Daniele Próspero e Laura Giannecchini
Galera em Movimento
1ª Edição Editora Projeto / Revista Viração
São Paulo 2007
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Galera em Movimento Daniele Próspero e Laura Giannecchini 1ª Edição - 2007 Editora Projeto / Revista Viração São Paulo editor: Paulo Lima capa, projeto gráfico e diagramação: Paulo Assis Barbosa (Ponto K Com. Visual) créditos das ilustrações: Ana Clara Giannecchini: ilustração “ligadão.com” Luiz Perez Lentini: págs. 15, 17, 70, 77 Márcio Baraldi: págs. 27, 28, 40, 43, 60, 64, 124, 127, 139 Mário Cappi: págs. 48, 83, 96, 98, 101, 103, 104 Natália Forcat: págs. 49, 52, 111, 113, 116, 117 créditos das fotos: Anderson Barbosa: pág. 24 Daniele Próspero: págs. 36, 38, 46, 50, 53, 108, 111, 112, 130, 135, 137, 140 Maíra Soares: págs. 12, 19 Marcos Alves: pág. 138 outras fotos: arquivo pessoal dos entrevistados imagens de fundo dos capítulos: morguefile.com e Paulo Assis Barbosa impressão: Gráfica Editora Aquarela Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Próspero, Daniele Galera em movimento / Daniele Próspero e Laura Giannecchini. -- 1. ed. -- São Paulo : Editora Projeto/Revista Viração, 2007. ISBN 978-85-61141-00-4 1. Juventude - Aspectos sociais 2. Movimentos da juventude I. Giannecchini, Laura. II. Título. 07-8963
CDD-303.482 Índices para catálogo sistemático: 1. Movimentos culturais da juventude : Sociologia 303.482
© Copyleft - É livre a reprodução deste livro, exclusivamente para fins não comerciais, desde que as autoras e a fonte sejam citadas e esta nota seja incluída.
Aos adolescentes e jovens que toparam embarcar conosco nesta empreitada, contando suas histórias e, acima de tudo, compartilhando seus sonhos e ideais. Suas experiências trouxeram ensinamentos inimagináveis. Um obrigado todo especial a vocês e a seus pais, que nos autorizaram a relatar suas trajetórias. Aos dois “Paulos”, que nos acompanharam neste intenso trabalho. Ao Paulo Assis Barbosa, que topou a aventura de dar vida a este livro, criando um projeto gráfico recheado de cores e imagens para deixar a leitura mais agradável. E ao Paulo Lima, que dedicou as horas que não tinha para lapidar o texto, cortar os excessos, e convencer outras pessoas a participarem deste projeto voluntariamente. A todos os profissionais que, loucos como nós, aceitaram colocar os seus conhecimentos em favor deste livro, com desenhos, ilustrações e fotografias. Um muitíssimo obrigado a Ana Clara Giannecchini, Luiz Lentini, Márcio Baraldi, Mário Cappi e Natália Forcat (ilustradores); a Anderson Barbosa e Maíra Soares (fotógrafos). Sem a dedicação de vocês, este livro não se tornaria realidade. A nossas famílias e amigos, pela paciência e carinho ao longo desse tempo de trabalho. Agradecemos pelo constante incentivo, pelo apoio sempre bem-vindo e pelos palpites nas horas mais adequadas. À Comgás, que acreditou neste livro e topou concretizá-lo, financiando sua impressão. Daniele Próspero e Laura Giannecchini Autoras
Índice
Pra Começar
Conversas de Bastidores
Prioridade Absoluta
Terra de Todos
Orgulho Negro
Temos o que Dizer
Aprendiz de Presidente
Iguais em Direitos
Ninguém me Tira
Nota !!!
Bioagradáveis e Ecolegais
Não Tinha Teto, Não Tinha Nada
A Banca do Maskot
Pra Começar Julia, Edina, Kauê, Mariana Manfredi, Juliana, Douglas, Mariana Rosa, Heitor, Maria Lívia, Alan e Leandro. Adolescentes que fazem parte de um time antenado, que não pára de crescer. Com suas histórias de compromisso social, esses jovens provam que estão errados àqueles que ainda teimam em vê-los como um “problema social”, “rebeldes sem causa” ou uma “geração alienada”. Soluções para os problemas esses adolescentes apresentam. Causas, eles também têm. E rebeldia não é exatamente o que lhes falta, já que promovem iniciativas ousadas, criam coletivos ou organizações sem fins lucrativos no desabrochar de suas adolescências – alguns antes mesmo de completarem os dez anos de idade. Que causas são essas? As mesmas de todo cidadão e de toda cidadã consciente: a defesa dos direitos das crianças e dos adolescentes, da educação de qualidade, da moradia digna, da reforma agrária, da igualdade racial, do meio ambiente, da diversidade sexual, da democratização da cultura... Enfim, a defesa de um Brasil de todos e de todas; não de poucos e administrado por “machões”, brancos e ricos. Esses adolescentes e jovens – você vai ver – são ligados no 220, preocupados e ocupados com a transformação do mundo. Uma transformação – eles dizem – que começa, antes de tudo, dentro de cada um de nós e no seio da família. Depois, que se estende para a comunidade e para o bairro, ganha as ruas da cidade e do país, até se tornarem políticas públicas. E por falar em adolescentes que fazem do voluntariado um credo de todos os santos dias, como não podia ser diferente, este livro também é fruto de um trabalho coletivo, que reuniu esforços voluntários de um grupo de profissionais de comunicação. Foram dias e noites de dedicação para transformar as histórias de vida, os sonhos e ideais de um grupo de adolescentes – a maioria engajada em movimentos sociais desde criança – em uma publicação recheada de boas histórias para ler, contar e publicar. São entrevistas que viraram testemunhos. Trajetórias narradas em primeira pessoa do singular, que revelam suas identidades. 7
Mas que devem ser lidas na primeira pessoa do plural, pois esses e essas adolescentes evidenciam que seus olhares vão anos-luz além dos próprios umbigos, atravessam fronteiras marcadas por séculos de estereótipos e preconceitos, cercas da ganância e da injustiça, véus de incompreensão, dominação e imposição, que impediram o Brasil de se tornar um país dono do próprio nariz e seu povo feliz. Seus relatos de vida são quase um manifesto em que querem ser reconhecidos e reconhecidas como sujeitos de direitos, como cidadãos e cidadãs que podem realizar escolhas informadas, e com a contribuição dos adultos. Com todas as letras, vírgulas e parágrafos, esses meninos e meninas reivindicam e afirmam o direito humano à participação e à expressão. Nada, portanto, de uma geração futura. Nada, pois, de algum tipo de futuro (do pretérito ou do presente). Eles e elas querem que conjuguemos o verbo no presente do indicativo: “Estamos na luta! O futuro é agora!”. Com desejo por mudanças, atitude e ousadia, eles e elas querem compartilhar decisões em prol de objetivos comuns. Não querem apenas ser consultados pelos adultos na elaboração de programas e na formulação de políticas públicas. Querem também ter o direito e o poder de decidir. E por que não?! Afinal, a participação é um direito fundamental de cidadania. Paulo Lima Editor
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Conversas de Bastidores Querido leitor e querida leitora, Antes de começar a folhear, ler e reler estas histórias de crianças, adolescentes e jovens, queremos contar um pouco sobre como este livro teve início. As palavras que agora chegam até você começaram a ser escritas há mais de dois anos, em 2005. Dá para acreditar? Em nossos anos de andança pelos quatro cantos de São Paulo, em busca de boas reportagens, nos deparamos com inúmeros casos de jovens que construíam maravilhas em seu bairro, comunidade ou organização. Sabíamos que era preciso dar voz a essas pessoas e transformar suas trajetórias em um livro. Ao mesmo tempo, naquele ano, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) completava 15 anos. Como essa era uma idade muito marcante para os adolescentes, um momento cheio de transformações, achamos que a data seria especial para contar o que alguns “líderes mirins” estavam discutindo, aprendendo e transformando em seus movimentos de atuação. Foi assim que o trabalho começou. E não parou mais. Foram dezenas de dias, noites e madrugadas mal-dormidas. Finais de semanas e feriados. Telefonemas e mais telefonemas. Dezenas de fitas gravadas, centenas de fotografias e desenhos até chegarmos aqui. Não foi fácil. Mas, valeu demais. O que não nos faltam são histórias de bastidores para contar. Numa entrevista e outra, muitas trapalhadas e desencontros. Mas isso não nos fez desistir da idéia. A visita a Sarapuí, no interior de São Paulo, por exemplo, quando conversamos com Edina Aparecida da Silva, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, nos rendeu um carro atolado! Foi coisa de fi lme! Precisamos até da ajuda de uma charrete que passava pelo assentamento para liberar o carro e voltarmos a São Paulo (com o escapamento furado, é claro!). Para encontrar o Kauê de Souza, do Movimento Negro, enfrentamos um daqueles recordes de trânsito tão característicos da 9
cidade de São Paulo... O Alan Farias, do Movimento de Moradia, e a Juliana da Silva Carlos, do Movimento pela Democracia Participativa, também foram um sufoco para encontrar. Quanta aventura para atravessar aquelas linhas de trem! A Maria Lívia Cabral, do Movimento Ambiental, quase esqueceu da entrevista e, por pouco, não tivemos que voltar a São Paulo, sem o depoimento. Pelo caminho, perdemos alguns personagens... Chegamos a entrevistá-los, mas eles desistiram de participar do projeto. Por outro lado, desfrutamos de um delicioso café-da-manhã, preparado pela dona Margarida, mãe da Mariana Rosa, do Movimento pelos Direitos Humanos. E de um aconchegante café, na região da avenida Paulista, durante a entrevista com o Douglas Lima, do Movimento GLBTT. E por falar em siglas, com siglas e gírias tivemos mesmo que nos acostumar. Esses jovens dinâmicos estão sempre inventando um linguajar próprio, com o qual fomos nos familiarizando aos pouquinhos. A “banca” do Leandro Ferreira, o Maskot, do Movimento Hip Hop, nos rendeu boas risadas. E nessas idas e vindas, muita coisa mudou nas vidas de nossos personagens. Mas também não podia ser diferente, né? Em dois anos, aquelas crianças e adolescentes de tanta garra e energia não iam ficar parados. Muitas novidades, mudanças e transformações. Certamente um novo livro poderia ser criado para contar as conquistas que tiveram nesse meio-tempo. E, para não deixar o leitor e a leitora tão curiosos, destacamos algumas dessas peripécias. O Heitor Rolim, do Movimento Estudantil, envolveu-se tanto com a proposta de levar o ECA para a escola depois da nossa conversa para o livro que, no início de ano de 2007, fez um discurso na Câmara de Vereadores de sua cidade, Capão Bonito, propondo a criação de um projeto de lei para instituir aulas sobre o Estatuto nas disciplinas escolares. É ou não é audacioso? Já a Julia Brettas, do Movimento pelos Direitos da Criança e do Adolescente, a Mariana Manfredi, do Movimento pela Democratização da Comunicação, e a Mariana Rosa resolveram apostar nos estudos. Prestaram vestibular e, hoje, estão discutindo temas de seus interesses nas universidades. 10
Julia mudou-se para a cidade de Assis e faz o curso de Psicologia na Universidade Estadual Paulista. Mariana Manfredi sonha em ser socióloga e, por isso, escolheu a Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Já Mariana Rosa faz Direito na Pontifícia Universidade Católica São Paulo, e está apaixonada por seu estágio. Provas concretas de que crianças, adolescentes e jovens podem ser atores, sim, de transformação. Não só de suas comunidades, mas de suas próprias vidas, traçando caminhos diferentes e conquistando espaços de participação e atuação novos. Ficamos muito felizes em levar até você estas histórias. E, para tornar a leitura mais agradável, pensamos em todos os detalhes. A vida destes personagens especiais está contada dentro de um “pequeno diário pessoal”, cheio de informações, fotografias e muitas ilustrações. Dentro deste “diário”, você poderá saber mais sobre os temas contados pelos personagens e ter informações a respeito dos movimentos sociais dos quais eles fazem parte no “Pra Entender”. Se a curiosidade for maior, há dicas também de sites no “Ligadão.com”. Além disso, a idéia é que você, ao ler as histórias, vá descobrindo a ligação que existe entre os personagens, por meio dos links espalhados pelo livro. Ou seja, a ordem da leitura não importa, mas sim descobrir as muitas idéias que os unem. Então, aproveite. Passeie pelas próximas páginas e inspire-se! Boa leitura! Outubro de 2007 Daniele Próspero e Laura Giannecchini
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a t u l o s b A e d a d i r o i Pr çou e m o C o d Onde TuEu estava na sétima
h Brettas Juli a Hores ev ista concedeu a entr do an qu s o n a Junho de 1988 Níver: 17 de ande São Paulo. nja Viana, na gr ra G : io g ú ef R e dele é Marrnalista. O nom jo o é i pa eu M o: esh Brettas, é Porto segur ãe, Viv iane Hor m ha in M . as tt os em mov icelo Surian Bre foram envolv id e pr a m se is pa s ga l. Vivo aind psicóloga. Meu lação muito le re a um os m Te ão de 12. mentos sociais. anos e um ir m 19 de ã m ir a Cooperacom um sino Médio na En o ço Fa : C B do o A Onde apren al de Cotia. n io tiva Educac atro e cinema. s brasileiras, te ça an D : a o B De parte de um iculares e faço rt pa s la au ou a: D a de CarapiExtr a, extr o Oca da A ldei çã ia oc ss A da são gr upo de percus izadora. cuíba. uadora, mobil ig az ap a, or ad u observ Quem Sou: So as isso já era. m a, Já fui tímid
série quando o Chicão entrou lá na Escola da Vila, onde eu estudava, e começou a desenvolver projetos sociais. A escola era construtivista e já tinha isso de pensar, discutir e fazer crítica. Mas ele deu um empurrão, mesmo. Nessa época, minha irmã começou a se envolver em projetos sociais e eu ia junto com ela. Eu me espelhava nela. No começo, bolamos alguns projetos. Era uma coisa mais de visita, uma vez por semana ou a cada quinze dias. Visitávamos, principalmente, um asilo, o Recanto Maria Teresa. Primeiro, tinha um monte de gente participando, mas depois foi ficando um grupinho reduzido. Aí, pensamos que a ação estava muito assistencialista, que não tinha nada de muito concreto. Resolvi, então, apostar, junto com mais duas pessoas, num projeto de inclusão na Fraternidade Irmã Clara, embaixo do viaduto do Pacaembu. A entidade atende crianças com paralisia cerebral. É uma coisa super complicada porque muitos não saem de lá porque foram abandonados... Aos fins de semana, a gente levava as crianças ao Parque da Água Branca. As reações das pessoas eram péssimas. Tinha gente que falava: “Nossa, venho ao parque para ver essas coisas!”.
rem! a p e r P e s Q ue s
ncieua estava na Escola da Vila, também participava de ê r e f n o Quando As C C asa dos M e n in da como um os: Funda o 1962, hoje é rfanato em u zação sem fi n ma organis lucrativos, que oferece ati conscientizaçã vidades de o para o exercício da cidadania a cerca de 50 0 cr vens, por mê ianças e jo s, entre 7 e 21 a com idades nos.
atividades atiividaades numa entidade chamada Casa dos Meninos, que trabalha lh h com adolescentes. Foi aí que comecei a me interessar pelo Es Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) porque nos encontrávamos e a fazíamos reuniões pra entender. Nossa! Orgaco nizamos, em 2001, uma conferência dos bairros do Butantã e ni do Campo Limpo. Foi super importante, até para entender um pouco o que era o ECA: uma arma para você conseguir pensar po em soluções, ter coisas concretas, lutar por algo, não só porque acredita, mas porque está garantido nas leis. Ele já é muito forte ac por p o não ter sido criado pelo governo, mas sim pelos movimentos populares. O Estatuto é muito admirado em outros países, está po servindo até de modelo. se
a? , Conand
CMDCANo começo, eu achava tudo muito complicado. A linguagem, Saiba o que são Conselhos Tutelares, CMDCA e Conanda, além de como o ECA foi criado, no Pra Entender deste capítulo.
as siglas... CMDCA, CONANDA... Eu ficava meio perdida, mesmo. Mas tinha um respaldo das pessoas que iam nos incentivando. Mas já parei pra pensar: Qual a importância disso tudo?
dulto A X e t cen e Adoles
CriançaÉ engraçado porque eles criaram uma divisão. As crianças até
podem participar das conferências convencionais, mas não saem delas como delegadas; não têm um espaço efetivo. Elas participam das chamadas “conferências lúdicas”, que não são levadas muito a sério pelos adultos, nem vistas como um espaço de formação. Acho que o modelo com que as conferências lúdicas são construídas deveria ser mudado. As crianças não podem ser transformadas em “pequenos adultos”, sendo valorizado simplesmente seu discurso verbal. O ideal seria que não precisassem existir dois tipos de conferências, mas que todos pudessem discutir juntos. Outro problema é que, do mesmo jeito que muitos adultos esmagam as crianças e os adolescentes, muitos adolescentes também acabam meio que esmagando as crianças nas conferências lúdicas. Eu
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vi isso na conferência de 2005. Teve uma oficina em que as crianças fizeram as propostas e os adolescentes disseram: “Ah tá...!”, mas meio que desconsiderando. Ainda assim, as conferências lúdicas acabam sendo um espaço de formação, de troca. Nas conferências municipais, existem os delegados, que são os representantes escolhidos para irem às conferências seguintes, estaduais e nacionais. E tem muita disputa. O número de adultos é muito maior do que o de adolescentes. É uma contradição muito grande. Deveria ser, pelo menos, meio a meio! Poucos adultos ficam do lado dos adolescentes. É uma super discussão, sem qualidade. Nessas conferências, sempre vão as mesmas pessoas, com opiniões muito formadas. Alguns educadores levam vários adolescentes, mas tentam manipular na hora da aprovação das propostas. Aí, a gente vê vários educadores dizendo: “Levanta o crachá agora!”.
lto! A o a s o Mã a: tenho d a g e l Eu isso de incentivar e D
Veja a opinião da Mariana Rosa sobre essas conferências na pág. 83.
os
novos, quem está chegando, para não ficarem sempre os mesmos nas conferências. Já fui delegada em 2001 e acabei indo participar da conferência estadual. Mas não me candidatei para a nacional, não. Para mim, ser delegada é o que menos conta. O importante é a mobilização e a formação de novas pessoas, a multiplicação.
ia! l í m a F Em OficinasDepois de 2003, eu e minha irmã resolvemos realizar oficinas
sobre o ECA para vários tipos de públicos, principalmente para crianças de 12 e 13 anos. Isso rolava tranqüilamente. Uma vez, fomos a uma instituição com crianças de três anos e falamos: “Nossa, como vamos trabalhar o Estatuto com crianças dessa idade?”. Com três anos, não precisa falar que existem leis e elas não são respeitadas, mas, sim, fazer com que a criança, por meio de brincadeiras e dinâmicas, comece a 15
pensar na vida dela e no grupo. A experiência foi super interessante. Teve uma outra com um grupo de 40 mães de uma escola. Foi difícil falar sobre o Estatuto. Elas diziam: “Putz! Quer dizer que eu não posso bater no meu filho?”. Rola essa discussão também.
ão! ç a m r o f e Ina linguagem do Estatuto muito complicada. Eles faDacho s a c e Eu N E
zem isso porque é melhor ter muita gente alienada, sem saber do que se trata. Não é para todo mundo ter acesso. Afinal, se você fala para alguém: “Lê aí um bando de leis”, claro que não é nada tentador. O ECA deveria mesmo ser estudado nas escolas, mas de uma outra forma, a partir de oficinas e debates. Há até algumas versões ilustradas do Estatuto ou em quadrinhos.
ais M É o r Eu Que Pena que o ECA é ainda pouco usado. Muita gente fala que ele Orçamento Participativo Cr iança: Desenvolvido em al guns municípios brasileiros, pr evê a participação das crianç as na identifi cação de prob lem as, apresentação de soluçõ es tomada de decisões em ativi e dades cotidianas da escola . A reivindicações são repass s adas aos gestores das cidades.
é utópico. Fica só no papel. Mas eu vejo algumas coisas positivas, como p a mudança na forma de ver as crianças e os adolescentes. O Orçamento Participativo Criança (OPA), por exemplo, O é um super avanço. É uma mudança de mentalidade. Outro ganho ga é a formação dos Conselhos Tutelares. Claro que muitos Conselhos têm problemas, mas, pelo menos, já existem. Co O problema é dizer: “é preciso ter escola”. Mas como fazer para ter escola? Nas conferências, são sempre as mesmas fa propostas. Nada evolui. E o que foi deliberado em uma confepr rência não é concretizado nas outras. rê Isso é uma super preocupação, me desanima muito. É preciso ter coisas mais concretas. Na última conferência, tivepr mos m temas mais aprofundados, como a saúde. Pensar não a saúde de maneira ampla, mas como a burocratização já está violando os direitos. Algo mais norteador.
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os vmeus i t A s n e Eu e amigos criamos um grupo de formação, em 2004. Jov Ele surgiu a partir do fórum sobre o Estatuto, que ocorre uma vez por mês na nossa região. O problema é que não tinha muita participação das crianças e dos adolescentes. E aqueles que iam não estavam entendendo as discussões. Os adultos não tiveram a preocupação de fazer o pessoal entender. Aí, formamos o grupo. A gente se encontrava toda semana. A idéia era formar e agir também - não somente no Butantã, mas em
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outros espaços. Descobri que, lá na minha escola, os alunos da quarta série faziam um trabalho com o Estatuto. Por isso, em 2005, nós, do grupo de formação, demos uma oficina. Foi super legal!
InclusãoSabemos que as conferências não são suficientes para discutir
os direitos da criança e do adolescente porque só ocorrem a cada dois anos. Por isso, ajudei a montar, em 2005, na minha região, a Semana do ECA. Promovemos, durante o mês de junho, diversas discussões e atividades. Foi o quarto ano em que fizemos a Semana. O tema de 2005 foi a inclusão, mas poucas pessoas participaram. A gente fez divulgação nas escolas, por meio de memorando, mas muitas diretoras não divulgaram nem para os professores, nem para os alunos. Precisamos mobilizar mais a comunidade!
hor! n e S , m i ito S e c n o c e r P Eu Vivi Quando eu me envolvi com os projetos sociais, foi super com-
Pontos de Cultura: sã o es paços culturais aberto s criatividade e à expres à são de novas linguagens, com gestão compartilhada en tre poder público e so cie dade. Periodicamente , o M inistério da Cultura ab re editais para selecionar no vos Pontos de Cultura .
plicado. Primeiro, porque meus amigos e as pessoas mais próximas não participavam, não se envolviam com isso. Mas, tiveram outras situações também, com o pessoal que era de uma condição social menor que a minha. Eles diziam: “Você está discutindo isso, mas você tem sua casa, sua escola. Você não mora na periferia, não sabe”. Putz, isso me gerava várias crises internas, de eu não me aceitar, ta de falar: “Minha casa é muito grande e preciso dividir”. Hoje H eu me aceito mais. Então, eu digo: “Eu posso ter mais grana e pensar em outras coisas também”. Hoje, sou muito amiga desse pessoal, ou eles el vão à minha casa e eu à deles.
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Vista a r i e m i à Pr conheci um projeto, a Associação Oca AmorRecentemente, da da Aldeia de Carapicuíba. Entrei lá para fazer dança. Depois, comecei a participar da percussão e, hoje, estou completamente co apaixonada. A Oca virou um Ponto de Cultura e eu estou ap participando pa de um projeto que resgata a cultura popular nor-
destina através da dança, da capoeira, da música, das artes e das brincadeiras. A partir da tradição, do frevo, do maracatu, do cavalo-marinho e do coco, são resgatados valores e é feito um trabalho lindo com a comunidade! Foi muito legal porque ampliei meus objetivos e meus planos. Percebi a possibilidade de misturar, comunicar e transmitir valores e ideais em uma linguagem não, necessariamente, verbal.
rea Á a N a i l ass Nova JuEu cresci muito por discutir e me relacionar com coisas m diferentes. Se a gente sempre vive no mesmo mundo, não tem isso de pensar, rever e mudar. Acredito nas diferenças. Isso é sbom. Senão, ia ficar muito maçante, ninguém ia conseguir crescer. Só que rolam umas opiniões muito diferentes. do De novo, eu entrava em crise. Por exemplo: todo mundo oss é a favor da redução da maioridade penal. Os meus amigos ill! dizem: “Tem que explodir a Febem”. E eu sou contra. É difícil! Mas tudo isso ampliou minha visão de mundo.
M aioridade P en de a partir da al: é a ida q passa a ser re ual a pessoa sponsabilizada por seus atos p en é, passa a resp almente, isto o aplicação de u nder a uma ma pena. N o Brasil, a C onst itu determina o in ição Federal ício da maioridade penal aos 18 anos.
ocê ta é v ar ous i n ago r, pass lg uém prot a “Ser u ltiplic e ser a m es r õ e ç quer infor ma .” a t r a s e pro v o c qu
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uro t u F o n ho militar na De OlPretendo
Se Liga!
ite no seu a um acred d a c e u q o adolescenÉ precis anças e os i r c s A l. o do país, potencia as o futur n e p a o ã s por isso, tes não esente. E, pr e o m é b tas em q u mas tam protagonis s e õ au aç ig r e devem te ais justo um mundo m aridali u c e p s construam o q ue a s ci e pr É a ad s para litário. am evidenci ej s m u a d a um coletides de c construir l e v o sí s o p as. Acredit q ue seja ões criativ s aç e a nt h e n g a te como vo q ue s peq uenos o d l a ci n no pote dores. transfor ma
questão da criança e do adolescente em algum projeto ou ONG, principalmente com ações de formação de base. Eu acho que é preciso pensar em trabalhar em grupo, fazer mobilizações. Por isso, quero colocar minha profissão a favor do social.
M ud
cal o L o d r arti ança a P
Acredito que dá para as crianças e os adolescentes pensarem em soluções, em coisas para melhorar, em práticas locais, mesmo. Não precisa ser algo muito grande, que vai ser aprovado em Brasília. Pode-se pensar no pequeno, no local. Às vezes, a gente pensa em algo muito grande e esquece do pequenininho. E, talvez, isso seja mais importante.
om é algo meio utópico: de a gente não precisar mais é Bsonho r a h Meu n o S
ter Estatuto, coisas para garantir que as pessoas sejam tratadas de tal jeito. Deveria ser natural, não precisar de grupo de formação, nem de conferências!
Pé? m e o l e b de Ca a x i e D ue me
Sabe o OQcapitalismo. Essa de cada vez mais a gente ter que ser in-
dividualista. Isso me angustia porque não sei como resolver. Eu acho muito complicado, pois envolve economia, política. É preciso valorizar o ser humano, o que muitas pessoas estão tentando fazer.
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Pr a E n ten
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A lei que ho je assegura lescente no os direitos Brasil é a L da criança ei Federal n Conhecida co e do º 8069, de 1 mo Estatuto 3 de julho d adoda Criança lei bastante e 1990. e do Adolesc avançada n ente (EC A), o mundo. E Constituiçã é uma la regulame o Federal d nta o artigo e 1988, que da sociedad 2 d 27 da ispõe sobre e e do Esta o dever da do de asseg com absolu fa ura mília, ta priorida de, os direit r, à criança e ao adole educação, la scente, os a: vida, zer, profiss saúde, iona convivência familiar e co lização, cultura, dignid alimentação, ade, liberda munitária. centes esteja E exige que d m crianças e a e e nação, explo a salvo de qualquer fo dolesrma de neg ração, violê li ncia, crueld ade e opress gência, discrimião. A aprovaçã o do EC A re forma da so presentou u ciedade bra mg sileira enca lescência. A rar a situaçã rande avanço na ntes de 199 o da infânc 0 , vigorava n uma lei cria ia e adoo Brasil o C da em 1927 ódigo de M e alterada n enores, a década de 70. A principal d e fi ria apenas ciência dess a parte das a antiga lei crianças e a é que ela se do princípio d refeo le de que o “m scentes. A lé enor” era u m disso, pa ou incomple m rtia ta. Com o E a espécie d C A , criança e pessoa in pessoas em capaz s e adolesce “condição p ntes, embora eculiar de d “sujeitos de sejam esenvolvim direitos”. ento”, são c idadãos, O Estatuto da C uma ampla discussão re riança e do Adolescen te é resulta alizada com brasileira. E do de diversos se stá baseado to na doutrina res da socie cipação rea da proteção d ade l, prevendo integral e d a responsab de, da socie a il p id a d ade e do p rtiade da famíl oder público ia, da comu população, nidaem assegura e apostando r os direito na descentr intensa cola s alização da boração da s políticas p dessa sociedade c úblicas e ivil. Na época em que o EC A fo sociedade c ivil tiveram i redigido, a u s organizaçõ m te destacar es da a participaçã papel central. Nesse se ntido, é imp o do Movim ninas de Ru ortanento Nacion a (MNMMR al de Menin ), fundado e já estava org os e Mem 1985 e q anizando en ue, no ano se contros nac violência, fa guinte, ion mília e saú de. Os mate ais para debater temas debates aju como riais produ daram na cr zidos duran iação do EC te esses A.
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ça e do eitos da crian ir d s o d to en e Dir o cumprim de Garantia d a em st Para assegura Si m u iação de promoção, EC A prevê a cr em três eixos: o d ia o ap , te adolescente, o en âmbitos ça e do Adolesc res operam em o an at ri C s a jo d cu s o s, it to re direi ole social dos defesa e contr . al ip formular ual e munic federal, estad m por objetivo te s to ei ir D e d ecessioção universal às n to en O eixo da Prom im d en at tam o cas que garan políticas públi adolescente. o d nça e ia cr a stado, da d as ic ás bilização do E dades b sa n o sp re a olesesa prevê criança e ao ad à to en O eixo da Def im d en seus ão at a violação de família pelo n el a p d e u a o et e/ ir e d ad socied a atenção istério Púgularidades n diciário, o Min Ju er d o P o cente, por irre te e outros telares, dentr eixo fazem par Tu se s es o D lh s. se to on ei C ir s d a, o arias de Justiç blico, as Secret ades. iar o cumórgãos e entid nsável por vig o sp re é al ci ade civil trole So aço da socied p es O eixo do Con o É . is n ais –, uve eitos infanto-j não institucion ir d as s ci o d ân st to in en teprim ns e em outras entos sobre a ru im fó ec h n em co a d ir la ru – articu ar e const ionar, mobiliz lescente. que deve press iança e do ado cr a d foi o s to ei ir d esses direitos ar iz mática dos al sc fi a ar ão criado p nte (Conane do Adolesce O primeiro órg ça an ri C a d s to de reprenúmero igual ional dos Direi r ac o p N o o lh ad se m or on F C nanda 1. ade civil, o Co utubro de 199 ed o ci e d so a 2 d 1 es õ em , is. izaç da) -governamenta rno e de organ ve ão n go o es d ad s d te ti n senta s e às en bros do lhos de Direito ados por mem apóia os Conse rm fo o sã s to al e de Direi esferas estadu as n o d Os Conselhos an tu A vil. íticas a sociedade ci ntrole das pol d co e e o co li çã b la ú u p poder pela form aulo, o Cono responsáveis tes. Em São P en sc le o ad s municipal, sã deca) foi e ao olescente (Con to às crianças d A en o d im d e en ça at an e d repreCri ros, sendo 20 os Direitos da ei d lh al u se n ad co st E 0 o 4 selh o por al. 2. É constituíd público estadu er d o p o d criado em 199 0 2 e ter um ciedade civil Estado deve sentantes da so o d s io íp ic n ente 645 mu e do Adolesc ça an ri Cada um dos C a d ireitos ompanhar as nicipal dos D formular e ac é ão iç u Conselho Mu b ri lização dos ja principal at forma de uti a ém b m (CMDC A), cu ta CMDC A o dolescente. O cas, definind A li b o ú d p e ça as ic an ít ri pol edade da C tantes da soci n do Municipal n se u re F p o re d s 16 o r rs o, po recu lo é composto ário e autônom d au ti P o ar Sã ap e d ão e rg da cidad vo. É um ó Poder Executi civil e 16 do
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não subordinado ao poder público
nem a outros conselhos.
