade, tornando o atravessamento entre ruas e a segurança dos passantes dificultosa. Some-se a isso a quase inexistência de rampas de acesso para deficientes, que causa segregação na acessibilidade por esse grande grupo de pessoas. Por fim, todos esses fatores causam a segregação dos espaços públicos e desencorajam o caminhar e a contemplação, assim, não acontece o aproveitamento efe vo dos equipamentos sociais e culturais, presentes em larga escala no Centro da cidade e que atualmente padecem pelo abandono e pela falta de ligação emocional com a população da cidade.
referencial teórico imagem 68: Rua Dr. João Moreira - Calçada Larga Fonte: Acervo Pessoal
imagem 69: Faixa de Pedestre - Rua Liberato Barroso com Br. Rio Branco Fonte: Acervo Pessoal
estudos de caso
diagnóstico da área
projeto de intervenção
51
imagem 70: Teatro JosĂŠ de Alencar Fonte: Acervo Pessoal
imagem 71: Bancos - Passeio PĂşblico Fonte: Acervo Pessoal
6.0. Conceituação do projeto introdução
A par r dos estudos realizados ao longo da pesquisa surgiram vários ques onamentos, como: o que fazer para que o Centro se torne um lugar atra vo? Qual seria a solução para o Centro voltar a fazer parte do co diano da cidade? Por que não u lizar os espaços vazios ou abandonados como espaço integrador? Como fazer para que o Centro volte a ser um espaço integrado? Diante dessas perguntas, o plano foi traçado por duas diretrizes:
01. A u lização do viés ar s co e cultural a fim de promover metodologia
referencial teórico
estudos de caso
diagnóstico da área
projeto de intervenção
54
uma padronização cria va dos equipamentos urbanos do Centro, proporcionando uma iden dade ao lugar. Acreditando na possibilidade de ocupação dos “vazios urbanos” a fim de des ná-los para novos equipamentos público/cultural e, junto a isso, intervir no seu entorno através de obras de ar stas plás cos cearenses, valorizando os profissionais da terra e fazendo com que seu trabalho seja visto por todos os pos de público. O interesse pela temá ca surgiu por que a cultura é uma das maiores potencialidades do Centro – principalmente por seu caráter histórico – além de estar associada aos edi cios, patrimônio histórico e praças de valores simbólicos, também está diretamente ligada a manifestações culturais que dinamizam e diversificam o espaço público. Assim, essa será a principal diretriz que nos guiará a fim alcançar a melhoria do espaço urbano.
02. Através do reconhecimento dos fluxos culturais (patrimônio, praças e edi cios relevantes), procuraremos adequar os espaços públicos, respeitando a realidade e a iden dade da área. Como já foi dito, inserir projetos urbanos que não apresentem relação com o entorno não é suficiente para requalificar um lugar, pois agindo de forma pontual, as dinâmicas existentes não serão levadas em consideração, acarretando a perda do sen ndo do projeto e ao não cumprimento de seu obje vo, visto que os problemas de degradação sica e social permanecerão. A união das dinâmicas existentes com o incen vo à diversificação econômica tem como finalidade es mular a reabilitação socioespacial e a ar culação dos equipamentos histórico/culturais, praças e edi cio relevantes, criando um sistema integrado por meio de sua potencialidade, passando a ter uma vitalidade em todos os períodos do dia e atraindo diversas classes sociais. A par r do diagnós co realizado, alguns problemas quanto à ”mobilidade urbana”, “iden dade” e “uso” foram revelados. Assim, o plano de intervenção foi pensado para suprir essas necessidades.
imagem 72: Galeria Antônio Bandeira Fonte: Acervo Pessoal
área de estudo
valorização do pedestre diversificar usos
conexão com a cidade
mobilidade urbana
facilitar acesso
ciclovia
identidade
padronizar
integração
ciclovia
turismo sistema
caminhos alternativos
caminhos arte permanência
fluxograma
parklets
percursos
pockets park
6.1. Mobilidade Urbana introdução
metodologia
referencial teórico
estudos de caso
diagnóstico da área
O Centro hoje recebe um alto fluxo de carros e ônibus que transitam todos os dias por suas ruas, porém esse fluxo não condiz com a escala do bairro, acarretando em diversos problemas de acessibilidade e engarrafamento que acabam por segregar o bairro, pois criam espaços evitados pelos passantes. Além disso, o pedestre não é valorizado, pois as vias se apresentam com calçadas deterioradas ou com a presença de barreiras – impedindo uma conexão entre os espaços. As modificações no sistema de mobilidade serão pensadas a par r da relação com os novos usos propostos.
Propostas: - A principal intervenção é a que diz respeito às calçadas e caminhos (pockets park), que serão padronizadas com finalidade de facilitar a legibilidade e servir como guia para os turistas, se o mesmo seguir a paginação de piso ele chegará em des nos variados como: patrimônio histórico, áreas comerciais, praças e edi cios simbólicos. Pensando na acessibilidade, além da paginação de piso que reforça a comunicação através da visão, u lizaremos plantas aromá cas, piso tá l e uma rádio – essa funcionará apenas nas áreas de intervenção - para guiar os deficientes visuais e audi vos, além de rampas acessíveis, equipamento público adequado para todos os pos de deficiência, criando assim, grandes caminhos e parques sensoriais com paisagismo, comunicação visual e desing urbano trabalhando juntos a fim de criar um ambiente peculiar e atraente. - Serão criados pockets parks que servirão de atalhos que interligarão os patrimônios, praças, edi cios simbólicos e áreas comerciais, esses pequenos parques terão os mesmos recursos de sistema zação e de acessibilidade. - Reordenação dos ônibus dentro da área de intervenção e a u lização do ar cio “traffic calming” para controlar o fluxo de carros em algumas ruas. Assim, será criado um sistema de circulação interno através da criação de duas linhas de VLT, essas vão se integrar a dois terminais – que serão construídos em atuais vazios - de forma que as pessoas vindas de ônibus desembarcarão nesses terminas e poderão seguir a pé, u lizar VLT – Veículo Leve sobre Trilhos - ou ainda poderá alugar bicicletas. Para a u lização desses meios de transporte, será
cobrada uma tarifa única. A par r dessas medidas, o Centro se voltará mais para as necessidades dos pedestres, trazendo caminhos agradáveis e compa veis com a escala do bairro. - Criação de um mapa de percursos que guiará e incen vará as pessoa a andarem à pé. - A Criação das linhas de VLT tem como referência os bondes, e será feita a fim de resgatar a iden dade e a tranquilidade do centro histórico, além da facilidade e rapidez do deslocamento. - Criação de ciclofaixas. Elas permearão alguns espaços públicos, dentre eles: Parque Pajeú, Parque das Crianças, Parque do Riacho Pajeú (a ser implantado), Parque Iracema (a ser implantado) e Passeio Público. Assim, a dinâmica que acontece no interior desses espaços irá dialogar com o entorno e contribuirá de forma posi va para o percurso do ciclista. Ao longo desse percurso serão feitos vários “bicicletários”, facilitando a chegada e o acesso. - Os estacionamentos irregulares serão re rados. Bolsões de estacionamento criados na periferia, próximos aos principais acessos por automóveis e próximos aos terminais de transporte integrado. O intuito é que as pessoas se desloquem com carros até o estacionamento e de lá u lizem os meios de transporte oferecidos. - Haverá poucas vagas de estacionamento ao longo das vias, sendo a maioria oferecida para portadores de deficiência. - Criação de baias de embarque/desembarque, principalmente próximas aos equipamentos, praças e galerias; - Implantação do “traffic calming” em algumas vias, com o intuito de reduzir a velocidade dos automóveis e valorizar o pedestre. Essa medida é feita a par r das modificações de piso, passagens em desnível, modificação do traçado re líneo e u lização de vegetação e sinalização de alerta. - Reforma e padronização das calçadas de acordo com usos propostos ao longo das vias. Além disso, proporcionar mais arborização com a consequência de um maior conforto ambiental.
projeto de intervenção
56
imagem 73: Praça dos Leões Fonte: Acervo Pessoal
6.2. Iden dade A iden dade é uma questão diretamente ligada à requalificação ou reabilitação de um espaço, e está inteiramente ligada com ao viés cultural. As manifestações culturais, dinâmicas socioespaciais e caracterís cas do centro serão levadas em consideração nesse po de intervenção.
Propostas: - Um dos grandes problemas do Centro, é o comércio informal. Apesar dos ambulantes já fazerem parte da dinâmica do local, eles causam problemas de fluxo e acessibilidade, tornando-se barreiras e, consequentemente, dificultando o caminhar. Uma das propostas é que eles permaneçam na área, porém reordenando-os em espaços próximos de onde eles se encontram hoje, criando uma feira alterna va com diversas a vidades e organização espacial que proporcione mais atra vidade. A outra proposta é que alguns deles permaneçam nas calçadas/ruas, porém de forma não prejudicial ao trânsito dos pedestres. Assim, serão criadas barracas/quiosques padronizados que se instalaram em espaços com uma estrutura de apoio aos feirantes, como: espaços para exposição dos produtos, sombreamento, iluminação, banheiros e mobiliário urbano padronizado – dando iden dade ao lugar. A fim de manter a dinâmica do lugar, alguns desses quiosques serão des nados para barzinhos e restaurantes, esses incen varão a permanência no espaço em diversos horários. - Hoje a área possui diversas manifestações culturais interessan ssimas, como: feijoada, happy hour, apresentações musicais no Passeio Publico, leitura de livros aos domingos no Teatro
José de Alencar. A intenção é criar um diálogo do entorno com essas dinâmicas a fim de que o público esteja presente em vários lugares do Centro.