Já os Conselhos Tutelares são o can al legítimo da comunidade local para garantir os dire itos da criança e do adolescente. Esses conselhos são responsáveis por atender diretamente à popula ção, aplicando medidas de proteçã o e evitando que os direitos sejam ameaçados ou violados. Por isso, se você sabe de alguma criança ou adolescente cujos direitos estão sendo descumpridos, oriente-os a procurar o Conselho Tutelar de sua cidade. Na cidade de São Paulo, existem 34 Conselhos Tutelares, cad a um composto por 5 pessoas – os chamados conselheiros tutelares –, que são eleitos pela população. O mandato dos conselheiros dura três anos. A cada dois anos, a fim de discutir as prioridades de ação para garantir os direitos dos 61 mil hões de crianças e adolescentes brasileiros, o Conanda realiza con ferências nacionais. Normalmente , são organizadas conferências con vencionais (das quais participam os especialistas) e lúdicas (que con tam com a presença das crianças e adolescentes). Essas conferências acontecem, no primeiro momento, nos municípios. Uma vez decidid as, as reivindicações são levadas para as conferências estaduais. Ent ão, tiram-se as prioridades que são apresentadas na Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente. Com isso, busca-s e orientar a formulação de uma política pública integral para essa pop ulação. Infelizmente, mesmo após 17 anos de sua aprovação, o desconhecimento do ECA é evidente. Freqüentemente, pais, mães e pro fessores dizem não conhecer a legi slação. E, embora seja obrigatória a discussão do ECA na grade curricu lar, muitas crianças e adolescentes, que são os maiores interessados, seq uer ouviram falar do Estatuto.
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g/omundodedina
Revista Viração: www.revistavirac ao.com.br riSolidária: www.risolidaria.org.br Unicef: www.unicef.org.br
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s o d o T e d a r Ter erra T a n a i Infânc Minha família inteira
ida da Silva Edina Aparec entrev ista do concedeu a an qu s o n a Janeiro de 1987 Sarapuí, Níver: 30 de marca, perto de La s lo ar C to en entam R efúgio: A ss Paulo. o Sã Silva e interior de José A ndré da se aam ch i fi lhos, o? Meu pa u a nona de 10 So o. Porto Segur el M de eralda Vitor duas não são do minha mãe, G os. Das sete, só in en m ês tr e sete meninas participam. s outros todos O . to en im ov m Médio. Agorminei o Ensino te Já : C B A o do Onde apren atro. te do tu ica coisa ra, só es o porque é a ún ri tá si er iv un ó jogo futede forr nenhum, mas e De Boa: Gosto m ti a pr o rç bém. . Não to r romance tam le que sei dançar de o st go Eu quando. bol de vez em de momentos ento é recheado am s nt se as O : a eis, as festas do Extr a, extr lia de Santos R Fo a a! m in Te n . ju as sta cu lturais e fest o de luta e a fe a do aniversári s, te an ri sa er aniv cu ldade de A rho em fazer fa n so e ro at te doro é Bocão. Quem Sou: A a. Meu apelido id m tí r se de esar tes Cênicas, ap
é de Minas Gerais, mas nasci no Paraná. Depois, viemos para São Paulo. Sempre moramos em fazendas e sítios, trabalhando para os outros. A gente plantava de tudo, dependia do lugar. Sempre gostei de fazenda... Chegamos a morar, por dois anos, também numa favela, em Sorocaba. Foi até difícil de acostumar. Dava medo de sair na rua... Nessa época, eu tinha uns nove ou dez anos. Foi a única vez em que moramos em cidade. Fomos pra lá porque as pessoas sempre falavam que, na cidade, a gente podia ter outras oportunidades. Só que não é bem isso. No começo, meu pai e minhas irmãs estavam empregadas, mas, depois, veio o desemprego.
ador h n o S e iente c s n o C , Paizão Meu pai sempre quis entrar no Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra (MST). Não conhecia o movimento diretamente, só de ouvir falar. Em 1995, quando estávamos em Sorocaba, ele começou a participar de reuniões no movimento. A família era totalmente contra - principalmente pelo que se falava sobre o MST na TV. Diziam que os sem terra eram baderneiros, perigava morrer. Eu era novinha e não entendia muito bem as coisas, mas as minhas irmãs não aceitavam. E esse foi o medo que ficou na época. Então, ele acabou não entrando no movimento.
rtas e b A s a t Em 1996, o MST foi fazer trabalho de base na favela em que Por
morávamos. Nesse trabalho, integrantes do movimento chamam aqueles que moram na cidade e querem voltar pro campo. Esse trabalho aglutina as pessoas até elas irem para a primeira ocupação. Há reuniões nas escolas, igrejas, onde tiver um local disponível. Eles falam como é o movimento, que não tem um período certo para ficar acampado e orientam sobre o que levar ou não levar pra uma ocupação. É só o básico! Então, em Sorocaba, o movimento começou a organizar reuniões na igreja e meu pai começou a ir. Ele sempre quis trabalhar na terra, ter seu próprio pedaço de chão. Viu que era uma oportunidade e decidiu entrar para o movimento, mesmo contra nossa vontade.
Eldorado dos Carajás: No dia 5 de novembro de 1995, mais de 1.500 famílias do MST ocuparam a Fazenda Macaxeira, no município de Eldorado dos Carajás (PA). As terras, de acordo com o movimento, eram usadas somente para pasto, embora fossem consideradas “produtivas”.
Após cinco meses sem respostas sobre a desapropriação da área, as famílias iniciaram uma marcha rumo à Marabá. Depois de nove dias de caminhada, em 17 de abril de 1996, as famílias bloquearam a rodovia PA150, exigindo alimentos e transporte. Mas
tado para ligoverno do Es uma decisão do o interroma qualquer cust berar a estrada ia Militar foi ações e a Políc peu as negoci iais fortemens de 150 polic acionada. Mai anifestantes, rcaram os m te ar mados ce massacres no um dos piores dando início a inou com um iro, que cu lm campo brasile 69 feridos. terra mor tos e sa ldo de 19 sem mais três do massacre, Após dez anos ência dos rr ram em deco pessoas mor re lícia foram 4 agentes de po ferimentos. 14 condenados. comandantes absolv idos e os está preso. Mas ninguém 26
A
ece! u q s E m i ng ué N , a r i e Prim A primeira ocupação da qual o meu pai participou foi
numa fazenda, chamada Cercadinho, próxima de Sarapuí. Ele foi sozinho. A gente ficou morando em Sorocaba. Isso foi bem na época do massacre do Eldorado dos Carajás. Depois de um tempo, meu outro irmão mais velho decidiu ir com a mulher dele e os dois filhos. Ele sempre trabalhou na roça e tinha os mesmos sonhos que meu pai. Tinha consciência de que poderia ter uma vida mais digna em cima de um pedaço de chão. A minha mãe decidiu que era melhor a gente se mudar para Itapetininga, para uma fazenda de pinus. Meus irmãos trabalhavam na resinagem. Nessa época, meu pai e o pessoal do MST estavam acampados na beira da estrada de Itapetininga. Tinha umas 300 famílias. Foi aí que minha família passou a visitar meu pai e começou a conhecer melhor aquela realidade. E a visão sobre o MST foi mudando.
MST e r b o s Visão minha família começou a ficar próxima do Nova Quando
MST, vimos que não era nada daquilo do que a TV mostrava. Não eram baderneiros, mas estavam atrás de um pedaço de
chão. No dia-adia, a gente foi vendo que não devia acreditar na televisão, que meu pai e os outros não estavam correndo risco de morte por estarem ali acampados. Vimos que tinha uma organização atrás daquilo tudo, que era dividida em vários grupos, que tinha saúde, educação. Eu até gostava porque havia mais crianças e fazia amizades.
ver i V a r p erra T e d o ç a Um PedA minha família ficou bastante tempo em acampamento. Até chegar no Assentamento Carlos Lamarca, onde vivemos hoje, foram sete ocupações. A gente ficou na beira da pista aguardando a conquista da terra e, em 1998, viemos pra Sarapuí. A ocupação foi pacífica e não
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otal T o ã ç a p reocu P : o ã ç a Educ Eu e meus irmãos
nunca ficamos sem estudar, mesmo com essas mudanças todas. No MST, o setor de educação cuida disso. Antes de fazer uma ocupação, eles vão às escolas e correm atrás de matrícula na região. Isso é bem rígido no movimento. Existem escolas em alguns assentamentos. Tem também o Educação de Jovens e Adultos (EJA). A educação é uma meta bem firme. Isso ocorre até porque muitas pessoas que vieram para o movimento não tiveram oportunidade de estudar.
hor! n e S , m i S ito? eu e c n o c Quando estudava em Itapetie r P
ninga, tinha aquele receio dos alunos e de outras pessoas, por eu morar no assentamento. Mas, em Sarapuí, não tinha isso. Os professores sempre apoiaram. Até chamavam a gente de “as meninas do assentamento”. Eles perguntavam, tiravam dúvidas. As pessoas de Sarapuí dizem que quando a gente ocupou a fazenda, até tinham vontade de visitar, mas tinham medo por causa dessa visão negativa da mídia sobre o MST.
Início
ação p i c i t r a da P
Quando eu vim morar no assentamento estava com 11 anos. Nessa idade, eu já participava do grupo de jovens do acampamento, mesmo a maioria tendo de 14 anos para cima. Todos os meus irmãos
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e irmãs já participavam e eu decidi fazer parte. Eu queria estar por con Acho pelo tr ibuin que e do dentro de tudo. A juventude se reunia para jogar vôlei, futebol, fazer te st m ntar enos u do me ou u je m m u dar i p reuniões, grupos de estudo sobre o movimento, debates e peças de mun esse ouco, p to, do. a ra pa í s , teatro sobre violência, desemprego, drogas. es se
ST M o : o c l No pa A partir do grupo de jovens, depois de muito tempo, surgiu a
idéia de montar um grupo de teatro, em 2003. O grupo chama-se “Filhos da Mãe Terra” e tem 14 integrantes. Mesmo tímida, sempre gostei de fazer teatro. Dá prazer ver que conseguimos transmitir a mensagem para as pessoas. Em fevereiro de 2005, fizemos uma oficina com o Grupo Companhia do Latão, de São Paulo. Participaram também pessoas de outros assentamentos que estão começando a se interessar pelo teatro. Então, fomos convidados a montar a peça “Por esses santos latifúndios”, do colombiano Guillhermo Maldonado. Junto com ela, no final de 2005, apresentamos, no Teatro de Arena Eugênio Kusnet, em São Paulo, uma adaptação da peça “Horácios e Curiácios”, de Bertolt Brecht, que recebeu o nome de “Posseiros e Fazendeiros”. As peças foram reapresentadas entre março e abril de 2006, durante o Encontro Estadual Massivo do Movimento.
Tudo e d a m i c O teatro é um dos instrumentos que a gente tem bem forte no Teatro A
movimento. É uma forma de transmitir aquilo que a gente realmente quer passar para as pessoas. Teve uma vez que apresentamos a peça na cidade de Itapetininga e eram pessoas que estavam se preparando para fazer uma ocupação. Com o teatro, fica bem mais claro e fácil de transmitir a mensagem, além de ser para qualquer idade.
Marc
ília s a r B a r a hando p
Nosso grupo levou o teatro para a Marcha de Goiânia a Brasília. A marcha durou 17 dias e 63% das pessoas eram jovens. Nossa tarefa era apresentar a peça do
Marcha de Goi âni a a Brasíli a: Entre os dias 2 e 17 de maio de 2005, cerc a de 12 mil militantes brasileiros mar charam 220 quilômetros entre as cidades de Goiânia e Brasília, para chamar a aten ção do povo brasileiro e de seus governante s para a Reforma Agrária. Homens, mulhere s, jovens, idosos e crianças de todas as regiões do país fizeram uma marcha pacífi ca, que culminou com apresentações cult urais e 50 audiências em mais de 20 ministé rios, uma delas com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
teve conflito nenhum. A fazenda só tinha gado e a sede só era usada aos fins-de-semana, quando o dono fazia alguma festa.
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julgamento de Eldorado dos Carajás. Todo o processo de construção da peça foi feito durante a Marcha. No período da tarde, a gente passava para 60 pessoas o que tinha sido feito. Nós fazíamos os bonecos e os outros tinham a tarefa de fazer o coro, em que usavam a voz em conjunto para conseguir passar pra todos os marchantes. Tinha umas 20 mil pessoas assistindo a peça. E foi uma experiência inesquecível, pois a gente nunca tinha feito um trabalho como esse. É algo único. A nossa peça era uma coisa muito grande e estávamos com medo. Não sabíamos se ia dar certo, mas a gente conseguiu.
vos itiexiste s o P s o t O MST até hoje pela capacidade de se organizar, de orPon ganizar as pessoas. E isso ocorre por meio da formação que acontece em várias fases, desde o trabalho de base, a ocupação, o acampamento, o assentamento e assim por diante. Mas o movimento ainda sofre discriminação. Claro que existe uma grande parte que acredita no movimento, mas não se pode esquecer da mídia, inimiga do movimento. A televisão é um instrumento muito forte e a gente não tem acesso a ela para passar o que realmente o movimento é.
Para o Alan, a televisão nem sempre é favorável aos movimentos. Veja na pág. 126.
ia Dia-a-dNo assentamento, a gente faz parte de um grupo e trabalha em conjunto. Tem um lote em que a gente mora e trabalha com estufas. São seis famílias que atuam com isso. Nos outros lotes, a gente cria gado e planta arroz, feijão e milho. O resto, trazemos da cidade. O pimentão das estufas, a gente vende na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP), em São Paulo. Até tentamos produzir orgânicos, mas sem um técnico para dar as orientações, não deu certo. Hoje, vivem no assentamento 47 famílias das 300 iniciais. Muitos foram desistindo, já que foram dois anos de acampamento até conquistar o nosso pedaço de terra. Agora, algumas famílias estão sendo capacitadas para começar a trabalhar com alimentos orgânicos. 30
es dparte a d l u A c fi i D
dos despejos é muito complicada. Tem caso de acampamento que não fica Se Liga! onscientinem uma semana numa área, devem se c s a o s do s e p s amos viven Todas a m q ue est e am o i d r n e u d m o vem o despejo e já tem que sair p om o zar do a pensar c r a ç e m o c hoje e ança. novamente. Ficar em beira de pista para a mud udar, indecontribuir ue posso aj q o do n r e v também é muito perigoso por causa cidade ou Preciso e sou da s o, e d nt tu e m e e d ima pendent das crianças. É muito difícil. so ter, ac ci le a pr r e z É ntar fa campo. de para te a nt o v o. e c d No acampamento, existe ou força menos um p coisa, pelo a m u g mais aquela união, todo mundo lutando por um objetivo, por um pedaço de terra. Depois, no assentamento, as pessoas ficam mais acomodadas. Cada um quer cuidar mais do seu lote e aí fica difícil largar para poder fazer uma mobilização, uma manifestação. É preciso uma maior conscientização das pessoas para não morrer esse espírito de luta.
Vida a n s a ç Mudan Tenho muito orgulho de morar no assentamento. Tudo o que
a gente tem hoje foi conseguido com o movimento. Não foi somente o meu pai que conseguiu aquilo que ele queria. Isso passou a ser uma coisa boa pra gente também. Tudo mudou: a nossa forma de pensar a sociedade, sobretudo o que a gente vê. E o movimento contribui pra transformar uma realidade, trazer mais justiça social. Tem um pró-assentamento em São Paulo, por exemplo, com pessoas que moravam na rua. Talvez essas pessoas antes vivessem em fazendas. Foram para cidade, ficaram sem condições e tiveram que morar na rua. Acho que é uma oportunidade que o movimento dá para resgatar as pessoas.
d os a t n e r f n em E r e S a s a
ProblemO desemprego no país é complicado. E é a partir dele que
surgem a violência e as outras coisas. Já para a juventude, no assentamento, por exemplo, vários jovens já foram embora por falta de 31
Sem terrinh a: Os sem terr inha são filhos de militan tes do MST qu e vivem em assentamento s e acampamen tos e, desde cedo, enfrenta m as dificu ld ades decorrentes de não ter uma terra na qual viver. Cerca de 100 mil cr ianças pa rticipam do mov imento. O s sem terr inha costumam promover mob ilizações a favo r da reforma agrária, reiv in dicar mais es colas e mais saúde no cam po. Todo ano, no Dia das Crianças (12 de Outubro), eles realizam encontros para discutir vários assuntos, como o direito à educação e à terra.
oportunidade. Isso é uma coisa que a gente tem que trabalhar com as crianças, criar uma raiz dentro do assentamento para depois, quando se tornarem jovens, não irem embora. É preciso criar estas oportunidades lá dentro e mostrar aos jovens a importância de se permanecer na terra e no movimento. Por isso, criamos várias atividades de lazer para a juventude.
ECA?A gente fazia um trabalho sobre o Estatuto da Crian-
ça e do Adolescente (ECA) quando estava na época do encontro dos sem terrinhas, onde se reúnem todas as crianças e ocorre o processo de formação. A gente sempre participava de tudo isso. É muito importante a criança conhecer seus direitos e deveres porque, se você sabe o seu direito, vai saber o que cobrar ou não. Não somente cobrar, mas também cumprir os deveres.
So nh o
Eu queria que acabasse o desemprego no país. Quando você tem um pedaço de terra, nunca mais vai estar desempregado. Queria mesmo que se concretizasse a reforma agrária e que a terra não fosse apenas distribuída, mas também que tivesse condições para a produção. Quanto ao teatro, eu quero continuar com esse trabalho e aglutinar mais pessoas. Quero que os jovens do assentamento venham participar mais e se interessem por algo que possa fazer bem, não só para eles, mas também para as outras pessoas.
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Pr a Entender A história da concentra ção fundiária, isto é, de ra nas mãos de pouca ge muita ternte, é bastante antiga no Brasil. Sua origem data de 1536, quando a coroa portuguesa de cidiu dividir o território brasileiro em capitan ias hereditárias: aquelas enormes faixas de terra, que iam do litor al até a linha imaginár ia determinada pelo Tratado de Tordesilhas , e que eram doadas a representantes da nobreza de Portugal e a mi litares. Para estimular a ocupaç ão dessas terras, a coro tou aqui a Lei das Sesm a implanarias, que permitia a do ação de lotes desses territórios, caso fossem utilizados para a agricult ura. Muitas dessas terras, no entanto, eram doadas, mas não utiliza das. Por isso, por volta de 1822, ano de pr oclamação da Independ ência e até quando a lei vigorou, algumas pe ssoas defendiam que as terras não produtivas deveriam retornar ao patrimônio naciona l. Em 1850, foi criada um a nova legislação para estrutura fundiária no orientar a Brasil: a Lei de Terras. Essa lei dizia que a terra só poderia ser ad quirida por meio da co mpra. Ficava proibida, portanto, a doação de sesmarias, assim como a ocupação por posse, o que excluiu grande pa rte da população do dir eito à terra, pois não tinha dinheiro para co mprá-la. A partir daí, a questão ganhou centralidade no cioeconômico brasileiro debate soe a Reforma Agrária pa ssou a ser defendida como ponto de partida para a solução dos confl itos no campo e para a redução das desigualda des sociais. As massas trabalhadoras passaram a pressionar os governos e, embora o golpe militar de 1964 tenha reprimido as lut as populares, os traba lhadores continuaram se organizando e mobil izaram as primeiras oc upações de terra, com ajuda da ala progressista da Igreja Católica. Em 1984, foi realizado o primeiro encontro de tra res sem terra, em Casca balhadovel (PR). Esse encontro fundou o Movimento dos Trabalhadores Rura is Sem Terra (MST), qu e passou a reivindicar a ocupação de terras co mo instrumento legíti mo dos trabalhadores rurais e a defender a ter ra como um bem de to do s, que deve estar a serviço da sociedade; nã o nas mãos de poucos. Graças à pressão dos mo vimentos sociais, foram aprova-
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l, que fauição Federa biente it st n o C a d 84 e 186 o meio am os artigos 1 o respeito a , a , 8 a 8 os de 9 rr 1 te m a e d dos, . Esses artig social m o e z çã u n d fu ro à p ria cia ela eforma Agrá zem referên dores que n R a e lh d a s b n a fi tr s s do terras para ituição dar e aos direito priação das r de a Const ro sa p e p sa e A d . a a id o Brasil, pr terminam a Agrária n ão seja cum n rm l fo ia e c R so a o d o s. É por caso a funçã ta realizaçã governante ia s d o e d e im ss a re ra a lta de inte elementos p i feita, por fa fo o ã n la e te. até hoje romper z tão presen fa se T S ovimento é M M o o e d u q o çã so a is ic a edunte reivind e terem um d ta r s o te p n e im sc a le ntal, do Outr o Fundame crianças e a n s si a n m E e e d d e p s e im mil sem 00 escola as cercas qu das por 160 ente, há 1.8 ta n lm e a ü tu q e A . fr a nestas s, cação dign ssentamento trabalham diretamente ndas a e s to n e m ducadores madas Cira em acampa a de 3.900 e res que atuam nas cha rc e C s. a h terrin ducado m dos 250 e fantil). escolas, alé que inEducação In e d s la o dolescentes a sc s (e o s e ti s n ça fa n cusIn ia diversas dis as são as cr h e d in m rr a te ip c m ti Os se eles par mpo. ante ativos, cação no ca st u a d B e . a T i S fo M a rintegram o 006, o tem O símbolo p o ano. Em 2 te n ra u d s e deisõ T é sua ban cipal do MS em acampa te n se re p , ra tos, assentamen , mentos e ela N ilizações. festas e mob nelha represe a cor verm as que corre n e u g n sa o ta ara isposição p veias e a d ria rá eforma Ag lutar pela R da nsformação e pela tra ta. O ovimento lu m o l a u q . O prea paz pela conquistado representa io d co n n fú ra b ti la O . lutando da sociedade vitória a ca e morreram u e q d s ça re n o d ra a e lh nto orverde, a esp dos os traba a o Movime z to li r o o b p m to si lu l o si dora e a trabalha to relembra mapa do Bra r o O d . a a lh ri a rá b g a as aA O tr res, por tod e pela Reform do território nacional. lh u m e s n to por home o, de luta ganizado em eve ser feita s de trabalh d ta n ta e lu m a a e rr u senta as fe destacam q facão repre o E s. ia íl as fam ncia. e de resistê ria e Coloação Fundiá o Instituto Nacional d tr n e c n o C a urais d Números d priedades r s Fundiário ro a p tl A s a o d m % co (Incra), 3 - De acordo a Agrária rm fo e R e nização
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brasileiras sã o latifúndios (possuem mai presenta 56,7 s de mil hecta % das terras ag res), o que rericulturáveis. - Segundo o M ST, apenas 26 mil grandes p a menos de 1% roprietários – do universo d o equivalente e cinco milhõ nos de 46% de es de agricult todas as terras o res -, são dobrasileiras. - O Brasil poss ui o maior lati fún lhões de hec tares, localiza dio do mundo: uma área d e 4,5 mia-da na Terra d o Meio, no Par á, cuja propried ade é reivind icada pelo empre sário Cecílio do Rego A lmeida, dono do grup o CR A lmeida. - 4,8 milhões de famílias es tão esperando terr as para planta r.. - De acordo co m o Ministéri o do Desenvolv imento Agrár io, a agricultura familiar é re s-ponsável por 10% do Produ to o Interno Bruto (PIB) brasileir o.. - Dia 17 de ab ril é o Dia Nac ional de Luta pel a Reforma Agr á-ria. Também fo i instituído pel a conferência d a Via Campes ina Internacional como Dia Mu ndial de Luta Camponesa, em m homenagem aos mártires de Eldorado dos Carajás.
LIGADÃO.CO M:
Instituto Nacio nal de Coloniz ação e Reform www.incra.go a Agrária: v.br Ministério do Desenvolvimen to Agrário: www.mda.go v.br Movimento do s Trabalhadore s Rurais Sem Te www.mst.org rra: .br Núcleo de Estu dos Agrários e Desenvolvimen www.nead.org to Rural: .br
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o r g e N o h l u Org mília a F e d Álbum A história da minha
família é a seguinte: uma tia do meu pai foi escrava. A minha mãe tem ascendência negra, mas italiana também. Já um bisavô meu, chamado José Dias, era jogador de futebol. Ele jogava pelo Flamengo. Perto do dia em que ele ia jogar pelo Corinthians, sofreu um acidente de bonde e perdeu a perna. Mas, naquela época, não era igual a agora, que você joga três partidas e já está milionário. Ele jogava futebol e era pedreiro.
za dido de Sou Novaes C an pe li Fe sé K auê Jo entrev ista do concedeu a an qu s o n a 92 Dezembro de 19 Níver: 21 de em São Paulo. rro da Penha, s R efúgio: Bai rlei Avelino do ama-se Vande ch i o pa çã ia eu oc M : ss o A na Porto segur dor e trabalha ia e ed ud m , nt ve do ga Ju ia e da Santos, é advo her, da Infânc ul da M ci da re a pa es A ef air Brasileira de D ha mãe é a A n uaru lhos. Min G enador ia dos em rd ), oo D C A a R n (A SB trabalha e ra pre so es of pr o. Os dois sem Novaes. Ela é ra de São Paul eg N mã o ir çã a la um pu nho A ssuntos da Po s sociais. Eu te to en ho im ac ov Eu m . s is de se participaram do ir mão menor, um e , . os im an m a 16 pr mais velha, de Sempre sobra ir mão do meio. r se l ci fí di to mui Matilde. Brasileiro Vila io ég ol C : C B A do o também Onde apren ndebol. Gosto ha e l bo te fu r ack, pop de joga cipa lmente bl in De Boa: Gosto pr a, ic ús m ir a proescutar gosto de assist e, it de carro e de no À . or nt e). nde do ca ede T V Esport rock, mas depe a Esportiva, R et az (G e rt po gramas de es , se eu não sa stante porque ba to er un er rg qu u pe vo Eu dar. Sempre eu Quem Sou: das, aí não vai vi bém. Sou m dú s ta ha to in ui m m nar as ltura. Fa lo cu s ai m r te cuíca. aprender mais, zer berimbau e fa i Se . la co es a n percussionista Eddie Murde Ed, do ator am am ch e m , l. escola ifica raio de so Apelido: Na Meu nome sign o. lig ão n eu phy. Mas
assos P s o r i e Prim Meus pais sempre se envolveram nas questões sociais. Minha
mãe era professora e, na escola onde trabalhava, formou um grupo que fazia capoeira, dança afro e percussão. Começou só na sala dela, e isso foi se espalhando para a escola inteira. O pessoal do governo gostou e a chamou para trabalhar na Coordenadoria de Educação do Itaim Paulista. Então, ela começou a dar palestras em todas as escolas. Eu tinha uns nove ou dez anos e ia com ela para ouvir as palestras e assistir aos vídeos sobre as histórias dos negros, a respeito da discriminação. Depois, participava das conversavas com os alunos. Eu sempre li bastante também sobre isso nos livros e aprendi muito.
egros N s o e r s So b a i r o e T Novas Meu pai destrói todas as teorias. Teve uma discussão na es-
cola da minha irmã sobre a princesa Isabel. A professora dela disse que, se a princesa não tivesse assinado a carta de abolição, haveria escravidão até hoje. Meu pai disse que não, porque teria tido uma revolta tão grande que ninguém ia agüentar. Também concordo com isso. Quando os negros faziam 60 anos, eles já eram livres. Mas com certeza não chegavam a essa idade na maioria das vezes.
Mim! a r p e t MarcaNan história, havia senhores que iam atrás dos negros. Só que eles mesmos eram negros. Não existia confiança. Isso era ruim. Acho também que os castigos eram exagerados demais. Não adianta bater, bater. Conversar com jeito é muito melhor. O que fizeram com os negros não era certo, mas era um meio de vida. Eles faziam isso não só por causa de dinheiro, mas porque achavam que os negros eram uma espécie de última Coca-Cola do deserto. Eles se consideravam superiores, deuses perto de nada. Mas o mais bonito disso is tudo foi mesmo a resistência dos negros. Imagina se não existissem os negros? ex
escraa época da Quilombo: N asil, os quilombos r vidão no B onde se escondidos, os. O eram locais id escravos fug proabrigavam à uilombolas direito dos q uas terras foi res priedade de a legislação brael conhecido p s na Constituição a sileira apen 8. 8 Federal de 19 38 38
que? a r I X s NegroSabe, dá pra comparar essa história do negro com a Guerra do Iraque! Os negros quando fugiam, por exemplo, Gu iam para os quilombos. Mas eles não tinham tecnologia, ia dinheiro. di E os brancos tinham tudo a favor. Igual aos Estados do Unidos. Eles tinham tudo a favor deles e invadiram um país. pa Isso é desumano. Matar gente por causa de dinheiro.
Tudo isso é uma covardia! É a mesma coisa que você fazer uma luta livre com um cara de 25 anos e uma criança de cinco.
q u i na s E a d a em C o t i e c n Preco Uma vez eu fui pegar ônibus. Estava indo do Itaim para a mi-
nha casa. Subi no ônibus e estava pegando o dinheiro na frente da catraca, mas demorei um pouco. Só que o cobrador falou assim: “Se você não tem dinheiro, pode descer do ônibus”. Eu falei: “Eu até tenho, mas agora também vou descer”. Acho que se fosse qualquer outra pessoa ele esperava. Mas, não, ele fez isso de propósito. Aí, eu desci e peguei outra condução. Fiquei com uma raiva... Foi muito chato. Às vezes, isso acontece em outros lugares. O filho da diretora, que tem uns nove ou dez anos, sempre “zoa” comigo, mas eu nem ligo. Ele começa a me xingar. Só que eu nem respondo. Ele faz isso na frente do pai dele porque acha que não vai acontecer nada.
turas l u C e d bio Em 2005, comecei a participar mais forte do Movimento CulIntercâm
tural da Juventude Negra. Eles organizaram um encontro, em Diadema, com uns norte-americanos. Os convidados vieram ver como, apesar do pouco dinheiro que temos, muitas crianças queriam se envolver nas ações sociais. É que, lá, eles têm muito dinheiro e pouca gente que quer se envolver. Eu participei do encontro e era o mais novinho da turma. As outras pessoas tinham 16, 20, 30 anos. Comecei a conversar com os americanos em espanhol ou fazendo desenhos. Eles me trataram super bem e eu fui até o presidente do grupo. Eu falava pouco, mas quando falava, soltava uma bomba. Estava me sentindo bem à vontade e por isso falei várias coisas, inclusive sobre os índios. A gente está perdendo a cultura indígena, que é muito importante. Mas por que? Por causa da comunicação. Eles não são mais os índios de antigamente. Eles aprenderam o português e esqueceram a língua deles. Foram dois dias de encontro e aprendi bastante. 39
Mais é o r e u Quando tem Eu Q
encontro do movimento negro eu vou. Mas mesmo quando não dá pra ir, converso bastante com o pessoal do grupo por telefone, por e-mail. Eles me contaram sobre o Fórum Social Mundial (FSM), por exemplo. Eu nunca fui ao FSM, mas gostaria de ir. Assim, fico sabendo o que está acontecendo. O que me chama mais atenção são as discussões sobre os negros e a educação. Afinal, minha avó e minha mãe são professoras.
eça b a C a n Futuro Em 2006, fiquei mais afastado do movimento porque estou
com muitas tarefas na escola e não consigo participar. Mas quero continuar fazendo essas coisas mais para frente. Acho que é cultura, que a gente vai aprendendo. Uma experiência de vida que vai agregar para o futuro. É importante conversar com as pessoas, saber o que acontece no mundo lá fora. Eu quero descobrir gente nova, fazer amizades. Preciso absorver mais coisas dentro do movimento.
auta P m e s Os negros têm direitos, não têm? As cotas são boas por um a Cot lado porque vai ter mais negros nas faculdades. Mas por outro lado seria mais fácil pegar os alunos mais aplicados. Os alunos deveriam fazer um “provão”, bem-elaborado e, quem passasse, iria para a faculdade. Senão fica muito fácil e a pessoa não vai ter aquele empenho. Ela diz: “Eu vou ser escolhido, já era e está tudo bem”. Não pode ser escolhida qualquer pessoa.
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Assim, tem que ter cotas para os negros e/ou para os pobres, senão ficam sempre as mesmas pessoas. Por isso, eu defendo as cotas por um lado e por outro não. Se fizer cotas só para escolher qualquer pessoa, seria uma tremenda burrice. Mas se fizer para aqueles que realmente merecem, que tentam estudar, eu acho que é bom.