introdução
- Criação de equipamentos arquitetônicos com viés cultural nos espaços vazios, onde seu entorno receberá um tratamento paisagís co intera vo e lúdico, a fim de criar iden ficação do espaço para com a população. - Estão presentes na área de intervenção espaços vazios no interior de algumas quadras e espaços com estacionamentos irregulares, nesses locais serão criados espaços verdes (pockets parks) com usos e temas variados, podendo ser bares, restaurante, galerias de exposição ar s ca, espaços para crianças, etc. Essa ação tem como obje vo u lizar todos os espaços que o Centro proporciona, além de incen var o percurso de um ponto a outro, através do conforto ambiental. - Elaboração e padronização da comunicação visual do centro. - Padronização da sinalização comercial e da proteção solar, visando à manutenção da iden dade do lugar, ao mesmo tempo viabiliza o redescobrimento das fachadas e a possibilidade de restaurá-las. Cada estabelecimento só poderá ter um letreiro com dimensionamento padrão, não podendo avançar mais de 50 cm no passeio. Essa proposta tem como obje vos: melhor entendimento do espaço e a possibilidade de ver os edi cios – muitos deles históricos e que são escondidos por placas de publicidade. Os toldos não poderão conter propagandas e toda a fiação elétrica passará a ser subterrânea, permi ndo uma melhor compreensão e apreciação dos equipamentos históricos.
metodologia
referencial teórico
estudos de caso
imagem 75: Mosaico - Estação João Fellipe Fonte: Acervo Pessoal
diagnóstico da área
projeto de intervenção
imagem 74: Estátua Rachel de Queiroz - Praça dos Leões Fonte: Acervo Pessoal
57
6.3. Usos introdução
A inclusão de novos usos na área de intervenção é a estratégia fundamental para conseguir a conexão dos equipamentos culturais, pois essa diversidade incen vará o passeio de lazer e permanência, de forma que os percursos mais longos sejam feitos de forma agradável e que o interesse das pessoas não seja apenas pelo comércio. Essa dinâmica de usos faz com que os espaços passem a ser valorizados e revisitados.
Propostas: metodologia
referencial teórico
estudos de caso
- Atrair várias camadas populares para o Centro, através da arte, da cultura, da requalificação de calçadas, etc. Assim, consequentemente, o interesse por morar no centro vai surgindo, e a par r desse interesse pretende-se u lizar alguns lotes desocupados para a construção de habitações de interesse social, e des nar os prédios desocupados e subu lizados para a classe média e alta, u lizando parcerias público/ privado e de incen vos fiscais e financeiros – por possuírem alto custo de reforma.
imagem 76: PiqueNique - Passeio Público Fonte: h p://www.nopa o.com.br/uploads/2013/08/21gs1201.jpg
- Aproveitar a grande quan dade de edificações desocupadas, subu lizadas ou ocupadas por estacionamentos privados de forma irregular para introduzir novas a vidades econômicas a par r de incen vos. Essas edificações terão uso misto, dessa forma que o edi cio não ficará subu lizada e haverá movimentos no entorno todos os dias e horários.
diagnóstico da área
projeto de intervenção
58
imagem 77: Chorinho - Passeio Público Fonte: Acervo Pessoal
6.4. Concepção do Projeto A par r dessas propostas foram criados mapas de estudo e croquis, que levaram ao projeto final. Essa sequência será mostrada ao longo do trabalho. Primeiro, eu visualizei o mapa do centro e fui circulando todas as áreas verdes, patrimônio e áreas de interesse comercial, fazendo assim, ligações, tanto pelas vias, quanto por dentro das quadras (edificações degradadas, abandonadas ou subu lizadas) surgindo assim, a primeira forma do projeto e, a par r disso, consegui criar toda a comunicação visual das áreas que sofreriam intervenção.
introdução
metodologia
referencial teórico
estudos de caso
diagnóstico da área
projeto de intervenção evolução do projeto Fonte: http://www.arquitetura.ufc.br/professor/ Mapas%20e%20Gr%E1ficos%20-%20Fortaleza/Mapas%20 DWG/ - Editado pela Autora
59
N
Mapa 01 introdução
metodologia
Ao desenvolver o mapa, percebemos que o patrimônio, as praças e edificações simbólicas relevantes não se conectam, isso passa a ser um dos desafios para o projeto. Fica claro, que nesse mapa, o desenho do projeto já surge em prol dessa necessidade. Nele destacam-se as áreas verdes, as possíveis áreas verdes (após a intervenção), edificações relevantes, a conexão dessas por meio de algumas vias e por dentro de algumas quadras (edificações degradadas ou subu lizadas), e já começa a aparecer a área que o transporte interno vai abrangir. A par r desse mapa, o projeto começou a ser desenvolvido de acordo com as diretrizes de planejamento.