Se Liga! Somos muit o intelige ntes e é s o local e ó saber o momento certo pra É preciso f a l a r. prestar mu ito mais at no q ue os enção pais dizem. Podemos diz er sim, si m, mas na vamos ouvi vida r muitos nãos. Entã podemos pa o, não rar no pri meiro não. q ue persist Temos ir. Porq ue se parar mo primeira v ez, não va s na i dar cert o.
ano P o d s á Por Tr Putz, existe ainda muito preconceito, mas é mascarado. Se fa-
lar que não existe é mentira. Não existe só o preconceito racial, mas de várias coisas, como contra pessoas mais gordas, ou com as que usam cadeiras de rodas. Mas, contra os negros, não é só uma questão histórica. As pessoas dizem que só porque é negro é burro. Mas é mentira. Tem outras coisas também. Em alguns locais, nos Estados Unidos, os negros não podem entrar. Eu acho isso uma tremenda besteira, porque todo mundo tem direito de ir a qualquer lugar. Aqui, em São Paulo, tem uma fundação em que branco não pode entrar porque é só para negros. Se eles estão lutando contra a discriminação, vão colocar mais discriminação? Eu acho isso errado.
Proble
renta f n E a s ma
r
O movimento negro luta por mais emprego. Querem mais espaço para trabalhar. Tem que mudar o preconceito e o racismo. Quantas pessoas na Rede Globo a gente vê que são negras? Muito poucas. Em outros lugares, nas instituições, também tem poucas pessoas negras. Nos livros eles citam poucos. Quantos presidentes do Brasil eram negros? O que o pessoal de fora acha do Brasil? Que é o país do futebol e do samba. Mas isso tem que mudar. As pessoas têm que reivindicar, mas a maioria não luta por seus direitos. O preconceito existe, sim, senão não seria um mundo tão cruel e tão desumano como é hoje. 41
e DefeBrasileira d A ssociação , da Infância e da r sa da Mulhe a cidaocalizada n de São Juventude: L an r g a n s, o de de Guarulh lha em sbrad traba ulher, Paulo, a A m direitos da defesa dos loração infantop contra a ex a o trá fi co de setr juvenil e con s. res humano
otal T a i c n ê i sc Cpaiontrabalha e d a t l Meu na Associação Brasileira de Fa
Defesa da Mulher, da Infância e da Juventude, D em Guarulhos, e foi ele quem me falou sobre o ECA pela prim meira vez. Tenho uma cópia do Estatuto em casa. Mas foi em 2005 que eu ouvi a professora falar sobre isso na escola. Acho que, em alguns lugares do Brasil, o ECA está sendo Ac bem-aplicado e, em outros, não. Às vezes, a pessoa nem be sabe que ele existe. Se você vai a um lugar bem afastado, sa bem b e longe da capital, a maioria não vai saber. Ou sabem e iignoram, acham que é bobagem, não se importam. Mas todo mundo tem que saber, se conscientizar sobre os seus direitos.
Zero o ã ç a g l Divu É preciso que o Estatuto da Criança e do Adolescente seja mais divulgado na televisão, no rádio, na revista. Mas, quem já viu algum comercial sobre isso? Já tem propaganda falando mal do cigarro e das armas. Por que não fazer um comercial sobre o ECA? As pessoas iam saber mais. Podia também colocar cartazes, divulgar na internet. Mas, não! Eles só pensam neles, neles, neles. Eles só querem enriquecer. Tem horário político, por exemplo, que só serve pros governantes prometerem isso ou aquilo. Por que eles não falam sobre o Estatuto? Seria melhor.
A Mariana Rosa e o Alan concordam. Leia mais nas págs. 83 e 125.
Saiba sobre o Hip Hop com o Maskot, na pág. 135.
roca Troca-tEu gosto bastante também do movimento Hip Hop. Acho que
todos os movimentos deviam se comunicar mais. Se eles fizessem isso, teria muito mais coisas no país. Informações que um sabe poderiam ajudar o outro. Podia ser melhor! Uma coisa só não vai mudar o mundo inteiro. Mas duas, três, aí sim. As pessoas vão se conscientizando e o mundo vai ficando melhor.
Já! a ç n a d Mu
o Eu QuerOlha, tem que mudar tudo no Brasil. O país vende, por exem-
de novo pra cá super caro. Isso é uma burrice! O país podia fazer uma máquina pra ser comprada pelos pequenos agricultores. Aí, conseguiriam industrializar aqui mesmo. Senão, o pessoal lá fora compra o café a preço de banana e devolve pra cá super caro. Precisaria mudar também os políticos, ter menos corrupção. Eles só pensam em dinheiro, dinheiro. Se pensassem mais no povo, seria melhor. Não adianta eles cobrarem altos impostos e dizerem que é para a segurança, se não tem nada disso. É preciso oferecer mais cultura para as crianças e para os adolescentes. Falta incentivo para as pessoas. Nos países do Primeiro Mundo, por exemplo, os alunos ficam na escola de manhã e à tarde. De manhã, aprendem português, matemática e, à tarde, fazem esporte. Aqui, as crianças não têm acesso a isso.
Mil Sonhos Eu tenho um sonho: paz no mundo. É o melhor! Afinal, que adianta ter dinheiro e não ter paz? Você vai gastar com o quê? Vai chegar uma hora em que as pessoas vão ter dinheiro, mas não vão ter o que comprar.
plo, uma saca de café pra fora. Aí, outro país mói, industrializa, e vem
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Pr a Entender Braque ser negro no am tr os m s sa ui pesq da educação, Se hoje diversas tunidades na área or op os en m r te favoráveis e mo de de saúde menos s sil é quase sinôni ce di ín , es or ri ga que a rios infe quase ninguém ne te en conviver com salá lm ua at se sim. desemprego; história não era as a , os an maiores ta xas de ta in tr ira é racista, há país a chasociedade brasile va que reinava no ta di re ac l ra ge ldade A população em brasilis” havia igua ra er “t na e qu é, a racial”, isto do marcado pela mada “democraci passado tivesse si o e qu a nd ai s, co-racial no anco de discussão étni entre negros e br po ti er qu al qu a ta xados impedi sa igualdade eram es ar escravidão. Isso on ti es qu m que ousava ntrário”. país. E os negros m “racistas ao co re se de ou as m ti ví vil começou de se fazerem de do a sociedade ci an qu , 80 e 70 os sociais A partir dos an rsos movimentos ve di r, ta ili m ra gro e ntra a ditadu do movimento ne es nt ta ili a se mobilizar co m , os uc a realização força. Aos po a exigir do Estado voltaram a ganhar am ar ss pa s ai ci so s negros. Os entos situação social do de outros movim ra ei ad rd ve a r ca era um identifi democracia racial a e de pesquisas para qu am ar tr os ploraestudos m r a situação de ex te an m resultados desses ra pa es it clusive pelas el mito, utilizado in ão dos negros. dos moção e discriminaç em que a origem er id ns co os os di tu muitos escravos Embora alguns es colonial, quando o od rí pe ao ta on (núcleos habirem vimentos negros -se em quilombos m va za ni ga or e fícil acesnhores os em locais de di ad al fugiam de seus se st in te en lm imento ciais, gera retomada do mov a u co tacionais e comer ar m e qu o crimiescravidão, cado contra a Dis fi ni U to so) para resistir à en im ov i a criação do M . negro moderno fo de junho de 1978 18 em , R) CD U (M o em nação Racial têm se empenhad os gr ne s to en im ov al, observando Desde então, os m scriminação raci di de as ic át pr as oe mo nos Estaoutros países - co combater o racism em a gr ne e ad id o negra comun s para a populaçã ca fi cí inclusive a luta da pe es as ic bl políticas pú dos Unidos, onde sultados. respontrou xeram bons re conceitos como a 90 os an s do ir rt os de No Brasil, só a pa ados durante os an us ca s no da os r ações do em repara iar “políticas de cr de o çã sabilidade do Esta ga ri ob o iniciativas avidão, ou sua . Mas até hoje, sã os exploração e escr ad in em ss di r se aram a afirmativas” pass a e controvérsias. ic m que geram polê
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No final dos anos 90, foi desenhado Racial, que desde o Estatuto da Igua 1998, tramita no ldade Congresso Naciona O projeto prevê qu l para aprovação. estões como pesq uisas, formas de bate a doenças m prevenção e com ais freqüentes ne ssa população, lib de culto, reconhec er dade religiosa e imento e titulaçã o de lombos, além de terras remanesce cotas para ingres ntes de quiso em universida trabalho, concurso des, no mercado s públicos e partic de ipação na televisã o e cinema. A segunda edição da pesquisa Retra tos da Desigualdad divulgada no fina e, l de setembro de 2006 e realizada pelo Instituto de Pesquisa Econôm ica Aplicada (Ipea em parceria com ) o Fundo de Des envolvimento da Nações Unidas pa s ra a Mulher (Uni fem), mostra que preconceito está o presente no cotid ia no da população negra. As mulhere s são duplamente discriminadas. • Entre os 10% mais pobres da população, 71% negros. Na fatia são 1% mais rica da população, apen 11,3% são negros as . • Em média, os br asileiros brancos es tudam 7,7 anos. O negros, 5,8 anos. s • 16% dos negros com mais de 15 an os são analfabeto O problema atin s. ge 7% dos bran co s na mesma faix etária. a • Mulheres negr as têm os menor es rendimentos toda a populaçã de o. Enquanto o sa lário médio men das mulheres bran sal cas é R$ 561,70, o das negras fica casa de R$ 290,50 na . Entre os homens, a diferença média de salários també m é gritante: R$ 931,50 para hom brancos; e R$ 450, ens 70 para negros. LIGADÃO.COM:
Centro de Educaç ão e Profissionaliz ação para Iguald Racial e de Gêner ade o: www.ceafro.uf ba.br Jornal Irohin: ww w.irohin.org.br Mundo Negro: w ww.mundonegro. com.br Secretaria Especial para a Igualdade Racial: www.planalto.gov .br/seppir
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s os s a P s o r Primei Eu tinha 12 anos quan-
do uma amiga minha da escola falou que fazia parte do projeto Cala-boca já morreu. Na escola, ela era super tímida, mas dizia que adorava fazer rádio. No Cala-boca, ela era diferente porque dava suas opiniões, tinha mais liberdade. Então, resolvi conhecer a tal da educomunicação que o projeto trabalhava. Quando entrei no projeto, só tinha 20 pessoas. Fazíamos tudo. Íamos todos os dias. A gente brigava no grupo, falava no grupo, ria com o grupo. Eu me apeguei fortemente ao rádio e ao vídeo. A gente fazia duas horas de programa de rádio ao vivo. Para mim, isso era e continua sendo muito forte. A gente tinha que pesquisar muito, chegava lá e conversava sobre um determinado assunto.
ente” G a m o eéC t n e u Q “NotíciaEu adorava fazer programas de rádio. Tinha o Notícia quente é com a gente, Acorda Meu Filho, Criança Ecologia, Espaço Sideral. A gente fez uma entrevista legal sobre pilha, com o César Pegoraro, da ONG 5 Elementos. Foi marcante. Teve gente que entrevistou o Mauricio de Souza (criador da Turma da Mônica). Imagina isso para uma criança de dez anos? É o máximo! Antes, a gente ia até a comunidade fazer esses programas.
Saiba o que é educomunicação no Pra Entender da pág. 56.
Cala-boca já de educação morreu: O projeto municação fo pelos meios de coi desenvolvido criado em 1995 e até 2003 co m o u ma atividade do G E N S – Serviços Educacionais . do apenas pa No início, era voltara tempo, foi est crianças e, com o e lescentes, co ndido para os adom oficinas d e rádio, Internet, jorn a A partir de l impresso e vídeo. se Cala-boca to tembro de 2003, o rnou-se uma ONG.
r e z i D e u q o Temos
lhães nfredi Maga Mariana Ma entrev ista do concedeu a anos quan utubro de 1987 Níver: 6 de O o, com a mãe. este de São Paul O a n zo é, ar R efúgio: Jagu fredi, é psiora Gomes Man D , ãe m ha in hães e teo: M Rober to Magal Porto Segur io rg Sé a am i se ch cóloga. Meu pa a Gabriela. ã, m ir ssonho uma cursinho na A Estou fazendo : C B A o o . d e) Onde apren tibu lar (Aprov sores para o Ves es of Pr de ão ciaç sada, sou bem ra, dar muita ri ei st be r la fa de ar, ler... De Boa: Gosto ao cinema, danç ir de to ui m to d. Muitas sossegada. Gos Mar i, Myfrien á, M o sã os id mesmo eus apel os chatas, mas m Quem Sou: M ca fi e qu m s acha riados espaços. vezes as pessoa ar pelos mais va ul rc ci el ív ss assim é po
oca B a l a C m e do
mo ouEm No Depois de dois anos, comecei a representar o projeto eem tros espaços. Foi uma coisa que eu me descobri gostando dee fazer. Nunca fui muito tímida, mas fui adquirindo com o grupo a firmeza na fala. Porque as crianças que vêm para arra o projeto querem ficar com o grupo, querem fazer rádio. diio. Mas, conforme vai passando o tempo, você percebe que, qu ue, atrás disso, tem todo um discurso de coisas importantes anttes das quais você vai se apropriando.
undo M o o d n Ganha Como representante do Cala-boca, participei do Fórum Mun-
InfantoConferência Nacional nte: A Juvenil pelo Meio Ambie Órgão conferência, realização do nal de Gestor da Política Nacio procesEducação Ambiental, é um rmação so de mobilização para a fo áveis. A de comunidades sustent olescenidéia é ouvir a voz dos ad particites, que têm o direito de ção de par, no presente, da constru um futuro sustentável.
dial de Educação e da organização do Fórum Criança. Em 2003, organizei, junto com outra colega, o Fórum Ambiente 21, que foi um evento preparatório para o Congresso Mundial de Desenvolvimento Sustentável do Marrocos. Essa foi uma super experiência! Primeira saída do país. Todo mundo vai pra Disney e eu e fui para o Marrocos! Isso é louco! Estar num lugar com uma cultura totalmente diferente. Nesse encontro, meu conceito c de d representatividade mudou. Eu pensava: “Como estou indo representar a juventude brasileira?”. Dizia: “Por que eu? Tem r tanta gente fazendo coisas legais!”. t Aos poucos, passei a dizer: “eu sou uma pessoa que faz f uma coisa legal no país e estou indo”. Então, trago a minha n contribuição pessoal, mas cheia de coisas das outras pessoas. Sem aquele peso nas costas. Senão, a gente entra em s parafuso! p
tica á r P a n o MudandAgora, algumas pessoas do Cala-boca, assim como eu, são
consultoras também. Desde 2003, trabalhamos para a Conferência Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente. Em 2003, foram mobilizadas 16 mil escolas e mais de 5 mil municípios. A proposta é fazer com que as crianças e os adolescentes discutam meio ambiente dentro da escola e que tenham voz junto ao governo. Foi uma coisa
Quer saber mais sobre o Meio Ambiente? Leia a história da Maria Lívia na pág. 108. 48
que encantou muito a gente. As deliberações das crianças na primeira conferência, em 2003, fizeram com que houvesse o Programa Vamos Cuidar do Brasil nas escolas, que é a implementação das ComVidas, as Comissões de Meio Ambiente e Qualidade de Vida. 49
ídia M a d e d a
CelebridCom o tempo, o Cala-boca foi sendo reconhecido e passamos
a ser procurados por jornalistas. A gente já foi entrevistado pela Folha de S.Paulo e pelo Estadão. Lembro de uma vez que o SP TV veio entrevistar a gente. Claro que é muito importante ter o trabalho divulgado na mídia, mas o jornalista contava antes as perguntas que ia fazer. Dissemos que não precisava disso, mas ele fez uma pergunta para a menina, já dando a resposta e pediu pra ela repetir o que ele estava falando. Mas, ela disse que não! Não teve nenhum jornalista que chegou aqui com aquela postura toda.
Si a r a P r a Para mim, comunicação coOlh
munitária é fazer com que a comunidade volte para si mesma. A gente assiste muito à TV e ouve muito rádio que fala do todo, mas você sempre volta os olhos para fora. A rádio comunitária faz com que a região se escute. Quando estou ouvindo a rádio comunitária, conheço o locutor, o problema que ele fala, a rua à qual se refere. Não que não seja importante saber o que acontece em outros países. Claro que é! Mas, se a gente só ficar nisso, vai achar que, para cuidar do meio ambiente, a gente tem que cuidar das baleias do Atlântico Norte. E vai dizer: “Puxa, não posso fazer nada!”. As mídias comunitárias têm esse papel de voltar o olho para dentro da comunidade e falar: “o rio ao meu lado está poluído, o posto de saúde está com problema”. E isso faz com que as pessoas se fortaleçam, até economicamente. É ingênuo falar que rádio comunitária não tem vínculos econômicos. Claro que tem! Mas não são vínculos econômicos comprometidos com os grandes proprietários, e sim com os locais. 50
sitivo o P l a n i ado F t l u s e R , mas a l e t u a Com C O problema é que poucas rádios comunitárias cumprem sua
função. A gente sabe o quanto elas repetem modelos das rádios grandes. Isso é super natural. A gente vai querer ser o que os grandes são. Então, elas tocam músicas da grande mídia, não valorizam as O C a la ch músicas locais. E tem ainda muita rádio comunitária que se go eio de p -boca é o s t está nas mãos de igrejas. Aí, não é comunitária porque não conhece a, vai. N rtinhas q um corred r ue v e le Sem ocê or o Ca outras p posso a bre é para um grupo inteiro; é para falar da religião. d l e i sc ss conh a-boca , clar oas que utir míd e, ecido o i f Por outro lado, tem gente que nem sabe que tem não essas p que eu p azem is a e to d a s o o o d r . tinh er i a s el a esse tipo de rádio perto da sua casa e nem faz questão de saa s, s! m a s te r ber; ouve sempre as mesmas. O processo é gradual. E aí, você vai vendo como as pessoas começam a ouvir. Estudos mostram que, quando tem uma rádio comunitária na região, normalmente, ela é a terceira em audiência. Então, isso é possível. É interessante ver que aquela rádio comercial enorme, com investimento mensal gigante, perde audiência para a rádio que tem uma mesinha e um microfone. Isso porque o principal não está na tecnologia, mas em como as pessoas mobilizam a comunidade.
lação s i g e L o d DiscutinEm São Paulo, a gente conseguiu, finalmente, a lei de munici-
palização das rádios comunitárias. Eu acho que essa é uma lei muito legal, traz uma reivindicação que é justa. É só fazer uma comparação básica: como, por exemplo, Brasília vai decidir a rota de ônibus de São Paulo? Não faz sentido! A mesma coisa com as rádios comunitárias. Como Brasília pode dizer que aqui vai ter uma rádio se não conhece a realidade? Mas a gente não pode se iludir. A municipalização é boa, mas a gente tem que lutar para que ela seja válida, democrática, que as subprefeituras trabalhem com isso de uma maneira legal. Senão, a gente vai acabar descentralizando o poder, trazendo para cá, mas fazendo as mesmas coisas! Outro ponto é que a gente trabalha com uma lei que diz que tudo bem as rádios comunitárias existirem, mas que não podem ter 51
comercial. Essa é uma grande incoerência! Ou seja: fala que você pode ter uma rádio, mas não te dá condições para manter. Eu acho muito legítimo ter propaganda nas rádios comunitárias, se essas propagandas forem comprometidas com os comerciantes locais. É ingênuo pensar que a rádio vai se manter por meio de associação de bairro. Ela não tem grana para isso. É novamente pensar na lei e no quanto ela ainda consegue barrar algumas coisas.
eio M s o a o eit com Dir
ção a c i n u m s d e Co
s que as rádios e jornais comunitários são a grande maTodoAcho neira de fazer o processo de democratização da comunicação
es s a a i s ue q porque você faz com que as mídias estejam em mãos de pea. isa m o sint ão prec onhecid ão , s veze cratizaç não é c e a v is quenos grupos e estes conversem entre eles. o Às e dem e ainda car reg u plo, d e d m u É fundamental que as pessoas tenham o direito coisa os porq a gente or exe ssoas p e rr p e e , u s s b q sa st a de não só de receber informações, mas de produzir também. mais bienta li lo meno e Por m p a . , s m s o do ece hat Isso é democratizar os meios. A gente sabe que quando as ecoc os conh
pessoas começam a produzir mídia, fazem uma análise crítica do que elas e os outros fizeram. Porque quando você produz comunicação, você sabe o quanto aquela visão é parcial, por mais que as pessoas tentem ser imparciais. Quando você faz rádio, jornal, televisão, revista ou site, começa a ter a visão de que as pessoas escolhem o que querem mostrar e que isso é um recorte da realidade.
tar n e r f n E os a fi a s e D ! Fui a um evento uma vez e o cara organizador falou que a genOpa
te discute o assunto da democratização da comunicação para nós mesmos. Somos parte desse movimento de democratização dos meios, mas a gente não coloca isso na rua e nem sabe como fazer para que essa luta vá para as ruas. A história da concessão, por exemplo. O Brasil é um dos países mais atrasados em relação a isso. Quando você sabe que foi dada uma concessão a uma grande emissora? Nunca! O espaço é da emissora e pronto! Não se conhece
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a tecnologia, nem as questões políticas. Os grandes proprietários de televisão também são senadores, deputados.
ação m r o f n I Falta dePrecisamos ter muito
claro que, para atingir o grande público, a gente precisa da mídia. Mas como você vai discutir a democratização da comunicação se o grande negócio para passar para todo mundo são os meios de comunicação, que não têm o menor interesse em falar? A Globo não vai abrir um espaço para alguém falar sobre isso! Se pegar essas mega empresas, elas não vão deixar! Portanto, é preciso arrumar outros meios para fazer isso. Acho que o grande lance é começar a conversar. E conversar com pessoas de outros segmentos. Muita gente faz coisas legais e não vê o poder que elas teriam se fossem comunicadas para as outras pessoas.
a Aulmuito e d a l a Uma coisa legal para ter em escola não é só análise de Na S
mídia. Esse é um ponto importante, mas muitos pesquisadores viram que, se você só ficar na análise, não dá passos. Tem que produzir! Tem que ter rádio na escola, vídeo! Mas sem ter mais uma prova, porque isso vai ser burocrático como as outras matérias, e a gente é contra. Tem que dizer para as crianças que existe a oportunidade de fazerem rádio e vídeo.
CA Eu e o EO Estatuto da Criança e do Adolescente traz um conceito novo
de crianças e adolescentes como sujeitos de direitos, como pessoas que pensam. A lei é muito legal e o Estatuto é aplaudido no mundo inteiro como garantia de direitos, mas a gente sabe que a realidade do Brasil está muito longe disso. O artigo 16º do ECA, por exemplo, prevê que 53
se leve em conta a voz das crianças e adolescentes. Esse é justamente o objetivo do Cala-boca: dar voz a estes cidadãos. O nome já diz isso: “Cala-boca já morreu - porque nós temos o que dizer”. Mas, a comunicação com a criança e o adolescente ainda é muito falha. As pessoas, culturalmente, não estão acostumadas a dar espaço para crianças e adolescentes falarem, seja sobre problemas governamentais, como acesso à saúde, seja sobre problemas familiares.
ndo u M o n Eu acho que o ECA deveria ser discutido de uma maneira difeECA
rente. Me incomoda muito como ele é divulgado, em palestra. “O ECA é importante... blá, blá, blá”. O cara vai à palestra, mas não recebe o estatuto, não tem a oportunidade de abrir, de pegar. E tem ainda a forma como ele é escrito! Então, precisa ter um processo de divulgação, mas junto com uma formação. Uma conversa só sobre o ECA não adianta. A gente tem que se apropriar do Estatuto não como lei, mas como instrumento de discussão. Se a gente está balizado num sistema que precisa de leis, precisamos nos apropriar delas.
O Kauê e o Heitor também acham que o ECA deveria ser divulgado nas rádios. Leia mais nas págs. 42 e 103.
ópria r P a i c n ExperiêNo Cala-boca, a gente produziu uma oficina da rádio ECA. Fi-
zemos uma série de três rádionovelas, sobre a história de uma menina, a Julinha, que conheceu o ECA. Isso para trazer a discussão de uma forma não tão sisuda e moralista. Para fazer isso, criamos um grupo de estudos sobre o ECA. Lemos o Estatuto inteiro na presença de uma advogada. A participação dessa pessoa é importante, mas não fundamental. A gente tem que deixar de ter a visão de que somente o advogado pode mexer com as leis, senão, vai ficar do mesmo jeito que está.
beça a C a n o Futur Tenho muitos sonhos, mas eu sou pé no chão o suficiente para
Queria que as pessoas tivessem mais acesso a espaços como o do Cala-boca e que começassem a se ouvir. Isso é um sonho porque, conseguindo fazer isso, teria acréscimo em várias outras coisas. Afinal, não adianta nada eu falar que sonho que não tenham mais crianças na rua. Como é esse processo? Gostaria muito que as bases começassem a se unir, mobilizar as pessoas para mudar as coisas e trabalhar juntos. E não só por meio de projetos de educomunicação. Eu acho que a transformação vem da base e de políticas voltadas para isso, porque elas estimulam e muitas vezes dão oportunidades para que as coisas se organizem. Mas, se a gente mantiver o sistema de escola que temos, no qual o aluno fica do primeiro ano do Ensino Fundamental à última série do Ensino Médio vendo a nuca do colega, é isso que ele vai repetir. Não adianta nada! Adianta o governo fazer um baita projeto e o professor continuar fazendo a mesma coisa que ele sempre faz?
A Julia concorda com a Mariana. Na pág. 20, confira a opinião dela sobre isso.
Isso? o d u T e Pra Qu Acredito muito no trabalho que eu faço. Se eu não tivesse uma
maneira de lutar, eu sentiria que a minha vida não teria sentido. Se a gente quer que as pessoas sejam mais justas, mais iguais, a gente tem que fazer alguma coisa. Escolhi a comunicação porque acredito que os meios de comunicação, junto com a educação, conseguem fazer com que as pessoas conversem, dialoguem e cheguem a resultados. Se liga! É muito difícil. doças e os a e as crian u q am. e st nt o a g t Talvez, se eu não estivesse fao q ue É impor rem fazer u c o dipr z s fa e ente lescent zendo isso hoje, eu não teria as preocupantece, a g o é ac m o é s b m is a T Quando e acredita! nt e m nl u a e nj r o c ções que tenho. Às vezes, eu me pergunto: ir em reito e junto e ag o so pensar ci erer mudar e q pr “Que impacto tem o que estou fazendo?”. nada eu u a s o nt a aç i p d s a e riar to. Não O jeito é c m o a. c h n s i o p oz u Claro que não atinge muitas pessoas, mas s r gr mundo ntar busca te É a. s s. r a e u de conv imas das s sempre tem alguém que faz você dizer: ticas próx caracterís “Puxa, deu certo!”.
não me deixar viajar muito. Quero continuar fazendo esse tipo de trabalho, que é fortalecimento de pessoas e de grupos.
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Pr a Entende
r
receita que arece ser uma p a st E o. çã ca socieda+ Edu ícios para uma ef Comunicação en b s o it u m has vial duas palavrin o resultado fin as m , co as er ad az m tr So e . ais pod er a cidadania do cada vez m ov an h m n ro p ga a m sc u ve b e de que prática qu emplo, fazer nicação, uma idéia é, por ex A e? õ p ro p ram Educomu se e comua mo os meios d afinal, a que el co , as em M rv s. se to ob ep ad ltos pessoas s, jovens e adu s para que as ça ca n ti ia rá cr p e r u ve q o dim com ciedade e pro r. Ou seja, os in so la u a n ip an em m ag r xa nicação sem se dei são, ouvem ver com eles, vêem na televi e u q o re b possam convi so s o am mais crític víduos se torn e revistas. s ai rn nos jo em lê comunicação u o io d rá no er relações de ec al rt fo e r ia fessores e a, cr e direção, pro tr Significa, aind en , la co es a on cionando idade, propor ucativos, com n ed u s m o co aç a p es m co cação em a rocesso de edu o da escola par p m e ss co E s. em o b , ic os át e do ocr alun são da mídia abertos e dem en s re te p n ie m b co r am o sempre uma melh ma ser vista lvidos a terem ois esta costu p , -a o d n ca ajuda os envo fi ti sa, dessa vivem, desmis O cidadão pas e . d m on u o m xt co te n ão co ad os consível pelo cid as mensagens, es d ac o in çã le go se al e o d ão, com possibilidades ou a programaç as ão er aç ec h n rm fo co a in forma, icionam a sses que cond flitos de intere os. ento que têm os mei a rç fo a d o um instrum m ém co al ir rv se e d uando todos unicação po Assim, a com ncipalmente q ri p , te an ss re . E isso é em muito inte as informações d o çã u d ro p e de aprendizag d divíduo ar do processo ireito de um in p d ci o ti e ar ão p ss re em p d po e de ex eito à liberdad o afetam. garantir o dir questões que as re b so es iõ pin s são muito colocar suas o , os resultado ce te n o ac te almen Nações UniQuando isso re quisas da Organização das ação o com pes co), a particip rd es o n ac (U e D ra u s. lt u vo positi cia e a C produção de ucação, a Ciên o processo de n s n ve jo e das para a Ed s o: orgute ressantes, com ças, adolescen n te ia in cr as e d ci a ên iv ü q at se onstrado con mídia, tem dem stima. to-e de enconlho, poder e au taram o desejo n o ap s te an p mprepartici e local; mais co ad id A lém disso, os al re a e s idade e iano ento da capac s sonhos cotid im o ec ia al íd rt m fo a ; n resídia trar diovisual; inte petência de m m au co ia e íd a m ic a ít m cr ensão a social co Isso porque e; maior justiç a democracia. m u e d o d ti da curiosidad n comunise interesse pela e; e passos no e ad to ed en ci so im a ec n h se r con levou ao maio a participação
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dade local, inspirando ações coletiva
s. Os jovens ampliaram ainda seu voc abulário e repertório cultural, aumentaram suas habilidades de comunicação, desenvolveram competências em trabalho em grupo, negociação de conflitos e planejamento de pro jetos, melhoraram o desempenh o escolar, entre outros ganhos. Com essa participação surgiram grêmio s estudantis, novas organizações da sociedade civil, cooperativas de trabalho, grupos juvenis de interve nção comunitária e periódicos. Poder ter um espaço para se exp ressar e, portanto, se colocar e dizer o que se pensa é interessante frente ao monopólio dos grandes meios de comunicação no Brasil. Hoje, nove famílias têm o controle dos meios de comunicação impressos, tele visivos, radiofônicos e digitais, enquanto 175 milhões de pessoas apenas recebem essas informações. Atualmente, há diversas entidades, como a Campanha Mundial CRIS (Communication Rig hts in the Information Society – Direito de Comunicaç ão na Sociedade da Informação), que lutam para mudar essa situação e dizer que a comunicação precisa ser vist a como um direito fundamental, reconhecendo que tod o ser humano tem direito de ter voz e de se expressar. A CRIS acredita que isso depende também do acesso uni versal aos meios de produção e difusão da informação . LIGADÃO.COM:
Cala-boca já morreu: www.cala-boc ajam Centro de Mídia Independente: www.midiaindependente.org
orreu.org
Coletivo Brasil de Comunicação Soc ial: www.intervozes.org.br Núcleo de Comunicação e Educaç ão da USP: www.usp.br/nce Portal Gens: www.portalgens.com.b r Projeto educom.rádio: www.usp.b r/educomradio Revista Viração: www.revistavirac ao.com.br
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azdeer!participar F a r P a Antes Nad
do projeto social da Fundação Orsa, eu não fazia nada. Era “escola, casa e rua”. Ficava na rua o dia inteiro, olhando e contando os carros. E, na rua, só tem coisas que não prestam. Aparece traficante... Você fala coisas que não deve, fica com papo furado. Mas, poderia usar essas horas para alguma coisa, como participar de um curso para estar bem preparado quando entrar num emprego, ter um bom currículo. Eu também era muito quieta. Ficava com medo de falar na frente de todo mundo.
s na a t r e b A Portas o Orsa ã a Fundação Orsa FundaçConheci
no início de suas atividades, em 1994. Naquela época, ela atendia iaa só crianças, de sete a dez anos. E eu tinha uns 12 anos. Depois de um tempo, eles abriram as atividades para os adolescentes. Era ra só uma experiência e eu resolvi participar, por curiosidade. A gente só ia à Fundação na segunda e na quarta-feira. Fazíamos os desenhos, líamos e escreviamos histórias. Depois, passamos a ir todos os dias e a Fundação chegou a ter 20 adolescentes.
FUNDAÇÃO ORS A: Criada em 1994, tem como missã o promover a form ação integral de cr ianças e adolesce ntes em situação de risco pessoa l e social. Desenvolv e projetos voltad os à Educação In fantil, ambienta l e social; convivênci a familiar e com unitária; enfrenta mento da violên cia; saúde coletiva, e mundo do trabal ho.