Legenda referencial teórico
raio transporte interno
raio transporte externo vias com possíveis alterações
praças existentes
estudos de caso
possíveis áreas verdes
edificações abandonadas
diagnóstico da área
projeto de intervenção 0m
60
150m
450m
900m
evolução do projeto Fonte: Google Earth - Editado pela Autora
N
Mapa 02 Podemos perceber que nesse mapa o estudo tornase mais minucioso. A rota do transporte interno aparece ao longo das vias, porém, ainda não completamente decidido, as intervenções por dentro das quadras (pockets parks) estão melhor definidos. E, podemos perceber a descoberta do percurso do Riacho Pajeú, com isso, podemos traçar um parque linear nessa área revitalizando e trazendo o Pajeú de volta a cidade. Nesse estudo, foi decidido pela conexão do centro com a praia de Iracema, consequentemente, a remoção da INACE. Assim, no lugar do estaleiro, será proposto um parque com várias a vidades espor vas, culturais e educa vas. Essa conexão poderá ser feita através das ciclovias, dos percursos alterna vos (pockets parks) e dos transportes públicos existentes e os que foram criados.
introdução
metodologia
referencial teórico
Legenda caminhos alternativos
rota transporte interno
vias com possíveis alterações
estudos de caso
praças existentes
possíveis parques
pockets parques
diagnóstico da área
possíveis parques
recurso hídrico
projeto de intervenção 0m
100m
300m
evolução do projeto Fonte: Google Earth - Editado pela Autora
600m
61
Parque Pajeú introdução
O Parque Sensorial Pajeú foi pensado para ser uma área gastrônomica e um museu aberto, tendo em vista o grande potencial histórico que o riacho possui por a cidade ter nascido às suas margens, levando isso em consideração, faríamos uma espécie de “linha do tempo” ao longo do parque, com locais para exposições fotográficas, leituras de livros, vídeos que mostrem como era a vida na an ga Fortaleza. Para induzir o caminhar das pessoas ao longo do parque, e também, pelo sistema que foi criado por todo o centro, foi pensado num sistema acessível, u lizando alguns ar
cios:
- o primeiro foi a paginação de piso, que atrai o caminhar, e também fez alusão a importância do Pajeú para a cidade, assim, foi pensada como se fosse a “artéria pulsante do centro” - o centro con nua vivo. Além disso, se a paginação for seguida, a mesma te levará ao encontro do patrimônio, da cultura, dos edi cios relevantes, do comércio, etc.; - pensando em todos os pos de deficiência, os parque foram projetados com plantas aromá cas, uma rádio que tocará apenas nos percursos criados, piso tá l, equipamentos sensoriais e equipamentos urbanos acessíveis;
metodologia
- criação de parquinhos lúdicos para es mular as crianças de outras maneiras mais atraentes e, que elas possam, com esses brinquedos, aprenderem. Essas medidas, não apenas foram tomadas no Parque Pajeú, mas ao longo de todo o percurso que foi criado, criando um sistema ar culado e acessível.
A seguir, começ começaremos os primeiros estudos do Parque Sensorial Pajeú: 0m
40m
120m
parque pajeú
N
referencial teórico
estudos de caso
11
diagnóstico da área 01
10
projeto de intervenção
06 07
02 05 62 03 04
09 08
01
05
08
introdução
09
metodologia
06 02
referencial teórico 07 10
estudos de caso
03
11
diagnóstico da área
04
projeto de intervenção
perspectivas - sem escala
63
Parque Iracema introdução
O Parque Sensorial Pajeú foi pensado para ser uma área de lazer, esporte, cultura e praia, tendo em vista o grande potencial por ser diretamente ligado à praia de Iracema. A padronização das calçadas con nuou a mesma para dar iden dade às áreas que sofrerão intervenções. As marinas que já exis am por conta do estaleiro, permanecerão, porém serão u lizadas por
banhistas e para esportes aquá cos. Foi criado um pier para que as pessoas voltem a ter aproximação com a água no lugar. Alguns galpões que exis am antes, permaneceram, porém com outro uso: um como a administração e como espaço para exposições e o outro como Borboletário, atraindo diversos grupos de pessoas. Como marco da paisagem, uma roda gigante foi sugerida a fim de ser um
atra vo turís co e local, tendo uma visão de toda a praia de iracema e beira mar, e também, do belíssimo pôr do sol. Os mesmos ar cios de acessibilidade foram u lizados nesse parque.