Aprendiz de Presiden te
lva C arlos Juli ana da Si entrev ista do concedeu a anos quan Maio de 1988 Níver: 03 de apicuíba, região zinha, em Car re Te a nt Sa la R efúgio: Fave de São Paulo. te em São metropolitana Carlos, é feiran on ilt M i, pa eu lva Carlos, o: M Porto Segur mãe, Iara da Si ha in M . im do en iação Cristã Paulo; vende am ntár ia da A ssoc lu vo é as m , ra u fo har com as stou de trabal nunca trabalho go e pr m se a mora mais M). El inha ir mã não de Moços (AC M s. ão m ir ro quat mas mora ir mão casou, pessoas. Tenho eu M u. so ca rque to! Somos com a gente po a. Minha família é um bara aind e ri bastante perto de casa açadas. A gent lh pa s ta ui m mos divertidos, faze sa muito. er nv co m e també A mos Meucci. Escola Estadual : C B A o o d Onde apren ir ao parque gos, eu gosto de in m do e s do ba l também. Na De boa: Aos sá ro jogar futebo do A é. ax ar nç rticipava. Eu ou ao sa lão, da feminino e eu pa e m ti um ha n ti , pr incipa lmente escola, em 2005 to de ler tudo, os G . er ev cr es re liv ros. Eu acho ainda adoro le ei em escrever ns . pe Já a. ur at amento, a vida romance e liter e muda o pens nt ge a a. ue ur rq lt cu po s importante ler coisas, tem mai aprende várias , lê cê vo o nd Qua idosa. Mas, ais ou menos va m E . xa ro a in ra para me o Paul Quem Sou: Sã eu levo uma ho e qu r ze di a ra ar rumar costum cipa lmente pa minha amiga in pr o, m es m ssoas. Se moro bro muito as pe ar rumar. Eu de co eu e qu é a cois , eu olho e m algo er rado o cabelo! Outra te se a, is co a uito direta algum família. Sou m está fa ltando ha in m da e s as pa lavras. essore . Eu não meço cobro dos prof im ru um e m do bo aninha. e isso tem um la o inha ou Ban ox C o m co da ci nhe Também sou co
jeto PrePREFEITO MIRIM: O pro ão Orsa, feitura Mirim , da Fundaç ciona a visava esclarecer como fun e. Assim , administração de uma cidad arem em incentivava as crianças a vot e-prefeito, um prefeito e em um vic durante o que deviam gerir o projeto, m das atiperíodo em que participava criança vidades da Fundação. Cada itor. tinha seu próprio título de ele
Mirim a t i e f e r Em 2004, eu me envolvi com o trabalho de PrefeiP ta Mirim, que é uma liderança a mais na entidade. A idéia é a gente governar. É dar a palavra e a autonomia para as pessoas. No começo, achamos que não ia dar certo, mas resolvemos apostar. Montamos três comissões. A minha era PAPO NOVO (a PAlavra do POvo é a NOssa VOcação) e tinha 15 pessoas. Me indicaram, então, pra ser Prefeita Mirim. Deve ser porque sempre defendo as crianças.
Todo mundo que participava da Fundação podia votar, independente da idade. Foi difícil ser reeleita porque um outro grupo que concorria. Mas, eu tinha gostado e queria muito me reeleger. Minha posse foi no dia 10 de maio de 2005 e fiquei no mandato até o início de 2006, quando o projeto foi desativado. Participavam, nesta época, 60 crianças e adolescentes. No começo, eu não sabia de nada. Tudo era mais baseado nos educadores. Diferente da primeira gestão, na segunda todo mundo quis participar. Mudou a minha posição também. Passamos a sugerir as atividades.
estãogestão, fizemos várias coisas na Prefeitura. Por G a r i e Na minha Prim
stas odas p o r P s i Uma ações realizadas no segundo mandato foi contra o Ma
exemplo, o que mais tinha na Fundação era sujeira na grama. Então, colocamos um aviso para incentivar as pessoas a não jogarem lixo. Outra proposta, em saúde, foi a de incentivar as crianças a escovarem os dentes. Essa foi a mais difícil, mas foi divertida. Tive que falar que elas iam ficar banguelas, com os dentes podres. Teve também o Dia X, que ocorria às sextas-feiras. Foi o maior sucesso! A gente arrumava as crianças, fazia as unhas, dava um trato no cabelo. Dia X porque qualquer dia é dia para se cuidar. Outra coisa foi o Dia do Ócio Criativo, em que as crianças criavam brincadeiras.
ovo N e d a n u li a
o: J ReeleiçãAntes da escolha do Prefeito Mirim, fizemos um teste de voto, na urna eletrônica mesmo! A gente aprendeu a votar, com título de eleitor e tudo!
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to d M i n h a m ãe ter s a conv e i é fui r do Prefe ncida de e e le i ita. e a legr ta, ela fi Quando u e do cou eu que e ma is u!
desperdício. Antes, as crianças enchiam o prato, não comiam tudo e jogavam fora. A gente falava: “Come pouco e, se quiser mais, repete”. Elas escutaram. A gente investiu também na leitura e na escrita. Montávamos histórias e distribuíamos no corredor. Então, parávamos na parte mais interessante e colocávamos em outro lugar para que procurassem o final. Tinha ainda a história na roda e a corrente de vida, que falava sobre Aids...
odos T a r a P acia as decisões da Prefeitura Mirim eram tomadas na AsDemocrTodas
sembléia. Lá, se discutia todas as idéias para definir quais seriam aceitas. Depois, eram passadas para os educadores. Quase todas as propostas foram aceitas. Na Assembléia, a gente falava assim: “Vai ter um sarau e precisamos definir uma data”. Daí, os participantes davam opinião sobre o dia e a gente marcava. Assim, eles tinham mais responsabilidade. A Prefeitura Mirim dependia muito mais deles. Se alguma coisa não dava certo, a gente discutia novamente. Sempre fizemos votação, levantando a mão e fazendo a contagem.
iria? D m e u irim: Q
M PrefeitaNem passava pela minha cabeça ser Prefeita Mirim. Mas, foi
uma experiência bacana. Aprendi a escutar os outros. Uma vez, me disseram para eu decidir sem a opinião dos outros. Aí, eu falei: “Eu sou 61
democrática fanática porque acho que tudo o que a gente tem que fazer, deve perguntar para as pessoas”. Não adianta fazer uma coisa que, além de não dar sucesso, ninguém vai gostar. Por isso, na Assembléia, sempre pedia opinião, mesmo que demorasse cinco horas.
O Kauê e o Heitor também concordam. Leia mais nas págs. 43 e 95.
Bo m e d a d a ca: N i t á r P a n PolíticaOs políticos de verdade, que governam o país, são uma porcaria. Acho que eles não têm muita consciência; planejam um programa que não vai dar certo. Em Carapicuíba, falta hospital. As pessoas que precisam têm que ir para Barueri ou Osasco. A população cobra, mas os políticos parecem que não ouvem. Fala sério! Falta eles olharem para as pessoas do mesmo jeito, e não com superioridade. É muita discriminação!
erta! as propostas de governo e a execução. Quando l A e r p Acompanho Sem
estava na escola e era época de eleição, a gente ia até a Prefeitura, na Câmara, cobrar os Vereadores. Tem que cobrar, senão não vai pra frente. Os políticos ficam sem graça, porque pensam que a gente não vai atrás. Mas a gente tem o direito de ir à Câmara e ver as propostas deles. Se participarmos, os políticos vão ter um peso na consciência porque fomos atrás e eles não deram atenção. Se batermos na porta da casa deles todos os dias, vamos conseguir bastante coisa. Só que os jovens não gostam de política. Eu mesma não gostava! A experiência da Prefeitura Mirim é muito bacana porque você não fica só de brincadeira e começa a ver a política na prática. Se cada um tivesse uma experiência de Prefeitura Mirim, mudaria a idéia.
l tafavela o T a z e Moro na Santa Terezinha, no município de CarapicuíLimp
ba, na grande São Paulo. Não gosto muito porque é desorganizado. As pessoas não têm consciência e o Prefeito não liga para a região, pelo simples fato de ser uma “área livre”. Já corri atrás do Prefeito, com um abaixo-assinado. Em 2004,
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eu e mais alguns amigos da Fundação Orsa elaboramos um projeto para limpar a rua. A gente escreveu um papelzinho, dizendo que contava com a participação das pessoas. Fomos de casa em casa avisar, porque distribuir papel não dava certo. Pedimos para cada um levar sua pá e vassoura. Apareceu bastante gente no dia. Falamos assim: “Não é porque o Prefeito não liga para nós que moramos numa favela que vamos ter que viver num espaço sujo. Somos seres humanos! A gente também precisa viver num lugar melhor e adequado para não aparecerem doenças”. Antes, as pessoas não ligavam e jogavam lixo no meio da rua. Depois dessa ação, não vi mais ninguém com preguiça de atravessar a Se c rua para jogar lixo no lugar certo. Hoje, eles amarram as sacolas tic ad e tr ipasse d a jovem e um a ba l direitinho. Graças à conscientização que realizamos na comunipa r h de ve res, asse co a institu m d acho dade, montamos um projeto de reciclagem que foi para frente. m ire ição q undo !
Sim! , o ã ç a c i Reivind Outro problema que tivemos foi com a lagoa. O Prefeito es-
tava deixando o pessoal do Tietê jogar a sujeira na lagoa e contaminou tudo. Diziam que foram doados R$80 milhões para o Prefeito permitir isso. Nós “quebramos o pau” com os políticos!Perguntamos onde estava o dinheiro. Foi “estranho”, pois logo depois fizeram o calçadão na cidade, que foi uma grande evolução. Agora, pararam de jogar o iodo. Pelo menos, ele escutou o movimento. 63
ue m i udar tos e ia o
i nh o m a C o n Pedras Como Prefeita, aprendi a administrar o dinheiro, a comprar as
coisas. Mas, não é mil maravilhas. No primeiro ano, eu ia pra casa com dor de cabeça! É difícil administrar porque cada um tem uma opinião. Quando eu não fazia o que as crianças queriam, era cobrada. Por isso, ouvia bastante o que elas tinham a dizer. Não é porque são crianças que não têm idéia. Pelo contrário, elas são muito importantes.
J
O Heitor e o Alan também querem ser Presidente. Confira nas págs. 104 e 126.
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ente d i s e r P ara ulianaEuP teria coragem de ser Presidente da República. Queria ser Presidente porque acho que tenho um olhar diferente. As pessoas que participam de uma organização têm esta visão. A gente não olha muito para o dinheiro e, sim, para a necessidade das pessoas. Por exemplo, o Presidente Lula fez o Programa Fome Zero. Acho que foi uma atitude muito boa. Não deu certo para todo mundo, mas ele fez uma parte. Se eu fosse Presidente, faria pelo menos um posto de saúde em cada cidade. É preciso fazer as coisas não só onde se nasceu e viveu, mas em todos os lugares. Ter um planejamento e verba para cada Estado. Afinal, o Presidente da República cuida do Brasil, e não só de Brasília. Quando eu terminar o Ensino Médio, vou prestar vestibular e me tornar política! Quem sabe a corrupção não deixa de existir? As piores coisas do Brasil são a falta de saúde, o preconceito e a violência. Em Carapicuíba, as pessoas têm preconceito de cor e de classe muito grande. O preconceito começa dentro da escola. O ensino não é bom, totalmente diferente da escola particular. O pobre pensa assim: “Eu sou pobre, vou morrer pobre e, então, não vou estudar”. Mas tem que ser o
contrário! Ser pobre não é um defeito. Você tem que mostrar para as pessoas que tem tanta capacidade como o branco e o amarelo têm. O que a gente tem dentro é a mesma coisa, só muda a cor da pele. Se as pessoas começarem a olhar para as outras, não se importando se ela é rica ou pobre, acho que o mundo vai pra frente. Está faltando isso: todos terem um olhar totalmente diferenciado. Seria muito bom se as pessoas conseguissem dizer: “Eu me vejo em você”. Além disso, existem idéias diferentes e a gente tem que se adequar. Você deve aceitar a opinião dos outros, saber criticar e também receber a crítica. Mas, é difícil.
Veja o que o Kauê acha sobre preconceito na pág. 41.
a Já ç n a d u M estudei em escola púEscola: Sempre
blica. Teve uma época em que minha Se liga! mãe queria que eu estudasse à noite situação piorando a i a v a, d a c pais, por e eu disse que não. Se, já de manhã o A cada dé asil. Meus r B o n s a ç bom na midas crian um ensino m a r ensino não é aprofundado, imagina à e v ti futuro, exemplo, menos. No u o is a m mais. Vejo noite! Aí que eu não ia aprender nada! nha idade, ar ainda or pi i a v o sabem esacho q ue nos q ue nã a 8 Na escola, tinha muita pichação e grade 7, e d ém q ue não crianças cente tam b s e ol d a m e não olham, também. O grêmio não fazia o que precrever. T s pessoas a e u q e c e nte tem sabe. Par isso, a ge or P o. cisava... Até representei a minha sala no s is ntar fanão vêem cobrar e te r, e v a r a ç o problema grêmio, no segundo ano do colegial, mas q ue come e. Porq ue nt e r e if d zer algo não tinha nem reunião. Os alunos não liinteiro. é no mundo gam muito. Só querem praticar esporte. Mas, tem muito mais coisas interessantes para aprender. Eu gostaria que a escola fosse diferente. Queria levar coisas legais, educativas, que os alunos pudessem aprender. Fazer dinâmicas, pois, na brincadeira, a gente pode descobrir novos aprendizados.
ECA?
É Iss s o i a R Q ue
o?
Quando falavam em Estatuto da Criança e do Adolescente perto de mim eu dizia: “ECA? Só se for pra colocar o dedo no nariz!”. Nunca tinha ouvido falar... Na Fundação, a gente recebeu um livrinho. No começo, eu dizia: “Nossa mãe, que é isso? O que eu estou fazendo 65
aqui? Nada a ver”. Mas eu fui aprendendo e gostando. Até me escolheram para falar sobre o ECA no dia do Casa Aberta da Fundação ORSA, que acontece no final do ano. Nesse dia, o pessoal da comunidade vem e vê o que a gente fez o ano inteiro. Falei sobre os direitos e deveres que estão no ECA, que são super importantes e essenciais. Antes, eu não sabia que a gente tinha direito a uma série de coisas, como hospital, alimentação, escola. Para mim, isso era coisa de Prefeito. Agora, penso diferente. Já realizei até fóruns de discussão sobre o Estatuto, para crianças e adolescentes. Na minha escola, os alunos construíram jogos, com o objetivo de discutir temas relacionados ao ECA. Foi montada uma brinquedoteca com esses jogos.
Cedo e d s e D ir ConstruMeu sonho é trabalhar com crianças. Acho que, se isso aconte-
cer, eu vou estar realizada. Elas me deixam desconcertada. As crianças ainda não vêem o mundo do jeito que é. Não vêem a violência e não se preocupam com o que o mundo pode oferecer para elas. Criança passa uma confiança que nenhum adulto pode passar. Por isso, se desde pequenas elas aprenderem a ser cidadãs, conhecerem o que é política, o mundo vai melhorar cada vez mais. Elas vão crescer nesse contexto e vão mudar. O mundo vai ficar belo.
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Pr a Entender O Brasil é um país democrático, no qual os representantes do povo são eleitos por meio do vot o direto e secreto. Aos 16 anos, se quiser, você tem o direito de votar e, aos 18, o seu voto torna-se obrigatório. Mas, você sabia que, nessa mesma idade, um brasileiro pode se candidatar ao cargo de Vereador? Pois é, isso está na Constituição! E você já parou para pensar em com o funciona a administração de uma cidade? E como são destinadas as verbas orçamentárias? Tudo isso deve fazer parte da vida de um cidadão consciente! Com o objetivo de refletir sobre ess as questões e entender como funciona a política local, alg umas organizações sociais e prefeituras desenvolvem o projeto de Prefeitura ou Vereador Mirim. Na Fundação Orsa, o projeto de Prefeit o Mirim foi realizado até agosto de 2006 e visava conscientizar jovens que participavam das atividades da entidade sobre a importância do voto e da política. Assim, criança se adolescentes escolhiam, por meio de votação, o Prefeito e o Vice-prefeito, responsáveis por administra r o projeto durante o mandato. Os candidatos deviam organizar-se em comissões, elaborar seus programas e campanhas polític as. Então, era montada uma eleição e cada criança e adolescente esc olhia seus representantes, votand o em uma urna eletrônica, como aco ntece numa eleição tradicional. Após a eleição, o candidato mais votado tomava posse da Prefeitura Mirim e devia escolher seus secretários para as áreas de Educação e Cultura, Esporte e Laz er, Saúde e Meio Ambiente. Juntos , eles eram responsáveis por utilizar a verba repassada para a administração das atividades do Programa , conforme os compromissos assumidos junto aos eleitores. Para garantir a transparência, sem analmente, eram realizadas assembléias e plenárias. Nel as, os Prefeitos prestavam contas de seus gastos e discutiam com as demais crianças e adolescentes as metas e objetivos.
LIGADÃO.COM:
Plenarinho: www.plenarinho.gov.br Transparência Brasil: www.transpa rencia.org.br Voto Consciente: www.votoconscie nte.org.br
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s o t i e r i D m e s i a Igu
edo C e d s e ção D estava na a l u c Quando i t r A
5ª série, comecei a trabalhar com movimento estudantil na escola. Sempre tive uma ligação muito forte com discussões relacionadas à política e comecei a trabalhar com a parte pedagógica, na Coordenadoria de Educação da escola. A gente desenvolvia projetos, articulava o grêmio. Nesse tempo, comecei a participar de alguns fóruns e eventos da União Municipal dos Estudantes Secundaristas (UMES) e a gente passou a juntar mais esses grêmios, todos da zona Norte. Foi quando surgiu o 1º Encontro de Grêmios da Zona Norte, da subprefeitura de Santana-Tucuruvi. Eu estava na 6ª série e coordenava essa equipe na sub-prefeitura.
a Douglas Lim entrev ista do concedeu a anos quan tembro de 1988 Níver: 9 de Se São Paulo. e da cidade de st Le a on Z : io ãe é arR efúg ista e minha m or ot m é i pa tinha ro: Meu 18 e meu pai ha n Porto Segu ti ãe m ha ãe, não ando min ão da minha m m tesã. Nasci qu ir u so e qu parte de acham rdestinos. Por 21. Geralmente no o sã os rn e todo ós pate o único. Acho qu ria lh fi lho. Meus av fi u So o. ul de São Pa que eu não sabe mãe, são todos oísta. Imag ino eg o uc po pende da um é ho que isso de ac fi lho único , as M . ão m e um ir dividir se tivess ssoa. pe da , adaptação pública. Agora mpre em escola Se : C B A s. o po o d Onde apren sor Moacy r Cam Estadual Profes la co Es a n do estu u 24 horas ica e MPB. Esto n rô et el a ic ús de m m acessar. car meio dia se De Boa: Gosto fi o ig ns co ão n et; 24 horas, asligado na intern na fotográfica ui áq m a um com ia de tomar Também ando o. Tenho man di áu de e s do de da sim como CD dia! seis vezes por a o nc ação banho ci da Rev ista Vir imeiro jovem pr o ultii m Fu a. : a lim r (douglas og bl Extr a, ext um ho n Te strado! de escapar? a trabalhar regi ista. Tem jeito al rn jo r se ro ply.com). Que alha, trabae trabalha, trab qu m ve jo um u ndo a gente Quem Sou: So se diverte. Qua e, rt ve di se rte, aba fa lando lha. E se dive se divertindo ac tá es do an qu é at a. Adoro chaama o que faz, ar ruaça, bagunç r ze fa de u So . e entender todo sobre trabalho m tento sempr bé m ta as M me envolvendo mar a atenção. rapa lha. Acabo at e m so is s, os problemas mundo. À s veze os, que fico com tr ou s do as m le tanto nos prob . im m para
pre! m e S , r a c ReivindiAcho que o que me motivava a participar do movimento es-
tudantil era a questão de reivindicar. Eu tinha muitos problemas na escola, com a direção e a coordenação porque elas tinham uma preocupação muito grande com o plano político-pedagógico, só que nunca se preocupavam com o lado do jovem. Sempre traziam a visão do profes-
xo plegrupo mmeu o C s O na escola defendia que era possível fazer aulas i a M
temáticas dentro da informática. Mas o problema é que, antes de se envolver com a questão, você não sabe qual é a dificuldade que tem ali. Depois que comecei a participar, entendi que não por má vontade que as coisas não aconteciam nas aulas de informática. É que a prefeitura atualizou o sistema, mas não proporcionou as condições para que os professores se sentissem aptos a trabalhar com novas tecnologias. Não houve capacitação. Aí, a gente começou a trabalhar é a ç ão o a c ã i ç n a m u não só com o movimento estudantil, na visão do jovem, mas com mb é unic c o m ucação, volve ta ia l, de u d d E n c e e o e s e também tentando incluir o professor, o educador no dia-a-dia ção de u ra d to qu mist . Acredi inter ven porquê o o e da discussão, com a intenção de que fosse uma coisa mais plue açã pouco d mento, sa. a i o n m c o u i l t a s rt ral. E deu muito certo. Nisso, acabei entrando para o Conselho que fa ze da escola. Fiquei três anos. Hoje, não trabalho diretamente no movimento estudantil. Minha área é educomunicação. Saiba o que é educomunicação no Pra Entender da Mariana Manfredi e na pág. 56.
? a educomunicação no primeiro colegial. Fiquei saEducomDescobri
Educom.rádio: O projeto foi realizado de 2001 a 2004 pela prefeitura de São Paulo e a Universidade de São Pau lo. O objetivo era capacitar alunos e professores para utilizarem o rádio como uma ferramenta, não só de comunicação, mas sim de educação.
bendo do Educom.rádio logo depois que passou a seleção. Mas, eu queria muito participar. Consegui entrar só na sexta fase, quando eu já tinha saído da oitava série. Como eu já estava pedindo há muito tempo e ser seria a última fase aqui, em São Paulo, eu falei: “Não quero saber. Estou fazendo o primeiro, mas eu me viro e venho participar”. E Aí, eu consegui. A Também em 2003, a coordenadora da minha escola me mandou um e-mail, falando assim: “Fiquei sabendo de um m projeto que trabalha a comunicação com o jovem, um pessoal p que é mais engajado em projetos sociais”. q E eu sempre tive essa coisa de comunicar, justamente por trabalhar com o jovem. O projeto era a Revista Viração e, p desde a primeira reunião, só faltei umas duas vezes. d
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Foi bem legal porque o Educom teve essa fase de apren-der o que era a educomunicação e, depois, trabalhar a comunica-ção em rádio, com produção radiofônica. Já a Viração não é um curso para ensinar o que é edu-o comunicação. Então, eu acabava trabalhando a educomunicação indiretamente na Viração, e aprendia diretamente no Educom.
odos T m e b a Onde C O que mais me chamou atenção na Viração foi a
R evista Viração : do projeto é u A proposta nir os jovens em torno de pr incípios como a defesa dos d ir nos, a educaçã eitos huma o, pluralidade étn a paz e a ic diferencial da p a e racial. O u participação ati blicação é a v na produção de a dos jovens matérias.
sor. Então, as discussões acabavam não beneficiando totalmente quem deveria: o estudante.
interação de pessoas de mundos diferentes. Logo que entrei,, as pessoas vinham todas de ONGs, movimentos e tal. Na primeira formação tinha só gente dos movimentos de comunicação, negro e estudantil. Com o tempo, foi entrando o movimento feminista, o de democratização da comunicação, o GLBT (Gays, Lébicas, Bissexuais e Travestis) e vários outros. Um dia, chegou lá uma menina e falou assim: “Oi, eu sou a Taluana!”. O Paulo [Lima, editor da Revista Viração] virou para ela e falou: “De onde você é?”. Ela disse: “Eu sou uma leitora. E quero participar!”. Foi muito interessante porque ela foi a primeira pessoa que não tinha nada a ver com ONG, movimento social e quis participar de uma revista baseada em intervenção social. E isso foi muito legal. Então, o que mais me chamou a atenção foi essa história de envolver pessoas de diferentes mundos e de ter sempre a possibilidade de levar pessoas novas para compartilhar experiências. 71
ília? m a F a ESabe... mas não sabe! A dificuldade maior é com meu pai. Talvez ele saiba, mas faz de conta que não. Uma vez, tinha combinado de sair com uns amigos. Eu estava indo encontrá-los num bar porque era o aniversário de um deles. Aí, meu amigo me ligou, achando que o número que ele tinha era do meu celular. Só que era o da minha casa. Ele ligou na minha casa e minha mãe atendeu. Minha voz é muito parecida com a da minha mãe. Aí, ele começou a bater o maior papo com a minha mãe. Sabe quando a pessoa atende o telefone e já começa a falar? Minha mãe, segundo ele, falou: “Quem está falando?”. Ele: - Como assim? É o Fran. Ela: - Aqui não é o Douglas, é a mãe dele. Ele: - Ah, tá, então está bom! E desligou. Minha mãe me ligou na hora: “De quem é o telefone tal, tal, tal, tal, tal?” Eu falei: - Não sei, por quê? - Quem é? - Não sei! - E quem é Francisco? - Não sei, não sei... Mas o que tem? - Não, na hora que você chegar, a gente vai conversar... Isso vai fazer dois anos. Esse dia virou uns três meses de tristeza, de cara feia, de não sei o quê. Ela fez eu contar para meu pai. Nesse momento, fiquei muito arredio para tomar um ponto de vista sólido, por medo. Meu pai é “anti” muita coisa. Ele é anti-homossexualidade, anti-movimento social, anti-MST. E eu não tenho ainda como me 72
ido v l o s e R Muito Para mim, minha orientação sexual sempre foi muitoo clara. Acho que, pelo fato de eu trabalhar com a questão e ten-tar usar a minha trajetória de vida para ajudar outros jovenss que passam pela mesma coisa, consegui resistir mais. No meu u caso, não foi nenhum bicho-de-sete-cabeças. Tem meninos quee são espancados pelo pai, humilhados. Acho que agüentei muito o bem tudo isso.
e-jovem: O gr up meira organiza o é a priçã voltada à luta o brasileira pelos direitos e promoção do pr de jovens e adole otagonismo sc lésbicas, bissex entes gays, uais, transe xuais e traves tis. A idéia é lutar contra o p aumentar a auto reconceito e -estima dessa juventude.
Eu nunca tive relacionamento com meninas, por nunca ter sentido atração e pelo fato de que, embora os meus pais nunca tenham tratado desse assunto diretamente, a minha educação sempre me impulsionou a conhecer novas coisas. Acho que esse foi um processo natural, no meu caso.
manter, não sou auto-sustentável. Então, eu fico com o pé atrás. Quer queira, quer não, a gente sabe da quantidade de pais que colocam os filhos para fora de casa. Eu acho que a discussão não ficou mais crítica, justamente por eu não ter falado com todas as letras. O fato de você falar: “eu sou” é uma coisa. E o fato de você falar nas entrelinhas, é outro. Então, não menti em momento nenhum. Apenas omiti algumas coisas. Falei que tinha me apaixonado por uma menina, mas também tinha me apaixonado por um menino. Eu e meu pai ficamos horas discutindo, conversando. E minha mãe chorando.
g las u o D X a Famíli Hoje, não falamos muito nesse assunto em casa. Todo mundo
faz vista grossa. Isso não existe, aquela conversa não existiu, mas o meu pai joga indireta para mim o tempo todo. Uma vez por semana, pelo menos, a gente briga. Começo a falar para ele os meus pontos ontos de vista e ele fala assim: “Mas onde é que você quer chegar com m isso?”. Querendo que eu fale, que eu volte no assunto. Eu não o volto, fico na minha.
LBT G o t n e m vi o no M o
EntrandO primeiro movimento do qual eu participei foi o e-jovem, grupo nacional de discussão pela internet. Conheci o grupo pelo Google. Ele tem aproximadamente 4 mil integran-tes, no país inteiro, dispostos a discutir a homossexualida-de na juventude. Mas a maioria não consegue entender.
H omossexualid ad sexualismo: E m e x homosganização M un 1992, a Or dial de Saúde fez um estudo e cretar o fi cialm resolveu deen do su fi xo “ismo te a retirada ” homossexualism da palavra o essa terminaçã , porque o termos médicos, indica, em u gia clínica, uma ma patolo doença.
Eu e a
lidade a u x e s s H om o
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Quando os sites e portais colocam uma discussão sobre homossexualidade, dizem que é só para maiores de 18 anos. Não tem um psicólogo que fale de homossexualidade na adolescência, não tem uma lista de discussão, não tem sala de bate-papo, não tem nada. Na verdade, o jovem homossexual, hoje, não tem muitas alternativas de diversão. Ou ele junta um grupo de amigos e vai para um parque, cinema ou shopping, ou vai passear em algum lugar. Ele não tem um bar, um ambiente, uma casa de eventos ou uma casa noturna que faça matinê.
M
i g os m A e r t o Enentrei no primeiro ano do Ensino Médio, meus amit n e Quando m i v o
gos eram praticamente os mesmos que estudaram comigo no Ensino Fundamental. Eu tinha uma amiga homossexual, que não era abertamente assumida, mas que todo mundo sabia. Se você chegasse para ela e perguntasse, ela não tinha problema nenhum em falar. Foi uma época muito legal porque eu não admitia ainda isso e a gente começou a conversar muito. Eu digo que ela é a irmã que eu não tive e eu sou o irmão que ela não teve. Então, a gente começou um movimento dentro da escola porque, até então, todo mundo sabia, mas ninguém admitia. A gente resolveu abrir para todo mundo, de uma hora para a outra, e não estava nem aí. E aí, foi uma epidemia! Começou, em cada sala, a aparecer 2, 3, 4, 5! Eu sei que, quando saí de lá, havia 22 jovens que resolveram assumir a homossexualidade porque a gente começou a admitir isso no dia-a-dia.
scola E e e d a SexualidA sexualidade que é tratada na escola é estritamente voltada
para o uso de camisinha, de se cuidar, sobre o que é Aids, doenças sexualmente transmissíveis, e só! E a parte de biologia, estudar o corpo, reprodução, anatomia. A questão do relacionamento não existe. Ela é apagada. E eu digo isso pensando nem tanto na homossexualidade. A escola pública não dá a formação que você precisa para ter um bom relacionamento social com as pessoas.
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ssão u c s i D a ar o Pculpo ç a p s E Eu não a escola e a educação de um modo geral por não Sem
tratar diretamente dessas questões. É muito complicado ser uma escola em 1.332, no caso de São Paulo, a tratar do assunto. Se Liga! Eu tenho certeza de que muitas por uma nte lutar e g a is a m escolas já pensaram em trabalhar esse uma coisa Nunca é de a q ue alg h ac e S ra as ideologia. você e pa a r tema no dia-a-dia, mas é complicado pora p or h l e se acha vai ser m m você, e o c m e iv v e por q ue que recebem represália dos pais. É aquela pessoas q u á errada, st e a s oi c melhor? q ue alguma o pode ser coisa: vou tirar meu filho dessa escola. il u q a e u q correr não dizer mobilizar, s o n s o m alguma Não é fácil você escolher o plano Então, va ntar fazer te e o h n o mundo. atrás do s para todo político-pedagógico da escola, que é feito or h l e m r s outras coisa fica si, mas na m e r a s n e sem nenhum tipo de consulta aos pais, porNão é só p m bém! pessoas ta que é baseado no que a Secretaria da Educação do Estado determina como diretriz daquele ano. Isso aconteceu na minha escola também. A própria diretora era a favor de discutir o assunto. No dia em que eu saí de lá, ela chamou a gente para conversar e falou: “Foi muito legal vocês terem feito parte da história da escola porque foi uma coisa que aconteceu que não tinha ocorrido ainda”. Ela ficou feliz da gente ter pelo menos plantado a semente. E a escola particular é ainda mais manipulada do que a pública. Nesta, você tem a possibilidade de, como aluno, reivindicar alguma coisa que quer. Por outro lado, tem que seguir o que a escola determina, por causa dos pais. Isso dá um equilíbrio. Na escola particular, você tem a pressão do corpo da escola e mais a pressão dos pais. Ou seja: a voz do aluno é quase zero.
Estere
os d o m ô c n ótipos I
Todo mundo acha que ser homossexual é não ter vergonha, não ter pudor. E não é bem assim. Isso não é mérito de você ter uma determinada orientação sexual. Esse é um estereótipo forte. Hoje, a discussão no país é bem mais sólida, tanto é que a gente faz a maior Parada Gay do mundo. Mas mesmo tendo o maior 75
DA FOTO
DA!!!! A R A P
evento de mobilização social do planeta, a gente não tem visibilidade do governo para votar as discussões.
a doze anos para cá, raddez, Na PaDe
Parada Gay: A primeira Parada aconteceu em 1997. A cada ano, novos temas foram discutidos e o número de participantes foi aumentando. Em 2007, a Parada chegou a reunir 3,5 milhões de pessoas. Pelo quarto ano seguido, foi considerada o maior evento gay do mundo. Grupo JA H: A sigla signifi ca: “J ovens e Adolescentes Homossexuais”. O grupo pertence à Associação da Parada do Orgulho GL BT de São Paulo e luta, juntamente com o movimento, pela promoção da igualdade entre todos e o fi m da discriminação e do preconceito. 76 7 6
houve uma mudança grande no ponto de vista das pessoas. Antes, era muito difícil encontrar pessoas que não tinham nada a ver com a temática se aproximarem da discussão. Hoje, não. Na Parada do Orgulho Gay, muita gente que não tem nada a ver com esse mundo, participa. Quem é homossexual ou trabalha com a temática e avalia a Parada criticamente acha que ela perdeu o foco, deixou de ser P um movimento político e passou a ser vista como uma grande u ffesta. Mas a Parada ainda dá visibilidade à causa. Estou na Associação da Parada há quase dois anos. É eengraçado. Participo das discussões e da equipe porque o ejjovem e o JAH são parceiros da Associação, mas nunca fui à Parada por causa dos meus pais. Eles são avessos a isso. P
alid u x e s s o H om
scoléaum grande avanço. O problema é que ele não faz EECA a n O A C E parte do currículo escolar. Eu sou a favor de que o ECA faça parte do currículo. O problema é que até mesmo os professores não conhecem o Estatuto. É errado eles trabalharem com juventude e não saberem sobre o ECA. E os pais também. É muito complicado. Precisaria ter uma capacitação.
A Mariana Rosa e o Heitor apostam também nessa idéia. Confira nas págs. 83 e 103.
A tirar mo foto g ra fa m Meu a is d r. e s com amigos 200 foto Chego a sp r a iv a d i ze de m m que or event fl a sh o. i fi m o te m c po to por cau am até sa d do. o
ade
e afalha do Estatuto da Criança e do Adolescente é O ECAUma
que q ele não fala nada sobre homossexualidade. Tem tanto parágrafo ali. Podia, então, colocar mais um nos espaços vazios! r Essa poderia ser uma reivindicação do movimento GLBT, até E porque poderia ser um instrumento de resguardo do adolesp cente em relação ao pai. A gente tenta discutir isso. Embora o c movimento homossexual como um todo seja antigo, a articum lação juvenil dentro do movimento é novíssima. Tanto que o l e-jovem, que tem a lista para uma faixa etária de dez a 18 anos, e não n tem nem oito anos. 77
r Pr a Entende gays, lésbie respeito aos s to ei ir d e d a rasil, lá nos ranti A luta pela ga ceu longe do B as n s ai u x se Iorque an dade de Nova s, travestis e tr ci ai a u d x ar se b is b m s, u n nho ca o dia 28 de ju Tudo começou N s. s. o te id n an U iz s at o p Estad ys e sim ito da socieentado por ga do do preconce sa n ca va que era freqü ta e realies pessoal, que já idiu se revoltar ec d a, ci lí o p a de 1969, esse rreu as pel ncia causada obia, que perco lê of o vi om a h d a e a e tr ad n d anha co um tanto estr manifestação e ra d av an al gr p a a m st u E zou dias. o sexual das Iorque por três ido à orientaçã ev d o it ce ruas de Nova n co tidade de significa o pre s - ou por iden ai u x se is b e - homofobia as ação e ic inge gays, lésb voca discrimin at ro p e u e q s ai as xu so se es p tran aca travestis e gênero - que at a GLBT. rque, que violência contr , em Nova Io to en m ci te n o mento este ac e o atual movi ay Foi a partir d G o lh u rg e não oO sociais dos qu ternacional d e In s o ia an D m o u h iu surg s civis, os grupos ta pelos direito te. No Brasil, an in m o d re GLBT T, que lu p aram se entação sexual os 1970 e acab an s o d al n fi possuem a ori no eiro. No que surgiram no R io de Jan fo e en lo au te P es o m Sã co s para ncipalmente em outros movimentos sociai ri p o, d in d an exp m os guintes, no taram junto co os dez anos se N e. ad ed começo, eles lu ci so foi retomar ão de toda a de força e só co u o p m a transformaç u ero de eu mento do núm vimento perd o au m m o u , to ve n ou ta h , en sim do país. em 1990. A í, os os Estados d to r o as lutas fortes p to en e do movim em 1997, organizações Orgulho Gay, e d a ad ar P a maniação d as são grandes ad Com a organiz ar p s A e. rt soas to ficou mais fo obilizar as pes en m m m vi o ra m cu o d ro p a luta es, que ireitos. Para ruas das cidad nquistas de d co as r ra b festações nas le a 3,5 mima, além de ce sou de 1.200 as p lo au P o em torno do te essas de Sã ressante é que te éia, a Parada in id O a s. m o u r an te s hodo se as que não são antes ao longo so p ci es p ti ar ém p b e d m lhões nindo ta diversidade. acabaram reu ara celebrar a p a st fe e manifestações d an rando uma gr mossexuais, vi iros nde não! X XI, os brasile e não se esco lo el : cu o sé it o ce n n le p co do Pre rmos em ue fazem parte q as so Apesar de esta es p as o contra ito preconceit ainda têm mu
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movimento G LBT T. Uma p esquisa realiz sores dos ensi ada com cinco nos Fundamen mil profestal e Médio re acham inadm velou que 59, issível que um 7% deles a pessoa possa mossexuais, se vir a ter exper ndo que 21% iê n cias hod el ter um gay ou es disseram q uma lésbica co ue não gostar m iam de o vizinhos. Qu responderam antos aos alun que não gostar os, 25% iam de ter um sexual ou bisse colega de clas xual. se homosOutra pesquis a realizada p Opinião Públi elo Instituto ca e Estatística Brasileiro de (Ibope) mostro heterossexuai u que somente s têm GLBT Ts 36% dos em seus círcu desaprovam a los de amizad presença de ca e, e q ue 51% sa is homossexu caso dos traves ais em teleno tis e dos tran ve sexuais, o pro las. No sente: cerca d blema é ainda e 42,3% já dec mais prelararam ter si de violência fí do vítimas de sica e, em muit algum tipo os casos, da p rópria polícia. A “Bandeira do Arco-Íris” A bandeira do arco-íris é o sí movimento h mbolo mais re omossexual. E conhecido do la foi criada n nos EUA , em a cidade de Sã 1978, pelo ar o Francisco, tista Gilbert B deira tinha oit aker. Inicialm o cores. Mas, en te, a banu m tirar a cor rosa ano depois, o porque era dif movimento re ícil encontrá-la solveu digo para pod no comércio e er dividir as co a cor ínres ao longo d eles organizav a rota da Parad am na cidade. a Gay que Assim, a band eira ficou com Vermelho - vi se is cores. da Laranja - cura Amarelo - sol Verde - nature za A zul - arte Roxo - espírit o
LIGADÃO.CO M:
Associação Bra s. de Gays, Lé sbicas e Transg www.abglt.org êneros: .br Grupo E-jovem : www.e-jove m.com Parada de Org ulho Gay: ww w.paradasp.o rg.br Secretaria da Id entidade e da D iv www.cultura.g ersidade Cultu ov.br/politica ral: s/identidade_ e_diversidade
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a r i t e m m é u Ning
ros v i L a g a Traa ler com quan a z Aprendi a t a R
Santos es Rosa dos Mariana Alv entrev ista do concedeu a anos quan Junho de 1988 Níver: 17 de o Paulo. da cidade de Sã e st Le a on Z : Santos e R efúgio er to Rosa dos ilb G o é i pa Silva o: O meu garida A lves da ar M Porto Segur , ãe m ha ras, e min as ir mãs. é mestre de ob data. Tenho du di to au ra ei ur Santos, é cost rceiro ano do u cursando o te to Es : C B A o do Onde apren . io éd M ia, mas Ensino Ibicaraí, na Bah de o sã is pa aram se l: Meu emprego e acab Família tota de a sc bu em o zão para o Paul so fosse uma ra is vieram para Sã e qu i he ac e sempr as eles não tos sociais. M conhecendo. Eu en im ov m m erem co cidadã. eles se envolv de participação ia ór st hi a m dantêm nenhu ela), sair para tê (fai xa amar ra oro ca r ad ta e lu , er ar ler, escrev de De Boa: Nad to ui m to nhar. Gos çar sa lsa e cozi . andar de metrô é que existe a política”, se ur at er it “l o m a: A é muito poExtr a, extr García Márquez el ri ab G e qu acho s diferentes, esse termo. Eu bém. São figura m ta r to ec sp ce Li zer uma coilítico. E a Clari e conseg uem fa qu as m s, to in dist osto de fazer de momentos tizar alguém. G en ci ns co é e ia, qu tendo. A ndei sa que eu quer e depois não en ro pá o, eç om .C o. e influenciand contos também uiz e acabei m R e lic A to ui m lo, porque lendo de Bêlo, de cabe a am ch e m l et, sem pessoa ada em Intern ci Quem Sou: O vi u So a. ad ger.com.br. despente ando sempre .magadoid.blog w w w : og bl ra passar. até um a, não vejo a ho noção. Tenho ic lít po o ut sc mãos e sou ando di muito com as A lém disso, qu lo Fa . ca ti pá a, sim Sou observador rar. ão tem como pa n a, os muito curi
tro anos. De pequenininha, ia à biblioteca uma vez por semana. Com oito anos, lembro que li “1968: O ano que não acabou”. Enquanto as outras crianças estavam brincando, eu ficava ouvindo as conversas da minha mãe com as amigas delas, prestando atenção em TV, rádio. Sempre gostei muito dos meios de comunicação. Foi assim que eu comecei a criar uma consciência maior, de que a vida não é só a gente. E comecei a me envolver com as questões sociais. Mas eu era bem tímida, um “rato de biblioteca”. Gostava muito de ler e essa não era uma coisa muito bem-vista aqui no meu bairro. Eu era a “nerd”. E também a “pentelha” porque o professor acabava a aula e falava: “Quem tem uma pergunta?”. Eu logo levantava a mão e dizia: “Eu tenho!”. E isso não é muito agradável para todo mundo. Eu era muito deixada de lado na aula e era zoada na escola.
E
O Douglas e o Heitor participaram de grêmios, e você? Veja nas págs. 69 e 97.
ança i r C e d s a De r i e u q n e Quando eu tinha nove anos, eu estudava em uma escola púncr blica, que tinha biblioteca, mas ela ficava fechada. Então, tinha que ir a outra biblioteca. Eram 40 minutos de ônibus para ir, e mais 40 para voltar. Absurdo! E minha mãe me levava toda semana. Foi nessa época que eu coloquei na cabeça a idéia de formar um grêmio na escola. E acabei arrumando uma encrenca. A escola não queria o grêmio. A diretoria não ouvia os alunos. O legal foi que a biblioteca ficou aberta um tempo e a gente começou a ler mais na escola. Depois, a biblioteca fechou de novo. Quando fiz 13 anos, arrumei outra encrenca. Eu achava que o aluno deveria ter mais voz. Sempre quis montar um grêmio, me envolver com o movimento estudantil. Mas não deu em nada. Desisti de montar um grêmio, mas continuei lendo, me preparando, porque eu sabia que, mais cedo ou mais tarde, alguma coisa ia acontecer. Acabei fazendo vestibulinho, passei no concurso e mudei de escola. E, dessa vez foi! Quando entrei na Escola Técnica Carlos de Campos, tinha um grêmio. Foi um sonho estudar lá. Era um prédio histórico, lindo. E tinha uma biblioteca! Dois dias depois, fui eleita diretora de imprensa do grêmio da escola. Eu não conhecia ninguém. Foi muito engraçado! Tínhamos que fazer um jornal que não saiu até hoje.
de! o P ? e d Não Po Conheci o Estatuto da Criança e do Adolescente para encher o
saco da minha professora, que dizia que não estava certo ter um grêmio. Tinha um exemplar do ECA na minha casa, que meu pai deve ter comprado em algum lugar. Então, mostrei a ela o que estava escrito: a gente tinha direito de se organizar. Esse Estatuto continua no meu quarto e está cheio de rabiscos. Nas margens, estão escritas várias coisas que eu vou observando e anotando. Mas, eu retomei essa história do ECA quando participei de uma entrevista na TV Cultura. Eles queriam alguém para falar a respeito e me chamaram. Voltei a ler, então, e entrei para a oficina Rádio ECA. Aí, comecei a interessar-me mais por Direitos Humanos.
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Acho que, apesar de o Estatuto não ser cumprido em todos os seus parâmetros e idéias, a construção dele foi muito forte. As pessoas tiveram que se organizar para participar daquilo. Nas Conferências, também. Apesar de contarem com poucas crianças e adolescentes, são um espaço conquistado, que pode ser muito mais aberto. Seria legal se a gente tivesse aula sobre o ECA. Porque aquilo é meu! Mas o ECA não é comentado nem no jornal, nem em sala de aula. Então, como a gente quer que as crianças e adolescentes conheçam a lei se elas não têm acesso a ela? É difícil para uma criança que tem seu direito corrompido – a maioria são crianças pobres – ter esse documento em casa. Por isso, eu acho que não é tão comum. Talvez edições didáticas fossem um jeito de começar a conhecer. Eu acho que a nossa educação deve dar isso. Não tem escola que tem aula de ação e cidadania? Tinha que estudar o ECA. Todo mundo devia conhecer o Estatuto. E devia ser abordado na televisão, da forma mais imparcial possível.
A Julia também participou das conferência s! Confira na pág. 14.
Fui o ã N e u aQ A ArtistNo ano de 2003, a gente conseguiu fazer na escola, pelo grê-
mio, um refeitório, um campeonato, um festival de dança e uma peça de teatro. Como eu sempre gostei de ler e de escrever, fiz uma peça, contando a evolução do homem, por meio de uma história de amor. Falava sobre como o homem saiu da idade da pedra, feudalismo, taylorismo. A professora adorou. A peça tinha 40 minutos. Ganhamos o 83
Vid a h n i M am e M ud a r
a
Quseguinte, comecei a me envolver com ONGs. Em abril s ano a i D No s ê r T
i: É professor, Moacir Gadott istória da Filopesquisador da h ão e pensador peso fia da Educaç o. Já foi assessor dagógico brasileir ria Estadual de técnico da Secretao Paulo e Chefe Educação de Sã ecretaria Munide Gabinete da São de São Paucipal de Educaç é também diretor lo. AtualmenPte,aulo Freire. do Instituto
de 2004, apareceu uma amiga minha na escola e disse: “Gente, vai ter um Fórum Mundial de Educação e estão precisando de pessoas para trabalhar na organização”. Eu falei: “Não tenho nada para fazer hoje, vou para a reunião!”. Cheguei lá e tinha deuses da educação na reunião, como o C Moacir Gadotti! Eu estava sentada ao lado dele e pensei: M “Meu Deus! O que eu estou fazendo aqui?” Aí, decidi que ia “M me m envolver com isso e comecei a trabalhar na organização. Eu sempre quis trabalhar com política, só que minha família nunca deu incentivo. Eu sabia que devia ter outros fa lugares para trabalhar, para fazer a diferença, sem precisar lu ir para a política partidária. E comecei a me envolver com movimento social. O Fórum Mundial de Educação foi mám gico! gi Foram três dias que mudaram a minha vida. Eu tive acesso a coisas que nunca tinha visto antes. Conheci muita ac gente, agitei bandeira. ge
ib u s n Ô o n oltasemana depois do Fórum de Educação, entrei para a ArReviravUma
ticulação do Pró-Fórum de Juventude da cidade. Em maio, teve a Conferência Municipal de Juventude e, em junho, no dia do meu aniversário, eu estava em Brasília, na Conferência Nacional de Juventude. Eu fui no ônibus das ONGs. Foram nessas 16 horas que conheci as pessoas que me colocaram direito no terceiro setor e que são meus amigos até hoje. Teve de tudo naquele ônibus - desde uma amiga minha, cantando a história da baratinha, até discussões terríveis sobre política pública. Foi uma noite que eu não dormi. E quando eu conheci
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pessoas que norteiam o caminho que eu trilho até hoje. Chegamos a Brasília e não era nada do que eu esperava. Os deputados organizadores não se importaram. A comida era ruim. Ninguém prestava atenção nas discussões porque estava com fome. O alojamento era péssimo. As discussões, terríveis. Voltei a São Paulo quatro dias depois, com 16 anos, e muita raiva dos políticos. Mas com um. muitos contatos. Continuei articulando, ajudando no Pró-Fórum.
etor S o r i e c no Ter o d u T o com
uEntrandEm novembro de 2004, fui convidada a ir para a Pou-
Unicef: O Fundo Unidas para a Infâncidaa ste Nações objetivo apoiar o País na m como ção, proteção e garantia promosal dos direitos das crianç univeradolescentes. O órgão trabas e dos parceria com os governos, alha em tras agências do sistema com oucom a sociedade civil e co ONU, privado para realizar projm o setor etos.
prêmio de melhor roteiro. E eu fiquei muito feliz porque quem escreveu o roteiro fui eu! Também ganhei prêmio de melhor atriz! Isso foi bizarro porque eu sou muito ruim atuando. Como escritora, sou razoavelmente ruim, mas não vou desistir. Depois disso, minha sala se organizou muito mais.
err sada do Rio Quente, em Goiás, para participar do IV Vem Ser úCidadão. Passei uma semana lá, discutindo desde política púão blica até o famoso “vamos todos mudar o mundo”. Mas não stinha nada muito organizado. Não era para pessoas que já estavam dentro do movimento. raa O legal é que, no segundo dia, o pessoal que já era envolvido com movimento social e estava lá, deu uma revolltada. Todos disseram: “Isso aqui é um absurdo! Estamos gasstando o dinheiro do Unicef para passar uma semana de féérias? Não!”. A gente fez, então, uma reunião com os organizadores e mudamos a estratégia do evento. No fim dessa semana, uma pessoa do Unicef propôs fazer um filme para crianças sobre Direitos Humanos. O encontro não era para discutir esse tema, mas o cara lançou a idéia e a gente pegou, agarrou com unhas e dentes. Ele fez isso às 19h e eu saí de lá às 7h30 do dia seguinte. A gente ficou trancado numa sala, fazendo o roteiro do filme, que acabou não saindo, mas, que foi uma construção para mim. Foi ali que eu comecei a me interessar por Direitos Humanos. Depois dessa experiência, entrei para a Rejuma – Rede de Juventude e Meio Ambiente, e também para a Revista Viração.
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O Douglas também participa da Revista Viração! Saiba mais na pág. 71.
tas em 2005, de uma oficina sobre Direitos Humanos u L s a Participei, r t Ou
e Jovens Mulheres. Lá, aprendi muito. Tinha gente de todos os movimentos: negro, educação, de mulheres, grêmios e umas advogadas que trabalhavam só com Direitos Humanos. Eu nunca tinha estado só com feministas porque não me considerava feminista. Mas, lá, foi diferente. Eu aprendi muito sobre Direitos Humanos, li bastante. Encarei mais o movimento negro, que eu achava que fazia mais racismo ainda, e o feminismo, que eu achava que separava a sociedade e trazia mais machismo. E não é! Foi muito legal porque eu percebi que tem coisas que a gente lê e pensa, mas não é. Tinha uma garota, do movimento Hip Hop, da zona Leste de São Paulo. Ela é exatamente o tipo de pessoa com quem eu não me envolveria nunca porque, apesar de eu falar bastante, quando estou na frente de gente que eu não conheço, sou discreta. E foi legal porque desmistificou totalmente! Adorei conhecer a Zindzi e foi demais. Adorei participar da oficina porque eu tenho mais propriedade para falar de Direitos Humanos, embora ainda esteja construindo a minha identidade com relação a isso. Não faço parte do elenco de nenhuma ONG, mas eu queria dar oficinas, trabalhar com crianças, fazer formação de jovens.
Saiba mais sobre o movimento Hip Hop com o Maskot, na pág. 135.
Q
nos? a m u H reitos i D e d a s É EsQuando a s i o É bizarro. a gente fala “eu gosto de Direitos HumaC ue
nos”, está falando: “eu gosto de tudo”! Mas estou construindo esse conceito dentro de mim. Depois que fui para a oficina, fiquei pensando: “Nossa! Eu falo Direitos Humanos, mas, o que são Direitos Humanos para mim?”. Eu não sei. Acho que é aquilo que a gente precisa para se considerar uma pessoa completa. São os direitos que garantem a minha identidade. Eu acho isso, mas não li em nenhum livro. É ideal, é igualdade, é direito, é lutar por isso.
as Ru r a h n a rG
as
Quseie se é a maioria, ainda não tenho uma opinião muito e t Não n e G A certa sobre isso, mas eu sinto que os jovens hoje estão muito mais organizados. Temos mais capacidade para absorver informação, somos
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expostos a mais situações e, com o crescimento da cidade, os guetos de pobreza nem sempre podem ser chamados assim. Há pobres, classe média alta e baixa por toda a cidade. Essa mescla da sociedade, ao mesmo tempo em que esconde os abismos sociais, faz com que todos nós, diariamente, lidemos com o diferente. É tão louco isso!
tes! r o F s o om s Smeus o t n u J s Em aula, professores diziam que as pessoas que estão Todo
lutando por um mundo diferente são únicas. E não é. Pode ser que eu esteja sozinha na minha rua. Mas, com certeza, no meu bairro, tem gente pensando igual. E pode ser que só eu, nesse lado da cidade, esteja interessada em mídia e Direitos Humanos. Mas, com certeza, tem muito mais gente. Eu acho que é essa percepção que a gente tem que ter. A gente não está sozinho. Por isso eu acho que a “maioria” não é o tipo de coisa que conta, mas sim a força que a minoria faz. Temos que ter também um papel de conscientização. Por isso a mídia é tão importante. A gente não tem que só levar informação. Tem que criar uma consciência. Hoje, acho que fiz errado com a história da biblioteca naquele tempo. Ao invés de enfocar numa luta de querer uma biblioteca, eu devia ter conversado mais com os meus amigos sobre a importância de ter essa biblioteca. Eu acho que é uma coisa que eu não vou voltar a repetir. Porque é fácil chegar num vereador e exigir uma política pública. Difícil é conscientizar a maioria, que está calada, sobre por que essa política pública é importante. Esse é um papel que a gente tem que ter. Nós, como jovens, como “minoria”, mas unidos, devemos fazer isso, buscar mais gente. 87
nte a d u t s E Vida deNo começo, meus pais ficavam irritados com a minha militân-
cia, diziam: “Você está atrapalhando sua escola!”. Mas o que eu fazia: eu rendia, prestava atenção na aula, copiava tudo o que o professor falava, para ir bem nas provas. No primeiro semestre de 2004, eu fui bem. E eles me deixaram viajar para Brasília. Eu nunca tinha ido viajar sozinha. Eu ia fazer 16 anos. A minha mãe: “Com quem você vai? Passar quanto tempo? Por quê? É seu aniversário, você vai passar longe de casa?”. Minha mãe nunca quis falar “não”, porque ela entende o quanto isso é importante para mim. Mas meu pai: “Como assim, Mariana? Você vai fazer o quê? Com quem você vai? Vai dormir aonde?”. No começou, eu ficava irritada, fazia escândalo. Depois, fui convencendo pelo outro lado, disse que era muito importante, mostrava meus amigos, trazia uns em casa, e eles foram deixando. Meus pais sempre brigaram comigo porque eu sou de chegar tarde, eu perco a noção do tempo quando eu estou discutindo, conversando. E eles falavam: “Mariana, você está perdendo nota”. Isso pesou muito em 2005. No terceiro ano, eu estava terminando o técnico. Era o último semestre e minhas notas estavam muito baixas. Tinha muitas faltas porque eu ia a eventos, seminários. Isso começou a prejudicar minhas notas, por isso eu me afastei. Era hora de me dedicar aos estudos. Sempre estudei em escola pública. A partir do segundo ano, comecei a estudar nos dois períodos. Das 7 às 12 horas, eu fazia o ensino médio no Carlos de Campos. Das 13h00 às 17h30, tinha aula de Gestão Ambiental na ETESP. À noite, fazia aula de inglês, espanhol, caratê e natação. Aí, fui fazer cursinho pra prestar vestibular. Os seminários que eu vou, as discussões das quais participo, também são formação. Mas como não é Português, Matemática ou Geografia, não é válido. Seria legal se as faculdades fizessem seleção por currículo.
a uvidcomo O r e S É engraçado as pessoas insistem em estereotipar todo o Q u er
mundo. Adolescente sempre é considerado rebelde. Criança é vista
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como incapaz. A própria lei usa esse termo: incapaz. No terceiro setor não é diferente. As opiniões dos que têm menos experiência pouco influenciam as discussões. Os mais antigos, os “dinossauros” como costumamos brincar, são condescendentes com os jovens. Escutam suas opiniões, sentem-se satisfeitos e concluem que fizeram sua parte ao deixá-los falar. Sorriem e acreditam que o necessário para uma participação efetiva da juventude foi feito. Acham que nossa atitude é “fogo de palha” e que, se nos envolvemos com o terceiro setor, é para ocupar a nossa “rebeldia” com algo. Quem faz isso são pessoas que não estão acostumadas a conviver com o jovem. Porque quem está, sabe que tem muito adolescente com mais propriedade pra opinar do que ele. Tem gente que tem 30 anos e só entrou numa ONG porque não conseguiu emprego. Mas alguns jovens trabalham nisso há muito mais tempo. E algumas crianças de oito anos atuam em movimentos sociais porque é o jeito delas transformarem o mundo em que elas vivem. Então, eu acho que essas crianças têm muito mais propriedade do que eles.
A Maria Lívia fundou uma ONG aos oito anos! Veja na pág. 110.
rronão abraçar o mundo com os meus braços curtos, e F e d o Eu tento Cab
mas é o tipo de coisa que não dá para deixar de fazer. Eu acho que é isso que faz com que eu não consiga decidir a minha profissão. Aliás, tem muita gente dividida entre a necessidade que a gente tem de ter uma família, de sustentá-la, e a vontade de fazer alguma coisa para mudar o que há de errado. 89
Quero ter um trabalho, uma vida estável e segura. Mas será que isso é possível? Para que lado eu Se liga! vou? Para onde corro? Onde me esade ! Curiosid is a m m e u q s e! Bu nte, é a m condo? Acho que todos os jovens Leiam mais m. Geralme i u r do n é a u e q pr e u q or P nem sem . que começam a trabalhar no terceiq ue existe ão a o em relaç lhor coisa s io r u c e mo sent ro setor se dividem entre mudar o a saber co a gente se gente busc a a, s oi c alguma mundo e mudar a si mesmos. izem ia! Econom começa. íl m fa a u s ua em mundo! A s Não é incrível que todos Conscientiz mais o seu de m e r a ac s e br p A a – l água! a nós que nos envolvemos com o o seu q uint eiam vida não é por ele. L m e r a ç e m o s c para terceiro setor com, sei lá, menos em cartas as mudança is! E mand a m MTV! o a it u e m o h ic mais, pr a C de 15 anos, estejamos também ritiq uem a o jornal! C so. estabelecendo a nossa personaEu faço is lidade? Quem somos enquanto tentamos mudar o mundo? A gente se forma enquanto transforma o mundo. É poético. Nós crescemos nisso. Somos quem somos por tentar transformar a realidade à nossa volta. Acho que a frase do Gandhi - “Seja a mudança que você quer ver no mundo” - torna-se mais real depois de pensar nisso!
So
ud o T o r e u Q tenho um sonho só, tenho vários. Quero, sim, ter uma fanho: Não
mília feliz. Adotar umas duas crianças, morar no interior ou em outro país, quem sabe? Não consigo me imaginar trabalhando em qualquer outra coisa que não esteja diretamente envolvida com Direitos Humanos. Todo mundo tem algo que pulsa dentro de si, que fala mais alto, aquilo que te move. Para mim, os Direitos Humanos representam isso. Além disso, acho que quero realizar aquela listinha das coisas que te fazem ser gente: escrever um livro sobre Direitos Humanos, plantar uma árvore numa fronteira em guerra e, daqui a algum tempo, dividir com o meu filho todas as coisas que fazem com que meu coração bata mais forte. São coisas bobas, muito bobas.