A seguir, começaremos os primeiros estudos do Parque Sensorial Iracema:
N 19
metodologia
20
18
referencial teórico 17 15
16
estudos de caso
14
diagnóstico da área
13
projeto de intervenção 12 64
0m
50m
parque iracema
150m
12
17
16
introdução
metodologia
13 18
referencial teórico
14
estudos de caso
19
20
diagnóstico da área
15
projeto de intervenção perspectivas - sem escala 65
Pockets Park introdução
Os “Pockets Park” são pequenos parques que se localizam entre as edificações, principalmente, em cidades com fluxo intenso de pessoas e carros, criando um ambiente confortável e tranquilo. No projeto, os pockets são de extrema importância, pois eles compõem o novo percurso traçado no centro, e atua como percurso alterna vo, des nado somente aos pedestres e ciclistas. Tendo em vista que esses espaços poderiam se tornar locais de passagem, demos um tema para cada pocket: música; arte de rua; literatura; gastronomia; brinquedos; etc; Assim, se tornariam pontos de encontros de diversos grupos. Esses lugares teriam uma iden dade própria para fazer menção ao tema, mas sem deixar de ter a iden dade de acessibilidade do sistema.
A seguir, começaremos os primeiros estudos do Pockets com tema “Literatura” e “Música”, respec vamente: metodologia
referencial teórico
22
21
0m
10m
pocket park - literatura
estudos de caso 21
22
diagnóstico da área
projeto de intervenção perspectivas - sem escala 66
15m
introdução
metodologia
23 0m
10m
15m
referencial teórico
pocket park - música
23
estudos de caso
diagnóstico da área
projeto de intervenção perspectiva - sem escala 67
Vias introdução
Apesar das vias serem largar, elas privilegiam os carros e ônibus deixando o tráfego lento e dificultando a passagem do pedestre. Além do transtorno do trânsito, o pedestre ainda tem que desviar das barreiras que se encontram nas calçadas, podemos citar como exemplo disso, os vendedores ambulantes que permanecem nas calçadas. Percebendo esses problemas, sugerimos que algumas ruas fossem modificadas, passando a privilegiar o pedestre. Assim, as calçadas foram aumentadas para dar mais liberdade para o pedestre e, agora, receberão arborização, tornando o caminhar mais confortável. A par r disso, teremos apenas duas faixas para carros e ônibus, e surgirá uma ciclovia. A paginação de piso das calçadas será a mesma do sistema de acessibilidade, juntamente com as plantas aromá cas, a rádio, o piso tá l e os equipamentos urbanos padronizados. Em algumas vias que não sofrerão uma intervenção desse porte, acontecerão pequenas intervenções através dos “parklets”, são pequenos ambientes que “invadem” a caixa das vias formando um ambiente de espera, com plantas, bancos e mesas. Serve, também, como um alerta de que aquele espaço é melhor do que um carro estacionado.
metodologia A seguir, começaremos os primeiros estudos das vias e parklets:
referencial teórico
estudos de caso
0m
diagnóstico da área
3m
6m
rua castro e silva - sugestão parklet
0m
3m
6m
r. barão do rio branco - situação atual
0m
3m
6m
r. barão do rio branco - projeto
projeto de intervenção
68
perspectiva - sem escala
Equipamentos Urbanos Os equipamentos urbanos presentes no centro apresentam um bom estado, porém isso só acontece nas praças mais movimentadas, como: Passeio Público, Praça dos Leões e Praça do Ferreira. Tendo isso em vista, foi pensado em uma padronização dos equipamentos urbanos apenas nas intervenções que serão feitas. Assim, o sistema será padronizado e terá sua iden dade. A seguir, estudos iniciais do mobiliário urbano:
introdução
metodologia
referencial teórico
poste de iluminação - sem escala
poste de iluminação - sem escala
coberta metálica - sem escala
banco - sem escala
estudos de caso
diagnóstico da área
projeto de intervenção
69 banco - sem escala
espaço para descanso - sem escala
coberta metálica - sem escala
imagem 78: Grades - Passeio PĂşblico Fonte: Acervo Pessoal
imagem 79: Escadaria - Teatro José de Alencar
imagem 80: Fachada Interna - Teatro José de Alencar
Fonte: Acervo Pessoal
Fonte: Acervo Pessoal
N
6.5. Projeto de Intervenção Master Plan parque iracema
introdução
Nesse mapa temos todas as intervenções que serão feitas definidas. A criação do sistema que interliga os principais monumentos, praças, patrimônio e edi cios relevantes. Esse sistema acontece por meio dos Parques Sensoriais Iracema e Pajeú e se extende através dos pockets parks, caminhos alterna vos que provilegiam o pedestre, e em alguns casos, o ciclista.
metodologia O percurso das duas linhas do VLT estão definidas, juntamente com seus terminais. Ao lado desses terminais, bolsões de estacionamento darão suporte para o elevado número de carros.
referencial teórico
Com esse projeto, o centro aparecerá como um lugar integrado, agradável e acessível, com diversas a vidades que imperdirá sua deser ficação em horários não comerciais.
Legenda vias que sofrerão intervenção
estudos de caso
parque pajeú pocket de música
pockets park praças existentes parques novos usos: galerias, largos, comércio informal, etc.
diagnóstico da área
aumentar praça patrimônio histórico e cultural, edifícios simbólicos e culturais espaço para habitação de interesse social bolsões de estacionamento
projeto de intervenção
terminal de transporte integrado linha vlt 01
72
0m
100m
300m
linha vlt 02
master plan
incorporação do projeto “Rua das Praças”
Fonte: Google Earth - Editado pela Autora
600m
Mapa de Percursos Esse mapa foi criado para incen var o caminhar, indicando a rota e o tempo que leva para fazer o percurso escolhido à pé seguindo o sistema que será criado. A seguir, o projeto de requalificação das áreas apresentadas no master plan será apresentado.
introdução
Legenda percurso 01: do mercado à estação 6 minutos
metodologia
percurso 02: da estação ao teatro 9 minutos percurso 03: do teatro ao parque das crianças 7 minutos percurso 04: do teatro à catedral 12 minutos
referencial teórico
percurso 05: da p. do ferreira ao passeio público 4 minutos percurso 06: do parque das crianças à catedral 10 minutos percurso 07: do p. público ao parque da iracema 4 minutos percurso 08: do teatro ao banco do nordeste 11 minutos
estudos de caso
percurso 09: da catedral ao dragão do mar 15 minutos sugestão de percurso cultural e turístico sugestão de percurso para comércio
diagnóstico da área
projeto de intervenção 0m
100m
300m
600m
mapa de percursos Fonte: Google Earth - Editado pela Autora
73
Parque Pajeú Legenda 01
Área de convivência e descanso com nova arborização
Coberta Metálica Pontes / passarales de madeira plás ca ECOBLOCK
02
Praça de alimentação
03
Espaço para Parquinho Lúdico
04
Cinema Aberto
05
Pór cos com função de borrifador de água e de tóten para informação
Paginação de piso cimen cio an derrapante na cor laranja e cinza clara, e paginação com piso ecológico feito de pneu IMPACT SOFT - Cinza Escuro Arborização Proposta Médio/Grande Porte - Árvores aromá cas Riacho Pajeú
N
01
P
P 04
0m
01 Q
01
Q
R
01
20m
80m
parque pajeú
02
01
R T
T
01 S
S 05
03
05 05
Piso Tá l
05
01
05
05
05
01 0m
10m
corte Q
05 30m
50m
N 01 N
Legenda Parque existentes setor 01
introdução
setor 02
90m
0m
P
setores
P 04
metodologia
01
referencial teórico
Q
Legenda 01 0m
20m
01
Área de convivência e descanso com nova arborização
04
Cinema Aberto
05
Pór cos com função de borrifador de água e de tóten para informação
80m
setor 01
estudos de caso
Coberta Metálica Pontes / passarales de madeira plás ca ECOBLOCK Paginação de piso cimen cio an derrapante na cor laranja e cinza clara, e paginação com piso ecológico feito de pneu IMPACT SOFT - Cinza Escuro
diagnóstico da área
Arborização Proposta Médio/Grande Porte - Árvores aromá cas Riacho Pajeú
01 0m
20m
40m
corte P
04
projeto de intervenção
01 75
N
Legenda Parque existentes setor 01
0m
N
setor 02
90m
setores
01
05
Q R
05 01
R T
02
T 03 05
S
S
0m
20m
setor 02 05
05
60m
Legenda Área de convivência e descanso com nova arborização
01 02
Praça de alimentação
03
Espaço para Parquinho Lúdico
05
Pór cos com função de borrifador de água e de tóten para informação
Coberta Metálica
introdução
Pontes / passarales de madeira plás ca ECOBLOCK Paginação de piso cimen cio an derrapante na cor laranja e cinza clara, e paginação com piso ecológico feito de pneu IMPACT SOFT - Cinza Escuro Arborização Proposta Médio/Grande Porte - Árvores aromá cas
metodologia
Riacho Pajeú
0m
5m
10m
corte R 05
0m
5m
01
referencial teórico
estudos de caso
10m
corte S 01
05
01
diagnóstico da área
0m 3m
projeto de intervenção
9m
corte T 01
01
02
05
77
A
Parque Iracema Legenda 01
02 03
01
N
Píer de madeira para criar área de convivência e pequenos píeres para banho
04 02
Espaço de praia ar ficial com piso de pedras e rampa acessível
13
03
Marco na Paisagem Roda Gigante
04