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Pr a Entende
r
Todos os hom ens e mulheres damentais, ou do mundo têm seja, direitos direitos fun“inerentes à n São direitos d ossa própria ados a homen con s e mulheres q cor, sexo, raça ue independem dição”. ou local em qu de idade, e vi tados e não dad vem. Assim, el os por amor, gr es devem ser re aça ou caridad igualdade, à li e. Eles dizem re speiberdade, à just speito à iça e à paz. Durante cente nas de pelos seus dir eitos. Revoluçõ anos, os homens tiveram q ue lutar es foram feitas mundo, exigin em diversas p do respeito. N artes do ão foi fácil, po cravidão, reco r exemplo, elim nhecer o direi inar a esto à prática li gião, à liberdad vr e e diferenciad e de expressão a de reli, de imprensa, de raça, de cor, reconhecer a ig ou a diferença ualdade de comportam entos sexuais. Para garantir que todos esse foi criada, em s direitos seja 1948, pela Org m cumpridos, anização das Declaração Un Nações Unidas iversal dos Dir (ONU), a eitos Humano 30 artigos qu s. E e apontam os direitos fundam sse documento reúne dãos do mund entais de todo o. Confira alg s os cidauns deles: Artigo 1° Todos os sere s humanos nas cem livres e ig direitos. Dota uais em dignid dos de razão ade e em e de consciênci com os outros a, devem agir em espírito de u ns para fraternidade. Artigo 4° Ninguém será mantido em es cravatura ou em ra e o trato do s escravos, sob servidão; a es cravatutodas as form as , são proibido Artigo 7° s. Todos são igu ais perante a lei e, sem disti proteção da le nção, têm dir i. Todos têm d eito a igual ireito a proteçã discriminação o igual contra que viole a pre qualquer se nte Declaraçã citamento à ta o e contra qual l discriminação quer in. Artigo 17° Toda pessoa, in dividual ou co letiva, tem dir Ninguém pod eito à propried e ser arbitrari ade. amente privad o da sua propri Artigo 18° edade. Toda pessoa te m direito à lib erdade de pen samento, de co nsciência
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gião mudar de reli e d e ad d er b li plica a a religião ou este direito im de manifestar e ad d er b e de religião; li a em priva, assim como público como em to n ta , ou de convicção m u nho ou em com elos ritos. convicção, sozi , pelo culto e p ca ti rá p a el p o, do, pelo ensin ão pacío e de associaç iã n u re e d e ad Artigo 20° ação. erd de uma associ m direito à lib te te a ar p so r es ze p fa a d a To do pode ser obriga ficas. Ninguém rança direito à segu m te ° e, 2 2 ad o ed ig ci rt A onôa so dos direitos ec mo membro d ão co aç a, sf so ti es sa p a a Tod exigir rço nacional legitimamente , graças ao esfo ação e os is ve sá en social; e pode p is d a organiz e culturais in harmonia com e micos, sociais d , al n io ac intern e à cooperação a país. d recursos de ca abalho, a e escolha do tr vr li à o, h al Artigo 23° ab contra o e à proteção m direito ao tr h te al a ab so tr es e p d a s d ia To sfatór itativas e sati condições eqü (...). o desemprego e asseciente para lh fi su ° a 5 d 2 vi o e ig d Art nível ente quanto m direito a um ar, principalm st -e em b Toda pessoa te o e e cia médica e família a saúd to, à assistên en m ja o al gurar e à sua ao à seguao vestuário, s, e tem direito lhice o ri sá es ec n s à alimentação, ciai vez, na ve aos serviços so validez, na viu in a n , ainda quanto stânça en o d go, na cia por circun re p ên st em si es b d su o n e d rança e meios sos de perda d ..). ou noutros ca sua vontade (. a d s te en d en cias indep r gratuita, ucação deve se ed A o. çã Artigo 26° ca u ndamental. m direito à ed elementar fu o n si en ao Toda pessoa te ssional te corresponden técnico e profi a o n s o si en en m O o o. el p ri estar tar é obrigató periores deve en su s em o d el tu o n es si s O en esso ao érito (...). eralizado; o ac nção do seu m fu em e, dever ser gen ad d al em plena igu aberto a todos ão é fora da qual n e, ad id n ° u 9 2 m o co Artig a com a alidade (...) m deveres par da sua person to en im O indivíduo te lv vo e e pleno desen possível o livr
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Direitos Hum
anos e os Jove ns A Pesquisa “Ju ve n tu de: Cultura e pelo Núcleo d Cidadania”, p e Opinião Pú romovida blica da Fund guntou aos jove ação Perseu A ns o que são o b ra mo, pers Direitos Hum veram os direi anos: 43% del tos individuai es descres, 27% os direi educação 13% tos sociais (saú ) e direitos po de 11% e líticos foram ci tados por apen Os Direitos H as 1%. umanos mais os direitos in va lo ri zados pelos jo dividuais (36% vens são ), destacando brevivência (1 -se o direito à 1%), e os direi vi d to a, à sos coletivos, so para apenas 2 ciais (33%). A 2% dos jovens lé m disso, os Direitos Hu minosos devem manos dos pre se sos e criram que o resp r respeitados totalmente. Cerca de 45% eito aos Direi afirmatos Humanos parcial e 26% dessas pessoas manifestaram deve ser -se contra. Novo Conselh o de Direitos Hu m a nos No dia 15 de m ar ço de 2006, a ON de criação do Conselho dos U aprovou a p D roposta ireitos Human missão de Dir os em substitu eitos Humano iç s, órgão até en ão à CoEconômico e So tão instalado cial das Naçõe no Conselho s Unidas. O novo órgão tem sede na ci é composto po dade de Geneb r 47 países. En ra, na Suíça, e tre as novidad reuniões, que es está a freqü agora será mai ência das or e, desta form eficazes às oco a, permitirá aç rrências de vi ões mais o la ções dos Direi apoiou, desde tos Humanos. o início, a pro p O Brasil osta e teve pap aprovação. el fundamenta l para sua
LIGADÃO.CO M:
Comissão Bra sileira de Justiç a e Paz: www .cbjp.org.br Fórum Social Mundial: www .forumsocialm undial.org.br Inst. de Defes a do Direito d e Defesa: ww w.iddd.org.br Justiça Global : www.global .org.br Movimento N acional de Dir eitos Humano www.mndh.o s: rg.br Rede de Direi tos Humanos: www.dhnet.o rg.br Rede Social d e Justiça e Dir eitos Humano www.social.o s: rg.br/apresen ta.htm 93
! ! ! a Not
ique Rolim Heitor Henr entrev ista do concedeu a an qu s o n a arço de 1989 Níver: 3 de M São Paulo. ito, interior de on B ão ap C : R efúgio ia Gelsa da Silchama-se Mar ãe m a ha in M : o i, Helio da Silv Porto Segur Bonito. Meu pa ão iap m C da em a a lh or fi vera e é veread a ir mã, que é só s por . Eu tenho um do ga le de Quando minha mãe é m tenho ir mão , bé im m Rol Ta o. ul Pa ho ora em São mo ir mão. Ten nha mãe. Ela m e reconhece co m começou a ser vereadora, eu tisó a um as parte de pai. M ço uma mesmo. as eu só conhe m , ãs nha uns cinco, seis anos e eu já m ir as du Vieira. la Padre A rlindo co Es : C B A o do ia junto com ela às ações. Eu ia ão de Onde Apren já tem tradiç ia íl m fa ha in adores que tal: M fazer campanha, vestia a camii um dos vere Família To fo ô av eu M o minha lítica. ito, assim com participação po on B ão ap C seta e já brincava de falar em paepois, eito em avô, na roça. D eu mais vezes el m m co u ho e trabal , passou a lanque. Ela trabalha hoje mais na ora de alunos mãe. Ela sempr et sp in o m co omoção alhar secretár ia de Pr e começou a trab e úd Sa de ia área da saúde. Na época em que prefeito, secretár a se mudava de av diretora, virou rt po im ão n a, já por icípio. E ela entrou, por exemplo, tinha só eu-se vereador eg Social do mun el o, tã En . trabalhar ntinuava se espírito de ela sempre co es to ui m m três ambulâncias. Ela deu um jeis. Ela te três mandato . ta to em tudo e não teve um paciente com o povo de tenha mui cipa lmente on in . pr ão , rs ar aj ve vi di ro ue de que ficou sem atendimento. De Boa: Ado bém e de parq m ta e a nt ai ge pr r te de e to natureza. Gos . Sempre tem qu O problema é que político as não sozinho m r, mbém. Ouço o ea ss pa ro Ado sto bastante ta go eu a, ic ús M que ajuda o povo é muito endividapra conversar. que tiver. ntei muitos do. Ou seja, ela é muito endividada. ava quadros. Pi nt pi eu , es nt sei pintar a: A E x tr a , E x tr alguns. Mas eu er nd ve a é at Já fizeram até propostas para ela uei Projeto Gequadros e cheg m participo do bé m Ta . de pe e pretende sora votar em tal candidato. Isso aconteo que a profes Votorantin, qu o ut it st In lo o pe lítica, saúde, ração, elaborad írem com a po bu ri nt co ra ce muito na política. Mas ela nunca cidade. ns pa capacitar jove nvolvimento da se de o m co e ação converaceitou. Desde quando ela começou, trabalho, educ onar, de poder ci la re e m de s í, sinto-me osto mai isa e ser útil. A começou já honrando o nome dela, Quem Sou: G co a m gu al r Quando sponde u evangélico. so sar, de poder re s, eu D em o está em sem sujeira nenhuma. É um jeito bem Acredit Deus é tudo e . 100% cidadão! al m o nt si e igreja, m eu não vou à independente de ser vereador. Ela brir. ga pr imeiro lu
ue q n a l a P o no Brincand
ga, consegue e não precisa ficar puxando o saco. Ela é o meu maior orgulho! Mas, como eu sou filho de político, às vezes tenho muitos problemas dentro da escola, porque tem professor que gosta de fazer campanha. E eu não vou deixar fazer cam-
?? Eu acho que a política foi criada para aqueles que querem ajuPolítica? dar o povo. Quem é político sabe apaziguar as diferenças e unir as coisas. Mas, infelizmente, a política é muito suja no Brasil. É difícil ser 100% honesto. Acho que o cargo sobe à cabeça. Mas isso não significa nada, porque cargo legislativo ou executivo não é nada. O povo põe, o povo tira! Não é nenhum diploma. É sim motivo de orgulho, porque o povo escolheu. Mas eu acho que, quando isso sobe à cabeça, o político começa a fazer o que quer e não pensa mais no povo. Ganha um bom salário, começa a gastar mais do que deve e se apaixona pelo dinheiro. Aí, esquece que a primeira paixão é o povo. Mas eu não sou covarde e acredito que várias gerações novas de políticos virão. Tenho certeza de que a gente vai poder mudar a situação política.
Veja o que o Kauê e a Juliana acham sobre os políticos do Brasil nas págs. 43 e 62.
eles! N o h l O Falei outro De
dia para o pessoal da escola: “É segunda-feira e tem sessão na câmara. Eu não vou perder!”. Eles acham que é muito chato; não se interessam muito por isso. Estou combinando com os grêmios das outras escolas de irmos à sessão. Antes, eles não tinham esse interesse. Agora, eu vou à câmara e, no dia seguinte, já estou falando para o pessoal da escola: “Olha, o vereador fez tal projeto. Vocês estão sabendo?”. Eu acho que a pessoa, ao invés de falar que a política 96
é suja, deve pensar: “O que posso fazer para tentar ajudar?”. Criticar é muito fácil!
uê? Q a r P a i m CidadanSer cidadão é ter coragem e enfrentar a realidade com esperança de mudar. Tem gente que diz: “Ah, eu quero sumirr de Capão Bonito porque não tem nada”. Mas, eu acho quee o mínimo que a gente pode fazer é tentar mudar. Se a pessoaa tem talento, ela tem que dar o melhor de si para a cidade. E eu u acho que ser cidadão é contribuir com a melhoria do município,, mesmo que seja nas coisas mínimas, como o grêmio estudantil.. Isso é contribuir! É o mínimo que eu posso fazer!
Capão Bo n terior de S ito: Cidade do inã da capital o Paulo, a 223 km , está situa d do A lto do Paran a no Vale ap Inicialmen te, era um anema. localizado povoado n a c a b e c e São José d ira do rio e de abril de Guapiara e, em 2 1 de municíp 857, ganhou status cerca de 47 io. Hoje, conta com mil habita ntes.
panha de outro, não! Além disso, escola não é lugar de política, a não ser no grêmio.
tal eleição do grêmio, quando comecei a estudar na o T o i Na primeira m Grê
Eu
escola Padre Arlindo Vieira, eu não votei porque não tinha muita d escola, i vou todos nclu om i n os d noção do que era isso. Mas, depois, comecei a me interessar. Como de bon gos. Tem sive aos s ias na áb ec cr br i n a , d e b o i a n ç a q u a d o s e eu sempre fazia campeonato de futebol lá na rua, pensei se não car d l a. E e go u e aju s d a r ! gosto d t a e podia organizar também na escola. Minha sala tinha tido candidato duas vezes, mas nunca tinha ganhado. Aí, eles me convidaram para participar. Acho que foi porque viram o meu interesse em ajudar; ou então, por interesse, porque sou filho de vereadora. Tenho muito dom para falar, daí eu cheguei e falei. E, graças a Deus, na primeira eleição em que participei junto com meus amigos, ganhamos - com 504 votos. Foi o recorde da escola. Eu acabei como diretor social no ano de 2004, com a função de fazer projetos de inclusão social. O meu objetivo era trazer a família dos alunos para dentro da escola, porque muitas não se interessavam pelo desenvolvimento escolar.
eça b a C a n So cial
Diretor Nossa! Já fizemos muita coisa no grêmio! Organizamos alguns
desfiles para as mães dos alunos verem. Então, elas começaram a se envolver mais nos eventos da escola. Eu queria fazer os alunos se interessarem pelos estudos de uma forma divertida. Teve a rifa também... 97
Antes da gente entrar, a escola fazia rifa pra ganhar dinheiro, mas não dava certo, justamente, porque era a escola que fazia. Agora, um jovem conversando com outro jovem, é muito mais fácil. Eu falei que estava faltando marketing. Quando você tem 13 ou 14 anos, o que rola muito é o xaveco. Decidimos então que, a cada número vendido, a gente dava um coração para o aluno e ele podia mandar uma mensagem de amor pra quem quisesse. Em um mês, a gente vendeu 600 números! E isso virou histórico. Já estamos na terceira edição. Tudo o que a gente vendia na escola era 50% para os alunos e 50% para a escola. A gente guardava o dinheiro para alugar um filme numa aula de educação artística, por exemplo. A gente decidia onde ia gastar com os 13 alunos representantes. Quando tinha projeto que era preciso investir mais dinheiro, fazíamos conselho de classe.
ito e H
nte e id Em 2005, s e Pr meus amigos insa ar creveram-me para ser P r
presidente do grêmio, com a p Unidos para Trabalhar, cchapa hapa U que q ue tinha gente de todas as sséries. éri Para conseguir isso, eeu u fiz uma reunião com todos. Eles perguntaram: tod “Você tem certeza de que “V não vai largar tudo na nossa nã mão?” Eu disse que não, que m devíamos trabalhar juntos! d e Muitos alunos querem partiM do grêmio porque acham ccipar i que isso dá poder, mas eles viram que eu não tinha esse quais eram os projetos. sse interesse. interesse. Eu expliquei expl A gente fez campanha nas salas l e fomos super aplaudidos. Batiam nas mesas. Foi muito legal! A gestão durou um ano. Eu queria tentar melhorar ao máximo a escola porque, assim, outros jovens que 98
Qu a fa n ve m z e r u m do o jo ve m co bom a ju cr ítica ns viessem depois, veriam o que a gente fez, a nossa vontade de organ ventude porque é trabalho, egue nã iz jo s for m ar uma o tem vem. D empre mudar, e talvez quisessem fazer o mesmo. i z em ad a . coisa capa não A lém d e não cidade p que i t dá o Um dos nossos projetos foi levar o nome do grêmio port sso, a s em cab ara eç unid ocied ade. ade a para fora da escola, porque ele não era muito conhecido. A idéia
era mostrar para a sociedade a importância do grêmio. Nosso mandato acabou, mas nos sentimos com a missão cumprida. Como disse para os próprios alunos, não conseguimos fazer tudo o que prometemos; foram poucas coisas, mas com significados enormes! Atuamos ativamente na área social, fizemos festas beneficentes, campanhas sociais de arrecadação de alimentos e levamos para a escola algumas palestras sobre sexo, religião, saúde e sobre a vida na adolescência.
M
or t i e H o v a: Noogrêmio, passei a me sentir útil. Antes, eu não particiudançCom
pava de nada. Eu chegava em casa, sentava e ficava assistindo à televisão. Só que ficava faltando alguma coisa, que eu não sabia o que era... Comecei, então, a participar. Eu gosto de me manter ocupado; adoro ter compromissos. Claro que tem hora que eu preciso descansar, mas, para mim, estou aprendendo a trabalhar, a ter mais experiência. Acho que isso vai ajudar muito no mundo do emprego. Aprendo também a conversar com o povo, a me relacionar com outras áreas. Estou aprendendo a agregar todas as opiniões e formar uma opinião certa e objetiva.
mio ê r G m e o la s io X Esc
rêm G m o c a Escol Tem muita diferença entre escola com e sem grêmio. Na que
O Douglas e a Mariana Rosa também participaram de grêmios. Veja como foi nas págs. 69 e 82.
tem grêmio, você vê o sorriso dos alunos, a direção se relaciona melhor com os estudantes, que começam a pegar mais amizade com os funcionários. Numa escola que não tem grêmio, os alunos morrem de medo de tudo, da direção. Até com os professores, a relação muda! Eles trabalham mais com vídeo, palestras, e não é só dentro da sala de aula. Acho que o grêmio é a segunda maneira de administrar a escola. É a administração jovem da escola. 99
O grêmio tem que ter um pouquinho de moral na escola, ter liberdade com a direção para conversar. O meu dever, como gremista, é tentar mudar o sistema das pessoas que trabalham na escola. Se os professores se acostumarem com o sistema da gente, eles voltam a ser jovens de novo.
lica b ú P X r
cula ibastante t r a P a l Senti diferença entre a escola pública e a particular. Esco
Na escola pública, aprendi a ser cidadão, a me desenvolver pra falar. Foi 100%. Na escola particular não tem pessoas diferentes. Todas são meio iguais. Em relação aos estudos, sinto um pouco de diferença. Como na escola particular os professores ganham melhor, dá pra perceber que eles querem tentar ensinar. O Se Liga! ensino é mais adiantado, mas eu acho a a diferenç r e z fa a omeça que é mais resumido. Já na escola púra escola, O jovem c ça a ir pa e m o s c la o d ên d a r desde q u o pode pe blica é mais demorado, só que você enéias. E nã é negativo. e ter suas id u q m é u lg de a tende melhor porque é mais detalhado. tente aceipor causa r! Sempre a u n i nt o c Tem q ue ivas. Demora mais pra encerrar a matéria, as construt tar crític mas a gente entende 100%. Mas as aulas são realmente diferentes. Na escola particular aprende a pintar tecido e quadro, por exemplo, porque tem dinheiro pra comprar. Na escola pública, não. É folha de sulfite mesmo. O esporte também é bem diferente, pois a escola particular não tem dificuldade pra comprar material esportivo. Mas o que eu vou levar pra vida inteira é o que vivi na escola pública. O fato de eu ser expressivo, eu aprendi lá.
sível s o P o h Son
o: EducaçãA educação abre muitas portas para o mundo do trabalho. Na
escola, a pessoa se desenvolve e amadurece mais rápido. Mas, o sistema educacional brasileiro poderia ser muito melhor. O Brasil tem que investir mais em educação. O mundo inteiro está avançando. Seria um sonho se todos os alunos tivessem computador. Só que é difícil conseguir isso. Eu não
100
sei, mas acho que em quatro anos, num governo, dá. É um sonho, mas não é impossível.
antil d u t s E o ment i v o M o União dOs grêmios da minha cidade fazem várias ações
conjuntas. A gente já conseguiu uma hora numa rádio comunitária para todos os grêmios montarem um programa. A gente quer criar também um “gremião” – um grêmio para todas as escolas. Uma coisa muito bonita. Já até conversamos com a Secretaria de Educação. Queremos fazer também um evento para mostrar que os jovens estão ativos. Queremos fazer alguma coisa, não só pra ficar na escola. Estamos nos unindo com várias escolas, porque uma sozinha é difícil fazer a diferença. Vamos, juntos, à Câmara dos Vereadores para indicar projetos, de acordo com a nossa vontade. Eu e mais alguns jovens também começamos a organizar a União Municipal dos Estudantes (UMES), para a qual fui eleito presidente. Mas, infelizmente, não deu muito certo. A UMES acabou ficando no papel, pois quando estava formada, justo no lançamento, surgiram muitos problemas entre os próprios integrantes. Percebemos que estávamos no caminho errado. Alguns membros queriam fazer um lançamento com um evento de rock, outdoors com teatros e coisas relacionadas ao entretenimento. Nisso, eu já percebi que não daria certo, pois o jovem não precisa só de música, dança e entretenimento, mas sim de igualdade, mais oportunidades, conscientização, saúde, emprego, credibilidade e muitas outras coisas.
eitos r i D e d ca é o grande problema: alguns políticos acham que o jovem Em BusEsse
se contenta com um campeonato de futebol ou com uma festa. Mas não é isso que queremos, queremos nossos direitos garantidos em todas as áreas existentes! Só que não são apenas os políticos que têm esse pensamento pequeno. Infelizmente, até alguns jovens pensam isso... Mas, creio que um dia vai mudar! É por isso que, em breve, pretendo retomar a UMES, expondo todas essas idéias. Tenho certeza 101
de que, com essa maneira de ver as coisas, nós poderemos conquistar nosso espaço.
do r a n r e v o om o G
aC h n i s r e No começo v Co n
de abril ou fim de março de 2005, o Geraldo Alckmin veio para Capão Bonito e eu não ia perder a oportunidade de falar com ele. Teve um jantar de política na ocasião, eu fui e já sentei com ele. Falei assim: “Sei que o senhor não pode conversar, mas eu sou jovem, presidente de grêmio e tenho uma carta com um pedido para o senhor ajudar a gente”. Ele falou que ia ler, sim, com carinho e que ia responder. Só que eu não aproveitei bem a oportunidade. Na carta, eu acho que escrevi burrice. Disse que o sonho da escola era comprar um equipamento de som para fazer uma rádio para tocar músicas ou falar com os alunos. Era um sonho de todo mundo do grêmio. Só que não foi o governador que me respondeu. A carta dizia:
Prezado se nhor, Acusamos o recebiment o da sua c pondência orresendereçada ao senhor nador Gera goverldo Alckmi n. Infor ma a mesma fo mos q ue i protocol ada e, em do seu cont função eúdo, será encaminha cretaria d à Sea Educação. 102
ECA?
Até há pouco tempo, eu não conhecia muito o Estatuto da Criança e do Adolescente. Acho que foi falta de eu ir atrás. É que tem tanta coisa pra ler, pra aprender... Mas é muito importante para as crianças e os adolescentes entenderem seus direitos. No jornal, a gente lê sobre professor que agride aluno na escola. Ele não está respeitando o Estatuto. Acho que crianças e adolescentes não conhecem seus direitos. Falta idéia das escolas de trabalharem isso. Numa aula de português, uma vez por semana, por exemplo, os professores poderiam falar a respeito. No programa da rádio, a gente poderia separar um dia para trabalhar o tema. Ia ser muito legal.
Ar o l e p o çã MobilizEuafaço programas de rádio na minha cidade. A rádio é comu-
Mariana Manfredi também faz! Veja na pág. 47.
nitária e tenho três programas por semana. Também ajudo a apresentar um jornal diário. Nos meus programas, faço de tudo: toco música, conto piada e histórias de amor, falo mensagens positivas e o que mais gosto: campanhas sociais. O mais legal pedig é saber e ver que, q quando q p mos ajuda para alguma família, mília, a população liga, ajuaju uda, doa, enfim, isso me deixa Lógico eixa muito feliz. Lóg gico que muitas pessoas se mostram ostram indiferentes indiferenttes ao sofrimento das outras, mas o que imi mporta é que, no Brasil, existem tem muitas muitaas pessoas solidárias. O melhor que hor é q ue todas as idades estão presenseen-tes nessas campanhas. O jovem nunca fica de fora!! Como sempre digo: “Jun-tos, vamos construir um m novo tempo!”.
ros u t u F s o Eu queria ser médico, mas acho que não tenho o dom para Plan
isso. Então, acho que vou ser advogado porque vai facilitar para entrar na política. Eu vou entender as leis e, assim, poder trabalhar para defender o povo. 103
pre! m e S ! e t Acho que tenho espírito de liderança. Pretendo ser líder, mas Avan
não para ter status. Eu sou assim: se tem 1% de chance, então vamos pra frente! Não desisto! Na hora, posso até desanimar, mas, depois, eu penso: “Ah, eu sei que daqui a muitos anos vai ter valido a pena. Vai ajudar a transformar o mundo pelo menos um pinguinho”. As pessoas dizem que, às vezes, eu fantasio muito. Mas eu acho que tenho que fantasiar. Eu gosto muito de pessoas positivas. É como falam: “O otimista pode até errar, mas o pessimista já começa errado”.
So nh o
Quero ser político. Meu maior sonho é, um dia, estar em cima de um palanque, pedindo votos. Eu quero chegar a ser presidente. Sei que, por morar no interior, é muito difícil, mas vou tentar primeiro ser vereador, prefeito, deputado e depois presidente.
A Juliana e o Alan também sonham em ser presidente. Confira nas págs. 64 e 126.
104
Pr a Entende
r
Os estudantes começaram a plos na socied atuar com obje ade brasileira tivos mais am a partir da fu dos Estudante ndação da Un s (UNE), em 1 ião Nacional 937. Depois do a organização 2º Congresso começou a trab da entidade, alhar com o fo nacionais, com co voltado par o a luta contra a questões o an dos jovens bra alfabetismo. A sileiros, por m p ar ti ci p aç ão eio do movim política gida para a tr ento estudan ansf til, foi diritendências liga ormação da sociedade e par a o fortalecim das à igreja e aos partidos d ento de estudantes at e esquerda, n uavam. os quais os No início dos anos 60, foi es tadura que as sa geração qu solava o país. e resistiu à d Mas os anos p uma grande re iós-64 foram m pressão ao mo arcados por vimento estud de entidades, antil, com o fe invasões e pri chamento sões de lideran UNE foi depre ças. Até mesm dada e queimad o a sede da a. Nessa época, o s grêmios estu própria União dantis, uniões Brasileira de E municipais e a studantes (UB manifestações ES) passaram contra os mil a organizar itares. Entidad sideradas ileg es estudantis ais e muitas aç foram conões foram real Com isso, o m izadas clandes ovimento des ti ap namente. areceu durante com as movim anos. Na décad entações pelas a de 80, eleições diret se e, com a apro as em 1984, re vação da lei nº organizou7.398 de 1985 e livre organiz , que garante a ação de grêmio existência s estudantis, vo ltou à legalidad Os estudante e. s mostraram quando saíram n o va m en te sua força em às ruas pedin do o impeachm Fernando Col 1992, ent do então lor de Mello, p ac re u si sa lico, apropriar dente am-se das core do de corrupção. Num gest o simbós nacionais e verde-amarelo, pintaram seu ficando conhec s rostos de idos como os “c ar as -p in ta das”. A classe estud antil é uma das municipais em mais organizad todas as capit as, com uniões ais e entidades estudantes. A estaduais de d UBES é consid efesa dos erada a maior de classes do m entidade de re undo, com mai presentação s de 47 milhões O que é u m G de estudantes. rêmio? Dentro das es colas, a princi estudantes é o pal forma de grêmio, instit organização d uição formada ma independen os apenas por alu te, que desenvo nos, de forlve atividades culturais e esp ortivas.
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s de interessobre assunto es at eb d am lar. Mobianiz currículo esco Os grêmios org o d te ar p m a da ze isas, a reform s e que não fa co te as an tr d tu ou e es s tr o se d dicar, en da, a compra os para reivin ade da meren id al u q a lizam os alun o, çã o. A lém de oria da educa sporte gratuit an tr o , ca te escola, a melh escoo li es, no caso das stas para a bib ad vi d li re e sa s o en vr m li as e d d blica. mento abusivo para escola pú au m o vê a e tr u n q co as r rb dos luta fiscalizar as ve ivos, nem ligação com parti e s, re la cu ti las par s lucrat podem ter fin Os grêmios não pela iões ou raças. s estudantes ao a políticos, relig d ti n ra ga so haja ale grêmios é A formação d 85. Por isso, ca 9 1 e d ro b m cola para 7.398, de nove oria de sua es et ir d a m co r Lei Federal nº nta tudantes a na hora de se go 1º: “Aos es ti m le ar b o ro p go lo m u r da a g io, mande ve s fica assegura êm au gr gr m º u 2 ar e iz 1º e organ as representa s de Ensino d to om n en tô im au ec es el ad ab d dos Est como enti nalidades e estudantes aristas com fi d n cu se s te organização d an d resses dos estu esportivas e sociais”! tivas dos inte s, ca vi cí , culturais educacionais, antil: Grêmio Estud m u e d o çã a o para a form es de turma. Passo-a-pass do ano, os líder io íc in o n r, (CRT). 1°- Elege tes de Turma n ta n um se re ep R lho de e contar com se a n o rm C tu o e ar d m es 2°- For os líder s responsar formado pel pelas ações. A is ve sá n o O CRT deve se sp re grêmio. s ois secretário s estatutos do o n as id ec el b presidente e d esta onselho serão bilidades do C -grêmio. tes interesComissão Pró car os estudan vo n co e ev 3°- Criar uma d o objete a reunião, com RT, o presiden m C u o a o ar p ad l al ti st an carIn d issão ficará en o Grêmio Estu om ar C rm A . fo io m em s rê o -g ma sad a Comissão Pró a associação e de elaborar u m u ar rm fo e tivo d ntação d ilizar a impla regada de viab tatuto. proposta de es ia Geral eve convoeira Assemblé m ri p a , o Conselho d r to za tu li ta es o 4°- Rea d a st encontro, ação da propo dantes. Nesse u st E s o d Após a elabor al er ncionaAssembléia G e, estatuto, fu ra om ei n m : ri io p a êm r gr forca o rgos etc. Será ão tudo sobre ca ir e id d ec s o d p s o ti n e, u os al antidad e organizar as eleições, qu terá a tarefa d e u q l, ra o mento, data d it le E ser memma Comissão o grêmio. Para d a ri o et ir d mada ainda u a od rimeira eleiçã e fiscalizar a p
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bro da diretori a, é necessário estar regularm qüentando as ente matricula aulas. Para os do e frecargos de Pre Conselho Fisca si d ente, Orador l, o aluno não e para o pode estar curs ando as séries 5°- Realizar a finais. primeira eleiçã o. A Comissão E leitoral tem a responsabilid convocação p ade de elabora ara as eleições r o edital de estudantis e d regras da elei esenvolver as ção. Todos os normas e al unos podem se isso, devem org candidatar, m anizar chapas as, para , com a partici sas turmas, sé pação de alun ries e turnos, os de diverpois o Grêmio Caso haja mai representa to s de uma chap da a escola. a concorrendo, debates entre é importante elas para faci promover li ta r 5ª série do En sino Fundamen a decisão dos eleitores. A p artir da tal, todos os es dem votar. No tud dia da eleição, as urnas devem antes da escola popelo menos u m fiscal e um ser acompanh mesário de ca adas de data da posse da chapa con da Diretoria co rr se ente. A rá preferência, co feita após am memorada co p la d iv u lg aç ão m uma festa. e, de
DICAS! - O guia A Organização do Grêmio Es Secretaria de tudantil, da Educação do Estado de São informações Paulo, traz sobre como formar e des atividades do gr envolver as êmio. As Diret orias de Ensino da rede estadu e as escolas al possuem ex emplares da p distribuição é u blicação e a gratuita. - A cartilha Grêmio em Fo rma, do Instit Paz, é um mat uto Sou da erial de apoio para a formaç mios estudanti ão de grês. Es www.soudapaz tá disponível para download .org /download no link: /caderno.pdf LIGADÃO.CO M:
Ação Educativa :w
ww.acaoeduca tiva.org.br Campanha Nac ional pelo Dir eito à Educaçã www.campan o: haeducacao.o rg.br União Nacion al dos Estudan tes: www.une. org.br Universia: ww w.universia.co m.br
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s i a g e l o c E e s i e v á d a r g a o Bi
xe, i e P e d Filho .. É.pais o h n i Meus vieram para x i Pe
es C abr al ati Marcond u t A ia ív L Maria entrev ista do concedeu a anos quan neiro de 1993 Níver: 5 de Ja de São Paulo. Jordão, interior do s po am C : ra l, é R efúgio Marcondes Cab . B s lo ar C i, bienro: Meu pa ose Atuati, é am R , ãe Porto Segu m ha in curentado. M sagista, faz um as m sanitar ista apos de a um r eiro cadeu para da ir mão do pr im ta lista e agora um ho n Te . (indiana) mã, do pr imeiro so de ay ur veda ir mão e uma ir um e ãe os e o m ha in novo tem 30 an s ai samento da m m o , as M meu pai. casamento do mo fi lha única. . Então, sou co 48 o, lh ve s ai m io Objetivo. ABC: No Colég o o d en pr a a, acabou O n de maluco. Um di o ei m é i pa l: Meu ra dormir. uma estória pa Família Tota ar nt co e m e Mundial. para el gunda Guerra a luz e eu pedi Se da ia ór st hi utro dia, ntar a l de combate. O ca Ele resolveu co lo ao ar eg ch ado é que s de ele ar te! O resu lt Eu dormi ante ap on B o eã ol de Nap ele me contou stór ia. hi o or ihoje eu ad r semana. Na m no uma vez po ei Tr ti l. úl o bo N te e. fu te sempr pe m co De Boa: Adoro e nt ge a cepcioum time e ico que não de ún o nha escola, tem i fo e m ti a o, o nosso graçado porque mo campeonat o, era muito en eç do m co un o m N . do ra to nou a professo do pé. Acabava o que na ponta ei m ar no gelo. ia rr co e gent mbém de patin ta to os G . la bo tropeçando na so. Posso ser não me estres e a lm ca to ui o que tudo um Quem Sou: So facilmente. Ach to ri ir e m ão n mas cter ística que muito ag itada, cia. Uma cara ên ci pa m co o ad obro só pra tem que ser lid ão. Eu me desd aç in rm te de a te é ação, mas alacho importan uita determin m ho n Te ! liz fe eu quer ia muver todo mundo Uma coisa que e. ic at ch de isso guns chamam r mais alta. se é im m dar em
Campos do Jordão quando eu tinha cinco anos. Eles são ambientalistas e mudaram para cá em busca de uma vida melhor. Eles iam a muitas reuniões com políticos porque montaram o Instituto Águas do Prata (IAP), em outubro de 2000, que faz palestras e promove passeatas. Uma vez, quando tinha uns sete ou oito anos, meu pai me levou para uma reunião. E os políticos estavam prometendo: “Nós vamos limpar o rio Capivari. Nós vamos fazer isso, nós vamos fazer aquilo”. Aí, eu pensei: “Nossa! Se depender deles, não vão fazer nada”. Eles prometiam coisas que não iam conseguir cumprir. Um deles disse que ia limpar o rio Capivari assim que entrasse no governo. Não dá! Porque um rio tem que passar por um monte de processos de limpeza. O Tietê, por exemplo, está lá há não sei quantos anos e ninguém conseguiu fazer nada. Meu pai faz saneamento básico e sempre me explicou essas coisas. Na segunda reunião com esse pessoal, meu pai me convidou para ir de novo e eu falei: “Eu não vou porque eles vão aparecer com a
maior cara de pau e falar: “Eu não fiz nada”. Foi aí que eu pensei: “Nossa! Eu vou deixar o meu mundo na mão deles? Claro que não! Eu tenho que cuidar do que é meu”. Nessa época, eu tinha oito anos. Já sabia o que era uma organização não-governamental (ONG) porque minha mãe me ensinava isso desde cedo. Comecei então a conversar com os meus pais, sobre eu fazer alguma coisa pelo meu planeta. E eles me ajudaram a montar uma organização. Como uma ONG não pode ter uma presidente, nem ser montada e dirigida por crianças, a gente teve que fazer dela um braço do Instituto. A Mingau foi fundada então em janeiro de 2001.
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3 ÃO PÊRA, 10 POS DO JORD -1608 NOEL AV. MA 60 - 000 - CAM+ 55 12 3663 U.ORG 4 TEL: MINGA CEP: 12 : INFO@ E-MAIL
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NOME: IDADE: : FILIAÇÃO PAI: MÃE:
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idéia porque viram que eu me preocupava. Eles começaram a sentar comigo, conversar sobre como podia ser o nome. E o que uma criança gosta desde pequena? Mingau! Aí, eu fui criando com os meus pais e um amigo nosso, o Leo, o significado de cada letra. E ficou: Movimento Infantil Guardiães das Águas do Universo. Meu irmão de 30 anos também gostou da idéia e começou a ajudar. Eu quis trabalhar com água porque é uma das coisas mais valiosas que a gente tem e mais precisa preservar. Porque não adianta você ter água e ela ser poluída. Comecei a falar com as minhas amigas no colégio e elas se interessaram pela idéia. Oito anos é aquela idade em que a gente faz assim: “Ah! Vamos montar um clubinho?” Elas gostaram e a gente começou a pensar: pode ter ficha de inscrição, pode ter isso, pode ter aquilo. E a gente acabou montando uma ONG de verdade.
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Depois, resolvemos montar um programa de rádio, o “Sábado Alegre”. A gente falava sobre conscientização, preservação do meio ambiente, assuntos variados. A gente tocava as músicas que as crianças ligavam e pediam. Também fizemos uma rádionovela, com a fábula “O olho d’água chorou”. Ficou muito bonitinha. O programa tinha uma audiência muito boa. Ficou no ar uns dois anos. Mas depois acabou porque compraram a rádio. A Mingau começou então, com cinco meninas. E hoje,
espaço onde NTE: É todo MEIO AMBIE o todas as a vida, incluind se desenvolve imais e dos homem, dos an ativ idades do ar, o solo, as anto, a ág ua, o vegetais. Port ais, os rios, as rtões, os anim florestas, os se o e também cavernas, o vent cidamontanhas, as ad sas, estr as e ca as su m co im, ele o homem ambiente. A ss o ei m o em põ des com que o influenrca o ser vivo, é tudo o que ce a sustentação. spensável à su o-cu lcia e que é indi o do meio sóci íd tu ti ns co m de deÉ també m os modelos co o çã la re a tura l e su homem. adotados pelo senvolvimento
O Alan também começou a militar cedo. Confira na pág. 121.
au g n i M o ndo CozinhaNo começo, meus pais ficaram surpresos, mas gostaram da
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s como PinheiroAR AUCÁRI A: Conhecida s crescem, prindo-Paraná, as araucária ex postas à luz e cipalmente, por estarem is ricos e profunpela presença de solos ma ginal espalhava-se dos. Sua for mação ori ulo, Paraná, Rio pelos Estados de São Pa Catar ina. A Mata Grande do Su l e Santa altura média de 30 de Araucár ia tem uma itos outros biomas metros. Mas, como mu co de extinção. As brasileiros, ela sofre ris pinheiro brasileiprincipais ameaças ao ga l de madeira, o ro, ser iam o comércio ile plantio de soja e de pinus.
tem mais de 500 crianças, de zero a 14 anos, de todas as classes sociais. Tem gente de Campos, de Brasília, de Camboriú e até de Fernando de Noronha. Só não aceitamos adultos. Então, quando eu completar 14 anos, vou passar a presidência para outra criança que esteja disposta a lutar pelas nossas águas. Além disso, como a ONG é nativa de Campos, também queremos preservar alguma coisa daqui. Como meus pais estão lutando para a araucária ser preservada, a gente trabalha com isso também.
ever D u e M eo Mais QuO objetivo da Mingau é conscientizar as crianças e os
a de que eles têm que cuidar do meio ambiente onde vivem. Sem Nadadultos essa de que, se eu não estou jogando o lixo no chão, então já estou fazendo a minha parte. Claro que não! Esse é o seu dever! Não é fazer porque é bondade sua. É isso que a gente quer pôr na cabeça das pessoas. Participando de algum movimento, tendo essa consciência, você já está fazendo a sua parte.
erra u G r e u Q dois anos, te uns A GenHá
nós começamos a fazer palestras em Câmaras Municipais pela Mingau. Gostei muito quando a gente foi a uma reunião sobre a paz, no Dia Internacional da Paz, 1º de Janeiro. Quando me chamaram para falar, eu entrei, toda de vermelho, com uma escrita: “Guerra”. E todo mundo: “Por que ela está de guerra?”. Eu falei, então: “Estou declarando guerra, a partir de hoje, à inércia e à hipocrisia do adulto e por ele achar que é dono do mundo e não ter consciência”. E só tinha adulto nessa reunião. Foi muito legal porque 112
Eu or porq g ulhosa me si e pe ue é bo de m nto im n m q m u hoje sa: “Nos !”. É sa, e ando vo esma cê d u u ma fiz que v ocê p sensaç tudo c eita er ão o de a ju d a b o a de to r.
todo mundo ficou dizendo: “É isso mesmo, guerra”, no meio de uma reunião para pedir paz! É muito bom chamar a atenção dos adultos. Quando ele está fazendo uma coisa totalmente errada e chega uma criança dando bronca, ah!, desmonta ele inteiro, tira toda moral. Eu estava passeando um dia desses e uma mulher jogou uma bituca de cigarro no chão. Eu falei assim: “Moça, você sabe quantos anos demora para se decompor uma bituca de cigarro? Você não acha que, se você é fumante, teria que ter a consciência de levar um lixinho junto com você?”. A moça ficou olhando para a minha cara e disse: “Mas eu já joguei no lixo”. E eu: “A rua é lixo? Na sua casa, você também joga o lixo no chão?”. Ela ficou sem graça, abaixou, pegou a bituca de cigarro e saiu.
eis v á d a r g iodesa B e s o t ochafala com as crianças de um jeito que elas entenc E s o a A Mingau Não
dem. Criança com criança se entende, por isso é fácil mobilizar. Mas, os adultos começam a falar de um monte de coisas e usam palavras que a gente não conhece. Eles inventam essas palavras só para complicar! São, realmente, ecochatos e biodesagradáveis. Além disso, eles não acreditam que as crianças possam fazer tanto. Não dão valor. Eles acham que criança não tem poder. Mas a Mingau já tem cinco anos e mostrou que isso não é verdade. Ganhou credibilidade.
Saiba o que a Mariana Manfredi acha disso na pág. 52.
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otal T a i c n ê i c de Cons
Falta Eu ainda ouço uns absurdos até de
amigos. Outro dia, uma amiga jogou um papel de bala no chão e eu falei: “Não pode jogar, o que você está fazendo?”. Ela disse: “É porque minha mãe falou que é para dar mais emprego para os garis”. Mais emprego para os garis? Sujando a sua cidade você vai dar mais emprego para as pessoas? Eu fiquei horrorizada. Que desculpinha mais esfarrapada! Os garis não são pagos para limpar o seu lixo, eles são pagos para limpar as folhas, para deixar as ruas melhores, e o emprego deles não existe só porque a população é porca.
lutam ga! istas iras l a t n Se Li ie mane s am b iança s, mas de s vão de r c e o os coisa adult so. Adult smas , os e o nos , s m e e z u e s q v s o À d pela ç n as entes. mais lento am as cria e difer z i é ões d or do at esval êm condiç d o r s t um m o o s t o s adul las não t ! Eu m s! O m i s Muito e , e m l q ue as tê com e aior acham uma ONG. M caba m a o o g s o s l r monta u faço e i e é um diá e nt o q ue ia importa dos dois. r e ia q ue s itânc a mil e r t en
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i n ga u M a d l ciaacho que o ponto forte da Mingau é o diálogo. E isso vale DiferenEu para qualquer causa. Os pais, por serem muito ocupados ou, às vezes, por não ligarem muito para o que o fi lho pensa, acham que o adulto é o adulto e a criança é a criança. Eles dizem: “Ela tem que aprender comigo e acabou”. Acho que isso está gerando muitos problemas nas escolas. A criança não está sabendo se portar com outras crianças. Elas estão falando de uma forma que machuca as outras. E isso acontece quase todos os dias. Às vezes, até a gente, entre amigas, faz aquelas brincadeirinhas sem graça, que pode parecer engraçado para algumas, mas para outras pode machucar totalmente.
am a D a r i e a Prim
te deu fui indicada pela Unesco e ganhei uma n2003, e r a P i Em e r Vi medalha da Organização Panamericana de Saúde (OPAS), com o tema “Um lugar saudável para as crianças”. A Mingau era, até onde a gente sabe, a primeira e única ONG montada e dirigida por crianças. Também fui convidada de honra na I Conferência Nacional do Meio Ambiente, indicada pela Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Foi muito legal. Outras crianças também foram indicadas. Lá, as crianças discutiram sobre as leis ambientais. Eu discursei, representando todas elas. O pessoal do governo me chamava de Mingauzinha. Foi muito engraçado. Nesse dia, era o aniversário da primeira-dama. Então, eu fui dar parabéns para ela e tiraram uma foto do Lula e da primeira-
s Nações Unirganização da Unesco: A O e a Cultura ação, a Ciência das para a Educ de novembro ndada em 16 (Unesco) foi fu , com 191 Esa, atua lmente de 1945 e cont iona como . A Unesco func tados Membros também uma o de idéias e um laboratóri ra dissemihecimento – pa agência do con ações nestas rtilhar inform nar e compa é membro da cidas. O Brasil áreas estabele ização abriu 1946. A Organ agência desde 1964, no R io no Brasil em seu escr itór io Brasília em mudou-se para de Janeiro, e 1972.
conscientes, que lutam pelo meio ambiente. Se eles vêem alguma coisa errada, vão chamar a atenção, fazer o seu papel na sociedade. Eles fiscalizam. Então, escrevem cartas para a ONG dizendo que tem uma coisa muito suspeita perto de sua casa, no bairro. Nós vamos verificar e mandamos também, mensalmente, dicas de meio ambiente. Quando a gente consegue patrocínio, também vai aos bairros carentes aqui de Campos do Jordão e, junto com a professora Silvia, damos aula de educação ambiental. A gente explica como preservar. O legal é que a gente vê que, depois da aula, as crianças mudam a cabeça. Ficam totalmente diferentes. Antes, elas não estavam nem aí com a região. Agora, não nadam mais no rio poluído. Na aula, elas aprendem que podem cuidar do bairro e não devem deixar amontoar lixo onde elas vivem. Nesses anos em que a Mingau existe, sinto que teve uma mudança radical no comportamento da população, principalmente nas crianças. Elas ficam animadas porque pensam: “Eu posso mudar!”. E elas têm condições disso. Quando a criança vê que pode, isso é uma coisa muito boa, melhora totalmente a auto-estima.
Às vezes, tenho vontade de desistir porque, quando vejo o que está acontecendo com o mundo, penso: “Estou há cinco anos nisso e não aconteceu n-a-d-a”. Mas, às vezes, você vê que, aos pouquinhos, vai conseguindo as coisas. Não tem como achar que, montou uma ONG e, um ano depois, o mundo está perfeito. Não é assim! É um trabalho de uma vida. Ou mais!
O m ca u jogam beça par ndo v i rou a l ba i i xo El a s d não nos r ios xo. A s p e mesm e o ar e s so têm a est á as re polu s com e não s speito í d o. c e o me io am preocu onsigo pa m bien te.
OPAS: A Organização Pan-Americ ana da Saúde é um organismo internacion al, que conta com a ajuda de centenas de técn icos e cientistas de vários países do mundo, para melhorar políticas e serv iços público s de saúde, estimulando o trabalho em conjunto com os países. São eles que prom ovem a transferência de tecnolog ia e a difu são do conhecimento acumulado através de experiências produzidas nos Estados Mem bros da OPA S. Atualmente, o representant eéo Dr. Horácio Toro Ocampo, médico ginecologista/obstetra.
Dia a a i D Ação noNa Mingau, todos os membros são agentes, ou seja, pessoas
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dama me abraçando e colocaram assim: “Primeira-dama com a família”. Eu acho que pensaram que eu era da família.
istra n i M a Com
ara a ministra do Meio AmC a a Já encontrei r Ca
biente, Marina Silva, várias vezes. Eu já sou amiga dela. Teve uma vez que eu era a única criança com ela numa mesa cheia de jornalistas. Ela falava muito complicado e eu não entendia nada. Então, falei assim: “Gostaria de fazer um pedido. A senhora usa muitas palavras difíceis. Será que poderia simplificar o seu vocabulário para mim, por favor?”. Todos acharam engraçado. Ela disse: “Ó, Maria Lívia, não sei se consigo, mas vou tentar”. Pediu para um assistente traduzir pra mim o que ela estava falando. Teve uma hora que eu sentei do
ante t i l i M e des d não dá para participar a d l u Infelizmente, c fi i D
de todas as atividades que a Mingau é chamada porque senão, eu fico sem mesada. Eu mantenho a ONG com o meu dinheiro e, às vezes, meus pais tiram do bolso também. A gente não cobra dos participantes da ONG porque a maioria é criança carente. Em 2005, por exemplo, na Semana do Meio Ambiente, apareceu um monte de gente querendo fazer parcerias, e teve até convite para ir pra Fernando de Noronha, falar nas escolas, só que não tínhamos dinheiro para pagar tudo.
lado dela e a gente começou uma conversa sobre meio ambiente. Falei sobre o meu trabalho. Mas, passamos muito pouco tempo juntas. E sempre aparecia algum repórter para entrevistá-la. Então, não dava. Pessoa importante é fogo! Nem deu para falar que eu achava que devia mudar, em primeiro lugar, a consciência das pessoas, e que isso começa nas escolas, com as crianças. Porque, se elas tiverem consciência, já muda um monte de coisas. Tem que ter mais lixos reciclados também. Os esgotos não podem ir para os rios, que isso é horrível. Precisa fazer saneamento básico, pois isso evitaria um monte de doenças. Um dia, quero ser então, ministra do Meio Ambiente. Se minha cabeça não mudar até lá, vou começar como vereadora, depois como prefeita.
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r Pr a Entende uo so é o que vive Is s. ça an d u Digamos udanças e m todo o mundo. Mudanças, m em s o an s o d go foi a fase biental ao lon ada de 1960, am éc d to a en el p m á vi L o . m as época epois, veio a por várias etap D u . so is as ta p n e ie el b e am ento qu tes do movim os problemas d an it ta il er m b s co O . es da d estações sistência rigas e manif os”, devido à in at ch co “e e d das grandes b é at 980, que ser chamados i nos anos 1 fo , as M . es começaram a õ presas aç iental e as em suas reivindic b er am d e en ol ef tr d n co rias em os oficiais de ente as indúst m gã al ór p s ci o n ri P am ir ”. surg camente rrigir seus sáveis ecologi controlar ou co e d a ci ân ditas “respon rt o p se ligar na im começaram a . ienbientais ovimento amb m o problemas am a ar p te que vinha foi importan ais atenção ao O ano de 1988 m ar d a am ovimeneçar e Janeiro, o m ologistas com d ec io s R o o is d o e p l, ad d ta ci e Açúfaixa no Pão d Amazônia. Na a a n m u o d u n xo ce te afi e os a acon ostrar a luta d grande passeat m a a m er u a éi ou iz id A an to org azônia”. ceu um mês e: “Salve a Am a. Isso aconte st re o fl a d car, com a fras a es ista amo Acre em def dicalista e ativ n si , ro ei u g n seringueiros d seri inato do líder antes do assass des. m a reMen sil foi 1992, co biental Chico ra B o n te n ca re o Amais mar es Unidas sob õ Mas, o ano m aç N as d a ci e3e n e Janeiro, entr 92 – a Conferê d O io C E R a o d n a ão d vi aç aliz , promo mais de 100 envolvimento egou a reunir ch a ci n rê biente e o Des fe n co entre os paíaquele ano. A aproximação e d as rm 14 de junho d fo urais da o para buscar s recursos nat ad o st E ar e rv d se es re p ef e com ch o 21, documento o Sul do mund d a e d n te ge or A N a o a d d vel uzi ses ento sustentá ntro, foi prod im co lv en vo te en es es N d . Terra ingir o forma sodações para at econômico de to en m ci es 2.500 recomen cr o seja, garantir do planeta, ou ente viável. lm ta n e ambie a st a que a forju te en m cial todo o planet a ar p o ar cl u era total2, fico u crescimento Após a ECO 9 se o o d an n io ade de ec ade estava dir tir uma qualid n ed ci ra so ga a te e u en q m a luta al m to ambiental o desejo era re en se m a vi d o m ra o er , te je men es. Ho to ocorra de róximas geraçõ desenvolvimen se es e u q vida para as p r ta entes para ten do mundo. em diversas fr das as partes to em a d ra ib forma equil
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Dicas R ápida
s e Ecoeficien tes: Seja Você Também Milit - Dê preferênci ante a para embalag ens que indicam do produto e escolha marca s que informam a procedência correta lagem dos seu a composição s produtos. da emba- As pilhas não devem ser enca minhadas par têm metais no a a coleta, pois civos à saúde. elas conPor isso, direc ione aos fabri - Evite produto ca ntes. s cujos recipie ntes não podem local de venda ser retornado e utilize produ s ao seu tos com refi l. - Reaproveite ao máximo pap éis, vidros e la a criatividade. tas de alumín Já pensou que io. É só usar a caixa de pap servir como u elão, bem deco m local para g rada, pode u ardar fotografi transformar n as? E a latinh um belo portaa pode se lápis? Não des perdice. - Evite compra r produtos fa bricados com tipo, afinal, m plástico. Escol aterial é o que ha outro não falta. Cores da Recic
lagem
Você já deve ter visto os la tões de recicl utilizam do m agem de mater esmo código d iais que se e cores para id lixo. Sabe o qu entificar comp e elas significa onentes do m? Anota aí: Amarelo – met ais, caso do al umínio, latas limpas e sucata A zul – papéis, em geral. incluindo tod as as modalidad jornais, revist es: papelão, ca as e embalagen rtolinas, s. Vermelho – plá sticos, potes, sacos e garraf as. Verde – vidros, caso das garraf as, frascos, po em geral. tes, cacos e re cipientes
LIGADÃO.CO M:
Greenpeace: w w
w.greenpeace .org.br Instituto Socio ambiental: ww w.isa.org.br Mingau: www .mingau.org Meio Ambien te: www.amb ientebrasil.co m.br SOS Mata Atlâ ntica: www.so smatatlantica .org.br
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a d a N a h n i T o ã N , o t e T a h Não Tin pação u c O a n Vida Eu já visitei um monte
Farias Alan Batista ev ista concedeu a entr do an qu s o n a br il de 1996 lv imenNíver: 6 de A hia de Desenvo n pa om (C U H centro io do CD ulo) do Brás, no Pa R efúgio: Préd o Sã de o e Urban to Habitacional o. s de São Paul cida Batista do ãe, Sueli Apare m i, ha pa in eu M : M o . r to de moradia Porto Segu ça do mov imen mo caixa an co er os lid an é , 14 os Sant abalha há tr , e as ri Fa o tr (K iúcia ati), qu José Coraci Cas ir mãos: a K at is . do vo no ho s n ai Te m ano de restaurante. a, e o Fred, um di oei m ao r gosta de acorda paparicado! m porque sou bo É . la çu ca o Sou Colég io Paulo na 3ª série do u to Es : C B A ica. Minha do o to de Matemát Onde apren ui m o st go e o ar va lh nte tem que Machado de C la porque a ge co es a ss de ia eu sa mãe quer que cedo. to ui m gosto acordar São Paulo. Eu de ro nt ce lo pe itas, têm passear são muito bon as De Boa: Adoro El . as ru s cidade. pings, da o que o resto da it muito dos shop n bo s ai m é condecho que de br incar de es o st muitas cores. A go m bé m assim. Ta . Tudo devia ser ssoa l do prédio -pega com o pe ga pe e e nd co es de reparar nas úsica sertaneja, m de to os G : a gar xadrez. E x tr a , E x tr gares novos e jo lu r ce he n co , mendigos coisas dade e com os ci a m co do eocupa Quem Sou: Pr o. ul de São Pa
de ocupações. A primeira ocupação onde morei foi na rua da Abolição, em frente a uma mercearia, perto da rua Estreita, em São Paulo. Fui pra lá com três anos. Lembro que, no sexto andar, tinha um espaço bem gigante, onde a gente colocava roupas e fazia festas. Brincávamos bastante por lá. As reuniões eram no térreo. Tinha 103 famílias, num total de 500 pessoas, umas 250 crianças e adolescentes. Para entrar numa ocupação, a família tem que aceitar algumas regras, como não bagunçar o prédio ou ficar pichando. Também não pode ter outra casa. Se já tiver outro espaço para sobreviver, não pode ocupar. Tem que pagar as contas direitinho e participar das reuniões. Mas é bom deixar claro que, se tiver gente morando no prédio, a gente não entra. Só entra em lugar desocupado, falido, abandonado. E tem que estar abandonado há um, dois anos.
iste Caso TrLá na Abolição, teve uma época em que umas pessoas que
mexiam com drogas começaram a entrar e os outros se afastaram, por medo. O povo começou a não querer pagar mais. Isso aconteceu
do Sem MeA polícia aparecia por lá muitas vezes. Apareceu até bombeiro
para apagar um incêndio no primeiro andar porque a mulher deixou o gás ligado. Os policiais revistavam as pessoas do primeiro andar e depois liberavam os moradores. Depois, iam para o segundo andar e assim por diante. O prédio tinha uns sete andares, mais o terraço. E o elevador estava sempre quebrado. Eu nunca fiquei com medo da polícia. Ela respeitava muito a minha mãe. Os policiais iam procurar os traficantes. Eu achava que eles deviam tirar os traficantes e os ladrões de lá porque eles se escondiam na ocupação. Mas também não tinha medo dos traficantes porque eu não tinha contato. E eles respeitavam a minha mãe.
otal T o l p m Exe orgulho da minha mãe. É muito legal ela partiMãe:Tenho cipar, cuidar e defender as pessoas. É um trabalho importante. O do meu pai também, senão, como a gente ia conseguir dinheiro? O problema é que a maioria das pessoas não se preocupa com ninguém. Mas tem gente que é igual à minha mãe e participa. Quero ser igual a ela. Já teve um monte de brigas na minha família 122
porque ela faz tudo voluntariamente. Meus irmãos não gostavam, achavam errado. E quando minha mãe mexia com o perigo, eu falava: “É muito arriscado! Você pode ser ameaçada e morrer!”. Uma vez, mataram o Tiago, filho de um amigo da minha mãe. O tráfico foi matar o pai, mas como o menino estava no local, mataram ele também. Como eles não queriam que identificassem o corpo e a minha mãe identificou e avisou a família, ela foi ameaçada. Minha mãe ficou muito abalada e mandou a gente pra Sertãozinho, com o restante da família.
eriorfica perto de Ribeirão Preto. A maioria daa t n I o n Sertãozinho Vida família da minha mãe mora lá. Eu tinha sete anos quando fuii para lá. Fiquei um ano, com a minha tia. Era divertido porquee minha tia é boleira e tinha sempre festa. Meu tio fazia as entre-gas. Eu ia bastante ao SESC também. No final de semana, ficavaa na minha avó. A gente brincava na rua e não tinha perigo por-que passava muita gente e não tinha mendigo. Em São Paulo,, tinha muito mendigo.
SESC: O S Comércio é mantierdoviço Social do rios do comércio de por empresáAtua nas áreas dabens e serviços. Esporte, Saúde, L Educação, e Assistência. O SEazer, Cultura atividades voltadas, SC oferece trabalhadores do cosobretudo, aos familiares e depend mércio, seus sociedade toda pode entes. Mas a participar de suas ações.
quando eu tinha uns seis anos. Antes deles entrarem, teve gente que até morreu. O porteiro foi morto porque eles queriam colocar o tráfico dentro da Abolição. Por isso, ninguém mais quis ser porteiro lá. Os caras das drogas começaram a mandar e não as lideranças, como minha mãe.
ãe M a n o Sempre acompanhei a minha mãe. Já fui atrás dela, para ajuColad
dar a segurar despejo, quando os donos dos prédios queriam tirar as pessoas de lá. Aí, eu ia atrás dela para ver como era. Não gostava de ficar em casa, só vendo televisão, porque é super sem graça. Gosto de me ocupar. Já no grupo de origem, onde preparam as famílias para a ocupação, não ia muito. Mas eu ia junto às reuniões. Minha mãe ia em festa de político porque ela é amiga de alguns vereadores. Eu ia bastante também à Câmara Municipal, onde trabalham os vereadores.
O Heitor também vai à Câmara Municipal para falar com os vereadores. Saiba por que na pág. 96.
reitos i D r o p LutandoParticipava também de muitas passeatas. Nas de moradia, a gente lutava para chamar a atenção das pessoas, dos governantes, dos repórteres. Elas aconteciam na Paulista, na Consolação. As passeatas
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CA Eu e o EAcho que é certo as crianças participarem de passeatas. Todas
deveriam participar para ajudar, ao invés de ficarem deitadas, vendo televisão. Podiam fazer alguma coisa! Já participei de passeatas para lutar por vários direitos. Não sei muito quais são os direitos das crianças, mas lembro que não pode bater. Tem gente que envolve as crianças com drogas, roubos e os meninos vão para a rua por causa disso. Tem crianças ainda que trabalham no meio das ruas, com malabares. Acho que isso não pode. Criança vai ficar no meio das ruas? Tem até o risco de atropelar! As crianças devem estar num lugar onde possam se alimentar, sem mexer no latão para comer, e ter um lugar onde possam dormir sossegadas. As crianças que moram com a família têm que estar com ela. Agora, as que não têm, que perderam os pais, têm que estar num lugar com segurança, tipo um orfanato, mas não presos. Tem que ter um lugar onde estudar, brincar. O ECA serve para cuidar dos direitos das crianças e dos adolescentes. Quem me ensinou isso foi minha mãe, que participou da última eleição para Conselheira Tutelar. Só que ela não ganhou. Acho que, se ela não participasse disso, eu não saberia, não. Mas toda criança deve-
Veja o que é Conselho Tutelar no Pra Entender da Julia, na pág. 21.
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ria saber, porque é importante. Elas têm que saber que têm os próprios direitos. O problema é que as crianças sabem pouco disso. Alguém tem que contar. Devia passar na televisão, mas isso não acontece. Tem pai e mãe que leva seu filho para acompanhá-los nos movimentos e, então, ele começa a conhecer o ECA. Agora, se essa criança não participa de movimento, vai ter que saber, talvez, por um amigo.
Outros adolescentes também gostariam que o ECA fosse mais divulgado. Veja nas págs. 42 e 83.
va Casa NoDepois de morar em ocupação, em 2005, a minha família
mudou para um prédio da CDHU, no Brás. Preciso ainda pesquisar o que significa CDHU, mas morar aqui é um pouco diferente, porque tem muitas regras. A gente não pode mexer na casa. Só depois de cinco anos, se for um bom pagador. Minha mãe queria ficar na Abolição, mas se ela não ficasse aqui no apartamento, tinha que dar a vaga para outra pessoa. Então, a gente insistiu u muito e ela veio. O bom daqui é que, na ocupação, o banheiro era coletivo, e tinha gente que deixava o banheiro ruim, que não gostavaa de limpar. Gostei mais assim, de como é agora. Lá, também tinha muito problema de rato. Minha mãe estava dormindo na cama, um dia, e apareceu um rato lá. Eu tinha medo desses bichos que gostam de picar. Mas, aqui no CDHU também tem algumas coisas ruins. O que eu não gosto é de noite, porque a rua é muito deserta. Eu gosto mais de movimento, correria. Além disso, na ocupação tinha um pátio grande para brincar, e aqui não.
Companhia de to Habitacional eDesenvolvimenCD H U é uma Urbano: A Governo Estadual empresa do Secretaria da Hab, vinculada à objetivo é promover pritação, cujo bitacionais à popula ogramas harenda. Além de prod ção de baixa atua no desenvolvimuzir moradias, das cidades, conform ento urbano da Secretaria da H e as diretrizes abitação.
são um lugar para lutar pelos direitos, como os das crianças, os das mulheres, os dos jovens.
inua? t n o C ? to enmorando m i v o Mesmo na CDHU, minha mãe continua colaborando M Eo
com os cortiços, ajudando a segurar o despejo da rua Taguá. A CDHU já está atendendo as famílias dali. Ela também está cuidando de uma outra ocupação na Liberdade, onde uma arquiteta está desenvolvendo um projeto para a construção de um prédio. Sempre que posso, vou com minha mãe às atividades. Eu convivi com o pessoal e aprendi a viver isso. Continuo querendo muito saber o que acontece nesses locais. O problema é que tem gente que
Cr Veja ianças e m ad m pa r t icipe ais os s olescent mm e e ais d us direi s: to s e a s co isas!
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lan a mãe do A a, Sueli, r v a l a p a Com m 1997, e moradia e d o nt e m i v o m rimeiro, Comecei no n nasceu. P la A o e u q adia na logo depois ento de Mor m i v o M o d airro do participei opita, no b r i h c A a. ava Igreja N. Sr e, na época, não aceit r d a isso, Bexiga. O p pações, por u c o m e s s foi e z q ue se fi Em seguida, u. o b a ac o do q ual o moviment Cortiços, s o d m u ór criado o F participar. parte comecei a a da minha ci n ê c o n i o c o, a vida Foi um pou da ocupaçã o r nt e d a gente achar q ue, depois q ue s a M e. nt e tráfico. seria difer oblema de pr o it u m m está lá, te bém. brigas tam Tinha E algumas da A bolição. a or d a n e d or Fórum Eu era a co a geral do or d a n e d or o endemos tam bëm a c nos desent s ó N s. o e roubo. dos Cortiç me acusou d la e e e nt Nesses politicame divididas. m a r a c fi s sai, mas As família liderança a e, nt e m l a a de q ue casos, ger nha certez ti e u q or p q ue eu eu fiq uei feito para o d si a h n o. isso só ti na ocupaçã nha força i m ão, até e aç s p s u e c d o r pe anos na o c n ci s o m atendidas, Per manece ias foram íl m fa s a q ue todas própria. m sua casa a r e b e c e r e
A Juliana e o Heitor querem ser Presidentes. Confira nas págs. 64 e 104.
ameaça minha mãe. Mas eu não me preocupo muito porque sei que ela está trabalhando e que irá resolver tudo.
ntil a f n I o ã aç ParticAipmaioria das crianças não gos-
ta de participar de movimentos sociais, porque acham que não é certo, que não devem mexer nessas coisas. Mas eu acho que tem que ajudar e ir atrás dos direitos das pessoas que precisam. Por isso, mesmo agora, que eu já tenho uma casa, acho que devo continuar participando das reuniões do movimento. Não é porque eu moro numa casa mais bonita que quer dizer que eu mudei de idéia! Quero acompanhar a minha mãe e ajudar as pessoas a conquistarem os seus direitos. Acho que vou ficar pra sempre fazendo isso. Queria me candidatar para ser vereador. E aí, depois, prefeito, ministro, presidente.
ídia M a n o ent Eu acompanho o que a televisão fala sobre o movimento de O Movim
moradia. Tem repórteres que falam coisas mais direitas, mas têm outros que ficam inventando mentiras. Tipo assim: se o presidente da empresa, por exemplo, quer que invente uma coisa de uma pessoa que ele não gosta, o repórter tem que fazer, senão está demitido. Tem gente que inventa história sobre o movimento de moradia. O problema é que os governantes ficam falando que vão providenciar as coisas e não providenciam o que as pessoas pedem.
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escer r C u e o Quand Tem várias profissões que eu queria ser, mas ainda não deci-
di. Eu gostaria de ser bombeiro. Mas pode aparecer um cargo melhor, como prefeito, deputado. Eu queria ser vereador, para cuidar da cidade. Eu colocaria uma casa para os mendigos, daria eletrodomésticos. Não me conformo com a quantidade de mendigos da cidade de São Paulo! Eu queria muito ajudar, mas não tenho muito dinheiro pra isso. E me incomoda muito, porque eles ficam pedindo na rua. Tem que ter lugares para dar comida. Nas regiões do metrô, os restaurantes populares, por exemplo. Tem que ter uma casa onde eles possam ficar, tomar banho, tipo um albergue. Está errado eles ficarem na rua.
dade i C a d r Cuida Eu me preocupo muito com a cidade. Tem muitos pichadores
sujando as paredes. Tem os grafiteiros também. Se eles não são contratados, sujam tudo. Só que a cidade tem que ficar bonita. É preciso preservar, não deixá-la poluída, prejudicar o meio ambiente. Cuidar, colocar grama, tirar os ladrões da rua e fazer atividades. As pessoas que praticam violência, que são más de verdade, que têm rancor, que matam, têm que ficar presas. Mas tem gente que rouba porque é obrigada a fazer isso. Tem gente que precisa, porque não tem trabalho. Não tem outra opção. Aí, é diferente.