Pista de Skate
05
Galpões existentes Mudança de Uso
06
Área de convivência e descanso com nova arborização
07
Praça de alimentação
08
Espaço para Parquinho Lúdico
09
Quadras de areia e quadras de cimento
10
Cinema Aberto
11
Arena Aberta - Espaço para shows
12
Passarela Metálica
13
Marinas existentes que servirão de apoio para o esporte aquá co
14
Área de praia com nova arborização
05
14 05
06 13 05 08 07
02
C
11
C B
09
14
05
06 10
0m 10m
05
50m
100m
parque iracema
08 06
06
Coberta Metálica
B
06
Paginação de piso cimen cio an derrapante na cor laranja e cinza clara, e paginação com piso ecológico feito de pneu IMPACT SOFT - Cinza Escuro
A
Arborização Proposta Médio/Grande Porte - Árvores aromá cas Ciclofaixa
12
06
06
Legenda
09
06
14
01
Piso Tá l
06
0m
20m
corte A
60m
N
N 09
Legenda
07
11 B
setor 01
introdução
setor 02 setor 03
0
150m
06
setores
05
06 10
metodologia
05 06 06 06 06
referencial teórico
B
A
Legenda C
0m
Galpões existentes Mudança de Uso
06
Área de convivência e descanso com nova arborização
07
Praça de alimentação
08
Espaço para Parquinho Lúdico
09
Quadras de areia e quadras de cimento
Arborização Proposta Médio/Grande Porte - Árvores aromá cas
10
Cinema Aberto
Ciclofaixa
11
Arena Aberta - Espaço para shows
Piso Tá l
150m
100m
setor 01
Área de praia com nova arborização
05
14
estudos de caso
Coberta Metálica Paginação de piso cimen cio an derrapante na cor laranja e cinza clara, e paginação com piso ecológico feito de pneu IMPACT SOFT - Cinza Escuro
diagnóstico da área
projeto de intervenção 06 0m 20m
06 60m
corte B
08
05
06
06
06
11 79
N
Legenda
N
setor 01 setor 02 setorr 03
0
05
150m
setores
14 13
Legenda 02
Espaço de praia ar ficial com piso de pedras e rampa acessível
05
Galpões existentes Mudança de Uso
06
Área de convivência e descanso com nova arborização
07
Praça de alimentação
08
Espaço para Parquinho Lúdico
09
Quadras de areia e quadras de cimento
10
Cinema Aberto
11
Arena Aberta - Espaço para shows
13
Marinas existentes que servirão de apoio para o esporte aquá co
14
Área de praia com nova arborização
05
06 08
07
C
02
C
11
B 09
0m
50m
100m
setor 02
Coberta Metálica Paginação de piso cimen cio an derrapante na cor laranja e cinza clara, e paginação com piso ecológico feito de pneu IMPACT SOFT - Cinza Escuro Arborização Proposta Médio/Grande Porte - Árvores aromá cas Ciclofaixa Piso Tá l
02
09
07
11 0m
15m
corte C
30m
60m
N
Legenda setor 01
introdução
setor 02 setor 03
0
150m
setores
N
A
metodologia met me t
14
03 04
02
01
referencial teórico 05
13
14
estudos de caso
0m
50m
100m
Legenda
setor 03
01
Píer de madeira para criar área de convivência e pequenos píeres para banho
02
Espaço de praia ar ficial com piso de pedras e rampa acessível
20m
60m
corte A - ampliado
01
14
Área de praia com nova arborização
diagnóstico da área
Coberta Metálica
03
Marco na Paisagem Roda Gigante
04
Pista de Skate
05
Galpões existentes Mudança de Uso
Arborização Proposta Médio/Grande Porte - Árvores aromá cas
Piso Tá l
Ciclofaixa
14 0m
13
Marinas existentes que servirão de apoio para o esporte aquá co
Paginação de piso cimen cio an derrapante na cor laranja e cinza clara, e paginação com piso ecológico feito de pneu IMPACT SOFT - Cinza Escuro
projeto de intervenção
81
N P
O
Pocket Park - Tema: Música N
N
06 08
M
11
M
06 06
06
06
P
O
06
0m
10m
pocket park - tema: música
Legenda Paisagismo Calêndula - Calendula officinalis Cambará de cheiro Lantana camara
Cajueiro - Anacardium occidentale
Ipê Amarelo Tabebuia chrysotricha occidentale
Legenda Eucalipto - Eucalyptus globulus Labill
Ciclofaixa
Piso Tá l
06
Área de convivência e descanso com nova arborização
Siriguela - Spondias purpurea
Quiosques para alimentação
Bancos de concreto com proposta do tema
08
Espaço para Parquinho Lúdico
Flamboyant - Delonix regia
Banheiros
Tóten acessível
11
Arena Aberta - Espaço para shows
Goiabeira - Psidium guajava L.
Cobertas Metálicas
Pór cos com proposta do tema e com função de borrifador de água
Jasmim Manga Plumeria rubra
Expositores
Paginação de piso cimen cio an derrapante na cor laranja e cinza clara, e paginação com piso ecológico feito de pneu IMPACT SOFT - Cinza Escuro
Bancos de Concreto com bicicletário acoplado Veículo Leve Sobre Trilhos - VLT
30m
introdução
06 0m
4m
08
06
11
06
15m
corte M
metodologia
referencial teórico 0m
4m
15m
corte N
estudos de caso
0m
4m
15m
corte O
06
06
diagnóstico da área
projeto de intervenção
0m
4m
15m
corte P
06
08
83
Vias
0m
2m
6m
rua barão do rio branco - realidade
0m
3m
6m
rua barão do rio branco - projeto
Legenda Ciclofaixa Aumento da caixa do canteiro cetral Veiculo Leve sobre Trilhos Paginação de piso cimen cio an derrapante na cor laranja e cinza clara, e paginação com piso ecológico feito de pneu IMPACT SOFT - Cinza Escuro Nova arborização Médio/Grande Porte
0m
4m
10m
rua floriano peixoto - projeto com VLT
placa de energia solar
Mobiliário Urbano
placa de energia solar
iluminação
introdução
A
planta baixa D
metodologia pintura de ar stas cearenses
vista A 0m
1,5m
tóten informativo metálico
vista D
referencial teórico
estudos de caso perspec va
0m
0,4m
1m
banco de concreto com bicicletário
diagnóstico da área
B pintura de ar stas cearenses
C
planta baixa
vista B 0m
projeto de intervenção
vista C 0,4m
1m
bancos para mesa
0m
1,6m
poste de iluminação
85
placa de energia solar placa de energia solar
placa de energia solar coberta em estrutura metálica
placa de energia solar
1
estrutura metálica de captação de água
coberta em estrutura metálica
treliça metálica
mesa de concreto
painel informa vo em braile
pintura de ar stas cearenses
estrutura metálica de captação de água
placa solar i= 1%
placa de energia solar
corte 1
i= 2% placa solar
vista E
projeção coberta E
planta baixa
F 0m
1m
2m
mesas cobertas
0m
0,5m
1m
tóten acessível para deficiente visual e auditivo
2
janela alta para ven lação cruzada
introdução
metodologia
balcão para atendimento em concreto
entrada de serviço
pintura de ar stas plás cos cearenses
referencial teórico
G
vista F
vista G
janela alta para ven lação cruzada
estudos de caso
diagnóstico da área
balcão para atendimento em concreto balcão para atendimento em concreto
projeto de intervenção
planta baixa 0m
0,75m
1,50m
quiosque
87
F corte 2
placa de energia solar
3
introdução
metodologia estrutura metálica
treliças metálica de proteção
estrutura metálica
vista
perspec va corte 3 0m
placa de energia solar
referencial teórico
placa de energia solar olar
1m
2m
parada de descanso e espe espera de ônibus
estudos de caso vista H
vista I
diagnóstico da área I
estrutura metálica
projeto de intervenção planta baixa
88
H
perspec va 0m
coberta metálica
5m
Comunicação Visual Placas:
introdução
Em acrílico ou policarbonato transparente, adesivada pelo verso.
Lugar para informação em Braille
metodologia 0cm
20cm
pictogramas Placas: Em acrílico ou policarbonato transparente, adesivada pelo verso.
referencial teórico
estudos de caso 0cm
40cm
placas informativas
Placas:
SANITÁRIOS
500 METROS
diagnóstico da área
Em acrílico ou policarbonato transparente, adesivada pelo verso.
projeto de intervenção
0cm
50cm
placas informativas
89
Consideraçõe Finais Em tempos de debates acerca dos problemas urbanos e da relevância do planejamento na vida das pessoas, o presente trabalho final de graduação apresenta-se como uma alterna va para a área central de Fortaleza, que perdeu-se entre carros, torres, distâncias e desencontros. As trocas, que deveriam ser realizadas no espaço urbano, estão impedidas de acontecer por conta de uma série fatores que aumentam o distanciamento entre as pessoas e a cidade.
Aprofundamo-nos, então, no estudo dos fatores que podem conferir ou ex nguir a urbanidade local, sendo responsáveis pelo sen mento de desconforto, insegurança e insa sfação que temos ao vivenciar partes da nossa cidade. Assim, estabelecemos estruturas facilitadoras de urbanidade, para que guiasse o caminho do projeto, originando um lugar com escala ideal para pessoas. Como disses Jan Gehl (2010), ao mesmo tempo em que moldamos os espaços, eles também nos moldam. Então, o que buscamos é a forma da inclusão social, do encontro e da troca. Queremos uma configuração de sistema que potencialize as relações interpessoais, que induza o caminhar pelo lugar, e que esse sistema favoreça todas as pessoas com suas peculiaridades e deficiências.
90
imagem 81: Fachadas Casa Praia de Iracema Fonte: Autoria de Luciana Pessoa Otoch
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