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promulVoto: No Brasil, desde a 1988, gação da Constituição deanos. A o jovem pode votar aos 16 bilidade regra trouxe mais responsal, escolher para esses cidadãos, afi na r o povo aqueles que vão representa o após a não é tarefa simples. Log ão presilei entrar em vigor, na eleiç compadencial de 1989, os jovenss. Foram receram em massa às s!urna 3,5 milhões de voto
otarque votar é muito importante. A gente vai V r e Eu acho b a S
deixar as pessoas destruírem um lugar histórico? Tem que d preservar a história. Tem que escolher as pessoas e saber as p propostas. Saber se ela é sincera, pura de verdade. p Por exemplo, um cara que é bonzinho fala que vai cuidar das pessoas, empregar todo mundo. Mas, aí, faz uma c mixaria. O político ruim faz um presídio, mas depois não dá m comida para os presos. Esse é um mau político. O bom políc tico t preserva a cidade. Só falar não basta! Como o eleitor vai saber se o político é bom ou não, eu não sei, mas às vezes o s coração conta. Ele dá um sinal. c
Pr a Entende
r
mo o Bras tão grande co aí p m u em e, u rar. Mas, sar q enos onde mo m É estranho pen ao m tê ão e, hoje, en s apontam qu tir pessoas qu so is io ex d tu am es ss e o s p re os. O sil, ce. Pesquisado er aos brasileir te d n o en ac at e a u ar q p o s é isso moradia habitações. e 7 milhões de e 3 milhões de d t ci éfi d o faltam cerca d el p oram de e de famílias m Paulo respond o es õ Sã h e il d m o ad 10 st e E ou luz, sd ra - sem água almente, mai tu u u at tr , es so ais d fr in m sim, A lé s sem foi ficando as ão uada, em área aç eq tu ad si ão sa n es a form do é que oradores nas E o pior de tu o número de m d to en m por exemplo. au o el rreta. complicada, p o de forma co d n u m o d to s cada vez mais mai oje, ão comportam inchando e, h o, d cidades, que n an ch in ugar uma ram inchando, a comprar ou al As cidades fo ar p ro ei h in d m am indo res, só quem te as pessoas acab , ga ão lu n s n Se u g o. al ad u zados em eq s não-regulari ver em local ad io vi ín e u g om d se n n co co , lo, os casa ia, por exemp os, aglomerad ad iç or rt M co r s, o p la ve ta u para fa nte de L as ruas. A Fre ou morando n
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mostra esta dificuldade que muitas famílias passam no Brasil: “Se pagar o aluguel, não come. Se com er, não paga o aluguel”. E é para mudar essa situação que muitos cidadãos se unem aos movimentos que lutam pelo direito à moradia. Há muitos grupos, associações e entidades que trabalham para a resolução deste problema. Hoje, o Moviment o Nacional de Luta pela Moradia (MNLM) está presente em 17 Estados pelo país. O movimento defende uma reforma urbana par a incluir as pessoas que não têm condições de ter uma casa ou que vivem em moradias com péssimas condições, como as que foram con struídas de forma improvisada, sem ventilação ou luz correta. Em São Paulo, há grupos como o Fórum dos Cortiços, o Movimento de Moradia do Centro , a Unificação das Lutas de Cortiços e o Movimento dos Trabalhad ores Sem Teto, entres outros, que também se unem para lutar por con dições melhores de vida para os cidadãos. A proposta desses movim entos é incentivar que a população exija ações do governo, como a realização de projetos habitacionais e construção de moradias pop ulares, que atendam suas necessidades. Nessa linha de luta, uma forç a grande vem da União Nacional por Moradia Popular (UNMP). No entanto, não é todo mundo que vê com bons olhos a luta desses movimentos, principa lmente quando eles organizam ocupações em locais vazios e abando nados. Há uma grande repressão e muitas famílias acabam sen do despejadas, ou seja, mandadas embora desses espaços.
LIGADÃO.COM:
Fórum Nacional de Moradia Popular : www.forumreformaurbana.org.br Ministério das Cidades: www.cidades.gov.br Movimento dos Trabalhadores Sem Teto: www.mtst.info
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A
erto! C u e D ciatio, irmão da miInfluêOnmeu
nha mãe, tinha uma influência muito grande do rap. Ele escutava demais este estilo de música e eu cresci ouvindo isso. Meu tio não tocava nada, só curtia a música. Toda vez que tinha uma festa lá em casa, nós colocávamos rap e vinha uma pá de gente. Era da hora. Via o meu tio escutando, curtindo, dançando o rap, e gostei também. Foi aí que eu falei: “Vou seguir isso. Vou começar a escutar rap”. Só que eu só escutava Thaíde e Racionais, que eram os que mais pegavam.
abeça C a n e l Pape primeira composição foi um reggae. Quando euu Rap no Minha estava com uns nove, dez anos, comecei a escrever rap. Só quee não escrevia falando da realidade. Escrevia só para brincar com m os “moleques”. A gente encostava num canto da parede na escolaa e ficava um “zoando com o outro”. Eu falando dos defeitos deless e eles dos meus. Era o Marcos, o Aldair, o Rodrigo e o Moacir.
Do Ca
cos l a P s o a m p o pa r
R A P: É um esti se originou na lo musical que na Jamaica, emdécada de 60, nizados que, na bailes orgaviam de fundo p verdade, serdos ‘toasters’, autêara o discurso de cerimônia qu nticos mestres nas suas intervene comentavam, como a violência ções, assuntos situação política das favelas e a de sexo e drogas. da Ilha, além
t o k s a M o d a c n A Ba
o Maskot a Ferreir a, lv Si a d o r d Lean entrev ista do concedeu a anos quan Março de 1990 Níver: 23 de o Paulo. na Leste de Sã zo , ão is iv D 3ª rro e meu R efúgio: Bai ãe, minha avó m ha in m m co co Fero: Moro i da Silva Fran er Porto Segur in os R a am ando de mãe se ch uns bicos cuid z ir mão. Minha fa a el je ho pai é o anos, e ente. Já o meu do reira, tem 33 tá es e qu ra ora com a senho eiro, mas não m cr ianças e de um dr pe é e El . ra ora com a s Ferrei ir mãs, uma m Genadiro Lope as du s ai m Eu tenho a minha mãe. pai. tra com o meu ou a al madrinha e o ano do colegi tou no segund Es : C B A o o d o Mateus. Onde apren Vila Bela, em Sã al du ta Es la co rto. Todo na Es strada é o pé to gi re ca ar m ha o o braço, a: Min Extr a, extr cola. Eu entort es a n m si as até de ET. nhece mundo me co as. Me chamam it is qu es as is de co isa mifaço um monte ar”. Se uma co uç “f de to ui eu gosto m feito. Futebol, Quem sou: Eu o descobrir o de a nt Er te e o. ro uc lo ab to eu hava mui ac nha quebra, eu ue rq po Tanto de jogar eu jogava mal. as tinha vontade m s, ai m de física, eu curtia trar no time de en uma coisa que ra pa o id lh ser esco que, na hora de último. deixavam por e m s ue eq ol m os
Na verdade, eu não ia entrar no rap. O meu sonho eraa jogar futebol. Ou ser mecânico, porque meu tio é, e eu me espelhava muito nele. Achava interessante ver como ele arrumava o carro. Era
Racionais MC’s: O grupo, formado em 1988 em São Paulo, é considerado um dos mais infl uentes grupos de rap do país. Suas músicas abordam, principalmente, temas como violência e drogas. Os componentes dos Racionais são todos negros e originários de famílias pobres e lutam contra o racismo e a violência policial.
abeça C a n a c Músi Nessa época, eu escrevia já sobre coisas reais. Só que
eu e era muito violento, falava palavrão. Imitava muito o Racionais, queria cantar igual ao vocalista. Eu me espelhava toc tal t nele. Era uma música muito mais revoltada, mas querendo aabrir os olhos das pessoas. Eu escrevia só a letra e ainda não ttinha idéia de composição. Só ia cantando, sem base, sem nada. E o pessoal dizia que eu cantava bem. Para a minha mãe, eu eescondia os palavrões. Quando eu chegava no palavrão, falava que tinha esquecido a letra, pulava a metade. q
ço omedia, C l i Num falei para a minha mãe: “Acho que eu vou começar c í f i D
a cantar”. Aí, ela olhou e disse: “Ah, eu não acredito que você vai fazer isso!”. Mas minha mãe não barrou tanto quanto minha avó. Minha avó achava que rap era coisa para malandro, bandido, drogado. Ela sentava comigo e falava: “Se eu fosse você, eu parava com isso, não dá certo. Até hoje, dos rappers que cantam, não vi nenhum morrer de doença, é tudo com tiro”. Só que eu falava: “Aí vai da cabeça de cada um. Eu, graças a Deus, não devo nada para ninguém”.
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o prisabendo ó r P o l Fiquei que ia ter uma oficina no CEU São Mateus, i t Es
com o Toroká (Carlos Eduardo Fagundes Maia). Eu já estava na sexta série. Eu fui lá e entrei. Naquela época era cheio. O pessoal tinha de 16 a 20 anos. Eu tinha uns 13. A oficina era de ritmo e poesia. O Toroká oroká ensinava as técnicas para compor. No primeiro dia, eu me apre-sentei. O nome que eu carregava como cantor era LHR, de “Lean-dro Honra o Rap”. No segundo dia, tinha poucas pessoas porquee estava chovendo. O Toroká veio conversar e perguntou qual eraa o meu objetivo para cantar. E eu: “Não sei... Eu acho que eu que-ro cantar, gravar meu CD e subir na vida. Quero viver de rap”. Ele falou para eu cantar uma música. Eu cantei “Vidaa Cruel”, composição minha. Ele escutou e gostou. E logo falou:: “Dá hora, você canta bem. Só que está parecido com os Racio-nais. Mais para frente, você vai evoluir, inventar seu estilo”. Nessa época, eu ia a pé para a oficina. Eram uns setee quilômetros de casa - mais de uma hora de caminhada, todo domingo. Começava às 13h e ia até às 16h. Depois de um tempo nas oficinas, ele me levou para a Galeria Olido, para assistir ao show dele. Foi muito louco! Depois, me convidou para assistir aos seus ensaios.
CE U: Os Centro Unifi cados foras de E ducação 2003 pela Prefe m criados em de São Paulo. O itura da cidade E scola de E ducaferecem creche, E scola de Ensino ção Infantil, playground, ce Fundamental, tário, quadras, tentro comunitros serviços. O C atro, entre oufi ca no Jardim E U São Mateus zona Leste do mu da Conquista, nicípio.
isso que estava na minha cabeça. Só que eu percebi a facilidade e m a r. g rap u l a o s v i e e que eu tinha de escrever, de improvisar. Aí, um dia o Marcos a co na esc r rá r io Eu ho ol ho u m idéi a s e r as eu lque falou: “Por que você não começa a cantar rap?”. Eu falei que não mpr qu a e nte, r um eu se l. i v p a e e , r p a o a ç s e p is De tinha nada a ver, que isso não era para mim. E ele: “Ô mano, com or ta e e já eç a. P m c a ne c ab ndo co você canta bem pra caramba, escreve bem. Eu gosto da música a que você faz”. E eu não sabia o que fazer. Mas, o Marcos começou a me influenciar e meus colegas também. Eu pensava que era fácil cantar rap. Era só ter dinheiro, cantar, gravar um CD e aí, beleza. Comecei a escrever uma letra, outra, outra e fui acumulando. Só que eu não sabia como começar. Como vou cantar? Não tinha idéia de como ia ser a primeira vez que eu ia subir num palco, como eu ia gravar um CD. Aí, foi passando o tempo. O Rodrigo começou a cantar rap comigo e também dançávamos break na escola. Só que ele não levava a sério. Durou menos de um mês.
o 1º EnsaiEu fui a um ensaio do grupo do Toroká. No final, ele me per-
guntou: “E aí, gostou? O que você viu de erro? O que está bom? O que precisa mudar?”. Eu nem sabia o que dizer. Então, eles pediram pra eu cantar umas músicas. Cantei. Muito louco! Nessa época, gostava porque eu era muito bajulado por ser pequenininho. O pessoal dizia: “Olha, que moleque fofinho! Um moleque desse tamanho, cantando rap desse jeito”. Isso não me incomodava. Só quando minha mãe falava: “meu nenê, meu bebê”. Agora, o pessoal, não, eu gostava. Ainda “metia mó mala”, andava todo como se fosse alguma coisa. Então, comecei a ir direto ao ensaio deles.
skot a M a o dr De LeanO Toroká me arrumou umas bases pra eu cantar em cima. Eu cantei e foi bem legal. Aí, sobraram uns espaços ainda na música e ele
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Banca: É um projeto formado por vários grupos, em que cada membro tem o seu papel, como, por exemplo, um cantar, outro organizar eventos e shows etc. Ela se forma a partir dos próprios grupos que decidem se unir. A “família Racionais” é uma banca formada por vários grupos, como o “Trilha Sonora” e o “Zona Bronks”.
não tinha computador nem nada, então não dava para mapear, pra deixar a letra no tempo certo da base, na medida certa. Tive que escrever o resto e ficou bom. Todo mundo, nessa época, tinha um apelido, menos eu. Aí o Neguinho falou: “Vamos colocar Pelézinho”. “Ah, não, é muito feio”. Eu queria queri que deixasse o LHR, mas eles também não gostavam. No primeiro dia, não conseguiram colocar um apelido em mim. p No N outro ensaio, eles falaram: “Você vai se chamar: Mascote porque você é o mais novo da banca”. Nessa época, tinha uma p banca, que se chamava “Ação e Revolução”. b Na hora, eu não gostei do nome. Principalmente, quando d eu olhei no dicionário e vi o que significava. Mascote era um u substantivo feminino. Eu falei: “Ah, não vai ficar Mascote, não”. Mas, o Toroká insistiu. Só que eu mostrei pra ele o dicion nário. Então ele olhou e falou: “Vixe, é mesmo. Então, a gente n muda alguma coisa”. Surgiu a idéia de escrever com k. E depois, m eu e sozinho tirei o “e”. Aí, ficou Maskot.
Vez a r i e m i a Prde uns ensaios, um dia eu estava em casa, de boa, e o , U E Depois C o N
Toroká ligou: “Você pode vir pro CEU? Vai ter um evento aqui”. E eu: “A que hora?”. “Tal hora”. “Caramba, não vai dar tempo!”. “Ah, vai sim!”. Eu desliguei o telefone e fiquei: “Nossa, mano, eu vou cantar, eu nunca cantei!”. Acho que era 11 de junho de 2004. Eu queria desistir. Pensava em falar que eu estava passando mal. Não parava de tremer. Subimos no palco, todo mundo cantou e ainda não tinha chegado a minha vez. Aí, eu olhei para os caras e falei: “Ah, mano, acho que eu não quero cantar, não”. E o Toroká: “Que não quer cantar, moleque. Você subiu no palco com a gente para não cantar? Você vai sim”. E eu querendo descer do palco. Começou a chegar minha parte. O Toroká: “Fica esperto que você vai entrar depois dessa parte”. E eu com o maior frio na barriga. Chegou a minha parte. Eu cantei. Na hora, você fica nervoso, não sabe o que fazer, mas depois que começa a cantar, fica fácil. Você fica calmo, vê que está dominando, não está errando. Aí, antei a primeira vez com eles, cantei a segunda, a terceira, a quarta...
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Hop?época, p i Nessa H o E
eu nem pensava em Hip Hop, queria saber só do rap. O Toroká foi abrindo a minha mente nas oficinas. Ele começou a falar o que era o Hip Hop, do que é formado e eu fui aprendendo. Ele passava uns sites e uns livros pra eu pesquisar. Aí, eu chegava no Toroká e dizia: “Não entendi isso aqui, não”. Ele foi me explicando as coisas e eu fui aprendendo. Só depois que fui começar a ter interesse de ler sobre o Hip Hop. Aprendi bastante coisa.
p Hocomecei p i H a r Logo que a me interessar pelo Hip Hop, vi que era u Cult
Saiba quais são os elementos do Hip Hop no Pra Entender da pág. 142.
uma coisa muito diferente, cultural, de negro. Além disso, ficou mais fácil debater com a minha mãe. No começo, quando ela dizia que Hip Hop era coisa de criminoso, eu não tinha nada para falar. Eu ficava quieto. Falar o quê? Eu também enxergava assim. Mas, quando comecei a aprender as histórias sobre o Hip Hop, sobre o rap, fui abrindo a mente para debater. Até na escola eu levava esses temas. Quando tinha debates sobre preconceito, eu envolvia o rap, cantava. E, se alguém falasse mal, eu já tinha a mente mais aberta.
Rap o d s a r Nas LetEu gosto de falar do crime nas minhas letras para abrir a men-
te das pessoas. Elas vêem que está acontecendo o crime, mas são marionetes, estão desligadas. Já perdi amigos por causa da criminalidade, mas sempre fiquei por fora. Falei disso nas minhas músicas, mas hoje não falo mais. Prefiro escrever letras para alertar, para não usar drogas nem pegar em arma. 135
O Kauê também sofreu preconceito! Veja na pág. 39.
nh o r e S m i S ito, PreconcÉeestranho, mas dentro do Hip Hop tem preconceito tanto do
lado do branco quanto do lado do negro. Quando você vê uma pessoa branca no Hip Hop, você fala: “Nossa, nada a ver... um maluco branco no Hip Hop? É cultura negra”. Já do lado do negro, se você falar: “Sou do Hip Hop”, aí a pessoa fala que é bandido. Graffiti, o pessoal olha como uma coisa de pichação, de destruir, de vândalo. E não é. Graffiti é uma cultura, é arte.
asa C m e s a MudançEm casa, minha mãe começou a me apoiar mais. Ela já foi a vá-
rios shows, coloca umas músicas para ouvir. Diz assim: “Põe aí, deixa esse som rolando, que eu gostei”. Já a minha avó, ainda carrega preconceito. Ela não demonstra tanto, mas só foi a um show meu.
gou participei do Centro de Profissionalização de Adoe h C C A Em 2006, OP PA C: É uma iniciativa da Companhia de Gás de São Paulo, lançada em 2000, em parceria com a ONG Cidade Escola Aprendiz. Oferece formação para jovens interessados em desenvolver projetos sociais em suas comunidades. Tornou-se uma tecnologia social disseminada em escolas públicas estaduais do Estado de São Paulo.
lescentes (CPA), no curso do Agente Jovem. Quando ainda l estava no CPA, começou o Programa Aprendiz Comgás e (PAC). O Toroká, que já tinha participado do Programa, com ( o grupo 4 Elementos, me falou sobre o PAC. A gente já estava correndo junto e ele falou que seria bom todos estudarem, até c para poder debater quando arrumasse um empresário. Como p precisávamos montar um grupo para participar do PAC, cop meçamos a pensar em quem poderia fazer parte. O Toroká me m apresentou o DMO, que também é MC, o Rol e a Patrícia, que a são s b.boy e b.girl. E formamos o Pro Gueto.
al! t o T o t e Pro Gu O foco do nosso projeto era dar oficinas de break e MC. Pri-
meiro, tentamos fazer as oficinas na Escola Vila Bela, que é onde eu estudo. Mas estava muito devagar. Fomos, então, dar aula no CEU, para outros jovens. Foi uma experiência bem legal. Eu vi a dificuldade das pessoas e também vi a minha de explicar. Tivemos alguns problemas de comunicação porque cada um do grupo explicava de um jeito e, às vezes, os alunos ficavam confusos.
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r? sofácil sfoi e f o r P Não dar aulas. Algumas pessoas desacreditavam: “Ó ? Eu
quem é que quer me ensinar? Um moleque!”. Rolava preconceito de alguns alunos mais velhos. Mas, conseguimos ganhar a confiança da turma, porque os que não apostavam na gente acabaram saindo. Já os que botavam fé, falavam: “O moleque é bom, ele sabe”. Só que é difícil dar aula, precisa estar preparado. Até hoje, acho que não estou. A gente pensa que sabe muito e sabe pouco. Precisa ter muita paciência e não ter vergonha. Nas férias, o pessoal não queria ir para a oficina, e paramos. O projeto acabou naquele ano mesmo. 137
a ertabriu bPAC A e t O minha mente. Eu tinha vários preconceitos, prinn e M
cipalmente sobre a orientação sexual das pessoas. No PAC, tínhamos debates sobre vários temas. Nas dinâmicas, aprendíamos sobre como elaborar um projeto, mexíamos no computador, saíamos para passeios. Um dia, discutimos sobre sexualidade. Dei minha opinião e recebi outras. Aprendi muita coisa. Antes, eu era meio ignorante, grosso. Eu era assim: a minha opinião é essa e não tem para ninguém. A dos outros não valia. Lá, aprendi a respeitar as idéias de todo mundo. E isso significou muito para mim, porque eu saí do Programa com várias amizades. Até hoje, converso com todo mundo. Depois que acabou o PAC, continuei fazendo show com o Toroká, o Febre e o Neguinho, que agora é conhecido como Cafeína. A gente cantou bastante no CEU, mas tinha show que era no Centro ou em Itaquera. Normalmente, a gente canta num lugar e tem um grupo que olha, gosta, pega o contato e chama para fazer show. Rola bastante isso. Um ajudando o outro.
o upsurgiu r G m Então, a idéia de montar um grupo. Na verdade, eu, o e Rap
Neguinho e o Febre queríamos fazer um grupo e o Toroká não. Fizemos nós três. O Toroká continuou correndo solo. Aí, ocorreram algumas mancadas. Eu fiquei sem saber se ia continuar no grupo. Um dia, o Toroká trombou com um empresário e eles começaram a trocar idéias. O Toroká disse que estava atrás de um patrocínio e o cara falou: “Para arranjar um patrocínio solo, é muito difícil. Seria mais fácil ter um grupo já formado”. Foi aí que o Toroká sugeriu fazer outro grupo. Eu já queria mesmo e começamos a montar o Sintagma. Era eu, o Neguinho e o Toroká. Mas não durou muito tempo porque ocorreram novas mancadas. E o Sintagma acabou.
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N
o! n a M , e d l um show, em que estava ahumiTeve
eu e o Toroká. Conhecemos um cara, e ele curtiu a gente cantando. Assim, o Bocão começou a cantar com a gente. Cantamos para cá, para lá. No final de 2006, o Neguinho se afastou de vez, ficamos só nós três. Começou 2007 e continuamos correndo juntos. Decidimos montar um grupo. A idéia do nome não existia até que o Toroká apareceu e falou: “Arranjei um nome: Nahumilde”. Achei muito simples o bagulho. Mas eu sempre acho primeiro chato e depois gosto. A gente ainda não se apresentou com esse nome. Vamos estruturar o grupo, fazer as músicas, ensaiar, fazer um demo e correr atrás de um empresário. Por enquanto o nosso foco é conseguir gravar o CD e depois ver o que fazer.
skot a M o d Demo Eu até comecei a gravar um demo em 2006. Foram três músicas. Tinha que pagar R$ 70,00 por música. Fui juntando e pagando aos pouquinhos. Só que não fui mais no estúdio porque o cara que es-
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tava produzindo deu umas “brechas”. Agora, pretendo investir no meu demo. Quero arranjar um serviço pra fazer isso.
Sonhos Meu sonho é ser um grande MC. Acho que isso vai vir com o tempo. Só que eu vou ter que estudar muito e conseguir um empresário. Acho que eu sou bom, mas ainda preciso melhorar. Tem uma coisa que eu aprendi com o Negão, o Eduardo, que eu acho bem importante. Ele fazia uns Graffitis, que eu achava muito bons. Mas ele dizia que não, que sempre podia ser melhor, evoluir. Aí, eu falei: “Nossa, é mesmo”. Meu som sempre pode melhorar. Por isso, quero estudar música e aprender a tocar violão.
eria f i r e P a n as pessoas da periferia valorizam muito a cultura Hip Música Hoje,
Hop. Mas ainda falta investimento do poder público e de empresários independentes. Não queremos depender de ninguém; queremos trabalhar por nós mesmos. Porque, quando você faz um pedido para tal coisa, até ele ser atendido, “são anos!”. Então, a comunidade tem que se movimentar. Não dá para ficar parado. Mas o Hip Hop no Brasil está crescendo muito. Eu percebo que o preconceito diminuiu. O pessoal está estudando bastante. O MV Bill é um que está na TV, lançando livros. Vários grupos nas rádios estão sendo lançados também. Eu acho que está evoluindo.
asil r B o d e adépoca da minha RealidNa
avó, todo mundo cresceu trabalhando, alguns nem tiveram tempo de estudar. Hoje, até idoso tem que trabalhar. Os moleques estão crescendo 140
com mordomia e ainda acham ruim. A educação também vai mal. Se Liga! as, os Em algumas escolas, a situação é bem as crianç e u q e nt tenham É importa jovens os e s ruim. Outras são boas, mas os alunos e conversar adolescent vão fazer e e u q o d a Afinal, consciênci não dão valor. Muita gente reclama da onder nada. c s e o ã n , ais, não com os pais r com os p a s r e v n o c educação, mas os pais não olham os fios pais se não for inguém. Só n m o c r a s ente q ue vai conver lhos. Às vezes, em casa, ele é uma coisa; mília da g fa a ó S o. ouvem mesm verdade. no mundão, é outra. Em casa, a educação r, q uerer escuta de vai te ouvi m é u g n i n Hoje em No mundão, é diferente da rua e da escola. Em casa, ue eu vejo. q o É o. ã acho q ue sua opini amigo. Eu r te ê c o v você respeita mais a mãe. O professor até ga, não dia é raro se usa dro e, u q le e u q ue, se faz amigo é a coloca respeito, mas os alunos falam: “Você é aq uele q o ig m A e. ma. Amigo te oferec não te cha , le e d s a i não é meu pai, não é minha mãe, por que á numa as porcar q uando est e, u q le e u q do dele. mesmo é a vai mandar em mim?”. á lá do la st e ê c o v q ue está enrascada, ão aq uele n e o ig m O professor não pode bater no aluIsso é Isso é a leva junto. te e a c n e numa encr no. É preciso conversar. Em casa, por exemagem”. uma “trair plo, toda vez que minha mãe briga comigo, eu abaixo a cabeça. Mas, se eu acho que eu estou certo, pelo menos vou dizer que ela tem que me escutar. O problema é que os adultos costumam ver a parte deles, mas A Maria Lívia concorda. Confira na não vêem a parte das crianças. É por isso que, às vezes, eu tenho raiva pág. 115. de uma coisa: quando o filho está no crime, a mãe fala assim: “Nossa, o meu filho... pelo amor de Deus, não queria ter um filho desses”. Dá vontade de falar assim: “É porque a senhora não conversa com o seu filho”. Muitas mães, quando o filho vai conversar, falam: “Ah, não estou com tempo, não quero ouvir, você só fala besteira. Se for errado, você vai apanhar”. Então, se ele fumou uma maconha, a mãe não vai saber, porque ele está com medo de contar. Então, quem vai orientar? Os amigos? Esse negócio de amigo levar para o crime, é mentira. Você vai se você quiser. Tem amigo que fala: “Vamos”. Mas é você quem vai responder. E o que acontece: os filhos ficam com medo de falar com a mãe, então, escondem. Mas, eu acho que o filho tem que ter a segurança de contar para a mãe porque ela vai informar a realidade. Vai falar: “Isso que você fez é errado”. 141
r Pr a Entende parte da . Tudo isso faz ta er al , ão aç ros e , contest subúrbios neg s o n , 0 Música, dança 6 e d a na décad op, que surgiu s Unidos. cultura Hip H ue, nos Estado rq Io va o N e d s moraade s guetos. Seu latinos da cid ro ei ad rd ve co de ios eram racismo, tráfi a, ci Esses subúrb ên ol vi o as, com avam-se, vam problem o. As ruas torn s, que çã ca u ed e dores enfrenta ra tu airro de infra-estru vens desses b jo s o a ar p r drogas, falta laze os espaços de gangues. então, os únic um sistema de n am av tr en te gues confreqüentemen io, muitas gan ór it rr te o d io rnativa a omín criar uma alte e Na luta pelo d d m fi A . ta festas len organizavam e maneira vio e d u q e , -s ca m ai va m ta Ja n a usefro dores vindos d otentes, prop p ra s o o m , or n ta u so p s is essa d ipamento país, com equ ngues. de rua em seu icas entre as ga st tí ar petir es õ iç et festas e a com as r ram comp ta en ü eq fr assaram a os passaram Esses grupos p am os encontr av im an e u q unidos s dança. Os MC e. Assim foram ad id n u m co a com passos de ffiti. bre , o MC e o Gra os rimados so rs ak re cu B is o d r J, ze D o fa a op: entos do Hip H faz bases e os quatro elem de discos, que r o ad er p o o é entos. ey) – os outros elem m DJ (Disc-Jock la cu ti ar se uais icas sobre as q Hip Hop. Sua colagens rítm ca a cultura ar m e u q ça estilizados dan e movimentos Break – é a s ia ac b ro ac , s como as são conhecido corpora mímic s” in o a n fi ri ra ça og an re co Os “d lutas marciais. rls. de capoeira e eres são as b.gi lh u m s A . ys o b b. ue relata, break-boys ou o porta-voz q é – s) ie n o Não só f Cerim as dos guetos. ci n MC (Master o rê ca e as eriênci orientação. rimas, as exp ns de alerta e ge sa en por meio das m ça n do em lemas, mas la spray, sobretu descreve prob m co as it fe s pintura úncia. Graffiti – são pressão e den ex e d a rm fo a Afrika siderada um entos foi o DJ paredes. É con em el s se es d o Hip da junçã r o movimento ta n se O idealizador re p re a ização osta era acabar primeira organ EUA . Sua prop s o n , Bambaataa. A 3 7 9 1 ncia. Nation, em s e com a violê io rb ú b su s Hop foi a Zulu o d s mas dos joven com os proble
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No Brasil, o H ip Hop chego anos 80, com u primeiro a os tradicionai São Paulo, no s encontros n São Bento. O an s a rua 24 de M o oficial da ch aio e no metrô egada da Dança No início, a d de Rua no país ança era influ enciada pelas foi 1984. nas. Mas, com tendências nor o tempo, ganh te-americaou característi conquistou gr cas próprias. ande parte da A novidade periferia do E década, criou stado que, du e desenvolveu rante toda a suas próprias equipes de som Em agosto de . 1989, Milton R acionais - cr Sa ll es – na época pro iou o MH2O (M dutor dos ovimento Hip dade de Forta Hop Organizad leza, no Ceará , o), na cique tinha com cinas nas perif o proposta or erias e shows ga nizar ofigratuitos nos guetos. Atualmente, o MH2O atua com o govern em 14 Estado o federal, imp s. Em parceri lantou o Proje cado A lternat a to Piloto Nacio ivo (PPNM A), nal do Mergerando 36 peq tria Criativa d uenas empresa o Hip Hop. Est s da Indúsima-se que a mil membros. organização co O MH2O desen nte com 6 volve projetos de cultura, ed e programas ucação, region nas áreas alização do H combate à viol ip Hop, econom ência juvenil. ia social e A lém disso, ar ticula o Fórum organizações Nacional de H importantes sã ip Hop. Outras o a Frente Bra Nation Brasil. sileira de Hip A Zulu Nation Hop e a Zulu utiliza a cultu ferramenta na ra Hip Hop co inclusão dos jo mo principal vens da perifer trução do con ia em processo hecimento da s de consarte, cultura, transformação cidadania, par social e política ti cipação e . O Hip Hop é um movimen pois faz articu to marcante p lações em tod ara a juventu os esses camp curso engajad de, os, utilizando o. Ele chama a -se de um disjuventude par que afligem su a a reflexão do as comunidad s problemas es, seu país e o tem apenas vo mundo. Nele, z; ocupa um lu o jovem não gar de fala pri vilegiado. LIGADÃO.CO M:
CUFA – Centr al Única das Fa velas: www.cu fa.org.br MH2O - Movi mento Hip Ho p Organizado mh2odobrasil. : zip.net PAC: www.ap rendizcomgas. com.br Real Hip Hop: www.realhiph op.com.br Zulu Nation B rasil: www.zu lunationbrasil. com.br 143